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IMUNOLOGIA DO TRANSPLANTE

Dr. Claudinei Mesquita da Silva


Transplante
» Transplante
(procedimento):
Células, tecidos ou orgãos (enxerto)

Doador Receptor
(geralmente diferente)

→ transplanteortotópico

» Enxerto

→ transplanteheterotópico

» Implante????
TRANSPLANTE
LOCALIZAÇÃO DO ENXERTO
TRANSPLANTE Transplante/enxerto
“Células, orgãos e tecidos” Ortotópico Heterotópico

Doador Receptor Receptor

Sangue ou plasma

Enxerto Doador Receptor TRANSFUSÃO


Doador Receptor
Tipos de enxertos
Autólogo e Singêncio

Autólogo: transplante de células e tecidos procedentes do


próprio indivíduo
• Não há rejeição - Não há desenvolvimento de RI.
• Exemplos: enxerto de pele, folículos capilares, safena.

Singênico: transplante de células, tecidos ou órgãos entre indivíduos


geneticamente idênticos
• Não há desenvolvimento de RI.
Não há rejeição - Não há desenvolvimento de RI.
Tipos de enxertos
Alogênico e Xenogênico

Alogênico: transplantes entre indivíduos da mesma


espécie, porém geneticamente diferentes
• Enxerto é rejeitado

Xenogênico: transplantes entre indivíduos de espécies


diferentes

• Enxerto fortemente rejeitado - (rejeição hiperaguda).


TIPOSNÃO
DE HÁ REJEIÇÃO HÁ REJEIÇÃO
TRANSPLANTE
“Mais frequente”
Enxerto autólogo Enxerto singênico Enxerto alogênico Enxerto xenogênico

Doador/Receptor Doador/Receptor Doador/Receptor Doador/Receptor


“Geneticamente idênticos” “Geneticamente diferentes” “Espécies diferentes”

Moléculas
Aloantígenos do enxerto Xenoantígenos

Linfócitos e
Alorreativo anticorpos Xenorreativo
TRANSPLANTE
Registro Brasileiro de Transplantes
Veículo Oficial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos

NO BRASIL

Disponível em: http://www.abto.org.br/abtov03/default.aspx?mn=457&c=900&s=0, Acessado em abril de 2022

https://site.abto.org.br/
TRANSPLANTE DE ORGÃOS

RESPOSTA IMUNOLÓGICA
CONTROLE (RI adaptativa)

BEM-SUCEDIDO
TRANSPLANTE- Rejeição – RI adaptativa
Evidências experimentais
TRANSPLANTE DE ORGÃOS

REAÇÃO INFLAMATÓRIA

REJEIÇÃO

RESPOTA ADAPTATIVA

Memória Especificidade

Respostas Celulares/Humorais

Fonte: Imunologia Celular e molecular – Abbas&Lichtman&Pillai – 7 Edição.


Para que ocorra o transplante, há necessidade de compatibilidade de
órgãos ou de tecidos entre doador-receptor. Devemos compreender:

1) Os GENES do complexo principal de histocompatibilidade (MHC).

2) A EXPRESSÃO DE MOLÉCULAS (MHC I e II) ou leucocitários humanos


(HLA).

3) Os mecanismos imunológicos envolvidos nas reações de rejeição.


A frequência de células T capazes de reconhecer as moléculas do MHC alogênicas é
muito elevada, isso explica pq é muito mais forte do que a resposta a an>genos
estranhos convencionais.
1) Os GENES do complexo principal de histocompatibilidade (MHC).
TRANSPLANTE-
Descoberta do MHC
Estudo da compatibilidade de órgãos ou de
tecidos entre doador/receptor:

• Os genes do complexo principal de


histocompatibilidade (MHC);

• A expressão de moléculas MHC I e II

APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS
para as células T
Mapas esquemáticos de loci do MHC humanos

OS GENES DO MHC DA CLASSE I E II SÃO OS GENES MAIS


POLIMÓRFICOS PRESENTES NO GENOMA DE MAMÍFERO

Fonte: Imunologia Celular e molecular – Abbas&Lichtman&Pillai – 7ª Edição.

Disponível em: luiufu.blogspot.com. Acessado em maio de 2022


Moléculas de HLA I e II
MHC e seu papel na resposta imune
2) A EXPRESSÃO DE MOLÉCULAS (MHC I e II) ou leucocitários humanos
(HLA).

• O MHC (complexo de
compa.bilidade principal) - um
locus gené,co cujos produtos
são responsáveis pela rejeição
ou aceitação de enxertos;
3) Os mecanismos imunológicos envolvidos nas reações de rejeição.
TRANSPLANTE-
Resposta imune
Enxerto alogênico

Disponível em: http://sphweb.bumc.bu.edu/otlt/MPH- Modules/PH/Ph709_Defenses/PH709_Defenses5.html, Acessado em abril de 2022

Doador/Receptor
“Geneticamente diferentes” Pq do MHC I ?

RIA só com MHC-Ly T próprio?


MHC alogênico e seu papel na RIA
As moléculas alogênicas do MHC (enxerto) podem ser apresentadas para as células
RECONHECIMENTO DE T: Via direta
ALOANTÍGENOS PELAS CÉLULAS T

Seleção positiva promove a


sobrevivência de células Tcom
fraca reatividade de MHC
próprio e a seleção negativa
elimina as células T com alta
afinidade para o antígeno
Como células T do próprio, MAS NÃO
receptor (MHC ELIMINAM CÉLULAS T
próprio) são capazes COM REATIVIDADE ÀS
MOLÉCULAS DE MHC
de reconhecer MHC ALOGÊNICAS.
externos?

Especificidade
dependente para as
Linfonodos que moléculas de MHC Fonte: Imunologia Celular e molecular –
Abbas&Lichtman&Pillai – 7ª Edição.
drenam o enxerto
As moléculas alogênicas do MHC (enxerto) podem ser apresentadas para as células
RECONHECIMENTO DE T: Via direta

ALOANTÍGENOS PELAS CÉLULAS T

Bases moleculares do
reconhecimento direto

Como células T do
receptor (MHC
próprio) são capazes
de reconhecer MHC
externos?

Linfonodos que
drenam o enxerto Especificidade
10
inerente para as Fonte: Imunologia Celular e molecular –
Abbas&Lichtman&Pillai – 8ª Edição.
moléculas de MHC
Reconhecimento indireto de aloantígenos

As moléculas alogênicas do MHC (enxerto) podem ser apresentadas para as células


T: Via indireta

Moléculas de MHC Células T do


são capturadas do receptor reconhece
enxerto e processadas pep2deos processados
por APC do MHC alogênico
As moléculas alogênicas do MHC (enxerto) podem ser apresentadas para as células
T: Via indireta
RECONHECIMENTO DE
ALOANTÍGENOS PELAS CÉLULAS T

ENXERTO

RECONHECIMENTO RECONHECIMENTO
DIRETO INDIRETO

CÉLULAS T CD8+ CÉLULAS T CD4+

DESTROEM INFLAMAÇÃO MEDIADA POR


DIRETAMENTE O CITOCINAS A AJUDANDO AS
ENXERTO CÉLULAS B A PRODUZIREM
ANTICORPOS

Linfonodos que Fonte: Imunologia Celular e molecular – Abbas&Lichtman&Pillai – 8ª Edição.


drenam o enxerto
As moléculas alogênicas do MHC (enxerto) podem ser apresentadas para as
células T: Via direta e indireta
ATIVAÇÃO DE CÉLULAS T
ALORREATIVAS

Fonte: Imunologia Celular e molecular – Abbas&Lichtman&Pillai – 8ª Edição.


ATIVAÇÃO DE CÉLULAS B ALORREATIVAS
ANTICORPOS à ANTÍGENOS (ENXERTO) à REJEIÇÃO T AUXILIARES
(Previamente ativadas pelos mesmos peptídios apresentados APCs)
Aloanticorpos (alta afinidade)
HLA do doador (proteínas do MHC I eII)

Mecanismos de ativação da célula B


mediados pela célula T auxiliar.

Ativação do
MECANISMOS DE ATIVAÇÃO complemento
(C1q) e
direcionamento e
LINFÓCITOS B VIRGENS ativação de
neutrófilos,
Antígenos HLA macrófagos, e das
MOLÉCULAS DO MHC ESTRANHAS células NK através
da ligação ao
Internalizam e processam estas proteínas e receptor Fc.
apresentam os peptídios derivados deles às células
T AUXILIARIES.

Fonte: Imunologia Celular e molecular – Abbas&Lichtman&Pillai – 7ª Edição.


Ativação de linfócitos B e T

Sinal 1:
reconhecimento do
an1geno

Sinal 2: moléculas co-


es8mulatórias
(CD28/CD80/CD86 ou
CD40/CD40L)
Tipos de Rejeição
Tipos de Rejeição: hiperaguda

Ocorre minutos/horas ou dias após a anastomose (comunicação) dos


vasos sanguíneos do hospedeiro e do órgão transplantado.

É mediada por anticorpos IgM dirigidos contra antígenos.


Ex. Ags ABO também são expressos no endotélio vascular
(enxerto).

Nos transplantes de órgãos, é importante que doador e receptor


tenham a mesma tipagem sanguínea.
Nos transplantes de medula não é obrigatório, pois são transplantadas as
células-tronco que fabricam o sangue.
Mecanismos imunológicos da rejeição hiperaguda

Os anticorpos envolvidos podem ser dirigidos contra antígenos do grupo sanguíneo ABO
ou contra antígenos HLA.

Fonte: Imunologia Celular e molecular – Abbas&Lich1tm5an&Pillai – 7ª Edição.


Rejeição aguda

É a mais comum a ser desenvolvida, ocorrendo em duas etapas:


- Reação inflamatória atuando sobre as células do endotélio
vascular;
- Acesso das células do SI ao parênquima do órgão.

• Pode ocorrer durante poucos dias ou semanas

• Mediado por células T (rejeição celular) e anIcorpos (rejeição


humoral) que respondem aos aloanKgenos , especialmente as
moléculas do MHC expressas na endotélio vascular endotelial
e células parenquimatosas;
Mecanismos imunológicos da rejeição aguda

Fonte: Imunologia Celular e molecular – Abbas&Lichtman&Pillai – 7ª Edição.

1) Rejeição aguda celular: inflamação causada por


citocinas IFN-g (linfócitos T CD4) ou morte celular
(linfócitos T CD8) das células do parênquima
do enxerto ou células endoteliais (endotelite)

RESULTA EM FALÊNCIA AGUDA DO ENXERTO


Rejeição crônica

Pode se desenvolver em qualquer transplante de órgão vascularizado


entre 6 meses a 1 ano (cardíacos e renais);

Envolve mecanismos de imunidade celular e humoral;

É caracterizada por fibrose e anormalidades vasculares que


acarreta perda da função do enxerto.

A principal causa de rejeição crônica é a oclusão arteriolar, como


resultado da proliferação de células musculares lisas da íntima
conhecido como vasculopatia do enxerto;
MECANISMOS DE
REJEIÇÃO DE ENXERTOS

• INFLAMAÇÃO à CITOCINAS
àCÉLULAS T AUXILIARES

PROLIFERAÇÃO DE CÉLULAS DE
MÚSCULO LISO

OCLUSÃO ARTERIAL

ARTERIOSCLEROSE DO ENXERTO à FLUXO


DE SANGUE É COMPROMETIDO E O
PARÊNQUIMA É SUBSTITUÍDO POR TECIDO
FIBROSO NÃO FUNCIONAL
REJEIÇÃO AGUDA
MEDIADA POR A MAIOR CAUSA DA FALHA DE Fonte: Imunologia Celular e molecular – Abbas&Lichtman&Pillai – 7ª Edição.
ALOENXERTOS DE ÓRGÃOS
ANTICORPOS OU VASCULARIZADOS
REJEIÇÃO CELULAR
Histopatologia da rejeição de enxertos

Rejeição Rejeição aguda Rejeição aguda Rejeição crônica


hiperaguda

Danos endoteliais Células inflamatórias no Reação inflamatória Arteriosclerose


Trombos interstício e entre as destrutiva no endotélio Lúmen vascular
Infiltrado neutrofílico células epiteliais da artéria substituído por células
precoce tubulares musculares lisas e
tecido conjuntivo na
íntima
AS DROGAS IMUNOSSUPRESSORAS PODEM SER CLASSIFICADAS EM
DIVERSOS GRUPOS, DE ACORDO COM SEU MECANISMO DE AÇÃO:
IMUNOSSUPRESSÃO: Prevenir ou
Tratar
INIBIR AaPROLIFERAÇÃO
Rejeição de Enxertos
E ATIVAÇÃO DE CÉLULAS T As drogas imunossupressoras
REDUZIR A REAÇÃO INFLAMATÓRIA podem ser classificadas:

A) Agentes inibidores de mitose


(aza5oprina, micofenolato,
rapamicina).

B) An0-inflamatórios
(cor5costeróides)

C) Inibidores da a0vação
dos linfócitos (ciclosporina
A, tacrolimus, rapamicinas).

D) An0corpos an0linfocitários :
como an5corpos monoclonais an5-
Fonte: Imunologia Celular e molecular – Abbas&Lichtman&Pillai – 7ª Edição.
CD3 ou an5-CD25.
Drogas imunossupressoras ou anticorpos monoclonais de uso clínico

As drogas imunossupressoras
podem ser classificadas em
diversos grupos, de acordo com
seu mecanismo de ação:

A) Agentes inibidores de mitose


(azatioprina, micofenolato,
rapamicina).

B) Anti-inflamatórios
(corticosteróides)

C)Inibidores da ativação dos


linfócitos (ciclosporina A,
tacrolimus, rapamicinas).

D)Anticorpos antilinfocitários :
como anticorpos monoclonais anti-
CD3 ou anti-CD25.
BIBLIOGRAFIA

• Imunologia Celular e Molecular. Abbas, AK, Lichtman AH, Pillai, S. 7ª edição. (Capítulo 16).

• Imunologia Celular e Molecular. Abbas, AK, Lichtman AH, Pillai, S. 8ª edição. (Capítulo 17).

• Imunolobiologia. Janeway, P, Murphy, K, Walport, M. Editora Artmed. 7º edição.

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