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A busca da excelência da Higiene

Ocupacional: fundamentos, técnicas e


desafios.
Osny Ferreira de Camargo
Higienista Ocupacional
Presidente da Associação Brasileira de
Higiene Ocupacional - ABHO
Fundamentos
• A Higiene do Trabalho ou Higiene Ocupacional é uma
ciência que engloba diversas áreas de conhecimento e
atua visando a prevenção da doença ocupacional,
através da antecipação, reconhecimento, avaliação e o
controle dos agentes ambientais.

Doença ocupacional
• Doenças profissionais ou tecnopatias, que são causadas por fatores inerentes à atividade laboral –
possuem nexo causal presumido.
• Doenças do trabalho ou mesopatias, que são causadas pelas circunstâncias do trabalho – a relação
com o trabalho deve ser comprovada
• Mais comuns: doenças do sistema respiratório e da pele.
• Exemplos: Asma ocupacional,silicose, asbestose, dermatite de contato, câncer de pele ocupacional.
Fundamentos
1. Antecipação,
2. Reconhecimento,
3. Avaliação e o
4. Controle dos agentes ambientais.
1. Antecipação
• Novos projetos
• Novos equipamentos
• Novos processos
• Mudanças em equipamentos, processos e métodos de trabalho
2. Reconhecimento dos
Fatores de Risco
Questões sempre presentes

Exposição a um agente nocivo pode ser segura?

O nível da exposição é seguro?

Sim ou Não?
Limites de Exposição
Somente a exposição zero é segura ?
LEOs existem para proteger a saúde dos
trabalhadores.
Zero exposição é o objetivo
Quando não há nível seguro (ex. Carcinogênicos,
vírus letais)
✓Adotar medidas extremas, (controles por
engenharia e uso de Equipamento de Proteção
Individual)
ACGIH reconhece que os LEOs podem não
proteger todos os trabalhadores em todos os
casos.
Caracterização Básica
Informação sobre Informação sobre Informação sobre
Local de Trabalho O Trabalho Agentes Ambientais

Definir Grupo Similar de Exposição

Avaliação da Definir Perfil da Exposição Selecionar


Exposição LEO
Comparar
Perfil e Incerteza com
LEO

Aceitável Incerta Inaceitável


3. Avaliação do Risco e da
Exposição
Evolução Tecnológica - Avaliação
1917
✓Tubos detectores de CO por mudança de cores.
1922 Greenburg e Smith
✓Impinger para avaliação de poeiras.
1938
✓Littlefield e Schrenk - Midget impinger;
✓Bombas manuais
✓Microscópio para contagem e dimensionamento
de partículas em milhões de partículas por pé
cúbico.
1953
✓Filtros de membrana, permitindo expressar a
concentração em massa por volume.
II. A Experiência Norte-Americana
o Avaliação
Gases e Vapores
✓Midget Impingers com meio de
amostragens próprios para
diferentes substâncias químicas
✓Impingers com enchimento de vidro
✓Em 1970 surgiram os Tubos de
carvão com bomba operada a bateria
✓Em 1973 Monitores passivos para
dióxido de nitrogênio

II. A Experiência Norte-Americana


o Avaliação
Evolução dos métodos analíticos
1930
✓Cromatografia gasosa para
avaliação de vapores orgânicos;
Técnicas atuais, incluem:
✓Absorção atômica,
✓Cromatografica líquida a alta
pressão,
✓Espectroscopia de massa e
✓Outros instrumentos sofisticados.
II. A Experiência Norte-Americana
o Avaliação
Bombas e coletores mais comuns
Meios de coleta
Instrumentos de Leitura Direta
Vários equipamentos eletrônicos disponíveis
Vários princípios de detecção desenvolvidos e cada um deles é indicado para
avaliação de um determinado produto.
Princípios operacionais de detecção para leitura direta são:
• Fusão, Quimiluminescência, Combustão, Eletroquímica, Espectrofotometria de
infravermelho e Fotoionização
Tubos Colorimétricos
• Pequeno tubo de vidro hermeticamente selado,
• contém em seu interior materiais sólidos granulados
(carvão ativado, sílica gel, alumina) impregnados
com uma substancia química especifica
• Ira reagir quando entrar em contato com um
contaminante especifico, ou com um grupo de
contaminantes,
• produz uma mudança da coloração do material
solido granulado no interior do tubo
• quando a amostragem começa a cor do reagente no
tubo detector começará a mudar,
• ocorre um avanço da camada colorida que poderá
ser observada em uma escala graduada que vem
impressa na parte externa dos tubos.
Tubos adsorventes
Amostadores Ativos
Impinger
• Frasco de vidro onde será colocada uma
solução adequada para a retenção do
contaminante (solução absorvente).
• O impinger é conectado à bomba de
aspiração através de uma mangueira
flexível.
• A bomba forçará a passagem de um
determinado volume de ar pela solução
que reterá ou reagirá com o
contaminante, absorvendo-o.
• Utilizado principalmente para
amostragem de gases que são de difícil
retenção em outros meios de coleta.
Amostradores passivos
Dispositivos de coleta - Respirável
Dispositivos de coleta –Torácico Respirável
Dispositivos de coleta - Inalável
Equipamentos de Avaliação
Calibradores
4. Controle da Exposição
Prevenção e 1473 (Ulrich Ellenbog)
Controle ✓ Uso de carvão seco em lugar de carvão umedecido para evitar formação e
fumos tóxicos; trabalhar com janelas fechadas e vedar a boca;
1561 (Agricola)
Substituição por substâncias ✓ Publicação De Re Metallica, enfatiza a necessidade de uso de ventilação em
menos tóxicas, ventilação e minerações;
medidas administrativas 1800s (Frenchman D’Arcet)
✓ Desenhou um Sistema para controle de fumos nocivos, contendo coifa,
dutos e chaminé e muita força para movimentação do ar;
1897 (The British Factories Act)
✓ Requer uso de ventilação em certas operações;
Até 1930
✓ Haviam poucas publicações sobre técnicas de ventilação por razões como:
segredos industriais e falta de interesse por parte de universidades;
1951
✓ ACGIH publicou a primeira edição do Manual de Ventilação Industrial –
Práticas recomendadas com desenhos, manutenção e avaliação de sistemas
de ventilação industrial

II. A Experiência Norte-Americana


o Prevenção e Controle
Prevenção e 50 AD
Controle ✓ Uso de bexiga animal;
1452 - 1519
✓ Leonardo da Vinci recomendou o uso de tecidos umedecidos para
Proteção Respiratória proteção contra agentes químicos tóxicos durante as guerras;
1700
✓ Ramazzini escreveu uma crítica sobre proteção respiratória utilizada
na época, como sendo inadequada;
1814
✓ Filtro para remoção de particulados encapsulados em container
rígido foi desenvolvido;
1854
✓ Descoberta do carvão ativado para remoção de vapores orgânicos ;
1920
✓ Filtros impregnados com resina e força eletrostática para poeiras;
✓ Material mais flexível e mais durável para confecção das peças faciais.

II. A Experiência Norte-Americana


o Avaliação
Final do Século XIX
1880 e 1903
✓Trabalhos realizados pela
Universidade Federal da Bahia em
fábricas de charutos e rapé,
fábricas de velas e sebo e sobre
intoxicação por chumbo;
1900
✓Osvaldo Cruz realizou estudos
voltados ao combate de
epidemias (malária e
ancilostomose) durante a
construção de ferrovia e febre
amarela nos portos;
Dois marcos importantes
Lei de segurança do trabalho de 1944 FUNDACENTRO

✓Acidente é um risco profissional ✓Criada em 21 de Outubro de


que ameaça todos que trabalham, 1966
e sobretudo os que exercem ✓Destinada a realizar estudos e
ofícios manuais, de cujos efeitos pesquisas nas áreas de segurança,
ninguém pode estar livre. higiene e medicina do trabalho.
✓Não interessa pesquisar a causa
nem o responsável.
✓O acidente deve ser considerado
inerente ao risco da profissão
LEI Nº 6.514, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977 SEÇÃO XIII
Atividades Insalubres ou Perigosas
Art . 189 - Serão consideradas Art . 190 - O Ministério do
atividades ou operações Trabalho aprovará o quadro das
insalubres aquelas que, por sua atividades e operações
natureza, condições ou métodos insalubres e adotará normas
de trabalho, exponham os sobre os critérios de
empregados a agentes nocivos à caracterização da insalubridade,
saúde, acima dos limites de os limites de tolerância aos
tolerância fixados em razão da agentes agressivos, meios de
natureza e da intensidade do proteção e o tempo máximo de
agente e do tempo de exposição exposição do empregado a esses
aos seus efeitos. agentes.
LEI Nº 6.514, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977 SEÇÃO XIII
Atividades Insalubres ou Perigosas
Art . 191- A eliminação ou a neutralização Art . 192 - O exercício de trabalho em
da insalubridade ocorrerá: condições insalubres, acima dos limites
✓I - com a adoção de medidas que de tolerância estabelecidos pelo
conservem o ambiente de trabalho Ministério do Trabalho, assegura a
dentro dos limites de tolerância; percepção de adicional respectivamente
de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte
✓II - com a utilização de equipamentos por cento) e 10% (dez por cento) do
de proteção individual ao trabalhador, salário-mínimo da região, segundo se
que diminuam a intensidade do agente classifiquem nos graus máximo, médio e
agressivo a limites de tolerância. mínimo.
Parágrafo único - Caberá às Delegacias
Regionais do Trabalho, comprovada a
insalubridade, notificar as empresas,
estipulando prazos para sua eliminação
ou neutralização, na forma deste artigo.
LEI Nº 6.514, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977 SEÇÃO XIII
Atividades Insalubres ou Perigosas
Art . 194 - O direito do Art . 197 - Os materiais e
empregado ao adicional de substâncias empregados,
insalubridade ou de manipulados ou transportados
periculosidade cessará com a nos locais de trabalho, quando
eliminação do risco à sua saúde perigosos ou nocivos à saúde,
ou integridade física, nos termos devem conter, no rótulo, sua
desta Seção e das normas composição, recomendações de
expedidas pelo Ministério do socorro imediato e o símbolo de
Trabalho. perigo correspondente, segundo
a padronização internacional.
NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES
• 15.1 São consideradas atividades • 15.1.5 Entende-se por "Limite de
ou operações insalubres as que se Tolerância", para os fins desta
desenvolvem: Norma, a concentração ou
• 15.1.1 Acima dos limites de intensidade máxima ou mínima,
tolerância previstos nos Anexos n.º relacionada com a natureza e o
1, 2, 3, 5, 11 e 12; tempo de exposição ao agente,
• 15.1.2 (Revogado pela Portaria MTE que não causará dano à saúde do
n.º 3.751, de 23 de novembro de trabalhador, durante a sua vida
1990) laboral.
• 15.1.3 Nas atividades mencionadas
nos Anexos n.º 6, 13 e 14;
• 15.1.4 Comprovadas através de
laudo de inspeção do local de
trabalho, constantes dos Anexos n.º
7, 8, 9 e 10.
Norma Regulamentadora Nº 15
Anexos
1. Limite de Tolerância para ruído contínuo e intermitente
2. Limite de Tolerância para ruído de impacto
3. Limite de Tolerância para exposição a calor
4. Revogado
5. Radiações Ionizantes
6. Trabalhos em condições Hiperbáricas
7. Radiações Não Ionizantes
8. Vibrações
9. Frio
10. Umidade
11. Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por Limite de
Tolerância e Inspeção no local de trabalho
12. Limite de Tolerância para poeiras minerais
13. Agentes químicos
A. Benzeno
14. Agentes Biológicos
NR 9
9.1 - DO OBJETO E CAMPO DE APLICAÇÃO
• 9.1.1 - Programa de Prevenção de • 9.1.3 - Parte integrante do
Riscos Ambientais – PPRA conjunto mais amplo das
• reconhecimento, avaliação e iniciativas da empresa
consequente controle • Articulado com o disposto no
• riscos ambientais existentes ou que Programa de Controle Médico de
venham a existir no ambiente de Saúde Ocupacional - PCMSO
trabalho. previsto na NR-7.
• 9.1.2 - Responsabilidade do • 9.1.5 - Riscos ambientais
empregador, • Agentes físicos, químicos e
• com a participação dos biológicos capazes de causar danos
trabalhadores, à saúde do trabalhador.
Agentes ambientais
9.1.5.1 - Agentes físicos:
✓diversas formas de energia (ruído, vibrações, pressões anormais,
temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,
bem como o infrassom e o ultrassom.
9.1.5.2 - Agentes químicos:
✓Substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no
organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas,
neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através
da pele ou por ingestão.
9.1.5.3 - Agentes biológicos:
✓ Bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.
Semifacial sem manutenção
Semifacial com manutenção
Facial Inteira Pressão Negativa
Pressão Positiva Motorizado
Ensaios de Vedação Facial
Ensaio de Vedação Quantitativo
Equipamento Utilizado: PORTACOUNT® (TSI)
Desafios para o Higienista
Desafios do Higienista
Revisão sistemática de: Assegurar que:
• Processos • Todos os riscos à saúde são
• Práticas tratados
• Materiais, e • Todos outros riscos
relacionados são considerados
• Divisão de trabalho
• Todos os interessados dentro
Todas as exposições de todos os da organização são envolvidos
trabalhadores, em todos os dias.
• Programas e esforços são
direcionados aos principais
riscos
Gerenciamento
de Materiais Conservação
Monitoramento
Perigosos Auditiva
da Exposição

Educação e Controle de
Treinamento Engenharia

Comunicação Controles
Diagnóstico Administrativos
de Risco da Exposição

Práticas de
Epidemiologia Trabalho

Vigilância Segurança Uso de


Médica Radiológica EPI
Desafios
Trabalhista
• Doenças ocupacionais
• Adicionais de insalubridade
Previdenciário
• Doenças ocupacionais
• Aposentadoria especial

Conhecer e registrar as exposições, de todos os trabalhadores,


todos os dias.
Objetivos das avaliações
• Para o higienista – Assegurar que as condições ambientais e de
exposição não sejam indutoras de doenças ocupacionais.
• Para o MTE – Obrigar o pagamento de adicional de insalubridade ao
trabalhador exposto a agentes ambientais em intensidade ou
concentração que possa supera o Limite de Tolerância.
• Para a previdência – Conceder benefício ao trabalhador que se
exponha a agentes ambientais nocivos.
Conceito de TLV®
TLV® - concentrações de contaminantes no ar
✓Acredita-se que a maioria dos trabalhadores podem estar repetidamente exposta
dia após dia sem efeitos adversos à saúde;
✓Pequena porcentagem de trabalhadores pode experimentar o desconforto de
algumas substâncias presentes em concentrações abaixo do LEO;
✓Um percentual ainda menor pode ser afetada mais seriamente por agravamento
de uma condição pré-existente ou pelo desenvolvimento de uma doença
ocupacional,
✓Indivíduos super-suscetíveis ou apresentem resposta não usual para alguns
produtos
✓ fatores genético,
✓ idade,
✓ hábitos pessoais (ex. uso de cigarro, álcool, ou outras drogas),
✓ medicação ou exposições prévias.
Insalubridade – NR 15
✓NR-15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES
✓Limite de Tolerância - Concentração ou intensidade máxima ou
mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao
agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a
sua vida laboral.
✓O exercício de trabalho em condições de insalubridade assegura
ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário
mínimo da região, equivalente a:
✓40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;
✓20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio;
✓10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo;
Metodologias diferentes
• NRs – Desatualizadas e com pouca ou nenhuma metodologia para
avaliação, exceto casos específicos.
• INSS – Documento novo com detalhamento sobre metodologia de
avaliação a ser utilizada.
• Melhores práticas de Higiene – Metodologias atuais e uso da
estatística.
• Não existe valor de exposição 100% seguro.
• Valores abaixo do Limite de Exposição podem ser perigosos para alguns
trabalhadores.
• Valor do percentil 95 com 95% de certeza.
• Leva a resultados muito alto, quando poucas amostras são realizadas

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