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Coordenação-Geral de Tributação

Solução de Consulta nº 98.108 - Cosit


Data 27 de abril de 2017
Processo
Interessado
CNPJ/CPF

ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS


Código NCM: 8443.99.33
Mercadoria: Cartuchos de toner, para impressoras a laser, constituídos
basicamente de corpo de plástico, depósito contendo toner em pó, com
mecanismos internos e/ou externos para movimentação e abastecimento de
toner controlado pela máquina, podendo ou não ter cilindro fotorreceptor
incorporado. Independentemente do seu formato, os cartuchos possuem
função de "virada", ou seja, passam a ser girados/rotacionados pelas
engrenagens da máquina, ou então possuem eixos, hélices ou roscas sem
fim, para fazer o giro no interior do cartucho, sendo sempre movidos em
uma direção única, a fim de promover o fluxo de pó de toner entre o
cartucho e o equipamento impressor. Os cartuchos de toner são
apresentados nos seguintes modelos:
I. tipo torpedo - possui um corpo cilíndrico plástico alongado
(podendo ter ranhuras helicoidais com função de rosca sem
fim, ou mesmo um eixo/rosca sem fim, ou também hélices
de coleta), repleto de pó de toner em seu interior, válvula
dosadora de toner, mecanismo interno de mistura e/ou
direcionamento do pó de toner, ponteira de acoplamento na
máquina para que se conecte (e se mantenha firme durante o
processo de impressão) ao eixo rotor de modo a dosar o
toner pelo processo de "viragem" (giro interno ou externo)
provendo toner ao equipamento.
II. tipo gaveta - possui corpo plástico em forma de caixa
plástica de encaixe contendo pó de toner (3707.90.21) em
seu interior, com engrenagens externas e internas, abertura
de passagem dosadora, encaixes de travamento, mecanismo
interno de movimentação do toner, podendo ou não conter
dispositivo eletrônico (chip).

Código NCM: 8443.99.32

III. tipo gaveta com unidade de cilindro fotorreceptor


acoplado - possui corpo plástico nos moldes do item II
acima, contendo um cilindro fotorreceptor.

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Solução de Consulta n.º 98.108 Cosit
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Dispositivos Legais: RGI 1 (Nota 2 'b' da Seção XVI e texto da posição


84.43) e 6 (texto da subposição 8443.99), e RGC 1 (textos do item
8443.99.3 e dos subitens 8443.99.32 e 8443.99.33) da NCM/SH constante
da TEC, aprovada pela Resolução Camex nº 125, de 2016, e da Tipi,
aprovada pelo Decreto n.º 8.950, de 2016, com alterações posteriores, e em
subsídios extraídos das Nesh, aprovadas pelo Decreto nº 435, de 1992, e
consolidadas pela IN RFB nº 807, de 2008, com alterações posteriores.

Relatório

Fundamentos

2. Preliminarmente, saliente-se que os processos administrativos de consulta sobre


classificação fiscal de mercadorias, no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil
(RFB), são regidos pela Instrução Normativa (IN) RFB nº 1.464, de 8 de maio de 2014, e a
classificação subordina-se à observância das Regras Gerais para a Interpretação do Sistema
Harmonizado (RGI/SH), constantes do Anexo à Convenção Internacional sobre o Sistema
Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, aprovada no Brasil pelo
Decreto Legislativo nº 71, de 11 de outubro de 1988, e promulgada pelo Decreto nº 97.409,
de 23 de dezembro de 1988, com posteriores alterações aprovadas pelo Secretário da
Receita Federal do Brasil, por força da competência que lhe foi delegada pelo art. 2º do
Decreto nº 766, de 3 de março de 1993.

3. Também devem ser observadas as Regras Gerais Complementares do Mercosul


(RGC/NCM) e as Regras Gerais Complementares da Tipi (RGC/Tipi), além dos pareceres
de classificação do Comitê do Sistema Harmonizado da Organização Mundial das Aduanas
(OMA), dos Ditames do Mercosul, e, subsidiariamente, das Notas Explicativas do Sistema
Harmonizado (Nesh).

4. As Nesh foram internalizadas no Brasil por meio do Decreto nº 435, de 27 de


janeiro de 1992, e, conquanto não possuam força legal, constituem orientações e
esclarecimentos de caráter subsidiário que devem ser utilizados para nortear a classificação
de mercadorias. Sua versão atual foi aprovada pela IN RFB nº 807, de 11 de janeiro de
2008, atualizada pelas IN RFB nº 1.072, de 30 de setembro de 2010, e nº 1.260, de 20 de
março de 2012, por força da delegação de competência outorgada pelo art. 1º da Portaria
MF nº 91, de 24 de fevereiro de 1994.

5. Destarte, em face do caráter subsidiário das Nesh, o que efetivamente se impõe


como norma legal aplicável na classificação fiscal de mercadorias para atribuição do
código correto de uma mercadoria ou de um produto específicos são as RGI/SH e as
RGC/NCM.

6. Cabe então registrar que a RGI-1 determina que a classificação de mercadorias é


feita pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo, devendo-se recorrer às
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demais RGI apenas na hipótese de impossibilidade de enquadramento por aplicação da


RGI-1, bem como nos casos de produtos com características específicas, lembrando-se,
contudo, que, nos termos da RGI-6, aplicam-se às subposições as mesmas regras utilizadas
em nível de posição e as RGC são utilizadas no nível dos desdobramentos em item e
subitem da NCM.

7. Contudo, há de se ter em mente que, de acordo com a RGI-1, os títulos das


Seções, Capítulos e Subcapítulos possuem valor meramente indicativo, visto que a
classificação deve ser determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de
Capítulo e pelas RGI, desde que estas Regras Gerais não sejam contrárias aos textos das
referidas posições e Notas.

8. No caso presente, a mercadoria sob consulta, de acordo com as informações


contidas na petição, trata-se de um cartucho de toner para impressoras a laser.

9. De acordo com a Nota 2, letra 'b', da Seção XVI (Máquinas e aparelhos, material
elétrico, e suas partes; Aparelhos de gravação ou de reprodução de som, aparelhos de
gravação ou de reprodução de imagens e de som em televisão, e suas partes e acessórios),
guardadas as ressalvas do caput e da letra 'a', “quando se possam identificar como
exclusiva ou principalmente destinadas a uma máquina determinada ou a várias máquinas
compreendidas numa mesma posição, as partes classificam-se na posição correspondente a
esta ou a estas máquinas ou, conforme o caso, nas posições 84.09, 84.31, 84.48, 84.66,
84.73, 85.03, 85.22, 85.29 ou 85.38”.

10. Como o cartucho objeto desta consulta destina-se a integrar impressoras a laser,
então devemos, primeiramente, identificar qual é a posição em que se classificam essas
impressoras.

11. Por conta da RGI-1, as impressoras são classificadas na posição 84.43, conforme
determina seu texto: “Máquinas e aparelhos de impressão por meio de blocos, cilindros e
outros elementos de impressão da posição 84.42; outras impressoras, máquinas copiadoras
e telecopiadores (fax), mesmo combinados entre si; partes e acessórios”.

12. Em conformidade com a Nota 2 'b' acima referida, o artefato em análise também
se classifica nessa posição 84.43, face o mesmo ser considerado parte da impressora.

13. No âmbito desta posição, as partes são classificadas na subposição de primeiro


nível 8443.9 (Partes e acessórios),

14. Esta subposição divide-se em duas outras, a saber:

15. 8443.91 - Partes e acessórios de máquinas e aparelhos de impressão por meio de


blocos, cilindros e outros elementos de impressão da posição 84.42

16. 8443.99 – Outros.

17. Como o cartucho de toner não se trata de bloco, cilindro ou outro elemento de
impressão da posição 84.42, sua classificação será na suposição 8443.99 – Outros.

18. Nesta subposição, os mecanismos de impressão a laser e suas partes, como é o


caso dos cartuchos em questão, classificam-se no item 8443.99.3 (aplicação da Regra Geral

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Complementar RGC 1), sendo que neste item o cartucho do “tipo gaveta com unidade de
cilindro fotorreceptor”, por ser recoberto de matéria semicondutora fotoelétrica, fica
classificado no subitem 8443.99.32, e os cartuchos do “tipo torpedo” e “tipo gaveta”
classificam-se no subitem 8443.99.33.

Conclusão

19. Com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado RGI-1
(Nota 2 'b' da Seção XVI e texto da posição 84.43) e 6 (texto da subposição 8443.99), e
Regra Geral Complementar (RGC) 1 (textos do item 8443.99.3 e dos subitens 8443.99.32 e
8443.99.33) constantes da Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pela Resolução Camex
n.º 125, de 2016, e da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados
(Tipi), aprovada pelo Decreto n.º 8.950, de 2016, e ainda em subsídios extraídos das Notas
Explicativas do Sistema Harmonizado (Nesh), aprovadas pelo Decreto nº 435, de 1992, e
atualizadas pela Instrução Normativa (IN) RFB nº 807, de 2008, e alterações posteriores, as
mercadorias objeto da consulta formulada nestes autos classificam-se nos códigos da NCM
8443.99.32 e 8443.99.33.

Ordem de Intimação

Aprovada a Solução de Consulta pela 1ª Turma, constituída pela Portaria RFB


nº 1.921, de 13 de abril de 2017, na sessão de 27 de abril de 2017.

Divulgue-se e publique-se nos termos do art. 28 da Instrução Normativa RFB nº


1.464, de 8 de maio de 2014.

Remeta-se o presente processo à DRF/Novo Hamburgo (RS) para ciência do


interessado e demais providências cabíveis.

(Assinado Digitalmente) (Assinado Digitalmente)


MARLI GOMES BARBOSA SÍLVIA DE BRITO OLIVEIRA
AUDITORA-FISCAL DA RFB AUDITORA-FISCAL DA RFB
Membro da 1ª Turma Membro da 1ª Turma

(Assinado Digitalmente) (Assinado Digitalmente)


PEDRO PAULO DA SILVA MENEZES ÁLVARO A. DE VASCONCELOS LEITE RIBEIRO
AUDITOR-FISCAL DA RFB AUDITOR-FISCAL DA RFB
RELATOR PRESIDENTE DA 1ª TURMA

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