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O Desenvolvimento do Self no Transtorno de Personalidade Borderline (T.P.B.

Pessoas diagnosticadas com T.P.B., geralmente se sentem impotentes e


confusos, afirma não saberem quem é, do que gostam ou o que esperam da vida.
Tanto em casa como nas ruas seus comportamentos mudam rapidamente, sendo
muito contraditórios. Normalmente desistem dos tratamentos ou não se entregam de
verdade a terapia. Deve-se lembrar de que para existir um diagnóstico
comportamental, mais importante que a topografia, é analisar as funções destes
comportamentos na vida de uma pessoa em particular.

Segundo Kohlenberg e Tsai (1995a; 2001), a declaração do cliente de que


se sente vazio, ocorre em função da falta de estímulos discriminativos privados que
controlam o eu. Ele aprendeu que a experiência do eu depende de estímulos
externos, e que pode sentir-se instável e inseguro. Essa sensação descrita como
vazio, pode ser entendida a partir da ausência de estímulos externos que o leva a
sensação de despersonalização. Isso causa o isolamento, criando um contexto para
ser ele mesmo, livre do controle dos outros. Muitos passam a se esquivar tanto
fisicamente, quanto emocionalmente das outras pessoas, não dão oportunidade
para que os outros o controlem. Eles temem perder sua identidade ao se
envolverem em relações interpessoais (Conte & Brandão, 2001).

Wasson e Linehan (1993) apontam alguns elementos relevantes na história


da vida familiar de pessoas com T.P.B. em geral, vem de famílias que invalidam
seus relatos a respeito de suas próprias experiências, desde que eram crianças. Ao
relatar suas experiências, especialmente as negativas, foram ridicularizados,
ignorados, ou muitas vezes lhes era dito que não estava sentido raiva, quando de
fato estava. Além disso, as famílias são constituídas por pais que habitualmente
exigiram que os pensamentos, sentimentos e emoções fossem controlados, o que
invadiria as situações que a criança vivenciou como difíceis e nas quais carecia de
apoio. Por fim a criança foi punida de alguma forma, por manifestar opiniões e
preferências que fossem conflitantes com as dos seus pais.

Pode-se afirmar, portanto, que deste ponto de vista, a resposta da criança


que estava sobre controle privado, não foi reforçada positivamente, mas sim punida,
o que levou ao reforçamento negativo de auto relatos inadequados, pois para evitar
consequências aversivas, a criança passaria a experienciar o self a partir de
estímulos externos, o que torna extremamente sensível ao humor e aos desejos dos
outros.

Por apresentar pouco controle sobre o eu, a pessoa pode achar intolerável
ficar só. De acordo com Kohlenberg e Tsai (2001), o fato de temerem a solidão se
explica não só pela invalidação, mas também pela experiência de negligências, em
que suas necessidades básicas não foram atendidas. Enfim, pais que o não fornecer
suporte emocional quando era imprescindível à criança, ou que a deixava só,
tornaram a experiência do eu assustadora, acarretando assim, na idade adulta,
buscas incessantes pela companhia de outras pessoas.

Para evitar esse sentimento de vazio, buscam encontros casuais, mas à


medida que ocorre uma aproximação intima, a pessoa fica com raiva, se afasta da
possível fonte de punição, ao mesmo tempo sentindo-se sufocada. Seus
comportamentos podem variar e é comum apresentarem raivas excessivas e
repertórios de esquiva. Podem ir do extremo da valorização do outro até a
desvalorização. É comum expressarem necessidade de atenção e de intimidade,
mas após um pequeno período de tempo, rejeitar intimidade, podendo até por fim a
relacionamentos.

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