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INTRODUÇÃO

PENA: Senhora é um romance urbano do escritor brasileiro José de Alencar, e foi publicado primeiramente em 1874,
na forma de folhetim. É um dos últimos romances de Alencar, publicado apenas 3 anos antes de sua morte e é
considerado – juntamente a Lucíola – como o ápice de sua produção literária, focada principalmente em romances
urbanos. A narrativa acompanha Aurélia, que deseja vingar-se de Fernando Seixas, um homem com quem teve um
relacionamento na juventude, mas que agora está prometido para Adelaide. A seguir, vocês poderão acompanhar
essa história na forma de uma apresentação teatral.

PARTE 1

D. FIRMINA: Fatigada por ontem, minha cara?

AURÉLIA: Estou desanimada. Deve ser o calor.

D. FIRMINA: Hmm, você há de convir que esses bailes noite afora são prejudiciais à saúde. Só pode ser por isso que
as moças aqui do Rio de Janeiro estão assim, todas magras e amarelas. Sim, a festa de ontem à noite foi uma
trapalhada só.

AURÉLIA: E a senhora ficou sabendo sobre Adelaide?

D. FIRMINA: Não estou a par das notícias. Conte-me o que se sucedeu, minha filha.

AURÉLIA: Está noiva de Fernando.

D. FIRMINA: Não me diga! Esta é, certamente, uma grande surpresa. Me parece uma menina simples, mas muito
galante. E bem educada também! Uma verdadeira moça de família. Pena que é muito reservada; quase não a vi na
festa ontem.

AURÉLIA: Far-lhe-ei uma pergunta, Dona Firmina, mas preciso que seja franca.

D. FIRMINA: Ora, menina, mais do que já sou?

AURÉLIA: Quem acha mais bonita, eu ou Adelaide?

D. FIRMINA: Não seja boba, garota! Quem é Adelaide para se comparar a você? Não chega a seus pés. Dificilmente
se encontra qualquer outra menina com a educação que você tem e, com a riqueza que seu avô lhe deixou, você
poderá viver muito bem.

PARTE 2

PENA: Certo dia, Aurélia convoca seu tio e tutor para conversarem acerca dos planos para seu casamento.

AURÉLIA: Meu tio, eu te chamei para tratarmos de uma assunto que muito me interessa: meu casamento. Como
meu tutor, eu preciso que me faça um favor de extrema importância. Mas devo ressaltar, estou confiando a você um
segredo profundo.

TIO LEMOS: Pode confiar em mim, Aurélia. Não a desapontarei.

AURÉLIA: O homem que desejo está prometido para Adelaide, a filha de Manoel Tavares de Amaral, que lhe pagou
30 mil contos de réis.

TIO LEMOS: Não é um mau começo, hehe.


AURÉLIA: Por isso, eu careço dos seus serviços. O senhor deve marcar uma audiência com Fernando Seixas e
persuadi-lo a casar-se comigo. Para isso, estou disposta a oferecer um dote de 100 mil.

TIO LEMOS: Não posso negar, sua ousadia me deixa apreensivo. Mas farei o que for capaz.

AURÉLIA: Ah, mais uma coisa. Não mencione o meu nome por enquanto. Gostaria de conservar o incógnito até o dia
da apresentação. Sei que o senhor entende. E lembre-se, minha felicidade está em jogo.

PENA: O Sr. Lemos parte para negociar com Fernando Seixas.

PARTE 3

TIO LEMOS: É ao Sr. Fernando Rodrigo de Seixas que tenho a honra de falar?

FERNANDO: Por favor, sente-se. Tenha a bondade de me desculpar, pois acabo de chegar de viagem e não estava
preparado para receber visitas.

TIO LEMOS: Entendo. Peço perdão pelo inconveniente, mas cabia que essa reunião se fizesse urgentemente. O
assunto que me traz aqui não pode esperar.

FERNANDO: Então, sem mais delongas, distribua as cartas sobre a mesa. Estou pronto para ouvir.

TIO LEMOS: Trata-se de uma moça, que está à procura de um marido. Sofrivelmente rica, mas infeliz; em suas
palavras, não vê uso para tanta riqueza se não serve para casar-se com quem a interessa. Por isso, me enviou, e
oferece um dote de 100 mil para que aceites.

FERNANDO: A proposta é cativante, mas temo não ser possível aceitar. Já estou compromissado, prometido a
Adelaide de Amaral.

TIO LEMOS: Percebo que está incerto quanto à esta decisão. Aqui está meu endereço, para que me procure.
Aguardo uma resposta em até 3 dias.

PENA: Fernando fica a pensar sobre a proposta que mudaria sua vida em tantos sentidos. Será que valia a pena
colocar tudo a perder?

PARTE 4

PENA: Após 3 dias, eles se encontram novamente.

TIO LEMOS: Olha quem resolver aparecer...

FERNANDO: Eis-me aqui e trago comigo a resposta que procura.

TIO LEMOS: Diga-me.

FERNANDO: Aceito a proposta.

TIO LEMOS: Sabia que não iria me decepcionar.

FERNANDO: Mas preciso dizer: o mistério e a dúvida vêm me corroendo. Com quem eu me casarei?

TIO LEMOS: Lembre-se de nosso contrato. Infelizmente, eu receio que só saberá no dia da cerimônia. Mas eu
garanto que não há o que temer. Sua noiva é uma moça formidável.
FERNANDO: Então, estamos combinados. Mas necessito de 20 mil até amanhã.

TIO LEMOS: Isso não depende de mim; todavia, verei o que posso fazer. Creio que receberá o que precisa.

FERNANDO: Nos vemos em breve.

TIO LEMOS: Tenho a certeza absoluta disso.

PARTE 5

PENA: Adelaide, a ex-noiva de Fernando, o encontra em um certo baile antes do casamento.

ADELAIDE: Seixas...

FERNANDO: Adelaide, minha cara!

ADELAIDE: Veja com quem estou agora, o Dr. Torquato. Acredito que não tenham sido apresentados.

OS DOIS SE CUMPRIMENTAM

ADELAIDE: Ele é meu noivo e creio que finalmente encontrei o sentido do amor.

FERNANDO: Minhas congratulações! O dia do meu casamento também de aproxima.

ADELAIDE: Fascinante! E quem é a moça?

FERNANDO: Bem, assim como vocês, eu descobrirei em breve.

ADELAIDE: Que estranho. Eu nunca aceitaria me casar de um jeito tão peculiar.

FERNANDO: Ainda assim, estou ansioso. Mal posso esperar por este dia maravilhoso; será a melhor festa que essa
cidade já viu. Falando nisso, sintam-se convidados. Foi um prazer vê-los; até breve!

PARTE 6

CASAMENTO DE AURÉLIA E FERNANDO

PARTE 7

PENA: Após a cerimônia de matrimônio, Aurélia pôs-se a discutir com Fernando, revelando o real motivo de ter se
casado com ele.

FERNANDO: Finalmente, estou com meu verdadeiro amor.

AURÉLIA: Quer dizer que me amas?

FERNANDO: Sim, minha querida. Desde o princípio, agora e para sempre.

AURÉLIA: Queira me desculpar, mas não posso segurar o riso ao ouvir essas palavras saindo de sua boca. Gostaria de
lembrá-lo que você me rejeitou para satisfazer a sua ganância. No entanto, depois que fui agraciada com uma
grande fortuna, você voltou se arrastando, arrependido.
FERNANDO: Mas, meu amor, eu já lhe pedi perdão. Eu era imaturo e o futuro era incerto. Hoje, sou uma pessoa
diferente e estou realmente apaixonado por você.

AURÉLIA: Não importa! A simples ideia de estar com você me traz angústia.

FERNANDO: Meu amor, nós podemos conversar e resolver isso.

AURÉLIA: Não fale mais comigo! Estou indisposta, irei dormir. Passar bem!

PENA: Passaram-se alguns meses, repletos de desavenças e discórdia. Nenhum dos dois estava feliz com aquele
casamento e aconteceu o que todos já previam...

PARTE 8

D. FIRMINA: Qual o motivo de tanta angústia, minha filha?

AURÉLIA: Ai, Dona Firmina, ninguém sabe o quanto estou sofrendo...

D. FIRMINA: Pois chega de tanto suplício. Converse com seu marido e se livre dessa agonia de uma vez!

AURÉLIA: A senhora está certa; bem te digo que não passo mais um dia sofrendo nesse casamento medonho.

PARTE 9

AURÉLIA: Fernando, precisamos conversar.

FERNANDO: Creio que já sei o tema.

AURÉLIA: Já não é mais possível suportar. Temos que nos divorciar; será melhor para nós dois.

FERNANDO: Pois eu concordo. Eu juntei o dinheiro que me pagou e estou pronto para devolvê-lo. A partir de hoje,
seguiremos nossos caminhos separados.

AURÉLIO: Mas... mas, como assim?

FERNANDO: É isso que deseja, não é? Eu não poderia te prender aqui.

FERNANDO SE AFASTA, MAS AURÉLIA SE AJOELHA E COMEÇA A CHORAR

AURÉLIA: Me perdoe, Fernando. Eu não quis que isso acontecesse desse modo. Eu senti tanto a sua falta e isso gerou
dentro de mim uma amargura. Eu quis mostrar que fiquei muito bem sozinha. Quando nos casamos, eu preferi
desferir ofensas do que declamar elogios. Mas a verdade é que eu preciso de você.

FERNANDO AJUDA AURÉLIA A SE LEVANTAR E SE ABRAÇAM

PENA: Assim a história chega ao fim, mas esse é, na verdade, apenas o começo de uma nova era para os dois, que
compartilharam uma vida bela e fervorosa, cheia de amor e emoção.

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