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Livro Digital Direitos Humanos Interseccionalidade e Isolamento - Compress
Livro Digital Direitos Humanos Interseccionalidade e Isolamento - Compress
HUMANOS,
Interseccionalidade
e
ISOLAMENTO
Nivia Valença Barros
Lobelia da Silva Faceira
Josélia Ferreira dos Reis
Joice da Silva Brum
(organizadoras)
© Nivia Valença Barros, Lobelia da Silva Faceira, Joselia Ferreira dos
Reis e Joice da Silva Brum (organização)
Coordenação Editorial
Joice da Silva Brum
Josélia Reis
Lobelia da Silva Faceira
Nivia Valença Barros
Coordenação Executiva
Ana Beatriz Quiroga
Ida Cristina Rebello Motta
Joice da Silva Brum
Josélia Reis
Karla Amaral
Lobelia da Silva Faceira
Marcelo Ricardo Prata
Rosilene Pimentel
Sandra Monica da Silva Schwarzstein
Sheila Brum
Vânia Quintão
Wilma Pessôa
Revisão
Ana Beatriz Quiroga
SUMÁRIO
PREFÁCIO............................................................................9
Vania Morales Sierra
APRESENTAÇÃO.............................................................17
Nivia Valença Barros
Lobelia da Silva Faceira
Josélia Reis
Joice da Silva Brum
- PRIMEIRA SEÇÃO -
Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento:
Os desafios no Campo Sociojurídico
- SEGUNDA SEÇÃO -
Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento:
Questões Raciais e de Gênero
- TERCEIRA SEÇÃO -
Direitos humanos, Interseccionalidade e Isolamento:
Os Desafios no Âmbito do Protagonismo e
do Trabalho Feminino
APONTAMENTOS FINAIS............................................233
QUEM SOMOS.................................................................235
Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento 9
PREFÁCIO
direitos humanos em tempo
de políticas pandêmicas
O
s direitos humanos têm sido a principal referência
para as lutas contra os processos de desumanização
que acompanham o avanço da agenda neoliberal e
o progressivo desmonte das políticas sociais no país. Cons-
tituem uma referência do ponto de vista ético e legal, para a
definição de limites à exploração econômica e a identifica-
ção de diversas formas de discriminação. Como razão e cri-
tério de moralidade, combinam simultaneamente univer-
salismo e comunitarismo, coletividades e individualidades.
A universalidade dos direitos humanos é o que permite o
reconhecimento da “unidade básica do humano”, na varie-
dade das culturas, na multiplicidade das raças, nas diferen-
ças de gênero, nas desigualdades de classe. Como assinalou
Geertz (1989), a humanidade não tem substancia, e o co-
mum é o fato do humano depender da cultura para desen-
volver a individualidade, “tornar-se humano é tornar-se in-
dividual” (p. 64). As relações de dominação-subordinação,
sociação-dessociação, guardam significados que podem ser
apreendidos a partir da compreensão de processos históri-
cos nos quais estão imbricados os componentes estruturais
10 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
APRESENTAÇÃO
Nivia Valença Barros
Lobelia da Silva Faceira
Josélia Reis
Joice da Silva Brum
E
ste livro é fruto das reflexões e debates produzidos du-
rante o Curso de Extensão “Direitos Humanos, Inter-
seccionalidade e Isolamento” organizado pelo grupo
de orientação da Profª Drª Nivia Valença Barros, compos-
to pela pós-doutoranda Profª Drª Lobelia da Silva Faceira
(UNIRIO); pelas doutoras Josélia Reis (ex-orientanda e atual-
mente vice coordenadora de grupo de pesquisa NUDHESC -
UFF) e Sandra Monica da Silva Schwarzstein (membro do nú-
cleo de pesquisa NUDHESC - UFF); pelas doutorandas Profª
Wilma Pessôa (Departamento de Sociologia da UFF), Joice
da Silva Brum, Ida Cristina Rebello Motta e pelo doutoran-
do Marcelo Ricardo Prata; pela mestra Sheila Brum (membro
do grupo de pesquisa NUDHESC - UFF) e pelas mestran-
das Ana Beatriz Quiroga, Rosilene Pimentel, Karla Amaral
e Vania Quintão, que encontram-se vinculadas ao Núcleo
de Pesquisa sobre Direitos Humanos, Sociais e Cidadania
(NUDHESC/UFF), do Programa de Estudos Pós-Graduados
em Política Social da Universidade Federal Fluminense.
O curso foi realizado no período de 11 de julho a 08 de
agosto de 2020, em ambiente virtual, de forma interativa, isto
18 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
Direitos humanos,
Interseccionalidade e Isolamento:
Os desafios no Campo Sociojurídico
Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento 29
AS (IM) POSSIBILIDADES DO
SERVIÇO SOCIAL E DA PSICOLOGIA
NO CAMPO SOCIOJURÍDICO NO
PERÍODO PANDÊMICO
Josélia Reis
Sheila Brum
O
objetivo deste capítulo é a apresentação de uma re-
flexão sobre a intervenção das equipes técnicas, com-
postas por assistentes sociais e psicólogos, no âmbito
jurídico, a partir da inserção profissional e em pesquisa das
autoras, em um momento histórico específico. Discute-se, a
partir do contexto da pandemia de COVID-19, e do isolamen-
to por ela imposto, os limites e possibilidades de contribuição
do Serviço Social e da Psicologia para a garantia de direitos
de um grupo particular de usuários dos serviços: pessoas que
estão cumprindo penas e medidas restritivas de direitos. O fio
condutor nesta trajetória é o conceito de direitos humanos
numa perspectiva dialética, tal como nos sugere Jefferson Lee
(2014, p.245), ao sinalizar que direitos são sempre sociais e que
também são sempre humanos. Além disso, importante ressal-
tar que existem “dimensões dos direitos humanos estritamen-
te ligadas a dimensões jurídicas da vida social” (idem, p.277).
30 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE
PUNIÇÕES E AS ENTRELINHAS DA
“SOCIOEDUCAÇÃO”
Nivia Valença Barros
Ida Cristina Rebello Motta
Lobelia da Silva Faceira
N
este capítulo buscamos refletir sobre os adolescentes
e jovens, pobres, pardos e pretos no Brasil, maior
parcela brasileira neste segmento geracional,
que sofrem o processo de punição, encarceramento e
cumprimento de medidas socioeducativas. Ao analisarmos a
sociedade brasileira, pensamos na interseccionalidade, pois
tem a marca perversa da exclusão e da extrema desigualdade
social, de segregação e de negligências e estas têm classe,
raça e gênero. Uma sociedade com uma forte herança pa-
triarcal, com uma elite branca (ou que se considera branca),
hierarquizada, misógina e excludente. Estruturação que só
recentemente encontrou formas de diminuir a mortalidade
precocemente, na primeira infância de crianças pobres, para
56 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
capítulo tem o objetivo de problematizar os desa-
fios da garantia de direitos no âmbito da execução
penal no contexto brasileiro. Para tanto, partimos
da análise da categoria teórica da Violência, destacando
seus processos de intensificação e naturalização no cenário
contemporâneo, contexto propício à consolidação do Esta-
do Penal.
Observando os distintos significados da violência, o
primeiro desafio é entender a violência na sua totalidade, ul-
trapassando suas manifestações aparentes e pensando nos
processos de produção e reprodução da mesma numa orga-
nização social determinada – a sociedade capitalista. Numa
perspectiva de totalidade, não pretendemos afirmar que toda
violência deriva da sociedade capitalista, mas que a mesma
oferece terreno sociohistórico e as condições objetivas para a
materialização de todo e qualquer processo violento.
78 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Direitos humanos,
Interseccionalidade e Isolamento:
Questões Raciais e de Gênero
Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento 103
“Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada
nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria subs-
tância, já que viver é ser livre”
(Simone de Beauvoir, 2009).
O
“Fique em casa”, umas das principais medidas do
distanciamento social que ecoou em vários países
e regiões do mundo enquanto estratégia de preven-
ção ao contágio do novo coronavírus (COVID-19) promoveu
o isolamento social de muitas pessoas e famílias no âmbi-
to doméstico, evidenciando, dentre as desigualdades sociais
existentes, um preocupante aumento dos casos de violência
de gênero no âmbito doméstico contra mulheres e meninas.
A casa, em uma estruturação societária que a coloca como
espaço e principal locus de proteção, de cultivo da indivi-
dualidade, da privacidade e da coexistência permitida de re-
lações e afetos, nega, em sua conformação, a coexistência
de conflitos e violências que permeiam o convívio familiar,
desde que camuflados. Pois, “no caso do Brasil temos uma
casa complicada, onde estilos aparentemente singulares e até
104 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
Agravamentos e isolamentos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
youtube.com/watch?v=J-F2bwGtsMM&feature=youtu.be&-
fbclid=IwAR2JaEHk6SvFwZCTJl4IJRHoME_owV6PrkJq-
ZhBVyHMmkj8tlIrJY4ZI9Gc Acesso em 20-07-2020
lencia-contra-as-mulheres-e-meninas-e-pandemia-invisivel
-afirma-diretora-executiva-da-onu-mulheres/> Acesso em
04/07/2020.
OS PROCESSOS DE ISOLAMENTO
SOCIAL PARA A POPULAÇÃO LGBTI+
PARA ALÉM DA PANDEMIA
Nivia Valença Barros
Ana Beatriz Quiroga
Marcelo Ricardo Prata
A
pandemia de COVID-19 em 2020 trouxe com ela
a necessidade do isolamento, que teve como in-
tuito evitar a propagação do vírus. Tratava-se de
um contexto mundial e apresentou, em cada país atingido,
ações e políticas diferenciadas. No Brasil, esta pandemia
foi tratada de muitas formas. O governo federal, na ima-
gem do Presidente da República e de seus aliados, tratou a
questão sanitária de forma negacionista, desconsiderando
as indicações científicas dadas por médicos, epidemiologis-
tas e pela OMS. Negava-se sua abrangência, letalidade e,
na maior parte das vezes, tratou a doença de forma banal,
naturalizando o crescente número de óbitos. A falta de con-
dições sanitárias e hospitalares foi uma realidade preocu-
pante neste período.
130 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
Famílias e isolamentos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve o objetivo de refletir sobre os efeitos
da pandemia de COVID-19 para a população LGBTI+. Busca-
mos pensar no impacto do isolamento social, oriundo das re-
comendações sanitárias, correlacionado ao isolamento social
que a comunidade LGBTI+ vivencia ao longo da vida. Traça-
mos um diálogo com contextos vividos por esta comunidade
e as que foram obrigadas a passar nesse contexto de pande-
mia, trazendo elementos sociopolíticos e históricos para nos
auxiliar a entender a dinâmica que se estabeleceu de forma
geral e como ela afetou a população LGBTI+ em especial.
No entanto, é preciso admitir os obstáculos encon-
trados para acompanhar, em tempo real, as repercussões do
contexto pandêmico sobre a população LGBTI+. Destacamos
a necessidade e a urgência do acompanhamento ininterrupto
desses casos, bem como de políticas públicas que permitam
não só amenizar os efeitos da pandemia sobre essa popula-
ção, como também trazer reflexões sobre o tema.
Refletimos sobre as diversas violências e situação de
vulnerabilidade na qual a população LGBTI+ se encontra
nesse contexto pandêmico, assim como a demanda de po-
líticas públicas para a questão geracional. Reconhece-se a
pouca participação do Estado brasileiro no combate a LGB-
TIfobia num âmbito geral, como também o investimento de
políticas públicas efetivas que possibilitem oportunidade
para a participação ativa e igualitária da comunidade LGB-
TI+. Destacamos a não existência de ações que pensem nes-
sa população em período pós-pandemia, olhando-a princi-
palmente como classe trabalhadora. A liberação da doação
de sangue por pessoas LGBTI+ no meio da pandemia, nos
indica que somente com pressão do movimento social é
possível desconstruir a segregação da população LGBTI+.
É importante que na recuperação econômica pós-pande-
Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento 145
REFERÊNCIAS
SILVA. Theo Barreto Pereira da. Uma sociedade não é uma es-
pécie. In: Gênero, diversidade sexual e direitos sociais - Debates
preliminares. Barros. Nívia Valença. Freitas. Rita de Cássia
Santos e Bittencourt. Luciana (org.). Eduff, Niterói, 2018.
Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento 147
Wilma Pessôa
B
uscamos com este capítulo, construir uma reflexão
inicial sobre como a pandemia impactou a violência
racial no Brasil. Primeiramente, entendemos ser ne-
cessário identificar as características da pandemia, da situa-
ção social e de uma política nova que emerge a partir dela,
pela adoção de medidas para seu enfrentamento. Assim, po-
demos refletir sobre a relação da pandemia com a violência,
em geral, e a violência racial, em particular. Uma vez que se
trata de um fenômeno recente ainda em curso, não temos
a pretensão de construir uma análise explicativa do nosso
objeto, outrossim, nos pautaremos por uma metodologia
comparativa, em que tomaremos como referência os dados
publicizados recentemente, junto à mídia ou em sites, pelas
secretarias de Segurança Pública; pelo Ministério da Justiça,
150 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
11 BÔAS, Bruno Villas. IBGE: dos 135 milhões vivendo em extrema pobre-
za, 75% são pretos ou pardos. Valor Econômico, 13/11/2019.
160 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
19 UOL. Juíza diz que homem negro é criminoso ‘em razão da sua raça’ e
o condena. São Paulo, 12/08/2020.
20 Um major da PM disse em palestra a uma das primeiras turmas dos 70
mil policiais militares treinados em São Paulo, que os abusos cometidos
pela corporação existem há 188 anos e sempre vão ocorrer. Por isso, ele
orientou policiais para que não fossem flagrados por filmagens. ADORNO,
Luis. Major diz que PM comete abusos policiais a 188 anos e orienta esca-
par de filmagens. UOL, 30/07/2020. N.A.
Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento 167
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA ELETRÔNICA:
cias/redacao/2020/03/13/idosos-mortes-letalidade-coronavi-
rus-china-estudo.htm Acesso em 18 de julho de 2020.
Direitos humanos,
Interseccionalidade e Isolamento:
Os Desafios no Âmbito do
Protagonismo e do Trabalho
Feminino
Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento 177
MOVIMENTO FEMINISTA,
INTERSECCIONALIDADES E AS
TÁTICAS DE PROTAGONISMO
Nivia Valença Barros
Sandra Monica da Silva Schwarzstein
Karla Amaral
Ida Cristina Rebello Motta
A
o focalizarmos, neste capítulo, os movimentos so-
ciais, consideramos que sua gênese está ligada a valo-
rização dos sujeitos, com direções de lutas concretas
e emancipatórias, mas também associadas às subjetividades
inerentes ao processo de sua construção. Alguns elementos
nos permitem perceber as características peculiares aos movi-
mentos sociais, que tecem um caminho socialmente e politica-
mente próprio. Os movimentos sociais, em geral, apresentam
diversas características, mas destacamos três: por ter ações em
178 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
1 Segundo Teles (2017), em 1872 cerca de 29,3% das mulheres do Rio de Ja-
neiro eram alfabetizadas e no restante do país este percentual era de 11,5%.
No Rio de Janeiro, na segunda metade do século XIX, existiam 17 escolas
primárias para os meninos e somente nove escolas para as meninas. N.AA.
184 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MULHER, TRABALHO E
INTERSECCIONALIDADES:
ISOLAMENTO NO CONTEXTO DA
PANDEMIA DE COVID-19
Josélia Ferreira dos Reis
Vânia Quintão
Nivia Valença Barros
O
isolamento, em decorrência de um período pandê-
mico, provoca desdobramentos em todas as esferas
societárias, mas acarreta impactos ainda mais impor-
tantes para todos os trabalhadores. A pandemia do COVID-19
impôs mudanças radicais nas formas de sociabilidade e de
organização social, simbolizadas pelo isolamento dos sujeitos
em suas casas. A partir da necessidade de recolhimento de to-
dos ao espaço doméstico, surgem questões, reflexões signifi-
208 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
Interseccionalidade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
por mulheres que podem pagar por sua execução sem grande
impacto na renda familiar precisa ser olhada por uma pers-
pectiva histórico-cultural colonialista, pois traz em si aspec-
tos de gênero, raça e de classe.
Também se tratou do papel dos movimentos feminis-
tas na conquista do espaço público e das suas marcações de
classe na conquista de direitos, silenciando questionamentos
importantes das mulheres negras.
Logo, em decorrência desta questão, também se desta-
cou a importância da interseccionalidade para realizar uma
análise deste tema e que esta se trata do entrecruzamento
das identidades sociais das mulheres, não só no que tange ao
gênero, mas, especificamente, à raça e classe.
Em relação ao isolamento, oriundo da pandemia, esta
breve análise fez refletir que este é direito apenas de algumas
mulheres, e que este direito passa pela perspectiva da classe,
a partir do trabalho remunerado realizável pelo teletrabalho
e, ainda assim, das que tem direito a este isolamento, umas
o fazem de forma sobrecarregada, conciliando o trabalho
remunerado pelo teletrabalho e o trabalho doméstico não
remunerado, agora no mesmo espaço privado, enquanto ou-
tras o delegam às mulheres negras e pobres, sem direito ao
isolamento e com sobrecarga de trabalho, com o medo de
contágio por COVID-19 agregado, para que as mulheres que
as contrataram possam se dedicar apenas ao teletrabalho.
Fato é que a pandemia repercutiu no incremento de
trabalho remoto para diversos trabalhadores impondo desa-
fios e novas questões, os impactos históricos desta condição
ainda estão por serem avaliados, mas já são percebidos os
efeitos deletérios na proteção social e no aprofundamento da
desigualdade, não só no que diz respeito à classe e ao gêne-
ro, mas expõe também a desigualdade relacionada à questão
racial. Neste sentido é importante pensar a realidade a partir
do conceito de interseccionalidade. A pressão para que tra-
228 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
REFERÊNCIAS
MORAES, Eunice Lea de, & SILVA, Lucia Isabel C da. Cader-
nos De Estudos Sociais e Políticos. Interfaces entre raça,
gênero e classe social. Rio de Janeiro, vol. 7, nº 13, 2017.
APONTAMENTOS FINAIS
O
livro apresenta reflexões sobre os desafios dos direi-
tos humanos no cenário contemporâneo, destacan-
do os processos de violação de direitos e de violên-
cia que atravessam as temáticas do campo sociojurídico, a
questão racial e de gênero, a violência contra mulheres e a
população LGBTI+, os desafios do trabalho, geração de renda
e protagonismo feminino durante o período da pandemia de
COVID-19.
Os capítulos evidenciam diversas formas de precon-
ceito e violência - caracterizadas pelo machismo, homofobia,
patriarcalismo, racismo estrutural e diversos preconceitos
produzidos e reproduzidos no âmbito da sociedade capitalis-
ta, - que constituem entraves ao reconhecimento e efetiva-
ção dos direitos humanos.
O cenário contemporâneo - caracterizado pelo conser-
vadorismo, recrudescimento do aparato punitivo do Estado e
reducionismo das políticas sociais - possui diversos desafios
apara a consolidação dos direitos humanos. Como efetivar
direitos num contexto de intensificação das desigualdades
sociais, da pobreza e da violência?
234 Direitos Humanos, Interseccionalidade e Isolamento
QUEM SOMOS