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MANUAL PRÁTICO

O CICLO
DOS AMPAROS
ASSISTENCIAIS
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MANUAL PRÁTICO

O CICLO
DOS AMPAROS
ASSISTENCIAIS

Do Atendimento
ao Judiciário!
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A pobreza costuma ir muito além
de uma situação de falta de dinheiro.
A real miserabilidade que atinge à alma
do cidadão desempregado,
é a falta de esperança
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Dra. Juliana
Leite Melo Luft
É formada em direito pela
Universidade de Cuiabá, desde Janeiro de 2007.

Especializou-se em Direito Previdenciário pela


Escola Superior do Ministério Público, em Maio de
2012.

Atua em escritório próprio, com sede na Capital do


Estado, Cuiabá/MT, desde o referido ano. Seu
escritório se tornou um dos mais especializados em
processos Previdenciários, no Estado, e já patrocinou
mais de 1.000 Ações somente na esfera Judicial, além
das que tramitaram Administrativamente.

Professora de pós-graduação do Direito


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Previdenciário pelo instituto INFOC.

Vem desenvolvendo sua técnica autodidata, com base


em muito estudo e atuação na prática previdenciária,
com a finalidade de enaltecer a área, que tem enormes
possibilidades PARA O PROFISSIONAL QUE VISA
ESPECIALIZAR-SE DE FATO.

Eis que diante das mudanças que vêm ocorrendo, que


atingem diretamente a parte mais frágil dessa relação,
OS SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA, é chegado o
momento em que os operadores do Direito, devem
estar atentos à gama de possibilidades de trabalho.
INTRODUÇÃO
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A quem se destina esse manual?

Aos advogados e profissionais do direito, que atuam

diretamente com segurados e pensionistas do inss,

que procuram orientação nos procedimentos à serem

adotados desde o atendimento ao cliente que vem

procurando auxílio profissional, por estar em extremo

estado de vulnerabilidade financeiro e físico, até o

trâmite judicial desses benefícios de amparo.

Este Manual, não se destina à aprofundamentos

teóricos, e sim, ao diagnóstico certeiro do direito e


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aplicabilidade da Loas – Lei Orgânica de Assistência

Social, baseado num método diário e experiente.


A assistência social, é instrínseca
à advocacia previdenciarista.
Não como forma de caridade,
mas de humanidade
PRIMEIRA ETAPA DO CICLO
- Os artigos 5º e 203 da nossa Carta Magna, são fontes principais dos funda-
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mento da Lei orgânica da Assistência social. Uma vez que eles nos trazem
que todo aquele que necessitar de assistência social, então terá sua subsistên-
cia provida pelas políticas assistenciais, por princípios como dignidade da
pessoa humana, erradicação da pobreza, entre outros, independentemente
de contribuição.

Quem são os detentores do Direito ao AMPARO


ASSISTENCIAL, à luz da LOAS, LEI 8.742/93?

Diante do seu caráter assistencial e não contributivo, os conhecidos


benefícios de prestação continuada, ou simplesmente BPC’s são destinados
às pessoas de baixíssima renda, que também estejam doentes ou possuam 65
anos de idade ou mais.

Ou seja, ambos os requisitos devem estar presentes, para que se almeje o


benefício de prestação continuada, comumente, chamado de Loas.

Vale dizer aqui, que esse benefício não visa manter padrões de vida ou equi-
parar-se à nenhum outro benefício indenizatório ou salarial, já que estamos
falando do mínimo de dignidade para alguém que já não é capaz de mantê-la
por si só, ou de tê-la provida por sua família. Para melhor compreensão,
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tenha em mente que ele é uma espécie de “bolsa”, destinada à quem


preenche os requisitos, para recebe-la. É um valor pago, à uma pessoa que
esteja em tamanho estado de vulnerabilidade social, que sequer possui o
mínimo para SOBREVIVER, destina-se à quem não possui o devido tempo
de contribuição para uma aposentadoria por idade; não possui qualidade de
segurado; e está doente ou é idoso.

NOTA: Os benefícios de amparo assistencial ao idoso e ao deficiente, têm


como valor base, 1 (um) salário mínimo vigente.
DO CONCEITO
DE MISERABILIDADE:
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É direito fundamental, que o cidadão possa vestir-se, alimentar-se, ter acesso


à saúde pública e educação.

Dito isso, vale dizer para vocês, jovens doutores! Que é uma grande dificul-
dade para o nosso ordenamento jurídico e para a nossa classe de previdencia-
ristas, a correta aferição dessa MISERABILIDADE, razão pela qual, venho lhes
facilitar isso, por meio desse pequeno Manual.
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Sendo assim, esse benefício assistencial, deve ser dado à quem não possuir
meios de manter-se vivo, com certa dignidade, e não possa a ter a sua sobre-
vivência provida por sua família também. Então, trago à tona pra vocês, uma
palavra que deve estar tatuada em suas mentes, quando se falar em Loas.
E esta palavra é “vulnerabilidade”.

Saiba, que para ter direito ao benefício de amparo assistencial, o cidadão, no


caso, seu cliente, deve estar em situação de extrema vulnerabilidade financei-
ra, à margem da sociedade, sem emprego, sem perspectiva de melhora,
devido à sua situação periclitante de saúde ou idade.
Na letra da Lei, seu artigo art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93, definia para fins
de percepção do benefício, quem tivesse renda per capta, inferior à ¼ do
salario mínimo vigente. Isso, objetivamente não é assim, as variáveis para
aferição dessa miserabilidade, sempre são levadas em consideração, e
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devem, nos seus aspectos biopsicossociais, serem amplamente estudados


e esmiuçados por nós advogados. Basta que se verifique a vasta juris-
prudência existente, nesse sentido.

Para você doutor(a), a primeira coisa a ser verificada é se a renda familiar é


suficiente para manter aquela família, que talvez tenha uma ou mais pes-
soas especiais, em seu núcleo. E é decidido pelo STF, que essa flexibilização
deve ser aplicada a cada caso concreto, mediante a comprovação de renda
do grupo familiar x necessidade familiar.

NOTA: Não tente esticar demasiadamente essa questão da renda per capta.
Se um dos membros do grupo familiar, obtiver uma médica salarial de 2
salários mínimos ou mais, entendo que dificilmente seu cliente será
enquadrado do Amparo Assistencial. Salvo em caso de 1 casal, com 6/7
filhos menores, em que a mãe sequer possa trabalhar (exemplo).
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DA NECESSIDADE
DE CADASTRO NO
CADÚNICO, PARA
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AFERIÇÃO DE
NECESSIDADE E
MISERABILIDADE
(DECRETO 8.805/2016)

Primeiramente, é minha missão esclarecer e ensinar, que o cadastro acima ref-


erendado, é obrigatório, porém, não é o único meio de prova, de que um
cidadão possui o direito à percepção de um amparo. Sendo parte da política
pública dos benefícios assistenciais, portanto, deve ser feito, mas, para corrob-
orar todas as outras formas, em que você advogado previdenciarista irá uti-
lizar como meio de prova.
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Ele pode ser feito em qualquer unidade de CRAS (centro de referência de


assistência social), da cidade onde resida o Requerente, e é requisito
obrigatório, inclusive para o demais programas assistenciais do governo Fed-
eral.

** A MP 871/2019 agora Lei 13.846/2019, traz novamente


essa obrigatoriedade, no seu artigo 20.
Dois pontos importantes
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sobre o CRAS:

PONTO 01
1) O que deve ser declarado?

A declaração conterá, a composição do grupo familiar (nos termos da Lei


8.742/93), e a renda por cabeça, de cada um. O grupo familiar é aquela com-
posto pelos parentes do requerente, cônjuge, filhos, pais, e todos que residam
sob o mesmo teto.

DICA PRÁTICA 1: Acontecerá no seu escritório... avós que cuidam de netos, e


até mesmo filhos maiores que residem na mesma casa. Essas pessoas, inváli-
das ou não, com guarda legal, tutelas, curatelas ou não. Compõem o grupo
familiar do seu cliente!

DICA PRÁTICA 2: Qualquer ausência de documentação de guarda legal,


divórcio, falta de comprovantes de residência, entre outros documentos exigi-
dos pelo INSS, podem ser supridos mediantes simples declarações, cujos
modelos, encontram-se no site de apoio da própria autarquia, ou podemos
elaborá-los em nosso próprio escritório (como ensino no meu curso “MEU
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INSS DIGITAL”).

Ou seja, o grupo familiar é composto, pelos parentes do requerente que


residem no mesmo imóvel, sob o mesmo teto. E tais pessoas devem constar no
CRAS, juntamente com a renda, para fins de cálculo da RENDA PER CAPTA,
que significa, renda POR CABEÇA.
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Exemplo prático 1: Um homem, portador de cardiopatia, de cerca de 35


anos, reside com sua mãe, idosa, que recebe um amparo assistencial ao
idoso + sua irmã maior de idade, sem renda, e sem trabalho. A irmã não é
inválida, apenas desempregada.
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Qual a renda a ser declara no cadúnico?


- Autor = R$0,00
- Mãe do autor = R$998,00
- Irmã do autor = R$0,00
Renda per capta igual a R$0,00.

A renda equivalente à amparo assistencial não é renda, e 1 salário mínimo


à ela equiparada, também não. Jurisprudência pacificada. Renda mínima
deve ser excluída do cômputo familiar.
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Exemplo prático 2: Uma criança de cerca de 6 anos, reside com seus pais,
sendo que apenas o pai trabalha fora, devido à necessidade de cuidados
constantes com o menor. Este aufere uma renda mensal de R$1.200,00.

Qual a renda a ser declarada no cadúnico?


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- Autor = Menor, R$0,00


- Mãe = Do lar, R$0,00
- Pai = R$1.200,00
Renda per capta igual a R$400,00

A renda é baixa, para uma família que possui um filho menor, incapaz, no
qual um dos pais não terá condições de exercer atividade laboral, poden-
do-se enquadrar o amparo assistencial para o menor, ainda que esteja um
pouco acima de ¼ do salario mínimo, inscrito em Lei.
As análises de casos concretos devem ser levadas à
risca, pelo advogado Previdenciarista! A demon-
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stração: Gasto X Despesa, deve e pode ser feita medi-


ante estudo psicossocial e comprovantes de gastos
mensais, eu como advogada utilizo uma tabelinha,
simples, feita no word, apenas para anexar ao processo
administrativo. A jurisprudência nos nossos tribunais,
têm se mostrado bem complacente, com a questão da
miserabilidade (claro que não estou falando em rendas
altas ok). Nesse quesito, o INSS costuma perder mais,
do que ganhar! #FICAADICA

ABAIXO ANEXO UMA SENTENÇA DO MEU


ESCRITÓRIO, RECENTEMENTE CONQUISTADA,
LINDA DE SE LER E DIGNA DE SER COMPARTIL-
HADA:

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
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SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MATO GROSSO


JUIZADO ESPECIAL FEDERAL – 9a VARA

PROCESSO:
AUTOR (A) :
RÉ(U) : INSTITUTO NACIONAL
DO SEGURO SOCIAL SENTENÇA:
Tipo “A” (Resolução no 535/2006 do CJF)
SENTENÇA
I - RELATÓRIO
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Cuida-se de ação ajuizada por José Batista


Gonçalves, contra o INSTITUTO NACION-
AL DO SEGURO SOCIAL, em que requer a
concessão do benefício assistencial de
prestação continuada, em razão de sua
condição de pessoa com deficiência (DER:
29/05/2018).

Dispensado o relatório, nos termos do art.


38 da Lei no 9.099, de 1995.
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II - FUNDAMENTAÇÃO
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O benefício assistencial pleiteado encontra previsão no art. 203, V, da


Constituição de 1988, o qual assegura um salário mínimo de benefício
mensal às pessoas com deficiência e aos idosos que comprovem não pos-
suir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família. Senão vejamos:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, inde-
pendentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
[...]
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa porta-
dora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de
prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, con-
forme dispuser a lei.
O referido dispositivo constitucional foi regulamentado pela Lei no 8.742,
de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social. Por sua
clareza, confira-se o teor do art. 20:
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salári-
omínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e
cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo
requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles,
a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados
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solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.


§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, con-
sidera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em inter-
ação com outras barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com defi-
ciência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4
(um quarto) do salário-mínimo.
§ 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo
beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de
II - FUNDAMENTAÇÃO
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outro regime, salvo os de assistência médica e da pensão especial de


natureza indenizatória.
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não
prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de
prestação continuada.
§ 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do
grau de impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica
e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais
do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.
§ 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do
beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu
encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutu-
ra.
§ 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada
pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais pro-
cedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido.
§ 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de apren-
dizagem não serão computados para os fins de cálculo da renda familiar
per capita a que se refere o § 3o deste artigo.
§ 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2odeste
artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão
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ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade


do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamen-
to.
Da leitura do art. 20 da Lei no 8.742, de 1993, é possível concluir que a con-
cessão do benefício assistencial de prestação
continuada ao idoso e ao deficiente depende da comprovação da impossi-
bilidade de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família.
A deficiência é caracterizada pelo impedimento de longo prazo de nature-
za física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou
mais barreiras, pode obstruir a participação plena e efetiva do indivíduo
II - FUNDAMENTAÇÃO
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na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas.


No que concerne à configuração da situação de miserabilidade, cumpre
registrar que, inicialmente, o Supremo Tribunal Federal manifestou-se
pela constitucionalidade do critério de 1⁄4 de salário mínimo fixado no § 3o
do art. 20 da Lei no 8.742, de 1993. No entanto, na ocasião, não houve pro-
nunciamento expresso sobre a possibilidade de utilização de outros critéri-
os para a aferição da miserabilidade.
Posteriormente, contudo, no julgamento dos Recursos Extraordinários no
567.985/MT e no 580.963/PR, em 18/04/2013, o Supremo Tribunal Federal
concluiu que teria havido um processo de inconstitucionalização do
critério previsto no § 3o do art. 20 da Lei no 8.742, de 1993, o qual decorre-
ria de mudanças políticas, econômicas, sociais e jurídicas. Eis o teor da
ementa do RE no 567.985/MT (com destaques acrescidos):
Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art.
203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social
(LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, esta-
beleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo seja
concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não
possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família. 2. Art. 20, § 3o, da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionali-
dade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art.
20, § 3o, da Lei 8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção
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da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal


per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito
financeiro estabelecido pela lei teve sua constitucionalidade contestada, ao
fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade
social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previs-
to constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionali-
dade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionali-
dade do art. 20, § 3o, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios
objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critéri-
os definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal,
entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto
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do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei
permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de se contornar o critério
objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado de mis-
erabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralela-
mente, foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para
a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004,
que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Na-
cional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola;
a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro
a Municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima
associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em
decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca
da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do
processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáti-
cas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações
legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de con-
cessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4.
Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade,
do art. 20, § 3o, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega
provimento. (RE 567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a)
p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em
18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013
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PUBLIC 03-10-2013)
Cumpre registrar, ademais, que no Recurso Especial no 1.112.557/MG,
julgado conforme o procedimento previsto para os recursos repetitivos
(28/10/2009), o Superior Tribunal de Justiça já havia se manifestado no sen-
tido de que a limitação do valor da renda familiar “per capita” não deveria
ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.
Em 14/04/2016, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos
Juizados Especiais Federais (TNU), no julgamento do PEDILEF no
5000493-92.2014.4.04.7002, fixou o entendimento de que a renda familiar
não deve ser o único critério para se aferir a miserabilidade de quem
II - FUNDAMENTAÇÃO
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pleiteia a concessão de benefício assistencial. Para a TNU, portanto, não


existe sequer presunção absoluta de miserabilidade em casos em que a
renda familiar “per capita” seja inferior a 1⁄4 do salário mínimo. Será
sempre imprescindível a avaliação da efetiva necessidade da prestação
assistencial.
Registro, também, que, com a entrada em vigor da Lei no 13.146, de 7 de
julho de 2015, em 3 de janeiro de 2016, a Lei no 8.742, de 1993, passou a
prever expressamente a possibilidade de utilização de outros critérios para
a aferição da condição de miserabilidade do idoso ou da pessoa com defi-
ciência.
Por fim, ainda no que concerne à caracterização da miserabilidade, a Lei
no 10.741, de 2003 (Estatuto do Idoso), em seu art. 34, parágrafo único,
dispõe que o benefício assistencial de prestação continuada concedido ao
idoso não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per
capita a que se refere a Lei no 8.742, de 1993. O Supremo Tribunal Federal,
no julgamento do RE no 580.963/PR, em 18/04/2013, declarou a inconsti-
tucionalidade do referido dispositivo, sem pronúncia de nulidade, por
violação ao princípio da isonomia. Com efeito, para o Supremo Tribunal
Federal, não haveria justificativa plausível para a discriminação dos defici-
entes e dos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de até
um salário mínimo.
O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, no Recurso Especial no
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1.355.052/SP, julgado conforme o procedimento previsto para os recursos


repetitivos, em 25/02/2015, fixou a seguinte tese: “aplica-se o parágrafo
único do artigo 34 do Estatuto do Idoso (Lei n.10.741/03), por analogia, a
pedido de benefício assistencial feito por pessoa com deficiência a fim de
que benefício previdenciário recebido por idoso, no valor de um salário
mínimo, não seja computado no cálculo da renda per capita prevista no
artigo 20, § 3o, da Lei n. 8.742/93”.
Feitas essas considerações, passo à análise do caso concreto.
De acordo com o laudo médico pericial, é possível vislumbrar que a parte
autora possui deficiência física que acarreta a efetiva redução de sua mobi-
lidade - (CID: T92, S68.1 e M75). Por sua clareza, cumpre transcrever
II - FUNDAMENTAÇÃO
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trechos do referido laudo (com destaques acrescidos):


1. O (a) periciando (a) é portador (a) de deficiência física (fisiológica/
anatômica), mental, intelectual ou sensorial que acarrete em efetiva
redução de mobilidade, flexibilidade, coordenação motora, percepção ou
entendimento?
R- Sim, deficiência física, que acarrete em efetiva redução de mobilidade,
flexibilidade do ombro direito.
1.1 Em caso positivo, indicar a natureza deste impedimento, com o respec-
tivo CID.
R- Sequela de trauma no ombro direito e amputação parcial (falange
distal) do 2o dedo da mão esquerda. CID T92 (S68.1, M75). Obs. CID S62,
S82.4, S04.9 (fraturas), T90 são incompatíveis com quadro clínico atual. As
patologias foram tratadas e no momento apresenta sequelas.
1.2. É possível determinar a data de início da deficiência ou doença? Justi-
fique.
R- Desde 2008, conforme o histórico da doença narrado pelo autor. [...]
3. Exame físico da (o) pericianda (o):
R- Pressão Arterial: 120/70 mmHg, Peso: 45 kg. Bom estado geral, consci-
ente, orientado no tempo e no espaço, atenção, humor, a memória preser-
vados, alegre, ativo, respondeu todas as perguntas com clareza, leve esco-
liose, a frequência cardíaca e a respiratória normal, higiene pessoal satis-
fatória, entrou na sala da perícia sozinho, sem uso de equipamento de
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apoio, sem alteração da marcha. Com dor e leve limitação da amplitude de


movimento do ombro direito, referiu dor nos tornozelos, amputação par-
cial (falange distal) do 2o dedo da mão esquerda, e cicatriz de ferimento no
antebraço direito. Demais membros e a coluna sem alterações.
[...]
7. Sendo o(a) periciando(a) portador(a) de deficiência, esta incapacita ou
limita o(a) periciando(a) para o desempenho de atividades laborativas?
R- Não.
7.1 Se houver incapacidade laborativa, esta é:
R- Não há incapacidade laborativa por sequelas.
7.2 Se houver incapacidade laborativa, esta é definitiva (quadro irre-
II - FUNDAMENTAÇÃO
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versível) ou temporária (possibilidade de ser revertida com o devido trata-


mento):
R- Não há incapacidade laborativa por sequelas.
7.3 Se temporária, qual o prazo estimado para que seja revertida com o
devido tratamento?
R- Não há incapacidade laborativa por sequelas.
7.4 Se temporária e, não sendo possível fixar uma data estimada para a
reversão conforme perguntado no item anterior, qual o prazo estimado
para que o(a) periciando(a) se submeta à nova avaliação médica?
R- Não há incapacidade laborativa por sequelas.
[...]
11. Outras anotações:
Conclusão: Com base nos elementos, fatos expostos e analisados, sob o
ponto de vista da Medicina do Trabalho e com embasamento técnico-legal,
concluímos que o autor com diagnóstico de sequelas de trauma no ombro
e amputação parcial (falange distal) do 2o dedo da mão esquerda. Não há
incapacidade laborativa por sequelas. Apenas há restrições para esforços
físicos intensos, levantamento de peso, movimentos repetitivos dos mem-
bros com elevação do braço acima de 90 graus (obs. A atividade habitual
do autor não exige). O periciando não é incapaz de praticar os atos da vida
civil.
Entretanto, apesar do laudo médico reconhecer a deficiência da deman-
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dante, este concluiu que as referidas patologias não a incapacitam para o


desempenho de suas atividades laborativas.
De acordo com o artigo 20, § 2o, da Lei no 8.742/93, “para efeito de con-
cessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com
deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou
mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas.”
Sendo assim, o laudo pericial reconhece a deficiência física ao afirmar que
a parte autora é portador de Sequela de Trauma no Ombro Direito e de
Amputação Parcial (falange distal) do 2o dedo da mão esquerda. Contudo,
II - FUNDAMENTAÇÃO
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conclui pela inexistência de “incapacidade”, pois a parte, apesar de apre-


sentar certa restrição, é segundo o laudo pericial “capaz para o exercício de
suas atividades laborativas”.
Todavia, a conclusão do laudo pericial deve ser analisada sob o enfoque do
conceito legal de deficiência para fins de percepção de Loas. Note-se que a
lei busca contemplar com o benefício assistencial pessoas que enfrentem
impedimento de longo prazo que tenha potencial de “obstruir sua partici-
pação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas.”.
Logo, levando em consideração aos elementos sociais apresentados nos
autos, vê-se que o autor, hoje com 65 anos de idade, é portador de diversas
sequelas proveniente de um infortúnio automobilístico, atualmente sem
qualquer tipo de tratamento médico. Por estas razões, não há dúvida que
a deficiência da parte autora, agravada pelo estado de miserabilidade, cria
um obstáculo
intransponível a alcançar a desejada igualdade de condições com as
demais pessoas de sua idade.
Já em relação ao requisito da miserabilidade, o laudo socioeconômico
apontou que a parte autora vive em situação de extrema miserabilidade e
vulnerabilidade social, visto que o autor mora em imóvel alugado, em pés-
simo estado de conservação, conforto e higiene. Já no que tange ao
proveito econômico, embora a renda esporádica (R$ 600,00) percebida pela
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parte autora ultrapasse o critério objetivo de 1⁄4 do salário-mínimo, enten-


do que se fazem presentes motivos que autorizam amenizar a regra do art.
20 § 3o da Lei 8.742/93, diante da manifesta vulnerabilidade social, princi-
palmente das condições de moradia apresentadas no relatório fotográfico.
Destarte, presentes os seus requisitos, concluo que a parte autora faz jus à
concessão do benefício assistencial de prestação continuada com data do
início do benefício (DIB) na data de entrada do requerimento administrati-
vo, que se deu em 29/05/2018.
As prestações vencidas devem ser corrigidas monetariamente pelo
IPCA-E (RE no 870.947).
Quanto aos juros moratórios, não se tratando de causa que verse sobre
II - FUNDAMENTAÇÃO
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relação jurídico-tributária, devem ser observados os critérios dispostos no


art. 1o-F da Lei no 9.494, de 1997, que determina a aplicação dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança,
a partir de 30/06/2009, quando entrou em vigor a Lei no 11.960, de 2009.
Ademais, cumpre ressaltar que eles são devidos a partir da citação, em
relação às parcelas a ela anteriores, e de cada vencimento, no tocante às
subsequentes.
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III - DISPOSITIVO
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Diante do exposto, com fundamento no art. 487, I, do Código de Processo


Civil, julgo PROCEDENTE o pedido formulado pela parte autora, para
condenar a parte ré a:
a) a proceder à implantação do benefício assistencial de prestação contin-
uada em favor da parte autora, com renda mensal de um salário mínimo
e DIB em 29/05/2018 e DIP em 1o/10/2019;
b) efetuar o pagamento das prestações vencidas entre a DIB e a DIP, corri-
gidas monetariamente pelo IPCA-E e acrescidas de juros de mora, a partir
da citação, em relação às parcelas a ela anteriores, e de cada vencimento,
no tocante às subsequentes, nos termos do art. 1o-F da Lei no 9.494, de
1997, como consignado na fundamentação.
Por fim, com fulcro no art. 300 do Código de Processo Civil, concedo a
tutela provisória de urgência, para determinar que o INSS promova a
implantação do benefício assistencial de prestação continuada, observada
a DIP acima fixada, no prazo de 30 (trinta) dias, porquanto se encontram
presentes os seus requisitos. A probabilidade do direito foi devidamente
demonstrada na fundamentação e o perigo de dano decorre da natureza
alimentar do benefício, substitutivo da remuneração e necessário à sub-
sistência do autor.
Defiro o pedido de gratuidade da justiça.
Condeno a parte ré a restituir os honorários periciais, nos termos do art.
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12, § 1o, da Lei no 10.259, de 2001.


Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos
termos do art. 55 da Lei no 9.099, de 1995.
Registre-se.
Intimem-se.

CUIABÁ (MT), 11 de novembro de 2019.


FRANCISCO ANTÔNIO DE MOURA JÚNIOR
Juiz Federal Substituto
em Substituição na 9a Vara/MT
Dois pontos importantes
sobre o CRAS:
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PONTO 02

2) Quando ele deve ser efetuado?

O CADÚNICO, deve ser atualizado a cada 02 (dois) anos, e você deve


estar de posse da cópia do seu cliente, quando efetuar o pedido na
esfera administrativa, ou seja, é requisito pré determinado ao pleito.
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DA DIFERENÇA
ENTRE
DEFICIÊNCIA E
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INCAPACIDADE
LABORAL

Eu já tive diversas Ações, em que o médico perito, ao analisar o meu cliente na


esfera judicial, concluiu pela existência de deficiência, porém, não pela incapaci-
dade laboral, e o nobre magistrado, mesmo após manifestação de minha autoria,
indeferiu nestes termos a concessão do amparo assistencial. Casos inclusive de
menores de idade, crianças de 4 anos, em que tive o desprazer de ler em sen-
tença, que “por tratar-se de criança”, não há incapacidade laboral, portanto, não
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faz jus ao benefício”.

Ora vejam, por parte do médico o despreparo nos conceitos diferentes entre os
benefícios é aceitável, pois foge da sua esfera de domínio, digamos assim. Mas
magistrados e nós advogados, jamais podemos confundir os diferentes con-
ceitos, dos benefícios por incapacidade, especialmente o da Loas.

Incapacidade laboral, para atividade habitual é conceito para concessão de Aux-


ílio-doença e seus adjacentes.
Quando falamos de amparo assistencial, nos referimos à pessoas com
deficiência, que implicam em impedimento de longo prazo, e que a
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impeça de conviver e sobreviver em igualdade de condições com os


demais.
Essa alteração no conceito, veio com a alteração da redação original, do
art. 20, parágrafo 2º da LOAS, pelo estatuto da pessoa com deficiência,
Lei 13.146/15.

**VIDE SÚMULA 29 DA TNU


Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de 1993, inca-
pacidade para a vida independente não é só aquela que
impede as atividades mais elementares da pessoa, mas
também a impossibilita de prover ao próprio sustento.

** VIDE SÚMULA 48 DA TNU


Para fins de concessão do benefício assistencial de
prestação continuada, o conceito de pessoa com deficiên-
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cia, que não se confunde necessariamente com situação de


incapacidade laborativa, exige a configuração de impedi-
mento de longo prazo com duração mínima de 2 (dois)
anos, a ser aferido no caso concreto, desde o início do
impedimento até a data prevista para a sua cessação.
Devemos ter atenção redobrada aos prazos, com relação à essa duração
mínima de 2 (dois) anos. Podemos demonstrar, como faço muitas
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vezes, que a doença vem se arrastando há algum tempo, e que o prog-


nóstico de melhora é ínfimo, diante da falta de tratamento adequado,
ou de algum caráter degenerativo, incurável, ou estigma da doença.

O hiv é um caso típico, em que a doença pode estar em remissão ( está-


gio não agudo), controlada por medicação, em que a vulnerabilidade
do cidadão é latente, devido ao grande estigma da doença.
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COMPETÊNCIAS
A redação originária do art. 109, §§ 3º e 4º, da CF,
estabelecia que nos locais onde não houvesse vara
federal, seriam processadas e julgadas na Justiça
Estadual, no foro de domicílio dos segurados ou ben-
eficiários, as causas em que fosse parte instituição de
previdência social.
De acordo com a nova redação do art. 15, III, da lei
5.010/66, com a redação dada pela lei 13.876/2019:
Vale dizer que agora, à partir de Janeiro de 2020, de
acordo com as alterações, a competência delegada da
Justiça Estadual foi restringida na esfera comum. As
comarcas de domicilio de segurados, que estejam em
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até 70 KM de distância da próxima vara Federal,


deverão ser ajuizadas na esfera FEDERAL. O que
quer dizer, que podemos concluir, que ao menos 60%
das Ações Previdenciárias, com exceção, da com-
petência residual, das ações ditas Acidentárias (ori-
undas de acidente de trabalho), tramitarão, nas varas
FEDERAIS.
Como forma de alento, a Justiça Federal já tem uni-
dades em várias cidades do país, embora ainda não
tenha alcançado o grau de interiorização equivalente
ao da Justiça Estadual.
SEGUNDA ETAPA DO CICLO
Uma pequena entrevista deve ser feita ao cliente que adentra o seu escritório,
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com intuito de perceber amparo assistencial ao idoso ou ao deficiente.

Primeiramente, para diagnóstico do benefício cabível, terás que saber:

1 – O que ele tem, em termos de doença? Se for doença tratável e curável, difi-
cilmente o enquadraremos em doença de longo prazo, que o impeça de con-
viver em igualdade de condições com os demais?

Exemplos: Alguns tipos leves de epilepsia, doenças de pele que não sejam
graves, somente pressão alta, entre outras.

2 – Qual a idade? Se LOAS idoso.

3 – Reside com quem?

4 – É casa alugada, cedida ou própria?

5 – Quanto cômodos possuem a casa?

6 – Possui veículo? Se sim, novo ou não?

7 – Se ninguém tem renda na casa, que o mantém? Igreja? Casa de cari-


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dade? Filhos ajudam?

8 – Se sim para qualquer das perguntas acima, com qual valor?

9 – Recebe algum tipo de benefício? Bolsa-família? Se sim, quanto?

10 – Se alguém do grupo familiar tem renda, qual o valor? (pegue extrato,


holerites, etc)

11 – Compra medicações ou pega em farmácias do governo?

12 – Tem indicação de cirurgia? Tem acesso ao tratamento adequado?


• É preciso reforçar que você, como advogado, deve entrar no
meu.inss.gov.br, e verificar todas as informações constantes no CNIS desse
cidadão. Muitas pessoas chegam ao meu escritório querendo aposentar-se,
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quando na verdade estão se referindo ao BPC. Ou tem os que querem receber


a pensão por morte da esposa, quando na verdade aquela nunca fora aposen-
tada, mas sim, recebia LOAS.

• O amparo assistencial morre, com quem o detém. Não gera pensão, e não
passa de uma pessoa à outra.

• Ele pode ser acumulado com outros Amparos Assistenciais dentro do


mesmo grupo familiar. Já atendi mães que tinham mais de 1 filho, recebendo
LOAS, por doenças congênitas.

• Podemos fazer dois pedido na mesma casa, Loas idoso + Loas deficiente
para casais. Lembrem-se amparo não é renda, portanto, não conta como tal.
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TERCEIRA ETAPA DO CICLO
De posse de toda a documentação acima, caso o requerente ainda não tenha
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solicitado o benefício junto ao INSS, você o fará, diretamente pelo site,


quando anexará toda a documentação do autor, e o requerimento de bpc
(obrigatório) + a composição do grupo familiar, devidamente preenchida,
além do cras.

Lembre-se, você é advogado, foi contratado para isso, e deve atuar no pro-
cesso. Não passe esses documentos para o requerente preencher, até mesmo
porque, na grande maioria das vezes, ele nem saberá fazê-lo.

No meu curso inss digital, ensino a montar e utilizar todos esses


documentos, passo a passo, com cases reais do meu escritório. Em
caso de dúvidas, faça o curso.

Sabemos que toda e qualquer solicitação, hoje se faz mediante o site do INSS,
online e digital, em que não existe a necessidade de comparecimento pes-
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soal.
Após esse procedimento, acompanhe seu pedido semanalmente, pois nos
pedidos de BPC, o INSS costuma marcar primeiro uma entrevista com assis-
tente social, na APS mais próxima, e em seguida a perícia médica. Podem
ocorrer em datas diversas, ou não. O Importante é acompanhar, tanto pelo
site, quanto pelo seu e-mail, que já deverá constar nos autos administrativos,
no momento do protocolo. Nesse caso, todo e qualquer andamento, chegará
para você, via e-mail.
DICAS:
- Não protocole seu pedido, faltando documentos. Esteja de
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posse de todos eles, digitalize-os, e então dê entrada no direito do requer-


ente, a fim de se evitar quaisquer maiores delongas por parte da autarquia,
mediante cartas de exigências.

- Todos os documentos deve ser autenticados pelo advogado,


que possui fé pública, em casos onde não exista ACT (acordo de cooperação
técnica entre o INSS e a Seccional da OAB, simples e sem burocracia.

COMO PROCEDER À
ESSA AUTENTICAÇÃO:

Bata seu carimbo, com


o nome e dados da
Ordem, coloque “con-
fere com original” e
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assine. Simples assim!


Não há necessidade de
autenticação cartorária
alguma.

Após 30 dias, deve-se ter resultado ou carta de exigência, por meio de comu-
nicado via E-mail. Esse prazo ainda não vem sendo cumprido!!! Demora-se
um pouco mais, para um resultado eficaz.
QUARTA ETAPA DO CICLO
A JUDICIALIZAÇÃO DAS AÇÕES DE AMPARO ASSISTENCIAL
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Na prática, na grande maioria dos casos, o INSS NEGA ESSES PEDIDOS.


DIGAMOS, QUE A MÉDIA SEJA DE 40% DOS PROCESSOS, DEFERIDOS,
APENAS.

Nesse caso, compete à você, recorrer à esfera Judicial, para concluir com
êxito o direito do requerente, aquele que está em situação de vulnerabilidade
física e social.

AS NEGATIVAS PODEM DAR-SE POR:

“Não há impedimento de longo prazo”

“Não foi constatada miserabilidade


do grupo familiar”
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“Não compareceu ou não apresentou


documentos necessários”(aqui você terá
um problema para judicializar, que adentro
o mérito, na minha AULA masterclass)
*VIDE IN 102/2019
Nessas Ações Judiciais, não ocorrem audiências, salvo em casos de mutirões,
em que o INSS tem interesse em propor acordo. Mas é muito raro, uma vez
que, até mesmo esses acordos têm sido feitos por meio de petições no autos.
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Primeiramente o advogado deve certificar-se de que não há litispendência. é


extremamente comum, que tenham-se ajuizados pedidos anteriores, desde
que você esteja de posse de novos laudos médicos, e aquele pedido antigo já
tenha o trânsito em julgado certificado.

Posto isso, o magistrado determinará perícias médica e estudo psicossocial,


com assistente social, à depender do motivo da negativa.

Na perícia médica, o advogado deverá novamente utilizar suas técnicas e


todo seu conhecimento previdenciário, na elaboração dos quesitos, que
deverão ser extremamente direcionados à finalidade pretendida. Como já
dito alhures, a maioria dos médicos, acha que todo pedido é de aux-
ílio-doença. Esteja atento!!!
O advogado previdenciarista deverá agir da mesma forma, quando for o mo-
mento da manifestação sobre esse laudo médico.

Caso seja necessária a elaboração de laudo socioeconômico por assistente


social. Costumo deixar os quesitos à cargo do próprio magistrado. Normal-
mente se anexam fotografias da casa, e dos móveis que guarnecem a residên-
cia. Por isso, o cuidado na triagem das Ações de amparo assistencial é muito
relevante. Nos meus casos concretos, as fotos e imagens falam por si, com
@julianaluftadvocacia

relação à miserabilidade daquele meu cliente.

Já atuei em Ação, em que a visita pela assistente social foi feita na calçada,
pois meu cliente sequer tinha um teto para morar.

OBS: Salvo em casos extremos, essa pericia social “ in loco”, somente é feita
em sede judicial. Contudo, se constatadas muitas divergências de infor-
mações em sede de INSS, o próprio CRAS determina uma visita da assistente
social. Raridade, que já ocorreu comigo.
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Por fim, atentem-se sempre, se o benefício foi concedido desde a der (data de
entrada no requerimento administrativo), e se não o foi, certifiquem-se se o
motivo merece prosperar.

Bem- vindos à prática Previdenciária real!


@julianaluftadvocacia


A determinação deve
basear-se numa união
da força com a
amabilidade.
a d v o c a c i a

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