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ANTIGO TESTAMENTO
SUMÁRIO
EXPEDIENTE
Cruz de Malta Os textos bíblicos utilizados nos estudos foram extraídos
Revista para Escola Dominical – Jovens da Bíblia Sagrada, traduzida em Português, por João
Professor(a) Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada no Brasil.
Secretaria Executiva Editorial Projeto Gráfico e Editoração
Joana D’Arc Meireles NLopez Comunicação
Colégio Episcopal
Hideide Brito Torres – bispa assessora Angular Editora
Departamento Editorial - Associação
Departamento Nacional de Escola Dominical da Igreja Metodista
Andreia Fernandes Oliveira Av. Piassanguaba, 3031 – Planalto Paulista
04060-004 – São Paulo
Equipe de Redação Tel. (11) 2813-8643 / (11) 2813-8600
Andreia Fernandes Oliveira escoladominical@metodista.org.br
Felipe Bagli Siqueira www.angulareditora.com.br
www.metodista.org.br/escola-dominical
Colaboração
Edson Cortasio Sardinha É proibida a reprodução total de textos, fotos e ilustrações,
Hideide Brito Torres
Ivan Carlos Costa Martins por qualquer meio, sem prévia autorização do editor da
José Ronaldo Campos Moura revista. Quando reproduzidas parcialmente, devem
Leidyleni Nolasco R. Bagli constar a edição, com ano e a página da publicação.
Lincoln de Araújo Santos Todos os direitos nacionais e internacionais
Lucas Andrade Ribeiro reservados à Angular Editora.
Marcos Antonio Julião 2019.1
Mauren Julião
Sergio de Oliveira Campos
Revisão
Mauren Julião
Palavra da Redação
Querido(a) professor(a)
Bom trabalho!
Equipe de redação
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Esta revista é uma ferramenta para sua prática de ensino e visa o cresci-
mento e formação cristã dos discípulos e discípulas de Jesus que participam
da Escola Dominical, pelo conhecimento e reflexão com base na Palavra. Você
é um importante instrumento de Deus para levar o conteúdo aqui apresentado
para os alunos e alunas, ajudando-os e estimulando-os a aproveitar também o
melhor deste material. Sendo assim, seu preparo e capacitação contínua vão
ajudar muito na efetividade de seu trabalho.
Esta revista é preparada para classes de jovens e tem a seguinte configuração:
Aluno(a) Professor(a)
Texto bíblico: Texto base da lição. Texto do(a) aluno(a) –
Conforme as seções da revista
Introdução: Breve apresentação do assunto do(a) aluno(a).
da lição, sempre na página inicial, junto com o
título e texto bíblico. Objetivos: Apresenta de
forma sucinta os objetivos do
Seções: As diferentes seções dentro do tema estudo da lição.
trazem um embasamento bíblico e teológico e
reflexões e aplicações para a vida da juventude Para início de conversa: Traz
cristã, diante dos desafios da igreja e da socieda- considerações iniciais sobre
de. o assunto tratado, geralmente
propondo uma dinâmica para
Conclusão: É o fechamento da lição, espaço que a apresentação do conteúdo
pontua os principais assuntos tratados, reforça para a classe.
os objetivos da lição e enfatiza que com a graça
de Deus é possível aplicar o estudo à nossa vida. Por dentro do assunto:
Traz um aprofundamento
Bate-papo: Questões para fixação do conteúdo do assunto, para ampliar o
e discussão em classe, que podem levar a uma conteúdo do(a) professor(a),
ação transformadora diante do conteúdo estu- com conteúdos e explicações
dado. complementares da lição do
aluno(a), geralmente relacio-
Leitura da semana: São textos recomendados nadas com a parte bíblica e
para leitura após o estudo da lição, que reforçam teológica.
seu entendimento e inspiram na direção do
assunto estudado. Incentive a classe a aproveitar Por fim: Uma sugestão de
essas leituras. encerramento da aula.
4 Cruz de Malta
Observações e dicas:
• O bom êxito das aulas depende da eficácia da atuação da professora e do
professor;
• É importante respeitar o conteúdo, apesar de adaptações necessárias;
• É preciso atentar aos desdobramentos vindos do interesse da classe, adap-
tando, resumindo ou ampliando o conteúdo das lições de acordo com o inte-
resse e nível da classe. O uso da Bíblia é indispensável;
• No planejamento do semestre, a partir da leitura panorâmica da revista,
leve em conta o calendário da igreja e o calendário cristão, aplicando as lições
de datas comemorativas com antecedência, para que atinjam o objetivo de
uma melhor preparação para as celebrações por parte de cada aluno e aluna
e da comunidade.
• Ao estudar as lições, procure tirar suas dúvidas com dicionários e diferen-
tes versões da Bíblia. Você pode também conversar com o ministério pastoral
ou alguém da equipe pedagógica. Não tenha receio de buscar ajuda e não deixe
o estudo para a última hora. O ideal é começar o preparo no início da semana.
• Leia com atenção os conteúdos propostos na seção específica para você e
dentro do possível consulte as fontes bibliográficas indicadas, que podem en-
riquecer sua compreensão e facilitar a exposição do conteúdo do(a) aluno(a).
• Cuidado com as fontes a serem pesquisadas na internet. Precisamos de
sabedoria para não nos deixar levar por heresias e distorções do conhecimento
bíblico. Há muita coisa boa na internet, mas não só isso. Caso tenha dúvidas,
busque orientação com outras pessoas. Nós, equipe de redação, também esta-
mos à sua disposição.
• Aproveite os recursos humanos da sua igreja (inclusive equipe pastoral)
ou mesmo da comunidade, convidando pessoas que possam contribuir com a
exposição das lições de acordo com o tema, e proponha parcerias com outras
classes. Essas experiências, além de enriquecer e dinamizar a aula, promovem
comunhão;
• Cuide do ambiente de sua sala de aula, deixe-a mais aconchegante. Você
pode envolver o grupo nesse projeto; se houver possibilidade, vá construindo
um ambiente que lembre a classe os conteúdos estudados através de cartazes
e banners.
• Procure um modo de ensinar que facilite o envolvimento do grupo no pro-
cesso de aprendizagem. A Bíblia é estudada para iluminar a vida, utilize-se de
exemplos práticos, comuns para a turma e, ao final do estudo, proponha desa-
fios de transformação da vida cristã; sempre que possível use dinâmicas que
facilitem a participação de todas as pessoas; discussões em grupos menores
são uma boa tática para que as pessoas mais tímidas participem.
• Lembre-se: Um conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica.
A bondade e o amor que transparecem nas palavras, precisam fazer parte do
conteúdo total do(a) professor(a), pois só assim será possível estabelecer um
relacionamento com alunos e alunas que facilite a aprendizagem.
• Ore sempre por seus alunos e alunas e incentive-os a ler e reler as lições,
e em especial os textos bíblicos da semana (que são para leitura na semana se-
guinte à da aula, para reforçar a aprendizagem).
V
ocê já reparou que temos uma tendência de fazer o errado, de op-
tar pelo caminho que nos afasta de Deus? Que nem sempre con-
seguimos ser obedientes à Palavra de Deus e optamos justamente
pelo contrário? Que, às vezes, obedecer a nós mesmos é a melhor opção?
Então, já parou para pensar nisto tudo? A verdade é que, de fato, existe
algo errado em nós e, por isso, precisamos conversar a respeito desta si-
tuação. A narrativa sobre Adão e Eva nos ajuda neste desafio.
6 Cruz de Malta
Adão e Eva mos a capacidade de compreender a
O relato de Adão e Eva (Gênesis 2-3), vida e caminhar sozinhos, ou seja, ser
muito mais do que uma narrativa autossuficientes. De fato, uma gran-
cosmológica, é teológica. Ou seja, de ilusão, pois a consequência disso
ela não tem como intenção prin- foi realmente uma morte. O ser hu-
cipal discutir a respeito da criação mano experimentou uma ruptura
do Universo, de dar respostas para com Deus, com seu próximo, consigo
nossas inquietações científicas so- mesmo e com toda criação. Assim,
bre a criação do cosmo, mas tem a em Gênesis 3 temos o projeto huma-
encantadora intenção de nos es- no desarmonizado.
clarecer acerca de nossa condição
humana, sobre nossa natureza pen- A Herança de Adão e Eva
dente para o mal. Vamos perceber que a narrativa de
Gênesis 2-3 é uma narrativa única. Adão e Eva, além de ser uma história
Na verdade, representa dois projetos de origem, é uma história de consta-
em paralelo. Em Gênesis 2, temos tação, ou seja, nos revela muito mais
um projeto divino harmonizado. do que o nosso passado, revela tam-
Deus cria o ser humano e o coloca no bém o nosso presente. A situação
jardim para o cultivar e guardar e lhe narrada sobre Adão e Eva é verifica-
dá uma ordem. Existe harmonia em da em toda a história do povo de Deus
tudo – homem e mulher, ser huma- ao longo da Bíblia Sagrada. Adão e
no e natureza, ser humano e Deus. Eva deixam uma indesejada heran-
Porém, em Gênesis 3.1, surge uma ça: a tendência de ignorar a Palavra e
personagem muito interessante, a os planos de Deus. Podemos consta-
serpente – símbolo da sedução/ten- tar isso em alguns exemplos.
tação. Ela faz uma provocação: “Foi Primeiro,a experiência de Abraão.
isto mesmo que Deus disse: ‘Não O patriarca recebe uma promessa de
coma de nenhum fruto das árvores Deus para ser pai de uma multidão.
do jardim?’”. Esta pergunta coloca à Mas sua história demonstra que a
prova a convicção de que a palavra e convicção desta promessa esteve os-
o projeto de Deus eram verdadeiros. cilante por várias vezes. Abraão teve
O chamado “pecado original”, mui- dificuldades de lidar com alguns
to mais do que desobedecer uma obstáculos, como a fome (abando-
ordem, representou um grito de “li- nou a terra indicada por Deus), a in-
berdade”. Adão e Eva não resistiram segurança (mentiu para se proteger
à tentadora proposta da serpente de de Abimeleque) e o tempo (teve um
“ser como Deus”, conhecedores do filho com a escrava Agar).
bem e do mal. Eles se iludiram com a Segundo, o exemplo do povo no
falsa possibilidade de ter em si mes- deserto. Deus ouviu o clamor do
8 Cruz de Malta
Conclusão BATE-PAPO
Como Adão e Eva, muitas vezes opta- O que fazer para frear um desejo por
mos pela “independência”, desvalo- algo errado? Qual a principal dife-
rizando os propósitos de Deus para rença entre Jesus e Adão?
nós e ficamos suscetíveis ao erro, às
propostas que nos afastam de Deus. Leia durante a semana
Através da obra da Cruz e do teste- Domingo: Gênesis 3.1-7
munho de sua vida, Jesus nos abre Segunda-feira: Gênesis 2.4-25
o caminho para superarmos essa Terça-feira: Gênesis 3.1-24
tendência. Além disto, Ele nos en- Quarta-feira: Mateus 4.1-11
sina como caminhar e nos fornece Quinta-feira: Lucas 22.39-46
todo o subsídio para a nossa jornada, Sexta-feira: 1Coríntios 15.1-34
uma jornada de submissão à von- Sábado: 1Coríntios 15.35-58
tade de Deus. Jesus veio ao mundo
para nos reconciliar com o projeto
Bibliografia
de Deus para toda a humanidade,
Revista Cruz de Malta 2014.2: Identidade e
uma harmonia com o Criador. Por
Comunhão para a Missão. Publicada pelo
isso Ele é descrito como “Palavra
Departamento Nacional de Escola Dominical
que se fez carne e que habitou entre
da Igreja Metodista.
nós” (João 1.14). A Palavra, um dia
Revista Flâmula Juvenil 2015.1: Ligad@s
rejeitada, veio ao nosso encontro e
em Deus. Publicada pelo Departamento
nos convida a uma vida abundante.
Nacional de Escola Dominical da Igreja
Encontramos, assim, nas palavras
Metodista.
do apóstolo Paulo uma síntese des-
SCHERER, Cristina. Gênesis 3.1-13 – Prédica.
sa esperança: “Porque, assim como,
Disponível em: http://www.luteranos.com.
em Adão, todos morrem, assim
br/textos/genesis-3-1-13. Acesso em outubro
também todos serão vivificados em
Cristo” (1Coríntios 15.22). de 2018.
ANOTE
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tionamento da serpente era a incitação à autonomia. Portanto, “ser como
Deus” seria para Adão e Eva um passo para a “liberdade”, deixando de ser-
vir a Deus para servir a si mesmos. Esse é o primeiro engano que seduz a
humanidade, a ideia de que uma vida sem Deus seria melhor do que uma
vida com Ele. Em Gênesis 3 nos deparamos com o projeto de Deus para o
ser humano desarticulado de sua ideia original e perfeita. O ser humano se
vende à escravidão do pecado por decidir viver uma vida sem depender de
Deus. A partir disso, temos exemplos bíblicos muito expressivos que refor-
çam a constatação dessa herança adâmica, conforme citado na revista do(a)
aluno(a).
Em contraponto a Adão, no entanto, existe Jesus, e a perspectiva de mu-
dança desse legado de fracasso. O apóstolo Paulo trabalha Jesus como o se-
gundo Adão, isto é, como aquele que veio para nos proporcionar mais do que
um modelo de vida, mas também nos dá poder espiritual para ser conforme
Ele foi. Jesus, mesmo tentado pelo diabo (Mateus 4. 1-11) prevaleceu, através
de uma vida de jejum, oração e submissão à vontade de Deus. É importan-
te lembrar que Jesus era totalmente humano e foi tentado nos principais
pontos de fraqueza: a manutenção da sobrevivência e a sede por poder. Nos
relatos de todo o evangelho Jesus passa por situações tentadoras, incluindo
a de abandonar o projeto da cruz (6.22-23) e isso até o último suspiro (27.42).
A todo momento somos incitados e incitadas a abandonar o projeto de
Deus para nós e temos a tendência em fazê-lo. Sempre que escolhemos
emprego, casamento e até mesmo ministério fora da perspectiva do Reino
estamos cedendo ao grito de autonomia da nossa alma. O legado de Jesus,
no entanto, aponta que a diligência e a submissão resultam em uma vida
conforme a vontade de Deus e isso na verdade é benefício para nós, visto
que o projeto de Deus é que tenhamos paz e realização (cf Jeremias 29.11;
Romanos 12.2; 1Coríntios 2.9, entre outros). Jesus mesmo sendo o próprio
Deus, enquanto ser humano foi totalmente dependente do Pai sendo, assim,
completamente oposto a Adão.
A vitória da Cruz nos devolveu a oportunidade de seguir a vontade de
Deus, já que Jesus conquistou todos os subsídios para que isso fosse possível.
O “pecado original”, como comumente é dito, não diz respeito a uma deso-
bediência apenas, mas sim ao anseio do ser humano em viver sua vida em
si mesmo.
Por fim
Destaque as diferenças entre Jesus e Adão propostas por Paulo. Frise a su-
premacia do legado de Jesus a todos e todas nós. Motive sua classe, sub-
linhando a importância da vida devocional e da leitura da Palavra, para o
genuíno entendimento da vitória da Cruz. Finalize a aula com uma oração
de louvor e gratidão a Deus por tudo o que Ele fez para nos resgatar para
uma nova vida.
Jacó e Esaú:
um relacionamento difícil
Texto Bíblico: Gênesis 32. 22 - 33. 11
S
eres humanos são seres sociais, relacionam-se o tempo todo.
Precisamos das pessoas ao nosso redor para viver. É bem verdade que
viver em comunidade não é fácil e traz inúmeros desafios. Agora, ima-
gine um relacionamento difícil entre irmãos! Essa é a história que vamos
conhecer nesta lição: Esaú e Jacó, irmãos que precisavam aprender a se re-
lacionar de forma saudável. Suas lutas, erros e acertos têm preciosas lições
para nós ainda hoje.
12 Cruz de Malta
O Conflito entre os Irmãos des, Deus agiu na vida desta família,
(Gênesis 27) levando os irmãos ao amadureci-
Primeiramente, precisamos enten- mento e reconciliação.
der como começou essa história. O conflito entre irmãos e irmãs
Esaú e Jacó eram irmãos gêmeos, surge ainda hoje quando não sabe-
filhos de Isaque e Rebeca. Já no nas- mos lidar com as diferenças de for-
cimento, cada um deles mostra um ma positiva, construtiva e saudável
perfil bem definido, uma personali- ou não respeitamos o lugar e a posi-
dade bem própria, o que diferenciava ção de cada pessoa, abrindo espaço
muito um do outro (Gênesis 25.21-26). para inveja e ciúmes. Precisamos
Esaú nasceu primeiro, tinha o corpo aprender, a partir da história de Jacó
coberto de pelos e seu nome retrata e Esaú, que o respeito entre irmãos
isso, embora relacione-se também e irmãs pode evitar inúmeros con-
com ação, talvez por causa do seu es- flitos, assim como a falta de respeito
tilo de vida mais voltado à caça. Jacó tende a causar grandes confusões.
nasceu segurando o calcanhar do ir- Outra questão importante é que
mão, e daí a origem de seu nome que a raiva de Esaú obrigou Jacó a fugir.
pode ser interpretado também como Conflitos, quando não trabalhados de
enganador. Vivia em tendas e por isso maneira adequada, tendem a causar
provavelmente estava sempre mais rupturas nos relacionamentos. E isso
próximo de sua mãe. não só fica entre as pessoas envolvi-
Suas personalidades divergentes das diretamente na briga, mas afeta
levaram a conflitos. Esaú, sempre toda a família ou comunidade. A mãe,
pensando no aqui e agora; Jacó, sem- Rebeca, nunca mais reencontrou o
pre querendo levar vantagem. O ápi- filho Jacó por conta desse conflito. O
ce do conflito acontece quando Jacó pecado não superado afeta a família
“rouba” a bênção de Esaú. A reação e a comunidade de fé como um todo.
do irmão mais velho foi tão intensa
que Jacó se vê obrigado a fugir da ira A necessidade de encontro
de seu irmão, que planejava matá-lo. com Deus (Gênesis 32.22-32)
Uma das características mais in- Depois de passar um tempo com a
teressantes da Bíblia é que ela não família de seu tio Labão, Jacó enten-
esconde os defeitos e dificuldades do de que é tempo de voltar para sua pa-
ser humano. Deus nos usa apesar de rentela, conforme uma palavra que
nós. Ao conhecermos a história des- recebera do Senhor (Gênesis 31.3).
ses irmãos e enxergarmos a ação de Assim, para voltar para casa, preci-
Deus em suas vidas nosso coração se saria se reconciliar com seu irmão.
enche de esperança. Apesar dos con- Jacó temia o reencontro com Esaú,
flitos e fraquezas nas personalida- mas recorreu a Deus em oração, cla-
14 Cruz de Malta
conciliação é um lindo milagre que BATE-PAPO
apenas Jesus pode operar. Neste trecho Como conviver de forma saudável
bíblico temos uma lição preciosa na com as diferenças? Qual a impor-
atitude de Jacó em enfrentar seus me- tância do perdão para nossas vidas,
dos e reconciliar-se com seu irmão. tanto em nossa relação com Deus,
Com isto, perceberemos que o quanto em relação ao próximo?
perdão não é completo até que as
pessoas envolvidas façam todo o pos- Leia durante a semana
sível para se reconciliar e para viver Domingo: Gênesis 32.22-33.11
de forma diferente a partir da recon-
Segunda-feira: Gênesis 25.19-34
ciliação. Quando recebemos o perdão
Terça-feira: Gênesis 27.1-17
de Deus, nossos erros do passado são
Quarta-feira: Gênesis 27.18-29
apagados. No entanto, em relação às
Quinta-feira: Gênesis 28.1-9
pessoas, é necessária uma postura
Sexta-feira: 2Coríntios 5.18-20
parecida com a de Jacó: fazer o possí-
Sábado: Mateus 6.14-15
vel para tentar reparar o mal, desde a
iniciativa do encontro, passando pela
busca mais intensa de Deus.
Bibliografia
BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Barueri/SP:
Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
Conclusão BÍBLIA DE ESTUDO: APLICAÇÃO PESSOAL. São
Falar de relacionamentos à luz da Paulo: CPAD, 2009. 2012
CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento pasto-
Bíblia nos enche de esperança,pois ve- ral: modelo centrado em libertação e crescimen-
mos que homens e mulheres de Deus to. Tradução de Walter O. Schlupp, Luis Marcos
nas Escrituras estão longe de serem Sander. 6. ed. São Leopoldo: EST/Sinodal, 2016.
COMENTÁRIO BÍBLICO NVI: Antigo e Novo
heróis e heroínas (pessoas perfeitas).
Testamentos. Edição de F. F Bruce; Tradução de
Não encontraremos Super-Homens e Valdemar Kroker. 2. ed. São Paulo: Vida Nova,
Mulheres Maravilha na Bíblia. Muito 2012.
pelo contrário, a história de Jacó e HARPER, A. F. Estudo Bíblico sobre Gênesis 32.
Biblioteca Bíblica. Disponível em https://bibliote-
Esaú não é a única história de rela-
cabiblica.blogspot.com/2015/11/genesis-32-estu-
cionamentos conturbados descritos do-biblico.html. Acesso em 19/12/2018.
na Palavra. Esta história nos lembra LIZORKIN-EYZENBERG, Eli. O que Israel signi-
que o Senhor pode e deseja nos usar, fica em hebraico. Disponível em https://blog.
israelbiblicalstudies.com/pt-br/jewish-stu-
apesar de nós mesmos, de nossos er-
dies/o-que-israel-significa-em-hebraico-uma-
ros e limitações. Relacionamentos -interpretacao-do-dr-eli/ . Acesso em 11/12/2018.
quebrados podem ser restaurados STRONG, J., & Sociedade Bíblica do Brasil. 2002;
através do perdão e é o próprio Deus 2005. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de
Strong. Sociedade Bíblica do Brasil.
que trabalha para reconciliar as pes- STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides Martins.
soas umas com as outras (Provérbios Como ler o livro do Genesis: origem da vida e
16.7) e todos os seres humanos com da história. Coleção Como ler a Bíblia. São Paulo:
Ele mesmo (2Coríntios 5.18-20). Paulinas, 1991.
A partir da apresentação das poesias, abra espaço para quem quiser parti-
lhar alguma lembrança suscitada (gerada) pelo exercício. Conduza esse tempo
com muita prudência e passe à lição.
16 Cruz de Malta
va de seu irmão Jacó. A raiva é um sentimento com o qual precisamos aprender
a lidar. Não é errado sentir raiva, esta é uma reação humana mas precisamos
lidar com ela na direção de uma solução para os conflitos que giram em torno
desse sentimento.
A luta com Deus certamente é o momento mais importante da vida de Jacó.
Deus conferiu a muitas pessoas na Bíblia novos nomes (Abraão, Sara, Pedro)
como símbolo da mudança efetuada por Ele em suas vidas. Nesse ponto pode-
mos notar como o caráter de Jacó se modificou e isso se deu a partir desse con-
fronto. Tanto que seu nome muda a partir daí e faz referência a esse episódio.
“A palavra YiSRaEL é relacionada com o verbo leSRot, que no hebraico bíblico
significa lutar,aspirar,exercer influência (...) Este evento da história mundial foi
tão significante, que a nação descendente de Abraão, Isaque e Jacó foi nomea-
da depois deste encontro particular. Esses descendentes ficariam conhecidos
para sempre como o Povo de Israel, o Povo que luta com Deus” (LIZORKIN-
EYZENBERG, 2013). A chave para relacionamentos saudáveis é que eles sejam
abertos, confiantes, cheios de alegria e espírito amoroso. A restauração dos
relacionamentos quebrados só acontece à medida em que nos conectamos
com Deus. As pessoas precisam de valores e sentidos sadios para serem sadias.
Deus estava transformando valores e sentidos em Jacó, assim como precisa fa-
zer com cada um(a) de nós.
O tema principal do relato (Gênesis 32; 33) é a reconciliação entre Jacó e
Esaú. É importante observar que, apesar dos seus temores, foi Jacó quem to-
mou a iniciativa de se aproximar de Esaú (32.3). Ele chegou ao ponto de tomar
precauções naturais, caso Esaú quisesse se vingar; essas precauções incluíram
uma oração sincera, lembrando a Deus as promessas dele (cf. Gênesis 28.13).
Jacó, então, preparou um belo presente para apaziguar o irmão ofendido. A
questão do presente para nós hoje pode soar de uma maneira bem diferente,
pois vivemos em outro contexto cultural. Não havia intenção de suborno, era
uma prática da época. Hoje o presente que melhor expressa o desejo de fazer
as pazes é o nosso coração sincero, humilde e dependente de Deus para nos
aproximar e recomeçar.
É um alívio ver a mudança no coração de Esaú quando os dois irmãos se en-
contram. A amargura pelas perdas do direito e bênção de primogenitura parece
ter desaparecido, e Esaú está satisfeito como o que tem. A vida pode ter momen-
tos nos quais nos sentimos enganados ou enganadas, mas o ressentimento pode
dar lugar ao perdão em nosso coração e com isso encontramos paz.
Por Fim
Faça um resumo dos pontos que foram abordados na lição e reafirme a ne-
cessidade de relacionamentos saudáveis entre as pessoas, e como o perdão
pode restaurar relacionamentos há muito rompidos. Enfatize que, embora
a reconciliação seja um passo difícil, ela é necessária para relacionamen-
tos saudáveis. É bom lembrar que nossas personalidades são formadas,
deformadas e transformadas nos relacionamentos. Tanto a cura quanto o
crescimento dependem da sua qualidade e de como reagimos diante das
situações de conflito.
M
iriã foi uma das mulheres usadas por Deus em momentos de ex-
tremo perigo para o povo de Israel. Desde a opressão de Faraó na
infância de Moisés, até a libertação do povo, Miriã aparece como
um instrumento do Senhor para a preservação da vida, libertação e ado-
ração. Mas ela também cometeu erros que trouxeram desestabilidade na
unidade do povo e resultados negativos sobre sua vida. Contudo, a graça de
Deus a restaurou e a fez corrigir seu caminho. Aprendemos com Miriã que
mesmo tendo realizado grande coisas com Deus e para Deus, sempre neces-
sitamos da sua graça. Somos eternamente dependentes da graça do Senhor.
18 Cruz de Malta
Ousadia na preservação da que o individualismo penetre em
vida (Êxodo 2.1-8) nossa comunidade de fé e muito me-
Miriã é irmã de Moisés e Arão, filha nos em nossa família. O problema
de Anrão e Joquebede (Números de Moisés tornou-se o problema de
26.59; 1Crônicas 6.3). Era da linha- Miriã. Aprendemos também a ser
gem sacerdotal, profetisa e tornou- instrumento de Deus em sua obra li-
-se também líder do povo de Israel. bertadora. Decisões acertadas, como
Em Miqueias 6.4 ela é chamada de da filha de Faraó, podem vir por sim-
guia do povo enviada por Deus no ples sugestões nossas, quando ousa-
mesmo nível de Moisés e Arão. Em damente falamos sob a direção do
Êxodo 15.20 é chamada de profetisa. Espírito Santo de Deus.
Diante do massacre de meninos
no Egito, Miriã auxilia sua mãe em Ousadia e Alegria na
uma estratégia para salvar a vida de Adoração (Êxodo 15.20,21)
Moisés: colocar a criança em um Após o cântico de Moisés (Êxodo 15.1-
cesto, depositar no rio Nilo e confiar 19), Miriã louva a Deus com danças
na providência de Deus. Miriã acom- e com cânticos. É mencionada pela
panha o caminho do cesto sobre as primeira vez pelo seu nome quando,
águas a fim de “observar o que lhe tocando seu tamborim e dançan-
haveria de suceder” (v.4). A graça de do, liderou as mulheres de Israel no
Deus fez a filha de Faraó ter compai- louvor ao Senhor depois da travessia
xão pela criança (vv. 5-6) e Miriã, que do Mar Vermelho (v.20). O povo he-
estava de prontidão, a ousadamente breu permaneceu no Egito por 430
propor: “Queres que eu vá chamar anos (Êxodo 12.40), desde a entrada
uma das hebreias para que sirva de da família de Jacó até a saída do cati-
ama e te crie a criança”? (v.7). Pela in- veiro. Depois de 10 pragas para con-
tervenção de Deus através da instru- frontar a insistência de Faraó, Deus
mentalidade de Miriã, a própria mãe finalmente liberta o povo, leva-o até
de Moisés foi contratada pela prin- o Mar Vermelho e destrói o exército
cesa do Egito para ser a amamenta- egípcio nas águas.
dora e criar o menino(vv.7-8). É neste contexto de libertação
Aqui, aprendemos com Miriã que Miriã lidera um movimento de
a confiar nos cuidados de Deus e danças, litanias e adoração. “Cantai
perseverar. Assim como ela acom- ao SENHOR, porque gloriosamente
panhou seu irmão, devemos acom- triunfou e precipitou no mar o cavalo
panhar as pessoas que Deus coloca e o seu cavaleiro”, parece ser o refrão
em nossa vida. A intervenção de Deus do cântico de Moisés (Êxodo 15.1-
poderá vir por nossa disponibilidade 19). O Cântico de Miriã pontua que:
e ousadia. Nunca devemos permitir Deus é merecedor da nossa gratidão
20 Cruz de Malta
Conclusão BATE-PAPO
Miriã foi uma mulher usada por Deus Como podemos ser profetas e pro-
desde sua infância. Teve ousadia para fetisas do Senhor hoje? Que lições
acompanhar seu irmão, mesmo que aprendemos com as etapas da vida
isso significasse risco de morte. Teve de Miriã para a caminhada cristã?
ousadia para sugerir a filha de Faraó
uma mãe hebreia para cuidar de seu Leia durante a semana
irmão. Teve também a intrepidez Domingo: Êxodo 15.20-21
de liderar as mulheres de Israel em Segunda-feira: Êxodo 2.1-8
adoração ao Senhor pela libertação
Terça-feira: Êxodo 15.1-19
da escravidão do Egito. Contudo, por
Quarta-feira: Números 12.1-16
um descuido, deixou que a inveja en-
Quinta-feira: Efésios 6.11-15
trasse em seu coração levantando-se
Sexta-feira: Salmo 90
contra a liderança de Moisés, e res-
Sábado: Salmo 50
pondeu por isso. Que sejamos ousa-
dos e ousadas na luta pela libertação
plena, que mostremos intrepidez na
Bibliografia
BACHMANN, Mercedes L. García. Miriam, a
adoração e na celebração da liberta-
ção, e que sejamos vigilantes contra profetisa. Revista L’osservatore Romano. In:
possais estar firmes contra as astutas HOFF. Paul. O Pentateuco. Miami: Ed. Vida,
ANOTE
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22 Cruz de Malta
mento, mas por outro não pode ser eliminada porque goza de apoio popular, a
ponto de que o seu povo não retoma o caminho enquanto ela não volta a inse-
rir-se no grupo.
Em Deuteronômio 24.8-9 ela é vista também de modo negativo,onde o status
quo religioso levítico é corroborado pelo exemplo negativo de Miriã: ‘... Lembra-
te do que o SENHOR, teu Deus, fez a Miriã no caminho, quando saíste do Egito’.
Contudo, é preciso observar que o texto só faz alusão ‘àquilo que o Senhor, teu
Deus,fez a Miriã’,sem mencionar a lepra (além disso,em Números 12 não se fala
de desobediência ao Senhor, mas de contestação contra Moisés).
Não obstante, Números 20.1 só dedica poucas palavras à Miriã, contudo é
surpreendente, porque não temos notícia da morte de quase nenhuma outra
mulher bíblica. Observe-se que, diversamente dos seus irmãos, nunca se afirma
que Miriã morreu por castigo divino.
O único texto na literatura profética que a menciona, fortalece o seu papel
de guia. Miqueias 6.1-8 é um típico exemplo de processo ou acusação contra
Israel, por ter sido infiel ao seu Deus. Nesta repreensão o Senhor diz: ‘Pois te
fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti
Moisés, Arão e Miriã’.
A ação de mandar à frente significa indicar guias e profetas para o povo. Este
é a missão que Miqueias 6.1-8 observa na pessoa de Miriã ao lado de Arão e
Moisés.
O breve texto de Miqueias mostra, por um lado, as três figuras ligadas ao
êxodo e ao deserto. Por outro, mostra Moisés e Arão como servos e Miriã como
serva de Deus, precisamente como profetas. Em terceiro lugar, mostra que para
o Deus de Miqueias, Moisés, Arão e Miriã estão no mesmo nível, sem diferença
alguma, exceto a ordem em que são mencionados.
É preciso observar a ausência de referências familiares no texto. O autor não
diz que Miriã era a irmã deles, mas que a única coisa que une as três figuras é a
vocação profética.
Não podemos diminuir a figura de Miriã na tradição judaica. Ela foi profetisa,
guia, adoradora e mulher. Um instrumento usado por Deus assim como Arão e
Moisés”.
Olhar para Miriã como alguém tão importante diante de Deus no projeto de
salvação do seu povo ajuda a admirá-la sem,contudo,fazer vistas grossas para as
limitações humanas que ela,seus irmãos e tantas outras mulheres e homens da
Bíblia apresentam. Nos ajuda a olhar para a nossa humanidade entendendo que
Deus usa as pessoas, levando em conta suas qualidades e não omitindo os seus
defeitos, mas querendo transformá-los para sua honra e glória.
Por fim:
Peça para que a classe apresente mulheres que, na comunidade da fé, foram
ou são exemplos, guias, profetisas e adoradoras assim como Miriã. Certamente
será possível perceber que muitas “Miriãs” continuam atuando e transforman-
do o cotidiano para a glória de Deus. Se for possível, prepare cartões de homena-
gem para entregar para essas pessoas em nome da classe. Você pode designar
alunos e alunas especificamente para essa tarefa.
“...Se fores comigo; irei; porém se não fores, não irei”. v.8
P
ercebemos na leitura do Antigo Testamento que toda vez que o povo
de Deus se afasta de seus caminhos há consequências, mas quando há
arrependimento e busca, Deus levanta pessoas para dar livramento,
retomar seus propósitos e glorificar seu próprio nome. No caso de Débora e
Baraque, aprendemos que, independentemente de quem seja o instrumen-
to, a glória deve ser dada somente a Deus, por isso, não podemos ter medo
de pedir ajuda ou deixar que outras pessoas se destaquem. Quando nos uni-
mos, a vitória se torna mais significativa e Deus é exaltado.
24 Cruz de Malta