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Dicas para professores e professoras....................................................................................

Estudo 01: Bíblia – luz para os nossos dias......................................................................... 6


Estudo 02: Três em um .......................................................................................................... 13
Estudo 03: O Deus que é Pai................................................................................................. 21
Estudo 04: Jesus Cristo - Filho do homem, Filho de Deus ................................................ 28
Estudo 05: Espírito Santo - vento divino ............................................................................ 35
Estudo 06: Ser humano - imagem de Deus......................................................................... 42
Estudo 07: Cruz – poder de Deus......................................................................................... 50
Estudo 08: Arrependimento que gera perdão, que gera cura......................................... 58
Estudo 09: A oportunidade de recomeçar .......................................................................... 65
Estudo 10: Exercitar o espírito!............................................................................................ 73
Estudo 11: Santidade neste mundo, é possível?............................................................... 81
Estudo 12: Viver o Amor........................................................................................................ 88
Estudo 13: Cremos na Igreja................................................................................................ 95
Estudo 14: A Missão de testemunhar o Reino Eterno .................................................... 102
Estudo 15: Jesus voltará?.................................................................................................... 109
Estudo 16: Deus fala por sonhos e visões?...................................................................... 116
Estudo 17: Vida de Mordomia ............................................................................................ 123
Estudo 18: Cremos no Deus que faz milagres!................................................................ 131
Estudo 19: Plantar e colher................................................................................................. 139
Estudo 20: Toda a Igreja a serviço do Reino..................................................................... 146
Estudo 21: Ministério pastoral: especial e essencial...................................................... 153
Estudo 22: Um dia para agradecer................................................................................... 160
Estudo 23: Advento: tempo de espera e alegria.............................................................. 167

Bibliografia .............................................................................................................................174

EXPEDIENTE
Flâmula Juvenil Danielle Lucy B. Frederico Angular Editora
Revista para Escola Dominical. Edson Cortasio Sardinha Departamento Editorial -
Estudos Bíblicos para Adolescentes. Guilherme Aguiar Magalhães Associação da Igreja Metodista
Professor(a) Av. Piassanguaba, 3031 – Planalto Paulista
Hideide Brito Torres - 04060-004 – São Paulo
Secretaria Executiva Editorial Ivan Carlos Costa Martins Tel. (11) 2813-8643 / (11) 2813-8600
Joana D’Arc Meireles José Ronaldo Campos Moura escoladominical@metodista.org.br
Leandro Miranda de Paula http: //angulareditora.com.br
Colégio Episcopal http://www.metodista.org.br/
Marcio Divino de Oliveira escola-dominical
Hideide Brito Torres – bispa assessora
Mauren Julião
Departamento Nacional de Escola Roseli Oliveira É proibida a reprodução total de textos, fotos e
Dominical Wanderson Campos ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autori-
zação do editor da revista. Quando reproduzidas
Andreia Fernandes Oliveira
parcialmente, devem constar a edição, com ano e a
Revisão página da publicação.
Redação
Kedma Ladeira Mendonça Pinto Todos os direitos nacionais e internacionais
Kennie Ladeira Mendonça Campos reservados à Angular Editora.
2018.2
Colaboração Projeto Gráfico e diagramação
Andreia Fernandes Oliveira NLopez Comunicação
Olá, professor e professora!

Esta nova edição da revista Fâmula Juvenil traz diversos assuntos que
falam sobre a “Nossa fé em Deus”, uma rica oportunidade para refletir-
mos e aprendermos mais sobre o fundamento da fé cristã.
Vários são os assuntos abordados, como: Trindade, Pecado,
Arrependimento, Perdão, Salvação, Novo Nascimento, Missão, Reino de
Deus, Milagre, Prosperidade etc., que mostram o conjunto das nossas
doutrinas. Quem disse que não dá para falar de doutrina com adoles-
centes? “Nossa fé em Deus” é uma ótima ferramenta para aproximar as
doutrinas do grupo de juvenis.
Além de tratar a base da fé cristã, a revista disponibiliza uma se-
ção especial com duas lições temáticas para o fim do ano, sobre o
dia de Ação de Graças e o Advento, dois períodos importantes do
calendário cristão.
Com muito carinho, preparamos para você, professor e professora,
algumas dicas pedagógicas e um conteúdo extra para você aprofundar
seu estudo pessoal, podendo assim, construir a aula com muito mais se-
gurança. Lembre-se de estudar este material e de preparar a dinâmica
da aula, sempre com antecedência.
É de extrema importância você dinamizar/movimentar sua forma de
dar aula, para que os ensinos da nossa fé entrem no coração e na mente
dos nossos queridos e queridas adolescentes. Ah! Fique conectado/a
nas redes sociais, compartilhando suas atividades.
Que Deus abençoe mais este período de ensino e aprendizado sobre
#NossaféemDeus, com aulas incríveis!

Forte abraço,

Kennie L. Mendonça Campos, pastora.

NOSSA FÉ EM DEUS 5
Esta revista é uma ferramenta para sua prática de ensino e visa o
crescimento e formação cristã dos discípulos e discípulas que partici-
pam da Escola Dominical. Neste processo de formação, a sua atuação
como professor/a é fundamental, pois você é um importante instrumen-
to de Deus para levar o conteúdo aqui apresentado para os alunos e
alunas, ajudando-os e estimulando-os a aproveitar também o melhor
deste material.

No intuito de colaborar com a sua prática, partilhamos algumas dicas:

ƒƒ Leia a revista por inteiro, tão logo chegar às mãos.


ƒƒ Procure iniciar o preparo da aula no início da semana que a ante-
cede; isto lhe dará mais tempo de estudo e possibilidades de encon-
trar materiais que sejam úteis.
ƒƒ Preste atenção nas notícias, fatos do cotidiano, situações da igreja,
vídeos, músicas, imagens etc., que podem ser usadas na aula.

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ƒƒ Prepare com antecedência os materiais das dinâmicas. TODAS as
dinâmicas necessitam ser preparadas antes. É preciso ter cuidado ao
reproduzi-las. A intenção é incluir o grupo e fazer da aula um espaço
mais prazeroso. Você pode e deve criar outras dinâmicas. Há muitos
exemplos disponíveis também na internet.
ƒƒ Interaja com os alunos e alunas além das aulas, fortalecer os laços
de amizade é fundamental. Através do controle de frequência, busque
as pessoas ausentes e afastadas. Envolva as frequentes nesta tarefa.
ƒƒ Planeje e transforme a sala de aula em um ambiente mais acon-
chegante; faça isso juntamente com a turma.
ƒƒ Ao programar a aula, alguns materiais são importantes: um dicio-
nário da Língua Portuguesa e, pelo menos, duas versões da Bíblia.
Isso facilita na compreensão do texto bíblico e de palavras que você
desconheça o significado.
ƒƒ Caso esteja com dificuldades com algum conceito ou tema, bus-
que ajuda. Consulte seu pastor/pastora, ou ainda professores/as de
outras classes.
ƒƒ Trabalhe com foco, objetividade e criatividade; aproveite as estra-
tégias sugeridas e conte com a ação e inspiração do Espírito Santo.
Dedique tempo em oração antes de fazer seu planejamento.
ƒƒ Evite ler integralmente a revista durante a aula! (Faça leitura ape-
nas dos destaques).
ƒƒ Use o texto para discussão em grupos, estimule a leitura prévia
das lições pelos alunos e alunas para melhor aproveitamento do
tempo de aula.
ƒƒ Lembre-se: a função da revista é servir. Ao fazer a leitura comple-
tado material, sinta-se livre para alterar a ordem das lições e adaptar
os conteúdos de acordo com a sua realidade.
ƒƒ Interceda por seus alunos e alunas: para que sejam frequentes,
para que o conhecimento transforme o caráter e a visão à luz da
Palavra.
ƒƒ Procure despertar entre os alunos e alunas o desejo de ensinar –
despertamento vocacional; uma estratégia pode ser desafiar alguém
da classe, de tempos em tempos, para dar a aula, com sua assessoria.
ƒƒ Mantenha uma linguagem simples e objetiva, tenha paciência
para tirar as dúvidas, seja amável e busque viver de modo coerente
com o Evangelho. Sua vida ensina tanto quanto suas palavras.

Boas Aulas!

NOSSA FÉ EM DEUS 7
Estudo 1

BÍBLIA
LUZ PARA OS
NOSSOS DIAS
Texto bíblico: Salmo 119. 97-112
O Salmo 119 exalta as Escrituras
como a Palavra de Deus. Muitos
adjetivos são usados para falar
desta Palavra: lei, testemunhos,
Em todo mundo, pessoas de na- mandamentos, decretos, preceitos,
ções e religiões diferentes da nos- ensinamentos, juízos etc. O salmista
sa, possuem seus livros sagrados. também compara a Palavra de Deus
Escrituras que direcionam aquilo com o “doce do mel” e com “lâmpada
que as suas crenças definem como para os pés” e “luz para o caminho”.
certo e errado; o que deve ou não Este salmo é o maior de toda a
fazer; o que é pecado e o que é Bíblia e foi organizado de uma ma-
virtude; suas filosofias e valores. neira muito interessante que não dá
Tais textos são considerados ins- para percebermos na versão em por-
pirados por pessoas importantes tuguês. Na língua original, ele está
na história daquela religião. Para dividido em 22 blocos e cada um
nós, pessoas cristãs protestantes, começa com uma letra do alfabeto
a Bíblia é a nossa regra de fé, nos- hebraico, formando uma espécie de
sa Escritura Sagrada. poesia ou acróstico. Quanta inspira-
Você sabia que a Bíblia é um ção e quanto detalhe para escrever
dos livros mais lidos e vendidos do estes versículos que expressam a
importância da Palavra de Deus!
mundo? Então, por que será que
Nos versículos lidos, o salmis-
o mundo inteiro não é cristão? A
ta diz que ama meditar na lei do
questão é que a Bíblia pode ser
Senhor, porque ela o faz mais sábio
lida de muitas maneiras, por várias que os inimigos e que os mestres,
pessoas diferentes, de qualquer lhe ensina ser mais prudente que as
lugar e crença possível, com objeti- pessoas idosas, o ajuda a desviar
vos diversos. Há quem leia a Bíblia do mal, ilumina os seus passos e lhe
como um livro qualquer. Em nosso gera prazer no coração. Ele também
caso, as Escrituras nos orientam a afirma que, quando está aflito, é a
fé e revelam quem Deus é, o que Palavra de Deus que renova sua
fez e o que faz. esperança na vida.

NOSSA FÉ EM DEUS 9
uma profissão, em conseguir
passar de ano na escola. Somos
ansiosos e ansiosas com namoro,
férias, viagens etc!
Assim, se faz necessário enten-
der este texto: a Palavra de Deus
é lâmpada, é nossa lanterna! Ela
nos guia passo a passo no cami-
nho. Podemos confiar em Deus e
podemos contar com a luz da sua
Você já teve a experiência de Palavra todos os dias e em todas
caminhar em algum lugar muito as nossas decisões e indecisões.
escuro, usando apenas a luz de Se cuidarmos de cada passo,
uma lanterna? Se sim, você sabe não nos preocuparemos com as
que, no escuro, não é possível ansiedades de um futuro que ainda
andar muito rápido. É perigoso e não nos pertence. O fato de se ter a
pode-se machucar. Por maior que luz para cada passo é que nos faz
seja a pressa, é necessário se con- confiar e deixar Deus iluminar as
centrar em dar pequenos passos, nossas vidas para que as coisas
iluminando a próxima parte do aconteçam como devem ser: cada
caminho. Diferente de um grande coisa a seu tempo e lugar.
farol, cuja luz vai longe e alcança
trechos distantes, a lanterna não
nos permite ver além do necessário
para dar um passo de cada vez.
Quando pensamos na Palavra de
Deus como uma lâmpada para os
pés, podemos compará-la com essa
lanterna: não podemos saber sobre
o futuro a frente de nós, mas quando
somos orientados e orientadas pela
Palavra do Senhor, temos luz sufi-
ciente para cada trecho do caminho.
O problema é que somos pes-
soas ansiosas por tudo. Queremos
logo passar por tudo e temos medo
de surpresas (desagradáveis, cla-
ro). Sofremos com a nota da prova
ou do vestibular, antes mesmo de
fazer. Temos pressa em escolher

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Em que momentos dos seus
dias você faz uso da Bíblia?
Quais são as passagens bíbli-
cas que mais lhe chamam a aten-
Quando buscamos luz na ção? Por quê?
Palavra do Senhor, Ele ordena os
fatos e tudo acontece no tempo e
no espaço em que deve acontecer,
por isso somos convidados/as a
ler e meditar nas Escrituras todos
os dias. É ela quem nos rege a fé,
nos orienta e nos direciona a cada
instante. Saiba como usar esta Envie um versículo bíblico para
lanterna e deixe que esta luz irra- alguém, hoje e nos dias seguintes.
die sua vida. Via e-mail, SMS, WhatsApp ou outra
rede social. Esta é uma forma de ilu-
minar e abençoar o dia das pessoas.

Não conseguimos sobreviver


sem luz! Por isso, a Bíblia é neces-
sária diariamente, não podemos
sobreviver sem a iluminação da
Palavra do Senhor. #FlâmulaJuvenil
#NossaféemDeus

NOSSA FÉ EM DEUS 11
Aonde chegar
Destacar a Bíblia como nosso único livro de fé e prática, e incentivar a
sua leitura constante. Exemplificar o símbolo da Palavra de Deus como
luz para o caminho, de maneira em que nos guia no presente e não como
revelação (ou adivinhação) de um futuro mais distante.

Dinâmica do dia
Material: Lanternas e material para escurecer a sala de aula, se
necessário, como cortinas, blackout ou outro material.

Como fazer?
Antes de receber sua turma, organize o espaço escurecendo-o, com
pouca ou nenhuma luz. Ajeite as cadeiras de maneira diferente
para confundir seus alunos e alunas.
Ao entrarem, oriente-os a andarem pela sala no escuro, tendo o
cuidado de não tropeçarem e nem esbarrarem em outros alunos e
alunas. Caso veja necessidade, coloque alguns obstáculos.
Depois desse período, acenda sua lanterna e oriente-os/as para
que consigam chegar aos seus lugares.

Reflexão:
Converse com a turma sobre as sensações que tiveram durante
os dois momentos: ao andar no escuro e ao seguir a lanterna.
Permita que eles e elas falem e contem os acontecimentos.
Direcione a reflexão para que fique evidente que quando há
luz no caminho, fica mais fácil chegarmos onde desejamos. Por
isso, a Bíblia é importante, ela não nos permite andar no escuro
da vida.

12 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Passo a Passo
Receba seus alunos e alunas já aplicando a dinâmica proposta, ao ter-
minar este momento, apresente a nova revista em mãos. Como de cos-
tume, por ser a primeira lição da nova edição da Flâmula Juvenil, gaste
um tempo apresentando a revista para sua classe. Leia a Palavra da
Redação que está na revista do aluno/a, incentivando a turma a acom-
panhar estes novos estudos durante o semestre.
Nesta apresentação, mostre que estudaremos sobre as bases da nos-
sa fé e doutrina cristã. Como fundamento, não podíamos iniciar de outra
maneira, senão pela nossa compreensão da Bíblia: nossa exclusiva
regra de fé e prática.
A Bíblia é o livro mais lido e vendido no mundo. Tem de todos os tama-
nhos, cores, temas e com vários acessórios e tipos de comentários, sem
alterar seu conteúdo principal. Para muitas pessoas é apenas mais um
livro, para outras é um livro difícil de ser entendido. Para nós, no entanto,
é a nossa regra de fé e prática de vida cristã. É por meio da Bíblia que
conhecemos os feitos do nosso Deus no passado. A Bíblia é a maneira
pela qual Deus revela sua vontade a cada um/a de nós.
O Salmo 119 é o maior capítulo de toda a Bíblia e tem características
muito interessantes: ele foi escrito como um acróstico. Foi dividido em 22
blocos e cada um começa com uma letra diferente do alfabeto hebraico.
Mesmo que não seja possível identificar as letras hebraicas na versão
em português, repare e mostre à turma que há blocos dentro do salmo
119, os quais são identificados por um espaçamento maior entre os ver-
sículos e pelo início com a primeira letra do verso em negrito.
Estes são versos separados em blocos com as respectivas letras he-
braicas: Alef (1-8); Bet (9-16); Guimel (17-24); Dalet (25-32); Hê (33-40);
Waw (41-48); Záin (49-56); Het (57-64); Tet (65-72); Yod (73-80); Kaf (81-
88); Lamed (89-96); Mem (97-104); Nun (105-112); Samec (113-120); Áin
(121-128); Pê (129-136); Tsadê (137-144); Qof (145-152); Resh (153-160);
Shin (161-168); Taw (169-176).
Professor e professora, é válido explicar o que é um acróstico para sua
classe, pois pode haver alunos e alunas que desconheçam essa expres-
são. Um acróstico é uma poesia em que as primeiras letras (às vezes,
as do meio ou do fim) de cada verso formam, em sentido vertical, um ou
mais nomes ou um conceito etc. O Salmo 119 forma o alfabeto hebraico.
O autor deste salmo, de maneira peculiar e poética, exalta a Palavra de
Deus. Ele atribui vários nomes como uma forma de elogiar as Sagradas

NOSSA FÉ EM DEUS 13
Escrituras. Em todo o tempo, existe a preocupação de defender esta
Santa Palavra, de mostrar sua importância e utilidade para o dia a dia.
Aqui o livro de fé não é para ser lidado com um apreço distante, sem ser
tocado etc. Pelo contrário, os mandamentos, os preceitos, as promessas,
os ensinamentos, a lei que compõem a Palavra de Deus são vistos como
um instrumento de uso diário: a lâmpada.
É interessante entender que a lâmpada daquele tempo não parecia
em nada com as de hoje. Não havia energia elétrica e as lâmpadas eram
mais semelhantes às velas, porém em botijas alimentadas com azeite. A
iluminação dessas lâmpadas podem ser comparadas à iluminação de
uma lanterna de celular, por exemplo, ilumina o ambiente mais próximo.
A Bíblia é como essa lâmpada. Por isso é importante ter acesso à
Bíblia e lê-la sempre. Ter essa orientação para cada momento, essa
fonte de fé, essa regra que direciona a nossa prática, não apenas como
cristãos e cristãs, mas como pessoas, porque os ensinamentos de Deus
são para toda a vida.
Caminhe para o fim da aula, incentivando seu alunos e alunas a
serem iluminados/as pela Palavra de Deus todo os dias. Converse com
a turma sobre a seção Fala aí! e Na prática. Conduza um tempo de
oração, incentivando a leitura bíblica. Sugerimos uma canção no Baú de
ideias que pode fazer parte do momento inicial ou final da aula, como
oração e dedicação.

Baú de ideias
Música: Tua Palavra | CD Sem limites | Aline Barros.
Disponível no link: https://goo.gl/nbmU3h. Acesso em
29/03/2018.

Anotações

14 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 2

TRÊS EM UM
Texto bíblico: 2 Coríntios 13.13

NOSSA FÉ EM DEUS 15
nhão do Espírito Santo sejam com
todos vós”. Ele sempre menciona a
graça de Deus como a força que
irá acompanhar a igreja para a
qual a carta foi encaminhada. Em
outras cartas, Paulo termina citan-
do as pessoas do Pai e do Filho,
porém para Corinto, ele acrescen-
ta a pessoa do Espírito Santo. Para
cada pessoa da Trindade Paulo
relaciona uma palavra:
Filho e Graça: Ele inicia sua
É comum, nas igrejas cristãs, bênção apostólica pelo Filho e
terminar o culto com a bênção não pelo Pai, porque é o Filho que
apostólica, invocando a bênção leva até o Pai (João 14.6). A graça
da Trindade. Com certeza, você relacionada ao Filho fala da ponte
já reparou. Seguimos o modelo espiritual que nos liga ao Pai. É so-
de Paulo em 2 Coríntios 13.13. mente pela graça que alcançamos
Geralmente, nossas celebrações a presença de Deus, ela é um dom
começam e terminam tendo como imerecido revelado pelo Filho, o
centro o Deus que é Pai, Filho e qual é a perfeita manifestação do
Espírito Santo, Ele é três em um, é amor do Pai.
todos ao mesmo tempo. Mas como Pai e Amor: Foi o amor de Deus
isso acontece? Vamos conhecer Pai que enviou Jesus. Em Romanos
um pouco mais este mistério da 5.7-8, Paulo diz: “Dificilmente, al-
nossa fé. guém morreria por um justo; pois
poderá ser que pelo bom alguém
se anime a morrer. Mas Deus prova
o seu próprio amor para conosco
pelo fato de ter Cristo morrido por
nós, sendo nós ainda pecadores”.
Por amor o Pai enviou nossa única
fonte de redenção: seu Filho Jesus
(João 3.16).
Espírito e Comunhão: É o
O apóstolo Paulo termina sua Espírito Santo quem nos mantém
segunda carta aos Coríntios di- na comunhão da Trindade e na
zendo: “A graça do Senhor Jesus comunhão da Igreja. Paulo exorta
Cristo, e o amor de Deus, e a comu- aos Filipenses dizendo: “Se há,
pois, algum conforto em Cristo, dade. Deus é onipresente (está em
alguma consolação de amor, al- todo lugar), onisciente (sabe todas
guma comunhão do Espírito, se as coisas) e onipotente (pode todas
há entranhados afetos e misericór- as coisas). Você consegue observar
dias, completai a minha alegria, a presença da Trindade no Batismo
de modo que penseis a mesma coi- de Jesus, em Mateus 3.16-17?
sa, tenhais o mesmo amor, sejais
unidos de alma, tendo o mesmo 2. Qual a função do Pai?
sentimento” (Filipenses 2.1-2). O Deus Pai é o criador e susten-
A segunda carta aos Coríntios tador do Universo. É a função de
foi uma obra difícil de ser escrita. É Deus no que diz respeito a criar,
considerada como a alma de Paulo. gerar, manter o universo e a huma-
Ali, ele rasga seu coração, desa- nidade. O plano de redenção que
bafa, defendendo seu ministério e é atribuído ao Pai, foi o de enviar o
exorta a igreja. Contudo, o após- seu Filho para salvar o mundo.
tolo termina abençoando a Igreja
na Trindade; pois, somente com a 3. Qual a função do Filho?
graça, o amor e a comunhão, ela O Filho é o redentor das nossas
conseguiria cumprir sua missão. E almas. Deus se revelou em Jesus
para isso, somos abençoados/as Cristo, salvando as pessoas por
pelo Batismo no Pai, no Filho e no meio de sua vida e de sua morte na
Espírito Santo (Mateus 28.19). cruz do calvário (Filipenses 2.6-8).
A base do que cremos, isto é, O Filho é o verbo (a palavra viva) do
nossa base doutrinária, tem início Pai (João 1.1-3). Cristo ressuscitou
na Santíssima Trindade: cremos em dentre os mortos, tomando outra
um único Deus em três pessoas: Pai, vez o seu corpo com o qual subiu ao
Filho e Espírito Santo. Para aplicar céu e lá está até que volte a julgar a
esta doutrina à nossa vida cristã, humanidade no último dia.
precisamos fazer três perguntas:
4. Qual a função do Espírito
1. Quem é Deus? Santo?
Deus é o Todo Poderoso, criador A função Espírito é convencer a
de todas as coisas (Hebreus 11.3). pessoa do seu pecado e convertê-la
Ele é Espírito (João 4.24) e subsiste mediante o arrependimento (João
em três “pessoas”. É um único ser 16.8). O Espírito Santo também está
com três diferenciações estruturais relacionado à missão da Igreja; é
dentro de si. São elas: Pai, Filho quem fortalece e envia a cumprir o
e Espírito Santo. Três pessoas da propósito de Deus na Terra. Ele pre-
mesma substância, poder e eterni- para a Igreja para ser testemunha

NOSSA FÉ EM DEUS 17
e para o reencontro com Cristo. É
o Espírito que nos enche de anseio
para fazermos novos discípulos e
discípulas para Deus, nos capacita
com dons espirituais, nos transfor-
ma, nos reveste para o serviço e
para a glória de Deus (Atos 1.8). Como você se relaciona com a
Santíssima Trindade?
Como o Pai, o Filho e o Espírito
Santo nos auxiliam na Missão?

Você consegue perceber a pre-


sença das três pessoas da Trindade
A Santíssima Trindade ocupa nas páginas da Bíblia? Pesquise,
lugar central em nossa fé como juntamente com seus amigos e ami-
Igreja cristã. Foi Jesus quem nos gas, ações e momentos em que as
três pessoas se manifestam nos re-
revelou este mistério. Ele falou
latos bíblicos. Façam esta atividade
do Pai, do Espírito Santo e dele
hoje ou no decorrer da semana.
mesmo como Deus. Logo, não é
algo inventado pela Igreja, mas
uma verdade revelada por Jesus.
É complicado compreendermos
totalmente, porque o mistério de
Deus não cabe em nossa cabeça.
Deus é ilimitado e eterno, nossa
mente limitada de criatura jamais
explicará detalhes. O que sabemos Nosso conhecimento é limitado,
contudo, um dia saberemos um
é o que Ele nos apresenta. Mesmo
pouco mais. “Porque agora vemos
que não explicável racionalmente, por espelho em enigma, mas então
podemos experimentar e nos rela- veremos face a face; agora conhe-
cionar com Deus. Por isso, nas pró- ço em parte, mas então conhecerei
ximas lições, estudaremos cada como também sou conhecido.” (1
face de Deus, cada pessoa desse Coríntios 13.12). #FlâmulaJuvenil
mistério que é a Trindade. #NossaféemDeus

18 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Expor a doutrina da Santíssima Trindade que é um dogma da Igreja, mos-
trando as faces e funções do Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Expressar
que mesmo sendo difícil explicar o mistério da Trindade, as três pessoas
podem ser sentidas e experimentadas por meio de um relacionamento.

Dinâmica do dia
Faça no final da aula

Material: Folha de papal e caneta, caso haja necessidade, e o re-


lato de um sonho de Agostinho de Hipona (354-430 d.C.).

Conta-se que Agostinho tentou exaustivamente compreender o


Mistério da Santíssima Trindade. Certa vez, sonhou que passeava
pela praia, completamente compenetrado, pediu a Deus luz para
que pudesse desvendar o enigma. Até que se deparou com uma
criança brincando na areia. Ela fazia um trajeto curto, mas repe-
titivo: corria com um copo na mão até um pequeno buraco feito
na areia, e ali despejava a água do mar; sucessivamente voltava,
enchia o copo e o despejava novamente. Curioso, Agostinho per-
guntou à criança o que ela pretendia fazer. A criança lhe disse que
queria colocar toda a água do mar dentro daquele buraquinho. Ele,
então, explicou ser impossível fazer o que queria. Aí a criança lhe
disse: “É muito mais fácil o oceano todo ser transferido para este
buraco, do que compreender o mistério da Santíssima Trindade”. E
a criança, que era um anjo, desapareceu de seu sonho.

Como fazer?
Separe a classe em dois ou três grupos, dependendo do núme-
ro de alunos e alunas. Faça a seguinte pergunta: Como falar da
Trindade para uma criança? Cada grupo deverá criar um método

NOSSA FÉ EM DEUS 19
para ensinar uma criança sobre este mistério. Após 5 minutos, re-
colha as respostas. Cada grupo tentará explicar a fé na Trindade
de sua maneira.
Depois da partilha e da conclusão da dificuldade de explicar a
Trindade, compartilhe com a turma o relato do sonho de Agostinho
de Hipona e promova um momento de reflexão.

Reflexão:
Provavelmente, os grupos terão dificuldade em explicar esta revela-
ção. Por mais que se tente, tudo ainda é muito raso. A compreensão
sobre a Trindade está na dimensão da fé. É por isso que somente
com fé e simplicidade conseguimos aceitar as revelações divinas.
Contado o relado do sonho de Agostinho, afirme que ele concluiu
que a mente humana é extremante limitada para poder assimilar a
dimensão de Deus e, por mais que se esforce, jamais poderá enten-
der esta grandeza por suas próprias forças ou por seu raciocínio.
Só o compreenderemos plenamente, na eternidade, quando nos
encontrarmos no céu com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Passo a passo
Após receber a turma, orar e ler o texto bíblico, comece a aula com a in-
trodução na revista do/a aluno/a, falando sobre a bênção apostólica que
é trinitária. A Trindade é o assunto deste estudo e, naturalmente, todos os
alunos e alunas já tenham percebido que na igreja citamos três “faces” ou
“pessoas” do mesmo Deus. Nas próximas lições, trataremos cada pessoa
da Trindade, mas nesta pretendemos mostrar a doutrina em si.
Nossa base doutrinária tem início na Santíssima Trindade: cremos em
um único Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. O primeiro
Artigo de Religião, compilado da Igreja Anglicana por John Wesley, fala
Da Fé na Santíssima Trindade. Esta é a fé Anglicana e a fé das igrejas
de raízes wesleyanas. O artigo diz: “Há um só Deus vivo e verdadeiro,
eterno, sem corpo nem partes; de poder, sabedoria e bondade infinitos;
criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Na unidade
desta Divindade, há três pessoas da mesma substância, poder e eterni-
dade – Pai, Filho e Espírito Santo”.
O segundo Artigo fala Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verda-
deiro Homem, o qual diz: “O Filho, que é o verbo do Pai, verdadeiro e

20 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


eterno Deus, da mesma substância do Pai, tomou a natureza humana no
ventre da bendita Virgem, de maneira que duas naturezas inteiras e per-
feitas, a saber, a divindade e a humanidade, se uniram em uma só pessoa
para que jamais se separem, a qual pessoa é Cristo, verdadeiro Deus e ver-
dadeiro Homem, que realmente sofreu, foi crucificado, morto e sepultado,
para nos reconciliar com seu Pai e para ser um sacrifício não somente pelo
pecado original, mas, também, pelos pecados atuais das pessoas”. Este
artigo fala da encarnação de Jesus, sua natureza, sua morte e sacrifício
para nos reconciliar com o Pai e apagar nossos pecados.
O terceiro Artigo fala Da Ressurreição de Cristo. O Artigo diz: “Cristo,
na verdade, ressuscitou dentre os mortos, tomando outra vez o seu corpo
com todas as coisas necessárias a uma perfeita natureza humana, com
as quais subiu ao Céu e lá está até que volte a julgar a humanidade, no
último dia”. O foco é a ressurreição de Cristo e sua ascensão. Ele está
aguardando para voltar e exercer o Juízo final.
O quarto Artigo fala do Espírito Santo, o qual diz: “O Espírito Santo,
que procede do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória
com o Pai e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus”. Este bloco termina fa-
lando do Espírito Santo como Pessoa que procede do Pai e do Filho, sendo
da mesma substância, majestade e glória. É verdadeiro e eterno Deus.
Somos Igreja em unidade com o cristianismo universal e histórico, por
isso cremos na Santíssima Trindade.

O que é importante sabermos sobre os 25 Artigos de Religião?


Em 1552 d.C., o Congresso da Inglaterra decretou 42 Artigos de Religião,
sob a orientação de Arcebispo Protestante da Igreja Anglicana, Tomás
Cranmer (1489-1556). Cranmer quis excluir as crenças da Igreja Católica
Romana e medievais que não tinham bases bíblicas e ao mesmo tempo,
preservar a igreja inglesa na crença da igreja universal (o que quer dizer
catótica). Portanto, os 42 Artigos não são um Credo da igreja inglesa,
mas uma conservação na fé bíblica do catolicismo (igreja universal) e
uma exclusão das consideradas heresias católicas romanas. Em 1570 os
Artigos passaram ao número de 39.
John Wesley, como pastor anglicano, preparando e organizando o movi-
mento metodista para crescer e ser consolidado (uma “irmandade” dentro
da Igreja Anglicana), copiou na íntegra 25 dos 39 Artigos de Religião utiliza-
dos pela Igreja Anglicana e publicou como os 25 Artigos de Religião e Fé do
movimento de santidade em que deu origem. Wesley não escreveu nenhum
artigo novo, ele simplesmente copiou integralmente, palavra por palavra,

NOSSA FÉ EM DEUS 21
e divulgou como artigo de fé. Mais tarde a nova Igreja Americana para-
fraseou o Artigo 23.
Antes do fim da aula, faça a Dinâmica do dia e incentive seus alunos
e alunas a se reunirem para fazerem a atividade sugerida na seção Na
prática. Esta é uma boa oportunidade para eles e elas se reunirem além
do momento da aula para estreitarem os laços. Melhor ainda será se
você, professora e professor, se encontrar com seus alunos e alunas para
incentivá-los/as nesta pesquisa.

Baú de ideias
25 Artigos de Religião e Fé: Consulte os 25 artigos com-
pletos neste endereço: https://goo.gl/iehS6u,

Ou baixe em PDF neste link: https://goo.gl/CoSCPm.


Acessados em 11/04/2018.

Anotações

22 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 3

O DEUS
QUE É PAI
Texto bíblico: Salmo 103.13

NOSSA FÉ EM DEUS 23
O texto que nos proporciona
essa leitura é o Salmo 103. Este
salmo, aparentemente escrito por
Quem é Deus? Esta pergunta Davi, traz uma mensagem de hu-
é interessante. A pessoa que se mildade e gratidão a Deus por toda
propõe a respondê-la expressa, a sua bondade, mas principalmen-
em suas palavras, mais do que in- te pelo amor e pela misericórdia
formações repetidas, mas também com que Ele trata, não apenas um
mostra qual a sua visão particular (vv.1-5), mas também todas as pes-
a respeito do Senhor. Em algum soas que o temem (vv.6-18). Para
momento da sua trajetória, você nós, o mais importante a ser des-
já precisou dar esta resposta? Se tacado está no v. 13, que é quando
não, compartilhe quem é Deus o Eterno é apresentado como Pai.
para você? Deus é tratado dessa manei-
Nesta lição, vamos pensar e en- ra pelos hebreus, porque eles
xergar o Eterno como uma figura reconhecem que foi o Senhor
paterna que se relaciona conosco que os criou para ser nação
e com toda criação, se mantendo (Deuteronômio 32.18; Isaías 64.8);
amigo, fiel e, acima de tudo, amo- porque foi Ele que salvou Israel
roso e protetor. Ter essa percepção da escravidão e lhe deu liberdade
sobre Deus é muito importante, para viver e terra para plantar e
pois o povo cristão tem o desafio comer; e porque Deus continua
de ser semelhante ao Senhor, ou preocupado com a necessidade
seja, a maneira como enxergamos dos filhos e das filhas (Salmo 68.5;
o Criador de todas as coisas in- Provérbios 22.22-23). Enfim, o Deus
fluencia o nosso comportamento. que a Bíblia e este salmo apresen-
tam é um ser relacional que não
vive no isolamento, mas que trans-
borda para uma convivência de
amor e cuidado com sua criação.

24 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Esse tipo de descrição se cho- que é marcado só pelo poder e
ca com ideia de que Deus está que será encontrado nas relações
apenas no céu, sentado no trono, de poder. O que fará com que seu
distante do que Ele criou e fechado povo busque imitá-lo tendo apenas
em si mesmo, expondo sua pala- esse mesmo tipo de convívio. Já a
vra apenas para dar ordens. visão de Deus como Pai mostra o
oposto, um Senhor que se conec-
ta com o que suas mãos criaram
e que, mesmo tendo toda a força,
está presente na dinâmica de sua
criação. Essa segunda perspectiva
faz com que as filhas e filhos des-
se Senhor não busquem dominar,
mas sim participar em comunhão
da criação, afinal Ele só pode ser
compreendido nas relações de res-
peito e igualdade da vida.
Enxergar a Deus como Pai
amoroso e cuidador causa gran-
des impactos em nós e em nossos
relacionamentos, assim como vê-
-lo apenas sendo um mandante,
general, poderoso etc. também. A
grande diferença é que, seguindo
o Senhor cheio de graça e amor,
nossas posturas mudam e pas-
samos a buscar relacionamentos
verdadeiros, de igualdade e Dentro da trajetória bíblica, é evi-
respeito, em que acontecem expe- dente o quão poderoso Deus é, mas
riências reais de aproximação en- em nenhum momento o Senhor colo-
tre pessoas, grupos, comunidades cou esse poder à frente do seu amor
e natureza. Já, quando seguimos e desejo de cuidar do seu povo. Só
o senhor que apenas domina, as que nós, enquanto seres humanos,
relações e as escolhas no convívio em muitos momentos, por acredi-
social caminham sempre para a tarmos em um Deus absolutista,
dominação e a opressão. colocamos o poder e a dominação
Essa perspectiva dominadora na frente do amor e do cuidado.
é o que chamamos de absolutista. Entender o Senhor como um Pai
Ela apresenta Deus como aquele que cuida de nós, traz impactos

NOSSA FÉ EM DEUS 25
muito maiores do que nós podemos um exercício. Se auto avalie duran-
imaginar, mas precisamos reconhe- te essa semana e veja como são
cer o quão desafiador é enxergar seus relacionamentos com as pes-
Deus dessa maneira, especialmente soas. Se tiver sempre a marca do
por tantas pessoas, vídeos, mensa- respeito e do cuidado, sua relação
gens e coisas do tipo, ficarem nos com o Senhor é de paternidade.
lembrando como Deus esmagará No entanto, no seu convívio com as
nossos inimigos etc. Está em nossas pessoas, você sempre percebe a
mãos o desafio de mudar essa pers- marca da dominação, da opressão
pectiva, tanto em nós, como na vida e coisas do tipo, talvez você esteja
das pessoas do nosso convívio. seguindo uma imagem domina-
dora de Deus e isso só poderá ser
alterado com uma busca constan-
te em oração, leitura da palavra e
jejum, para você experimentar o
amor e o cuidado do Senhor.

O que é mais fácil, enxergar


Deus como Pai ou como um Rei?
Você acha que o Senhor deseja
estar perto do seu povo cuidando
ou dominando?
O relacionamento que você tem
com o Senhor pode aprofundar a “O Deus que é paterno, cuida-
partir da visão que apresentamos? doso e amoroso, com sua graça
nos ensina a viver a buscar relacio-
namentos concretos de igualdade
e respeito, e viver experiências
reais de aproximação entre pes-
soas, grupos, comunidades e na-
tureza.” (Pastor Claudio Ribeiro
Mudar uma perspectiva não é – adaptado). #FlâmulaJuvenil
fácil. Por isso, precisaremos fazer #NossaféemDeus

26 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Mostrar que é possível enxergar Deus como criador da humanidade que
não se isola em si. Antes, se revela como um ser que se relaciona com sua
criação e que, mesmo sendo soberano, se mantém amigo, fiel e, acima de
tudo, um Pai, que ama e protege seus filhos, filhas e sua obra criada.

Dinâmica do dia
Material: Objetos diversos que podem ser associados aos pais: ca-
misas, canetas, bonés, chinelos, óculos, ferramentas, entre outros.

Como fazer?
Organize a turma em um grande círculo, ao centro, espalhe todos
os objetos da dinâmica. Peça aos alunos e alunas que observem e
identifiquem o objeto que mais se parece com seu pai ou respon-
sável. Quem escolher o mesmo objeto pode se reunir em grupo.
Após a escolha, promova um momento de partilha. Deixe que cada
pessoa explique a sua escolha e que conte um pouco sobre sua
relação com sua referência paterna e sobre sua relação com Deus,
como Pai que nos acolhe e nos ama.

Reflexão:
Neste momento de partilha, leve a turma a refletir sobre a imagem
de Deus como Pai. Tenha cuidado ao lidar com este assunto, pois
pode haver alunos e alunas que não tenham pai ou tenham algu-
ma dificuldade no relacionamento com o mesmo. Este é um bom
momento para conhecer um pouco mais a turma e também para
ajudá-los a superar as possíveis dificuldades. Respeite quem não
estiver à vontade para participar.

NOSSA FÉ EM DEUS 27
Passo a Passo
Inicie a aula com uma oração e com a Dinâmica do dia. Introduza o
assunto sobre relação paternal, sempre dando atenção às possíveis di-
ficuldades de relacionamentos que possam existir no meio familiar de
seus alunos e alunas. Dê continuidade ao estudo com a leitura do texto
bíblico e da revista do/a aluno/a.
A Igreja, no decorrer de sua história, sempre buscou mostrar o Deus
que ela segue. Por meio de palavras específicas, e a maioria delas tira-
das da Bíblia, o dia a dia do povo cristão passou a ser preenchido de
“definições” acerca do Eterno. Diz-se com muita felicidade que Deus é o
médico dos médicos, que é o criador de todas as coisas, que é o Senhor
dos exércitos e por aí vai. Só que de todas as expressões utilizadas, a
mais poderosa é Pai.
Apesar de ser uma palavra pequena, utilizá-la para fazer referência
ao Senhor é uma atitude que confronta o comportamento e a prática
de mostrar que o Senhor é um ser absolutista que, como um rei, possui
o poder absoluto, sobre tudo e sobre todos sem depender de nada ou
ninguém para isso.
No livro Teologia em curso, Claudio Ribeiro alerta para o fato de que
o deus absolutista e o Deus bíblico não são os mesmos. Existe uma sig-
nificativa diferença entre eles. Segundo o pastor, a noção absolutista
transmite a ideia de que deus tem domínio absoluto sobre a sua criação.
O ser humano ao segui-lo, busca esse mesmo poder e, como resultado
disso, faz com que suas relações e as escolhas feitas no convívio social
sejam sempre marcadas pela dominação. A visão absolutista mostra um
Senhor distante de toda a sua criação, fechado em si mesmo e que usa
sua palavra meramente para dar ordens.
O Deus bíblico é diferente, é um ser relacional que não cabe em si e
transborda para um relacionamento de amor com sua criação. Por isso,
Jesus e a fé cristã apresentam Deus como um Pai, pois Ele é uma relação
de amor com Filho, com o Espírito e com toda a criação. Essa visão,
também influencia as mulheres e os homens, só que aqui, há a busca
por relacionamentos concretos de igualdade e respeito, acontecem ex-
periências reais de aproximação entre pessoas, grupos, comunidades e
natureza.
Definir Deus apenas como poderoso, que guerreia, que mata os ini-
migos e coisas desse tipo, só mostra às sociedades que o Deus que deu
Seu filho em favor de toda a humanidade, não passa de um absolutista

28 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


que é carregado de poder e que só será encontrado nas relações de
poder. Isso fará com que seu povo transpareça esse comportamento em
todos os ambientes que estiver.
Já a definição de Deus como Pai, relacional, apresenta o oposto, um
Senhor que está em diálogo e relacionamento com o que Ele criou, que
mesmo sendo poderoso, é um Pai amoroso e presente na existência de
sua criação. Esse Deus faz com que suas filhas e filhos não busquem
dominar, mas sim participar em comunhão da criação, pois Ele só pode
ser compreendido nas relações de comunhão da vida.
O salmo que inspira essa lição, apresenta um Deus assim. Que mes-
mo detentor do poder, tem uma conexão especial com o salmista que,
sabendo disso, não exita em mostrar como o Senhor se compadece de
seus filhos e filhas.
Caminhe para o fim da aula, incentivando seus alunos e alunas a
buscarem se envolver, ter uma vida de relacionamento com este Deus,
que é relacional, um Pai amoroso. Converse com a turma sobre a seção
Fala aí! e Na prática. Conduza um tempo de oração, incentivando a
leitura bíblica.

Baú de ideias
Texto do pastor Claudio Ribeiro: O Deus que não cabe
em si. Retirado da revista Caminhando. Link de acesso:
https://goo.gl/cuJa3x. Acessado em 30/05/2018.

Anotações

NOSSA FÉ EM DEUS 29
Estudo 4

JESUS CRISTO –
FILHO DO HOMEM,
FILHO DE DEUS
Texto bíblico: Colossenses 1.13-22
versos 15-20, Paulo cita um hino
cristão primitivo que celebrava o
papel de Cristo na primeira e na
nova criação (2Coríntios 5.17). Se
pararmos para analisar, muitas
canções que conhecemos e que
cantamos nos cultos são inspira-
das neste hino.
Não dá para saber ao certo
quem escreveu esta poesia, se era
Muitos são os estilos de can- um hino já conhecido ou se foi o
ções cristãs que existem por aí. Há próprio apóstolo, mas não dá para
em todos os ritmos e para todos ignorar o fato de Paulo entender
os gostos musicais: rock, pop, for- a importância da poesia em meio
ró, sertanejo, clássico, eletrônico, aos seus discursos, pois existem
pagode, funk, entre outros. Há outros hinos espalhados em meio
canções evangélicas com os mais às suas cartas. A canção tem a ca-
variados temas também. pacidade de envolvimento maior
Algumas dessas canções de do que simples discursos.
louvor exaltam e revelam quem O hino de Colossenses 1.15-20
Jesus é. Você consegue se lembrar traz muitas referências do Antigo
de músicas que falam especifi- Testamento, é possível perceber re-
camente do Filho de Deus? Faça cordações de livros como Gênesis,
uma lista com seus amigos e ami- Provérbios, Jó, Salmos e outros. Ele
gas de turma. expressa Jesus Cristo como: a ima-
gem do Deus invisível, a sabedoria
de Deus, cabeça e princípio, mora-
da da Plenitude, o mais humano à
frente do gênero humano e de todo
universo criado. Algumas pessoas
só enxergam a plenitude da divin-
dade de Cristo. Na verdade, Paulo
sinalizava a humanidade de Jesus,
O texto bíblico desta lição se mostrando que a encarnação é co-
trata de um hino ou poesia sobre roada, ou seja, chega ao seu ápice,
Jesus Cristo, o Filho de Deus. Nos na morte e ressurreição.

NOSSA FÉ EM DEUS 31
porém nunca podemos negar que
Ele veio em carne e viveu entre nós
(João 1.14). Sua humanidade não
pode ser ignorada.

Para conhecermos um pouco


mais sobre Jesus Cristo, Filho de
Deus, precisamos compreendê-lo
como alguém que possui duas
naturezas: a divina e a humana. E Jesus em nada se compara à
que é a partir de sua humanidade mitologia grega na qual existe
que podemos crer pela fé em sua “semi-deuses”. Ele não tem nada a
natureza divina. ver com Hércules. Ele não é “meio-
A partir do nascimento encarna- -homem-meio-deus”, porque Jesus
do de Jesus, podemos compreender Cristo é totalmente Deus e viveu
que Ele experimentou dessa hu- totalmente como ser humano aqui
manidade. Viveu uma vida normal na Terra. Como Ele concilia todas
como nós, não se isolou do seu meio as coisas em si (Colossenses 1.20),
social, foi uma criança normal, que as duas naturezas também são
foi circuncidada ao oitavo dia, con- conciliadas.
forme a tradição judaica, aprendeu
as leis e a Torá, demonstrou senti-
mentos como nós sentimos: satisfa-
ção, tristeza, indignação, angústia...
Teve necessidades como nós: fome,
sede, vontade de ficar só, de orar...
Cresceu aprendendo os costumes, a
religião e a profissão de carpinteiro
com o pai José.
Em geral, temos a facilidade de
divinizar pessoas e coisas. É certo
que Jesus é 100% Deus. É totalmen-
te correto afirmarmos sua divinda-
de enquanto viveu aqui na Terra,

32 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


O mais importante de tudo é Como podemos pensar nossa hu-
compreendermos que os aspectos manidade a partir da vida de Jesus?
da humanidade e da divindade de
Jesus nos ajudam a viver melhor a
nossa própria humanidade. O ca-
minho percorrido por Jesus Cristo
é o exemplo a ser seguido por
quem confessa uma fé viva em seu
nome. Ele nos ensinou que mesmo Assistam a filme(s) sobre a vida
em meio a tentações, dores e sofri- de Jesus e façam uma roda de con-
mentos, o caminho do amor e do versa sobre as imagens de Cristo
serviço sempre será a melhor esco- que encontramos no cinema ou
lha, para nos aproximar de nossa nas mídias, em geral. Pensem so-
humanidade e para nos levar até bre isso a partir do que foi apren-
o Divino. dido neste estudo.

Olhando para os relatos bíbli-


cos, você acredita que Jesus pas- Jesus foi tão humano, que só
sou mais tempo vivendo e agindo podia ser divino. #FlâmulaJuvenil
como Deus ou como humano? #NossaféemDeus

NOSSA FÉ EM DEUS 33
Aonde chegar
Destacar a pessoa de Cristo na história da humanidade e em seu rela-
cionamento com seu povo. Ressaltar a humanidade e a divindade de
Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Dinâmica do dia
Faça no final da aula

Material: Projetor e computador, tablet ou smartphone.

Como fazer?
Projete um trecho do filme “Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, o
qual mostra um momento de relacionamento entre Jesus e Maria,
sua mãe. Se preferir, vocês podem assistir ao filme completo ou
outras referências cinematográficas também. No Baú de ideias
estão disponíveis links para acesso.

Reflexão:
A cena destacada não está literalmente relatada nos Evangelhos,
mas demostra algo que raramente pensamos quando olhamos
para Cristo. O relacionamento entre filho e mãe, como um jovem
tendo uma vida normal em casa. Nada temos escrito a respeito
de Jesus em sua adolescência e juventude. Por isso, leve a turma
a refletir. Se não há relatos, provavelmente Jesus tinha uma rotina
normal como qualquer família judia da época.

Passo a Passo
Este estudo trata a segunda pessoa da Trindade: o Filho. Para isso,
trabalharemos as duas naturezas conciliadas em Jesus Cristo: a hu-

34 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


mana e a divina. Recepcione sua turma, conduza uma oração e, ao
apresentar o tema de hoje, use a introdução como quebra-gelo.
O Para início de conversa fala sobre diferentes ritmos e estilos mu-
sicais no meio evangélico. Mostre alguns para seus alunos e alunas ou
peça que eles mesmos compartilhem as diferentes músicas que existem
hoje. Professor e professora, caso a maioria de sua turma tenha o hábito
de ouvir canções, peça que cada aluno e aluna mostre, em sua playlist,
seu hino ou louvor favorito. Em seguida, preparem uma lista como solici-
tado na revista do/a aluno/a: canções que revelam quem Jesus é.
O motivo desta introdução é porque o texto bíblico da lição trata-se de
um hino sobre Jesus. Paulo expressa para os colossenses, por meio desta
linda poesia, o Filho amado, no qual temos a redenção (v.13). Segundo
o Manual da Bíblia:

Cl 1.15-23: A excelência de Cristo Jesus


A reflexão sobre a operação de resgate planejada por Deus (13-14)
leva Paulo a se tornar poético em sua tentativa de descrever com
palavras a natureza e a obra de Cristo (como em Fp 2.5-11, ele pode
ter se baseado num hino existente). Jesus é a expressão viva do próprio
Deus. Ele esteve ativo na criação, e sustenta tudo o que existe. Cristo
é o primeiro na existência, no poder e na posição. Ele tem o primeiro
lugar na nova criação de Deus. Ele é a cabeça da Igreja e a fonte de
vida da mesma. Através da morte de seu Filho, Deus nos tornou seus
amigos[as]. Este é o evangelho de Paulo: uma boa notícia de verdade!

Nos relatos do Novo Testamento, encontramos testemunhos de fé


que nos ajudam a compreender como Jesus viveu e se relacionou com
a sociedade de seu tempo, como pôde ser reconhecido como o Cristo
– Filho de Deus. Esse reconhecimento foi possível por meio de suas
obras, suas atitudes em sempre fazer o bem, as quais revelavam a
vontade de Deus, o Pai.
A forma em que Jesus foi concebido e nasceu nos mostra que Ele
experimentou e vivenciou a plena humanidade. Os Evangelhos testifi-
cam que em tudo Jesus se assemelhou a nós, exceto no pecado, pois
em momento algum Jesus pecou. Podemos observar que Jesus assumiu
sua humanidade em todas as circunstâncias de sua vida, desde criança
cumprindo os preceitos de sua tradição religiosa, o judaísmo.
Como judeu, Jesus foi circuncidado ao oitavo dia e apresentado no
Templo (Lucas 2.21-24), foi também batizado (Marcos 1.9-11). Como

NOSSA FÉ EM DEUS 35
conhecedor da Torá, desenvolveu um relacionamento especial com Deus
e o invocava como “Abba” (Pai). Já em sua fase adulta, Jesus teve a cons-
ciência de que era Filho de Deus pois sabia de onde vinha e para onde
ia (João 8.14).
Ao considerarmos esses fatos, constatamos que as duas naturezas de
Jesus Cristo estão sempre articuladas. O ser divino de Jesus é revelado
em meio a sua humanidade que sofria com as pessoas pobres e peque-
ninas que eram marginalizadas em seu tempo. A compaixão e a miseri-
córdia que Ele exerceu por essas pessoas, o levou a confrontar religiosos
e políticos de sua época. Sua causa foi sempre revelar a chegada do
Reino de Deus que favorece a promoção da vida no exercício do amor,
do direito e da justiça.
Para finalizar a aula, converse com a classe na seção Fala aí! e de-
senvolva a Dinâmica do dia. Ao refletirem sobre o assunto, mostre a im-
portância de olhar para Jesus como um Deus perto de nós, que conhece
nossa humanidade.

Baú de ideias
Vídeo: Jesus beijando Maria. Disponível no link: https://
goo.gl/NuWjCT. Acesso em 09/04/2018.

Filme completo: A Paixão de Cristo. Disponível no link:


https://goo.gl/L8ooB7. Acesso em 09/04/2018.

Anotações

36 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 5

ESPÍRITO SANTO –
VENTO DIVINO
Texto bíblico: João 14.16-31

NOSSA FÉ EM DEUS 37
que o representa é Ruah (lê-se Ruá),
um substantivo feminino, que signi-
fica “ar em movimento”, o próprio
sopro de Deus. É esse vento que
traz vida à humanidade (Gênesis 1
e 2). Em Ezequiel 37.1-10, também
encontramos a ação do Vento/
Espírito trazendo vida e renovação,
em meio ao vale de ossos secos.
No Novo Testamento, a palavra
grega que representa o Espírito é
Alguém já teve a experiência Pneumatós ou Pneuma, substantivo
de encarar um ventania muito masculino, que significa “respiração
forte? Um guarda-chuva destruído ou fôlego de vida”. A câmara de bor-
pela força do vento? Compartilhe racha que enchemos de ar em um
com o grupo. carro ou bicicleta se chama pneu-
Pois é, em dia de ventanias, te- mático (ou pneu). O profissional de
mos dificuldade de pedalar na bi- medicina que cuida do pulmão e do
cibleta contra o vento, dificuldade sistema respiratório é pneumatolo-
para andar com o guarda-chuva gista, certo? Ambos os significados,
aberto ou para manter o cabelo no seja no hebraico ou no grego, têm a
lugar. Isso acontece porque é mui- ver com “ar” ou “vento”.
to difícil medir forças com o vento No texto de João 14, Jesus prome-
ou tentar controlá-lo. Na Bíblia, o teu enviar um Consolador que es-
Espírito Santo é associado a essa taria sempre conosco. Assim, uma
ventania. nova face desse Espírito é apresen-
tada a nós; agora, sabemos que
Ele renova, consola, traz a verdade
e nos fortalece na caminhada.
Lendo este texto, descobrimos que o
Espírito veio como nosso ajudador.
A palavra para Consolador no texto
original é literalmente: intercessor,
advogado, conselheiro de defesa
Espírito e vento não é uma mera – isso significa que o Espírito age
associação simbólica, na verdade para nos defender. Ele nos ajuda
a palavra “Espírito” nos idiomas a compreender o que há de errado
originais significa “ar”. No Antigo em nossas vidas e nos faz seguir
Testamento, a palavra hebraica pelo caminho da verdade.
Quem é que pode segurar o
vento? Qual é a pessoa que tem
Infelizmente, existem pessoas o poder de impedi-lo? A resposta
ou grupos que, de maneira igno- é única: ninguém. Quando uma
rante, afirmam: “nosso grupo tem ventania invade a nossa casa
o Espírito Santo” ou “aquele grupo através de uma porta ou janela
não tem o Espírito Santo”. Como aberta, ela provoca uma revira-
se sua presença ou unção pudesse -volta e é necessário esperar que
ser medida palpável e visivelmente. ela passe para que possamos
Esse tipo de afirmação é um grave limpar e organizar tudo o que
erro, pois o Espírito de Deus é livre e foi revirado. Quando o vento do
não pertence a ninguém, nós é que Espírito age em nossas vidas, ele
devemos pertencer a Ele. O Espírito também produz uma revira-volta.
é vento e sopra onde quer (João 3.8). Coisas ruins são dissipadas e no-
Muitos atributos podem ser atri- vas ideias surgem; conseguimos
buídos ao Espírito Santo de Deus, perceber com clareza o que está
mas o que Jesus destacou para certo e o que está errado.
seus discípulos e discípulas e para Esse vento também é o fôlego
nós, é a imagem do Consolador, que nos anima para prosseguir
do Ajudador divino. É Ele que ha- no plano certo. Quando somos
bita em nós, produzindo a energia cheios e cheias do Espírito Santo,
necessária para que a nossa vida nosso “gás” é renovado, trazendo
seja constantemente restaurada e, liberdade, verdade, ânimo, cora-
como Jesus prometeu, Ele estará gem e criatividade no caminho da
em nós até o fim. fé cristã.

NOSSA FÉ EM DEUS 39
Como o Espírito Santo age em Descerá sobre ti.
sua vida? E na vida de sua igreja? Disponível em: https://goo.gl/zSED54
Você já teve alguma experiên-
cia em que você tenha sentido
o vento do Espírito te conduzir?
Compartilhe com sua classe.

Que se abram os céus.


Disponível em: https://goo.gl/8rw4zE

Façam um momento de adora-


ção e oração, pedindo ao Espírito
Santo que renove as forças do seu
grupo e também de sua igreja. E
que o seu vento divino tenha li- Sopra, Espírito.
berdade para agir em suas vidas! Disponível em: https://goo.gl/3mKU5n
Escolha a canção de sua preferên-
cia. Sugerimos algumas canções:

“Envias o teu Espírito, eles


são criados, e, assim, renovas
Espírito, enche a minha vida. a face da terra.” (Salmo 104.30)
Disponível em: https://goo.gl/chRMxr #FlâmulaJuvenil #NossaféemDeus

40 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Apresentar o Espírito Santo como parte da Trindade presente desde a
Criação do mundo. O seu derramamento é o cumprimento da promessa
divina. Destacar a imagem do Espírito de Deus como vento renovador e
como Consolador.

Dinâmica do dia
Material: Um ventilador ou mais.

Como fazer?
Antes que a turma entre na sala, coloque o ventilador em um lo-
cal estratégico e deixe-o ligado. Se for um dia frio, é provável que
incomode as pessoas. Em um dia quente, a atitude será elogiada.
De qualquer forma, estimule a classe a falar sobre a importância
do vento. Faça perguntas para motivar a participação dos alunos e
alunas, como introdução ao assunto da lição. Destaque a definição
de vento - “ar em movimento” – e sua importância como gerador de
energia.

Reflexão:
Leve a turma a refletir sobre o que o vento é e representa. Associe
a imagem do vento com o Espírito Santo (Atos 2), lembrando que
esse vento divino veio para restaurar o povo de Deus.

Passo a Passo
Recepcione a turma, dê início a aula com uma oração e introduza o
assunto conversando com seus alunos e alunas sobre o vento e sua
associação ao Espírito Santo. Para esta introdução, disponibilizamos

NOSSA FÉ EM DEUS 41
uma sugestão na Dinâmica do dia, além do Para início de conversa, no
conteúdo da revista do/a aluno/a.
O estudo de hoje está centrado na terceira pessoa da Trindade: o
Espírito Santo. É importante ressaltar que não existe uma hierarquia
nessa Trindade: Pai, Filho e Espírito – são três em um (como visto na lição
de número 2); cada um apresenta a sua característica e especificidade,
mas trata-se de um ser único e divino. Parece difícil pensar nesta possi-
bilidade, entretanto, é exatamente assim que cremos.
Ainda há muita gente que acredita que o Espírito Santo entrou em
nossa história a partir da experiência de Pentecostes, narrada em Atos
2, entretanto basta lermos Gênesis 1.2 e veremos que desde o início do
mundo o Espírito já se fazia presente.
No Antigo Testamento, a imagem do Espírito Santo, muitas vezes,
estava associada à sabedoria e à verdade. Era esse Espírito que des-
pertava e iluminava os profetas para anunciar as verdades do Reino de
Deus e para denunciar as injustiças presentes na sociedade. Depois, nas
narrativas do Novo Testamento, encontramos muitas passagens em que
a ação do Espírito se faz de maneira concreta e transformadora.
No AT, Espírito significa fôlego de vida e respiração (Gênesis 2.7 e
Isaías 57.16); já no NT, Ele está intimamente ligado ao poder de Deus e
a “energia” que impulsiona as pessoas cristãs para o anúncio das boas
novas (Atos 6.14-25).
O texto deste estudo (João 14.15-31) faz parte do bloco dos últimos
discursos de Jesus antes de passar pela morte e ressurreição. A comuni-
dade definida pelas pessoas que criam em Jesus recebeu dele a missão
de fazer as obras que Ele fez e coisas maiores ainda: “Em verdade, em
verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras
que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai”
(João14.12). Será que a comunidade seria capaz de cumprir a missão?
Com a ausência de Jesus, quem serviria de apoio e defesa?
É aí que entra a promessa do Espírito da Verdade, o qual é o Consolador,
aquele que seria como um advogado, um ajudador e suporte na missão.
Toda ação e missão de Jesus aconteceu por meio do Espírito, como bem
testemunhou João Batista: “Eu não o conhecia; aquele, porém, que me
enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e
pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (João 1.33).
O próprio Jesus não agiu só, Ele se manteve em relacionamento com
o Pai e com seu Espírito (17.21). Dessa maneira, Ele jamais deixaria seus
discípulos e discípulas sozinhos. Ele prometeu e enviou o Parákleto – o

42 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


advogado e mediador da Igreja – em dia de Pentecostes. E o Vento divino
movimentou a Igreja a sair e a fazer missão.
Em seu discurso, Jesus deixa claro que quem o ama e guarda a sua pa-
lavra, se torna morada, casa, do Filho e do Pai, por meio do seu Espírito,
pois é dessa maneira (e somente dessa) que alguém tem a possibilidade
de realizar obras como a de Jesus ou maiores que a dele. É o Consolador
que nos “ensina todas as coisas e nos faz lembrar de tudo o que Jesus
nos disse” (cf. 14.26).
Professor ou professora, prepare-se antecipadamente para que seja
feito um tempo de adoração e oração. Se for possível, peça a algum mú-
sico ou musicista que leve um instrumento musical ou aparelho de som, a
fim de que o grupo cante canções convidando o Espírito Santo a soprar
sobre suas vidas. Disponibilizamos sugestões no Baú de ideias, mas fique
à vontade para conduzir este momento da maneira que combina com sua
realidade. Que seus alunos e alunas possam experimentar um tempo de
refrigério e renovação por meio da presença do Espírito do Senhor.

Baú de ideias
Música: Espírito, enche a minha vida. Letra disponível
no link: https://goo.gl/chRMxr. Acessado em 11/04/2018.

Música: Descerá sobre ti – Comunidade de Nilópolis.


Letra disponível no link: https://goo.gl/zSED54.
Acessado em 11/04/2018.

Música: Sopra, Espírito – Ludmila Ferber. Letra dis-


ponível no link: https://goo.gl/3mKU5n. Acessado em
11/04/2018.

Música: Que se abram os céus – Nívea Soares. Letra


disponível no link: https://goo.gl/8rw4zE. Acessado em
11/04/2018.

NOSSA FÉ EM DEUS 43
Estudo 6

SER HUMANO,
IMAGEM DE DEUS
Texto bíblico: Gênesis 1.26-28
tras estão cada vez mais distantes
das características divinas.

Geralmente, para fazer uma


Alguma vez já chegaram para afirmação com ênfase, a Bíblia
você e disseram: “Uau! Você é a emprega duas palavras paralelas
cara de fulano!”? Provavelmente, e/ou usa a repetição. É o caso de
você se parece com alguém. Todo Gênesis 1.26, para afirmar que
mundo tem alguma semelhança Deus colocou nas mulheres e nos
com alguém. Algumas pessoas homens a sua essência, vemos a
ficam felizes com essas compara- combinação dessas duas pala-
ções, outras nem tanto. Tem gente vras: imagem e semelhança. E no
que aceita as características rece- versículo 27 há a repetição: “E criou
bidas, enquanto outras preferem Deus o ser humano com a imagem
mudar algumas: cabelo, nariz, dele, com a imagem de Deus criou;
queixo, orelhas etc. Enfim, nem macho e fêmea criou.”
todas as pessoas desejam perma- Sobre este texto, John Wesley
necer com a imagem ou aparência afirmou que os seres humanos são
que elas têm de forma natural. semelhantes a Deus sob três as-
Na criação, Deus escolheu pectos: 1) Em sua capacidade de
compartilhar a sua essência com criar vínculos profundos e íntimos
a humanidade, fazendo dela sua através de um relacionamento
“imagem e semelhança”. Mas o pessoal. O Deus Trino é relacional
pecado fez com que essa essência – Pai, Filho e Espírito Santo – se
fosse interrompida, ou seja, dis- relaciona entre si e com toda a sua
tantes de Deus, mulher e homem criação. Assim, a humanidade se
se esconderam e se afastaram das relaciona entre si e com as demais
características do Criador. Como criaturas, tendo a responsabilida-
acontece com a aparência física, de de cuidar, de amar e de prote-
há pessoas que se importam em ger a grande obra. 2) A imagem
preservarem a imagem e seme- de Deus também está impressa na
lhança de Deus, porém muitas ou- capacidade de liderança e admi-

NOSSA FÉ EM DEUS 45
nistração para governar a Terra o ser humano pecaria? Não seria
e a criação. 3) Além disso, moral- mais fácil tirá-la dali?”. Vamos
mente, essa imagem faz com que pensar: se Deus cortasse a árvo-
os atributos de Deus sejam trans- re do conhecimento do bem e do
mitidos a toda criação através do mal, ele estaria podando a liber-
amor que o ser humano recebeu dade que Ele mesmo ofereceu à
do Senhor. humanidade. Ele nos criou livres!
O relato da criação de Gênesis Aquela ordem foi uma orientação
2.4 e os versículos seguintes, narra mostrando que nossas decisões
que Deus plantou um jardim no geram consequências. A mulher e
Éden. Lá tinha árvores bonitas e o homem caíram na conversa da
boas para o alimento, saía um serpente, que é a representação
rio para regar o jardim. Do pó da do mal. Ela e ele deixaram de
terra, Deus formou a humanida- acreditar na ordenança de Deus e
de – Adam – e a colocou no Éden escolheram acreditar nas palavras
com a missão de cultivar e cuidar sedutoras da serpente. Quando a
do jardim. Deus, então, deixa uma incredulidade chegou ao coração
ordenança: os frutos de todas as da mulher e do homem, caíram em
árvores poderiam ser comidos, desobediência, o que chamamos
menos os frutos da árvore do co- de “queda da humanidade”, ou
nhecimento do bem e do mal. Caso seja, o pecado distorceu a imagem
estes frutos fossem comidos, certa- de Deus que havia nela.
mente a humanidade morreria. Todos os dias, passamos por
situações difíceis, somos tentados/
as o tempo todo. E cada vez que
deixamos de acreditar nas orien-
tações de Deus para nós, cedemos
às seduções do mundo, isso nos
afasta da imagem e semelhança
de Deus em nós. Sempre que fa-
zemos o que desagrada a Deus
e rompemos com a harmonia da
criação, seja cometendo o mal
contra nós mesmos/as, contra as
Talvez você se pergunte: “Por outras pessoas ou contra a nature-
que Deus colocou essa árvore em za criada, nós negamos a essência
lugar de destaque sabendo que de Deus em nós.

46 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Como uma pessoa cristã pode
refletir a imagem de Deus neste
mundo?

Nós temos a liberdade de O que você fez, durante a sema-


escolher o que nos aproxima da na que passou, que o/a afastou de
imagem de nosso Criador, e o que Deus? Faça uma lista com ações,
nos distancia dessa semelhança. palavras e decisões que você acre-
De forma diferente dos primeiros dita que distorceram a imagem de
Deus em você. Reflita nesta lista e
humanos na Bíblia, nós não pre-
busque agir de maneira diferente,
cisamos “pagar para ver”. Não há
se aproximando de Deus, sendo
a necessidade de se experimentar
sua imagem e semelhança.
tudo para saber se é bom ou ruim,
se as consequências serão de
vida ou de morte. Apesar da que-
da da humanidade, é totalmente
possível nos aproximarmos de
Deus e recuperarmos sua imagem
e semelhança. Por meio de uma Música: Imagem e Semelhança.
vida de relacionamento com Jesus, Disponível em: http://goo.gl/I19nNj
tomando a nossa cruz, temos aces-
so à orientação do próprio Deus e
temos a liberdade de escolhermos
a sua vontade que é perfeita, boa
e agradável!

“Que é o homem, que dele te


lembres? E o filho do homem, para
que o visites? Fizeste-o, no entanto,
por um pouco, menor do que Deus,
Dê exemplos da distorção da e de glória e de honra o coroaste.”
imagem de Deus em seu contexto (Salmo 8.4-5) #FlâmulaJuvenil
de vida. #NossaféemDeus

NOSSA FÉ EM DEUS 47
Aonde chegar
Trabalhar o conceito da imagem de Deus impressa na humanidade, que
foi rompida através do pecado original. Afirmar que o resultado de uma
vida de cruz, em Jesus, é a restauração da imagem de Deus e do relacio-
namento perfeito com o Criador.

Dinâmica do dia
Material: Espelho de tamanho grande ou médio (mínimo de 30 cm).

Como fazer?
Arrume a turma em círculo. Passe o espelho a cada um dos alunos
e alunas. Peça que, ao se olharem no espelho, digam uma carac-
terística que eles/as tenham semelhante a alguém. Pode ser pai,
mãe, irmão, irmã, primo/a, ou até uma pessoa famosa. Depois que
toda a classe falar, afaste o espelho, de modo que todos/as consi-
gam ver seu reflexo. Analise as semelhanças e diferenças que eles/
as têm entre eles/as mesmos/as.

Reflexão:
Leve a turma a refletir sobre as semelhanças que eles/as imaginam
ter com Deus, o Criador. Afirme, ao final da dinâmica, que todas as
pessoas naquela sala de aula e em toda a face da Terra possuem
valor diante de Deus e podem resgatar a imagem e semelhança de
seu Criador.

Passo a Passo
Comece a aula com uma oração e a leitura bíblica, em seguida desen-
volva a dinâmica. Dê sequência à lição, acompanhando a leitura da
revista. O assunto estudado é cheio de conceitos teológicos, o que pode

48 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


fazer com que alguns alunos e alunas tenham dúvidas. Se possível,
acrescente ao seu estudo as leituras sugeridas no Baú de Ideias para
que amplie seu conhecimento sobre a temática.
Sobre imagem e semelhança: a palavra “imagem” tem origem no
latim imaginari que, por sua vez, é derivada de imago – expressão que
usamos em imago Dei, “imagem de Deus”. Ela representa a formação
de uma imagem mental, o que adquirimos pelos sentidos humanos (vi-
são, audição, olfato, paladar e tato) e é projetado na mente. Da mesma
raiz, vem o verbo imitari, copiar, fazer semelhante. Apesar dessas duas
palavras – imagem e semelhança - serem diferentes no português, elas
estabelecem uma proximidade.
Quando usadas juntas, formam o que chamamos de paralelismo,
uma forma literária para enfatizar aquilo a ser dito. O discurso do ho-
mem e da mulher serem imagem de Deus é um dos pontos fundamentais
e mais importantes de toda a teologia e tradição cristã. Esse é um tema
que, quando é bem compreendido, pode facilitar e esclarecer o processo
de encontro entre Deus e o ser humano.
Nos versículos lidos, percebemos três eventos que resumem como se
deu a queda do homem e da mulher, por causa do “primeiro pecado/
pecado original”. Primeiro: temos Deus fazendo e declarando que, tanto
o homem como a mulher são sua imagem e semelhança e que eles de-
veriam governar sobre o restante da criação (1.26-27). Segundo: Vemos
Deus alertando ao ser humano de que os frutos de todas as árvores do
jardim poderiam ser comidos, menos os que eram da árvore do conheci-
mento do bem e do mal (2.15-17). E terceiro: Vemos a queda do homem e
da mulher que comeram o fruto que levaria à morte (3.1-8).
Esse resumo mostra que no projeto da criação de Deus, o ser huma-
no recebe uma tarefa especial que o diferencia das outras criaturas. O
homem e a mulher devem reproduzir a imagem de Deus que está nele/
nela, através do governo da natureza, que deve acontecer por meio do
respeito e do amor. Deus destinou a mulher e o homem para a comunhão
com Ele e para o cultivo e cuidado da terra toda.
O pensamento wesleyano nos ajuda a compreender a profundidade
desse tema, mostrando que a imagem de Deus no ser humano apresenta
três características fundamentais que caminham juntas e que, sem elas,
a imagem do Criador não pode ser refletida. Quando a humanidade foi
criada, todas as pessoas tinham a capacidade de entrar em um relacio-
namento consciente com Deus. Eram cheias de liberdade, de um poder de
conduzir seus desejos e atitudes, junto com uma capacidade de escolher,

NOSSA FÉ EM DEUS 49
corretamente, entre o bem e o mal. Essa é a primeira característica, co-
nhecida como imagem natural.
A segunda característica fundamental, para refletir a imagem de nos-
so Criador, é conhecida como imagem política, que é onde a imagem
de Deus deve ser refletida através da boa administração que o homem
e a mulher fazem da terra. Ela nos lembra de que o ser humano não
tem relação apenas um com o outro e com Deus, mas também com a
natureza e as outras criaturas.
A terceira e última é a imagem moral. Essa característica consiste em
que o ser humano reflita as mesmas características que existem no seu
Criador, ou seja, em Deus. Por exemplo, Deus é amor, consequentemen-
te, o homem e a mulher, ao serem criados, também estavam cheios de
amor. Deus é cheio de justiça, misericórdia e verdade, assim, também,
eram a mulher e o homem ao saírem das mãos de seu Criador.
Antes do pecado original e da queda, a imagem de Deus no ser hu-
mano estava perfeita. Mas o homem e a mulher caíram por um ato livre
de vontade, por incredulidade e desobediência, perdendo assim toda a
vida e corrompendo a imagem presente nele/a, dada por Deus. O pecado
cometido por Adão e Eva, que representam toda a humanidade, é fruto
da maldade que existe dentro do coração humano e, quando descumpri-
ram a orientação dada por Deus, toda a humanidade se afastou do rela-
cionamento e da imagem divina. Theodore Runyon, em A Nova Criação,
afirma que “quando esse afastamento ocorre, o relacionamento, no seu
verdadeiro sentido, morre e é substituído por outro, corrompido”, trazen-
do as marcas da insegurança humana, da ansiedade, do falso orgulho
e da irresponsabilidade. Contudo, há esperança.
Na aula seguinte, trataremos o assunto da redenção, a restauração da
imagem de Deus, por meio da Cruz. Para finalizar a aula, dê alguns mi-
nutos para que a turma reflita sobre suas ações, como sugerido na seção
Na Prática. Neste momento, alguma música poderia ser reproduzida,
ao vivo ou em mídia. Sugerimos a canção “Imagem e Semelhança”, na
revista do/a aluno/a e no Baú de ideias. Concluída a reflexão, termine
orando com os/as juvenis, acendendo a esperança de viverem refletindo
o Criador.

Baú de ideias
Música: Imagem e Semelhança – PG, álbum “Imagem
e Semelhança”. Disponível no YouTube, no link: goo.gl/
I19nNj. Acessado em 17/04/2018.

50 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Sermão 45 O Novo Nascimento – John Wesley.
Disponível no link: goo.gl/nsliIw. Acesso em 17/04/2018.

Sermão 44 Pecado Original – John Wesley. Disponível


no link: goo.gl/cOmjQ7. Acesso em 17/04/2018.

Anotações

NOSSA FÉ EM DEUS 51
Estudo 7

CRUZ – PODER
DE DEUS
Texto bíblico: 1 Coríntios 1.18-25
E você, o que pensa sobre
o símbolo da cruz? Como algo
tão “pesado” e “ruim”, pode ser
tão significativo em nossa fé?
Compartilhe com o grupo.

Nós sabemos que o instrumento


para a morte de Jesus foi uma cruz
e que Ele mesmo havia falado so- Parte do conteúdo da pregação
bre a importância de cada pessoa dos primeiros cristãos e cristãs era
tomar a sua própria cruz a fim de a confissão de que Jesus fora “pen-
segui-lo. A cruz tornou-se um dos durado no madeiro” (Atos 5.30;
principais e mais ricos símbolos da 10.39; 13.29). A morte de Jesus
vida cristã. Então, por que seu uso ocupa um espaço importantíssimo
é tão discriminado entre as igrejas no plano da salvação. Para que
evangélicas? Podemos destacar Jesus fosse morto em uma cruz, era
pelo menos três razões: necessário ser visto como infiel en-
tre os judeus e como uma ameaça
1) Na época do Império política pelos romanos.
Português, os missionários no No texto de 1 Coríntios, Paulo
Brasil eram proibidos de se reuni- expõe a tensão que existia entre
rem publicamente e os lugares de o modo de viver da população de
culto não podiam ter caracterís- Corinto e a ética do Evangelho;
ticas externas de templo, ou seja, a forma daquelas pessoas pen-
nem placa, nem sinos ou cruzes. sarem versus as doutrinas do
2) Predominou nas igrejas, o Evangelho. O apóstolo se apres-
espírito anticatólico, isto é, tudo sou em resolver isso no início da
o que lembrava o catolicismo era carta. Imediatamente, ele falou
terminantemente proibido entre da mensagem da cruz e como
protestantes. ela se contrapõe à sabedoria
3) O desconhecimento, por par- humana. Para os judeus, a pa-
te do povo, de verdades bíblicas lavra da cruz é escândalo; para
e da tradição da Igreja acerca do os gentios, a palavra da cruz é
símbolo da cruz. loucura.

NOSSA FÉ EM DEUS 53
Imagine para um judeu pie- Principais significados da cruz:
doso aceitar que o Messias foi
crucificado e que Ele é o próprio ƒƒ Instrumento de reconciliação
Deus? Imagine um sábio grego (2Coríntios 5.18-21). A iniciativa
entender que a Divindade se en- da reconciliação foi de Deus!
carnou e que, feito carne, morreu Deus estava em Cristo reconci-
crucificado? Numa linguagem liando consigo o mundo.
clara, Paulo mostra as contradi- ƒƒ Instrumento de morte usado
ções que existem entre crer e não para trazer vida (João 3.14-
crer na palavra da cruz. De um 15; Números 21.4-9). Em Jesus
lado, está a sabedoria, de outro, Cristo, quem crê, recebe vida.
a loucura; de um lado, o poder, ƒƒ Estabelece pontes (Efésios
de outro, a fraqueza; de um lado, 2.13-16): entre Deus e o ser
a salvação, de outro, a perdição. humano, entre a própria hu-
O significado cristão da cruz manidade (não importando se
está diretamente ligado a duas judeus e gentios ou homens e
interpretações principais que o mulheres), entre a humanidade
Novo Testamento dá à morte de e a criação/meio ambiente.
Jesus Cristo: 1ª - Foi sacrifício ex- ƒƒ Nela, Cristo levou nossa culpa
piatório. No Antigo Testamento, e castigo (Colossenses 2.11-15).
sacrificava-se um animal no ƒƒ Altar do sacrifício (Hebreus
lugar do culpado ou de todo o 10.11-14). Jesus Cristo é ao
povo. Em lugar da pessoa culpa- mesmo tempo o sacerdote e o
da, portanto, derrama-se sangue sacrifício. Seu sacrifício foi ofe-
inocente. 2ª - A morte de Jesus recido uma única vez, e de uma
na cruz foi sacrifício vicário, ou vez por todas.
seja, alguém oferece sua vida em ƒƒ Sinal de que Jesus Cristo
lugar de outra pessoa. levou todos os nossos pecados
Ainda que a dúvida faça parte (1Pedro 2.21-24). Fomos perdoa-
da fé em determinado momento, dos e perdoadas!
não podemos permanecer na ƒƒ A mensagem da cruz nos
incredulidade. Enquanto uns pe- convida a seguir o Salvador
dem sinais e outros buscam sa- (Marcos 8.34). Cada pessoa que
bedoria, a Igreja deve anunciar se compromete com Jesus deve
o Cristo crucificado. Para quem assumir a cruz do discipulado
crê, Cristo Jesus é poder e sabe- (Mateus 10.34-39; Lucas 14.25-
doria de Deus. 33; Gálatas 2.19-20).

54 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Qual é o significado da cruz
para você?
Como podemos viver uma vida
de cruz?

Ao recordar o significado da
cruz, vale considerar que ela não
deve ser motivo de superstição
ou crendice, nem utilizada como
amuleto mágico ou objeto de ve-
neração – assim como qualquer
Pense em sua vida e o que você
outro símbolo cristão. Contudo,
precisa crucificar. Quais pecados,
seus significados bíblico e teo- quais ações, quais atitudes, quais
lógico devem ser resgatados em medos devem ser pregados na
nossas celebrações cúlticas e de- cruz? Faça uma lista e apresente
vocionais, a fim de continuarmos diante de Deus, em um momento
anunciando a mensagem que ela de oração de renúncia e entrega,
nos traz. em favor da mudança de sua vida.
Como símbolo, a cruz apon- Peça a Deus que o seu poder e
ta para algo maior: representa sabedoria estejam sobre você. Se
esforce e coloque em prática o que
o evento único realizado por
você tem aprendido até agora.
Deus em Cristo Jesus por meio
do Espírito Santo: a grande sal-
vação do ser humano e de toda
criação. Olhar para a cruz de
Cristo nos lembra a responsabi-
lidade que temos de levar a nos-
sa própria cruz. Por meio da vida
de cruz, ou seja, vida de entrega
“Sim, eu amo a mensagem da cruz
e renúncia, podemos experimen-
Até morrer eu a vou proclamar
tar do poder e da sabedoria de Levarei eu também minha cruz
Deus. Até por uma coroa trocar.” (A men-
sagem da Cruz – Harpa Cristã)
#FlâmulaJuvenil #NossaféemDeus

NOSSA FÉ EM DEUS 55
Aonde chegar
Relembrar o sacrifício de Jesus destacando seus significados para a vida
humana e explicar o símbolo da cruz, reafirmando a mensagem reden-
tora da cruz de Cristo para a humanidade e a responsabilidade de cada
pessoa cristã assumir uma vida de cruz.

Dinâmica do dia
Faça no final da aula

Material: Folha de papel ou cartolinas, tesouras, canetas ou lápis.

Como fazer?
Distribua o material para todos os alunos e alunas e oriente-os a
fazerem uma cruz de papel. Nela, eles e elas escreverão os motivos
de oração e renúncia, como sugerido no Na prática. Depois pode-
rão guardar a cruz confeccionada como uma lembrança da aula.

Reflexão:
Após o momento de interação e trabalhos manuais, conduza o gru-
po de juvenis a refletir sobre o compromisso de tomar a cruz e viver
com o que ela representa para o povo cristão: poder e sabedoria
de Deus! Assumir a cruz, além de renúncia, é vida cheia de poder
e de sabedoria.

Passo a Passo
Inicie a aula orando com sua turma, lendo o texto bíblico e a seção Para
início de conversa, gerando um momento de debate sobre o símbolo da
cruz. Incentive seus alunos e alunas a refletirem sobre este objeto que
era instrumento de tortura e pena de morte. Falar de cruz é algo verda-
deiramente forte, pois uma ferramenta cruel tornou-se símbolo de uma

56 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


fé. Para construir uma ideia sobre a nossa fé a respeito da cruz, temos
que entender melhor sobre seu significado histórico.
A prática da crucificação era comum entre o povo persa; espalhou-se
pelo mundo na época do helenismo e durante o Império Romano tor-
nou-se o meio usado para punir rebeldes e escravos fugitivos. Cidadãos
romanos raramente eram crucificados. Tal morte humilhante espalhava
medo e impunha obediência pelo terror.
A cruz, com todo seu escândalo, guarda um mistério que, apesar de
anunciado, só seria compreensível à Igreja a partir da ressurreição:
“Então, lhes disse Jesus: ó néscios e tardios de coração para crer tudo o
que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo pade-
cesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo
por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em
todas as Escrituras” (Lucas 24.25-27).
O sentido para a morte de Jesus, que do ponto de vista das expectati-
vas em torno do Messias era absurdo (1Coríntios 1.23), partiu da leitura
do Servo Sofredor (Isaías) e do justo que sofre (Salmos e Jeremias). O
justo crucificado pelo sistema político, religioso e econômico é uma de-
núncia da injustiça e proclamação da necessidade de um novo mundo,
da construção do Reino de Deus.
A cruz não é, para cristãos e cristãs, símbolo de maldição. Infelizmente,
esta ideia tornou-se comum no meio evangélico. A referência que utili-
zam é a de Gálatas 3.13: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazen-
do-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: maldito
todo aquele que for pendurado em madeiro”, texto que se apoia em
Deuteronômio 21.22-23. O que está claro é que a maldição está sobre a
pessoa pendurada no madeiro.
Para compreender corretamente os significados da cruz precisamos
retomar a “teologia da cruz”, ainda que de forma elementar. Por isso,
ainda que outras passagens do Novo Testamento sejam explicitadas
na lição do aluno e aluna, concentraremos nossa pesquisa no texto da
lição. É fundamental compreender que no NT a morte de Jesus na cruz foi
o sacrifício expiatório e vicário.
1Coríntios é uma carta pastoral de Paulo dirigida aos irmãos e irmãs
da cidade de Corinto. Na carta, o apóstolo trata da doutrina, da ética
cristã e do amor fraternal, da defesa do seu ministério e responde ques-
tões enviadas a ele. A relação de Paulo com os coríntios é tensa e através
dessa carta, conhecemos uma das primeiras comunidades cristãs: seus
conflitos internos e seus desafios externos.

NOSSA FÉ EM DEUS 57
Em maior ou menor extensão, o tema da cruz versus sabedoria
continua até final do capítulo 3. A “palavra da cruz” se contrapõe à
“sabedoria humana”. Judeus e gregos reagem diante da cruz: para
o primeiro grupo é um escândalo, para o segundo, loucura. Parecem
reações diferentes, mas ao fim, a conclusão é a mesma: incredulidade.
Como diz Luís A. Schökel:

“Os judeus esperam um Messias triunfador (não o Servo de Is 53): para


eles, um Messias executado é mensagem escandalosa. Para os gregos
(que cultivam o saber, a filosofia) um salvador sentenciado é absurdo:
quem não se salvou a si, mal poderá salvar outros. A cruz denuncia a
mal empregada sabedoria humana e demonstra um poder e saber de
Deus paradoxais, que o homem descobre pela fé”.

“O parágrafo distingue dois campos: judeus e gregos (pagãos),


e trabalha com antíteses elementares. A primeira é sabedoria/
loucura (ou razão e absurdo): é típica dos pagãos e dos gregos
que investigam e discutem; mas também entram nessa categoria
os ‘letrados’ que se ocupam da lei (Jo 5.39). A segunda é poder/
fraqueza: poder de Deus que se manifesta nos sinais ou milagres,
do qual o futuro Messias participará (Mt 12.38). Como desfecho,
entra a terceira antítese: perdição/salvação. A cruz de Cristo quebra
os sistemas em que se encastelam judeus e pagãos e revela, de
modo inesperado e difícil, a sabedoria e o poder de Deus” (BÍBLIA.
Português. A Bíblia do Peregrino. Tradução de Luís A. Schökel. São
Paulo: Paulus, 2002. pp. 2739).

A cruz é sinal de contradição. Diante da mensagem da cruz há ape-


nas duas alternativas: crer ou não. Povo judeu e grego se perdem no
próprio escândalo/loucura. Para os que creem, é palavra de salvação
(1.21). Jesus é poder e sabedoria de Deus; para os que não creem, res-
tam escândalo e loucura.
Para finalizar a aula, enfatize a importância de nós assumirmos a
vida de cruz, ao seguirmos Jesus. Converse com a turma no Fala aí! e,
como proposto na seção Na prática, conduza um momento de oração.
Sugerimos que a Dinâmica do dia seja feita nesse momento, como um
lembrete e um compromisso com a vida de cruz. Vocês também podem
cantar o hino 291 - A mensagem da cruz - da Harpa Cristã.

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Baú de ideias
Hino 291 – Harpa Cristã: A mensagem da cruz.
Interpretado por Aline Barros, disponível no YouTube,
no link: https://goo.gl/xhSWJo. Acessado 30/05/2018.

Anotações

NOSSA FÉ EM DEUS 59
Estudo 8

ARREPENDIMENTO
QUE GERA PERDÃO,
QUE GERA CURA
Texto bíblico: Atos 3.19-20; Isaías 43.25
Umas das dádivas mais lindas
e poderosas que o ser humano
pode receber de Deus é o seu
perdão. É linda porque reflete a
Quando passamos por alguma imensidão do seu amor e miseri-
situação que nos marca ou nos córdia. É poderosa porque é força
fere, é difícil esquecermos. Se que liberta e traz paz para quem o
essa marca ou ferida é causada recebe (Salmo 32).
por alguma pessoa, parece ser Como vimos no estudo anterior, a
mais difícil ainda! É verdade que Cruz de Cristo foi o instrumento que
podemos nos esquecer de várias possibilitou a redenção da humani-
situações e pessoas, mas quando dade. Por meio do sacrifício de nos-
estamos feridos e feridas, isso so Senhor Jesus, todas as pessoas
não sai da nossa cabeça. Alguém que creem alcançam a salvação
do grupo já teve a experiência de de suas almas, por meio do perdão
perdoar e esquecer o mal feito oferecido por Ele (Atos 16.30-31).
contra você? Compartilhe! Este perdão para a salvação
Todos os nossos pecados ge- diz respeito aos pecados adqui-
ram marcas e são transgressões ridos pela “queda”, quando o ser
contra Deus (Salmo 51.4a). Porém humano perdeu a sua comunhão
Deus, que é rico em misericórdia, com o Criador, conforme a lição 6.
não somente nos perdoa essas Todavia, a Bíblia nos mostra, per-
transgressões, como também não sonagem após personagem, que o
se lembra dos nossos pecados. Ao pecado ainda habita em nós. O ser
nos perdoar, Deus esquece! Nesta humano é, em sua própria nature-
lição, aprenderemos sobre nosso za, inclinado ao mal. Jesus mesmo
arrependimento e sobre o perdão instruiu sobre a importância de “vi-
de Deus, esse incrível presente giar e orar” para não cair em tenta-
para nós. ção (Mateus 26.41), dado ao fato de
que “o pecado jaz à porta...” e cabe
a nós dominá-lo (Gênesis 4.7).

NOSSA FÉ EM DEUS 61
Mesmo após termos sido justifi- humano, é o convite para o arre-
cados e justificadas, continuamos a pendimento e conversão. Por meio
cometer pecados. Cremos que após deste ato de fé, nossos pecados são
receber o Espírito Santo, ainda é pos- cancelados, recebemos o refrigério
sível nos afastar da graça recebida, para nossa alma e também recebe-
mas por essa graça de Deus, pode- mos o Espírito de Cristo em nós.
mos nos levantar e recomeçar a vida. O profeta Isaías declarou o
O perdão, para quem o recebe, que estava no coração de Deus:
é força transformadora. O apóstolo “Eu, eu mesmo, sou o que apa-
Pedro sabia disso. Ele alcançou o go as tuas transgressões por amor
perdão de Deus, após ter negado a de mim e dos teus pecados não
Cristo no momento da crucificação me lembro” (Isaías 43.25). Deus
(Lucas 22.54-62). Perdoado e com faz uma aliança com seus servos
sua vida transformada, pregou e servas de não somente conceder
o Evangelho de Cristo para as o perdão, mas também apagar
pessoas que tinham acabado de a culpa, ou seja, Ele jamais trará
presenciar a cura de um coxo (Atos diante de nós nossos erros do
3.1-12). Após lembrar-lhes o ocor- passado, pois eles dizem respeito
rido com Jesus de Nazaré, que foi à velha natureza, e para Deus,
crucificado, Pedro afirma que pelos
toda pessoa que o recebe, torna-se
pecados deles é que o Autor da Vida
nova criatura (1Coríntios 5.17).
foi morto, mas Deus o ressuscitou
Raramente, esquecemos quando
(vv.13-15). Pedro não queria trazer
passamos por algum tipo de ofensa.
culpa para seus ouvintes, mas liber-
Falamos para as pessoas constante-
tação, por isso, falou sobre o perdão
mente, publicamos nas redes sociais
de Deus que alcança e transforma
(o que não é o aconselhável), reto-
as pessoas pecadoras.
mamos sempre o assunto, acusando
quem nos fez mal. Diferente de nós,
Deus, pelo seu poder, cancela nossos
pecados - o que nos prendia à opres-
são do inimigo - e nos torna livres de
toda culpa (Colossenses 2.13-15).
Ainda que o acusador (Apocalipse
12.10) insista em nos lembrar das
coisas que fizemos durante o tempo
da desobediência.
O pecado pesa, oprime e angus-
Lembrar o sacrifício de Cristo tia a alma, porque nos afasta de
e expor a maldade do coração Deus e de seus propósitos para nós,

62 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


contudo, quando há quebrantamen-
to e contrição de espírito, quando
há tristeza de alma e aborrecimen-
to pelo pecado, conseguimos nos
voltar para Cristo, alcançando no-
vamente a reconciliação. Estar na Você já experimentou culpa e
condição de pessoa perdoada traz remorso?
alívio para a alma e possibilita re- Tem vivido a experiência do
ceber o Espírito do Senhor em nosso arrependimento e perdão verda-
próprio corpo para a Glória de Deus deiros? Como você sabe que foi
(1Coríntios 6.19-20). perdoado/a por Jesus?

Avalie se há alguma situação


que necessita da reparação do
arrependimento e do perdão em
sua vida, ou alguma pessoa que
precisa ser perdoada por você.
Cremos que o perdão de Deus Busque ajuda em Deus para que
está oferecido ao mundo inteiro, você possa reparar a situação e
através de seu Filho, Jesus (1 João possa vivenciar o perdão. Quando
a gente perdoa, a gente experi-
2.1-2). Ele apaga as nossas trans-
menta uma ação divina. Perdoar
gressões e nos concede nova vida, é trazer o céu para perto da terra.
através do agir do seu Espírito.
A dádiva do perdão não é e
nunca será uma desculpa para
vivermos pecando, pois a resposta
que podemos dar a tão grande
amor, é nossa vida em obediência
e santificação. Quanto mais nos
esforçamos em Deus para trilhar Quem sabe o que é ter sua
o caminho da santidade, menos alma refrigerada pelo poder liber-
somos dominados e dominadas tador e transformador do perdão,
pela força do pecado. E se a gente convida outras pessoas a experi-
mentarem esse poder restaurador
vacilar, pela graça de Deus, a gen- através do arrependimento sincero.
te fica de pé mais uma vez. #FlâmulaJuvenil #NossaféemDeus

NOSSA FÉ EM DEUS 63
Aonde chegar
Aprofundar a discussão sobre arrependimento e perdão, que transforma
as pessoas pecadoras. Dialogar, a partir da experiência e pregação do
apóstolo Pedro, que perdão é graça e libertação.

Dinâmica do dia
Material: História sobre o perdão e o mar

Uma senhora foi certa vez ao seu pastor, em grande amargura de


espírito, levando nas mãos um punhado de areia molhada.
– O senhor está vendo o que é isto? – perguntou.
– Sim, é areia molhada.
– Mas o senhor não sabe o que ela significa, não?
– Não, não o posso dizer. Que significa?
– Sou eu – respondeu ela, chorando. – É a grande multidão dos
meus pecados, que não podem ser numerados.
– Onde conseguiu essa areia? – perguntou o pastor.
– Lá em baixo, na praia.
– Volte lá – disse ele – e tome consigo uma pá. Ajunte um grande
monte de areia e faça-o tão alto quanto possa. Então, volte à
beira da praia e fique observando o que vai acontecer quando
a onda vier.
Dentro de uma hora ela voltou e relatou o seguinte:
– Pastor, a onda passou por sobre o monte de areia que fiz e levou-o
completamente!
– É justamente assim – respondeu o pastor – quando pedimos ao
nosso Pai celestial, por amor de Jesus, que nos perdoe os pecados:
Ele os toma completamente, porque “o sangue de Jesus Cristo nos
purifica de todo o pecado”.

64 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Como fazer?
Conte a história para iniciar um momento de reflexão sobre o as-
sunto do perdão.

Reflexão:
Conversando com a turma, reflita sobre o tema do arrependimento
e do perdão. Como ainda é difícil para muitas pessoas lidarem com
isso. A maioria delas têm dificuldades de lidar com o perdão, seja
em relação alguém que as feriu, alguém que elas feriram ou consigo
mesmas. É certo que Deus nos perdoa os pecados arrependidos, por
isso nós podemos perdoar e nos sentir perdoados/as!

Passo a Passo
Para iniciar o tema desta lição, compartilhe com a classe a história da
Dinâmica do dia, sobre o perdão de pecados. Introduza o assunto da
revista com o Para início de conversa e dê continuidade, lendo os textos
bíblicos e passando o conteúdo da revista para seus alunos e alunas.
A palavra “perdão” tem muitos sentidos; um deles é “saldar uma dívida”
(Mateus 6.12; 9.2, 5 e 6). Em linguagem jurídica, a pessoa devedora, ao ser
inocentada, não deve mais nada àquela que é a credora (Lucas 7.41-47).
No âmbito cristão, a pessoa pecadora é a devedora, e Deus, com sua graça,
perdoa-lhe a dívida. Ao absolver o pecador e a pecadora, Deus o/a libera
para uma nova vida, regenerada e santificada pelo Espírito. O perdão é tão
importante que é um preceito que perpassa toda a tradição judaico-cristã.
Ele deve ser experimentado em nível pessoal e coletivo e só pode ser
alcançado, mediante o arrependimento sincero, doação e entrega vo-
luntária (1João 1.9). Todas as pessoas são pecadoras (Romanos 3.9-10);
todas precisam receber o perdão; todas devem perdoar. Sem disposição
e humildade não há processo curativo e remissão de pecados.
O perdão de Deus nos é dado mediante a sua graça e temos acesso
a Ele mediante o reconhecimento de nossas falhas, culpas e limitações.
Deus, em seu infinito amor e misericórdia, acolhe o mais terrível peca-
dor; a mais terrível pecadora.
O arrependimento não é uma condição para o perdão, se assim o
fosse não seria um ato da graça divina, mas uma moeda de troca. O
arrependimento é uma demonstração de que estamos dispostos e dis-
postas a consertarmos nossos caminhos e voltarmos para o caminho do

NOSSA FÉ EM DEUS 65
Senhor. Quem experimenta isso, alcança, além do perdão, o consolo e
a paz.
Na Nova Aliança, Deus cancelou os débitos da humanidade ao ofe-
recer-se voluntária e gratuitamente na pessoa de Jesus Cristo. A graça
sempre será maior que a vida, não sendo possível viver sem ela. Dessa
maneira, somos incentivados e incentivadas a perdoar quem nos magoa
e faz sofrer.
Quando perdoamos, permitimos que as pessoas vivam em paz con-
sigo mesmas, conosco e com Deus. À medida que perdoamos, anuncia-
mos a Jesus Cristo, o Senhor, que universalizou o perdão à toda criatura.
Desta forma, o perdão torna-se um meio poderoso de evangelização,
pois por meio dele, afirmamos que Cristo está em nosso meio, enraizado
em nossa experiência pessoal e coletiva.
Antes de encerrar a aula, dê oportunidade para algumas pessoas
que queiram compartilhar sua própria experiência em perdoar ou ser
perdoado. Conversem sobre o tema e desafie a turma a colocarem em
prática o perdão. Ore com seus alunos e alunas.

Baú de ideias
Ilustração da Dinâmica do dia, de Laura E. Clemente.
Disponível no link: https://goo.gl/wMcrUa. Acesso em
28/04/2018.

Sermão 14 de John Wesley: O arrependimento dos


crentes. Disponível em: https://goo.gl/vzLhAE. Acesso
em 28/04/2018.

Anotações

66 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 9

A OPORTUNIDADE
DE RECOMEÇAR
Texto bíblico: Ezequiel 11.19 e 36.26

bem provável que grande parte


das pessoas terão dúvidas. E
você? O que entende por salvação
e novo nascimento? É sobre isso
que vamos estudar.
A salvação e o novo nascimento
são ações de Deus que ocorrem no
espírito humano e são refletidas na
vida em sociedade e no relaciona-
mento com o próximo. Não são frutos
do esforço humano, mas exclusiva-
O presente mais lindo que Deus mente da ação da graça de Deus
nos deu é a salvação, a oportu- em nosso coração. A palavra “sal-
nidade de recomeçar. Não são vação” significa literalmente “segu-
todas as pessoas que aceitam rança”. Através do arrependimento
este presente. Na verdade, poucas (que vimos no estudo anterior), o ser
compreendem o que é. Se pergun- humano tem a oportunidade de ser
tarmos em um grupo: “Quem aqui uma nova criatura e de viver em um
tem certeza de sua salvação?” É ambiente seguro.

NOSSA FÉ EM DEUS 67
Ezequiel foi profeta no período
do cativeiro da Babilônia, por vol-
ta de 550 a.C. Os exilados judeus
viviam em situações muito difíceis. Ao criar a vida humana, Deus a
Condenados a trabalhos forçados, fez com perfeição, mas o pecado
sofriam também por se encontrar
deturpou o coração da humanida-
longe da pátria, de sua cidade e de
sua religião. de, afastando-a da presença divi-
A morte estava no coração do na. Este pecado original passou a
povo - morte social, espiritual e todos os seres humanos, pois todos
da esperança. O povo de Israel pecaram (Romanos 5.12), como
estava vivendo uma realidade to- vimos no estudo 6. O pecado pas-
talmente diferente ao projeto inicial sou a reinar na própria natureza
de Deus. Seus corações estavam
humana. O seu espírito passou a
duros e insensíveis diante de tantas
privações. Porém, Deus prometeu ser possuído e dominado pelas
restauração e salvação diante do consequências do pecado.
“vale de ossos secos” que estavam Como o homem e a mulher não
vivendo (Ezequiel 37). podiam ter a salvação por méritos
Deus disse ao povo, por intermé- próprios, a solução de Deus vem
dio de Ezequiel que lhes daria um da sua imensa graça em Cristo
novo coração e um espírito novo. Jesus. Graça é a ação gratuita de
Estas palavras de Ezequiel são figu-
Deus em nos salvar. Todas as bên-
ras da salvação e do novo nascimen-
to que ocorrem no espírito humano. çãos que Deus tem nos concedido
Deus retira o nosso coração de pedra são simplesmente por sua graça,
e nos dá um novo coração. Passamos generosidade ou favor. Tudo é pela
a ter a natureza divina que nos faz graça e não pelos méritos nossos,
viver a salvação de Deus em todos as pois o ser humano não tem direi-
áreas da vida. Espiritualmente o ser to à menor misericórdia. Assim,
humano vive em um cativeiro existen-
também a salvação é adquirida
cial e espiritual. Somente através de
Jesus, ele consegue uma nova vida, pela sua graça, e não pelas nos-
um novo nascimento, e assim tem sas obras (Efésios 2.8). Contudo, a
condições de viver o Reino de Deus graça de Deus dá a cada pessoa
(João 3.1-12). a opção de aceitá-la ou rejeitá-la.
Será que podemos perder a
salvação?
Cremos que mesmo depois de nos
tornar discípulos e discípulas de
Jesus, estamos sujeitos a cair da
graça de Deus e perder a salva-
ção. Podemos usar a liberdade
que Ele nos deu até para abando-
nar a fé em Cristo, mesmo depois
de provar seu amor (1 Timóteo Deus atua dentro do espírito hu-
4.1). Um dos primeiros sintomas mano por meio da salvação e do
da queda é o pecado, o abandono novo nascimento. Somos restaura-
da igreja e consequentemente a dos e restauradas de dentro para
falta de comunhão com as coisas fora, pela graça justificadora do
de Deus. Senhor. Nosso coração é restaura-
do para uma nova vida. “E, assim,
Será que existem pessoas se alguém está em Cristo, é nova
destinadas para a salvação e criatura; as coisas antigas já pas-
outras para a perdição? saram; eis que se fizeram novas”
Não acreditamos nisto. A doutrina (2Coríntios 5.17).
da predestinação “afirma que O novo nascimento e a salva-
todos os seres humanos perde- ção são presentes de Deus que
ram o direito da salvação. Sendo aceitamos pela fé. Paulo diz que
assim, Deus, através da eleição, éramos filhos/as da ira e da de-
escolheu, pela sua misericórdia, sobediência, mas Deus nos sal-
alguns para a salvação. Não cre- vou mediante a graça e a fé. Ele
mos dessa forma”. vivificou, nos ressuscitou e nos fez
Cremos que a vontade de Deus assentar em lugares celestiais.
é salvar a toda a humanidade, Hoje somos feituras de Deus para
contudo a pessoa tem a liberdade as boas obras (Leia Efésios 2.1-
de optar por estar ou não aberta 10). Fomos salvos e salvas para
a esta graça pela fé. Como Paulo abençoar o próximo e sinalizar
escreveu a Timóteo: “Porque isto é o Reino de Deus na sociedade.
bom e agradável diante de Deus Nossa salvação e novo nascimen-
nosso Salvador, que quer que to precisam ser reconhecidos por
todas as pessoas se salvem, e nossas atitudes e valores.
venham ao conhecimento da ver-
dade” (1Timóteo 2.3-4).

NOSSA FÉ EM DEUS 69
é salvo/a ou não, porém podemos
ver os frutos da nova vida na pes-
soa. Reúna com o grupo e com seu
professor ou professora e converse
sobre quais são os frutos de uma
pessoa salva. Assim feito, esforce-
A salvação não é um esforço hu- -se para viver e desenvolver a sal-
mano. Como então o ser humano vação recebida de Deus.
pode ser salvo?
Como a nossa salvação pode in-
fluenciar positivamente as pessoas
e melhorar os relacionamentos?

“Uma pessoa pode ir à igreja


duas vezes por dia, participar da
ceia do Senhor, orar em particu-
Neste estudo, aprendemos que a lar o máximo que puder, assistir
salvação e o novo nascimento são a todos os cultos e ouvir muitos
ações divinas. A parcela que cabe sermões, ler todos os livros que
a nós, por meio da fé e da graça, existem sobre Cristo. Mas ainda
é aceitar, crer e desenvolver a sal- assim tem que nascer de novo.”
vação e a nova vida (Filipenses (John Wesley) #FlâmulaJuvenil
2.12). Ninguém pode afirmar quem #NossaféemDeus

70 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Apresentar o plano divino de Salvação para toda humanidade; pontuar
o significado e importância do Novo Nascimento.

Dinâmica do dia
Material: História sobre um canibal convertido.

Conta-se a respeito de uma tribo de canibais, nas ilhas dos Mares


do Sul, que receberam o evangelho de Cristo e a Ele se converteram.
Certa vez, um destes “canibais” estava assentado perto de um gran-
de caldeirão lendo sua Bíblia, quando um antropólogo, que visitava
aquela área, se aproximou dele e perguntou: “O que você está fazen-
do?”. O nativo respondeu: “Estou lendo a Bíblia.” O antropólogo zom-
bou e disse: “Você não sabia que os homens modernos e civilizados
rejeitaram esse livro? Não passa de um amontoado de mentiras. Você
não deveria desperdiçar o seu tempo com ele”. O canibal olhou-o
de alto a baixo, olhou para o caldeirão, olhou novamente para o
antropólogo e lentamente respondeu: “Senhor, se não fosse por este
livro, o senhor estaria neste caldeirão! Sorte sua que através deste
livro, Deus mudou a minha vida e também o meu apetite.”

Como fazer?
Use a história como quebra-gelo, assim que receber seus alunos e
alunas.

Reflexão:
A história é um exemplo de alguém que abraçou a fé cristã e se deixou
ser transformado por Deus em seu interior. Essa nova vida é gerada
em nós pelo Espírito de Deus que nos transforma em novas criaturas.
A salvação e o novo nascimento nos possibilitam ser novas pessoas.

NOSSA FÉ EM DEUS 71
Passo a Passo
Acolha sua turma e ore com ela. Quebre o gelo com a história proposta
na dinâmica. Construa o conteúdo com seus alunos e alunas, falando
sobre a doutrina da Salvação e do Novo Nascimento. Permita que eles
e elas tirem suas dúvidas. Caso você, professor ou professora, não
souber responder alguma questão específica, consulte seu pastor ou
pastora e depois leve a resposta à turma. Para o/a embasar acerca
deste assunto, selecionamos alguns textos que mostram o pensamen-
to wesleyano.
John Wesley, em seu sermão sobre o Novo Nascimento, explica a ne-
cessidade da salvação mediante o novo nascimento. Ele diz que o ser
humano foi criado à imagem e semelhança de Deus mas, com o pecado,
o ser humano herdou a natureza do diabo em seu coração – a natureza
da rebelião contra Deus e seus princípios. Wesley diz:

“Creio que o novo nascimento seja interior, mudança da impiedade


interna em bondade interior; mudança completa da nossa natureza
mais íntima, da imagem do diabo (na qual nascemos) à imagem
de Deus; mudança do amor da criatura para o amor do Criador;
das afeições terrestres e sensuais para as celestes e santas; numa
palavra, mudança dos sentimentos do espírito de trevas para as
coisas dos anjos nos céus.”

Como Wesley ensinou a Salvação?

“Wesley combina, na sua concepção de salvação, um senso de completa


dependência de Deus com uma completa responsabilidade humana,
e por esses torna inteligível a universalidade do plano redentor de
Deus frente ao número aparentemente limitado dos redimidos. Como
base da relação de dependência e de responsabilidade está a graça
salvadora, capacitando o ser humano a rejeitar ou deixar-se vencer
pela graça de Deus. A humanidade nunca é totalmente destituída
da graça; a graça que ela possui torna a ação imperativa. Wesley
também dá ênfase à impossibilidade de retidão como condição de
justificação e à necessidade de perfeição para a salvação final.
A culpa do pecado, transmitida a toda a humanidade pela queda
de Adão, desaparece na justificação; a depravação do pecado
é superada por um crescimento gradual na santidade, até que a
santificação completa remova o seu poder duradouro. Wesley casa

72 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


a justificação com a santificação, faz da fé a condição de ambas, e
coloca a eternidade como o objetivo para o qual ambas se inovem.”
(BURTNER & CHILES, 1995).

O Novo Nascimento é o início da Vida Espiritual, pois pelo pecado


de um só ser humano (primeiro Adão) caiu o julgamento para con-
denação sobre todos os outros, da mesma maneira que pela retidão
de um só (Cristo, o segundo Adão), todos receberam o dom gratuito
para justificação para vida (1 Coríntios 15.21-22), a qual está ligada
ao novo nascimento que, através da vida de santidade, nos guia à
vida eterna.

O Novo Nascimento é uma mudança da natureza interior

“Alguns falam do Novo Nascimento como coisa exterior, sendo nada


mais do que o batismo; ou, no máximo, mudança de impiedade
externa em bondade exterior, do vício à chamada vida virtuosa. Creio
seja ele interior, mudança da impiedade interna em bondade interior;
mudança completa da nossa natureza mais íntima, da imagem do
diabo (na qual nascemos) à imagem de Deus; mudança do amor da
criatura para o amor do Criador; das afeições terrestres e sensuais
para as celestes e santas; numa palavra, mudança dos sentimentos
do espírito de trevas para as coisas dos anjos nos céus.” (Coletânea
da Teologia de João Wesley. p.131).

O Novo Nascimento é a principal doutrina do Cristianismo

“Se quaisquer doutrinas dentro de todo o sistema do Cristianismo


podem ser chamadas ‘fundamentais’, são sem dúvidas estas duas: a
doutrina da justificação e a do novo nascimento, estando a primeira
relacionada com a grande obra que Deus faz por nós, perdoando os
nossos pecados; a segunda, a grande obra que Deus realiza em nós,
renovando a nossa natureza decaída. Nenhuma destas é anterior
à outra no tempo. Somos no momento justificados pela graça de
Deus através da redenção em Cristo, e somos, também, ‘nascidos
do Espírito’; mas com relação ao pensamento, como é chamado, a
justificação precede ao novo nascimento. Concebemos primeiramente
a retirada da sua ira e então a operação do seu Espírito no nosso
coração”. (Coletânea da Teologia de João Wesley. p.165).

NOSSA FÉ EM DEUS 73
Cremos que qualquer pessoa pode ser salva e que qualquer pessoa
salva pode perder a salvação. Não cremos na predestinação como livre
escolha de Deus que seleciona uns para o céu e outros para o inferno.
Cremos também que a salvação pode ser desenvolvida mediante as dis-
ciplinas espirituais; ou, por outro lado, pode morrer aos poucos através
das práticas do pecado e da injustiça. Após recebermos a salvação e
nascermos de novo, precisamos continuar vigiando nossa vida contra as
inclinações da carne. Seremos homens e mulheres perfeitos somente na
glória de Deus. Somos salvos e salvas, libertos e libertas, mas continua-
mos dependendo unicamente da graça santificadora para permanecer
no caminho da salvação.
Ao encerrar a aula, converse com seus alunos e alunas na seção Fala
aí e aprofunde a discussão com a proposta Na prática. Evidencie na
classe a importância de desenvolvermos e cuidarmos da salvação que
Deus nos deu por sua graça divina.

Baú de ideias
História da Dinâmica, disponível em: https://goo.gl/
E384yo. Acesso em: 18/04/2018.

Sermão nº 01 de John Wesley: A Salvação pela fé.


Disponível em: https://goo.gl/Hq2hjj. Acesso em
18/04/2018.

Sermão nº 45 de John Wesley: O Novo Nascimento.


Disponível em: https://goo.gl/9UQSHp. Acesso em
18/04/2018.

74 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 10

EXERCITAR
O ESPÍRITO!
Texto bíblico: Mateus 26.41 e 1 Coríntios 9.24-27

pedalar, dançar, andar de skate


ou patins, entre outros. Qual é sua
atividade favorita? Há alguma
prática que você tem vontade de
conhecer?
Para a saúde do nosso corpo e
mente, é importante nos exercitar-
mos. Não é diferente com o nosso
espírito. Para termos saúde espi-
ritual, é necessário praticarmos o
que chamamos de disciplinas es-
Não é novidade nenhuma para pirituais. O apóstolo Paulo compa-
nós, que praticar atividades físicas ra a preparação física de um atleta
é essencial para a nossa saúde ou lutador com a prática espiritual.
física e mental. Todo mundo sabe Dessa maneira, estudaremos so-
o quanto é bom fazer alguma bre os meios de graça que nos le-
atividade regular, seja caminhar, vam a desenvolver nosso potencial
correr, treinar algum esporte, prati- espiritual e a crescer no conheci-
car lutas ou artes marciais, nadar, mento do Senhor Jesus.

NOSSA FÉ EM DEUS 75
a carne é fraca”. O Senhor Jesus
orienta à prática da vigilância e
da oração. Duas disciplinas espi-
rituais que nos resguarda de cair-
mos nas tentações. Nosso espírito
humano está sempre pronto, mas
temos limitações em nossa vida
O termo “meios de graça” não física e emocional. Nem sempre
consta na Bíblia. É uma expressão fazemos o que desejamos – Paulo
usada por John Wesley que enxer- relata esta batalha interior em
gava em algumas práticas, meios Romanos 7.18-23.
de se alcançar a graça divina. Os Isso significa que a nossa vida
principais meios de graça na tradi- espiritual não é automática. Se
ção wesleyana são “a oração, seja não nos disciplinarmos, como fa-
secreta ou juntamente com a con- zem os atletas, não conseguiremos
gregação; o estudo das Escrituras ter uma vida constante de oração,
(que compreende a leitura, au- jejum, leitura bíblica e cuidado
dição e meditação delas); e a com o próximo. É nesse contexto
participação da Ceia do Senhor, que está o texto de 1 Coríntios.
comendo o pão e bebendo o vinho Atletas correm para conseguir um
em memória de Cristo”. “prêmio”, buscam alcançar uma
Temos dois textos principais coroa corruptível; nós, porém, a
para esta lição. Em Mateus, o incorruptível.
Senhor Jesus está no Jardim do
Getsêmani, aos pés do Monte das
Oliveiras. É a quinta-feira santa. O
Mestre já havia ceado a Páscoa e
instituído a ceia memorial de sua
morte. Segundo a tradição, essa
ceia ocorreu no cenáculo que fica
no Monte Sião. Após a ceia, Jesus
levou seus discípulos até o jardim
em que costumava orar. Era seu
lugar secreto de oração.
É nesse cenário, que Jesus en- Como vimos, as disciplinas es-
contra, três vezes, seus discípulos pirituais são meios de graça que
dormindo e diz: “Vigiai e orai, para nos auxiliam a viver o plano de
que não entreis em tentação; o es- Deus em todas as áreas de nossa
pírito, na verdade, está pronto, mas vida. Essa prática sempre foi ênfa-
se na tradição wesleyana, desde a marcada pela amplitude, com a in-
sua origem. Mas, como podemos clusão de outras literaturas, desde
desenvolver uma vida devocional que o filtro seja a Palavra de Deus.
e espiritualmente disciplinada? É importante termos em mente
Primeiramente, nossa vida que a nossa espiritualidade pes-
devocional deve ser marcada soal não substitui a igreja. Celebrar
pelo realismo, isto é, não exis- e cultuar a Deus com a nossa comu-
te perfeição, devemos “cair na nidade de fé, ouvir as orientações
real”. Ninguém consegue ter uma e ensinamentos do Senhor dados
vida espiritual sublime e estável. à sua Igreja, participar da Santa
Sempre haverá uma luta interna Ceia, observar as festividades e
para vivermos as disciplinas es- atividades da igreja, nos torna pes-
pirituais. Não é só com você, todo soas conectadas com o Corpo de
mundo vive esse conflito. Porém, Cristo. O avivamento que podemos
é importante entendermos que viver nunca diminui o significado
a disciplina requer fidelidade e nem a dimensão da Igreja e de sua
comprometimento. Não é porque é liturgia (serviço de culto).
difícil que devemos desistir, na ver-
dade temos que lutar para sermos
constantes (2 Tessalonicenses 3.5).
Outro ponto fundamental é que
não podemos basear a nossa vida
espiritual em nossas emoções. Ela
tem que resultar do nosso sentido
de necessidade. Cabe a nós o
esforço para fazer o que é certo,
mesmo quando não há boas emo-
ções. Se permanecemos confian- Diferente do que algumas pes-
tes de que Deus está fazendo sua soas possam entender, a prática
obra em nossas vidas, Ele mesmo da nossa espiritualidade e vida
gerará em nós os sentimentos de devocional não nos torna pessoas
satisfação e alegria. isoladas. Quando nos relaciona-
O alicerce da nossa vida espi- mos com Deus, somos impulsio-
ritual é a Bíblia. Devemos seguir nados/as a compartilhar nossas
suas instruções com respeito a experiências com as outras pes-
todas as coisas, sejam grandes ou soas. Nos inspiramos em outras
pequenas. A Bíblia é a base, mas experiências e podemos orientar
nossa leitura não precisa se limitar o progresso espiritual de outras
a ela. Nossa devocional pode ser pessoas também. É indispensável

NOSSA FÉ EM DEUS 77
vivermos em comunhão e não vi-
vermos sozinhos e sozinhas.
Os meios de graça e as disci-
plinas espirituais não são meros
exercícios espirituais. Sua força
está na comunhão com o Senhor
Jesus. É uma relação de intimi-
dade, amor e convivência com a
Santíssima Trindade. Esta relação
com Deus nos leva a obras de
justiça e misericórdia para com o
próximo. Quanto mais próximos/as
de Deus, mais seremos o braço do
Senhor no mundo.

seja semanal, de maneira que


você consiga cumprir, até que
se torne um hábito. Mas não se
comprometa com o que é distan-
Como é sua vida devocional? te da sua realidade, não comece
Você se esforça para praticar as com o que você não dará conta
disciplinas espirituais? de cumprir.
Para você, qual a relevância da
participação no culto e na Ceia do
Senhor?

“Começa! Designa uma parte de


cada dia para exercícios privados...
Não há outra maneira de viver Quer tenhas prazer nisso ou não,
as disciplinas espirituais, senão estuda e ora diariamente. É para
começando a praticar. Um há- o benefício da tua vida; não há al-
bito só vira hábito por meio da ternativa: de outro modo tu perma-
disciplina e da insistência. Faça necerás frívolo todos os teus dias.”
o compromisso de iniciar alguma (John Wesley) #FlâmulaJuvenil
prática espiritual, seja diária, #NossaféemDeus

78 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Apontar os Meios de Graça que promovem crescimento espiritual.
Destacar para a turma seu papel no fortalecimento da fé cristã e a im-
portância da disciplina pessoal. Afirmar que a negligência em relação a
eles é perigosa para a fé.

Dinâmica do dia
Material: 4 copos descartáveis de 50 ml (copos de cafezinho), 4
copos descartáveis de 200ml, 4 copos de vidro ou outro material re-
sistente, 7 placas de papelão (podem ser substituídos por cadernos
finos ou apostilas), 6 folhas de papel, uma resma de folha de papel
fechada (1 pct fechado de 500 folhas), 1 Bíblia.

Como fazer?
A dinâmica possui bastante detalhes. A dividimos em 6 partes,
caso tenha dificuldade de entender, veja o link sugerido no Baú de
ideias, para o/a ajudar na execução da dinâmica.

1ª parte: Em cada folha de papel escreva uma palavra e cole


nas placas de papelão ou na capa de cadernos ou apostilas:
“PROFISSÃO”; “SONHOS”; “CASAMENTO”; “FAMÍLIA”; “FILHOS”;
“EMOÇÕES E SENTIMENTOS”. Totalizando 6 folhas. Escreva na
7ª folha a palavra “PROBLEMAS” e cole no pacote de 500 folhas
de papel.
2ª parte: Distribua as 6 placas entre alguns alunos e alunas e fique
com o pacote escrito “problemas”. Guarde com você também todos
os copos, se possível, escondidos.
3ª parte: Comece falando com a turma que a nossa vida é como
um prédio, um edifício, cada etapa conquistada é um andar.

NOSSA FÉ EM DEUS 79
Mas, muitas vezes, tentamos construir nosso prédio pelos nossos
próprios esforços. Professor ou professora, nessa hora você irá
posicionar os 4 copos de 50 ml, formando uma base. Peça que os
alunos coloquem por cima da base de copos cada uma das placas
representando os “andares” do prédio.
4ª parte: Peça para que os alunos e as alunas vejam como ficou
o prédio, nesse momento você pega a resma de folhas, mostra o
tamanho dos problemas e joga sobre o prédio, amassando, assim,
a base de copinhos de café. Converse sobre isso com eles e elas.
5ª parte: Reconstrua o prédio, mas agora com uma base mais alta,
usando os copos de 200ml. Proceda da mesma forma, colocando
placa por placa e por cima de tudo, o pacote com os “problemas”.
Também amassando os copos descartáveis. Converse sobre essa
segunda tentativa, sobre nossos esforços.
6ª parte: Fale com a turma sobre a importância da base da nossa vida
ser construída por meio da oração, das disciplinas espirituais e outros
meios de graça. Se concentrarmos nossos esforços em estarmos com o
Senhor, em fortalecermos e exercitarmos nossa vida espiritual, o alicerce
do prédio da nossa vida nunca será fraco como os copos descartáveis.
Posicione, agora, os 4 copos mais resistentes, de vidro ou outro
material. Faça o mesmo com cada “andar” e com os “problemas”.
TENHA CUIDADO COM A SUPERFÍCIE UTILIZADA, POIS OS
COPOS PODEM ESCORREGAR. Dessa vez, o prédio continuará
com o alicerce forte. Por fim, coloque sobre os problemas a Bíblia,
representando a vida ministerial e de serviço a Deus.

Reflexão:
Semelhante a um atleta que exercita seu corpo, nós temos que exer-
citar nos espírito. Ao final de todas as etapas, leve a classe a refletir,
mostrando que quando o alicerce do “nosso prédio” é a vida com
Deus, podem vir os problemas, mas os sonhos, a família, os projetos
continuarão de pé e podemos servir ao Senhor com todo o nosso viver.

Passo a Passo
Para começar a aula, após orar com a classe e ler os textos bíblicos
em destaque, pergunte aos alunos e alunas sobre a prática de esportes

80 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


ou exercícios físicos? Em seguida, dê sequência à leitura da revista do/a
aluno/a. Você pode realizar a Dinâmica do dia no momento em que
achar mais adequado, para começar ou finalizar a aula.
Esta lição também é baseada em um sermão de Wesley (conteúdo
completo indicado no Baú de ideias). Usamos o termo “meio de graça”
por causa do Sermão 16 dele. Essa terminologia não está presente na
Bíblia. Porém, ao escrever esse sermão, John Wesley ensinou que “meios
de graça” são os sinais exteriores, palavras ou ações, ordenados por
Deus, e designados para esse fim, para serem canais ordinários pelos
quais Ele comunica a humanidade a graça preventiva, justificadora e
santificante. Destacamos algumas partes do sermão para entendermos
sua compreensão sobre meio de graça e as Disciplinas Espirituais no
uso desses meios.

Por que o uso da expressão meios de graça?


“Uso a expressão – ‘meios de graça’ – porque não conheço outra melhor
e porque ela tem sido geralmente usada na Igreja Cristã através de
muitas gerações, em particular por nossa própria Igreja, que nos
dirige no louvor de Deus pelos meios de graça e pela esperança da
glória, ensinando-nos também que o sacramento é ‘o sinal exterior de
uma graça interior, e um meio pelo qual recebemos a mesma graça’”.

Quais são os principais meios de graça?


“Os principais desses meios são a oração, seja secreta ou juntamente
com a congregação; o estudo das Escrituras (que compreende a leitura,
audição e meditação delas); e a participação da Ceia do Senhor,
comendo o pão e bebendo o vinho em memória de Cristo: cremos que
tais meios foram ordenados por Deus, como canais ordinários pelos
quais Ele comunica sua graça à alma dos homens”.

Quando os meios de graça se tornam meras práticas religiosas?


Sobre este perigo, John Wesley adverte que os meios de graça se tornam
meras práticas religiosas quando não nos levam ao conhecimento do
amor de Deus, quando estão separados do Espírito Santo, quando são
utilizados como fim de poder em si mesmo, quando utilizados para remir
pecados e quando utilizados para vaidade pessoal. Cristo é o centro de
tudo, Ele é a fonte de toda a graça, por isso as disciplinas espirituais
devem nos levar a Ele e colocá-lo como centro da nossa vida.

NOSSA FÉ EM DEUS 81
Termine a aula estimulando a turma a ter uma vida devocional de
valor com oração e leitura da Bíblia Sagrada (você pode sugerir o uso do
devocionário No Cenáculo ou outros). Também incentive sobre a prática
do culto doméstico somente entre a família, como tempo de intimida-
de familiar. Compartilhe a necessidade de preparação prévia para a
participação da Ceia do Senhor, para que a mesma seja vivida como
um meio de graça e não apenas como um ritual vazio e repetitivo. Na
seção Na prática, enfatize a necessidade de se começar os exercícios
espirituais, até que se torne um hábito de vida!

Baú de ideias
Sermão nº 16 de John Wesley: Os meios de gra-
ça. Disponível em: https://goo.gl/oe5ycv. Acesso em
18/04/2018.

Vídeo: ORAÇÃO “TSD” - DINÂMICA QUEBRA GELO


CÉLULAS #61. Disponível no YouTube, no link: https://
goo.gl/hJ44MY. Acesso em 18/04/2018.

Anotações

82 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 11

SANTIDADE
NESTE MUNDO,
É POSSÍVEL?
Texto bíblico: 1 Pedro 2.1-10

NOSSA FÉ EM DEUS 83
O texto da lição é uma continui-
dade do assunto apresentado no
capítulo anterior, quando Pedro,
escrevendo “aos eleitos”, relembra
Neste estudo, vamos falar so- a graça que os alcançou (1 Pedro
bre santificação. É possível uma 1.1-3). O apóstolo Pedro também
pessoa ser santa neste mundo? afirma que essa graça que possi-
Em sua opinião, como vive uma bilitou nova vida, foi manifestada
pessoa santa? O que você pensa com um propósito: “para uma he-
sobre isso? rança incorruptível... reservada nos
Santificação é uma doutrina céus... para a salvação preparada
bíblica. Precisamos buscar en- para revelar-se no último tempo...
tendê-la, pois ainda há dúvidas obtendo o fim da vossa fé: a salva-
sobre ela. Muitas pessoas têm ção da vossa alma” (1.4-5 e 9).
dificuldades de se verem como Isso significa que o sacrifício
pessoas santas, porque acredi- de Cristo que transformou a vida
tam que esse termo só se destina do povo cristão, reservava ainda
a pessoas especiais demais para a bênção da vida eterna/salva-
Deus, como se não fossem deste ção. Mas, para chegar ao céu
mundo. Por outro lado, outras têm e alcançar essa salvação, era
uma compreensão ainda mais necessário viver a vida terrena de
equivocada e se acham santas, maneira sóbria, em obediência
quando, na verdade, os sinais e rejeitando as antigas paixões.
desta santificação estão muito Essa conduta era o caminho para
longe de sua vida. a santidade (1.13-16).
A maioria dessas pessoas cris-
tãs que Pedro se dirigia era con-
vertida do paganismo. Abraçaram
a fé em Cristo, porém passaram
a sofrer perseguições (4.12-14).
Pedro as convida a reagirem com
outras atitudes, abandonando
toda maldade, dolo (engano), hi- divina. Só o Espírito que é Santo
pocrisia e inveja (2.1). E as exorta a pode nos santificar. A imagem da
encherem suas vidas daquilo que pedra angular (símbolo de Cristo)
edificava e produzia crescimento que dava sustentação a outras pe-
espiritual (2.2-5). Nesta carta de dras e a todo o edifício, nos lembra
Pedro, há lições valiosas sobre ainda nossa dependência de Jesus
o processo de santificação que Cristo – pedra viva. Nós, discípulos
devemos viver e que nos habilita e discípulas de Cristo, casa espiri-
para servirmos a Deus, principal- tual, não realizamos boas obras ou
mente em tempos difíceis. vivemos em santidade por méritos
próprios ou capacidade humana,
mas porque Cristo nos sustenta
com sua graça e amor. Ele é a sus-
tentação de nossa vida santificada,
fé e esperança. Assim como Ele nos
sustenta, nós, como pedras vivas,
devemos sustentar outros irmãos e
irmãs e sinalizar o amor de Deus
ao mundo, ainda que algumas pes-
soas o rejeitem (2.4-8).

Muitas pessoas pensam que o


ato de aceitar a Cristo ou receber
o Batismo já são suficientes à vida
cristã e que não precisam mais
buscar a santificação. Na realida-
de, a santificação deve ser deseja-
da e desenvolvida constantemente
em nossa vida. Como crianças re-
cém-nascidas, devemos querer o
alimento que nos dá o crescimen- A doutrina da santificação ou
to para a salvação. Os termos da perfeição cristã, como também
“criança e leite” fazem alusão ao chamamos, não julga ser algo
novo nascimento e ao alimento es- que elimina todos os pecados da
piritual, que é a Palavra de Deus, pessoa cristã nesse mundo, mas
indispensáveis para o amadureci- conclui que a santidade deve ser
mento na fé. desenvolvida na vida cristã até a
Esse processo de santificação volta de Cristo. Diferente do que
acontece em nossa vida como ação muitas pessoas podem pensar, ser

NOSSA FÉ EM DEUS 85
santo ou santa não é ser uma pes- postura que, antes de Cristo, você
soa alienada (alheia) do mundo. tinha e hoje não tem mais.
Não entendemos a santidade como O que podemos fazer para
uma mera experiência pessoal, permanecer no processo de santi-
mas uma prática que leva também ficação?
a implicações sociais. Assim, a vida
cristã deve nos levar a mudanças
de caráter e também de práticas.
Em Cristo, por intermédio da
conversão, regeneração e novo
nascimento, fomos santificados/
as e inseridos/as na família da fé. Quais frutos de santidade você
Por meio dele, nos tornamos nova tem gerado? Quais frutos pode-
Israel, “raça eleita, sacerdócio real, mos gerar? Wesley afirmou que
nação santa, povo de propriedade não conhecia santidade que não
exclusiva de Deus”. Nós fomos liber- fosse social. Pense, juntamente
tos e libertas do pecado e do mal com seu grupo, em ações a serem
por intermédio de Cristo, e por seu feitas, que revelam as virtudes do
Espírito, capacitados e capacitadas caminho da santificação.
a nos tornar pessoas santas, não
para nos vangloriar, mas para pro-
clamarmos e testemunharmos as
virtudes daquele que nos chamou
“para a sua maravilhosa luz” (v.9).

“O evangelho de Cristo não co-


nhece religião, que não seja reli-
gião social; não conhece santidade,
que não seja santidade social”.
Comente sobre alguma área de (John Wesley) #FlâmulaJuvenil
sua vida que foi santificada, uma #NossaféemDeus

86 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Refletir sobre a doutrina da Santificação. Proporcionar o entendimento do
que é; ressaltar a necessidade e a importância da Santificação na vida
da pessoa cristã e apontar os meios pelos quais ela pode ser alcançada.

Dinâmica do dia
Material: cartaz, canetas, giz, quadro ou lousa.

Como fazer?
Pergunte à classe: “O que é tão importante na sua vida que você
pede por isso a Deus em todas as suas orações?”. Vá anotando
as respostas no quadro ou cartaz, distribuindo as palavras de
forma que o centro do cartaz ou quadro fique vazio. Após anotar
as respostas, escreva no centro “SANTIDADE”. Caso alguém fale
“santidade” durante as respostas, pergunte o motivo que o/a levou
a falar essa palavra.

Reflexão:
Comente sobre o fato de que muitas vezes buscamos coisas que
queremos e julgamos serem importantes para nós, que acabamos
esquecendo de pedir o que mais precisamos: a santificação, que é
essencial para o desenvolvimento de nossa vida com Deus e “sem
a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12.14). Reflita com seus
alunos e alunas se é possível viver essa santidade nos dias atuais.

Passo a Passo
Antes de tudo, antes mesmo de abrir a revista, inicie a aula com a
Dinâmica do dia e depois siga com a seção Para início de conversa.

NOSSA FÉ EM DEUS 87
Faça a ligação entre a reflexão da dinâmica e a introdução da aula, de-
senvolvendo uma conversa com sua turma sobre a vida em santificação
nos dias de hoje. Mostre que é possível sim, viver em santidade, mas
para isso é importante entendermos o que acreditamos a respeito da
santificação ou perfeição cristã. Ore, leia o texto bíblico e dê seguimento
à aula.
Na Bíblia, vemos que Deus é um Deus de santidade e convida o seu
povo para ser santo (1 Pedro 1.15-16). A partir desta afirmação, Pedro es-
creve sobre o caminho da santificação e os deveres dos cristãos e cristãs
como casa espiritual edificada em Cristo, sendo Ele a pedra angular.
Pedro descreve as pessoas cristãs como “pedras que vivem”. Elas, em
toda parte, constituem uma casa espiritual, a Igreja. O apóstolo então
combina outra figura, descrevendo cristãos e cristãs como sacerdotes
que oferecem sacrifícios espirituais nesse “templo vivo”, através de Jesus
Cristo, nosso sumo sacerdote celestial (veja Hebreus 4.14). Pedro, tam-
bém, aconselha aos seus leitores que abandonem a vida de pecado e
passem a viver em santidade alimentando-se do alimento espiritual que
é a Palavra de Deus.

“Há coisas das quais o seguidor de Cristo tem que despojar-se. A


palavra grega neste caso é apothesthai, um vocábulo muito vívido,
que equivale a tirar a roupa que a pessoa veste. Há coisas das quais o
cristão tem que desprender-se, como se desprenderia de roupas sujas
e contaminadas” (BARCLAY, p. 167).

Que coisas são estas? Elas são: maldade (malícia e costumes corrup-
tos do mundo sem Cristo) e dolo (procedimento fraudulento), hipocrisia
(falsidade, dissimulação), inveja (desejo incontido de ter o que é de
outras pessoas) e maledicências (falar mal de quem não está presente,
seja verdade ou não).
Despir-se e desprender-se dessas coisas faz parte do processo con-
tínuo que é a santificação. Por isso, é importante entendermos que a
santificação é um convite constante à vida cristã e não se encerra
com o novo nascimento ou batismo (1 Pedro 2.1-3). O caminho para isso
passa pelo alimento diário da Palavra de Deus e a observância de seus
princípios em nossa vida. O conhecimento e prática da Palavra (Tiago
1.22) nos leva a correções dos vícios e assimilação de novas práticas.
Além disso, a Palavra nos dá princípios para a boa vivência comunitária.

88 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


A santificação não é mera obra humana, mas resultado da ação
Divina em nós (1 Pedro 2.4-8). Isto é ilustrado a partir da bela imagem
presente no texto da figura de Cristo como pedra viva/angular. No mun-
do antigo, era comum colocar nas construções uma Pedra no Ângulo das
fundações, pois isso dava esquadra e firmeza ao conjunto, oferecendo
sustentação às outras pedras do edifício. Assim, como essa pedra, Jesus
é a sustentação da Igreja, e cada cristão e cristã, parte dessa comunida-
de viva, é chamado a viver em amor e santidade.
Num mundo marcado pela autossuficiência e espiritualidade he-
donismo (busca pela própria vontade), essa visão de santificação nos
oferece importantes lições: somos convidados e convidadas a morremos
para nós mesmos e vivermos para Cristo, sua obra e missão; ligados e
ligadas a Ele, a pedra angular, encontramos forças para viver a santida-
de e servi-lo em integridade na igreja e na sociedade.
A comunidade Cristã, dos homens e mulheres identificados com Cristo,
Pedra Vida, é descrita por Pedro como “... raça eleita, sacerdócio real,
nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus...” (v.9). Recebem
esses títulos, antes empregados ao antigo Israel (que rejeitou a Cristo),
porque por meio da nova aliança, que os permitiram professarem a fé
cristã e o batismo, se tornaram o novo Israel de Deus.
O caminho da perfeição cristã, ou seja, da santificação, nos capacita
para exercemos o testemunho real e integral com os pés na terra. Por
meio da obra redentora de Jesus e santificadora do seu Espírito, podemos
mostrar para as pessoas, com nossa vida separada (santa) ao Senhor,
que mesmo aqui no mundo cheio de trevas, podemos experimentar a
“maravilhosa luz” de Jesus! Conclua a aula trabalhando as questões do
bate-papo, e no item Na prática pense com seus alunos e alunas manei-
ras e atitudes para o desenvolvimento de uma vida de santificação.

Baú de ideias
Música: Paulo César Baruk - Até Que Nada Mais Importe.
Disponível em: https://goo.gl/pWsFDN. Acesso em 23/03/18.

Música: Rendido estou - Deigma Marques - Piano e voz.


Disponível em: https://goo.gl/7W1mT2. Acesso em 23/03/18.

Texto: Doutrina da Santificação ou Perfeição Cristã.


Disponível em: https://goo.gl/9ggDMm. Acesso em
23/03/2018.

NOSSA FÉ EM DEUS 89
Estudo 12

VIVER O AMOR
Texto bíblico: 1 João 3.11-18
cação dos verdadeiros filhos e fi-
lhas de Deus. Não exercitar o amor
cristão revela, entre outras coisas,
que quem “não ama permanece
na morte” e “não tem a vida eterna
permanente em si” (vv.14-15).
João faz referência aos primei-
ros ensinos que foram transmitidos
pelo Senhor Jesus (João 13.34 e
15.12). Sua intenção é, não somen-
te exortar ou relembrar as palavras
Você se sente uma pessoa do Mestre, mas conscientizar sobre
amada? Faz com que as pessoas a necessidade de uma nova postu-
ao seu redor também se sintam? ra de vida. Nos versículos anterio-
Compartilhe com o grupo. res, o apóstolo afirma que os filhos
Todas as pessoas necessitam e as filhas de Deus vivem uma nova
de se sentirem amadas. O amor, vida, abandonando antigas práti-
muito mais que sentimento, é força cas contrárias à fé cristã. É preciso,
que renova a vida. Ele é o vínculo portanto, purificar-se de todo peca-
da paz, aproxima as pessoas, se- do, praticar atos de justiça e amar
para as maiores contendas, forta- verdadeiramente (1 João 3.1-10).
lece, anima, encoraja. Mas o amor O apóstolo João sabia que isso
também é um mandamento divino ainda não estava sendo vivenciado
e se torna um critério de identifi- por toda comunidade, aliás muitas
cação dos filhos e filhas de Deus, pessoas eram influenciadas por
como veremos nesta lição. aquilo que recebiam do mundo: o
ódio (v.13). O mundo, representado
pelas pessoas que se opunham a
Cristo e à sua mensagem, também
direcionou sua raiva ao povo cris-
tão. Desde os tempos em que Jesus
caminhou na Terra com os seus
discípulos e discípulas, a persegui-
ção que se fazia a este grupo era
No texto em destaque, o após- muito grande. O Mestre, muitas
tolo João aborda um tema extre- vezes, alertou para o fato de que
mamente importante para o povo todo este ódio alimentado contra
cristão: o amor. Segundo ele, esse os filhos e filhas de Deus já era
é o principal critério para identifi- previsto (João 15.18-21).

NOSSA FÉ EM DEUS 91
Tal perseguição era tão opres- praticado por aqueles e aquelas
sora que Jesus não mandou seus que seguem a Cristo, sinaliza a
discípulos e discípulas exercitarem nova vida que recebemos dele. A
a paciência ou a tolerância, como capacidade de amar, de perdoar,
meios de resistir a este mal, mas de olhar com bons olhos para as
praticarem o amor. Esta é a mes- pessoas que se colocam como ini-
ma recomendação feita pelo após- migas, revela o quanto Deus possui
tolo João, que aprendeu com seu do nosso coração, da nossa vida.
Mestre o que um amor verdadeiro Fechar-se para estas obras, sinali-
é capaz de fazer (Leia 1 João 3.16 za o quanto ainda precisamos ser
e João 3.16). transformados e transformadas
por Deus. Só existe uma maneira
de sinalizar que o amor de Deus
está em nós: amando sinceramen-
te as pessoas, ainda que aquilo
que algumas nos ofereçam seja
ódio. Não podemos devolver o que
delas recebemos, mas devemos
dar o que de Deus já possuímos
gratuitamente: o amor.
A falta de amor nos transfor-
ma em “assassinos” de nossos
Só podemos amar verdadeira- irmãos e irmãs. “Todo aquele que
mente a Deus se também amarmos odeia seu irmão é assassino...”
ao nosso próximo, da mesma for- (v.15). Essa é uma declaração bí-
ma como amamos a nós mesmos/ blica extremamente forte! Vemos
as. Esse amor exigido de nós não o exemplo de Caim que se tornou
é, e jamais deve ser, direcionado a um assassino, movido por inveja,
coisas, bens materiais ou somente por ganância e não por amor.
a pessoas muito próximas e que Ao ver seu irmão Abel receber a
nos fazem bem, mas sim, a Deus e aceitação de Deus, se indignou e,
a todas as criaturas e pessoas que enraivecido, o matou. João adverte
Ele criou. Recusar o amor nos com- para os perigos de alimentarmos
promete como servos e servas de a raiva no coração. O ódio, a
Deus. O que a ausência de amor que o apóstolo se refere, surge
pode gerar? no coração humano após muitos
A falta de amor põe em ques- pensamentos negativos serem ali-
tionamento o quanto “somos de mentados contra outras pessoas.
Deus” ou não. O amor cristão, Ele cresce quando alimentamos

92 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


a ira. Mesmo sem feridas físicas,
podemos “matar” irmãos e irmãs,
quando ferimos com palavras,
quando os/as menosprezamos ou
permitimos padecer necessidades.

É possível viver o amor! Como


fazer isso em lugares hostis e com-
petitivos, como escola, faculdade
ou outros ambientes?
O que você pode fazer, em seu dia
a dia, para diminuir a falta de amor?

Para que a realidade da falta


do amor seja transformada, uma
atitude se faz necessária: a práti- Em vez de ficar esperando re-
ca do perdão. Se não estivermos ceber amor, seja você a primeira
dispostos e dispostas a perdoar pessoa a semeá-lo, a partilhá-lo.
as ofensas recebidas, será difícil Durante a próxima semana, desa-
amar verdadeiramente. fie-se! Veja uma pessoa que se co-
Devemos amar, de maneira in- loca como sua inimiga e faça algo
condicional, a Deus e a todas as por ela que revele amor e carinho.
pessoas, assim como amamos a Compartilhe como foi a experiên-
nós mesmos e mesmas. Esse amor cia, na próxima semana.
deve ser desprovido de interesses
pessoais. Amar a Deus é também
amar as pessoas que se colocam
diante de nós como inimigas. Esse
é um processo que não é fácil, por
isso envolve conversão, mudança.
Viver o mandamento divino do
amor é uma das escolhas mais in- “Com o amor ao próximo o po-
críveis e mais corajosas que uma bre é rico, sem este amor, o rico
pessoa pode fazer! Qual é a sua é pobre.” (Agostinho de Hipona)
escolha? #FlâmulaJuvenil #NossaféemDeus

NOSSA FÉ EM DEUS 93
Aonde chegar
Destacar o amor como mandamento divino e essência da vida cristã.

Dinâmica do dia
Material: Tiras de papel escrito “AMAR É...”, canetas ou lápis para
todos alunos e alunas.

Como fazer?
Distribua as tiras de papel para a turma e peça que completem a
frase “Amar é...” com apenas uma palavra. Recolha os papéis es-
critos e leia cada um, permitindo que seus alunos e alunas reajam
ao que foi escrito.

Reflexão:
Como uma forma de introduzir a aula, reflita com a classe a respei-
to do amor cristão, lembrando que o amor é um mandamento de
Deus, um sinal na vida da pessoa cristã e fruto do Espírito.

Passo a Passo
Recepcione a turma, ore e introduza o assunto com a Dinâmica do dia.
Siga com a leitura do texto bíblico e com a revista do/a aluno/a.
O amor na vida cristã é a essência, é o mais importante, é a razão
de ser da nossa relação com Deus. O apóstolo Paulo, escrevendo aos
Coríntios, afirmou que qualquer sacrifício sem amor não tem proveito
algum, nem sentido, pois é feito sem significado (1Coríntios 13.3).
A salvação que recebemos, é um ato divino motivado pelo amor (João
3.16); a comunhão com Deus só se faz por meio do amor (1João 4.20);
sua exigência em relação a seus servos e servas é que amem (Mateus
22.34-40); e para sermos identificados como discípulos e a discípulas de

94 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Cristo, é preciso haver em nós o amor (João 13.34-35).
O povo cristão é convocado, a espalhar o amor e não o ódio e, se não
fossem vigilantes quanto à isso, seriam tentados a “pagar na mesma
moeda”, ou conforme o apóstolo Paulo dizia, a pagar o mal com o mal
(Romanos 12.17). Isso era tão sério, que João relembra a atitude de Caim,
que não recebeu agravo algum, mas, “...porque suas obras eram más...”
(v.12), ou seja, como constantemente praticava o mal, acabou sendo
levado a algo pior: a assassinar o seu irmão Abel (v.12; Gêneses 4.1-8).
Precisamos perdoar e direcionar o amor para o lugar certo; Deus e os
irmãos e irmãs, e não o mundo. Quando amamos o mundo, valorizamos
muito mais as aparências, os bens materiais, os aplausos, os elogios,
as necessidades próprias, do que as necessidades de nossos irmãos e
irmãs. Quando amamos o mundo, nos falta o amor de Deus como guia
de nossas ações (1João 2.15).
Vemos que o amor é uma escolha, é uma atitude. O amor bíblico não
se expressa por meio de sentimentos. O amor se expressa por meio de
atitudes práticas e corretas. A Bíblia, quando fala do amor cristão (1
Coríntios 13.4-7), apresenta-o como:

Paciente: com capacidade de aceitar as dificuldades e imperfeições;


Benigno: que tem compromisso com o bem e não com o mal;
Não arde em ciúmes: é zeloso, mas não sufoca, inibindo e matando
os sentimentos da outra pessoa. O ciúme (ou zelo) é essencial para a
preservação do amor; seu ardor, no entanto, sufoca e queima;
Não se ufana: não se enche de si mesmo ou da própria vontade;
Não se ensoberbece: não trata com indiferença, com superioridade,
com sentimentos menores de paternalismo e indignidades;
Não se conduz inconvenientemente: não se torna desagradável,
explorador, lascivo, desrespeitador da vontade e das necessidades
da outra pessoa;
Não procura seus próprios interesses: o amor exclui o egoísmo e o
egocentrismo;
Não se exaspera: não se torna violento, usando a força para submeter.
Não há perda da docilidade, gentileza, educação, amabilidade e
afabilidade (cortesia);
Não se ressente do mal: o amor perdoa. Deixa sem vingança a ofensa
recebida;
Não se alegra com a injustiça: não se compraz em depreciar as
pessoas, humilhando-as ou diminuído seu valor, nem no rebaixamento

NOSSA FÉ EM DEUS 95
de sua moral; não aceita a usurpação;
Regozija-se com a verdade: o amor é fiel; não se satisfaz com um
relacionamento feito de meias verdades e mentiras;
Tudo sofre; tudo crê; tudo espera; tudo suporta: o amor dispõe a pessoa
positivamente diante das dificuldades causadas pelo sofrimento,
descrédito, ansiedade e dor. (REVISTA EM MARCHA, 2000, pp. 54-55)

O amor é também sinal de maturidade (1Coríntios 13.8-13), sendo


essencial à vida cristã. Sua presença revela um amadurecimento e
que vivemos a realidade da comunhão com Deus. Já a sua ausência
compromete a Igreja, pois ameaça a liberdade, a justiça, a vida e a
comunhão.
Finalize a aula convidando a turma para um desafio prático: revelar
o amor para alguém difícil, alguém que se coloca como inimiga. Sugira
formas disso acontecer, uma conversa, cartões com mensagens ou
prestando algum serviço, enconrajando para compartilharem essa ex-
periência na próxima semana. Ore para que o amor seja uma realidade
constante no meio da igreja e o sinal do testemunho fora dela.

Baú de ideias
Música: SERIA TÃO BOM - Paulo César Baruk [Vídeo
Lyric]. Disponível no YouTube, no link: https://goo.
gl/2235Ys. Acesso em 30/05/2018.

Música: Perfeito amor – Oficina G3 – O Tempo.


Disponível no YouTube, no link: https://goo.gl/o1797T.
Acesso em 30/05/2018.

Anotações

96 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 13

CREMOS NA IGREJA
Texto bíblico: I Coríntios 12.12-27

parte da Igreja? (Um pouco dos


dois). Na realidade, nós fazemos
parte da Igreja de Cristo e frequen-
tamos uma comunidade de fé, a
qual chamamos de igreja local.
Igreja não é prédio. A Igreja de
Cristo é a comunidade de homens
e mulheres fiéis ao seu Senhor. Um
organismo vivo, que pelo mover do
Espírito é transformada em uma
comunidade de missão e serviço.
Por meio dela, a multiforme sabe-
O que você entende por Igreja? doria de Deus se torna conhecida
Nós vamos a uma igreja ou somos (Efésios 3.10).

NOSSA FÉ EM DEUS 97
O apóstolo, falando sobre a
dinâmica da comunidade de fé,
explica que ela é um corpo e que,
como corpo, possui muitos mem- Muitas pessoas, quando se
bros (1Coríntios 12.12). Paulo já convertem a Jesus e começam a
havia feito essa mesma afirmação frequentar a igreja local, têm difi-
anteriormente, dizendo que toda culdade de viver comunitariamen-
a comunidade é corpo de Cristo e te, de estabelecer diálogos, de dar
templo do seu Espírito (6.15-19). tempo para ouvir pessoas. Muitas
A comunidade é uma só e tem têm dificuldades de se assentar
muitas pessoas. Apesar de se- e receber instrução de outras.
rem muitas e grupos diferentes, Todavia, frequentando a igreja, e
formam uma só comunidade. A por meio da instrução divina, va-
presença e ação de Cristo, no mos aprendendo o que é ser uma
Espírito, tornam a comunidade um comunidade de fé. É essa comum-
corpo específico, o corpo de Cristo. -unidade que vai nos transforman-
Corpo que se origina na atuação do em igreja viva, testemunha do
do Espírito Santo, vivificador dos Evangelho de Cristo.
diversos membros, pois sozinhos A Igreja é uma criação de
ou isolados eles não são nada. Deus. Ele coloca cada membro
Para justificar a comparação, o num determinado lugar e lhe dá
apóstolo Paulo desenvolve a ideia funções e ordens específicas. No
de que, no batismo, Cristo une Corpo, todos os membros têm
todas as pessoas num só corpo. sua importância. Paulo explica:
As diferenças sociais, culturais, o ouvido, porque não é olho, não
políticas, que antes eram motivos pode dizer que não é do corpo. Se
para distanciamento e separação, todo o corpo fosse feito de olho,
agora desaparecem para dar como poderíamos ouvir? (vv.15-
lugar à nova realidade: a partici- 17). Embora diferentes, todos os
pação no corpo de Cristo (12.13). membros são importantes e todos
Esse corpo não é uma ideia, mas têm a sua função específica para
algo concreto. desenvolver.
No Corpo de Cristo, um mem- do corpo agrada a Deus e atrai
bro não pode se isolar ou querer suas bênçãos (Salmo 133).
“viver só para si”. Na Igreja, pre- Nesse corpo, os membros se aju-
cisamos uns dos outros (v.21). dam. Paulo não exige atenção e cui-
Assim como no corpo humano, dado dos membros mais fortes para
criado por Deus, os membros com os mais fracos, mas aponta
vivem em função do todo e todos claramente um cuidado mútuo: um
são interdependentes. Por isso, cuida do outro (1 Coríntios 12.25). Se
nenhum membro pode se isolar um membro do corpo de Cristo tem
na autossuficiência (qualidade de mais habilidades, isso é bom para o
independência), o que contradiz à corpo todo e todos podem se alegrar
essa figura (vv.23-26). Em Corinto, com esse fato, pois vem em benefício
havia um grupo que se julgava do corpo todo. Um membro é fraco?
melhor que as demais pessoas. Tal Isso não é bom para o corpo todo,
entendimento, gerava contendas, que sofrerá e, por isso, se empenha-
provocando divisão, concorrência rá em prol desse membro (v.26).
e destruindo a solidariedade en- Para que possamos ser chama-
tre os irmãos e irmãs (1.11). dos e chamadas de Igreja, não basta
Deus nos colocou numa igreja irmos aos cultos todas as semanas. É
local e nos fez Igreja. Dessa ma- preciso mais que isso; é preciso viver
neira, precisamos valorizar, amar a dinâmica do corpo, com serviço,
e cuidar uns dos outros. A unidade compromisso e unidade.

NOSSA FÉ EM DEUS 99
O que significa para você per-
tencer a uma comunidade de fé?
É normal termos reclamações
quanto à nossa Igreja, porém, o
O corpo ilustra o que é a Igreja que você tem feito para fortalecer
local. A ela pertencem as mais o Corpo de Cristo?
diferentes pessoas, de idades
diferentes, situação econômica
diferente, de experiência de vida e
fé diferente. Não é fácil viver com
quem não é ou não pensa como
nós, contudo, sob a graça de Deus
e o mover do seu Espírito, isso se
torna possível. Quando a Igreja Promovam, para sua igreja local,
caminha unida e num mesmo uma maneira de divulgação do que
propósito, ela segue os passos de foi aprendido neste estudo. Pode ser
Jesus, e por consequência, se tor- um mural ou uma apresentação que
na o que Ele é, e faz o que Ele faz. valorize a importância da existência
Desse modo, a ação de Cristo se da Igreja e da participação como
faz presente por meio de nós. Corpo de Cristo, em uma comunida-
O templo é o espaço onde a de de fé. Comunique ao seu pastor
Igreja se reúne, onde Deus nos ou pastora, caso necessário.
colocou para crescermos e ama-
durecermos. É o local onde nos
encontramos com o amor de Cristo
encarnado em nossos irmãos e
irmãs. É onde Deus nos cura, res-
taura, fortalece, anima, encoraja. É
o lugar onde somos tratados e tra-
tadas, onde somos transformados
e transformadas. É o lugar onde Cremos que a Igreja é o lugar
onde descobrimos que não estamos
descobrimos que não estamos sozi-
sozinhos e sozinhas, para que, des-
nhos e sozinhas. Deus nos deu uma
sa maneira, possamos nos ajudar
comunidade de irmãos e irmãs mutuamente e revelar ao mundo
para nos ajudarmos mutuamente e o amor de Deus. #FlâmulaJuvenil
revelarmos ao mundo o seu amor. #NossaféemDeus

100 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Apresentar a dinâmica da comunidade de fé como Corpo de Cristo;
destacar alguns desafios e a importância de sermos Igreja e de congre-
garmos em uma igreja local.

Dinâmica do dia
Faça após a seção “Na Bíblia”

Material: Folhas de papel e canetas, lápis, canetas hidrocor, lápis


de cor, tesoura, fita adesiva, cola e cartolinas. Desenhe previamen-
te, professor e professora, uma boca, sem que os alunos e alunas
saibam.

Como fazer?
Divida a turma em grupos, se for numerosa. Caso a turma seja pe-
quena, faça a dinâmica individualmente. Cada grupo ou pessoa, vai
receber uma folha de papel e material para desenhar o que for pe-
dido. Distribua ou sorteie o que cada grupo ou pessoa vai desenhar
entre estes itens: 1- cabeça (somente a cabeça com ou sem cabelo,
porém seu olhos, nariz etc.); 2- olhos direito e esquerdo; 3- ouvido
esquerdo; 4- ouvido direito; 5- nariz; 6- pescoço e tronco; 7- perna e
pé direito; 8- perna e pé esquerdo; 9- braço e mão direita; 10- braço
e mão esquerda. É importante que os alunos e alunas desenhem
sem revelar para os outros grupos ou pessoas o seu desenho.
Ao terminarem os desenhos, peça que recortem e tentem mon-
tar, como um quebra-cabeça, o “corpo humano”, usando a fita
adesiva. Não importa se as peças ou membros do corpo tenham
tamanhos diferentes. Porém, no final da montagem estará faltando
uma peça, a boca, já desenhada por você.

NOSSA FÉ EM DEUS 101


Reflexão:
Provavelmente, os alunos e alunas identificarão a falta da boca.
Provoque o pensamento sobre a falta de uma peça do corpo e ini-
cie uma reflexão sobre como faz falta um peça no Corpo de Cristo.
Coloque a boca no quebra-cabeça e afirme que, às vezes, a
peça que falta somos nós. A Igreja só é completa quando todas
as pessoas participam e fazem parte dos seus propósitos. Sem a
boca, o corpo da figura estaria incompleto. Assim é no corpo huma-
no, como também na Igreja, Corpo de Cristo; cada peça tem sua
importância fundamental.

Passo a Passo
Dê início a aula, orando e lendo o texto bíblico. Introduza o assunto no Para
início de conversa. Siga a aula com a revista do/a aluno/a. Sugerimos
que a Dinâmica do dia seja feita após o Na Bíblia, mas você pode realizar
no início ou no momento em que preferir. Prossiga com a aula.
Estamos vivendo momentos difíceis, em que um crescente número de
igrejas se apresentam com as mais diferentes posturas e comportamen-
tos, alguns dos quais, fogem dos princípios bíblicos e contribuem para a
perda de identidade desta comunidade como igreja séria e comprometi-
da com o Reino de Deus e seu evangelho. Cremos ser bom o avanço da
Igreja de Cristo, o problema é que nem todas são comprometidas com a
causa de Cristo.
Existem critérios estabelecidos para sabermos se somos igreja (espa-
ço físico) ou Igreja (templo vivo em movimento). Como uma comunidade
de tradição wesleyana, somos vocacionados e vocacionadas a pensar
a igreja como um proposta diante de muitas outras. Temos uma carac-
terística, uma vivência, uma espiritualidade, uma Missão que é ser uma
comunidade missionária a serviço do povo.
Pertencer a uma comunidade de fé, uma igreja série e comprometi-
da com o Reino, é necessário, pois, por meio dela e das pessoas que
ali também se reúnem, nos aproximamos de Deus, ou melhor dizendo,
suprimos uma das nossas carências humanas, que é a necessidade de,
como criaturas, nos religarmos ao nosso Criador.
Na vida em comunidade, é importante desenvolver atitudes corretas
para com os outros membros, inspiradas no exemplo de Cristo: bonda-

102 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


de, amor, respeito, paciência e, principalmente, percepção de cada ser
humano é diferente, pensa diferente, mas deve ser respeitado na sua
singularidade.
A imagem apresentada pelo apóstolo, da Igreja como corpo de Cristo
(v.27), revela que não é permitido haver divisões dentro da igreja. Isso é
impossível para um organismo vivo; ao contrário disso, somos convoca-
dos e convocadas a “... fazermos o bem a todos, mas principalmente aos
da família da fé.” (Gálatas 6.9-10).
A vida religiosa em torno da igreja é uma consequência da espiri-
tualidade, pois, à medida em que ocorre o encontro consigo mesmo, em
essência, o ser humano sente uma necessidade de se religar a Deus,
fonte de Vida.
Conclua a aula reafirmando a bênção que é viver em comunidade,
sentir-se parte de uma igreja. Tenha um tempo de bate-papo com as
pergunta do Fala aí! e aproveite para perguntar se todos os alunos e
alunas são membros da Igreja. Fale sobre a importância da profissão de
fé e será uma alegria ver a nossa igreja crescer também em número de
membros.
Retome os trabalhos da Dinâmica do dia e cole-os em cartolina.
Oriente aos alunos e alunas a escreverem frases sobre o que eles e
elas aprenderam nesta lição, conforme indicado na seção Na prática.
Exponha o trabalho para a sua igreja local.

Baú de ideias
Vídeo: Precisamos mesmo da Igreja? | Vai na Bíblia.
Disponível no Youtube. https://goo.gl/jFpzc8. Acessado
em 02/05/2018.

Anotações

NOSSA FÉ EM DEUS 103


Estudo 14

A MISSÃO DE
TESTEMUNHAR O
REINO ETERNO
Texto bíblico: Atos 1.6-8

aparecimento. A resposta do Mestre


enfatizou que não seria de forma
humana, política ou nacionalista:
“Não vem o reino de Deus com visí-
vel aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui!
Ou: lá está! Porque o reino de Deus
está dentro de vós” (Lucas 17.20-21).
É isso mesmo??? Dentro de nós?
Se o Reino de Deus está em nós,
compreender o anúncio desse Reino
como missão da Igreja é o nosso
Em certa ocasião, alguns fari- desafio! É preciso crer que na base
seus interrogaram Jesus acerca do da nossa fé está o nosso chamado
seu Reino, sobre quando seria o seu de ir e fazer discípulos e discípulas.
petia: a missão de serem suas
testemunhas mediante o poder do
Espírito Santo (v.8).
Jesus deixou uma ordem aos
seus discípulos e discípulas, para
que dessem prosseguimento à
mesma pregação que o tinha con-
O livro dos Atos é, sem dúvida, denado à morte e que, dali por
uma preciosidade pois narra a diante, abraçassem essa missão
continuação da obra do nosso de anunciar o Reino de Deus,
Senhor e Salvador Jesus Cristo, preparado desde a fundação do
por meio dos seus Apóstolos. O mundo (Mateus 25.34).
Espírito Santo é o guia nessa nova
etapa, concedendo poder e auto-
ridade aos seus servos e servas
para o cumprimento da missão
que tinham pela frente.
Após a ressurreição, Jesus foi
ao encontro dos seus apóstolos e
continuou a lhes ensinar sobre o
Reino de Deus (Atos 1.3), o qual
tem como fundamento a graça e
a verdade que vieram por meio de
Jesus Cristo (João 1.17); e que não Jesus disse que os discípulos e
é comida e nem bebida, mas justi- as discípulas receberiam poder ao
ça, paz e alegria no Espírito Santo descer sobre eles o Espírito Santo.
(Romanos 14.17). O anúncio desse A prova de que isso aconteceu é
Reino era o alicerce do seu ensino. que aceitaram o desafio, deixando
Ainda assim, os discípulos e de olhar para as alturas, voltaram
discípulas de Jesus, esperavam logo para Jerusalém, onde, dias
esse mesmo reino terreno e po- depois, com a experiência de
lítico, por isso lhe perguntaram Pentecostes, venceram o medo e
quando se daria a restauração de saíram a pregar (Atos 2).
Israel (Atos 1.6). Apesar da falta O chamado para o cumprimen-
de compreensão por parte deles, to da missão, feito aos primeiros
Jesus lhes informa que saber sobre discípulos e discípulas, é o chama-
“tempos ou épocas” não competia do de toda a Igreja. Anteriormente,
aos discípulos e discípulas. Então, o Senhor Jesus já havia ordenado:
apresenta o que de fato lhes com- “Ide por todo o mundo e pregai

NOSSA FÉ EM DEUS 105


o evangelho a toda criatura” 2. Judéia: no passado, a Judéia
(Marcos 16.15). Esta ordem de Jesus era a região que cobria a tribo de
desafia a Igreja a sair de si mesma Judá da qual fazia parte Jerusalém.
e se envolver no trabalho de Deus e Era o primeiro limite geográfico de
do seu Reino. quem saía de Jerusalém. Isso nos
É disso que precisamos: a mostra que a Missão não se resume
exemplo da atitude dos apóstolos, ao nosso bairro ou cidade. Existem
é necessário reconhecer que não desafios que temos que assumir em
podemos cultuar a Deus somente conjunto com outras igrejas locais
dentro do templo, mas é preciso sair numa afirmação concreta de que
e ir para junto do povo. Não existe fazemos parte da Igreja do Senhor.
igreja longe do povo! Assim, dar Podemos fazer isso apoiando o tra-
lugar para o Espírito Santo significa balho de uma instituição de outra
receber dele a capacitação para igreja, colaborando no sustento de
ser testemunha de Jesus Cristo e um missionário ou missionária re-
do seu Reino em Jerusalém, Judéia, gional, contribuindo com o trabalho
Samaria e confins da terra. de um ponto missionário, mesmo
Como a Igreja Primitiva avançou que não sejam de “nossa” igreja
em direção aos alvos definidos para local. Para atender os desafios de
a expansão missionária, proposto toda a “Judéia”, são necessárias a
por Jesus, nós também podemos colaboração e integração entre as
avançar! igrejas locais.
3. Samaria: Samaria, como
1. Jerusalém: nossa Jerusalém é Galiléia, apresentava um limite além
o primeiro limite missionário em que de Judá. Mesmo que discriminada
está inserida nossa igreja local. É o pelo povo judeu, Samaria estava
nosso bairro ou vila, onde moramos no território de Israel. Assim pode-
e estudamos. É aquele lugar em que mos entender a “nossa Samaria”,
as pessoas nos conhecem muito como nossas igrejas e missões mais
bem e podem conferir, pela convi- distantes. Podemos não ir até elas,
vência, o efeito do evangelho em mas é possível pesquisar e conhecer
nossa vida. Se somos pessoas ho- um pouco mais sobre onde nossos
nestas e justas em nossas relações, missionários e missionárias têm
se somos verdadeiras no falar e se ido para anunciar o Reino de Deus.
demonstramos amor às pessoas. Por exemplo, o trabalho feito entre
As pessoas perto de nós precisam nosso povo indígena. Como igreja
sentir o amor e usufruir do serviço local, podemos acompanhar o tra-
que o Espírito Santo nos impulsiona balho destes obreiros e obreiras,
a realizar. conhecê-los e podemos ainda, pro-

106 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


curar reunir recursos para atender povo crente: ir e fazer discípulos e
às necessidades. Isso é participar discípulas!
da missão.
4. Os confins da terra: esta
dimensão significou para a Igreja
Primitiva a chegada do evangelho à
Síria, Galácia, Grécia e Roma. Esse
avanço representa as missões inter-
nacionais. Um mover do Espírito que Quais são os diferentes meios
empurrava a igreja para novas fron- que temos para realizar a missão?
teiras, assim como em nossos dias. Como podemos praticá-los, anun-
ciando o Reino de Deus?

Em uma cartolina, desenhem um


esquema em círculos ou como um
mapa, identificando o que represen-
ta sua Jerusalém, sua Judeia e sua
O mover do Espírito na Igreja
Samaria. Façam um cartaz bem bo-
de Atos nos desafia a abraçarmos
nito para expor na igreja ou na sua
a missão de Deus. Se, como igreja
classe, a fim de, constantemente,
local, não estivermos disponíveis
lembrá-los/as do compromisso de
e cheios/as do zelo missionário,
testemunhar o Reino de Deus para
poderemos nos tornar uma velha
além da sua igreja local.
instituição religiosa que contempla
a história da salvação ocorrer, sem
dela participar efetivamente.
O Espírito de Deus continua cha-
mando e capacitando mulheres e
homens para o cumprimento de sua
missão. Precisamos nos envolver
nessa obra, participando, com ale- O anúncio do Reino de Deus é
gria, do privilégio de servir a Deus e missão da Igreja; é nossa principal
sempre nos lembrar de que na base função como discípulos e discí-
da nossa fé está a certeza do comis- pulas de Cristo. #FlâmulaJuvenil
sionamento feito por Jesus a todo #NossaféemDeus

NOSSA FÉ EM DEUS 107


Aonde chegar
Destacar o anúncio do Reino como tarefa da Igreja e sua principal mis-
são; perceber que a unção e direção do Espírito Santo é indispensável
no cumprimento da missão.

Dinâmica do dia
Faça no final da aula

Material: Cartolina, lápis, borrachas e canetas.

Como fazer?
Em uma cartolina, oriente o grupo de juvenis a desenharem um
esquema em círculos ou como um mapa, identificando o que re-
presenta sua Jerusalém (no círculo central), sua Judéia (compreen-
dendo o segundo círculo) e sua Samaria (no círculo maior). Como
por exemplo:

Reflexão:
Esta atividade está indicada também na seção Na prática. Leve
seus alunos e alunas a identificarem os lugares próximos até os
mais distantes em que eles e elas devem testemunhar o Reino de
Deus. Com o cartaz pronto, exponha o trabalho a fim de ser um
lembrete do compromisso com o anúncio do Reino.

108 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Passo a Passo
Comece a aula normalmente, introduzindo o assunto da lição, orando
e lendo o texto indicado para a lição. Esta lição aborda o anúncio do
Reino como missão da Igreja. Se você entender que é necessário, defina
“missão” para seu alunos e alunas, fazendo o uso de dicionários e per-
mita que a classe dê seus conceitos sobre a palavra. Pontue que a Igreja
tem uma missão, a de alcançar vidas para o Reino de Deus, por meio do
testemunho (anúncio).
Nos últimos versos de Mateus 28, Jesus entrega uma missão, deixando
sucessores e sucessoras na tarefa de anunciar o Reino, com a autoridade
conquistada na cruz. Ele também promete que estaria sempre presente,
até a consumação dos séculos – promessa essa confirmada em Atos 1.
A presença de Jesus é garantida pela descida do Espírito Santo. Esta
presença não só consola, mas dá poder para testemunhar (Atos 1.8).
Aqui vemos uma estratégia para cumprir a missão: ser testemunha, na
unção e autoridade do Senhor e na inspiração do Espírito Santo.
Jesus já havia dito que o Espírito Santo, o Consolador, guiaria os dis-
cípulos e discípulas a toda verdade (João 15.13). É Ele quem convence
“do pecado, da justiça e do juízo” (João 15.8). A tarefa da Igreja então,
através de seus discípulos e discípulas, é testemunhar o amor, o poder
e a graça de Deus. O mesmo Espírito que dá poder para testemunhar
é o que opera no coração das pessoas, levando-as a se renderem ao
senhorio de Cristo.
A missão se desdobra em aspectos pessoais, locais e se espalha “até
os confins da terra”. A citação dos locais, em Atos, revela que a missão
tem um aspecto geográfico, mas não se limita a ele. Ela se refere a alcan-
çar todas as etnias, todos os povos e nações, até aquelas consideradas
impuras ou desprezíveis, como era o caso de Samaria. É nossa tarefa
fazer discípulos e discípulas para Jesus, sem acepção de pessoas, por
todos os lugares onde o Senhor nos enviar.
Resumindo os aspectos do mandado de Jesus e a missão da Igreja,
devemos considerar que:

ƒƒ A missão de Deus é estabelecer seu Reino, alcançando as pessoas


de todos os povos línguas e nações para a salvação em Cristo Jesus, e
a Igreja é sua cooperadora nesta missão. Aquele e aquela que já acei-
tou Jesus como Senhor e Salvador tem dele o comissionamento para
fazer discípulos e discípulas, ampliando o alcance do Reino de Deus.

NOSSA FÉ EM DEUS 109


ƒƒ Esta missão só pode ser feita na dependência e sob a direção do
Espírito Santo. Ele nos dá poder para testemunhar e opera no coração
das pessoas convencendo da necessidade da salvação.
ƒƒ O anúncio deve ser feito a todas as pessoas, sem distinção de raça,
posição social ou outra distinção qualquer, em todos os lugares, usan-
do os meios possíveis e uma linguagem que as alcance.
ƒƒ O amor deve ser a maior motivação da Igreja para avançar missio-
nariamente.
ƒƒ O Senhor está conosco até a consumação dos séculos e também
até esta consumação a missão precisa ser desenvolvida.

Caminhe para o fim da aula com o bate-papo Fala aí! e desenvolva


a atividade Na prática, explicada na Dinâmica do dia. Afirme a impor-
tância de cada aluno e aluna se enxergar como parte desta missão, se
comprometendo com o anúncio do Reino eterno.

Baú de ideias
Vídeo: Programa Mais um Pouco #025 - Escola
Dominical e Missão. Disponível no YouTube, no link:
https://goo.gl/dGpGEy. Acesso em 30/05/2018.

Vídeo: Programa Mais Um Pouco - Missão e Escola


Dominical (Aula 11). Disponível no YouTube, no link:
https://goo.gl/yqzVpe. Acesso em 30/05/2018.

Anotações

110 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 15

JESUS VOLTARÁ?
Texto bíblico: Mateus 24.15-44

fala sobre esse assunto, mas nem


tudo é verdade. Algumas coisas
são interpretações equivocadas
(enganadas), por esse fato, pode
nos gerar pavor.
Quando falamos da nossa fé
em Jesus Cristo, uma pergunta
sempre está presente: Quando
Ele voltará? Para nós cristãos e
cristãs, essa é uma pergunta bem
importante, pois ela também está
Você já assistiu a algum filme na base da nossa fé: Jesus Cristo
sobre o fim dos tempos ou à volta voltará! Ele nos fez essa promessa,
de Cristo? Fala sério, é sempre a qual é para encher nosso cora-
assustador, né?! Muita coisa se ção de esperança e não de medo.

NOSSA FÉ EM DEUS 111


Vejamos os seguintes textos:
Mateus 24.36-44; Marcos 13.14-
37; Lucas 12.35-40 e Atos 1.11.
Quando observamos um mesmo
tema sendo trabalhado nos ou-
tros evangelhos, tal fato nos mos-
tra que o assunto foi bastante
Para o povo cristão do primeiro importante para aquelas comuni-
século, a volta de Jesus era imi- dades, tal como é para nós, nos
nente; isto é, acreditavam que Ele dias de hoje.
iria retornar rapidamente, ainda O texto de Mateus 24.36-44
naquele período histórico. É impor- aconteceu após a saída de Jesus
tante sabermos isso, pois devemos do templo de Jerusalém (24.1),
ler os textos bíblicos que tratam quando os seus discípulos fala-
este assunto, sob essa perspectiva. vam das belezas daquele lugar.
Se não fizermos assim, podemos Jesus, então, começou a dizer
cometer erros de interpretação ou sobre várias coisas e dentre elas,
não entender bem o que o texto o assunto do texto que estamos
realmente quer dizer. estudando.
Quando falamos de evangelho, Ao fazer isso, Jesus fala sobre
falamos de escritos por volta de a destruição do templo que ocor-
65/67d.C. Isso nos mostra que as reria em 70d.C., quando houve o
pessoas cristãs daquele tempo, já conflito com o Império Romano.
estavam esperando o retorno de Nesse período, Antíoco Epífanes,
Jesus a pelo menos uns 30 anos. profanou o templo de Jerusalém,
E há quanto tempo nós o estamos colocando uma estátua de Zeus
esperando, desde que Ele prome- (deus grego) em seu espaço san-
teu voltar? Faça as contas! to. O ato foi considerado, pelos
Ao lermos um texto bíblico que judeus, uma enorme afronta
se encontra em um evangelho, e “abominação” pois ao fazer
precisamos conferir se a mesma isso, esse líder violou a regra
história está narrada em outro. O da pureza judaica; colocando
motivo para fazermos isso é per- uma estátua (ídolo) dentro do
cebermos como os evangelistas lugar mais sagrado – templo de
trabalharam o tema em suas co- Jerusalém! Esse é o “abominável
munidades. Quando fazemos esse da desolação”, que nos fala o
exercício, descobrimos o quão texto (Mateus 24.15; Marcos 13.14
importante é um assunto! e Lucas 21.20-24).
como acontecerá a volta de Cristo.
Imaginamos como ocorrerá, se os
animais vão ou não; se haverá
raios, trovões e terremotos; se nos-
sos corpos sumirão subitamente
e só ficarão as roupas; se vamos
conseguir ouvir as trombetas etc.
Todos esses elementos fazem
parte desse tema e do que se fala
sobre ele. Para muitas coisas, não
A vinda do Senhor é certa! O temos a revelação do Senhor, por
auxílio de Deus em nossa vida, em agora conhecemos em parte (1
nossos dilemas e problemas, em Coríntios 13.9). É preciso ter cuida-
nossos momentos de sofrimento e do com o que se escuta, pedindo
dor, é certo. Não há uma hora espe- discernimento ao Senhor para
cífica e nem uma data marcada no não se deixar levar por revelações
calendário, pois o socorro pode vir humanas e, na maioria das vezes,
repentinamente. Para aquele povo, irresponsáveis.
essa palavra gerou esperança. Mais importante do que sa-
Enquanto se espera pelo retorno bermos como vai acontecer, é
de Cristo, é de grande importância compreendermos como devemos
manter uma vida santificada e em viver, para podermos então nos
paz, cultivando bom relaciona- encontrar com Cristo. Mais impor-
mento com as pessoas ao nosso tante do que a forma é o motivo:
redor e também com Deus. Essa para que Jesus vai voltar? O que
espera não é de braços cruzados, isso implica em nossa vida? Por
não é uma espera passiva. É tem- que isso faz parte de nossa fé?
po de praticar o amor, a exortação, A nossa fé se alimenta de pro-
o consolo, a benignidade (genti- messas: das que já se cumpriram
leza), a alegria, a oração, a grati- e das que irão se realizar. Passado
dão e os dons do Espírito. É dessa e futuro, o que Deus já fez e ainda
forma que uma pessoa se mantém fará, certeza e esperança. Como
conservada, íntegra e irrepreen- viver, enquanto ainda esperamos,
sível para a vinda do Senhor (1 é de suma importância. Que essa
Tessalonicenses 5.23). palavra também gere em nós
Como somos pessoas curiosas, esperança e a certeza de que, no
normalmente queremos saber tempo certo, Deus agirá!

NOSSA FÉ EM DEUS 113


Como será a volta de Cristo, nós
não sabemos, mas cremos que Ele
virá. Pouco se fala sobre isso, em
nossos dias. Qual tal fazermos uma
Falar do retorno de Cristo nos
revolução de esperança nas redes
traz esperanças de que nossa sociais?! Compartilhe o que você
vida não se limita aqui. Jesus vol- aprendeu nesta lição, sobre a impor-
tará para buscar sua Igreja para tância de aguardarmos a promessa
que viva a Plenitude de Cristo. do retorno do Senhor, mas com pala-
Não precisamos ficar com medo vras de esperança (e não de medo!).
e nem com ansiedade de quando Sugerimos, também, a canção
ou como acontecerá. Há misté- “Maranata” do ministério Avivah.
rios que não pertencem a nós...
O centro da esperança cristã é
a expectativa de ser recebido na
plena comunhão com Deus. Quem
morre ou vive em Jesus, terá um
futuro com Ele! Música: Maranata – Ministério Avivah.
Disponível em: https://goo.gl/nVLBKt.

O que a espera pela volta de


Jesus deve gerar em nós, além da
esperança? Viva, hoje, o seu melhor para
O que é mais importante en- Jesus, na esperança de que ama-
quanto se espera pelo cumprimen- nhã Ele voltará. #FlâmulaJuvenil
to de uma promessa? #NossaféemDeus

114 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Discorrer sobre a promessa da volta de Jesus. Abordar com os juvenis
que mais importante que o “quando” e o “como” será, nós devemos nos
atentar em nossa espera, fazendo com que a esperança pela volta de
Jesus encha os nossos corações, tirando o medo.

Dinâmica do dia
Material: Quadro/lousa e giz ou caneta.

Como fazer?
Divida a turma em grupos ou trios e faça as seguintes perguntas:
“Quais são seus pensamentos acerca do fim dos tempos?”; “Quais
são suas maiores preocupações ou maiores medos?”. Oriente os
grupos a, primeiramente, conversarem entre si. Após 3 minutos,
peça que uma pessoa de cada grupo ou trio expresse seus pensa-
mentos e preocupações em comum. Anote as considerações.

Reflexão:
Provavelmente muitos dos pensamentos e das preocupações po-
derão ser esclarecidos durante a aula. Retome as anotações do
quadro no momento final, concluindo de acordo com o que foi es-
tudado na lição. Se alguma questão ainda permanecer, responda
conforme suas possibilidades, em conformidade com o conteúdo
da revista.

Inicie a aula com a Dinâmica do dia, ouvindo aos alunos e alunas


sobre seus pensamentos sobre o fim dos tempos: quem pensa nisso,
como será, se existe medo a respeito deste fato. Como está no Para início

NOSSA FÉ EM DEUS 115


de conversa, veja se alguém já assistiu a filmes sobre o assunto. A partir
dos comentários, pontue que a volta do Senhor Jesus é uma das bases
da fé cristã, porém não tem dia e hora marcados. Cremos e esperamos
pelo cumprimento desta promessa.
Faça uma leitura prévia dos textos dos outros evangelhos sinóticos so-
bre a vinda de Cristo: Marcos 13.14-37, Lucas 12.35-40 e Atos 1.11. Observe
as semelhanças e destaque informações adicionais para compartilhar
com a classe, se achar necessário. Há outros textos de apoio: 1Coríntios
15.23; 1Tessalonicenses 1.10; 2.19; 3.13; 4.13 a 5.3; 2Tessalonicenses 2.1;
8 e 19; e Tiago 5.8.
A comunidade de Mateus encontra no evangelho uma resposta pas-
toral e de fé para os desafios que marcam o seu cotidiano. Perceber
isso é importante para entender o evangelho e, também, a realidade da
comunidade. Primeiramente, devemos destacar que “o fim do mundo” é
uma eterna preocupação do ser humano, e que se torna mais forte em
tempos de crise. Isso era o que acontecia com a comunidade de Mateus.
Em nome da fé cristã, eles enfrentavam um conflito muito grande com as
autoridades religiosas da região em que viviam. Deste modo, surge uma
expectativa muito grande em relação ao final do mundo.
Frente a essa preocupação, o evangelho organiza a história de Jesus
para orientar e fortalecer a fé da comunidade. Nessa mesma direção,
encontra-se o capítulo 24, que vem preparando os discípulos e discípulas
para viver os tempos difíceis sem perder a fé.
Jesus encontra-se no Monte das Oliveiras, depois de sair do Templo,
onde, numa última visita, proferiu palavras de juízo contra os fariseus e
Jerusalém. Os discípulos se aproximam e indagam sobre o tempo dos
acontecimentos previstos e os sinais da sua vinda, ou volta.

“A resposta de Jesus começa alertando contra as seduções dos discípulos


por meio de acontecimentos que parecem indicar a proximidade do fim.
Contudo, o fim ainda não terá chegado. Todos esses sinais serão apenas
precursores do juízo vindouro. A história de fato conhece uma série de
acontecimentos ocorridos antes da queda de Israel, porque os levantes,
os abalos, as carestias e epidemias que Jesus aponta aqui, de modo
algum foram tão insignificantes antes da destruição de Jerusalém... as
afirmações de Jesus se cumpriram – e se realizarão sempre de novo,
quando novas condenações assolarão a terra. Sempre se levantarão
falsos profetas e falsos messias para iludir as pessoas com uma série
de palavras e promessas grandiosas, para projetar ‘paraísos’ por meio

116 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


de programas e atos magníficos de poder. As massas serão arrastadas
de um sucesso a outro. O ódio contra a comunidade de Jesus será
reacendido, a incredulidade se intensificará e o amor esfriará de muitos.
O egoísmo celebrará triunfos, um após outro! Nessa situação vale para
a comunidade a instrução de ‘perseverar e esperar’. Fé que persevera é
fé máxima” (RIENECKER, 1993, p.391).

Jesus não discorre sobre o tempo específico (chronos), mas sobre os


sinais que aparecerão através dos acontecimentos, e sobre a necessi-
dade de perseverança e paciência, também de vigilância e prudência.
Muitas de suas predições já aconteceram, mas “ainda não é o fim”. No
entanto, é preciso ficar atento aos sinais, sabendo que ninguém sabe o
dia e a hora da volta de Cristo, senão o Pai (Mateus 24.36).

“Como Jesus deixa claro nos versos 42-44, os seus discípulos precisam
estar preparados para o inesperado; não devem ser como o pai de
família roubado que deixou que a sua vida fosse assaltada porque não
se dera conta de que os ladrões não avisam de antemão a hora da sua
chegada! Sobretudo, como a subsequente parábola do servo fiel e do
infiel mostra, os que foram colocados em posições de responsabilidade
especial... devem estar tão constante e fielmente ocupados com o seu
trabalho que, quando Ele voltar, os ache prestando o serviço a seu Senhor,
‘alimentando’ os membros da sua família...” (TASKER, 1982, p. 181).

Cada filho e filha de Deus deve, então, como servo/a prudente, zelar pelas
coisas do Reino, pela própria vivência em fé e amor, para receber o Senhor.
Encerre a aula reafirmando que pensar na volta de Cristo é relembrar a
importância e necessidade de permanecermos pacientes e perseverantes
na fé, agindo com prudência e em vigilância. Se assim vivermos, não preci-
saremos ter medo do que virá, basta nos mantermos fiéis ao nosso Senhor e
ao seu mandado, proclamando o Evangelho, vivendo em santidade.
Conduza o bate-papo do Fala aí! e incentive a atividade na prática.
Retome as anotações feitas na dinâmica proposta e responda as per-
guntas que permanacerem. Sugerimos uma canção para o momento de
oração final.

Baú de ideias
Música: Maranata – Ministério Avivah. Disponível
no YouTube, no link: https://goo.gl/nVLBKt. Acesso em

NOSSA FÉ EM DEUS 117


Estudo 16

DEUS FALA POR


SONHOS E VISÕES?
Texto bíblico: Daniel 2.1-6; 17-19; 26-28; 31-49

Sonhar é quando o inconsciente


consegue se comunicar com o
consciente. Esta comunicação tam-
bém está presente na Bíblia. Mas o
que acreditamos sobre os sonhos e
visões? No meio cristão, este é um
assunto muito comentado, e tam-
bém polêmico e confuso. Na base
da nossa fé, está a certeza de que
Deus fala com seus servos e servas
por muitos meios, mas será que
Todo mundo sonha, mas nem Deus ainda usa os sonhos e visões
sempre nos recordamos do sonho. nos dias de hoje?
fato do povo de Deus não precisar
necessariamente de intérpretes
para seus sonhos e visões, pois
Ele mesmo revelava o conteúdo.
Outro detalhe relevante é o fato
de que, em ambos os casos, a in-
terpretação dos sonhos não tinha
Ao analisar as narrativas como fonte a sabedoria humana,
bíblicas, podemos ver que os so- mas a de Deus (Gênesis 40.8;
nhos e visões aparecem como um Daniel 2.17-20).
dos meios da revelação de Deus. O capítulo 2 do livro de Daniel
Desde os tempos passados, Deus traz a interpretação de um sonho
se comunicava com seu povo “de do rei pagão Nabucodonosor que
várias maneiras” (Hebreus 1.1). exigiu que esta fosse feita sem
No judaísmo, no mundo grego e que o conteúdo do sonho fosse re-
no Oriente Antigo, de modo ge- velado e mostra a fragilidade dos
ral, entendia-se que os sonhos encantamentos e feitiçarias dos
continham recados de Deus. intérpretes profissionais. Daniel
O primeiro registro de alguém pede misericórdia ao Deus dos
que recebeu um sonho de Deus céus e Ele o revela o mistério em
na Bíblia, é o de Abimeleque, um uma visão. Deus é glorificado
rei pagão que estava decidido a como aquele que revela mistérios
tomar Sara por sua mulher. Para indecifráveis (inexplicáveis) aos
impedi-lo de cometer um grave seres humanos.
erro e assim, preservar a Sara, mu- No Novo Testamento, sonhos e
lher de Abraão, Deus usou o sonho visões se encontram no ambien-
para alertar o rei (Gênesis 20.1-7). te da missão e proclamação do
Um dado importante é que os evangelho de Jesus Cristo, muito
dois únicos intérpretes de sonhos embora as visões ganhem des-
na Bíblia foram usados para taque a partir do Livro de Atos
interpretar sonhos de pessoas dos Apóstolos. Nele, as visões e
que não faziam parte do povo os sonhos se apresentam como
de Deus: no caso de José com instrumentos de orientação e
o copeiro, o padeiro e o Faraó ânimo para a Igreja: Ananias
(Gênesis 40-41) e Daniel com o (Atos 9.10), Cornélio e Pedro (Atos
rei Nabucodonosor (Daniel 2). 10.3,17,19), Pedro (Atos 11.5;
Este detalhe talvez aponte para o 12.9), Paulo (Atos 16.9-10; 18.9).

NOSSA FÉ EM DEUS 119


mesmo que bem intencionadas,
podem falar do próprio coração
com a intenção de aliviar o sofri-
mento alheio. Devemos atentar
ao fato de que nem todos os so-
nhos e visões podem ser consi-
derados como uma revelação de
Deus. E não se esqueça: tudo o
que vem de Deus não acontece
no ambiente da confusão, mas
Diante da realidade limitada do discernimento que vem do
do ser humano e o poder ilimitado Espírito Santo.
de Deus, devemos ficar atentos e Devemos considerar ainda
atentas em relação aos sonhos e que sonhos e visões, mesmo
visões. As Escrituras alertam so- que vindos de Deus, não são um
bre isso, como em Deuteronômio mapa do futuro; Deus não é um
13.1-3. Neste caso, o sonhador vidente. Da mesma forma que
desvia o povo do mandamento di- precisamos buscar a revelação
vino. O profeta Jeremias também do significado, precisamos bus-
alerta que existem visões que car direção para agir em relação
procedem do coração humano e ao que foi revelado e a quem. Os
não de Deus (Jeremias 23.16). próprios exemplos bíblicos nos
A advertência contra falsas mostram que, para cada caso,
visões e sonhos é muito apropria- há um propósito revelado e uma
da nos dias atuais, quando, por atitude esperada e orientada por
vezes, se busca de forma insana Deus na direção do propósito.
saber ou controlar o futuro, e Na busca para saber qual a
isso é reforçado pelo ambiente verdadeira “fonte” do sonho ou vi-
de misticismo criado em muitas são e o que fazer com eles, preci-
situações e lugares. Não é raro samos pontuar alguns cuidados:
as pessoas procurarem quem de- 1) não se deve organizar a vida
cifre sonhos, depois de um sonho pautado em um sonho ou visão; 2)
que despertou a curiosidade ou não transformar um sonho e visão
causou sentimentos confusos. em doutrina; 3) sonhos e visões
Por outro lado, pessoas mal in- devem ser sempre coerentes com
tencionadas podem se aproveitar a Palavra de Deus; 4) procurar
da fragilidade das pessoas para o propósito dos sonhos e visões
manipulá-las. Outras ainda, para missão de Deus na Terra.

120 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Você se lembra de algum sonho
que te marcou? Compartilhe com
o grupo algum sonho especial ou
A crença em sonhos e visões esquisito que já teve.
não é doutrina, mas está na base E quantas experiências com
da nossa fé. Deus pode se valer de sonhos ou visões se confirmaram
sonhos e visões para falar conos- como revelações de Deus?
co. Cremos que estes são recursos
que Deus usa para manifestar a
sua vontade, porém cremos tam-
bém que muita confusão é feita a
partir deste assunto.
Diariamente, ouvimos relatos
Procurem alguma pessoa de
de pessoas que sonham e contem-
sua igreja local que teve uma expe-
plam visões que parecem realmen-
riência significativa de receber um
te com a revelação de Deus, assim
direcionamento ou revelação de
como há relatos que se parecem
Deus, por meio do sonho ou visão,
com confusões mentais, fruto de
seja para sua própria vida ou para
preocupações, conflitos emocio-
a igreja. Tenham um encontro com
nais ou até de uma refeição pesa-
essa pessoa e ouçam a sua história.
da feita na noite anterior (hehehe).
A oração e o conhecimento da
Bíblia são ótimas ferramentas
para nos ajudar no discernimento
do que vem do Senhor.

“Derramarei o meu Espírito so-


bre toda a carne, e vossos filhos e
vossas filhas profetizarão, os vos-
sos velhos terão sonhos, os vossos
jovens terão visões.” (Joel 2.28)
#FlâmulaJuvenil #NossaféemDeus

NOSSA FÉ EM DEUS 121


30/05/2018.
Aonde chegar
Refletir sobre o tema dos sonhos e visões na Bíblia como um meio de
revelação de Deus. Destacar os cuidados em relação a esse tipo de reve-
lação no meio cristão e sua relação com a missão de Deus.

Dinâmica do dia
Material: Caixa de papelão, folhas de papel cortadas ao meio,
canetas ou lápis.

Como fazer?
Distribua folhas e canetas para todos os alunos e alunas. Explique
que vocês farão um jogo de descontração. Peça que cada pessoa
escreva no papel algum sonho que já teve, pode ser divertido,
louco, confuso ou tenebroso, mas não assine o nome. Após todos
escreverem os sonhos, coloque dentro da caixa para misturá-los.
Em seguida, passe a caixa de mão em mão. Cada aluno ou aluna
deverá retirar um papel, ler em voz alta o sonho e tentará adivinhar
quem teve aquele sonho, com apenas duas tentativas.

Reflexão:
A ideia é quebrar o gelo e movimentar a classe. Assim que o jogo
de descobrir de quem é o sono finalizar, introduza o assunto da
aula, falando com a turma que sonhos podem ser, às vezes, muito
esquisitos, mas também podem ser muito sérios. Será que Deus
fala conosco por meio de sonhos? O que seus alunos e alunas pen-
sam sobre isso?

Passo a Passo
O tema dessa aula é bem curioso e pode ser que muitos alunos e alunas

122 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


queiram falar, contar experiências etc. Permita sempre a participação da
classe, mas conduza a aula, a fim de que os objetivos sejam alcançados.
Ao recepcionar a turma, faça a Dinâmica do dia e, em seguida, leia os
versículos bíblicos indicados, dando sequência à aula.
A primeira ocorrência de um sonho entre o povo da Aliança se deu
com o patriarca Jacó (Gênesis 28.10-16). No livro de Jó, encontra-se uma
declaração de Eliú que revela a crença de sonhos e visões como reve-
lação de Deus (Jó 33.14-18). Esta revelação de Deus por meio de sonhos
e visões, no Antigo Testamento está, na maioria das vezes, ligada ao
ambiente da profecia (Números 12.6). Já o livro de Eclesiastes fala dos
sonhos com uma postura pessimista (Eclesiastes 5.3,7).
O termo halôm, do hebraico – “sonho”, ocorre cerca de 65 vezes no
Antigo Testamento. Os sonhos na Bíblia podem ser divididos em três ca-
tegorias: a) Sonho comum: algo que se dissolve facilmente (Jó 714; 20.8;
Salmo 73.20; Eclesiastes 5.3; Isaías 29.7). b) Sonhos falsos (Jeremias
23.25,32; 27.9-10; 29.8; Zacarias 10.2). c) Sonhos que vêm da parte de
Deus para dirigir seu povo, a fim de viver o seu propósito. No Novo
Testamento, o termo onar, do grego – “visão” no estado em que a pessoa
dorme, ocorre 6 vezes, apenas no Evangelho de Mateus.
O nome técnico para interpretação de sonhos é oniromancia. Alguém
que se dedique a tal atividade recebe o nome de “onirócrita”. Na história
bíblica, só aparecem dois homens que interpretaram sonhos, que foram
José e Daniel. A interpretação dos sonhos, geralmente, era uma tarefa
para especialistas que haviam sido instruídos na literatura disponível na
época, sobre sonhos.
Acreditava-se que através da magia, um sonho ruim poderia ser tor-
nado em sonho bom ou mesmo ter o seu efeito cancelado através de fei-
tiço contrário. Existem informações de interpretação de sonhos no Egito
e na Mesopotâmia. Também é conhecido que os egípcios e babilônicos
compilavam livros sobre sonhos e suas respectivas interpretações. No
caso dos intérpretes na Bíblia, não consultaram nenhuma literatura, mas
sim a Deus.
O termo hãzon, do hebraico – “visão”, ocorre cerca de 34 vezes no
Antigo Testamento, se referindo às visões que Deus traz aos profetas. No
Novo Testamento, o termo horama, do grego – “visão”, ocorre 12 vezes,
sendo 11 vezes no livro dos Atos dos Apóstolos.
É de real relevância trazer uma orientação baseada no cuidado com
os sonhos e visões, e estimular os alunos e alunas a orarem a Deus sem-
pre que tiverem alguma experiência, pedindo discernimento a Ele para

NOSSA FÉ EM DEUS 123


entender os seus propósitos, não com interesses pessoais, mas também
para missão de Deus, tendo em mente que “Deus não é de confusão,
e sim de paz...” (1Corintios 14.33). E como o Senhor fala ao profeta:
“Invoca-me, e responder-te-ei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas,
que não sabes” (Jeremias 33.3).
Professor e professora, convide alguém da igreja que tenha alguma
experiência significativa com sonhos ou visões para compartilhar com
sua classe, como sugerido no Na prática. Obviamente, esse assunto
deve ser tratado com responsabilidade. Tenha um tempo de conversa
e de oração com seus alunos e alunas, para que o povo de Deus esteja
atento e com ouvidos e olhos abertos para o que Deus quer revelar, como
na profecia de Joel: “os vossos jovens terão visões”!

Baú de ideias
Texto: A leitura apocaliptica da história no livro de
Daniel – Perspectivas. Disponível em: https://bit.ly/2M-
qFar1. Acesso em 30/05/2018.

Texto: O sonho de Jacó (Gênesis 28.12). Disponível em:


https://bit.ly/2JPiG1m. Acesso 30/05/2018.

Anotações

124 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 17

VIDA DE
MORDOMIA
Texto bíblico: Romanos 8.18-25

contrário! Mordomia não é moleza,


é serviço! Imagine a figura de um
mordomo que vemos nos filmes. O
que um mordomo é e faz? Ele é um
servo com grandes responsabilida-
des na casa. Ele administra e cuida
de uma casa que não é dele.
Essa é uma das figuras usadas
na Bíblia para nos ensinar a cuidar
do que Deus tem colocado em nos-
sas mãos. A mordomia é parte das
Ao pensar em “mordomia”, o que nossas responsabilidades cristãs
você lembra? No contexto popular e, mais do que isso, um sinal do
brasileiro, entendemos “mordomia” nosso amor e reconhecimento a
como regalia, privilégio. Mas no Deus, que tudo nos concede: vida,
contexto bíblico, a mordomia cristã bens, saúde, trabalho e o privilégio
não tem nada a ver com isso, pelo de servir em sua casa.

NOSSA FÉ EM DEUS 125


Haverá “novos céus e nova terra”
(Apocalipse 21.1).
O apóstolo Paulo mostra, es-
pecialmente no versículo 19, que
toda a criação aguarda, espera a
manifestação dos filhos e filhas de
Deus. Que manifestação é essa?
Podemos citar como exemplos A manifestação dos filhos e das
de mordomos na Bíblia, o servo de filhas de Deus, é essa transforma-
Abraão, Eliezer (Gênesis 24.1-4) e ção que alcança a obra criada com
José, na casa de Potifar (Gênesis libertação, mudanças de hábitos e
39.1-6). Jesus também usa a expres- cuidado com tudo o que o Criador
são ao explicar a parábola do servo confiou a nós.
vigilante (Lucas 12.35-40), chaman- Em linhas gerais, o exercício da
do de bem-aventurado o servo que mordomia se estende a todos os
for encontrado fiel e prudente como aspectos da nossa vida e da na-
mordomo. Na exata definição da tureza, pois tudo pertence a Deus
palavra, mordomo é um administra- (Salmo 24.1): nossa vida, nossos
dor de um bem alheio. Assim, tudo bens e finanças, nossos dons e
o que temos, recebemos de Deus. talentos, o tempo, a família, as
O que temos, pertence a Ele e dele amizades, a natureza criada e as
somos mordomos (administradores pessoas que passam pela nossa
e administradoras). vida. E de todas estas coisas, pres-
O texto de Romanos, no capítulo taremos contas a Deus.
8, fala do pecado e a morte que ele
traz ao corpo. Em razão do peca-
do, o corpo está destinado à morte
física e é instrumento de morte
espiritual, mas o Espírito é vida e
poder de ressurreição. No Espírito,
com uma nova vida, podemos ser
livres da morte. Por sermos parte
da natureza, nosso pecado trouxe
sofrimento e morte não apenas
sobre nós mesmos/as, mas sobre
todo o mundo criado. Assim, no Precisamos pautar nossas vidas
dia em que formos transformados e ações reconhecendo que tudo é
e transformadas, a criação parti- do Senhor, Ele é o legítimo dono
cipará da nossa transformação. de tudo que temos. Temos que
nos empenhar para saber os pro- dutos eletrônicos, pilhas e baterias
pósitos de Deus a fim de usarmos etc, têm gerado dores à criação,
adequadamente os bens, os talen- a qual geme e chora, esperando,
tos e os recursos que possuímos, ardentemente, que os filhos e as fi-
entendendo que tudo o que Deus lhas de Deus façam alguma coisa!
coloca à nossa disposição, é para Por isso, precisamos agir nessa
cumprir a nossa missão na Terra, direção, cuidando do que está ao
de espalhar o amor de Deus e a nosso redor, consumindo com res-
boa notícia do Evangelho. ponsabilidade e também nos en-
Por isso, não é diferente com volvendo em ações de preservação
a natureza e os recursos naturais da natureza e conscientização da
que Deus nos deu. É muito incoe- sociedade sobre esse tema impor-
rente falarmos de santidade, de tante. Cuidar do meio ambiente é
perdão, de crescimento espiritual, nosso dever.
nos envolvermos em ministérios na
igreja, mas não nos importarmos
com o impacto do nosso consumo
e dos nossos hábitos, diante da
obra criada do Senhor. Nossa ge-
ração está marcada pela cultura
do consumo desenfreado, que é
alimentada por uma economia de
mercado que produz superficiali-
dade de pensamentos, sentimen-
tos e relações humanas. O que tem Mordomia também tem a ver com
prevalecido como valor na socie- o sustento da casa do Senhor atra-
dade é a capacidade de acumular vés dos nossos dízimos e ofertas.
coisas para si, e não o valor que o Nossos bens são recursos que Deus
ser humano possui pelo que é. confiou a nós. Não podemos ser ne-
Isso tem gerado forte individua- gligentes com a Palavra e seus en-
lismo na sociedade e consequen- sinos. Precisamos honrar ao Senhor
temente, falta de solidariedade, de com nossos bens (Provérbios 3.9),
interesse pelo bem alheio e desca- pois aprendemos que Deus ama a
so para com a vida humana e com quem dá com alegria (2Coríntios
a natureza. Nosso descaso com a 9.7). Além disso, o compromisso
quantidade de lixo produzido, de com a comunidade não se restringe
plástico usado e descartado, a fal- apenas às finanças; temos um du-
ta de consciência no consumo de plo compromisso: com Deus e com o
água, de energia elétrica, de pro- próximo. A Deus devemos dar honra

NOSSA FÉ EM DEUS 127


e primazia, mas nossos irmãos e preocupados/as com a produção
irmãs devem encontrar em nós auxí- do nosso lixo, a longo prazo, fare-
lio para os momentos de necessida- mos uma grande diferença. Você
de (Mateus 25.31-36; Gálatas 6.10; pode, por exemplo, criar o hábito
Efésios 4.28). de não utilizar descartáveis desne-
A mordomia cristã precisa ser um cessariamente, como copos, talhe-
exercício de serviço na produção da res, sacolas e canudos de plástico.
vida e do Reino de Deus entre nós. Veja os exemplos que disponibili-
Para uma mordomia saudável, preci- zamos e divulgue essa ideia!
samos examinar como temos admi-
nistrado todos os recursos que Deus
nos deu, com a responsabilidade de
usá-los para a glória de Deus e para
o crescimento da missão.

Vídeo: Lixo Zero - Canal “Menos


um lixo”.
Disponível em: https://goo.gl/iA7fsh

Que atitudes práticas têm sina-


lizado nossa mordomia cristã, de
acordo com o que vimos nesta lição?
O que temos feito para cuidar
do que Deus criou? Vídeo: Kit Menos 1 lixo – Canal
“Menos um lixo”.
Disponível em: https://goo.gl/BjTjU7

Falando de Mordomia cristã,


não podemos deixar de pensar no
cuidado com a natureza. Uma das
maneiras mais eficazes de come- “Nossa tarefa deveria ser nos
çarmos a cuidar da natureza e a libertarmos... aumentando o nosso
fazermos a nossa parte de forma círculo de compaixão para envol-
que afete positivamente o meio ver todas as criaturas viventes,
ambiente é: repensar o nosso con- toda a natureza e sua beleza.”
sumo, reduzindo o lixo. Quando (Albert Einstein) #FlâmulaJuvenil
repensamos o nosso consumo, #NossaféemDeus

128 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Apresentar a doutrina da Mordomia Cristã que visa o cuidado com todos
os bens e recursos que Deus confiou a nós. A mordomia engloba muitas
esferas, mas daremos destaque ao cuidado com a criação, uma vez que
é dela que a maior parte dos nossos recursos vem.

Dinâmica do dia
Material: Informações¹ sobre a realidade do consumo e da produ-
ção de lixo no Brasil e no planeta Terra.

Você sabia que...

1) 25 milhões de toneladas de lixo vão para o mar todos os anos?


2) em 2030, o lixo do mundo será 70% maior do que é hoje?
3) eletrônicos e aparelhos tecnológicos jogados no lixo fazem com
que toneladas de materiais preciosos como prata, ouro, cobre, alu-
mínio, cobalto, manganês, lítio, entre outros minerias reutilizáveis,
sejam descartados e queimados todos os anos?
4) 1 bilhão de canudinhos de plástico são descartados todos os
dias no mundo? Se enfileirados, essa quantidade equivale a 5
voltas no planeta Terra!
5) 90% das aves marinhas já engoliram ou foram sufocadas por
plástico?
6) 1 a cada 3 tartarugas marinhas já engoliram canudos ou plásti-
cos no mar?
7) O Brasil equivale a 3% da população mundial, porém somos
responsáveis por 5,5% da produção de lixo no mundo?
8) somente 13% do lixo brasileiro é reciclado, graças a 1 milhão de
catadores, os quais ainda são discriminados?

NOSSA FÉ EM DEUS 129


9) O descarte de resíduos tem crescido grosseiramente mais rápido
do que a população? De 1991 a 2000 a população cresceu 15,6%
enquanto o lixo cresceu 49%.
10) é estimado que em 2050 haverá mais plástico no mar do que
peixes?

Como fazer?
Faça a leitura das curiosidades enfatizando o absurdo de tais
informações. Você pode envolver os alunos e alunas, colocan-
do-os para lerem os itens do “Você sabia?” e incentivado-os a
comentarem sobre os dados apresentados. Caso queira ilus-
trar mais ainda, mostre fotos para a classe ou veja algumas
das matérias disponíveis nos sites consultados e descritos no
Baú de ideias.

Reflexão:
Mexa com sua classe, mostrando que apesar de maior informação
acerca dos cuidados com o meio ambiente etc., a conscientização
ainda é mínima. As pessoas simplesmente não percebem que em
pouco tempo nosso planeta estará inabitável, por causa do nosso
consumo desenfreado. Já passou da hora de repensarmos nossos
comportamentos, reduzir o consumo, reutilizar o quer pudermos e
reciclarmos os materiais. Ações simples podem ser adotadas a fim
de mudar as coisas ao nosso redor. Na seção Na prática, no final
da aula, dê continuidade a esta reflexão.

Passo a Passo
Para dar início a aula, receba seus alunos e alunas, ore com eles e
elas, leia o texto bíblico e e faça a Dinâmica do dia. Após isso, siga
com a aula, na revista do/a aluno/a. O texto que apresentamos aqui,
foi retirado de uma reflexão de Nelson Bomilcar – “Mordomia cristã
(cuidando do que é de Deus)”. A publicação na íntegra, está indicada
no Baú de ideias.
Um dos conceitos básicos da fé cristã é que somos responsáveis por
zelar e cuidar da vida que Deus nos concedeu. (...) Ele é um Pai amoroso
que tem prazer em nos compartilhar “toda boa dádiva”. Temos que cui-
dar e zelar como mordomos:

130 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


a. Pela criação. (...) Somos instrumentos cruciais de preservação e de
cuidado com a natureza e com o ser humano. É uma tremenda respon-
sabilidade e privilégio sermos mordomos da criação.
ƒƒ Deus diz à humanidade na narrativa da criação que “sujeite a terra,
cultive e a conserve”, assumindo sua administração e respondendo
por ela diante dele. Ser mordomo é cuidar da propriedade para a ou-
tra pessoa. Não tem direitos legais sobre ela, mas está encarregado
dela e responsável diante do proprietário.
ƒƒ Nosso ambiente é a matéria prima para a nossa prosperidade, mas
não é um tesouro ilimitado. Estamos à nossa própria custa e desco-
brindo por causa de sociedades industriais altamente complexas que
as futuras gerações enfrentarão a perspectiva de um mundo falido e
exaurido. Nossa geração levará parte desta culpa por agir irresponsa-
velmente e de maneira egoísta com os recursos naturais do mundo. (...)

b. Pelo nosso corpo. Somos responsáveis pelo corpo que recebemos


de Deus, habitação do seu Espírito. Cuidando dos agentes externos que
vimos acima, somos muitas vezes negligentes com nosso corpo quan-
do não o exercitamos e não controlamos nossa alimentação, tanto em
qualidade como em quantidade. Isto também é pecado, mas parece
que somos tolerantes neste aspecto. Tratar de disfunções orgânicas,
por exemplo, faz parte do cuidado desejável, como também a busca por
uma melhor qualidade de vida. Lazer e descanso é fundamental. Tempo
sabático tem sido negligenciado pelos cristãos e pela igreja, que se en-
volveu num ativismo desgastante.
c. Por nossa mente e coração. Paulo escreveu em Romanos 12.1-2
que somos responsáveis em abastecer nossas mentes e corações com a
Palavra de Deus. O cultivo da espiritualidade não pode ser negligencia-
da. O salmista recomenda a disciplina da leitura e meditação (Salmo 1);
precisamos buscar conhecimento e cultura, reflexões cristãs sobre todos
os assuntos da vida, caminhos saudáveis para cultivarmos nossa mente
e a mente de Cristo que está em nós (1 Coríntios 2). (...)
d. Por nossos relacionamentos. Toda a nossa vida é relacional. (...)
Temos que buscar entendimento numa vida mais reta e justa, convivência
pacífica, tolerância, exercício do amor, perdão, compaixão e comunhão,
e todas as dimensões da mutualidade cristã, que prevê até a dinâmica
com nossos inimigos ou que fazem mal a nós (orar e abençoar os que nos
amaldiçoam, retribuindo o mal com o bem etc.). Cuidado com uma vida
comunitária bíblica e saudável é importantíssimo também neste item.

NOSSA FÉ EM DEUS 131


e. Por nosso dinheiro. O princípio correto é que “o dinheiro não é nos-
so, mas de Deus” (tudo o que somos e temos é dele). Ele provê o sustento
necessário por sua fidelidade e cuidado, não só para nossa manutenção
digna, mas para abençoarmos a outros e até a prosperidade deve ser
entendida neste prisma (veremos no estudo 19).
Dízimos e ofertas são respostas de obediência, compromisso e amor
a Deus, que trazem os recursos necessários para o sustento da obra de
Deus, seja na igreja local, em missões, obras sociais e que contribuem
para a expansão do Reino de Deus. Dar e repartir é investir com Deus,
ato contínuo de sacrifício, generosidade, sensibilidade e liberalidade
que deve ser praticado com alegria. (...)
f. Por nossos sonhos e projetos profissionais. Deus nos chamou como
mordomos, para servir a Ele e ao próximo. Dentro deste prisma, nossa voca-
ção, chamado e trabalho, habilidades e dons, foram dados por Deus para o
coletivo e bem comum, para testemunho de Sua existência e presença, para
a manifestação de sua glória (1 Coríntios 10.31; Colossenses 3.17).

A mordomia cristã é uma doutrina abrangente no que diz respeito


à nossa responsabilidade como administradores/as dos recursos que
Deus nos confiou. Converse com a turma no Fala aí! e retome a reflexão
a respeito do consumo, pensando em ações aplicáveis com seus alunos
e alunas na seção Na prática.

Baú de ideias
Texto: Mordomia cristã (cuidando do que é de Deus). Publicado
por Nelson Bomilcar, no site Caminhos do Coração, disponível
no link: https://bit.ly/2LPJM9b. Acessso em 14/06/2018.

Texto: Mordomia cristã a boa gestão de tudo o que Deus nos dá.
Disponível no link: https://bit.ly/2JVlyg8. Acesso em 14/06/2018.

Vídeo: Lixo zero – 9 trocas inteligentes. Disponível no YouTube,


no link: https://goo.gl/AuKVqc. Acesso em 02/06/2018.

¹Informações retiradas dos sites El País e Revista Planeta.


Acesso em 14/06/2018. Disponíveis nos respectivos links:
El País: https://bit.ly/2t7qlk8.
Revista Planeta: https://bit.ly/2JQXtnD.

132 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 18

CREMOS NO
DEUS QUE FAZ
MILAGRES!
Texto bíblico: Marcos 5.25-34

há quem utiliza truques e mentiras


também. Mas você já testemunhou
algum milagre de verdade em
sua vida ou na vida de alguém?
Compartilhe com o grupo.
Milagre é definido como algo
que não se pode explicar por meio
de causas naturais, porque é exclu-
sivamente obra de Deus. Além de
manifestar o poder divino e a gran-
deza de sua misericórdia, os mila-
Quem acredita em milagre? É gres que encontramos na Bíblia têm
bem verdade que muita gente usa sempre o que nos ensinar. Vamos
os milagres como forma de pro- entender um pouco mais sobre o
moção de imagem, e infelizmente, que acreditamos acerca de milagre!

NOSSA FÉ EM DEUS 133


ditavam que as doenças eram
uma maldição, e quem a pos-
suía era vista como uma pessoa
“amaldiçoada”.
Por conta dessa condição de
“imundície e maldição”, se uma
pessoa nesse estado tocasse ou-
O texto da lição mostra um tra, esta também ficaria “imunda
milagre muito especial que al- e amaldiçoada”. Se a “impureza”
cançou a vida de uma mulher da mulher era transmissível, por
que sofria há muitos anos. Ser que não seria também a graça
mulher na época de Jesus sig- de Deus contagiante através das
nificava lidar com uma série de vestes de Jesus? O Filho de Deus
preconceitos, alguns ligados à transpirava vida; e para Ele a
condição de “ser mulher”. Ela vida era mais importante do que
tinha uma hemorragia constante as leis. Doze anos de sofrimento
que estava além de qualquer se desfizeram em poucos segun-
ajuda; buscou o socorro em vá- dos, pois logo que o tocou, a
rios médicos, sofrendo com os hemorragia estancou e seu corpo
limitados tratamentos. Mesmo foi curado.
investindo seus recursos a situa- Aquela mulher, que conhecia
ção se agravava. a fama de Jesus, acreditou que se
A lei de Moisés era rígida apenas tocasse em sua roupa, fi-
quanto a essa condição: a mu- caria curada. A fé desta mulher a
lher era considerada imunda levou a romper com as estruturas
(Levítico 15.25-27). O estado de de seu tempo. Ousou não apenas
“imunda” era tido como “con- estar no meio da multidão, mas
tagioso”, assim, ela tinha que tocar nas vestes de Jesus. Ao
viver longe do convívio social. ser curada, tudo o que ela ouviu
A lei também era clara quanto acerca de Jesus se tornou verda-
à constatação de sua “pureza” de e sua intenção em tocá-lo se
(Levítico 15.28-30), exigindo do fez realidade. Ao invés de Cristo
sacerdote a verificação e ofere- se tornar impuro, a mulher foi
cimento de oferta e holocausto. purificada.
Não apenas lhe era proibido Alguma coisa aconteceu tam-
frequentar o templo (Pátio das bém em Jesus; Ele “reconheceu
Mulheres), como estava excluída imediatamente que dele saíra po-
da sociedade. Para completar, der”. Por isso, perguntou: “Quem
naquele tempo as pessoas acre- me tocou nas vestes?”. A pergunta
parece estranha, tanto que os
discípulos não entenderam. Ora,
Jesus era apertado de todos os
lados pela multidão. No entanto,
alguma coisa no toque daquela
mulher trouxe consequências
tanto para si mesma quanto para
Jesus. Ela estava curada. Ainda
assim, a restauração da mulher
não estava completa.
Era necessário, diante daquela Os milagres de Jesus, presentes
sociedade, afirmar publicamente no Novo Testamento, nos ensinam
a cura daquela mulher. Ela, en- muitas coisas. Vemos que eles sem-
tão, se apresentou e confessou, pre evidenciam que o Reino de Deus
trêmula de medo, o que fizera chegou. Eles são sinais que apon-
tam para Cristo como Filho de Deus.
(v.33). Seu medo era justificado,
Milagre é dom da fé. Essa fé, que
pois ela não sabia qual seria a
leva à ação, revela a participação
reação da multidão em saber que humana junto à graça de Deus. Não
uma mulher tocou publicamente crer na existência do milagre é não
em um homem; e ainda por cima crer na ação divina, porém o critério
doente, impura, amaldiçoada. de discernimento para nossa práti-
Ao relatar toda a verdade, ca não é o milagre, e sim o amor.
pode ouvir de Jesus: “Filha, a tua Embora o milagre seja algo ex-
fé te salvou; vai-te em paz e fica traordinário e maravilhoso na vida
livre do teu mal”. Finalmente, de quem o recebe ou contempla,
a mulher ficou livre do mal que existe muita incredulidade ou des-
a aprisionou por tantos anos. confiança acerca dele. Uma das ra-
Agora, ela tinha novamente a zões é o fato de que muitas igrejas
fazem publicidade com os milagres
paz; era possível reconstruir sua
ou com quem “irá realizá-los”. Em
vida. A salvação integral se esta-
algumas delas, os milagres não
belecera e ela podia se reintegrar parecem testemunhos para edifi-
na sociedade; simbolicamente, car a fé ou glorificar a Deus, mas
estava restabelecida a relação sim, um meio de promover a igreja,
com Deus e com o próximo. A exaltar o/a líder e atrair pessoas.
frase clássica dos relatos de O que nós cremos sobre os mi-
cura nos evangelhos, “a tua fé te lagres é que eles são sinais que
salvou”, evidencia que a mulher demonstram o poder unicamente
participou em sua restauração. divino. Por meio deles, é reafirma-

NOSSA FÉ EM DEUS 135


do que “Jesus Cristo, ontem e hoje,
é o mesmo e o será para sempre”
(Hebreus 13.8). Quando um milagre
ocorre, a pessoa alcançada por
essa graça, não somente é restaura-
da, mas sua vida é reintegrada, de
alguma forma, e o crescimento pes- Quais são os milagres que mais
soal e o aprendizado são uns dos valorizamos? Como nossa igreja
resultados, para a glória de Deus. local lida com os milagres?

Ouçam a canção “Maravilhosa


graça” - de Geraldo Guimarães.
Reflitam na letra e façam um
momento de oração com o grupo,
intercedendo por quem necessita
Milagre é compreendido nor- ser alcançado/a por um milagre
malmente como uma intervenção do Senhor.
sobrenatural de Deus na ordem
natural do universo; no entanto,
milagre é mais do que isto: é um
sinal da misericórdia de Deus, de
que em Jesus Cristo, no Espírito, o
Reino de Deus chegou. Música: Maravilhosa Graça –
Entre crer em milagres e no Geraldo Guimarães.
Deus que está conosco, mesmo Disponível no link: https://goo.gl/VGPD4w
quando o milagre não acontece,
há grande diferença! É bom lem-
brar que, nos evangelhos, quem
exigia milagres eram os religiosos
(Mateus 12.38-39; 16.1-4), que não
se convertiam a Cristo e à verda-
de do evangelho. Cremos no Deus
que fez e faz milagres, mas temos “Só há duas maneiras de viver
sempre em vista que o maior de a vida: a primeira é vivê-la como
todos os milagres já aconteceu: se os milagres não existissem. A
Deus entre nós, nossa redenção. segunda é vivê-la como se tudo
Melhor que contemplar seus mila- fosse milagre.” (Albert Einstein)
gres, é caminhar e viver com Ele! #FlâmulaJuvenil #NossafémeDeus

136 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Abordar o tema milagres na perspectiva bíblica, destacando que o mila-
gre é a manifestação do poder de Deus na vida humana e traz consigo o
propósito de sinalizar a obra salvífica de Deus em Cristo Jesus.

Dinâmica do dia
Faça no final da aula

Material: Post-it ou folhetos, canetas, mural (se necessário), alfine-


tes ou fita adesiva e um papel color set marrom, cortado em forma
de tronco de árvore.

Como fazer?
Prenda o “tronco da árvore” no mural ou cole na parede. Distribua
post-it ou folhetos para a classe e solicite que os alunos e alunas
escrevam algum motivo de oração ou alguma pessoa que necessita
de um milagre da parte de Deus. Durante um momento de oração,
peça que cada pessoa prenda ou cole os papéis escritos formando
a folhagem de uma árvore.

Reflexão:
Esta será a árvore da oração, durante algumas semanas ou o tem-
po em que acharem necessário, permaneçam em oração pelas ne-
cessidades expostas nesta árvore. Reforce a nossa fé no Deus que
faz milagres, entendendo que como uma árvore cresce, a nossa fé
e as experiências com Deus também poderão crescer. É importante
salientar que, ainda que as coisas não ocorram da maneira em
que pedimos ou projetamos, o tempo todo Deus tem feito milagres
em nossa vida, por meio de sua graça maravilhosa. A gratidão ao
Senhor deve ser uma realidade em nossas vidas.

NOSSA FÉ EM DEUS 137


Passo a Passo
Inicie a aula, conversando com a classe sobre o que ela pensa sobre
milagre. Pergunte se alguém passou por uma situação difícil e que re-
conhece a solução como um milagre de Deus – pode ser experiência
própria ou como testemunha do ocorrido na vida de alguém. Professor
e professora, incentive seus alunos e alunas a perceberem, mesmo que
seja nas pequenas coisas, os cuidados de Deus. Às vezes, temos mais
facilidade de reconhecer o que Deus fez e faz na vida de outra pessoa,
do que em nossa. Ore com a classe e dê continuidade à aula, com a
leitura do texto bíblico e da revista do/a aluno/a.
No estudo da narrativa do evangelho, que serve de base para a lição,
três questões estão em destaque: a condição da mulher, sua fé e a res-
tauração de sua saúde integral.
A condição da mulher estava identificada claramente: mulher, doen-
te, impura, amaldiçoada. “Também a mulher, quando manar fluxo de
sangue, por muitos dias fora do tempo da sua menstruação, ou quando
tiver fluxo do sangue por mais tempo do que o costumado, todos os dias
do fluxo será imunda, como nos dias da menstruação. Toda cama sobre
que se deitar durante os dias do seu fluxo ser-lhe-á como a cama da sua
menstruação; e toda cousa sobre que se assentar será imunda, conforme
a impureza da sua menstruação. Quem tocar esta será imundo; portanto,
lavará as suas vestes, banhar-se-á em água e será imundo até à tarde.”
(Levítico 15.25-27). A Lei também determinava o ritual para confirmar
a purificação (15.28-30). A impureza era contagiosa, assim, enquanto
estivesse nessa condição, seria excluída da sociedade.
A Lei da Pureza/Impureza, portanto, foi o contexto no qual o milagre
aconteceu. Pela fé, ouvindo falar de Jesus, a mulher transgrediu essa Lei.
Como disse Monika Fander:

“A cura é apresentada como um desrespeito às prescrições de pureza,


portanto, como uma transgressão do tabu. Segundo a Torah, a mulher
impura não poderia tocar em Jesus. Como Jesus é o filho de Deus, a
ação da mulher pode mesmo ser entendida como um contato com o
sagrado. Porém, contrariamente à lógica da mentalidade de impureza,
Jesus não se torna impuro, ao contrário, é a mulher que se torna pura.”
(GÖSSMANN, 1996. p. 415-416).

É por isso que o movimento da mulher em direção a Jesus foi tão im-
portante; ela tocou publicamente em um Rabi rompendo as estruturas de
seu tempo.

138 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Em segundo lugar, temos destacada a fé. Fé era uma exigência de
Jesus na realização dos milagres (Mateus 8.13; 9.2,22,28-29; 12.38s;
13.58; 15.28; 16.1-14; Marcos 5.36; 10.52; Lucas 17.19), reconhecida em
várias ações das pessoas que procuravam a cura e na fórmula clássica:
“a tua fé te curou”. Jesus contou com a participação da mulher em sua
própria purificação. Entretanto, não se deve esquecer que quem cura é
Jesus. Para Elisabeth Moltmann-Wendel a

“cura não pode acontecer sem a disposição e a participação de quem


precisa ser curado. Como já nas histórias de cura do Novo Testamento
as pessoas participam (a hemorroíssa toca o manto de Jesus; a mulher
cananeia toma a iniciativa etc.), assim a cura é uma intenção comum
entre médico e enfermo. A cura se dá sobre a base da mutualidade.
Assim, em Jesus está a força de Deus, que no encontro com outros fica
liberada” (GÖSSMANN, 1996, p.438).

Por fim, a restauração da mulher. Os milagres de Jesus eram sinais


da chegada do Reino de Deus. A palavra traduzida por “curar” significa
salvar, libertar, preservar, livrar de dano. Jesus fez questão de uma con-
fissão pública, de tornar pública a salvação da mulher - cura integral. Ao
final, a mulher ouviu de Jesus: “reconstrua sua vida”.
Importante observar como os milagres realizados por Jesus tinham
um objetivo maior do que a cura. Eram sinais da chegada do Reino de
Deus, de que um novo tempo se estabelecia; o tempo da Graça, de um
governo que no fim se constituirá. Evidenciavam não apenas a “cura
física”, mas a restauração integral, reestabelecendo a comunhão com
Deus e com o próximo.
Jesus percebeu que muitas pessoas O seguiam para satisfazer suas
necessidades pessoais (João 6.26), e não porque discerniam os sinais de
que Ele era o Filho de Deus (João 20.30-31). Por isso, precisamos tomar
cuidado para que nossa relação com Deus não seja em bases interes-
seiras, egoístas e consumistas. Mesmo que a fé seja uma exigência para
realização do milagre, ela não é determinante; decisiva é a vontade de
Deus. Além disso, precisamos aprender a gratidão: sermos gratos e gra-
tas pelos “pequenos milagres” diários.
Ao caminhar para o fim da aula, sugira aos alunos e alunas que durante
a semana observem os “pequenos” e “grandes” milagres e como eles aju-
dam a discernir a presença de Deus. Tenha um tempo de conversa no Fala
aí! e desenvolva a Dinâmica do dia juntamente com a seção Na prática.

NOSSA FÉ EM DEUS 139


Baú de ideias
Jonal: Milagres. Expositor Cristão, São Paulo, n. 11, p.
8-9, nov. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2sVVRCw.
Acesso em 16/03/2018.

Música: Maravilhosa Graça – Geraldo Guimarães.


Disponível no YouTube, no link: https://goo.gl/VGPD4w.
Acesso em 16/05/2018.

Anotações

140 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 19

PLANTAR
E COLHER
Texto bíblico: 2 Coríntios 9.6-15

ou uma pessoa “pobre, pobre


de marré deci”? Será que Ele se
agrada com que sejamos ricos/
as? Será que Ele fica satisfeito
com a pobreza?
Muito se fala sobre prosperida-
de, no meio evangélico. Existem
muitas linhas de pensamento que
supervalorizam a ideia de que
Deus quer nos abençoar financei-
ramente. Em compensação, a “teo-
Se você pudesse decidir o logia ou doutrina da prosperidade”
futuro da sua vida, escolheria também é grandemente criticada
ser uma pessoa rica ou pobre? por muitos grupos cristãos. Afinal
Responda com sinceridade! O de contas, o que nós acreditamos
que você acha que Deus prefere, sobre isso? A Bíblia aprova ou re-
que você seja uma pessoa ricaça prova a prosperidade?

NOSSA FÉ EM DEUS 141


do Paulo diferencia de modo
claro dois tipos de doadores:
quem semeia pouco, com triste-
za e por obrigação e, portanto,
ceifará pouco; e quem semeia
em abundância, com alegria e
confiança em Deus e, por isso,
É muito difícil pensar em pros- ceifará muito. Para o apóstolo,
peridade e não relacionar a di- dar é semear; e semear, leva ao
nheiro. Na igreja, não é diferente. colher.
Quando alguém fala sobre esse Aqui podemos ver a ligação
assunto, imediatamente pensa- da oferta com a ideia da prospe-
mos em recursos financeiros, bens ridade. Paulo diz que Deus nos
materiais, ofertas, entrega de dízi- dá graça abundante para termos
mos etc. E o que vem à sua mente? o necessário para viver e ainda
(Compartilhe com o grupo) Mesmo algo excedente para a boa obra
que outras coisas surjam em nosso (vv.8-9), e que Ele nos dá semente
pensamento, é inevitável pensar e ainda amplia nossa sementeira,
em dinheiro. Por isso, o texto estu- nos enriquecendo para um propó-
dado aqui, tem como tema central sito (vv.10-11).
a coleta de ofertas regulares na Porém, o que define a colheita
comunidade de Corinto. Vejamos próspera não é a quantidade de
o que ele tem a nos ensinar. semente, mas é a condição de
Os capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios quem semeia, ou melhor, a inten-
tratam de uma oferta que Paulo ção do coração. No versículo 6, a
pede para a comunidade de palavra traduzida por “pouco”, no
Jerusalém. O apóstolo Paulo trata grego significa literalmente “qua-
a coleta como um assunto da fé. lidade de quem é avarento, mes-
Diante da necessidade de alguns quinho”. E a palavra traduzida por
irmãos e irmãs, a Igreja vivia sus- “fartura, abundância”, significa
tentada pelos recursos doados; “largueza, liberalidade, bênção”.
inicialmente das pessoas recém- Tudo isso nos mostra que a pros-
-convertidas (Atos 2.44-45); poste- peridade tem a ver com o que está
riormente por ofertas voluntárias, no coração (v.7): se somos pessoas
especialmente das igrejas gentí- avarentas e apegadas ao dinheiro,
licas como Galácia, Macedônia e viveremos de maneira mesquinha;
Corinto. se somos pessoas generosas e de-
Encontramos o tema central sapegadas, viveremos de maneria
para o assunto da coleta, quan- abençoada.
> Ofertamos e ajudamos a obra
do Senhor e as pessoas que pre-
cisam, com satisfação, fidelidade
e comprometimento. > Deus nos
responde com uma colheita aben-
çoada, prosperando a nossa vida
com o que necessitamos. > Com
a vida próspera, multiplicamos a
justiça, a generosidade e a assis-
tência a pessoas necessitadas. >
O apóstolo Paulo fez algumas Vivemos a gratidão. > Ofertamos
afirmações, no texto base desse e abençoamos. > Prosperamos.
estudo (entre os versículos 10 ao > Justiça, generosidade, assistên-
15), em que podemos identificar cia... Um ciclo contínuo.
alguns propósitos da prosperida-
de bíblica, a qual é resultado da
liberalidade e alegria do cora-
ção – essa prosperidade que tem
muito mais a ver com seu estado
de espírito e satisfação da alma,
do que com as coisas que se pode
comprar e ter.
Deus nos abençoa prospera-
mente para multiplicar os frutos da
justiça, de maneira que todas as Para algumas pessoas, falar
pessoas tenham acesso à dignida- sobre prosperidade é um tanto de-
de (v.10). Ele pode nos enriquecer, licado, pois logo associamos esse
não para vivermos acumulando te- assunto diretamente ao desejo de
souros na terra, mas para vivermos enriquecimento. Rapidamente, te-
com generosidade (v.11). E para mos críticas contra pensamentos,
ajudarmos as pessoas necessita- teologias e doutrinas que exaltam
das, como uma forma de cultuar a a prosperidade. Infelizmente, erra-
Deus (v.12). Porém, todos os propó- mos quando vamos aos extremos:
sitos estão ligados a um maior: a ou negar qualquer ideia acerca da
honra e a gratidão a Deus, pois Ele vida próspera, ou agir com a fina-
é o Deus gracioso que nos sustenta lidade de acumular riquezas como
e que revelou sua graça a nós. se fossem evidência da bênção
É um ciclo que passamos a vi- de Deus. Nem um, nem outro é o
ver: Somos pessoas gratas a Deus. caminho a seguir.

NOSSA FÉ EM DEUS 143


A prosperidade é uma verdade Qual é a diferença entre a pros-
bíblica e nós acreditamos nela, peridade bíblica e a que normal-
porém ela é bem diferente do que mente vemos ser pregada por aí?
dizem por aí. A verdadeira prospe-
ridade é decorrência da obediên-
cia aos princípios da Palavra e
não se limita ao sucesso humano
e acúmulo de bens. Uma vida
próspera é resultado da bênção
de Deus juntamente com o nosso Que tal criar, juntamente com o
empenho, o que não nos isenta de seu grupo, uma maneira de ajudar
passar por problemas e dificulda- a quem necessita, com os recur-
des. Ser uma pessoa próspera é sos que vocês possuem? Observe
viver a vida abundante na terra, sua vida, seja grato/a pelo o que
cumprindo a vontade de Deus, você tem e defina o recurso que
sentindo realização e sendo uma você pode compartilhar com quem
pessoa abençoadora. precisa mais do que você. Pode
ser um talento, uma prestação de
serviço solidário ou qualquer outro
auxílio. Lembre-se, quem semeia
com alegria, colhe com fartura.

Após a lição estudada, qual é a


sua opinião sobre a prosperidade?

“Cada um contribua segundo


propôs no seu coração; não com tris-
teza, ou por necessidade; porque
Deus ama ao que dá com alegria.
E Deus é poderoso para fazer
abundar em vós toda a graça,
a fim de que tendo sempre, em
tudo, toda a suficiência, abun-
deis em toda a boa obra”. (2
Coríntios 9.7-8) #FlâmulaJuvenil
#NossaféemDeus

144 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Discorrer sobre a visão bíblica de prosperidade, sob a perspectiva da
“lei da semeadura”, entendendo que a prosperidade é fruto da bênção
de Deus e do trabalho/empenho humano. Destacar propósitos da pros-
peridade na vida humana.

Dinâmica do dia
Faça no final da aula

Material: Relato de uma entrevista com um agricultor pentacam-


peão em um concurso.
Certa vez, um agricultor do interior dos Estados Unidos foi entrevis-
tado, pois pela quinta vez, ele ganhava o prêmio de fazendeiro que
produz a melhor qualidade de espigas de milho. A entrevistadora
perguntou: “Qual é o segredo para você cultivar milho de tanta qua-
lidade?”. Ele respondeu: “O segredo é simples, é que eu compartilho
as minhas melhores sementes com os meus vizinhos”. Surpresa, a
entrevistadora reagiu: “Como você tem coragem de compartilhar suas
melhores sementes com os vizinhos, já que eles também são do ramo
e competem no mesmo concurso?”. O agricultor explicou: “O vento
sempre espalha o pólen do milho, é ele que poliniza os campos e faz
com que as sementes cresçam. Se os meus vizinhos tiverem sementes
ruins, milhos de baixa qualidade, o vento vai soprar pólen de baixa
qualidade para o meu campo e o meu milho vai crescer ruim. Então,
para que o meu milho seja bom, eu tenho que cuidar de para que todos
os meus vizinhos tenham milho de boa qualidade.”

Como fazer?
Chegando ao momento de diálogo, no Fala aí!, leia este relato para
a turma e promova um tempo de partilha, para que seus alunos e
alunas falem sobre suas impressões do estudo e da história lida.

NOSSA FÉ EM DEUS 145


Reflexão:
Destaque a importância de sermos pessoas abençoadoras, que
semeiam boas sementes para colhermos bons frutos. A semeadura
é uma verdade em várias áreas de nossa vida, nas finanças, nos
relacionamentos, nos estudos, em fim, na vida. É natural que al-
gumas pessoas olhem para essa postura como “interesseira”: eu
planto com o objetivo de colher. Há quem diga que não exista ge-
nerosidade genuína, como se todas as nossas ações fossem pau-
tadas na recompensa. Independente disso, a colheita acontece. O
que plantarmos, vamos colher. E é exatamente por causa desse
juízo de valor, que no estudo enfatizamos a intenção do coração.

Passo a Passo
Ao iniciar a aula, ore com seus alunos e alunas, quebre o gelo no Para
início de conversa, construindo uma reflexão sobre pobreza, riqueza,
prosperidade. Por conseguinte, leia o texto bíblico indicado para a lição
e siga com a seção Na Bíblia.
Ao falar sobre prosperidade, falaremos sobre semear e colher. Deus
é quem criou nas pessoas a possibilidade de semear (dar), porque é
nele que está a origem dessa ação, e não em nós. Nos versículos 8-10, o
apóstolo Paulo foca a ação de Deus. A graça de Deus é razão e condição
para as dádivas da comunidade. Ao falar e repetir as palavras “abun-
dância” e “superabundância”, Paulo acentua a grandeza das dádivas
com que Deus presenteia a comunidade. “No início da ação humana
está, portanto, a grandiosa ação de Deus, que se manifesta na graça
não só suficiente, mas também superabundante”.
Podemos entender, no texto bíblico, que a maior motivação para a
oferta é gratidão. Ser uma pessoa grata a Deus é o que gera a vontade
de ajudar e capacita para tanto. A gratidão mexe com a gente, nos in-
quieta e encontra uma maneira de se expressar na contribuição. Desse
jeito, o agradecer toma forma no dar.

Em uma prédica, Silvio Meincke afirma:


“O receber precede ao dar. Por isso, o dar não é aquela coisa terrível
que assusta e entristece. Muito antes, é resposta grata, alegre e
espontânea ao receber. Além disso, como já vimos acima, é um semear.
Não um semear como investimento, que calcula lucro e correção
monetária, mas um semear que traz a bênção multiforme [...].

146 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


[...] Como seria bela a nossa convivência humana, se fosse inspirada
na graça e na gratidão que ela desperta! Como seriam justos os
princípios que norteiam a organização da nossa sociedade se
brotassem dessa fonte do receber e dar, do dar e receber!
Infelizmente, o que determina a nossa convivência são os princípios do
rico insensato (Lucas 12.15-21). É o princípio de quem não confia ou só
confia nos bens que acumula; o princípio de quem crê que só de pão
viverá o homem. É justamente esta tentação de pensarmos que vivemos
só do pão que tira o pão de tantos. Essa compreensão errada da vida
desperta em nós o medo que quer acumular. E, na corrida competitiva
do acumular, o forte acumula tirando do fraco. Tanto o forte quanto o
fraco tornam-se vítimas desse jogo: O forte, por procurar o tesouro oculto
no campo na direção errada, o fraco, por se ver roubado dos elementos
básicos para o seu sustento. A humanidade está profundamente
perdida nessa distorção e é aí que reside a origem dessa cruel miséria
que estamos cansados de ver, presenciar e lamentar.
O passo imediato dessa distorção é a organização da sociedade pela
união dos fortes, que criam leis, ideologias, teologias e estruturas para
legalizar, justificar e legitimar o seu acumular injusto. Em outras palavras:
Legaliza-se e estrutura-se a distorção, ou seja, o pecado do acumular.”¹

O acúmulo e a ganância são grandes pecados que distorcem a verda-


deira ideia de prosperidade, cada vez mais presente na Igreja, resultado
da sociedade moderna. Jesus veio para que tivéssemos uma vida abun-
dante, mas seu desejo não é que essa vida abençoada seja somente
para algumas pessoas. Seu projeto é para todas. Assim, quem recebe
a graça de Deus e é grato/a a Ele, com alegria, reparte essa graça com
quem ainda necessita.
Chegando ao fim da lição, converse com a turma a respeito do que foi
estudado e partilhe o relato da Dinâmica do dia. Incentive os alunos e
alunas a organizarem alguma iniciativa solidária no intuito de ajudar a
alguém ou grupo necessitado.

Baú de ideias
Narração: A semeadura é opcional, já a colheita é.
Disponível no YouTube, no link: https://goo.gl/VZRZfj.
Acesso em 16/04/2018.
¹ Conteúdo retirado de: MEINCKE, Silvio. 2 Coríntios 9.6-15. In: Proclamar Libertação – Volume XI,
1986. Disponível em: https://goo.gl/wYAhu2. Acesso em 14/04/2018.

NOSSA FÉ EM DEUS 147


Estudo 20

TODA A IGREJA A
SERVIÇO DO REINO
Texto bíblico: 1 Coríntios 12.3-11

A Carta Pastoral “Servos, Servas,


Sábios, Sábias, Santos, Santas,
Solidários, Solidárias”, de 1989,
afirma que “os membros da igreja,
pelo fato de pertencerem ao povo
de Deus por meio do batismo, são
ministros do Evangelho, são cha-
mados por Deus, preparados pela
Igreja para, sob a ação do Espírito
Santo, cumprir a missão, em teste-
munho, serviço e evangelização”.
Uma igreja é viva quando seus Cremos que na dinâmica de
membros estão envolvidos nos uma Igreja participativa, o Senhor
vários serviços que ela possui, in- se faz presente e o Reino de Deus
dependente de idade ou posição. avança. E quanto a você, participa
Uma das ações para promover de algum ministério em sua igreja
o crescimento saudável de uma local? Há algum que você tenha
igreja é a valorização do ministé- curiosidade de conhecer ou parti-
rio leigo. cipar? Compartilhe com o grupo.
Espírito Santo e nesse caso, Deus
é sempre exaltado (v.2).
Paulo destaca a dinâmica de
uma igreja que se move por meio
da ação do Espírito de Deus, que
concede ao seu povo dons espi-
rituais (vv.4,8,9). Esses dons são
Ao escrever acerca dos dons concedidos com a finalidade de
espirituais, o apóstolo Paulo tinha capacitar o corpo de Cristo para a
a intenção de orientar a comunida- realização da diversidade de ser-
de cristã de Corinto sobre assun- viços (v.5) que se apresentam no
tos que causavam dúvidas. Essa cumprimento da missão: a palavra
era uma igreja recém formada e, da sabedoria, a palavra do conhe-
certamente, inexperiente em cer- cimento, dons de curar, operação
tos assuntos espirituais. Orientá- de milagres, profecia, discerni-
los e orientá-las sobre o modo mento de espíritos, variedade de
como Deus opera através de seu línguas, capacidade para interpre-
Espírito, era fundamental para o tá-las e “um grau especial” de fé
crescimento na fé e uma dinâmica (Bíblia de Estudo Almeida, nota de
saudável na igreja. rodapé, de 1 Coríntios 12.9).
Uma das questões que gera- O apóstolo apresenta os dons
vam dúvidas nas pessoas recém- espirituais, mas antes de falar
-convertidas, era o fato de que, ao deles, fala do mover de Deus e do
abandonarem a velha vida e suas seu Espírito na vida desta igreja. É
práticas e se converterem ao cris- Deus quem se move e age através
tianismo, encontraram na igreja de seus servos e servas (v.5), con-
cristã fenômenos que antes eram forme lhe apraz (v.11) e visando
vistos nos rituais pagãos, como o um fim proveitoso (v.7).
cair em êxtase, por exemplo. Como A palavra “dom” no grego sig-
entender que algo que aprende- nifica dádiva, um privilégio adqui-
ram a enxergar como pecado (o rido por um modo sobrenatural.
rito pagão), agora era visto na O dom é a capacitação espiritual
igreja como mover do Espírito? e gratuita concedida pelo Espírito
Paulo orienta: antes, tudo o que fa- Santo a todo cristão e cristã para
ziam era sob a direção de “ídolos expressar um poder espiritual
mudos”; aqueles eram seus guias além da capacidade humana.
(v.1) e isso era contrário aos pro- É a capacidade concedida pelo
pósitos divinos. Agora, na Igreja, Espírito para o serviço e é destina-
as manifestações são dadas pelo da para cada discípulo e discípula

NOSSA FÉ EM DEUS 149


no ambiente do Corpo de Cristo, Evangelho. Deus não somente nos
para a evangelização do mundo. chamou, como também nos prepa-
Os dons subentendem serviço rou, tornando-nos sacerdotes e sa-
prestado para a Igreja e para a cerdotisas para o cumprimento da
comunidade, pois são atributos es- sua missão. É para a realização
peciais dados a cada membro do desse compromisso cristão que
Corpo, segundo a graça de Deus. gratuitamente recebemos de Deus
os dons espirituais que nos habi-
litam e capacitam para o mesmo.
Precisamos reconhecer que
o chamado para servir a Deus é
feito a todos os discípulos e dis-
cípulas. O chamado é feito por
Deus e é Ele quem capacita. Nesta
perspectiva, não faz diferença
para Deus se temos muito ou pou-
co estudo; se falamos muito bem
ou somos pessoas mais tímidas;
O apóstolo Pedro afirmou que se temos pouca idade ou mesmo
todas as pessoas que receberam limitações. O fato de Deus conce-
a Cristo, tanto homens quanto mu- der dons revela que não é na força
lheres, foram designadas por Deus humana que o Reino de Deus se
um “... sacerdócio real...” (1Pedro estabelece, mas unicamente pela
2.9), ou seja, adquiriram o direito manifestação do seu Espírito.
de terem acesso ao Pai. Não so- A diversidade nos serviços
mente o direito de se aproximar, nos mostra que somos chama-
mas também de servi-lo. Pedro vai dos e chamadas a atuar nos
reafirmar que não existe mais um mais diversos espaços. Assim
sacerdócio centralizado, mas ago- como cada membro no corpo hu-
ra, todas as pessoas cristãs são mano tem sua função, no corpo
chamadas para servir no Reino de de Cristo a dinâmica é a mesma.
Deus. Temos atuações diferentes, nem
A citação da Carta Pastoral no todos sabemos ou somos capazes
início desta lição nos lembra não de fazer uma mesma coisa, mas
somente do nosso chamado, mas podemos sim servir a Deus com o
enfatiza que a partir dele temos que somos e onde nos sentimos
compromissos com Deus e seu bem. As diferentes funções não
Reino. Por meio do batismo nos nos impede de trabalharmos em
tornamos ministros e ministras do unidade e solidariedade.

150 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Temos exercitado os princípios
do sacerdócio universal dos cren-
tes, em nosso meio?
Somos chamados e chamadas Como você tem contribuído com
para cumprir a missão de Deus o Reino de Deus, ministerialmente?
na igreja e fora dela. É importante
descobrir, desenvolver e utilizar os
dons com alegria e disposição. A
missão é de Deus e é Ele que nos
capacita. No cumprimento dela,
a Igreja cresce, o Reino cresce, o
nome do Senhor cresce. Veja os ministérios de sua
Jesus nos comissionou para a igreja local e procure saber
missão de proclamar o evangelho como você pode contribuir no
da paz. Somos participantes des- serviço do Reino. Com certeza,
te grande projeto de Deus e para há ministérios necessitados de
realizá-lo, os dons e ministérios pessoas voluntárias. Há grande
concedidos pelo Espírito auxiliam satisfação em servir ao Senhor
no desenvolvimento e crescimento com alegria!
mútuos. Sendo concedido pelo
Espírito, o dom não se torna “meu”,
mas é Deus quem opera tudo em
todos (v.6), ou seja, é promoção
para o crescimento do Reino.
Na realização do serviço, sob
a direção e mover do Espírito de
Deus, o corpo de Cristo é edificado “No Reino de Deus, a lei é
e aperfeiçoado. Surge uma igreja o amor e o poder é o servir. O
unida, com pleno conhecimento amor gera a esperança e o servi-
de Deus, alcançando maturidade ço gera a realização.” (Gilberto
cristã, além de firmeza doutrinária Ângelo Begiato) #FlâmulaJuvenil
e crescimento equilibrado. #NossaféemDeus

NOSSA FÉ EM DEUS 151


Aonde chegar
Destacar a importância dos diferentes dons e ministérios no serviço da casa
do Senhor. Reafirmar o compromisso da Igreja na proclamação do Evangelho
a partir do entendimento do que é o Sacerdócio Universal dos Crentes.

Dinâmica do dia
Faça no final da aula

Material: Água, um prato ou vasilha redonda (de preferência), um


pouco de detergente separado em um potinho ou colher e orégano.

Como fazer?
É importante que os materiais já estejam separados com ante-
cedência. Teste em casa antes de fazer na aula, para que você
entenda a quantidade de água e orégano a ser utilizada.
Coloque água no prato. Na hora de executar a dinâmica, polvi-
lhe o orégano sobre a água. O orégano tem que ser sufiente para
que cubra todo o prato, mas não pode ser em uma quantidade
exagerada. Toque a água com seu dedo seco, nada acontecerá.
Em seguida, unte seu dedo indicador com um pouquinho de de-
tergente. No momento em que tocar o seu dedo no centro do prato,
todo o orégano se afastará para o canto.

Reflexão:
Realizando a dinâmica, enfatize a importância da atuação de
todas as pessoas nos serviços e ministérios da Igreja de Cristo.
Quando atuamos com nossos dons e talentos, fazemos a diferença
em nosso meio. O orégano na água pode simbolizar tanto o pe-
cado, quanto os problemas e as situações que não concordamos,
seja dentro da própria igreja ou na sociedade.

152 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Quando entramos com as nossas próprias forças ou ferramentas,
não fazemos diferença nenhuma. Mas quando atuamos movidos e
movidas pelo Espírito de Deus, fazemos a diferança. O detergente
simboliza a unção, capacitação e cobertura do Espírito Santo.
Em vez de reclamarmos sobre o que não concordamos, pode-
mos fazer a diferença, servindo onde o Espírito de Deus nos quer.

Passo a Passo
Sugerimos que a dinâmica proposta para esta lição, seja realizada no
final da aula, portanto receba sua turma com carinho, leia o texto pro-
posto e a siga com a lição, introduzindo o assunto no Para início de
conversa, perguntando cada aluno e alunda sobre o seu envolvimento
nos ministérios da igreja local.
O texto proposto na lição busca articular um conjunto de temas que
visam o fortalecimento da Igreja e de seus propósitos missionários, enfa-
tizando a importância de cada crente, independentemente de posições
ou hierarquias sociais ou eclesiásticas, em seu compromisso de procla-
mar as boas novas do evangelho de Cristo Jesus.
Jesus é o alicerce da Igreja. A unidade, a razão de nossa existên-
cia, vem de seu amor e no reconhecimento de seu sacrifício na cruz. Na
comunidade, somos ao mesmo tempo acolhidos e acolhidas em amor
e enviados e enviadas como missionárias e missionários para levar a
palavra de salvação e proclamar o Reino.
O apóstolo Paulo se esforça em explicar aos crentes de Corinto que o
fundamento da Igreja está em Cristo e que o Espírito Santo nos une e nos
edifica, na diversidade dos dons (dom – bem espiritual, aptidão para se
fazer algo, talento pessoal a serviço da comunidade, da missão).
A partir do versículo 12, observamos a didática de Paulo ao explicar
unidade e diversidade ao se utilizar da representação do corpo humano,
suas partes, com funções específicas proporcionando uma unidade or-
gânica: “o certo é que há muitos membros e um só corpo” (v.20). A Igreja
de Cristo é como o corpo humano. Unidade e diversidade.
Vemos o apóstolo Paulo alertando para o fato de que nem todas as
pessoas têm a mesma atuação dentro do corpo: “Porventura, são todos
apóstolos? Ou todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de mi-
lagres?” (v.29). A pluralidade de dons é presente na igreja, e os diferentes
dons são distribuídos pelo Espírito, como lhe apraz (v.11).

NOSSA FÉ EM DEUS 153


A Igreja, como milagre de Deus, é formada por pessoas crentes con-
vertidas através do entendimento da cruz. Todas são chamadas à mis-
são. Professor e professora, é importante apontar a ideia central desta
lição: o Sacerdócio Universal de todos os crentes, tendo como referência
a experiência de Lutero na Reforma Protestante.
O Senhor nos capacita para a sua missão. Ele quer usar a todos e to-
das nós para um propósito. Ele distribui dons, visando um fim proveitoso
(v.7). Capacitados e capacitadas pelo Espírito Santo, podemos fazer a
diferença onde quer que estejamos, onde quer que atuemos. Converse
com seus alunos e alunas a partir das questões do Fala aí!.
Após o bate-papo, no Na prática, estimule sua turma a se envolver
nos ministérios da igreja local. Faça a Dinâmica do dia. O serviço ao
Senhor na igreja e na missão de Deus é importantíssimo, ore com a clas-
se pedindo ao Senhor que confirme os dons e traga alegria em servir.

Baú de ideias
Vídeo: Chamado e Dons Motivacionais. | Vai na Bíblia.
Disponível no YouTube, no link: https://bit.ly/2MrhUsZ.
Acesso em 02/06/2018.

Vídeo explicativo com a experiência da Dinâmica


do dia: Dedo mágico de orégano (experiência de
Química). Disponível no YouTube, no link: https://bit.
ly/2JJbNCN. Acesso em 02/06/2018.

Anotações

154 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 21

MINISTÉRIO PASTORAL:
ESPECIAL E ESSENCIAL
Texto bíblico: Marcos 3.13-14

pastores e pastoras são criticados?


Já percebeu o quanto são cobrados/
as? Muitas pessoas não compreen-
dem esse ministério, principalmente,
as que estão fora da Igreja. É certo
que você já tenha ouvido algum co-
mentário desagradável.
Porém, nós cremos na necessi-
dade e importância de nos deixar-
mos pastorear por Deus, através
destes homens e mulheres que Ele
Comente com seu grupo sobre o chama, mas cremos também na
que você mais admira em seu pas- necessidade do cuidado mútuo.
tor ou pastora. Qual é a frase dele Pastores e pastoras também ne-
ou dela que você mais gosta? Você cessitam de cuidados e a igreja é
já parou para pensar o quanto os/as chamada a exercer essa função.

NOSSA FÉ EM DEUS 155


1.6; Filipenses 2.13; Salmo 138.8a),
para realizar aquilo que nós ape-
nas não poderíamos (João 15.5b).
Receber a designação (indicação)
de Cristo para a tarefa missionária
e transformadora de vidas é um
privilégio a compartilhar. Não con-
Em Marcos 3.13-14, temos um fiar demais no que podemos fazer,
relato de que Jesus chamou para mas nos regozijar pelo que Deus,
si quem Ele quis e depois os en- em Cristo, quer ter conosco e nos
viou para pregar, curar e expulsar conceder: uma vida plena!
demônios. Homens e mulheres são Dentre as vocações bíblicas,
chamados por Deus para perto de está o ministério pastoral (Efésios
si. Todos eles e todas elas são de- 4.11). Ser pastor e pastora é uma
signados igualmente à salvação e alegria, um privilégio e um desa-
ao serviço. Contudo, cada pessoa fio. Para ser exercido, ele requer
é enviada ao serviço de Deus con- vocação e reconhecimento.
forme o dom que recebeu e que
desenvolve. A diferença entre as
pessoas, portanto, não é quem é
superior ou inferior, mas o tipo de
serviço a que cada uma é enviada.
Eu escolhi vocês – este é o
chamado (v.13 e João 15.16).
Deus, em Cristo, tem para nós um
olhar especial. Cremos que Deus
não tem pessoas favoritas, que
Ele chama a todas elas para um
relacionamento com Ele. Mas, ao Jesus nos afirma em João 10.1-
mesmo tempo, Ele reconhece em 13, que existem pastores e mer-
cada uma sua especial forma de cenários (homens e mulheres que
ser, sua singularidade – e Ele dá são fiéis à vocação e homens e
valor a isso. Devemos reconhecer mulheres que corrompem a voca-
este valor em nós e nas pessoas ao ção). O mercenário é conhecido
nosso redor. por ser contratado por dinheiro. Ele
Eu designei vocês – este é o é eficiente, capaz, bem-sucedido
envio (v.14). Deus reconhece a na tarefa, mas ele não tem apego
capacidade humana e a potencia- à missão ou aos valores de quem
liza pelo seu Espírito (Filipenses o contrata. No sentido figurado, é
aquela pessoa que pode estar à toras que se sentem chamados/
frente do rebanho por outros moti- as, vocacionados/as e enviados/
vos que não seja a firmeza do cha- as por Deus têm plena certeza de
mado para perto de Jesus e para que responder a este chamado
o envio ao mundo. Ser mercenário foi grande bênção em sua vida.
não é apenas uma questão de en- Porém, não há como negar que as
riquecimento ou de dinheiro, mas muitas exigências e preocupações
uma questão de ter a missão como diárias, por vezes, andam sugando
centro de sua atuação ou não. as forças físicas e emocionais de
Há uma tendência muito forte muitos pastores e pastoras. Muitas
em se apontar os mercenários e vezes, para atender as demandas
mercenárias do nosso tempo e, de sua comunidade, a família pas-
diante de tantos danos, muitas toral é sacrificada. As pesquisas
vezes a tarefa do bom pastor e da apontam que há muitas esposas
boa pastora pode ser despercebi- de pastores, esposos de pastoras,
da. Os escândalos chamam mais filhos, filhas, pais e mães, que se
a atenção do que a fidelidade do queixam do ministério pastoral,
pastor e pastora ao envio de Cristo, por ter alguém tão presente na
e algumas vezes, o mau testemu- igreja e tão distante da família.
nho de alguns pode prejudicar a Por isso, é muito importante que
imagem de outros e outras. nossos pastores e pastoras estejam
Contudo, a figura do pastor e e se sintam bem, em todos os sen-
da pastora dentro de uma comu- tidos, para que o seu bem estar, a
nidade de fé é de fundamental sua espiritualidade e a sua alegria
importância, tendo em vista sua reflitam na vida da comunidade.
responsabilidade divina de cuidar Talvez você já tenha ouvido que
daqueles e daquelas a quem Deus se as famílias da igreja estiverem
lhes confiou (1Pedro 5.2). Ser pas- fracas, adoecidas, a igreja sofrerá
toreado e pastoreada é se abrir com isso, podendo também adoe-
para os cuidados divinos. Cremos cer e enfraquecer. Imagine então
que quando uma comunidade ca- no que diz respeito ao lar e ao bem
minha sob os cuidados pastorais, estar do pastor e da pastora.
ela não é somente disciplinada ou Assim, percebemos que a
exortada, mas também fortalecida igreja, que constantemente é cui-
e aperfeiçoada na obra do Senhor. dada, também precisa cuidar de
Mas, “o ministério pastoral, mui- líderes. Esse cuidado abrange as
tas vezes, é doloroso e solitário. É orações, o respeito, a tolerância
muito exigente e radical” (Bispa diante de suas falhas, o compa-
Hideide Torres). Pastores e pas- nheirismo etc.

NOSSA FÉ EM DEUS 157


Essa aula o/a ajudou a olhar
para seu pastor ou pastora com
outro olhar?
Somos Corpo de Cristo e pre- Compartilhe alguma experiên-
cisamos nos ajudar mutuamente, cia que você viveu com algum de
incentivando a fé de todos/as, mas, seus pastores ou pastoras.
por vezes, esquecemos que esse cui-
dado também deve ser destinado ao
corpo pastoral. Pastor e pastora são
seres humanos, sujeitos às mesmas
paixões que as demais pessoas
(Tiago 5.17), e a igreja precisa exer-
cer o ministério do amor e cuidado
para com eles e elas também. Essa A partir do que foi estudado, jun-
empatia produz relacionamento e
to com o grupo e com seu professor
todo o corpo cresce. Valorize seu
pastor e sua pastora! ou professora, pensem em algo
Na Bíblia, a tarefa pastoral da que poderiam fazer, hoje ou essa
Igreja Primitiva era muito mais sim- semana, para abençoar a vida de
ples do que a gente vivencia hoje. seu pastor ou pastora. Façam com
O crescimento das instituições e a criatividade e amor, pois é nobre
necessidade de atendermos a mui- cuidar de quem cuida!
tas novas necessidades complica
um pouco mais a tarefa pastoral
no dia a dia. Compreender isso é
parte da tarefa da Igreja para que
possa contribuir de modo mais efe-
tivo no ministério de seu pastor ou
pastora. Existem sim, mercenários
e mercenárias em nosso mundo
mas não se deixe enganar por
“O ministério pastoral na igre-
isso. Observe quantos homens e
mulheres são fiéis à vocação que ja também é resposta do amor
receberam. Aprecie essas pessoas. divino.” (Bispa Hideide Torres)
Ore por elas, manifeste o seu amor. #FlâmulaJuvenil #NossaféemDeus

158 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Compreender o significado do pastorado na tradição wesleyana, à luz
de seus documentos e de sua interpretação da Palavra de Deus; dialogar
sobre os desafios do ministério pastoral e desafiar a Igreja a ser mais
proativa e participante deste chamado específico do pastor e da pastora.

Dinâmica do dia
Faça no final da aula

Como fazer?
Convide seu pastor ou pastora para conversar com o grupo de juve-
nis. Ao final da aula, ou no momento mais adequado, permita que
seus alunos e alunas façam perguntas, homenagens ou expressem
suas impressões em relação ao ministério pastoral. Combine com
o pastor ou pastora, anteriormente, que ele/a compartilhe alguma
experiência marcante em sua caminhada ministerial.

Reflexão:
Promova um momento de conversa e comunhão entre a turma de
adolescentes e o pastor ou pastora. O objetivo desta dinâmica
é levá-los/as a olharem com carinho para a vida de seus líderes
espirituais. Encorage algum aluno ou aluna a orar pelo pastor ou
pastora.

Passo a Passo
Após orar e ler o texto bíblico com a turma, quebre o gelo dialogando
com os alunos e alunas com a introdução do estudo no Para início de
conversa, prosseguindo com a aula, em seguida.
Professor e professora, construímos esta lição à luz da tradição da
Igreja Metodista. Caso pertença à outra denominação, sugerimos fazer
as adequações, conforme os documentos de sua Igreja, tanto na introdu-

NOSSA FÉ EM DEUS 159


ção como no desenvolvimento da aula. Se necessário, peça ajuda a seu
pastor ou pastora.
Uma boa dica é apresentar para a turma os Cânones, Regimento ou
Documentos oficiais referentes à sua Igreja. Mostre para a turma “As
atribuições do pastor e da pastora”. Veja quantas tarefas acontecem
fora dos dias de culto e reuniões da igreja. Compartilhe experiências
positivas com pastores e pastoras do passado e do presente da comuni-
dade de fé. Enfatize o aspecto relacional e não hierárquico da função.
Existe grande carência relacional na vida de muitos pastores e pasto-
ras, e isso é um dos fatores que nos levam a ver tantos desses homens e
mulheres de Deus sobrecarregados, cansados, doentes do corpo e alma
e, algumas vezes, deixando o ministério.
O bispo Nelson Luiz Campos Leite, em seu livro “Pastoreando pastores:
vocação, família e ministério”, apresenta algumas queixas de familiares
a respeito de pessoas da família que exercem o ministério pastoral.
_ “Casou-se com a igreja e abandou a esposa (ou o marido) e os fi-
lhos/as”. Essa frase é dita por esposas a respeito do marido que é pastor
e do marido cuja esposa é pastora.
_ “Papai não me dá atenção. Sempre está ocupado demais para me
considerar...”. Frase dita por uma criança, filha de um pastor.
_ “Gostaria de ter tempo para a minha família, mas a Igreja exige
demais de mim, e o pior é que meus familiares não entendem o meu
drama”. Frase dita por um pastor. (LEITE, 2005, p.44-45).
Por estes e outros motivos, os líderes espirituais da Igreja devem ser
alvos da nossa oração, compreensão e cuidado, bem como suas famílias.
Para que a igreja local e as pessoas que aspiram ao ministério pastoral
compreendam bem o que ele significa, entendemos, à luz da Palavra, serem
necessários ao menos dois critérios fundamentais: vocação e reconhecimento.

A vocação
A vocação é mais do que aquele desejo pessoal que expressamos: “Eu
sinto que Deus está me chamando para o ministério”. A vocação é fruto
de uma relação com Deus. Em Isaías 6, vemos que é da relação e do
encantamento do profeta com Deus, seu preenchimento pela presença
divina, que ele consegue ouvir a voz de Deus: a quem enviarei? E então
consegue responder: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.
Temos de reconhecer que muita gente está sob o encanto da institui-
ção, do título, da oportunidade de estar à frente de alguma coisa e não
sob o maravilhamento da presença de Deus que nos evoca ao serviço.

160 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Quando o ministério é abraçado nessa perspectiva, podemos encontrar
frustração e aborrecimento ao invés de plenitude, porque os títulos não
sustentam o envio. O dinheiro não sustenta o envio (não mesmo!). Nosso
ego não sustenta o envio. O que sustenta o envio é o chamado: “Eu te
escolhi, eu te designei para que você vá e dê muitos frutos” (João 15.16).
Quando a comunidade vê os frutos, ela reconhece a vocação.

O reconhecimento
O reconhecimento confirma a vocação, porque o pastorado não é uma
tarefa de um só. E ele também não acontece só quando a Igreja envia
uma pessoa para o seminário ou para qualquer tipo de formação espe-
cífica. O reconhecimento precisa acontecer a cada momento, para que
possamos nos manter no foco ministerial.
Ele passa pelos critérios de avaliação da igreja, passa pelos concílios
locais, distritais e regionais. Tem a ver com a nossa eleição ou indicação
para cargos e outras funções, nos níveis de representação da igreja.
Mas compreenda: essas coisas não são a essência do reconhecimento
do ministério pastoral que exercemos! A Bíblia diz que nossos frutos são
nossa credencial de reconhecimento: frutos do seu serviço, ensino, zelo
na pregação, o acréscimo de novos filhos e filhas espirituais ao Senhor,
reprodução na vida - valores, princípios, fé e testemunho - tornando
exemplo e modelo para os integrantes da família da fé. Ainda há muitas
outras tarefas pastorais e nem sempre o reconhecimento vem na hora da
ação, mas a vocação sustenta todas as fases.
Caminhe para o final da aula, conversando com a classe e pensando
em alguma iniciativa para honrar e abençoar seu pastor ou pastora,
como aconselhado na seção Na prática. Convide seu pastor ou pastora
para participarem da Dinâmica do dia.

Baú de ideias
Cânones 2017 – Igreja Metodista. Disponível para download,
no link: https://bit.ly/2JViW1N. Acesso em 02/06/2018.

Dons e Ministérios - Carta Pastoral sobre os sacramentos.


Disponível para download, no link: https://bit.ly/2HW4UrI.
Acesso em 02/06/2018.

Manual de Ética Pastoral. Disponível para download, no


link: https://bit.ly/2td9ZXl. Acesso em 02/06/2018.

NOSSA FÉ EM DEUS 161


Estudo 22

UM DIA PARA
AGRADECER
Texto bíblico: 1 Tessalonicenses 5.18

daram a cidade de Massachusetts.


Depois de três a quatro anos, quase
morrendo de fome, porque o clima
era muito frio, encontraram índios
(americanos nativos) que os ensina-
ram a caçar, a plantar e a cultivar
alimentos que podiam sobreviver ao
rigoroso inverno. Um ou dois anos
depois, aqueles imigrantes puderam
colher os alimentos da sua planta-
ção. A alegria e a gratidão resulta-
Uma lenda diz que, no início da ram em uma festa, para a qual os
colonização inglesa na América do nativos foram convidados. Essa festa
Norte, imigrantes, fugindo da opres- marcaria o primeiro dia de Ação de
são religiosa, se estabeleceram e fun- Graças.
duração da colheita; depois de
sete semanas colhendo o trigo e
a cevada era hora de celebrar;
ƒƒ Festa da Colheita: realizada
na colheita das frutas. Marcava
a passagem do ano.

Ao estudar sobre o Dia de Ação Com estas celebrações o povo


de Graças, percebemos que o manifestava a fé de que todo o
propósito dos colonos ingleses de sucesso da colheita vinha do cui-
agradecer a Deus pela colheita dado e sustento divinos. A colheita
não foi algo inédito. A Palavra só era possível porque Deus per-
de Deus nos instrui a termos um manecia abençoando o seu povo.
coração agradecido e a darmos O hábito de dar graças perma-
graças, como orientou o apóstolo neceu no meio do povo de Deus,
Paulo à comunidade tessalônica. embora a tendência a se esquecer
A Bíblia informa que a prática de que absolutamente tudo vem
de dar graças é antiga. Esta cele- de suas poderosas mãos, também
bração era tradição já no Antigo permaneceu. Por essa razão, entre
Testamento entre o povo de Israel. os conselhos dados ao povo de
Nas orientações que Moisés trazia Tessalônica, estava a exortação
ao seu povo, estava a prática de para “em tudo dar graças...”.
celebrar a Deus pelas colheitas
realizadas durante o ano. Em
Êxodo 23.14-19, encontramos a re-
comendação para celebrarem três
festas, cada uma delas relativa à
colheita de um alimento:

ƒƒ Festa dos Pães Asmos:


marca o início da colheita dos
grãos, trigo e cevada;
ƒƒ Festa da Sega ou Festas
da Semana (posteriormente Assim como o povo da Bíblia,
chamada de Pentecostes): fes- certamente temos muitas razões
ta que marcava o término das para agradecer. A boa mão de
colheitas dos grãos. Era cha- Deus tem nos guiado e sustentado;
mada de “Festa das Semanas”, temos usufruído de sua graça e
porque sinalizava o tempo de misericórdia que constantemente

NOSSA FÉ EM DEUS 163


nos assiste (Salmo 32.10). Porém, oportunidade que temos de com-
também há muitos males que nos partilhar com outras pessoas as
cercam: perigos, enfermidades, bênçãos e o sustento recebido de
ameaças, indiferenças, violências, Deus. Para alcançar um coração
dores, pobreza, angústias, sofri- agradecido, há que se lutar contra
mentos etc. É necessário agrade- dois grandes obstáculos: o orgulho
cermos por isso? Certamente que e a pretensão.
não! Paulo não exortou a “agra- O orgulho prejudica o senti-
decer por tudo”, mas “em meio mento de gratidão na medida em
a tudo”. Existe grande diferença que impede a pessoa favorecida
nestas duas posições. O que Paulo de reconhecer que, não fosse a
ensina é que é preciso dar graças ação da outra, nunca teria al-
não por tudo, mas ser grato e grata cançado aquele resultado. Por
independente das situações. exemplo: o jovem que dá créditos
Entendemos que Deus nos trata a si mesmo, aos seus esforços e
sempre conforme a sua misericór- aplicação, no término de seus
dia e perdão e nunca de acordo estudos, esquecendo-se de que
com o nosso merecimento (Salmo estudou com o dinheiro que a
103.10). Em resposta e por amor a mãe ganhava lavando roupas
Ele, expressamos nossa gratidão para fora ou o pai fazendo horas-
e louvor. Agradecemos porque re- -extras de trabalho.
conhecemos a ação bondosa e mi- A pessoa pretensiosa ou pre-
sericordiosa de Deus que acontece sunçosa reconhece que recebeu
em nossas vidas, sem merecermos. alguma coisa, mas acredita que
Participar e celebrar o culto quem lhe deu não fez mais que sua
de Ação de Graças é ainda uma obrigação. E, ainda, não reconhece

164 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


o valor, nem do gesto, nem do sig-
nificado da doação. Por exemplo:
acha que não deve agradecer a um
garçom pelo que fez; ou a um gari
que recolheu o seu lixo. “Ganha
para isso!”, é o que pensa, sem se
lembrar que o motivo da gratidão Sua igreja tem o hábito de cele-
ultrapassa o ato. brar o dia de Ação de Graças? Se
sim, comente sobre isso.
Quais os motivos que você tem
para agradecer a Deus?

Que tal promover uma celebra-


Quando celebramos o culto de ção de Ação de Graças com o gru-
Ação de Graças, estamos dando po de juvenis? Pensem nas boas
a Deus a honra que lhe é devida, coisas que sucederam este ano:
reconhecendo e testemunhando novos alunos e alunas, respostas
que Ele é o Deus abençoador, que às orações, dedicação do profes-
nos sustenta e supre as nossas sor ou professora, entre outras
necessidades. Fazendo isso, nosso coisas. Preparem uma mesa com
coração fica livre dos sentimentos frutas ou outros alimentos, cantem
que, muitas vezes, nos afastam de louvores e agradeçam a Deus pelo
Deus e das pessoas. seu cuidado!
O dia de Ação de Graças é co-
memorado na 4ª quinta-feira do
mês de novembro. Celebrar esse
dia é voltar os olhos a Deus em
reconhecimento de que tudo o que
temos vem de suas mãos: família,
saúde, trabalho, amigos e amigas,
livramentos (os que vemos ou não), “Como agradecer pelo bem que
ânimo, coragem, absolutamente tens feito a mim, que vem demons-
tudo nos vem do cuidado e prote- trar quanto amor tu tens, ó Deus,
ção divina! por mim?” (Canção “Meu tributo”)

NOSSA FÉ EM DEUS 165


Aonde chegar
Apresentar as origens das celebrações de gratidão feitas a Deus, em
especial o dia de Ação de Graças. Revelar a importância de termos um
coração agradecido em qualquer situação.

Dinâmica do dia
Faça depois da seção “Na Bíblia”

Material: Tiras de folhas de papel ou papel cartão, canetas ou lápis.

Como fazer?
Distribua as tiras de papel e as canetas para a classe, e peça que
cada pessoa faça rapidamente duas listas: de um lado do papel,
uma com as bênçãos e motivos para agradecer; do outro lado,
uma com as dificuldades e situações que entristecem ou desani-
mam. Diga que poderão ficar à vontade, eles e elas não precisarão
revelar o que está nas listas.

Reflexão:
Depois de alguns minutos, solicite que os alunos e alunas compa-
rem as duas listas. Qual é a maior? Se a lista das “reclamações”
for maior do que a dos motivos para agradecer, é preciso mudar a
maneira de encarar a vida.

Passo a Passo
A introdução ao assunto da lição é o resumo da história sobre a origem
do Dia de Ação de Graças, contido no Para início de conversa. Conduza
a aula em sequência, lendo o texto bíblico e acompanhando o conteúdo
da revista do/a aluno/a. Sugerimos que a Dinâmica do dia seja feita
após o Na Bíblia, a fim de dinamizar a aplicação do conteúdo.

166 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


O Dia Nacional de Ação de Graças foi instituído no Brasil por meio
“da Lei nº 781, de 17 de agosto de 1949, pelo presidente Eurico Gaspar
Dutra. O Decreto nº 57.298, de 19 de novembro de 1965, regulamenta
as comemorações do ‘Dia Nacional de Ação de Graças’. Finalmente, a
Lei nº 5.110, de 22 de setembro de 1966, determina que o ‘Dia Nacional
de Ação de Graças’ seja comemorado na quarta quinta-feira do
mês de novembro, sendo o Ministério da Justiça o órgão legalmente
incumbido de promover a sua celebração’ (MAGALHÃES, 2017).

Um coração agradecido a Deus é, antes de tudo, um coração humilde


e dependente. De fato, um coração arrogante não reconhece sua depen-
dência de qualquer pessoa que seja, que dirá de Deus. Assim, a gratidão
é uma resposta à graça divina.
Ter motivos para agradecer a Deus, todas as pessoas os têm; no en-
tanto, nem todo mundo consegue enxergá-los como fruto do amor de
Deus. O conselho de ser agradecido e agradecida não é condicional.
A carta do apóstolo Paulo não nos diz quais as condições para sermos
agradecidos/as. Gratidão a Deus não deve ser condicional.

“A origem da palavra obrigado como forma de agradecimento vem


do latim obligatus [particípio do verbo obligare, ligar, amarrar]. É a
forma abreviada da expressão fico-lhe obrigado/a, ou seja, fico-lhe
ligado/a pelo favor que me fez. Quando nos tornamos devedores/
as de outrem por serviço que nos foi prestado, criamos uma ligação,
mesmo que momentânea. Já a gratidão vem do latim gratia, que
significa literalmente graça, ou gratus, que se traduz como agradável.
Significa reconhecimento agradável por tudo quanto se recebe ou lhe
é reconhecido. É uma emoção que envolve um sentimento e, portanto,
não há obrigações, ligações ou amarrações” (MAGALHÃES, 2017).

O desafio de um coração agradecido é não se apegar a circunstân-


cias, mas depositar sua confiança no fato de que Deus nunca desampa-
ra o seu povo (Salmo 34.10).
Desde o Antigo Testamento, o povo de Deus era instruído a respeito
da importância de reconhecer o agir de Deus sobre suas vidas e res-
ponder a este gesto com um coração agradecido. Tal atitude, de acordo
com as orientações paulinas, também devem habitar nossos corações
(Colossenses 3.12-17). Para o apóstolo Paulo, gratidão era o verdadeiro
reconhecimento por tudo o que Cristo fez por nós.

NOSSA FÉ EM DEUS 167


Finalizando a aula, contemple as questões do Fala aí! e a seção Na
prática. Se sua igreja local celebra o Dia de Ação de Graças, incentive a
turma a participar e se envolver nos preparativos. Combine essa partici-
pação com a equipe pastoral. Caso não seja costume fazer o culto, pro-
ponha à classe para marcar um culto especial com esse tema e convidar
toda a comunidade. Ao final do culto, pode ser servido um lanche, como
é costume na maior parte dos lugares.

Baú de ideias
Texto: Ação de graças: tempo de gratidão, de José
Geraldo Magalhães. Disponível em: https://bit.ly/2t0E-
dxA. Acesso em 11/04/2018.

Texto: Ação de Graças: Festa da Colheita, de Leandro


Daniel Ristow. Disponível em: https://bit.ly/2JESIkR.
Acesso em 10/04/2018.

Vídeo: Thanksgiving • Dia de Ação de Graças: História


e Tradições | Lá Vai a Tamara. Disponível no YouTube,
no link: https://bit.ly/2JH36J6. Acesso em 02/06/2018.

Anotações

168 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Estudo 23

ADVENTO: TEMPO
DE ESPERA
E ALEGRIA
Texto bíblico: Isaías 7.14; 9.6-7; 40.1-5

preensão desse período, podemos


aproveitá-lo para refletir e crescer
na graça e conhecimento de Cristo
Jesus, nosso Senhor e Salvador.
A palavra “advento” vem do
latim e significa “vinda”, “espera”.
Para o povo cristão, em todo o mun-
do, é tempo de preparação para a
vinda do Senhor, ao mesmo tempo
em que celebramos o Natal, com
Os quatro domingos que ante- gratidão pelo amor de Deus reve-
cedem o Natal são chamados de lado ao enviar seu Filho ao mundo.
Advento. Este é o período do ca- O anúncio de que “Deus amou
lendário cristão que nos prepara o mundo de tal maneira que deu o
para a celebração do nascimento seu Filho unigênito, para que todo o
de Jesus Cristo, partilhando a fé que nele crê não pereça, mas tenha
e a esperança nas promessas de a vida eterna”, não foi feito apenas
Deus, e ao mesmo tempo aguarda- pelo evangelista João (3.16), mas
mos o seu retorno. A partir da com- foi comunicado por Deus desde a

NOSSA FÉ EM DEUS 169


antiguidade. O Antigo Testamento “Para a terra que estava aflita
revelou, em muitos livros, o plano não continuará a obscuridade.
salvífico de Deus preparado desde Deus, nos primeiros tempos, tornou
a fundação do mundo. desprezível a terra de Zebulom e a
Através dessa revelação, o povo terra de Naftali; mas, nos últimos,
de Deus esperou o cumprimento tornará glorioso o caminho do mar,
da maravilhosa promessa, até que além do Jordão, Galileia dos gen-
Deus a cumpriu. Assim, no Advento, tios. O povo que andava em trevas
a relembramos; relembramos tam- viu grande luz, e aos que viviam
bém o tempo da espera e a certeza na região da sombra da morte, res-
de que somos herdeiros e herdei- plandeceu-lhes a luz” (Isaías 9.1).
ras dessa promessa. “E o Verbo se fez carne e ha-
Advento tem, então, dois signifi- bitou entre nós, cheio de graça e
cados: a memória dos que aguarda- de verdade, e vimos a sua glória,
vam a promessa pela fé e a união glória como do unigênito do Pai”
com a Igreja de todos os tempos que (João 1.14).
anseia pela volta de seu Senhor. É,
portanto, um tempo litúrgico de es-
perança e expectativa.

A importância do Advento, Os quatro domingos podem ser


como festa de preparação para resumidos da seguinte forma:
a vinda do Senhor, está em sua
espiritualidade. Ela é marcada ƒƒ 1º Domingo: Vinda do Senhor,
pela esperança e pelo aguardo do a Igreja vigilante/Esperança e
Messias prometido; a fé na con- aguardo do Messias prometido
cretização da promessa; o amor (geralmente, ocorre ou no final
que se demonstra com a chegada de novembro ou no início de
do Messias e a paz por Ele anun- dezembro).
ciada. Deus vem em nosso favor! ƒƒ 2º Domingo: O precursor do
Deus vem entre nós e conosco, Messias/Fé na concretização
conforme registra a Palavra: das promessas de Deus.
ƒƒ 3º Domingo: Convite a tomar
parte na alegria/Demonstração
concreta do amor de Deus com
a chegada do Messias.
ƒƒ 4º Domingo: Nascimento do
Senhor/Paz anunciada e pleni-
ficada pelo Messias.

Toda liturgia da igreja está


fundamentada na Bíblia e na Talvez você nunca tenha enten-
Tradição. O Calendário Litúrgico é dido o significado da Coroa do
a memória da história da salvação. Advento, talvez você nunca tenha
O tempo de Advento resgata as visto uma Coroa dessa na sua
profecias do Antigo Testamento e o vida! Estando em uma igreja com
início dos evangelhos de Mateus e a liturgia mais tradicional ou não,
Lucas. Os destaques são: o livro de o mais importante é entender que
Isaías, chamado de “profeta mes- fazemos parte das promessas de
siânico”; João Batista, o precursor Deus e de seus cumprimentos.
do Messias; e Maria de Nazaré, a O Pai prometeu enviar o Messias,
serva do Senhor. o Salvador e cumpriu! E nós rece-
bemos a esperança de vida por
Símbolos e cores causa do cumprimento desta pro-
Algumas igrejas cristãs usam os messa. Jesus nos prometeu que não
seguintes símbolos nesse período nos deixaria órfãos, que enviaria o
litúrgico: Coroa do Advento: simbo- Consolar e cumpriu! Hoje, vivemos
lizando a realeza de Cristo; Velas: no Espírito e Ele habita em nós.
simbolizando a chegada de Cristo Jesus Cristo também prometeu que
como a luz do mundo; Luzes: sím- voltará para nos encontrar. Essa
bolo da luz que ilumina nas trevas, espera deve ser vivida com alegria,
o próprio Cristo. A cor desse tempo pois se Ele prometeu, Ele vai cum-
é o roxo ou lilás, símbolo da espe- prir e nós faremos parte desta reali-
ra, ansiedade e expectativa. zação! Podemos nos alegrar e não

NOSSA FÉ EM DEUS 171


duvidar, porque Deus não mente,
Ele não é humano (Números 23.19).
O Advento e o Natal mere-
cem um lugar muito especial em
nossa espiritualidade e fé cristã.
Devemos nos preparar para a vin-
da do Rei (vimos na lição 15), pois Quando chega o fim do ano, já
esse será o desfecho da linda his- entramos em ritmo de Natal, mas
tória da salvação. Cada vez que poucas são as pessoas que se re-
comemoramos a vinda de Jesus cordam do Advento. Vamos aderir
com mais ênfase a esta celebra-
ao mundo, reafirmamos a con-
ção, resgatando a nossa tradição?
fiança na promessa da sua volta. De que forma criativa podemos
Por isso tudo, nossas celebrações envolver a igreja local em celebra-
devem ser lindas, alegres, enfeita- ções inspiradoras do Advento?
das, cheias de amor e comunhão,
com comida gostosa, perto de
quem a gente ama.
Mas neste tempo de festas e ce-
lebrações, temos que ter em mente
que, muito mais importante que
os enfeites, que as decorações, os
presentes, os banquetes, é a gran-
“Como lembrança, [o Advento]
de expectativa de que a promessa é uma linda festa de aniversário
do Senhor está cada dia mais pró- preparada com expectativa e cari-
xima de se cumprir. Feliz Advento! nho para comemorar o nascimento
Feliz Natal! de Jesus. É ocasião oportuna para
contar às novas gerações a maravi-
lhosa história do Natal de Jesus. (...)
Como presença, é o tempo
para que muitos, que ainda não o
fizeram, possam aceitar o convite
divino e deixar o Salvador nascer
também no seu coração. (...)
Por que celebrar o Advento de
Como esperança, o Advento
Jesus se Ele já veio? é o convite renovado para que
Mesmo que você já tenha ou- reergamos os olhos e contem-
vido ou não sobre o período do plemos, com fé, o horizonte do
Advento, após a lição, essa época novo mundo de Deus.” (Luiz
de festividade cristã começa a ter Carlos Ramos) #FlâmulaJuvenil
outro significado para você? #NossaféemDeus

172 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Aonde chegar
Explicar o significado do Advento, como tempo de esperança e expectati-
va, e a razão da sua celebração. Destacar a espiritualidade e as formas
com que a Igreja realiza esse tempo litúrgico.

Dinâmica do dia
Material: Quadro/lousa e giz ou caneta.

Como fazer?
Escreva no quadro a palavra “Natal”. Pegunte ao grupo de juvenis,
o que mais gostam no período do Natal. Liste, em baixo, as respos-
tas. Depois, pergunte como eles e elas se preparam para celebrar
o nascimento de Jesus.
Apague o quadro e escreva a palavra “Advento”. Faça a mesma
pergunta: “O que mais gostam do período do Advento e como se
preparam para celebrá-lo?”. Dependendo da característica de sua
igreja local, alguns adolescentes não saberão responder estas
perguntas.

Reflexão:
Lançada a indagação, é a hora de explicar o que é o Advento,
com o conteúdo da lição, pois é bem provável que poucas pessoas
saibam seu significado e forma de celebração.

Passo a Passo
Antes de qualquer outra atividade, assim que recepcionar seus alunos e
alunas e orar com eles/as, faça a introdução do assunto com a Dinâmica
do dia. Talvez, alguns alunos e alunas nunca tenham ouvido falar sobre

NOSSA FÉ EM DEUS 173


esta celebração cristã, então, compartilhe o conteúdo da maneira mais
interessada e dinâmica possível.

Qual o sentido do Advento?


Celebrar o nascimento de Jesus e sua segunda vinda. James White
expressa bem essa duplicidade do Advento: “O Advento é tempo tanto
de agradecimento pela dádiva de Cristo a nós no passado quanto de
expectativa de sua segunda vinda” (WHITE, 2005. p. 54). Advento é es-
perança e expectativa. É bom olhar o Calendário Litúrgico para ter uma
visão do todo: das promessas ao povo de Deus no Antigo Testamento até
a Segunda Vinda do Senhor. Veja o Baú de ideias.
A importância do Advento, como festa de preparação para a vinda
do Senhor, reside em sua espiritualidade. A Carta Pastoral do Colégio
Episcopal, Culto da Igreja em Missão, explica a espiritualidade do Advento
como esperança, fé, amor e paz: esperança a partir das promessas sobre
o Messias e fé no cumprimento das mesmas; amor com a chegada do
Messias e paz que Ele traz e proclama. São virtudes que percorrem todo
o Novo Testamento. A espiritualidade é a essência, aquilo que dá o tom.
O nascimento de Jesus fecha todo o ciclo da Lei e abre o tempo da graça.
Dos três textos propostos na lição, os dois primeiros (Isaías 7.14 e 9.6-
7) estão no Livro do Emanuel, que compreende os capítulos 6 a 12 do
livro de Isaías. Estes textos têm como contexto a guerra Siro-Efraimita
quando Damasco e Efraim planejaram, com apoio da Síria, invadir Judá.
O rei e o povo estavam desesperados. Por isso, a promessa de Isaías 7.14
surge como sinal do Senhor.
O nome simbólico, Emanuel, seria um testemunho da presença de
Deus com seu povo. A criança foi o rei Ezequias, que continuaria a dinas-
tia de Davi. Este texto tornou-se muito importante porque serviu de base
para a doutrina do nascimento virginal de Jesus. Isaías 9.6-7 segue na
mesma direção: diante da ameaça de invasão da Assíria e chamado ao
arrependimento e fé no Senhor, anuncia-se a chegada da criança. Sobre
ela estariam os atributos do Senhor e renovam-se as promessas de Davi.
O terceiro texto (Isaías 40.1-5) pertence ao Livro da Consolação, escrito
pelos discípulos de Isaías, após o exílio. Esta seção do livro, capítulos 40
a 55, é compreendida como um novo êxodo: libertação do povo e caminho
em direção à terra prometida. Por isso a presença de Ciro, “o ungido”;
os cânticos de louvor; as referências ao sofrimento do povo; chamado ao
arrependimento; juízo sobre outras nações; promessas de libertação.
É importante conhecer um pouco sobre o Lecionário Cristão, a orga-
nização dos textos da Bíblia centrada nos Evangelhos. As referências

174 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


bíblicas do Lecionário estão divididas de forma a cada ano priorizar
um dos evangelhos sinóticos: O Ano A trabalha com Mateus, o B com
Marcos e o C com Lucas. O evangelho de João está dividido entre os
anos. Assim, os evangelhos são trabalhados a cada triênio, bem como
as mais importantes passagens bíblicas ligadas à história da salvação.
Celebrar o Advento significa retomar seus símbolos. O principal
símbolo do Advento é a Coroa. Messias Valverde, pastor metodista, iden-
tifica seus elementos:

“A forma circular da coroa representa o tempo que compreende


do período da criação ao desfecho escatológico. Os demais
complementam o sentido desse tempo como espaço da realização
de Deus. O verde simboliza a vida em meio a uma realidade de
desesperança; a fita vermelha mostra as diversas alianças de Deus
com o povo; as velas, que são acesas a cada sábado nos lares, e
a cada domingo no Templo, relembram quatro momentos de forte
iluminação de Deus no mundo.” (VALVERDE, 1996, p.57).

É preciso um processo pedagógico fundamentado na Bíblia e na


Tradição da Igreja a fim de superar o preconceito de parte de algumas
pessoas evangélicas quanto aos símbolos litúrgicos. Caso em sua co-
munidade não tenha uma coroa do Advento, mostre imagens para sua
classe, veja o Baú de ideias.
Trabalhe as questões do Fala aí! e incentive a classe a celebrar o
Advento na igreja e em casa, de maneira criativa, lembrando sempre
que o mais importante é entendermos que Deus fez e cumpriu promes-
sas. E Ele ainda cumprirá todas as suas promessas, possibilitando que
façamos parte delas. Que você, professor e professora, experimente esse
período de expectativas, festas e comunhão de uma maneira incrível.
Que seus alunos e alunas celebrem as comemorações com um novo
olhar. Deus abençoe, feliz Advento e feliz Natal!

Baú de ideias
Texto: O calendário litúrgico ou ano litúrgico cristão é a cele-
bração da vida de Jesus e da história da salvação. Disponível
no site da Igreja Metodista em Vila Isabel, no link: https://bit.
ly/2JPGMch. Acesso em 16/03/18.

Lecionário Cristão. É possível pesquisar em: https://bit.


ly/2LTzSTJ. Acesso em 16/03/18.

NOSSA FÉ EM DEUS 175


BIBLIOGRAFIA
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A espiritualidade centrada no amor. Em Marcha, A nova vida em Cristo. Revista
do/a aluno/a, 2004. Produzido sob direito da Igreja Metodista.
ALTMANN, Walter. 1 Tessalonicenses 5.16-18, 2010. Disponível em: http://www.
luteranos.com.br/textos/1-tessalonicenses-5-16-18. Acesso em 12/04/2018.
AUDUSSEAU, Jean; LÉON-DUFUOR, Xavier. Cruz. In LÉON-DUFUOR, Xavier
(Dir.). Vocabulário de teologia bíblica. (Trad. Simão Voigt). 3ed. Petrópolis:
Vozes, 1984.
BÍBLIA. Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego, 4º ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2015. Texto Bíblico: Almeida Revista e Corrigida, 4ºed. Sociedade
Bíblica do Brasil, 2009.
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178 FLÂMULA JUVENIL | PROFESSOR(A)


Qual é a base da nossa fé? No que acreditamos?
Pois bem, a Flâmula Juvenil traz para nós a
oportunidade de refletirmos e aprendermos mais
sobre o fundamento da fé cristã. Vários são os
assuntos abordados, como: Trindade, Pecado,
Arrependimento, Perdão, Salvação, Novo Nascimento,
Missão, Reino de Deus, Milagre, Prosperidade etc, que
mostram o conjunto das nossas doutrinas.
Quem disse que não dá para falar de doutrina de
maneira descontraída? “Nossa fé em Deus” é uma
ótima ferramenta para aproximar as doutrinas do
grupo de juvenis. Além de tratar a base da fé cristã, a
revista disponibiliza uma seção especial com duas
lições temáticas para o fim do ano, sobre o dia de Ação
de Graças e o Advento. Esta edição da Flâmula Juvenil
está imperdível!

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