Você está na página 1de 237

Lady Johanna – Sophie Saint Rose

Lady Johanna
Sophie Saint Rose

(Série Época 12)

Mikinha, Nize, Lell, Lu, Lila

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Sinopse

Johanna se apaixonou por seu marido, no momento em que o conheceu, seu físico
e audácia a impressionaram. Que ela o tivesse amarrado à cama, literalmente,
para forçar um casamento que James não queria, era irrelevante. Ele iria se
acostumar com isso.

Mas depois de alguns meses de casamento, o amor deu lugar ao ressentimento


com a situação se tornando insuportável. Tanto que ela pensou em se tornar uma
viúva. Na cidade de Boston, chamavam-na de "Louca Sherman". E estava
começando a pensar que eles estavam certos.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 1

Johanna, sentada em frente à sua penteadeira, olhou-se no espelho. Não podia


acreditar no quanto havia mudado sua vida em dois meses. Sendo uma das herdeiras
mais perseguida em Londres, perseguida por inúmeros pretendentes, agora era
casada com um bruto escocês que não tinha nenhum tato e que a tratava como se ela
fosse um estorvo.

Odiava-o. O odiava tanto que não podia nem suportar sua presença. E isso ficara
claro para o recente esposo, já que não falara com ele desde que haviam se mudado
para a casa nova, que seu sogro lhes dera em Mayfair, perto do Hyde Park.

Na verdade, quase não o via. De manhã, levantava-se muito cedo para não coincidir
com ele e, quando não estava no parque, ia visitar a mãe e a amiga Liss, a duquesa de
Stradford. Nos únicos momentos em que ela não podia ignorar completamente sua
presença horrível, era em jantares ou bailes que tiveram que ir, onde sua indiferença
em relação ao marido bonito gerou rumores de que o casamento deles não era tão
feliz quanto o da sua querida amiga.

Olhou para o cabelo preto espesso, que caia de suas costas até os quadris. Cansada
depois de ir a outro baile aborrecido naquela mesma noite, pegou a escova escovou-o
em sua rotina de antes de dormir, como sua mãe lhe ensinara desde a infância. Ela
apertou os lábios ao ver que seus olhos cor de mel pareciam sem brilho e apagados.
Inclusive tinha olheiras. Devia isso ao seu marido horrível também, porque desde
que o conhecera, não dormira bem durante uma única noite, quando sempre dormira
como um tronco.

Amaldiçoou sua natureza impulsiva que a colocou nessa bagunça. Deveria ter
ouvido seus pais e casado com um dos amigos de seu pai em Boston. Haviam-na
aconselhado mil vezes, mas quando viu que sua única filha não conseguia se decidir,
forçaram-na a ir a Londres porque sua mãe ficara iludida por sua filha se tornar uma
dama.

A minha filha tem de ser uma condessa ou duquesa, disse Rose Sherman para o marido,
que cansado de ouvir isso, deixou-lhe fazer a viajem à Europa em um de seus barcos.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Eles eram ricos, muito ricos e quando chegaram a Londres, lhes abriram as portas
das casas mais importantes. Em uma das festas, que haviam celebrado na opulenta
casa que seu pai comprara, ela conhecera Liss. Sorriu pensando em sua amiga. Liss
era solteira no dia em que a conheceu, mas logo se casou com um dos solteiros mais
cobiçados de Londres, o Duque de Stradford.

Graças a eles, conheceu a seu sogro Marquês de Wildburg e em uma maravilhosa


aventura todos foram para a Escócia para encontrar seu primogênito, acompanhados
pela dama de companhia de Liss, Susan Gibson, que fazia de sua carabina nas
pousadas onde descansavam, compartilhando seu quarto.

Foi uma surpresa para Johanna ao chegar a uma dessas pousadas para descansar, a
poucos quilômetros de seu destino, encontrar um atraente escocês que lhe roubou o
fôlego assim que seus olhos caíram sobre ele. Era tão bonito e atrevido que roubou
seu coração. O que ela poderia fazer para chamar sua atenção e se casar com ele?
Fazer que os surpreendessem em sua cama.

Não foi difícil. O escocês abriu a porta assim que ela bateu e a olhou de cima a baixo
com um sorriso, examinando sua discreta camisola branca. Johanna, na ânsia de
conquistá-lo, sorriu e disse com voz rouca, olhando para seus belos olhos verdes. —
Meu Senhor, gostaria de passar a noite comigo?

Intrigado, ele se afastou e Johanna entrou no quarto devagar sem parar de olhar em
seus olhos. James fechou a porta sem parar de olhar para ela e disse com uma voz
rouca. — Tire a roupa.

Johanna se ruborizou, lembrando-se de quão ousadamente tirou a camisola ficando


nua. Ela jogou a camisola no chão ao lado da cama e colocou as mãos nos quadris
enquanto ele olhava para ela sem se mover. — Agora é a sua vez.

James levantou as mãos, agarrando a camisa por trás e puxou-a rapidamente. Ainda
se lembrava de como seu coração batia selvagem ao ver seu torso maravilhoso.
Estava tão absorta naquele peito musculoso e no cabelo loiro que estava entre os
peitorais, que nem notou como ele tirou a calça, ficando nu diante dela. Quando ele
deu um passo em direção a Johanna, o movimento entre suas pernas a fez olhar para
baixo, engolindo em seco quando viu seu sexo ereto. Ela não era uma puritana, sabia
o que era sexo por causa de sua correria pela orla de Boston, mas ver aquele membro
em todo o seu esplendor quase a deixou tonta de desejo.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ele ergueu seu queixo para que olhasse para ele, fazendo com que seu toque eriçasse
a pele e separasse seus lábios querendo senti-lo, percebendo que era uma cabeça
mais alto que ela. James se abaixou lentamente, mas Johanna reagiu e limpou a
garganta antes de beijar seus lábios. — Gosta de jogos?

— Jogos? — Confuso, ele se afastou dela com uma carranca. — O que você está
falando sobre jogos, mulher?

— Eu gostaria de te amarrar na cama.

James riu e olhou em volta. — E como que planeja fazê-lo?

— Com as cordas que deixei ao lado da porta. Você pode pegá-los?

O escocês, divertido, abriu a porta, pondo-se a rir quando as viu no chão onde ela
havia dito. Pegou-as e voltou para ela, que estava corada de prazer por olhar sua
bunda. — E isso porque você parece ser uma donzela. A vida não para de me dar
surpresas.

— Deite-se, amor. — Ela disse, pensando que deveria se apressar para que tudo
estivesse pronto quando a amiga a procurasse.

James puxou as cobertas e deitou de costas, abrindo as pernas. — Eu sou muito forte,
linda. Deverá se empenhar muito.

— Calma, — disse maliciosa. — Garanto-lhe que a paixão não fará que se solte. Eu
garanto isso.

Ele comeu-a com os olhos e Johanna se aproximou da mão que estava mais perto
dela. — E o que você pensa em me fazer?

— Alguma coisa que você vai amar. Não seja impaciente, — disse, concentrando-se
no nó de marinheiro que Robert lhe ensinara no porto de Boston quando ela era
criança. — Você ficará muito feliz e impressionado.

— Isso soou promissor. Espero que use sua boca. Você tem lábios muito apetitosos.

Ela olhou para ele surpresa, porque ninguém nunca havia dito isso a ela. — Você
acha?

— Estou ansioso para experimentá-los. Vem aqui.

Não podia se distrair. Liss ou sua acompanhante Susan chegaria a qualquer


momento, assim que quando assegurou o nó, deu a volta na cama para amarrar seu

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


outro pulso. James puxou seu aperto e fez uma careta. — Você vai me mostrar como
fez isso?

— Eu vou te mostrar o que você quiser, — terminou o segundo nó. — Teremos


tempo para isso e muito mais.

James riu divertido e levantou a cabeça para ver como ela amarrava o tornozelo. —
Técnica interessante.

Sorriu aliviada porque já era dela e se aproximou do outro tornozelo. —Sabe


querido? Você me impressionou.

— Isso acontece muito.

Johanna riu, assentindo. — Tão bonito, tão viril... alterou meu coração. — Ele sorriu
com orgulho e Johanna terminou o nó acariciando sua perna lentamente até chegar
ao joelho.

— Você me impressionou tanto, meu amor, que decidi me casar.

James perdeu toda a cor de seu rosto quando viu que ela cobria seu enorme corpo
com um lençol e sentou ao lado dele se cobrindo.

— Não tem graça. — Ele puxou as amarras e Johanna riu. — Me solte garota!

— Meu nome é Johanna. —Afastou uma mecha loira de sua testa antes de rasgar
uma tira do lençol. Ela pôs uma cara consternação. — Querido, eu sei que isso não
vai ser de seu agrado, mas...

Ele abriu a boca para gritar quando ela o amordaçou. — Eu faço para o teu próprio
bem. Você não gostaria de ser visto nesta situação por toda a pousada. — Ela sorriu
deliciada antes de beijar sua testa. James moveu-se com força fazendo a cama tremer
e Johanna deu um golpe na parede fazendo com que sua presa abrisse os olhos, antes
de puxar as cordas novamente, tentando se libertar. — Não sofra, amanhã tudo
estará terminado e começaremos nossa maravilhosa vida juntos.

Ela estava imensamente feliz sabendo que estava certa. Esse homem devia ser seu,
quer queira, quer não.

Depois de todos os almofadinhas que conheceu em Londres, ele não ia escapar.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


O resultado foi o que Johanna imaginou. Susan, que estava encarregada de sua
proteção durante a viagem, quando percebeu que não estava na cama, começou a
procurá-la e, quando a ouviu passar pela porta, disse simplesmente — Estou aqui!

O rosto de Susan quando ela abriu a porta e a viu, foi engraçado, mas os gritos não se
fizeram esperar, em seguida, apareceu o Duque, o Marquês de Wildburg e sua amiga
Liss, que protestou porque teria que se casar com um escocês. Evidentemente,
tiveram que se casar, mas seu escocês resistiu dizendo que não tinha feito nada e que
não precisava. O duque, o conde e o padre convenceram-no a ceder.

E ela se encontrou casada com seu gigante, que estava realmente de mau humor.
Não, ele não estava de mau humor, estava furioso. Por alguns dias ele a tratou muito
mal e de maneira humilhante. Ele a fazia parecer ridícula sempre que podia e até a
fazia dormir no chão, alegando que as cadelas dormiam lá.

A paixão de Johanna foi desaparecendo pouco a pouco, mas o verdadeiro problema


ainda estava por vir porque seu escocês era o filho do conde de Wildburg. Ele se
recusou a aceitar a realidade e Johanna o pressionou a reivindicar o que era devido,
fazendo com que seu marido dissesse as palavras que mais a magoavam.

— Você nunca cala essa boca? Estou ansioso para te perder de vista!

Não foram as palavras mais duras que lhe havia dedicado durante aqueles dias. Ele a
havia insultado, humilhado e zombado dela em muitas ocasiões, mas aquelas
palavras ditas do mais profundo do ódio, quebraram seu coração em mil pedaços.

É claro que ela tentou anular o casamento assim que chegaram a Londres. Implorou
ao pai para ajudá-la, mas o havia desapontado e a Henry Sherman não deveria
desapontá-lo. Não quis ajuda-la e sua mãe menos ainda quando soube que seu
marido era o conde Fishburgne graças a seu novo pai.

Foram dias difíceis para todos. Ainda mais quando descobriram que a mãe de seu
marido era Susan, que havia escondido esse segredo a vida toda. Aparentemente, ela
conhecera o sogro quando era jovem e apaixonara-se loucamente por ele, tendo uma
noite de loucura que a abalara pelo resto da vida.

Johanna suspirou pensando em Susan, outra mulher que sofria pelos Fishburgne,
porque, embora seu sogro e ela se amassem, o Marques não se decidia em casar-se
com ela depois de inteirar-se do que havia ocorrido. Agora ela morava na casa de
Johanna como sua dama de companhia. Haviam decidido esconder da boa sociedade
a realidade da maternidade de James, porque já era muito escandaloso um filho

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


desconhecido do Marquês de Wildburg aparecer do nada, além de que era um filho
da ex-governanta de Liss e que ela havia abandonado à sua sorte logo depois do seu
nascimento. A pobre mulher toda vez que via James, começava a chorar correndo
para o quarto e depois não saía por dois dias. Johanna estava muito preocupada com
ela e seu sogro não ajudava muito. Embora ele fosse visitá-los com frequência e
tratasse a Susan com carinho, todos notavam e ela mais ainda, que ele não era tão
carinhoso com sua antiga amante como antes de conhecer a verdade. Antes de saber
sobre a mentira da mulher, o marquês a pedira em casamento mostrando a todos que
ele estava apaixonado, mas agora toda vez que o assunto do casamento era
mencionado, o homem ficava tenso e dizia que ainda tinha que esperar um pouco
depois de tudo o que aconteceu.

Outro tópico de discussão em seu casamento, porque Johanna gritara com o marido
mil vezes, já que era o filho deles, deveria fazer algo para fazê-los felizes. Seu marido
a olhou friamente com olhos verdes e gritou para ela se meter em seus assuntos.

Bateram na porta muito suavemente e Johanna se preocupou se era seu marido e


perguntou.

— Quem é?

— Susan.

Estranhou porque devia ser de madrugada, foi até a porta e abriu-a para vê-la
vestida com roupa de passeio e com o casaco no braço. Havia até colocado o chapéu.
Johanna apertou os lábios e pegou-a pelo braço, puxando-a para o quarto. — O que
você acha que está fazendo?

A mulher apertou as mãos e olhou para ela angustiada. — Eu não aguento mais.

Ela olhou para a porta de ligação com o quarto com o marido e sussurrou. — Não
está falando sério. Não pode ir!

— Eu volto com a Liss. Minha garota me entende e...

— Eu te entendo! Você estava com medo de sua reputação e deixou seu filho com
uma família! Fez o que achou melhor para todos. Ele era um lorde e você dama de
companhia. Temia que soubessem e fez o que achava certo. Isso já passou!

— Meu filho me odeia. — Seus olhos azuis se encheram de lágrimas. — Eu não


aguento mais. Ele não fala comigo, nem quer saber sobre mim e Nelson... — Ela se
virou para não chorar de novo. — Nunca vai me perdoar.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Nelson te ama. O que acontece é que ele está um pouco magoado porque você não
contou sobre sua gravidez. — Fez uma careta. — Nem que tinha dado a luz na
Escócia... ou que você tinha deixado a criança lá para uma mulher que então a deu a
um nobre... — Susan começou a chorar de novo e Johanna exasperada replicou —
Pare de choramingar! Assim não vai conseguir nada! — Então Johanna estreitou os
olhos pensando que não era uma má ideia que ela se fosse, para que se assustassem
com medo de perdê-la. — Muito bem. Vai embora. Mas não vá para a casa de Liss. É
o primeiro lugar onde eles irão procurar por você.

— E onde eu vou? —Ela perguntou assustada. — Não tenho para onde ir.

Johanna andou pela sala e pensou sobre isso. — Acho melhor você ir a um hotel. Não
dê seu nome e espere notícias minhas. — Ela foi para sua penteadeira e pegou várias
libras. — Conhece o Hotel Harrison?

— Sim. — Ela assentiu, pegando o dinheiro. — Que nome eu dou?

— Mary Smithson. O nome da minha governanta.

— Mary Smithson. Sim, isso é perfeito para nos lembrarmos de ambos.

— Fique lá até eu te avisar. Diga que é americana e acabou de chegar de uma longa
viagem. Você parece uma dama. Te tomarão como uma excêntrica. Diga que sua
bagagem chegará em uma semana. — Ela sorriu maliciosa. — Suponho que em uma
semana eles se arrependam o suficiente. Tenho certeza que pedirão seu perdão
quando voltar.

A esperança iluminou seus olhos. — Você acredita?

— Você vai ver. Você tem transporte?

— Uma carruagem de aluguel me espera na porta.

Johanna beijou-a no rosto. — Corra e não se surpreenda ao sair. Carlton parece não
dormir nunca, — disse ela, exasperada, falando sobre seu mordomo, que sempre
estava atrás dela como se fosse seu cachorrinho.

Susan voltou-se acenando com a cabeça e a viu percorrer o corredor apressadamente,


pegando uma lamparina de óleo na passagem para chegar às escadas porque estava
muito escuro. Quando a luz desapareceu à medida que descia, Johanna suspirou
fechando a porta do quarto devagar. Foi até a janela e afastou as cortinas de veludo
para olhar para fora. A luz da lua mostrou como sua amiga correu pelos

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


paralelepípedos da entrada para alcançar o portão e abri-lo rapidamente. O carro
alugado preto estava esperando por ela e Susan olhou para a casa muito nervosa
antes de fechar o portão em seu caminho. Viu quando a carruagem de cavalos se
afastava, desejando realmente ir com ela.

Colocou as cortinas de volta e se virou para ir para a cama, subindo o degrau que
levava à enorme cama da condessa. A Condessa. Olhando para o dossel de veludo
marrom, ela colocou os braços ao redor do peito, pensando que esta noite seu marido
não iria mais incomodá-la. Embora nunca a tivesse incomodado, aquela incerteza a
que exigia seus direitos conjugais, a mantinha em uma vigilância até tarde da noite
dia após dia e era exaustivo. Talvez devesse ir também. Desaparecer e tentar levar
uma vida normal. Ela franziu a testa. Ela era Johanna Sherman e em sua vida nunca
havia fugido de nada.

Nenhum escocês pulguento ia chatear sua vida.

Quando desceu para o café da manhã no dia seguinte, vestida com sua maravilhosa
roupa de equitação de veludo laranja com acabamento preto, seu mordomo sorriu da
porta da sala de café da manhã.

— Bom dia, condessa.

— Bom dia, Carlton. Aparentemente hoje não chove.

— Poderá desfrutar de seu passeio.

Ela parou diante dele e sorriu. — Senhorita Susan já se levantou?

— A senhorita Susan não dormiu em casa, condessa. Como você bem sabe.

Ela estalou sua língua irritada. — Não acontece nada nesta casa que você não saiba?

O alto mordomo que sua mãe contratara para mantê-la bem informada sorriu
maliciosamente.

— Poucas coisas. E certamente não lhe interessam.

— Fez que a seguissem?

— Claro, milady.

— E chegou bem?

— Tudo em ordem como você arranjou, minha senhora. Quarto vinte e três.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Suponho que conto com sua discrição.

— Eu sou um túmulo, milady. Eu sei perfeitamente de onde vim e sou grato. Os


Shermans contam com minha lealdade até a morte.

Johanna revirou os olhos ao exagero dele. — Eles só te trouxeram de Boston, Carlton.

— E eles me ajudaram a pagar pelo tratamento da minha esposa. Eu te devo sua vida
e sempre apreciarei isso.

Johanna foi para a sala do café da manhã. — Sendo assim, como está a Sra. Smithson?
Faz alguns dias que eu não a vejo.

— Um pouco resfriada, milady. Minha esposa tem uma saúde delicada, como você
sabe, mas a casa funciona como um relógio. Ela ainda tem uma mão de ferro, mesmo
deitada na cama.

— Não duvido, — disse ela, abrindo o guardanapo no colo. — Não hesite em chamar
o médico, se necessário.

— Obrigado, milady. — O mordomo se virou para o lacaio. — O café da condessa.

Enquanto ela era servida, seu mordomo observou no aparador que tudo estava em
ordem.

— O conde já se levantou?

—Está se asseando.

Surpreendida, ela olhou para ele. —Tão cedo?

— Aparentemente, tem um encontro com o pai para resolver certos problemas legais.

Assim era como ela descobria o que o marido fazia todos os dias. Por Carlton, que a
mantinha informada continuamente. Pegou o garfo para comer os ovos que
acabavam de ser servidos. — Eu tenho tempo para o café da manhã?

— Claro, milady. Ele ainda está se barbeando e seu valete vai atrasá-lo tanto quanto
possível.

Johanna sorriu maliciosa porque todo os criados estavam do lado dela. Também era
verdade que todos tinham sido contratados por sua família e eram fiéis a ela. —
Espero que a água esteja gelada.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Claro, condessa. Como todas as manhãs. Deixamos ao frescor da noite, de modo
que esteja ao ponto. Mas aparentemente ao conde não o afeta em absoluto.

Ela rosnou por dentro enquanto mastigava. — Milady, quando acha que devo alertar
a ausência da senhorita Gibson?

— No jantar?

— Parece muito tarde, minha senhora. Qualquer empregada saberia quando fosse
acordá-la.

— Está bem. Vai me dar a notícia assim que eu voltar da cavalgada.

— Um momento muito apropriado, minha senhora.

— Precisamos avisar Liss. Eu não quero que fique com medo em seu estado.

— Sim, milady. Não seria bom que a Duquesa levasse tanto susto em seu estado.
Deve preveni-la.

— Irei a cavalo até sua casa. —Ela pegou um pãozinho que untou com geleia, quando
seu marido entrou furioso na sala de café da manhã com o paletó na mão.

Johanna ergueu uma das sobrancelhas finas e negras mastigando o pão quando ele
apontou furiosamente para ela.

— Você! Você é a culpada de tudo!

Ela limpou o canto da boca com o guardanapo. — Algum problema?

Furioso, jogou a jaqueta sobre a mesa e a mancha de gordura em uma das lapelas era
evidente. Aparentemente, o valete não se encarregava nem do mínimo necessário.
Johanna estalou a língua e olhou para Carlton.

— Você pode resolver isso? Não podemos deixar que a boa sociedade, com suas
regras rígidas, pense que meu marido é um porco ambulante.

Carlton assentiu sem fazer um gesto e aproximou-se da mesa para pegar a jaqueta.

— As roupas limpas.

— Sim, as roupas do conde devem estar limpas, — disse indiferente, enquanto James
olhava para os dois, querendo matá-los.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ela deu outra mordida no seu bolinho e olhou-o nos olhos. — De que mais eu sou
culpada?

— Estou cansado de que me provoque em minha própria casa! — Ele se aproximou


dela em duas passadas e percebeu que estava comendo na cabeceira da mesa. — Esse
é o meu lugar!

— Eu cheguei primeiro. — Pegou a xícara de café e continuou a tomar o café da


manhã em silêncio. Como ele não saiu, reprimiu um grunhido antes de olhar de volta
para ele. — Acontece algo?

— Eu quero café da manhã!

— Então sente-se. — Disse como se fosse um idiota, colocando-o vermelho de fúria.

— Você tira o meu apetite.

— Se você não tivesse dito ao meu pai que não era necessário cancelar essa loucura,
agora ambos estaríamos felizes. A culpa de tudo o que acontece com você é
absolutamente sua.

— Devia ter estado louco! É claro que não estava no meu estado normal depois de
tudo o que aconteceu.

Os olhos de Johanna se iluminaram e de repente se levantou. — Isso! Isso! — Ela saiu


correndo chamando Carlton aos gritos, dizendo que deveriam ir imediatamente
buscar ao seu advogado.

James a viu subindo as escadas. — Johanna! — No andar de cima, se virou para olhá-
lo com um sorriso radiante. — Não se incomode, — ele disse malicioso. — Não
pretendo cancelar nada.

Johanna perdeu o sorriso de repente. — Por que?

— Eu já te disse mil vezes! Dei minha palavra quando me casei com você! Estamos
casados para nossa infelicidade! Então pare de dar voltas na mesma história de novo
e de novo!

Ela olhou para ele furiosa segurando o corrimão como se fosse estrangulá-lo.

— Estou ansiosa para ser uma viúva!

— Bem, eu tenho uma saúde de ferro, então espere sentada!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Talvez eu tenha sorte e uma carruagem passe por cima de você, bruto insensível!

— Bruto eu? Bruta você, que armou uma armadilha para mim! Agora terá que pagar
as consequências, bruxa!

— Não me force, James. Eu posso acabar mostrando a você como sou boa atirando
uma faca!

— Eu sei o quão bem você é dada a atirar uma faca, — disse ele divertido. — E
também sei o quão bem você atira, mas nunca fará isso contra mim.

— Como você pode ter tanta certeza? Morto o cachorro, acabou a raiva!

Furiosa levantou suas saias para entrar em seu quarto fechando a porta com força,
gritando de raiva. Com os punhos cerrados, andou pelo quarto. A mesma coisa
sempre acontecia. Não importa como a conversa começava, sempre terminavam da
mesma maneira. Gritando um com o outro.

Percebendo que ela havia se escondido em seu quarto como se fosse Susan, ela saiu
de novo caminhando com grandes passos impróprios para uma dama até chegar às
escadas. Ao passar pela sala de café da manhã, o marido gritou para ela — Tente não
quebrar o pescoço em cima dessa besta!

— Você sim é uma besta. — Ela sussurrou, deixando a casa batendo a porta.

Quando chegou ao estábulo atrás da casa, o lacaio já preparara Diamante. Seu


precioso puro sangue negro estava inquieto como se soubesse que ela estava com
raiva. O menino que tinha cerca de quatorze anos balançou a cabeça. — Não, milady.
Assim não.

— Assim não o que?

— Não vou poder segui-la! Sempre que sai de mau humor, corre como se estivesse
sendo perseguida pelo diabo!

— Pois, você não está muito enganado. — Tomou as rédeas e subiu no cavalo
montando escanchado como gostava de cavalgar. Não conseguia entender as outras
que cavalgavam no estilo amazona, dessa forma não se desfrutava, nem dominava o
animal. Fora o pai dela quem a ensinara a montar e a mãe concordara que, para
proteger a vida de sua única filha, a deixariam andar daquela maneira, mesmo que
fosse contra a boa sociedade. Especialmente quando uma das amigas de sua mãe
quebrou o pescoço tentando pular uma sebe. Desde aquele dia Rose Sherman não

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


cavalgou mais e insistiu que Johanna também deixasse, mas com apenas doze anos
de idade Johanna tinha montado tal espetáculo, que seu pai para não ouvi-la
autorizou a continuar com a única coisa que realmente a fazia feliz.

Saiu da casa a todo galope sem olhar do outro lado da rua. Uma carruagem teve que
evitá-la na calçada, mas não percebeu enquanto o lacaio gritava para ela esperar por
ele. Ela não fez, queria ficar sozinha. Era uma pena que Liss não montasse porque
estava grávida e que não pudessem mais desafiar uma à outra para ver qual da duas
ganhava.Era uma cavaleira excepcional e sempre era um desafio. Mas o duque de
Stradford a havia proibido e Liss não conseguira convencê-lo por muito que tentasse.

Incitou seu cavalo, deixando o vento despentear seus cachos e quase perdendo o
chapéu, que caiu nas costas. Sem notar que seu cabelo preto estava despenteado,
circulou o Lago Serpentine e atravessou a Ponte LongWater. Depois de um tempo,
permitiu que Diamante desacelerasse, porque sentia que já estava cansado. Ela
apertou os lábios e acariciou o pescoço dele. — Me desculpe amigo. Eu forcei você
demais?

Tombou sobre seu pescoço abraçando-o e Diamond parou como se soubesse que
precisava de conforto.

— Você me entende. Se você pudesse falar...

— Eu diria que está meio louca.

Surpreendida, ela se virou para ver um homem da idade do marido montado num
cavalo atrás dela.

Olhava para ela com um sorriso amigável nos lábios,Johanna ficou tensa e endireitou
as costas. —Você não acha que é um atrevimento falar comigo nesse tom?

— Não penso assim, especialmente quando cavalga, colocando-se em perigo. — Ele


colocou a mão no chapéu.

— Collin Baker aos seus serviços, milady.

— Não preciso dos seus serviços. — Girou as rédeas com a intenção de retornar o
caminho que tinha vindo, mas ele a interceptou cruzando seu cavalo. — Afaste-se!

Surpreendendo-a, o homem sorriu e Johanna percebeu que ele era bastante atraente.
Tinha cabelos castanhos e incríveis olhos verdes. Ele se vestia como um cavalheiro,
mas não era, porque se fosse, teria dito seu título. Parecia que os nobres diziam o

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


nome com o título como se fosse um pacto. Se não o fez, era porque não era nobre.
Mas tinha dinheiro. Isso era evidente pelas roupas sob medida.

— Me afastaria. Realmente o faria, mas não quero que essa linda cabecinha se estatele
no chão.

Johanna sorriu sem poder evita-lo. — É americano.

— Pois sim, Johanna Sherman. — Ele apoiou os cotovelos na sela.

— Vejo que me conhece. — Levantou o queixo.

— A Louca Sherman? Quem não a conhece em Boston?

Ela ofegou indignada, fazendo-o rir. — Ninguém me chama assim!

— Não foi você quem ateou fogo a uma carruagem com um dos amigos de seu pai
dentro nas orlas de Boston? — Parecia que estava se divertindo muito.

— Isso foi um erro! Eu deixei cair uma vela!

— Tinha entendido que ele pediu a sua mão a seu pai.

— O velho verde. Mereceu aquilo.

O homem começou a rir e Johanna sorriu impotente. — O que você está fazendo em
Londres?

— Negócios. — Ela levantou as duas sobrancelhas, esperando por uma explicação. —


Trens da ferrovia.Financiamento para as linhas do sudoeste.

— Entendo. E você precisa muito?

— Mais do que muito.

— É por isso que você se aproximou de mim?

— Não costumo falar com mulheres sobre negócios.

— Você prefere falar com meu marido? — Isso o fez perder o sorriso de repente e o
sujeito se endireitou na sela.

— Seu marido?

— Não sabe que estou casada? Deve ser o único em toda Londres que não tem
notícias do meu casamento.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Com um inglês com titulo, com certeza. — disse ele com rancor.

— Pois sim. — Apertou as rédeas entre os dedos. — Eu sou a condessa de


Fishburgne.

Collin olhou para ela com desprezo. — Achei que a maluca Sherman resistiria a se
casar com um fantoche inglês.

Ela o fulminou com os olhos. — É claro que você não conhece meu marido. Se o
conhecesse, senhor Baker, não o chamaria de fantoche. E ele nasceu na Escócia!
Agora me deixe passar!

O homem deixou-a passar sem tirar os olhos dela e Johanna sem se despedir-se
sequer, começou um suave galope para voltar para casa. Não queria olhar para trás,
mas quando atravessou a ponte novamente, viu pelo canto do olho que ele a seguia.
— Quem achava que era para falar-lhe assim? Não tinha vergonha.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 2

Ao chegar em casa, o lacaio estava diante do muro, olhando para o parque com os
braços cruzados e a testa franzida. Divertida aproximou-se dele. — Qual é o
problema, Lewis?

— Não tem graça, milady! Ele me repreendeu por sua culpa.

— O chefe do estábulo?

— Não deve sair sozinha! Mas é muito teimosa. — Ele agarrou as rédeas sem pedir
permissão e puxou o bridão levando-o para a porta da frente. — Nem me deixou
montar e o conde gritou indignado quando a viu atravessar a rua. Isso, para não
mencionar que quase estampou a carruagem do Marquês em cima do muro para
tentar evitá-la.

—O Marquês de Wildburg esteve aqui?

— Para pegar seu filho, sim senhora. — Olhou para ela como se não tivesse remédio.
— Um dia vai me meter em uma confusão!

Johanna tentou se conter, mas não conseguiu evitar e começou a rir quando viu sua
frustração. — Não me repreenda Lewis. Estão me repreendendo a manhã toda.

— Quem se atreveu? — Lewis perguntou, pronto a defendê-la.

Ela desceu do cavalo e piscou para ele. — Um americano muito impetuoso e um


escocês mal humorado.

— A do escocês não posso fazer nada, mas me diga quem é o americano e eu me


encarrego.

Johanna rindo subiu os degraus e a porta se abriu antes que ela mesma o fizesse.

Carlton disse assim que entrou. — Milady, a senhorita Gibson desapareceu.

— Não me diga? —Disse, indo em direção à escada parando em seco. — Raios!


Esqueci de dizer a Liss!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— A duquesa está esperando-a na sala de estar, condessa.

— Ah, perfeito. —Caminhou até a enorme sala de estar e lá estava sua amiga sentada
lendo um livro.

— É bom que você esteja aqui. — Sua amiga sorriu fechando o livro com um golpe,
fazendo com que o ar que saiu movesse seus cachos de mogno. — Não toma chá? —
Perguntou quando viu que não tinha a bandeja.

— Por Deus, não fale comigo sobre comida. Revolvem minhas entranhas só de
pensar nisso. — Ela fechou os olhos verdes como se lembrar disso a deixasse tonta.

— Não fique mal, que preciso de você.

— Já verá quando isso acontecer com você.

— Sim, nem mesmo em vinte anos.

Sua amiga perguntou surpresa olhando-a nos olhos — Ainda não tocou em você?

Johanna estalou a língua sentando-se ao lado dela. — Não fará porque não convém
por hora.

— Você ainda o ameaça com a castração quando ele entra no seu quarto?

— Eu só fiz isso uma vez e o idiota me disse que tinha confundido de quarto!

Elizabeth riu. — É por que você não o seduziu bem.

— Não quero seduzi-lo. Neste momento eu só quero me livrar de sua presença


irritante.

— Você está ferida, mas se...

— Vamos mudar de assunto. Susan desapareceu de mentirinha.

Liss estreitou os olhos. — De mentirinha.

— Sim, a pequena mentira que vamos contar, dizendo que não sabemos onde está.

— Mas você sabe onde está?

— Em um hotel.

— E vai ficar lá até...

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Até que seu noivo e seu filho percebam que eles se comportaram mal. —Levantou
o queixo para que a contradissesse, mas Liss não disse uma palavra. -—Não pensa
dizer nada?

— Devemos nos meter nisso?

— Claro! A pobre mulher não tem caráter!

Liss suspirou. —Tem razão. Se fosse eu, teria gritado com todas as forças contra
Nelson, mas ela só começa a chorar.

— Eles perderam tanto tempo de ficarem juntos... — Ela suspirou, olhando para o
vazio. — Não é uma pena que um amor assim sempre tenha dificuldades?

— Você está falando sobre o amor de Susan ou o seu?

— Eu não o amo!

— Alex diz que você está tão magoada que não vê o horizonte.

— E o que diabos isso significa?

— Coisas de homens. Mas aparentemente isso significa, porque eu também


perguntei a ele, que seu marido se sente atraído por você, mas você está tão brava
que tudo parece errado.

— Bobagens.

— Alex me disse que se fosse ele, te tomaria e esqueceriam todo esse absurdo. Mas
ele acha que seu marido não sabe o que fazer com você depois de tudo o que ele
disse, então o problema aumenta como uma bola de neve caindo pela encosta.

— O da bola de neve foi ele quem disse também?

— Estava em um plano poético. — Liss soltou uma risada. — Então ele recitou
alguns poemas e eles são fatais!

— E tenho certeza que você não contou a ele.

— E ferir seus sentimentos? Não. Deixarei meus ouvidos caírem se precisar ouvir
sonetos. Eu odeio poesia. Não poderia ser mais brega.

— Ou melhor se você contar a ele, faça um favor. — Os olhos de Liss brilharam. —


Diga a ele na cama.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Sim... Vamos ver como eu digo com delicadeza. — Olhou-a pelo canto do olho. —
Ouvi dizer que Madame Blanchard tem alguns tecidos novos.

— Duquesa, agora você não pode fazer um novo guarda-roupa. Você não tem três
meses!

— Eu não estou dizendo que são para mim.

Johanna olhou para o seu traje de montar. — Estou mal?

— Você está linda, mas eu não falo sobre roupas de dia, mas sobre roupas de noite.

— Se sua intenção é que seduza meu marido, acabei de dizer que não estou
interessada. — Ergueu o queixo com orgulho.

— Bem, você não sabe o que está perdendo! —Sua amiga, percebendo o que disse,
corou intensamente.

— Não me diga? — Perguntou com interesse. — Minha mãe diz que não é tão ruim
assim.

— Quais foram exatamente suas palavras?

— Filha, dói um pouco no começo, mas depois passa e você não sente muito mais. —
Liss limpou a garganta, olhando ao redor. — O que?

— Aparentemente seu pai não é muito habilidoso.

— Habilidoso.

— Meu Alex tem umas mãos... —Soltou uma risada. — Se fosse por ele, não as tiraria
de cima de mim.

— Tenho certeza que seu escocês é igual.

Johanna inconscientemente corou. — Você acredita?

— Com certeza. Pode-se dizer que ele tem muita experiência. Por certo...percebe que,
se você não der o que ele precisa, vai buscar em outro lugar? Escutei…

— O que você ouviu? — Ela perguntou, levantando-se de repente.

— Que uma certa dama, viúva a propósito, pôs os olhos nele.

— Quem é? — chiou furiosa. — Vou esfola-la viva!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Eu não digo, porque mais tarde, se você encontrá-la em um baile, é capaz de
deixá-la careca.

— O nome!

— Você tem que ter em mente que ele é um homem muito atraente e sempre haverá
mulheres interessadas. No outro dia peguei uma comendo meu Alex com os olhos,
mas ele nem olhou para ela.

— O que você fez?

— Eu tropecei nela e ela caiu de nariz no meio da pista de dança. — Ela a olhou
maliciosa.

Johanna assentiu. — Bem feito.

— Mas não estamos falando de Alex, que está muito bem atendido. — Advertiu-a
com os olhos. – Mas James não está tanto assim. Por Deus, se ele te levou para a cama
no dia em que o conheceu e nem sequer sabia o seu nome!

Johanna corou porque era verdade. Isso a fez pensar. Não lhe ocorreria ser infiel! Era
o que faltava. Não a deixava ir, mas ele dormia com outras? Ela estreitou os olhos
enquanto andava pela sala refletindo sobre o assunto enquanto sua amiga a
observava. — Johanna você tem que fazer alguma coisa. Não pode continuar assim.
Em um casamento que não é casamento e discutindo todo o santo dia.

— Johanna!

O grito do marido fez com que olhassem para a porta fechada da sala, que abriu dois
segundos depois, mostrando seu furioso marido e seu sogro. Entrecerrou os olhos
porque Nelson estava um pouco nervoso.

— Onde está minha mãe?

Ela olhou para ele surpresa. —Perdão?

— Onde você a escondeu?

Johanna e Liss se entreolharam e sua amiga balançou a cabeça imperceptivelmente.


—— Eu só sei que desapareceu.

— Mulher... não me faça perder a paciência.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna colocou as mãos nos quadris, de frente para o marido. — E qual é o
problema? Se você nem liga pra ela!

— Meu pai está muito preocupado!

— Que pai? Esse ou aquele da Escócia? Porque certamente o escocês ficaria mais
preocupado com ela do que Nelson!

O marquês corou. — Menina, que boca você tem.

— Por que eu digo a verdade? — Ela apontou com o dedo. — E você a ama?

— Eu a amei a vida toda! — Exclamou exaltando-se.

— Sim? E por que você não a seguiu quando saiu de Londres para cuidar de Liss
quando era criança! Um homem com seus recursos, poderia descobrir o seu
paradeiro! Mas você não estava interessado!

O marquês corou e Elizabeth levantou-se espantada. — Nelson?

— Não foi assim.

— E como foi?

— Quando ela foi cuidar de você no campo sem se despedir, não aceitei muito bem.
—Disse ele com orgulho.

— Nelson! —Liss disse, levando a mão no peito. — Você a deixou ir?

— Me abandonou!

— Você sabe porque fez isso! Não queria que descobrissem seu segredo. —Johanna
olhou para o marido.

— Você não pensa em dizer nada?

— Eu faria o mesmo. — Johanna prendeu a respiração. — Se me abandonasse, não


procuraria por você.

— James! — Liss parecia preocupada com sua amiga.

Johanna ficou tensa, endireitando as costas. — Não me diga? É bom saber.

Seu marido estreitou os olhos. — Não me provoque, preciosa. Onde está minha mãe?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ela cruzou os braços. — Ela não quer que você a encontre, então não vou abrir minha
boca.

Nelson passou a mão pelo cabelo loiro nervoso. — Ela voltou? Está na casa de campo
de Liss?

— Não, — disse Liss muito a sério — não recorreu a mim.

Os homens olharam para Johanna, que ainda estava de braços cruzados. — Eu não
sei de nada.

— Não minta para mim!

Carlton pigarreou. — Condessa, um cavalheiro pede para vê-la.

James ficou tenso, virando-se abruptamente para a porta da sala, onde Collin Baker
os observava seriamente com sua bolsinha do traje de montar, que devia ter caído em
algum momento.

— Condessa...

Johanna forçou um sorriso. — É muito amável trazer minha bolsa.

— Não se preocupe, condessa. Não foi nenhum problema. Vi quando caiu ao lado da
ponte. — Disse Collin, ainda olhando para James como se quisesse matá-lo.

— E você é? — James perguntou, aproximando-se devagar.

— E você? — Liss arregalou os olhos ao ver sua atitude exaltada.

— James Fishburgne. O conde de Fishburgne.

Collin sorriu ironicamente. — Eu sou Collin Baker, Sr. Collin Baker. — Johanna
cobriu a boca para não rir. —Assim é viver na América, onde os títulos não são
importantes. A única coisa que importa é como as pessoas são. — Perfurou James
com o olhar. — E um homem deixa de ser um homem quando grita com sua esposa,
por mais que seja um conde.

Johanna engasgou com o insulto e James furioso pegou Collin pelo pescoço
levantando-o até colocá-lo à sua altura. — Repita isso.

— James, solte-o! — Ela pegou o braço do marido, mas ele era tão forte que não se
mexeu.

— Não vou me retratar. —O americano disse sem vacilar.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Filho, ele não é inglês e não sabe o que diz. — Nelson tentando acalmar o
temperamento se aproximou. — Deixe-o no chão.

— Eu sei perfeitamente o que eu disse. Alguém que fala assim com uma dama não é
um homem.

James perdeu a paciência e jogou-o contra a porta. Collin caiu no chão escorregando
de costas no chão de mármore e Johanna gritou correndo para ele e ajoelhar-se ao seu
lado. — Você esta bem?

Ele olhou nos olhos dela e disse com sinceridade. — Venha comigo. Volte comigo
para casa.

— Mas o que esse homem diz? —Liss perguntou surpresa antes de gritar quando viu
que James fora de si dava um soco novamente. Johanna, espantada, viu o marido
socá-lo, jogando-o no chão novamente, mas ficou tão impressionada com as palavras
dele que não conseguiu se mexer, observando o marido pegá-lo pelas lapelas de
novo.

— Chegue perto da minha esposa e eu arranco suas pernas! — Gritou na sua cara
antes de jogá-lo pela porta da frente que Carlton mantinha aberto.

James se afastou fora de si e viu a esposa ajoelhada no chão onde o homem estava
deitado. De um modo muito violento, se aproximou e a pegou pelo braço,
levantando-a. — De onde o conhece?

Johanna olhou-o nos olhos. — Não te importa.

Liss cobriu a boca, pois os problemas aproximavam pelo olhar do conde.

— Ele é seu amante? — Ele gritou na sua cara.

— Alguém tem que ser. Já sabe que sou uma cadela e estou cansada de dormir aos
pés do meu mestre.

— Johanna, pelo amor de Deus! — Exclamou Nelson, escandalizado.

— Estas palavras são o que seu filho me disse em nossa noite de núpcias. — Ela
olhou para Nelson, levantando uma sobrancelha. — E me fez dormir no chão.

— Meu Deus! — Nelson colocou as mãos na cabeça e James ficou mais furioso se isso
fosse possível.

— Vá para o seu quarto.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Agora você vai me punir como uma menina? — Ela sorriu com desprezo. — Tem
razão, você não é um homem.

O tapa que a jogou no chão, nem viu se aproximar porque não o esperava. Liss gritou
quando a viu deitada de lado no chão e depois houve um silêncio sepulcral. Todos
ficaram paralisados observando Johanna passar a mão sobre a boca, mostrando o
sangue nas costas da mão.

O coração de Johanna estava batendo descontroladamente observando o sangue. Um


intenso ódio percorreu-a de cima a baixo e, sem pensar, pegou a faca que sempre
usava na panturrilha para sua segurança sob a saia e olhou para o marido refletindo
todo o seu ódio em seus olhos. James pálido ficou surpreso e deu um passo na
direção dela.

— Johanna, eu...

Espantados, viram como Johanna arrancava a faca que tinha travado na coxa do
marido. Atônito olhou para a perna do qual começava a fluir sangue em abundância,
enquanto sua esposa se levantava com a intenção de atacar novamente, mas Nelson
se jogou sobre ela, agarrando o pulso para tentar agarrar a faca.

— Deixe-me! — Ela gritou fora de si. — Deixe-me acabar com isso!

Carlton se aproximou de James para tentar ajudá-lo, mas o conde se afastou


caminhando para a esposa e agachando-se ao lado dela para tirar a faca. Johanna
olhou em seus olhos e gritou. — Toque-me de novo e eu te mato!

Liss colocou a mão na testa antes de tocar seu estômago e vomitar no chão
impecável.

Quando conseguiu se endireitar, colocou a mão na testa. —Jo?

Johanna gritou — Pegue-a, Carlton!

O mordomo chegou justo a tempo antes de a duquesa cair no chão. Então Nelson a
soltou sentando ao lado dela antes de olhar para o filho. — Deveria chamar um
médico.

James franziu os lábios. — Não é nada.

Nesse momento, Johanna percebeu o que havia feito e olhou para as calças, baixando
o olhar até as botas onde o sangue começava a cair. Olhou para o rosto do marido,

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


que a pegou pelo braço e levantou-a de supetão. — Então você quer me matar, —
disse ele com uma voz gelada, colocando a ponta da faca sob o queixo.

— Conde, por Deus, — disse Carlton, dando um passo em direção a ela com a
intenção de ajudá-la.

— Não, Carlton! — Ela ordenou, ainda olhando para o marido. — Não o fará.

— Ah não? — James olhou para ela com desdém. — Eu poderia te matar a golpes e
ninguém me julgaria depois do que fez. Só teria tentado colocar minha esposa no
caminho.

— Você não é meu marido! — Gritou na sua cara.

— Não, claramente não. —Se desafiaram com o olhar e ele soltou-a com desprezo. —
Pode ir. Você não é mais minha esposa.

— Perfeito. Se soubesse disso, teria te esfaqueado muito antes. — Com desprezo, ela
se virou para as escadas e começou a subir os degraus como se fosse a rainha.
Somente quando fechou a porta do seu quarto foi quando seus olhos se encheram de
lágrimas horrorizada pelo que havia feito. Cobriu a boca com as duas mãos para que
não a ouvissem chorar e caiu de joelhos sabendo naquele momento o quanto ela o
amava. Havia se apaixonado por ele desde que o vira pela primeira vez e deixara a
dor de sua rejeição obscurecer seu julgamento. No final, sim, era a Louca Sherman.

Foi o duque de Stradford quem entrou em seu quarto sem bater, uma hora depois.
Sentada diante da cômoda, olhava no espelho sem realmente ver nada. Alex se
aproximou dela por trás e sorriu com tristeza sentando ao lado dela.

— Como está Liss? — Ela sussurrou, olhando-o através do espelho. Tinha o cabelo
preto despenteado e seus olhos cinzentos estavam claramente preocupados. Ele era
muito atraente e pensava em quanta sorte sua amiga tinha porque aquele homem
sempre fora destinado a Elizabeth.

— Está bem. Descansando em um quarto.

— Lamento não ter ido vê-la.

— Foram muitas coisas. O que você fez,Johanna?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Defender-me.

Alex assentiu, vendo o roxo que estava sob seu lábio inferior. — Aparentemente, saiu
de seu controle. — Ela pegou o cálice de conhaque que tinha na penteadeira e bebeu
tudo de uma só vez.

O duque franziu os lábios. — Você não deveria beber.

Ele estalou a língua. — Não me afeta a bebida.

O duque sorriu quando a ouviu arrotar sem perceber. —Não pergunta por James?

Olhou-o meio desconfiada. — Está bem?

— Ficará bem. Não afetou nada importante.

Uma lágrima caiu no rosto de Johanna e Alex suspirou abraçando-a pelos ombros. —
Sinto muito.

— O que sente?

— Não ter resolvido isso antes. — Essas palavras a intrigaram e ela se virou para
olhá-lo nos olhos. — Faça a bagagem. Minha esposa precisa de você ao seu lado.

— E a Susan?

— Susan também é bem-vinda se você quiser e de acordo com o que minha esposa
me disse, tenho certeza que virá encantada.

Johanna franziu a testa. — Tem certeza de que quer se cercar de mulheres histéricas?

O duque riu, levantando-se. — Vou me divertir muito.

Viu-o se aproximando da porta e não pôde deixar de perguntar. — Como soube que
a amava?

Ele se virou para olha-la. — Eu sempre soube que queria casar com ela. Mesmo
quando criança eu vi algo em Elizabeth que sabia que queria na minha vida. Não sei
como explicar isso. Ela é minha alma gêmea.

Johanna sorriu. — É a coisa mais linda que já ouvi.

O duque respondeu ao seu sorriso. — Faça a bagagem. Nós iremos daqui há uma
hora.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


As palavras de seu amigo rondaram sua cabeça várias vezes. Ele levara Liss para se
casar na Escócia e a deixara enamorada, apoiando a esposa em tudo. Apertou as
mãos pensando sobre isso e depois apertou os olhos. No seu caso, o oposto
aconteceu. Fora ela que, sabendo que James era perfeito para ser seu marido, fizera o
melhor que podia para se casar com ele. Por que desistiu tão cedo quando ela nunca
desistia? Porque ele a machucou.

Olhou no espelho e percebeu que com seu desprezo quando se casaram, tinham feito
um estrago naquilo que sentia por ele e orgulhosa como era, não podia suportar
demonstrar que o tinha machucado, atacando-o. E vá,como o havia atacado. Ela até o
acusara de não ser homem e o esfaqueara.

Como poderia um homem como ele se apaixonar por ela, se ela andava por aí
gritando e esfaqueando a toa?

Suspirou sabendo que tinha estragado tudo. Deveria ter sido uma pequena doce flor
que desmaiava pelos cantos e soltava risadinhas. Poderia ser assim? Levantou-se
olhando para seu traje de montar e seus cachos revoltos. Fez uma careta machucando
o lábio e foi até o cordão ao lado da cama para puxá-lo.

Sua donzela entrou correndo, juntando as mãos na frente de seu avental branco
impecável. — A condessa chamou? —Olhava para o hematoma que estava
aparecendo sob o lábio dela e disse — Está tudo bem?

— Muito bem, Betsy. Traga-me água quente para limpar-me. — Ouviu vozes do
outro lado da porta que ligava ao quarto do marido e Johanna correu para lá
pregando a orelha.

— Você não fez bem! — Alex estava dizendo com raiva. — Você não soube como
levar essa situação desde o começo!

— Se ela quer ir, que vá! Estou farto! É uma luta contínua! Esses meses foram um
pesadelo! Eu tenho tolerado aquela mulher... — Johanna estreitou os olhos. — Me fez
parecer ridículo ante toda Londres e eu tenho que suportar que seu amante entre em
minha casa para me insultar? E ela? Você não estava aqui para ouvi-la!

— Sei exatamente o que saiu de sua boca, — disse seu amigo friamente. — Você
bateu nela — Seu marido permaneceu em silêncio. — É inconcebível. Você a viu? Foi
uma luta totalmente desproporcional.

— Eu sou aquele com uma facada na coxa!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna sorriu de orelha a orelha porque Alex estava certo. Se endireitou voltando-se
e Betsy ainda estava bisbilhotando ao lado dela. — E minha água?

— Milady! Se eu não fico sabendo!

— Depressa! Nós nos mudamos para a casa dos duques! — Ela colocou as mãos nos
quadris. — Eu preciso de algumas lições.

— Lições de quê?

— De como ser uma dama refinada.

A empregada riu. Johanna ofegou ofendida e Betsy tentou disfarçar. — A água!

— Sim, milady.

Viu como sua donzela desde que eram crianças e a acompanhou até Londres estava
tentando esconder o riso quando saiu do quarto. Muito irritada começou a retirar a
jaqueta do traje de cavalgar. — O que ela sabe? Posso fazer o que me proponho.

É claro que ela não viu o marido enquanto os lacaios pegavam a bagagem e por um
momento hesitou em entrar em seu quarto. No final, ela endireitou as costas,
passando a mão pela cintura estreita, verificando se o vestido rosa estava impecável e
bateu na porta de mogno.

— Adiante.

Ela ignorou seu tom de raiva e abriu a porta vendo-o deitado na cama no fundo do
quarto com o torso descoberto. James estreitou os olhos quando a viu passar e fechou
a porta devagar. — O que veio fazer? Terminar?

Quando ela se virou depois de fechar a porta, viu o golpe no rosto e apertou os
lábios.

— Vim pedir desculpas, — disse, aproximando-se do pé da cama. Forçou um sorriso


porque estava muito desconfortável. — Se encontra bem?

— Claro, não posso me mexer daqui a uma semana, mas estou bem, — disse áspero.

Johanna notou que ele não perguntara se estava bem. O que indicava que ele não se
importava, mas ainda assim decidiu continuar. — Lamento ter esfaqueado você. —

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ele ia dizer alguma coisa, mas ela levantou a mão para detê-lo. — Espere, eu quero
terminar. Sei que fui muito injusta em te forçar a se casar comigo. Mas eu não pensei
muito, sabe? Me guiei por um impulso. Impulso obviamente errado. Deveria ter
entendido o que você sentia, mas decidi ficar com raiva. E se eu fico com raiva, essas
coisas acontecem.

— Johanna...

— Não, mas agora tudo está resolvido. — Ele olhou para ela espantado. — Você vai
continuar com sua vida e eu com a minha. Será um escândalo, claro. Meu pai me
deserdará, mas isso passará daqui a alguns anos, lembrando que sou sua única filha.
—Ela olhou em volta, incomoda, assentindo para a decoração que escolhera para ele.
— Vai me avisar quando estiver tudo pronto? Eu pretendo voltar para Boston.

— Para Boston? — James gritou, assustando-a.

Ela piscou confusa. — Pois sim. Lá eu tenho minha vida e meus amigos... Encontrarei
um bom homem que...

— Já sei o que passa aqui! — Ele gritou furioso. — Você está indo com esse cara,
certo?

Confusa, ela olhou para ele até se lembrar de Collin Baker. Não havia analisado
muito o que dissera depois de tudo o que acontecera. — Eu quase não o conheço!

— Sim! Eu já notei! Saia do meu quarto!

Reprimiu seu desejo de gritar com ele e encolheu os ombros de uma maneira não
feminina, virando-se, mas antes de sair, olhou para ele. — Você vai me avisar?

— Saia!

Resignada, saiu do quarto. Ficou claro que a punhalada não melhorara seu humor.

Fechou a porta, pensando que além de não ter se desculpado a expulsara de seu
quarto. Maldito caráter.

Começou a andar em direção às escadas com passadas rápidas, quando percebeu o


que estava fazendo e diminuiu a velocidade antes de chegar. Forçando um sorriso
em seu rosto como toda dama, segurou o corrimão com uma mão e com outra a saia
de seu lindo vestido.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


O duque e sua amiga estavam no salão bebendo chá com bolos de creme. Alex se
levantou assim que a viu chegar. — Está pronta?

— Sim, obrigada. —Foi até Liss, que franziu a testa assim que a viu sorrir. — Como
está você?

— Que raios te passa?

— O que?

— Você está estranha.

— Querida, a situação é um pouco estranha, — disse o marido, ajudando-a a


levantar-se como se fosse uma inválida.

— Sim, isso deve ser. — Se virou para Johanna e sussurrou enquanto o duque se
afastava. — Já me explicarás o que pretende.

— Como você sabe que estou pretendendo algo?

— Porque conheço Johanna Sherman, e uma das duas: Ou mata o marido ou o faz se
apaixonar por pura insistência

— Bem, eu não o matei.

Liss sorriu. —Então você tem um plano.

— Estou analisando.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 3

Naquela mesma tarde, suas amigas a olhavam segurando o riso, sentadas no grande
salão dos duques de Stradford. Até mesmo Hector, o mordomo, tentava se conter.

— Do que estão rindo?

— Assim que quer aprender como seduzir um homem como uma dama?

— Sim, porque como uma senhorita sei como fazê-lo. Seduzi James rapidamente,
mas ele não gosta do jeito que sou. Tenho que aprender a seduzi-lo de uma forma
mais... — Ela apontou para ambas. — Como vocês.

O mordomo limpou a garganta quando uma das donzelas entrou com a bandeja de
chá. — Quer que as sirva, Duquesa? — Perguntou o homem, querendo saber tudo.

— Sim, Hector. Não quero me desconcentrar. — Liss olhou para Susan. — O que
você acha?

— Você já o seduziu. E tanto faz o jeito. Garota, o que você tem que fazer é controlar
seu caráter. Você já é uma dama.

Gemeu deixando-se cair na cadeira de uma maneira imprópria e Hector levantou


uma sobrancelha ao vê-la esparramada. — Bem... — disse exasperada Susan, —
quando você não se relaxa, é uma dama. Johanna se endireite!

— Estamos entre amigas!

— Você é uma dama o tempo todo!

Liss sorriu, tomando a xícara de chá que Hector lhe estendia enquanto sua amiga
endireitava as costas de má vontade. — Jo, o que você tem que conseguir é que se
apaixone por você do jeito que você é.

—Pois eu não vou conseguir nessa vida! — Ela pegou a xícara que Hector estendia e
sorriu. — Obrigada, bonitão.

— De nada, condessa.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ela grunhiu ao ouvir seu título. — Não serei por muito tempo e Liss terá que me
manter por toda a minha vida.

— Então você disse a ele que está indo embora e ele não gostou nada. —Liss pegou
um pão especial para ela enquanto Susan se servia de um bolo de limão.

— Ele gritou comigo. De novo. E me acusou de ter um amante. Como estas coisas
ocorrem a ele?

Liss olhou para Susan. — É que ele te convidou para voltar para os Estados Unidos
juntos. Foi bastante surpreendente.

— O conde ficaria muito bravo. Que descarado fazer sob seu nariz. — Susan olhou
para ela. — Você deve mostrar ao seu marido que ele é o primeiro.

Estalou a língua porque não sabia se Susan era a mais adequada para aconselhar
alguém, já que fazia trinta anos que amava o homem de sua vida sem chegar a se
casar. — Você sabe alguma coisa sobre Nelson?

Susan sacudiu a cabeça antes de olhar para a xícara de chá. — Ele nunca me
perdoará.

— Não diga isso. — Liss pegou a mão dela e apertou-a carinhosamente. — No final,
virá por você.

— Bem, eu não sei se quero que ele venha depois do que fez da última vez. Ele
poderia ter procurado por mim e...

— O orgulho nos faz cometer bobagens. Estou lhe dizendo que esfaqueei meu
marido. Hector pigarreou. — Se me permitir, devo dizer que os rumores correm por
Londres. —As três olharam para ele. — Aparentemente a condessa matou seu
marido e se esconde aqui até que a polícia venha buscá-la.

— Bem. Agora sou uma assassina procurada. Que estranho que minha mãe não
viesse gritar comigo até ficar rouca. — Naquele momento a campainha tocou. — Ah!
Ai está! — Todas riram quando Hector saiu da sala às pressas. De fato, em menos de
um minuto, Rose Sherman entrou com um olhar atônito quando as viu rindo. —
Você matou seu marido? — Perguntou em voz alta, fazendo-as rir ainda
mais.Exasperada, se aproximou jogando a pequena bolsa de um verde intenso no
sofá e Johanna notou que esse verde feria a vista.
— Mãe, vestido novo?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


—Não mude de assunto! E que diabos aconteceu com o seu rosto?

— Não o matei. — E abaixou a voz —Eu só o esfaqueei.

Rose pôs a mão no exagerado peito dela. — Diga-me que você está brincando.— Ela
levantou as mãos para o céu. —Já sabia que vir para Londres era um erro!

— Mas nós viemos por sua causa! Eu estava muito bem em Boston!

— Ninguém queria se casar com você! Você cuidou de espantar a todos os


pretendentes decentes!–Johanna corou enquanto as amigas a olhavam interessadas.

—Está exagerando.

— Exagerando! Você jogou um em uma fonte e envenenou o outro!

— Eu não o envenenei! Só teve que viver ao lado de um penico por uma semana!

— Você quase o matou! Por que acha que seu pai disse sim tão rápido quando eu
quis sair dali?Porque sabia que você não conseguiria um marido! — Ela olhou para
as meninas. — A um queimou a carruagem e ele estava dentro. Eles a chamavam de
a louca Sherman! — Atônitas,olharam para ela.

— Exageros. Assim como essa de que matei meu marido.

— Não havia um homem em sã consciência que lhe propusesse matrimonio depois


disso! — Disse a mãe perturbada — Tive que procurar uma solução e Londres está
cheia de nobres empobrecidos! Com quão fácil que era! Você só tinha que escolher
um e se casar, mas tinha que forçar um pobre homem que não te amava,
complicando tudo! Com todos os pedidos de mão que teve, você voltou a complicar
tudo!

Sim, era um pouco especial de qualquer maneira. Pensando nisso, mastigou seu bolo
enquanto as três observavam em silêncio. Estaria mal da cabeça como a avó de Liss?
Porque ela havia sido cortejada por muitos, mas só notara aquele escocês incorrigível.

— Chá, Sra. Sherman? — Hector perguntou, surpreendendo sua mãe. — Sente-se,


senhora. Acho que se sentirá melhor.

— Obrigada. — Agitada sentou-se ao lado de Liss. — Desculpe-me, Duquesa, mas


esta minha filha me deixa nervosa.

— Mamãe!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Nada de mamãe! E agora, como você planeja consertar isso?

— Ele quer a anulação. —Rose levantou-se de repente com a xícara e tudo. Johanna
se defendeu a toda pressa. — Ele a quer!

— Ui... Você pode resolver isso antes que seu pai volte de Boston!

— É o que eu tento. Não me pressione!

— Que não a pressione. —Olhou para Liss, que fez um gesto para ela se sentar
novamente com a mão. — Você ouviu isso, Duquesa?

— Chame-me Liss como todo mundo, por favor.

— Obrigada, duquesa.

Liss revirou os olhos antes de olhar para a amiga.

— Eu te disse que a camisola era uma boa ideia.

— Ele não gosta de como eu sou!

— Não é de se admirar! — Sua mãe exclamou. —A última vez que estive na sua casa,
vocês discutiam como feras selvagens!

Johanna corou. — Não é só culpa minha. Ele me provoca.

— E você a ele. — Liss deixou sua xícara na bandeja. — Vamos ver. Você o ama?

— Claro que sim! Mas meu orgulho me impede de não protestar quando me
atormenta.

— Sim, ele também estava muito chateado com suas opiniões, — disse sua mãe antes
de beber o chá. Hector pigarreou da lareira e as quatro olharam para ele.

— Sim, Hector?

— Se me permitem, acho que está claro o que acontece.

— Diga. —Disse Liss, interessado em sua opinião. — O que minha amiga deve fazer?

—É claro que a condessa não pode sair de casa até que seu rosto volte ao normal. E o
conde até que ele se recupere de sua perna. Temos uma semana ou mais ou menos
antes que qualquer um dos dois possa receber visitas. — Todas assentiram. — O
conde sabe que se hospeda aqui. Sabe onde encontrá-la. Terá que conseguir que seja
ele quem venha a vê-la aqui.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Para que?

— Para ser aquele que dê o primeiro passo. Para nós os homens, isso é muito
importante e a condessa impediu-o amarrando-o naquela cama. Deve ter em mente
que o conde teve a oportunidade para que todo esse casamento fosse esquecido sem
que ninguém soubesse, exceto a família. — Johanna estreitou os olhos. — Mas ele não
fez. Isso é muito positivo.

—Sim? — Ela perguntou esperançosa. — Disse que fazia isso por honra.

— Meu filho pode ser muito teimoso. — Susan apertou os lábios e todos se
imobilizaram virando a cabeça lentamente para Rose Sherman, que permanecera
com a taça erguida e os olhos arregalados.

— Mamãe... — Johanna preocupada imediatamente se levantou. — Você não pode


dizer nada ainda.

— Mãe do Céu, nunca vou levar uma vida tranquila com você. — Fulminou com o
olhar a Susan. — Deixe-me dizer que você fez muito mal.—Então entendeu tudo o
que aconteceu.— Você teve um relacionamento com o Marquês e abandonou seu
filho na Escócia? Meu Deus, é a fofoca mais importante da temporada!

— Mamãe!

Susan começou a chorar e se levantou para sair correndo, mas Liss pegou sua saia
com força impedindo-a.

— Sente-se, Susan. Você não pode chorar toda vez que alguém diz alguma coisa. Vai
se secar porque toda Londres vai falar sobre isso quando descobrirem.

— Você está certa, Susan. Não se preocupe, minha mãe não vai dizer uma palavra. —
Advertiu a mãe com o olhar pois estava muito interessada em descobrir tudo.

— Vamos deixar esse assunto por enquanto. —Disse a duquesa, forçando-a a se


sentar puxando o vestido.Hector parecia pensativo e de repente sorriu.

— Se a Duquesa me permitir, acabei de encontrar a solução para os dois problemas.

— Sim? —Perguntaram as três de uma vez quando Rose se adiantou sem perder
detalhes. — E se a Sra. Sherman aqui espalhar rumores nas casas certas? O marquês
vai querer proteger a Srta. Gibson da fofoca e se casar com ela imediatamente, de
modo que, sendo marquesa, não possam manchar seu nome. — Liss sorriu
entendendo, mas Johanna não tinha idéia de como isso a ajudaria. Hector olhou para

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


ela, continuando. — Então o marquês evitará outro escândalo que possa danificar seu
sobrenome.

— A anulação do meu casamento. — Disse com esperança.

— Exato. Obrigará ao conde a se retratar e terá que voltar para casa com seu
marido.—Liss aplaudiu deliciada. — Hector, você é um gênio!

— Uma honra que me faz, Duquesa. — Ele se curvou e se afastou até a lareira
novamente.As quatro se entreolharam com determinação e Susan perguntou.

— Nelson não vai ficar mais bravo?

— Vou ser muito discreta, — disse Rose. — Eu quero que minha filha seja uma
condessa. Então deixe comigo. Uma palavra aqui e ali sobre o seu relacionamento
com o meu genro e correrá como um incêndio.

— Mãe, você terá que ser muito discreta. Não devem saber que fomos nós que
espalhamos o boato. — Rose Sherman sorriu.

— Fique calma, filha. Ninguém vai ter ideia de onde veio o boato.

— Muito bem. Você é a profissional. E o que devo fazer quando meu marido voltar
rastejando? — Todas reviraram os olhos.

— O que? Não deveria me fazer implorar?

— Vamos passo a passo, — disse sua mãe.

— E então como o seduzo? Não me ajudam em nada! — Sua mãe olhou para ela
como se fosse uma tola. — Filha, na verdade, às vezes você parece lerda.

— Mãe!

— Se queres seduzir a teu marido só tens que sorrir! — Todas assentiram. — Olhe de
maneira sedutora e ele fará o resto!

Sim, o de sorrir-lhe com mais frequência teria que experimentar. — E meu caráter?

— Não lhe grites! — Gritaram as três juntas, sobressaltando-a.

— Só isso?

— Comece com isso. Será um grande avanço que controles seu caráter! — Disse Liss.

— Será impossível — disse sua mãe exasperada — quando a contrariarem...

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Mamãe, confia em mim.

— Tem o orgulho de seu pai. Um desastre para uma dama.

— Mamãe, pare de me criticar!

— Veem?

Todas começaram a rir, incluindo Johanna. Suspirou satisfeita escutando-as falar


sobre seu plano, pensando que estava desejando rever a James.

Quatro dias depois as quatro estavam sentadas no mesmo salão muito zangadas.

— E agora o que faremos? — Perguntou Susan com os braços cruzados. — Não veio
arrastando-se para me pedir perdão. Nem sequer veio me ver para saber como estava
enquanto correm rumores por toda a Londres.

— Não saberão que é coisa nossa, não? — Perguntou Liss olhando à Rose sentada a
seu lado.

— Não duquesa. Sou uma profissional dos rumores — disse ofendida — Disse à
pessoa adequada para que o rumor não se espalhe sobre nós.

— A quem disse?

Rose sorriu. — À minha donzela. Nada como que as donzelas o propaguem.

— E ela não haverá comentado que foi você quem disse?

— Anne sabe que nunca deve dar meu nome. Há dito que uma visita me disse... —
As três entenderam. — Assim se inicia um rumor, meninas. Aprendam.

Todas elas assentiram, tomando nota. — Então estamos em um problema, porque


agora a reputação de Susan está no chão, com uma criança abandonada e solteira. —
gemeu Johanna. — Que bagunça.

— Eu não consigo entender, — disse Susan impressionada —ele passou de me amar


a me ignorar desde que James está em Londres.

— Seu marido não terá nada a ver com o assunto? —Liss perguntou.

Johanna estreitou os olhos. — Que queres dizer?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Quem sabe se ele não disse ao pai para não se casar depois de tudo o que
aconteceu.

Hector entrou na sala sem bater e Liss perguntou — Alguma coisa errada?

— Duquesa, seu marido acabou de chegar e está no escritório.

— E?

— Ele está furioso. Acho que foi ver o conde para comprovar como estava após o
desafortunado acidente com a faca de milady.

Johanna sorriu da maneira delicada de dizer que o esfaqueara.

Liss se levantou e segurou a saia pela frente caminhando em direção à porta. — Volto
em seguida.

As três a viram sair da sala às pressas e Johanna olhou para a mãe.

— Bem, eu quero saber. — Levantou-se para seguir a sua amiga e as mulheres se


entreolharam antes de se levantar às pressas, correndo atrás dela.

Elas viram Johanna, que, agachada diante de uma porta de mogno, olhava através da
fechadura e na ponta dos pés se aproximaram. — Que diz?

Johanna deu-lhes um rápido olhar. — Shiisss

Em alturas diferentes, pregaram o ouvido na porta.

— Qual é o problema, Alex? Você foi ver James?

Johanna estava olhando através da fechadura para Alex sentado em sua mesa
enorme, bebendo um copo de conhaque. — Por que Nelson não veio ver Susan? Ele
nem sequer se certificou de que sua noiva está bem.

—Sabe que está bem. — Alex sorriu ironicamente. — Seu mordomo me disse.

— Por que não veio por ela? Os rumores correm por Londres e...

— Eles não estão em Londres, querida.

As três gemeram com essas palavras. — Como não estão em Londres? Susan estava
desaparecida e James estava ferido. Como poderiam terem ido?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Aparentemente, o pai de James, o escocês, tem problemas com as condições legais
do novo herdeiro. Eles saíram de Londres poucas horas depois que se mudaram para
nossa casa, de modo que James renunciou formalmente à sua herança.

Liss sentou-se diante do marido em uma das cadeiras. — O que faremos agora?
Quanto tempo demoram para voltar?

— Eu posso enviar uma carta explicando a situação, mas tão ao norte, com certeza
estará nevando.Levará pelo menos duas semanas para receber uma resposta e,
segundo me informou seu mordomo, provavelmente não terão ido ao castelo. Mas
sim a Edimburgo para lidar com os advogados sobre a situação da herança. Se assim
for, levaria mais de um mês para saber algo sobre eles.

— Um mês. — Liss mordeu o lábio inferior. — Não poderão sair de casa por um
mês? Johanna ficará louca.

Ela estremeceu com a observação de sua amiga, mas continuou ouvindo.

— E isso não é tudo.— Alex disse preocupado.

— Meu Deus, o que?

— Aparentemente ele ia procurar o padre que os casou na hospedaria para anular o


casamento.

Johanna sentiu uma enorme decepção por não ter a chance de recuperá-lo.

— Certamente, quando voltar, seu casamento estará anulado ou em processo para sê-
lo.

— Mas temos que fazer alguma coisa! — Liss se levantou andando de um lado para o
outro. — Meu Deus, elas estão arruinadas socialmente. São o assunto das fofocas de
Londres.

— Eu pensei que deveríamos nos mudar para o campo até eles retornarem. Vamos
deixar uma nota em sua casa para que eles possam entrar em contato conosco assim
que chegarem.

— Mas querido, não deveríamos segui-los?

— Está louca, mulher? Estamos no inverno e você está no estado! Não vai fazer uma
viagem tão longa!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Liss estremeceu com os gritos do marido. — Alex, temos que impedi-lo de anular o
casamento! — Olhou-o fixamente. — Você viajaria mais rápido.

O Duque levantou as mãos exasperado e Johanna mordeu o lábio inferior com


impaciência, mas como Alex parecia pensar sobre isso, não aguentou mais e abriu a
porta quase derrubando as bisbilhoteiras que estavam acima dela.

Liss reprimiu uma risadinha quando a viu de joelhos. — Eu quero ir.

— Ah não. Pois se ela for, eu também vou. —Disse Liss, cruzando os braços.

— Não vai nenhuma das duas! Eu vou e explicarei a situação!

— É sua última palavra? — Johanna perguntou teimosa.

— Sim!

— Liss, ponha os pés no tijolo quente! — Disse seu marido exasperado.

— Estou bem! Vai me sufocar!

— Se você ficar doente... — Ele olhou para Johanna sentada diante dele. — Tudo isso
é

culpa sua.

— Como tudo o que acontece ao meu redor. Duque, estamos viajando por um dia e já
está nervoso. Você deveria relaxar. — Ela olhou pela janela. — Você é um exagerado.
Se nem sequer neva!

Justo nesse momento ela viu que os flocos começavam a cair e disfarçou olhando
para Susan sentada ao seu lado em silêncio. — Eles estão cinco dias à nossa frente.

— Eles não terão chegado ao castelo ainda, se é que foram para lá. — A ironia do
duque não passou despercebida.

— Querido, por que não mudamos de assunto? — Liss pegou a mão do marido. — Já
levamos algumas horas na carruagem. Você acha que levará muito tempo para
pararmos?

— Você precisa se aliviar? — Ele perguntou divertido.

— Tenho fome. — Ele riu e Susan buscou em uma cesta a seus pés algo para comer.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Mais pão, não, por favor.

— Nós vamos parar na próxima estalagem para comer alguma coisa.

A viagem estava se tornando eterna. Sobre tudo porque quase não se falavam. Liss
tentou iniciar uma conversa, mas o marido estava chateado e elas não tinham muita
vontade de conversar, impacientes por chegar.

No dia seguinte, ao meio-dia, Johanna saiu da carruagem com as mãos nas costas,
por mais neve que caísse sobre ela. Quando se virou para se esticar, parou de repente
ao ver a carruagem do Marquês de Wildburg. Seu escudo era inconfundível.

Assustada correu para dentro da pousada, colidindo com Susan, que acabava de
entrar. — Estão aqui!

— Quem?

— Susan, pelo amor de Deus, acorde de uma vez! — Olhou em volta para as pessoas
que estavam comendo na estalagem, mas não os encontrou na sala de jantar.
Impaciente, se aproximou de uma mulher carregando uma bandeja de cordeiro em
suas mãos. —Desculpe-me o Marquês de Wildburg está hospedado aqui?

— Oh sim. Com seu filho. O coitado está doente.

— Doente? O marquês está doente? — perguntou exaltada.

— Meu Nelson está doente? — Susan se aproximou assustada.

— O Marquês não. O filho. Tinha uma ferida que se infectou. — sorriu satisfeita. —
Mas agora está muito melhor, embora o médico tenha pedido para ele ficar mais
alguns dias na cama.

— Graças a Deus, — disse o duque, recebendo os olhares fulminantes das mulheres.


— Quero voltar para Londres!

— Onde está meu marido? — Johanna perguntou preocupada.

— O Marquês?

— Não, o filho!

— Primeiro andar, terceira porta à direita.

Sem esperar por ninguém, correu para o andar de cima e, quando abriu a terceira
porta sem bater, ficou chocada ao ver uma mulher com um pano na mão lavando o

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


seu marido totalmente nu. Johanna viu tudo vermelho enquanto a garota de seios
grandes, que quase saía do vestido, parou para olhá-la de cima a baixo.

Deu um passo para dentro do quarto enquanto James se sentava lentamente


levantando a mão como se pudesse impedi-la. — Preciosa, controle-se. Só estava me
lavando.

Johanna estreitou os olhos dando outro passo em direção à mulher que deu um passo
para trás.

— Johanna!

Susan chegou à porta e ofegou quando viu a nudez de James, que imediatamente se
cobriu com o lençol antes de Liss e Alex chegarem para ver como Johanna cerrava os
punhos tentando se conter.

— Respire, — sua amiga sussurrou atrás dela. — Respire fundo.

Johanna forçou um sorriso que a fez parecer uma louca. — Querido fiquei sabendo
que você está doentinho. — Rodeou a cama enquanto James a olhava incrédulo. Com
ganas de matá-lo, sentou-se ao lado dele e passou a mão sobre sua testa. —Parece
não ter mais febre. Que boa notícia. —Deu um tapinha no rosto dele duas vezes antes
de apertá-lo. — Ah, meu maridinho.

A empregada ofegou antes de sair quase correndo.

— Preciosa, está portando a faca?

— Claro. Você sabe que eu a levo sempre. É para minha proteção. Você não gostaria
que me machucassem, não é? — perguntou olhando para seus olhos verdes.

Alex disfarçou uma risada ao ver a desconfiança de James e sua esposa lhe deu uma
cotovelada.

— Jo, estou indefeso.

Ela dissimulou um grunhido sorrindo. Levantou-se de repente, assustando-o, antes


de perguntar.

— Onde está Nelson?

Nesse momento, o marquês chegou e olhou para eles com os olhos arregalados. — O
que fazem aqui? O que aconteceu?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Susan olhou-o furiosa. — É tudo o que você tem a dizer, depois de não me ver em
dias e não me dizer que estava indo embora?

— Não sabia onde você estava! — Ele respondeu confundido. — Se você não
desaparecesse quando dê vontade ...

— Muito bonito! Me deixa só ante as más línguas! —gritou histérica.

Liss e Johanna se entreolharam, pois era a primeira vez que mostrava caráter ante
Nelson.

— Que más línguas?

— Vocês podem sair do meu quarto para discutir isso? — Todos olharam para James,
que estava claramente desconfortável meio nu.

Johanna sorriu. — Não, querido. Isso te interessa.Escute.

Seu marido continuou a olhá-la desconfiado antes de perguntar a Alex. — Por que
você as trouxe aqui?

— Veja meu amigo, acontece que um boato se espalhou por Londres deixando sua
mãe em evidência e nós precisávamos urgentemente de sua intervenção. Além de
impedir que você anule o casamento.

James fulminou-a com o olhar. — Agora você quer continuar casada? Veja se você
decide!

Johanna mordeu a língua, querendo soltar um berro. O da empregada lhe causaria


dor de estômago, mas isto era o cùmulo.

— Não, Johanna não interveio. Ela está aqui para que o escândalo não seja ainda
maior.

Liss sorriu para o marido. — Como você explica bem, amor.

Alex sorriu agarrando-a pela cintura. — Estás com fome.

— Sim, mas quero estar a par. Depois.

— De que boato vocês estão falando? — Nelson perguntou nervoso.

— Eles sabem, — disse Susan, apertando as mãos. — Sobre James e eu.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Todos ficaram em silêncio e Nelson xingou baixinho, pegando sua mão. — Você está
bem, minha linda?

É assim que um futuro marido se comporta, não como o dela!Johanna olhou para James.
Embora eles já fossem casados.

— Sim amor. Estou bem. — Ela sorriu, corando de prazer. — Tenho sentido sua falta.

— Sinto tudo isso e o de...

— Desculpe-me! — Disse James. — Vocês podem se reconciliar em outro lugar?

— Você não os quer juntos, não é? — Johanna perguntou sem poder evitar.

— Mas o que você diz, mulher? Ao contrário de você, não me meto onde não sou
chamado!Eles mesmo têm que resolvê-los!

— Bem, eles já resolveram. Há algum padre aqui? Porque eles não podem voltar para
Londres sem se casar.

Nelson estreitou os olhos. — Não deveríamos nos casar na volta?

— E que todo mundo pense que você se casou por causa da pressão social? Não! —
Liss disse rapidamente. — Tem que ser algo romântico. Um amor impossível que no
final triunfou.

Alex levantou uma sobrancelha para sua esposa. — Não pode ser…

— Do que está falando? — Ela perguntou,se fazendo de inocente. — Acho que a


melhor coisa a fazer é irmos comer. — Ela pegou a mão do marido enquanto os
outros olhavam para eles com diferentes expressões. Mulheres tentando disfarçar e
os homens muito interessados na conversa.

— Elizabeth! Você me fez vir de Londres até aqui! Estás grávida, pelo amor de Deus!

— Nós os encontramos mais cedo do que imaginávamos.

— Alexander, o que há de errado? — James perguntou, endireitando as costas.

— Acontece que tudo foi uma armadilha! — As três gemeram por dentro, mas
olhavam para ele como se não tivessem quebrado um prato na vida.

— Foi você quem espalhou o boato, certo? —Gritou furioso.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Nelson ficou surpreso olhando a Susan de um modo acusador, que limpou a
garganta desconfortavelmente antes de sussurrar. — Eu juro que não disse nada a
ninguém.—Todos olharam para Johanna.

— Ei! Eu não saí de casa por causa do golpe no meu rosto! Com quem falaria? — Eles
se voltaram para Liss que balançou a cabeça.

— Eu juro pela coisa mais sagrada para mim, que eu não falei com ninguém sobre
esse assunto que não fosse parte da família. — As três assentiram com olhar angelical
antes que James olhasse para Johanna. — Como está sua mãe, querida?

Johanna corou intensamente e Alex olhou para Liss.

— Prá casa! — Ele pegou a mão dela e puxou-a para fora. — Querido, eu não menti!

— Você tem sorte de estar grávida! — Ele gritou do corredor. — Você merecia uma
surra como quando era pequena!

Liss ofegou indignada. — Alex! Retrate-se agora!

Os quatro ficaram no quarto e Johanna forçou um sorriso. — Bem...

De repente, Nelson se pôs a rir antes de pegar sua noiva pela cintura e beijá-la
apaixonadamente. Johanna viu como Susan, atordoada, tentava focar os olhos
depois.

— Pai, procure um padre. — James disse divertido.

— Sim, está na hora. Além disso, ela está desesperada por mim. Imagine
comprometer sua reputação para se casar comigo. — Ele pegou a mão dela. —
Vamos, minha bela. Não será o casamento que sonhávamos, mas não há outra
escolha.

Ela olhou nos olhos dele. — Não quero um grande casamento. Só quero você.

Johanna ficou emocionada ao ver o amor em seus olhos. — Que bonito.

Seu marido estalou a língua, observando-os sair e houve um silêncio constrangedor


entre os dois.

— Feche a porta.

Ela mordeu a língua novamente. Isso lhe deu a sensação de que, com sua nova
personalidade, a deixaria cheia de falhas.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Quando fechou, se voltou olhando-o nos olhos e caminhou lentamente para o pé da
cama.

— E agora o que faremos? — Ela perguntou incerta.

— Então você quer continuar casada comigo.

Ficou claro que ele não ia facilitar as coisas para ela. Com vontade de gritar-lhe
sibilou. — Eu não sei se você ouviu o que eles disseram...

— Eu ouvi perfeitamente. Como sei que sua mãe está envolvida nisso,
provavelmente porque ela quer que você permaneça casada para que ela não precise
explicar a seu pai quando chegar de sua viagem a Boston. — Johanna estreitou os
olhos.— Além disso, imagino os rumores sobre você em Londres.

— Você acha que os rumores me importam? Eu voltaria para Boston!

Ele sorriu divertido. — Seu pai me contou coisas muito interessantes em nossas
conversas no clube. — Johanna ficou tensa. — Como, por exemplo, não há solteiros
disponíveis para você em Boston.

— Posso ter assustado a alguns, mas...

— Alguns? — James riu.

— Tanto faz! Em Londres tenho aos montes!

— Isso seria antes de tentar matar a seu marido. — Cruzou os braços. —


Aparentemente você não tem muitas opções, certo? — Johanna respirou fundo pelo
nariz. Aquilo não ia nada bem. Teria que rastejar para voltar para casa! Eles ficaram
em silêncio por um tempo e seu marido sorriu. — Está disposta a mudar sua atitude?

Ela arregalou os olhos. — Perdão? Minha atitude? É você que não me suportou desde
o começo!

— Vai começar de novo? — Johanna corou porque gritara com ele. Seu marido a
olhou de cima a baixo. — Vai se comportar como uma boa esposa? — Como ela não
respondeu, ele levantou uma sobrancelha. — Johanna?

— Sim, — ela rosnou irritada. Ele estava se divertindo muito e fez um gesto com a
mão. —Aproxime-se preciosa. Não está com calor? Tire o casaco.

Olhou-o desconfiada, abrindo os botões de seu casaco de viagem, exibindo seu traje
de veludo marrom. — Você se lembra quando me amarrou na cama? — Sua voz

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


rouca lhe alterou sua respiração e sem parar de olhar em seus olhos, ela o ouviu
dizer. — Agora você vai se despir como naquele dia, lembra?

— Eu não posso me despir sozinha, — ela disse nervosa.

— Tenho certeza que dará um jeito. —Respondeu sem levantar um dedo.

Johanna muito nervosa, levou as mãos na parte de trás do pescoço desabrochando


três. Os botões eram muito pequenos e custava muito sem a donzela para ajudá-la.
Começou a suar pelo esforço e baixou os braços exasperada para tentar por baixo. Se
retorceu girando-se enquanto James tentava segurar o riso.

— Preciosa, não posso esperar o dia todo.

— Já termino! — Descontrolada levantou a mão e puxou a abertura com força


fazendo saltar os botões. Corada sorriu satisfeita deixando cair o vestido. Puxou o
laço das saias e James perdeu seu sorriso quando a viu em roupas íntimas. O
corselete bordado com pequenas flores amarelas amarradas atrás nas costas, colocou
as mãos de volta para a base para desfazer o cordão.Ela se abaixou fora da vista e ele
sentou-se de novo para ver o que estava fazendo.Se levantou com a faca na mão e
James levantou as mãos. — Johanna...

— É que não posso desfazê-lo. — Ela colocou a faca entre os seios, cortando-lhe o
fôlego, e cortou o espartilho de cima a baixo pela frente, deixando-o cair no chão.
James pigarreou ao ver o corte que fizera na camisola mostrando o vale entre os seus
seios. Johanna colocou a faca na mesa e olhou insegura nos olhos dele.

— Você não terminou.

Ela abaixou a calçola e nervosa removeu sua camisa interior que ficou presa em seu
chapéu. Johanna praguejou baixinho, tirando o chapéu e suspirando de alívio
quando a deixou cair no chão. James simulou um sorriso. — Você fez melhor na
primeira vez.

— Sim, mas você me pegou desprevenida. — Uma mecha se soltou de seu cabelo
caindo em seu peito, ele olhou ali fazendo-a corar.

— Você se lembra do que eu te falei sobre seus lábios? — Ele perguntou com voz
rouca.

Sentindo seu coração galopar em seu peito, olhou para o seu marido antes de
sussurrar — Sim.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— E o que você está esperando? — Deitou-se na cama, acomodando-se e colocou o
braço esquerdo atrás da cabeça. —Comece.

Nervosa sem saber o que fazer, mordeu seu lábio inferior e decidiu subir na cama.

— Vamos, antes não era tão tímida.

Subiu um joelho na cama e se arrastou até ele sentado em seus calcanhares. Como ele
não disse nada, inclinou-se lentamente, ainda olhando para ele até chegar aos seus
lábios. James separou-os ligeiramente e sua respiração a deixou louca. Os beijou
suavemente e, como não se mexeu, acariciou seu lábio inferior com muita gentileza.
Era tão gostoso que o lambeu. James grunhiu e por um segundo pareceu que ia se
mexer, mas no final ele apenas puxou o braço de trás de sua cabeça, apoiando-o ao
seu lado. — Continue.

— Eu não sei se faço certo. — Colocou a mão em seu peito musculoso, pressionando-
o.

— Continue.

Ela o beijou novamente e foi tão emocionante que o saboreou tudo o que queria. Sem
perceber, se acomodou sobre ele, apoiando-se nos ombros dele e passando uma
perna por seu corpo, fazendo-o gemer quando seus seios roçaram seu torso.
Embriagada, colocou a língua na boca dele e quando tocou a sua, foi a sensação mais
extraordinária que já havia sentido. James envolveu seus braços ao redor de seu
corpo enquanto assumia o controle do beijo. Suas mãos acariciaram suas costas e
Johanna gemeu em sua boca pelos tremores de prazer que a percorriam de alto a
baixo. Separando seus lábios, fechou os olhos sentindo-se maravilhosa quando suas
mãos alcançaram suas nádegas amassando-as com suas enormes mãos. — Adorável,
— ele sussurrou com voz rouca, — continue.

— O que?

James se virou, fazendo-a gritar de surpresa quando a deitou de costas, fazendo que
as pernas dela abrissem um pouco. Johanna observando seus olhos verdes brilhando
de desejo, mordeu o lábio inferior sentindo seu sexo ereto contra o dela.

— Agora vamos verificar se estou certo ou não, — disse ele antes de entrar nela com
força.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna gritou com os olhos arregalados pela invasão de seu sexo. Tinha sido
lacerante e prendendo a respiração arqueou o pescoço para trás sentindo uma
pressão insuportável.

James xingou baixinho e beijou-a no pescoço. — Querida, desculpe...

Nem percebeu que uma lágrima caia sobre sua têmpora enquanto esperava que a dor
diminuísse. — Dói muito?

Ela abriu os olhos devagar e sussurrou. — Não gosto disso. — Tentou retirar os
quadris, mas ele pressionou os dela contra os dele.

— Não se mova, você precisa se acostumar. Sou grande, linda.

— Me dói.

Ele a pegou pela nuca aprisionando seus lábios e beijou-a como se precisasse beber
da sua boca para sobreviver. A tensão em seu ventre estava lentamente diminuindo
atenta a seus lábios. Ela abraçou seu pescoço sem querer que se afastasse dela
enquanto ele lentamente deixava seu corpo. Beijou seus lábios suavemente antes de
olhá-la nos olhos para voltar entrar e Johanna apertou as unhas em seu pescoço ao
roubar sua respiração.

Embora ainda sentisse alguma dor, o prazer era muito mais impactante. Agarrando-
se a ele, ela sentiu-o sair de novo e voltar de novo e de novo muito lentamente, até
que Johanna sentiu algo puxando seu corpo. Uma tensão tão forte que a obrigou a
procurar algo que ela não sabia o que era. Desesperada, ela se contorceu e o marido a
pegou pelo quadril, levantando-a um pouco antes de entrar nela com força apenas
uma vez. Seu corpo explodiu em mil pedaços pensando que tinha acabado de morrer
e que estava no céu.

Exausta e suada, ela nem sequer sentiu como se levantava afastando-se até o pé da
cama e lhe desabotoava suas botas jogando-as no chão. Seu marido rosnou ao ver o
sangue de sua virgindade manchando os lençóis e acariciou suas coxas, tirando as
meias. Ele agarrou-a pela cintura e pressionou-a contra o peito e, segurando-a pelas
nádegas, levou-a até o jarro. Johanna abriu os olhos rodeando seus quadris com as
pernas e se olharam nos olhos. — Agora você não pode se livrar de mim, — ela
sussurrou incerta.

— Preciosa, eu sabia que seria difícil me livrar de você a partir do momento em que
você disse sim.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Sem solta-la, pegou o jarro, despejou água na bacia e pegou um pano molhando-o.

— Não tinha razão. —Se olharam nos olhos, ele a ergueu antes de colocar o pano
úmido entre as pernas. Johanna respirou agitadamente, pressionando as unhas no
pescoço dele.

— Não, não a tinha. — Sua voz rouca e seu olhar de desejo a fez mover seus quadris
contra ele sem perceber e James jogou o pano no chão antes de voltar com ela para a
cama em duas grandes passadas. — Espero que possa com isso, preciosa. Porque vai
ser uma noite muito longa.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 4

E foi. Amanhecia no dia seguinte, quando Johanna adormeceu exausta, assustando


James, que lhe deu um tapinha no rosto várias vezes, chamando-a. Quando ela
respirou suavemente, suspirou de alívio e a abraçou, fazendo descansar seu rosto em
seu torso. Pensativo, ele a acariciou, mas a pele de sua esposa era tão sensível que ela
lamuriou durante o sono. Distraído por seus pensamentos, ele a beijou no topo da
cabeça.

Johanna não ia aceitar bem. Não senhor. Quando descobrisse a verdade, tentaria
matá-lo novamente.

Ele suspirou sem ser capaz de impedir que seus olhos se fechassem. No dia seguinte,
conversaria com ela. Teria que entendê-lo. Faria que entendesse.

Dolorida deu a volta na cama e gemeu sentindo suas pernas muito pesadas. Abriu os
olhos e gritou quando viu ao seu lado um homem com uma batina e uma bíblia na
mão, com a cara de poucos amigos.

— Milady... Espero que se case imediatamente.

Surpresa, olhou em volta e viu o marido vestido com uma jaqueta marrom com golas
pretas e calças bege. Ficou claro que estava preparado para partir.

— James, o que esse homem está fazendo aqui? — Ela tentou se cobrir até o pescoço
com os lençóis, mas se sentia nua.

— Bem, querida... Você se lembra do nosso primeiro casamento?

Ela assentiu, olhando para o padre.

— Bem, como não havíamos consumado... — Ele olhou para o padre. —porque não
havíamos consumado... Falei com o padre antes de sair da estalagem e cancelei o
casamento por uma quantia modesta de dinheiro.

Johanna empalideceu. — O que você disse?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Eu pensei em me livrar de você antes de chegar em casa! Eu pensei que se você
visse o castelo, já não me livraria de uma esposa americana que não queria! –Johanna
sentiu seu coração quebrar e engoliu em seco tentando impedir que suas palavras a
afetassem. — Mas você insistia e insistia. Você é muito teimosa, mas quando te fiz...
— Ele limpou a garganta desconfortavelmente. — Bem, você não se deu por vencida
e agora estamos aqui.

Johanna apertou os lençóis entre os punhos e sorriu sem vontade. — Então me


humilhei por você, me arrastei para estar ao seu lado, me deixei ser insultada e
rebaixada para no final não estar casada com você. E quando eu quis a anulação, por
que você não me contou nada?

Pálido James sussurrou — Esperava que você fosse embora.

— Você não teve coragem de me dizer que havia faltado com sua palavra.

Viu a resposta em seus olhos e muito envergonhada olhou para as mãos. Todos
aqueles sofrimentos, suas lágrimas, suas noites sem dormir... Ela se sentia tão
ridícula e enganada.

— Mas agora nos casaremos e tudo será esquecido. Começaremos de novo.

Olhando para as mãos, viu a aliança que Susan lhe dera no dia do casamento. Tinha
sido da avó de James e ela lentamente retirou-o do seu dedo, deixando-o sem fôlego.

— Você quer que o façamos desde o começo? — Ele estendeu a mão e, sem olhá-la,
colocou a aliança na palma da sua mão.

— Não será necessário, — sussurrou, escondendo sua dor. — Vocês podem me


deixar a só para poder me vestir?

O padre limpou a garganta. — Claro.

— Johanna, olhe para mim. — Sentou-se na cama e levantou-lhe o queixo, ficando


tenso quando viu a dor em seus olhos. — Não te conhecia. Você preparou uma
armadilha para mim e tudo o que eu queria era me livrar de você.

— Bem, você já conseguiu. — Pálida afastou os lençóis quase saltando da cama e


pegou as roupas que ainda estavam no chão, se vestindo rapidamente. Ela colocou as
roupas de baixo dando-lhe as costas.

— De que diabos você está falando? — Ele perguntou muito tenso — Agora sim,
temos que nos casar!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Eu não me casaria com você nem morta! — gritou, virando-se furiosa. — Tenho te
suportado muito mais do que teria suportado a ninguém! Acabo de perceber que
você se divertiu muito zombando de mim!

— Não foi assim, eu...

— Dois malditos meses! Até deixou que nos comprassem uma casa! Devia ter se
divertido ouvindo como me chamavam de condessa. A estúpida americana que se
apaixonou por você e tinha ares de grandeza! —Estava tão doída que nem percebeu
que estava chorando. — Bem, sabe de uma coisa? Que essa americana tem orgulho e
isso acabou.

Tentou segurá-la pelo braço, mas ela se soltou pondo o vestido sem abotoar as costas
antes de pegar o casaco e as botas e andar descalça até a porta. Ele a pegou pelo braço
virando-a. — Aonde pensa que vai?

— A Boston! E juro que vou me casar com o primeiro que me peça! — Deu-lhe um
bofetão que lhe virou o rosto com força. — Não volte a se aproximar de mim!

Saiu correndo do quarto deixando ao padre de boca aberta enquanto James a seguia.
— Volte para o quarto imediatamente!

Ignorando-o, pôs seu casaco, abotoou-o para que não vissem que seu vestido estava
aberto nas costas e se sentou na escada para calçar as botas. Sem abotoa-los na sua
pressa para fugir, começou a descer as escadas.

— Estou falando sério, Johanna! Volte, temos que consertar...

Johanna pisou nos cadarços e caiu rolando pela escada. James empalideceu ao ver
sua esposa deitada de bruços no chão, descendo os degraus de dois em dois,
enquanto várias pessoas a cercavam.

— Não toquem nela! —Assustado se ajoelhou ao seu lado e tocou sua bochecha. — Jo
linda, abra seus olhos.

Susan empurrou a várias pessoas para o lado e gritou antes de desmaiar ao seu lado.

— Um médico! — gritou desesperado, afastando o cabelo preto do rosto. Quando viu


o sangue que começou a fluir de sua cabeça manchando o chão, tirou a jaqueta
tentando parar o sangramento. Nelson deu ordens ignorando sua desmaiada esposa
no chão e se ajoelhou ao lado de seu filho, tocando o pulso de sua nora.

— Está viva, filho.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Ela sofreu outro golpe recentemente e... — disse angustiado.

— Eu sei. Não sabemos quanto tempo o médico demorará, leve-a para o quarto.
Teremos que correr o risco. Tem que parar a hemorragia antes de perder muito
sangue.

Sem pensar, pegou-a e a levou apressadamente para o quarto onde o padre estava
esperando. — Eu aplico a extrema unção?

— Fora daqui! — Gritou, sobressaltando-o.

Deitou Johanna sobre a cama e quase morre de susto ao pensar que não respirava. A
estalajeira entrou a toda pressa com água e vários panos.

— Deixe-me ver, milorde.

Sentou-se ao lado de sua mulher deixando a água sobre a mesa limpando-lhe a ferida
com um pano.

Escutaram-na gemer e Johanna abriu os olhos confusa e tentou afastar-se.

James sorriu. — Olá, preciosa…

Assustada separou-se dele tanto quanto pôde e vendo que a mulher tentou tocá-la
olhou para ela afastando a cabeça de repente. — Que fazem? Onde estou? Me
sequestraram? Meu pai pagará o que quiserem!

— Johanna, querida...

— Querida? —Deu um tapa nele. — Toma muitas liberdades, cavalheiro.

Nelson olhava para ela com os olhos arregalados. — Minha mãe.

— A ferida na cabeça está sangrando, milady, — a mulher disse suavemente. — Me


permite ajuda-la?

Surpresa, colocou a mão na têmpora, onde sentiu uma dor e, quando olhou para os
dedos cheios de sangue, sua mão tremeu. — Sim, obrigada.

A mulher sorriu. — O médico vai chegar em breve. — Aproximou o pano e


gentilmente limpou a ferida enquanto Johanna colocava a mão por baixo do vestido,
encolhendo as pernas enquanto olhava para James com desconfiança.

Ele se levantou devagar para evitar assustá-la e se aproximou de seu pai. — Vamos
esperar que o médico chegue.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Sim, é o melhor — disse Nelson atônito. — Ela não se lembra de você.

James cerrou a mandíbula cruzando os braços. Sua esposa se queixou quando a


mulher apertou demais e James ficou tenso vendo como buscava pela faca em sua
panturrilha. — Não o tem.

Sem responder, Johanna endireitou as costas e olhou secretamente em volta.

— Que procura? — Nelson perguntou em um sussurro.

— Sua faca.

O padre pigarreou da porta. — Posso casa-los agora? Eu tenho um funeral dentro de


uma hora.

— Já nos casou, padre, — disse Nelson como se ele fosse estúpido. — Você não se
lembra?

— Eu falo deles.

Atônito, olhou para o filho que limpou a garganta desconfortavelmente. — Não!

— Já falaremos sobre isso mais tarde, sim? Hoje seus serviços não serão necessários,
padre. Obrigado.

Nelson se aproximou dando-lhe algumas moedas e quando se virou, fulminou-o com


o olhar. — Você prometeu! Você se casou e quebrou seu juramento!

— Eu só queria me livrar dela! Sua opinião naquela época não importava muito para
mim, sabe.

— James!

Johanna não entendia nada. Eles não se pareciam com sequestradores. Pareciam
cavalheiros e todos falavam com um sotaque muito estranho. Como aqueles que
vieram da Europa. Sem parar de observá-los, ela permaneceu parada enquanto a
mulher a ajudava. — Se recuperará, milady. Ficará boa em pouco tempo.

— Milady? Eu não sou lady. — Ela estreitou os olhos. — Você é inglesa?

— Nós nos encarregaremos, — disse James com firmeza, aproximando-se da mulher


e pegando o pano de sua mão. — Vá ver onde o médico está.

— Sim, meu senhor. —Saiu apressada e ele tentou se aproximar, mas ela voltou a se
afastar.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Filho...

— Sim, já sei!

— Meu pai vai pagar o que quiserem. Ouvi dizer que uma herdeira foi sequestrada
no ano passado e o pai dela não pagou. Mas o meu vai pagar! Eu juro!

— Pronto, Johanna. Tudo vai ficar bem.

— É claro que vai ficar bem. Henry Sherman nunca faz as coisas erradas, — disse ela
com orgulho.

James e Nelson sorriram. — Nós sabemos.

—Sabem? Então sabem que ele vai pagar! — Mais calma sorriu. — Não devem se
preocupar, o negócio dele é o seu negócio. Não ficaria surpresa se ele acabasse
ganhando dinheiro com isso. — Assentiu como se estivesse dando razão. — Ah,
espero que mamãe não descubra. Será um enorme desgosto.

— Não vai descobrir.

Johanna sorriu. — Muito bem. — Confusa olhou em volta. — Não me lembro onde
me pegaram. Estava numa das docas à espera de um dos carregamentos de papai?

— Em qual doca? — James perguntou suavemente.

— Que pergunta boba. Em Boston.

— Merda. — Nervoso passou a mão pelos cabelos. —Querida, quantos anos você
tem?

— Dezessete. Mas eu vou completar dezoito em dez dias. Embora meu pai não
queira me fazer uma festa, porque maltratei um de seus amigos. — Olhou para
Nelson. —Me imagina casada com um homem da sua idade? Eu o esfolaria vivo
antes.

— Claro que não. E você se imagina casada com um homem como ele? — apontou
para James, que ficou tenso ao seu lado.

Johanna olhou-o de alto a baixo. — Ele é bonito, mas não me casaria com um
delinquente. Posso ser um pouco louca, mas por aí não passo.

— E se não fosse um delinquente? Você casaria comigo?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


—Pode parar! Se quer casar comigo, pensando que vai conseguir mais, já pode ir
tirando da cabeça! Estarei indo para Londres amanhã! — Então olhou-o confusa. —
Que dia é hoje?

—Chegou a Londres, Johanna. Você não está em Boston.

—Me trouxeram até Inglaterra? — Não saía de seu assombro. — Isso complicará o
pagamento do resgate, mas papai vai pagar.

James assentiu. — Parece-me muito bem.

Ela sorriu olhando para Nelson, que deu um passo mais perto. — Te dói algo mais
do que sua cabeça?

— Me dói todo o corpo. Me sinto muito cansada.

James limpou a garganta e disse ao pai — Vá ver como está sua esposa, pai.

—Não! — Assustada, ajoelhou-se na cama. — Não me deixe sozinha.

— Só vai ser um minuto. Minha esposa desmaiou. — Ele virou-se para sussurrar. —
E vai desmaiar de novo quando descobrir isso.

Quando saiu, os dois permaneceram em silêncio. — Tens fome?

Ela olhou para ele com desconfiança.

— Você não come há muito tempo e... Tem sede?

— Quando você enviará a mensagem a meu pai? Ou você já enviou?

— Isso deixe comigo.

— Sim, claro. — Ela apertou as mãos e segurou o tecido da saia. — De quem é esse
vestido?

James pensou rapidamente. — Eles emprestaram para você. O seu rasgou.

— Ah, não terá abusado de mim? Não vou poder me casar!

— Acho que você não terá que se preocupar com isso.

Johanna sorriu aliviada. — Ótimo. Meu pai teria que pagar muito para compensar a
falta de virtude ao homem que me queira como esposa.

— Não diga? —Sibilou, andando pela sala.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Minha mãe quer que eu me comprometa imediatamente. Assim que encontrar um
duque, quer que eu o cace, mas tenho outros planos, sabe?

— E quais são esses planos?

— Eu vou casar por amor. — Ela sorriu pegando o pedaço de pano e colocando-o em
sua têmpora. — Estou determinada a encontrar um homem que faça meu coração
palpitar.

James olhou nos olhos dela. — Não me diga?

— Sim, mamãe quer que eu tenha um título, mas isso não me serve para nada. Quero
um homem atraente que com seu sorriso me deixe louca. Você acha que encontrarei
na Inglaterra?

— Sim preciosa. Você vai encontrar.

— Eu já lhe disse que não deveria tomar tantas liberdades.— Ninguém nos escuta.

— Disse na frente de seu pai antes. Porque é seu pai, certo?

— Sim é.

Johanna sorriu. — Se parecem. Meu pai diz que eu pareço com minha mãe, mas no
caráter sou igual a meu pai. Além disso, meu marido tem que ser inteligente, sabe?
Tem muito o que administrar quando assumir a minha herança.

— Eu sei.

—É claro, terá se informado de tudo antes de me sequestrar. Você acha que eu vou
poder voltar para casa em breve?

— Assim que você se recuperar.

“O que ele quis dizer?” Deu de ombros e viu uma mulher loira na faixa dos cinquenta
anos que entrou na sala tão pálida quanto à morte.

— Querida, como você está?

— Sente-se, senhora. Parece que vai entrar em colapso a qualquer momento.

— Mãe, por que não traz algo para ela comer?

— É sua mãe? — Ela sorriu, estendendo a mão. — Johanna Sherman.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Susan Fishburgne. Prazer em conhecê-la, — Susan respondeu indecisa, olhando
para James.

— Filho...

— Temos que esperar o médico chegar.

— Menos mal que eu não tenho nada sério. Se assim fosse, já teria esticado as pernas.
— Johanna começou a rir. James ficou surpreso ao ver pela primeira vez a verdadeira
personalidade de sua esposa e não podia acreditar em tudo que a havia
transformado seu casamento com ele. Sentindo-se culpado, sentou-se na poltrona ao
lado da lareira. — Está cansado? Claro, um sequestro deve ser muito estressante.
Lamento muito ter perdido desde o começo.

— Um sequestro? — Susan ficou chocada.

— Mãe...—a advertiu com um olhar, e Susan assentiu.

— Eu já volto.

— Não tenho fome, de verdade.

—Está enjoada? Foi uma boa queda, — disse James preocupado.

— Eu caí?

— Sim, descendo as escadas.

— Que vá. Estava drogada, claro. — Ela suspirou resignada. — Minha mãe me diz
que eu nunca fico quieta.

Susan assentiu com a cabeça indo em direção à porta e, quando estava prestes a sair,
um homem de terno preto com uma pasta na mão apareceu. James se levantou
imediatamente e sua esposa sorriu.

— Você deve ser o médico.

— Milady... me disseram que caiu da escada. — Aproximou depressa e deixou a


pasta na cama ao seu lado. — Saiam do quarto.

— Não podem. — olhou em seus olhos — estão me vigiando.

O médico sorriu. — Claro, milady. Mas agora eu vigio.

— Ah, você também está envolvido.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Claro. Vou me envolver em sua recuperação, tanto quanto possível.

— Bem.

— Posso ficar? — Susan perguntou quando James se aproximou da porta devagar.

— Claro, milady.

James sussurrou algo para Susan, que assentiu antes de se aproximar da cama. O
médico a examinou e, com a ajuda de Susan, tirou as roupas. Johanna corou quando
viu que não estava usando meias e que o vestido estava aberto atrás. Embora o
médico não tenha dito nada, com certeza pareceria estranho.

— É que eles me emprestaram as roupas.

— Claro, milady. — Ele sorriu tranquilizando-a e olhou para a cabeça dela. — Não é
nada importante. Em alguns dias, estará bem.

— Isso é ótimo, porque eu tenho que ir a Londres para encontrar um marido, sabe?

Susan a interrompeu. — Não vai costurar? Sangrou muito.

— Não, vai se curar sozinho. Além disso, parou de sangrar. Sua cabeça está doendo
ou sente enjoo?

Ela negou. — Não, não me dói, deveria?

O médico sorriu. — Não, é muito melhor assim.

— Então está perfeito.

— Vou pegar uma camisola, — disse Susan, deixando o quarto e perguntando a


Nelson. — Onde está sua bagagem?

— Na carruagem.

— Que ocorre? — James perguntou. — O que o médico disse?

— Não vai costura-la. Disse que está bem.

— Como vai ficar tudo bem se não se lembra de mim?

— Digo a ela? Me disse para não dizer nada.

— Filho... — Nelson o avisou com os olhos — Sua saúde vem em primeiro lugar.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Naquele momento, o médico saiu com a pasta na mão dizendo.— Que se recupere
logo, milady.

— Obrigada! Meus sequestradores vão pagá-lo. — O médico fechou a porta e quando


viu os três preocupados, disse — Sequestradores?

— Ela não se lembra de nós, — disse Nelson, abreviando. — Minha nora não se
lembra de nós.

O médico acariciou seu queixo pensando nisso. — Já ouvi falar de tais casos, mas não
se preocupe. Se não recuperar sua memória em alguns dias, leve-a a Londres para
um especialista.

— Mas ela vai se recuperar? — James perguntou preocupado.

— Eu entendo que sim, mas não sou especialista nesses assuntos. Em Londres eles
cuidarão melhor dela.

— Obrigado doutor. — James sussurrou antes de entrar no quarto novamente.


Johanna gritou, cobrindo-se até o queixo, James voltou a sair, fechando a porta.

— Merda!

—Para ela, você não é seu marido! — Sua mãe repreendeu-o.

— Eu notei, mãe! A camisola?

— Sim, claro. Nelson?

— Logo subirei sua bagagem, querida. — Susan entrou no quarto e os dois se


entreolharam.

— É uma pena que agora...

James estreitou os olhos. — Sabe? Acho que foi melhor.

— Está louco?

— Assim eu posso conquistá-la sem todo o passado. — Ele sorriu deliciado. —


Quando recuperar sua memória, não se preocupará com tudo o que aconteceu entre
nós.

—Você acredita? — James riu e deu um tapinha no ombro dele.

— Você verá, é o melhor. Vamos pegar a bagagem.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Quando voltaram para o quarto minutos depois, Susan estava amarrada a uma
cadeira amordaçada e gritava olhando para a porta. James olhou em volta,
espantado.

— Se foi?

— O que você esperava se a sequestraram? Aproveitou a oportunidade!

Ele removeu a mordaça da sua esposa, que disse sem fôlego.

— Faz uns cinco minutos que se foi!E tem sua faca!

James correu para fora e Nelson também enquanto Susan gritava.

— Querido!

— Agora não, céu!

Frustrada, ela suspirou, esperando que alguém aparecesse e a desamarrasse.James


correu para fora da estalagem, mas não viu ninguém. Estava frio e começava a nevar
de novo. Não tinha dinheiro e estava ferida. Para onde iria? Nelson estava checando
as carruagens que estavam paradas ali para o caso de ter se escondido lá dentro e
gritou. — Não sabemos se está faltando algum cavalo.

Um lacaio apareceu naquele momento saindo do estabulo.

— Você viu uma mulher morena com o cabelo solto?

— Ela pediu um cavalo e saiu a galope.

— Para onde? — O garoto apontou para o sul.

— Vai em direção a Londres. Ela me perguntou sua direção e indiquei a ela. Fiz mal?
James correu em direção ao estábulo. — Um cavalo!

Seu cocheiro saiu do estábulo nesse instante e gritou — Um cavalo para o conde!

— Faz muito que se foi?

— Precisei selar o cavalo, milorde. Acabou de ir.

— Depressa!

Johanna cavalgava à procura de uma igreja. Em uma igreja, ela estaria segura até o
oficial da justiça chegar. Mas não encontrava nenhuma. Talvez seus sequestradores
fossem muito legais, mas não ia deixar que pegassem o dinheiro do seu pai. Se

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


consentisse, poderiam retornar sempre que estivessem com pouco dinheiro. Além
disso, aquele homem a deixava nervosa. Não sabia por quê, mas olhava para ela
como se fosse dele e não gostava disso.Viu a torre da igreja acima das árvores e
acelerou o passo, chicoteando o cavalo, quando ouviu um grito atrás dela. Virou a
cabeça para ver atrás de si o homem loiro que a sequestrara, galopando em sua
direção como se o diabo o perseguisse. Johanna afundou os calcanhares tentando
virar a curva porque sabia que a igreja estava ali atrás. Vendo pelo canto do olho que
seu sequestrador estava à sua altura, levantou a perna e o golpeou no lado dele quase
derrubando-o do cavalo.

— Johanna! — Sua mão enorme agarrou suas rédeas, puxando com tanta força que
seu cavalo desacelerou antes de se levantar sobre as patas traseiras. Ocupada em
ficar na sela, nem percebeu que ele estava segurando-a pela cintura. Gritou de
frustração quando ele a sentou diante dele e tentou lutar.

—Johanna, está tudo bem! — gritou olhando para o rosto dela.

Respirando com dificuldade, ela agarrou o cabelo dele com ambas as mãos e James
segurando as rédeas e sua cintura não pôde evitar.

— Johanna, eu não quero te machucar!

— Pois solte-me! — Puxou com todas as forças quando, naquele momento, apareceu
uma carruagem na estrada a toda velocidade. Johanna gritou quando os viu que iam
atropela-los e o cocheiro afastou a carruagem do cavalo, fazendo-o inclinar-se
perigosamente para evitá-los. Como se tudo acontecesse lentamente, viu a
carruagem passando ao seu lado e James inclinou-a para trás, impedindo que uma
das rodas lhe batesse no rosto, pouco antes de tombar de lado na estrada sendo
arrastada por vários metros.

Fez-se um silêncio e James desceu do cavalo correndo apressado para a carruagem.

— Estão mortos? — Ela perguntou com medo antes de baixar também. Ouviu como o
cocheiro reclamava e Johanna, esquecendo seu desejo de fugir, correu na direção
deles para ajudá-lo. Estava tombado de lado.

— Você esta bem?

— Acho que sim, — disse com dificuldade, deitando de costas. — Minha


senhora…—Johanna olhou para a carruagem e viu James abrindo a porta enquanto
falava com alguém.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— A estão ajudando.

—É de idade. — disse preocupado.Johanna ajudou-o a levantar-se e correu para a


carruagem quando ouviu alguém gritar.

— Tire as mãos de cima, garotinho!

O cocheiro sorriu aliviado. — Você está bem, Lady Hutching?

— Rob, quem diabos é esse gigante?

— Ele é um sequestrador, milady! — Johanna respondeu em voz alta e gritou para


que a mulher a ouvisse.

— Johanna!— Auchh! —Senhora, deixe-me ajudá-la!

— Me ajudar? Sem vergonha! Está tentando me sequestrar?

Rob subiu as calças puxando o cós pronto para ajudar sua patroa enquanto James
gritava.

— Não é o que você pensa!

— Eu vou te mostrar o que eu acho,vigarista!

— Senhora, deixa a arma!

Johanna subiu na carruagem, como o cocheiro, e observou James pegar a pistola de


uma velha com cabelos brancos, que devia ter oitenta anos.

— Você está bem? Não se preocupe. Ele sequestrou a mim.

A mulher levantou a cabeça para olhá-la e apertou os olhos como se não enxergasse
bem.

— Tem bom gosto, o mocinho. Te leva a Escócia para se casar?

— Senhora... — James se endireitou, tirando a cabeça para fora da carruagem e disse


para Johanna.

— Preciosa, porque não fecha essa boca uns minutinhos?

— Há! Justo o que imaginava! Tem permissão de seus pais? Se nota que é uma moça
de família para um sem vergonha como você!

— Por sua culpa tivemos esse acidente, milady! — disse o cocheiro preocupado.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


James estreitou os olhos para Johanna, que sorriu, erguendo o queixo.

— Não, milady. Ele não quer se casar. Ele quer um resgate. Meu pai é rico. Você me
ajudaria, milady?

— É claro querida. Deixe-me sair daqui e vou dar o que merece.

— Senhora, você não pode ajudar ninguém! Está precisando de ajuda! —Auchh! —
Olhou para baixo e gritou — Não me morda!

— Ela ainda tem dentes bons, — disse o cocheiro com orgulho — come uns bifes...

James sibilou, olhando para o cocheiro.

— Há uma pousada a uma milha daqui! Pegue meu cavalo e vá pedir ajuda para
endireitar a carruagem!

— Eu não pretendo me mover daqui sem minha senhora!

— Eu vou. — Johanna ofereceu gentilmente.

— Nem pensar. Assim que eu me virar, você terá sumido!

— Garota! Não deixe que ele fale com você nesse tom! Pode que tenha te raptado,
mas te deve respeito esse sem vergonha!

— Senhora,sou conde!

— A que chegou a nobreza. Sequestrar doces meninas para se manter.

— Eles não trabalham... —Johanna disse exasperada. —bando de vagabundos.

— Bem dito, menina!

— Oh por Deus! — Ele agarrou Rob pela frente e disse ameaçadoramente. — Vá


pedir ajuda ou pensarei seriamente em deixa-los aqui.— O homem assentiu
assustado, olhando para seus duros olhos verdes.

— Sim, milorde.

— Diga a meu pai, o Marquês de Wildburg, que encontrei Johanna e que está
comigo.

— Até um marquês está envolvido! — A mulher gritou de dentro. — Até onde nós
iremos? O Marquês de Wildburg disse? Isso é impossível, rapaz. Mente muito

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


descaradamente. O Duque de Greenwood é um amigo meu e conheço Nelson de
toda a vida! É rico!

Johanna estreitou os olhos. — O duque de Greenwood?

— Ele é meu avô. — Exasperado, olhou para dentro. — Senhora, se ficar


quieta,explicaremos tudo a seu tempo.

— Oh, bem.

— Seu avô é rico? Por que sequestra pessoas se tem dinheiro?

— Isso é o que me pergunto, — disse a mulher. — A propósito, me ajude a sair


daqui, rapaz. Eu quero ficar de pé. Meu pescoço dói por olhar para cima.

James se agachou imediatamente e Johanna sorriu. Não era uma pessoa má.
Certamente estava passando por um momento ruim, isso era tudo. Com cuidado, ele
agarrou a velhinha e puxou-a para fora lentamente, sentando-a na carruagem com as
pernas penduradas para dentro. Johanna ofegou admirada pelo casaco maravilhoso
que ela usava, pois em seus pescoço e punhos tinha uma pele de vison requintada.
Os brincos de diamante que ela usava indicavam que era muito rica. A mulher a
olhou com seus olhos azuis.

— Muito bonita. Será uma esposa correta para um futuro duque.

— Nem me fale. Minha mãe diz o mesmo, mas eu prefiro casar por amor.

James revirou os olhos antes de sair da carruagem, impulsionando-se com os braços.


A mulher olhou para ele de cima a baixo quando se pôs de pé sobre a carruagem e
sorriu.

— Então é você o escocês. Ouvi sobre você, mas entendi que você estava casado,
garoto. Seu avô está muito orgulhoso de você e...

— Milady, podemos deixar essa conversa para mais tarde? — Preocupado, olhou
para Johanna e a mulher olhou para ela. Não sabia por quê, mas Johanna ficou um
pouco desapontada por ele ser casado e olhou para James com olhos diferentes. Era
muito atraente e era verdade que era enorme. De fato, se ela o encontrasse em um
daqueles bailes chatos que sua mãe organizava, estaria muito interessada em que ele
a tirasse para dançar e que a cortejara. Era uma pena que ele fosse um criminoso, isso
sem mencionar que era casado. Como seria sua esposa? Balançou a cabeça de um

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


lado para outro tentando apagar esse pensamento. E o que importava para ela? Tudo
o que ela tinha que pensar era como chegar a seus pais.

— Precisa de ajuda? — perguntou à mulher. — A propósito, sou Johanna Sherman,


minha senhora.

— Mas você já está... — A mulher atônita olhou para James. — O que está
acontecendo aqui?

— Johanna sofreu um acidente e não se lembra do que aconteceu. — Ele desceu da


carruagem e se aproximou de Johanna, agarrando-a pela cintura para abaixá-la antes
de fazer o mesmo com a mulher. Johanna sorriu quando viu que chegava ao ombro e
isso porque ela não era muito alta.

A velha segurou o braço de James. — Vamos dar um passeio. Eu preciso esticar


minhas pernas.

—Se encontra bem para isso?

James olhou para Johanna preocupado, sem querer se separar dela.

— Menina, deveria desatar os cavalos. — A mulher puxou James para longe que a
seguiu quase obrigado.

Johanna virou-se imediatamente porque não se preocupara com os pobres cavalos.

Felizmente, eles não haviam se machucado e os seis estavam esperando


pacientemente. Com calma soltou as correias enquanto James e Lady Hutching
conversavam em voz baixa. Cautelosamente, pegou o primeiro cavalo e subiu sem se
preocupar que não tivesse sela. Agarrou sua crina e olhou por cima do ombro antes
de caminhar lentamente em direção à floresta, perdendo-os de vista em seguida.
Sorriu ao virar a curva e entrou na igreja escondendo seu cavalo no pequeno
cemitério atrás da igreja. Apenas alguns minutos depois, ouviu James gritando por
ela e passar diante da Igreja a todo galope. Ela sorriu satisfeita e caminhou ao redor
do prédio para entrar, mas franziu a testa quando viu a porta fechada. Havia uma
aldrava de ferro e bateu várias vezes. Não teve sorte. Não havia ninguém lá.

Procurou por outra entrada e foi para o fundo. Bateu na pequena porta, mas nada.
Certamente, com o mau tempo, o homem ainda estava na pousada devido à falta de
paroquianos. Ou talvez não morasse lá.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Mordeu o lábio inferior olhando para a estrada. Se arriscava a que James a
interceptara, mas não tinha outras opções. Não podia ficar lá e morrer de frio. Além
disso, estava começando a ficar com fome.

Subiu de volta no cavalo e começou um trote. Teria que ir atrás dele e encontrar
ajuda. Certamente encontraria alguém no caminho que poderia ajudá-la. Sorriu
quando encontrou uma aldeia. Não havia ninguém nas ruas, mas havia uma taverna.
Do lado de fora, ouviu risadas e desceu do cavalo às pressas. Abriu a porta e gemeu
ao ver várias prostitutas fazendo seus clientes se divertirem. Uma delas estava sobre
uma mesa com os seios de fora dançando descaradamente. Não era uma visão muito
agradável, porque chegavam até a cintura e moviam-se flácidos de um lado para o
outro enquanto ria, mostrando seus dentes podres. Assim que entrou naquele lugar
horrível, todos ficaram em silêncio e Johanna forçou um sorriso. —Sabem onde posso
encontrar o comissário dessa área?

Ninguém disse uma palavra e respirou fundo antes de continuar.

— Muito bem. Eu sou Johanna Sherman e quero contratar dez homens para que me
protejam até Londres.

Ouviu que alguém rumorejava. — É uma dama. Esta tem dinheiro.

— Eu tenho. E se me ajudar assim que chegar às mãos do meu pai, serão amplamente
recompensados. Muito bem, quem me acompanhará até Londres?

Um homem enorme vestido como um trabalhador se levantou. —Eu milady. Não


tenho nada para fazer até a primavera.

— Tão longe estamos de Londres?

Eles olharam para ela como se estivesse ruim da cabeça. — Senhorita, estamos a um
dia de Londres.

— De verdade? — Ela sorriu encantada. —Isso é maravilhoso. Não podemos perder


tempo. Quanto antes chegarmos, mais cedo receberão, senhores.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 5

Minutos depois, sete homens montavam seus cavalos e com as armas prontas, a
cercaram para ir a Londres. O homem grande estava ao seu lado atento com um
mosquetão na mão. Ela olhou para ele com o canto do olho e sorriu.

— Qual o seu nome?

— Denis Edwards, senhorita Sherman.

— Então você é um fazendeiro.

— Sim senhorita.

Johanna assentiu, olhando para ele disfarçadamente. Era muito atraente. Seu cabelo
preto era um pouco longo para o seu gosto, mas ele o usava limpo, embora agora
estivesse molhado da neve que caía. Johanna também estava ficando encharcada,
mas era imperativo que ela voltasse a Londres o mais rápido possível. Ela notou em
suas mãos que eram fortes e maltratados pelo trabalho. Notava-se que não tinha
medo do trabalho.

— Me diga, Denis. Já teve a oportunidade de estudar?

— Sei ler, se você se refere a isso.

— E lidar com números?

Olhou para ela estranhando. — Sei contar. Por quê?

Se envergonhou de si mesma por pensar que poderia se tornar seu marido. Se nem
sabia se era casado. — Está casado? — Perguntou sem poder evitar.

— Não. Não estou.

Johanna sorriu encantada e ele pareceu ainda mais confuso.

— Sobre o pagamento...

— Não deve se preocupar com isso. Papai se encarregará.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Como é que chegou até aqui sem acompanhante.

— Me sequestraram. — Sorriu por sua expressão de surpresa. — É que meu pai é rico
e as pessoas acreditam que podem pegar nosso dinheiro. Vão levar uma surpresa
porque sei quem é e pretendo denunciá-los.

— É uma sorte que tenha escapado. Foi ele que fez isso?

Ela levou uma mão na testa. — Oh não, eu caí da escada.

— Não se preocupe logo estará com seus pais.

Ela sorriu e olhou para frente. Esperava que eles não encontrassem James porque ele
estaria em clara desvantagem. E não queria que ele se machucasse também. Não
sabia por que, mas essa ideia não a agradava em nada.

Um par de horas se passaram e o frio começou a cobrar seu preço. Seus dentes
começaram a bater, mas nenhum dos homens se ofereceu para parar por um
momento para aquecê-la, então não disse nada porque também estava impaciente
para chegar logo. Estava determinada a ir ao porto, aos escritórios do pai em
Londres, mesmo que fosse à noite. Havia sempre alguém para guardá-los, porque no
porto sempre podiam saquear. Essa pessoa saberia como encontrar o Sr. Stone, que
estava encarregado dos negócios do pai em Londres.

Já era tarde da noite quando chegaram a Londres e, na escuridão, não conseguia


apreciar a beleza da cidade. Pegou a faca e conseguiu dizer — Devemos ir ao porto.

— Para o porto! — Disse um dos homens assustados — Eles vão nos matar assim que
colocarmos um pé no Porto! Os ladrões de Sterling dominam a área!

— Quem é Sterling?

— O rei do submundo de Londres, — disse Denis, olhando para ela com


desconfiança. — Nenhuma Ladydeveria ir para o porto e muito menos à noite. Não
gosto disso.

— Garanto-lhe que assim que encontrarmos o escritório do meu pai...

Os homens começaram a ficar nervosos e isso a enfureceu. — Agora que chegamos


até aqui, vão me abandonar?

— Não, claro que não. — Denis olhou para eles. — Continuemos. Somos muitos para
que nos ataquem.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ela sorriu agradecida e os seguiu até a área do porto, já que ela não fazia ideia de
para onde estavam indo. Ao chegar, ficou surpresa porque não esperava que fosse
tão grande.

— Meu Deus, — sussurrou nervosa, olhando para o número de barcos que estavam
atracados.

— Para onde? — Denis perguntou.

— Preciso encontrar os navios do meu pai.

Um homem vestido como um cavalheiro em um traje de noite passou ao seu lado de


braços com uma prostituta que ria escandalosamente e franziu a testa ao vê-la. Os
homens ficaram tensos, mas suspiraram aliviados quando o viram passar e virar a
esquina.

— Se é tão perigoso estar aqui, por que esse cavalheiro não tem medo?

— Porque a esse cavalheiro nunca tocariam um único fio de cabelo, — disse Denis
entre dentes. — É o dragão de ouro.

Johanna arregalou os olhos. — O dragão de ouro? — Ela olhou para onde havia
desaparecido. — Um pirata.

— Shisss! Se ele te ouvir, estamos mortos! Você quer se apressar? Estamos arriscando
nossos pescoços!

Seu enorme salvador estava começando a lhe dar nos nervos. Montada no cavalo
olhou para os barcos e quase grita de alegria ao ver a “Liberdade” atracada. —Esse é
do meu pai!

Olhou para os prédios do outro lado da rua e viu a placa da transportadora Sherman
com letras pintadas de verde sobre um fundo azul. — É aqui!

Nesse momento, ficaram cercados por pelo menos quarenta homens com diferentes
maneiras de se vestir.

Assustados, seus homens se colocaram em guarda, mas não apontaram para eles
porque não eram tolos. Sabiam que não sairiam de lá vivos.

Dois homens vestidos como cavalheiros de capas negras caminhavam entre os


homens olhando-os fixamente. Nervosa pensou que de um sequestrador estava
caindo para outro.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— É Sterling, — um de seus homens disse com admiração.

Johanna olhou para o homem mais velho que sorriu descaradamente. A verdade é
que, para os cinquenta e tantos que deveria ter, estava muito bem. Era moreno e seu
rosto não dava para ver direito por causa da cartola que ele estava usando.

Surpreendendo-a, tirou o chapéu e sorriu para ela. — Condessa, se meteu em alguma


confusão?

Confusa, olhou para trás, mas não havia outra mulher além dela. Se virou para olhá-
lo novamente.

— Desculpe, mas acho que se confunde. — Assombrada perguntou — Você me


chamou de condessa?

O homem aproximou-se do seu cavalo perdendo o sorriso pouco a pouco. —Pode se


saber o que faz no porto a essas horas?

— Você me conhece?

O cavalheiro pareceu surpreso. — É claro que a conheço. É Johanna Fishburgne,


condessa.

Johanna riu, surpreendendo-o ainda mais. O homem virou-se para olhar o outro
cavalheiro, que deu de ombros como se não entendesse nada.

— Desculpe, senhor…

— Sterling, Jack Sterling. — Preocupado, ele gesticulou e seu homem se aproximou


do primeiro camponês que a acompanhava e o pegou pela frente de sua camisa,
derrubando-o no chão.

— O que você está fazendo com a condessa? — perguntou, pegando-o de novo e


levantando-o sobre sua cabeça.

Johanna gritou — Deixe-o! Ele não fez nada! Só estava me ajudando!

— Ajudando a que? — Sterling perguntou desconfiado. —Não estará tentando


escapar de seu marido.

— Olhe, não sei de quem está falando, mas eu só quero encontrar o Sr. Stone para me
ajudar a chegar em casa!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Sterling sorriu. — Será um prazer ajudá-la, milady. Ficarei encantado. Coleman,
traga minha carruagem.

— Milady está gelada.

Esperançada perguntou— Você sabe onde está o Sr. Stone?

— É Sterling. Ele sabe de tudo, — disse Denis com raiva.

Sterling olhou para ele e apertou os olhos. — Eu conheço você.

— Creio que esteja enganado.

— Eu nunca me engano. — deu um passo em direção a ele e Denis ficou tenso,


apontando a arma para ele.

Todos os homens de Sterling apontaram suas armas para ele.

— Solte-a no chão se você quiser viver mais um minuto, — disse Sterling friamente,
sem mostrar qualquer sinal de medo.

Denis cerrou os dentes antes de jogar a arma no chão. — Já lembro quem é. Uma vez
me veio pedir ajuda.

— E você recusou!

— A encontrou?

— Sim, estava morta em um de seus becos. — Sterling franziu os lábios. — Se tivesse


me ajudado, poderia ter sobrevivido!

— Sinto muito pela sua irmã. Mas você deve entender que não posso ajudar a todos.

— A ela bem que ajuda. Como tem dinheiro.

Sterling ficou tenso com o insulto e se aproximou dele. — Se fosse homem como se
deve, teria evitado que tirassem sua irmã de sua casa, em vez de estar bebendo na
cantina. Não espere que os outros resolvam seus problemas.

Johanna segurou a respiração porque parecia que Denis queria matá-lo, mas ele não
se mexeu mostrando que não tinha caráter. Johanna olho-o com desprezo, porque lhe
deu a sensação de que Sterling estava certo. Denis queria descarregar sua culpa em
Sterling para ter a consciência limpa. Não conhecia a história toda, mas dava a
sensação de que tinha razão.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Sterling virou as costas, mostrando que não tinha medo dele e olhou nos olhos dela.

— Milady, desça. Me encarregarei de você a partir de agora.

— Prometi que seriam recompensados por me acompanhar.

Sterling fez um gesto e um dos homens em traje de rua atirou a Denis uma bolsa de
couro.

Johanna sorriu para eles. — Obrigada pela sua ajuda.

— De nada, milady, — disse Denis com ironia. — Está em boas mãos.

Inquieta, olhou para Sterling, que lhe ofereceu a mão, mas seus olhos negros lhe
disseram que ela podia confiar nele. Sorriu descendo com esforço porque estava
cansada e segurou seu braço. — Está gelada, milady. Logo minha carruagem
chegará.

— O Sr. Stone deve entrar em contato com meu pai. Ele irá recompensá-lo por seus
esforços para me ajudar.

— Vou levá-la diretamente para a sua casa. Está bem?

— A minha casa? — Confusa,se deteve. — Como assim à minha casa? Meus pais
ainda não têm residência em Londres. Nós ficaremos em um hotel para a temporada.

Sterling estreitou os olhos. — Não me diga.— Olhou para um dos seus homens que
saiu correndo.

— Então permita-me hospedá-la na minha casa até encontrarmos o Sr. Stone. Está
bem? Lá você poderá tomar um banho quente e comer alguma coisa.

— Oh, como você é gentil. Ficarei feliz em aceitar sua hospitalidade. A verdade é que
estou morta de frio.

— Estou vendo, milady.

Uma carruagem opulenta, digna de um duque, chegou a toda velocidade e, assim


que parou diante deles, Sterling abriu a porta. Admirada viu o estofamento vermelho
Borgonha dos assentos e os SS gravados em ouro nos encostos.

— Maravilhoso

— Estou feliz que tenha gostado. Ganhei de um conde desperdiçador em um jogo de


cartas. O estofamento é novo.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Eu vou molhar.

— Não se preocupe. Poderia mudar o estofamento mil vezes e isso não me


arruinaria. Eu garanto a você.

Johanna sorriu maliciosa. —Me contará histórias? Me disseram que é o rei.

— Apenas desta parte da cidade. — Ajudou-a a subir enquanto Johanna ria e quando
ele se sentou ao lado dela, gritou — Para casa!

Havia uma garrafa ao lado dele e ele perguntou. — Posso beber?

— É para você, milady. É um conhaque quente.

— Ah bem. — Abriu a garrafa e deu um bom gole, deixando Sterling atônito. Mesmo
suas melhores garotas não bebiam como a milady.

Passou as costas da mão sobre os lábios molhados e sorriu. — Está muito bom.

— De minha melhor reserva. E me diga, milady. Como é que acabou no porto à


noite?

— Oh, eles me sequestraram. Mas me livrei daquele gigante loiro quando o


despistei.Ele não é muito bom em seu trabalho.

Sterling piscou. — Esse gigante não seria escocês por acaso?

— Uma senhora na estrada disse que era! — exclamou, com os olhos arregalados. —
Como você sabe? Conhece-o? Já fez isso antes? — Olhou para ele desconfiada. —
Não serão amigos?

Sterling riu. — Não o conheço muito bem, mas sim, já nos apresentaram. Isso se é o
escocês que eu penso. Não se chamará James?

— Sim,é esse! Até o pai dele participou do sequestro.

Sterling olhou-a atentamente e viu sua ferida na têmpora. — Está ferida? Precisa de
atenção médica?

— Oh não. Eu caí pela escada. Ou isso o grandalhão me disse. —Tomou outro bom
gole de conhaque.

— Cuidado, milady.

— Tranquilo, aguento muito bem a bebida. Já estou me aquecendo.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Um bom banho é o que você precisa enquanto eu encontro Sr. Stone.

— Eu não sei como te agradecer por sua ajuda. — Viu que usava algo pendurado no
lenço branco em volta do pescoço. Parecia uma pérola. Então se lembrou de uma
pérola exatamente igual a outro lenço e viu-se sentada em um sofá enquanto várias
pessoas que ela não conhecia riam. A única pessoa que ela conhecia era James, que
estava conversando com um homem moreno que estava de costas para ela.

Então viu a pérola novamente diante dela e ao levantar a vista viu Sterling sorrindo
para ela antes de beijar sua mão.

Assustada, olhou a Sterling nos olhos. — Eu o conheço? Já nos vimos antes?

— O que você acha?

— Você parecia me conhecer e ...— Levou uma mão na têmpora de repente se


sentindo mal.

— Acho que bebeu muito rápido, milady.

— Sim, deve ser isso. Além disso, estou cansada.

— Já estamos chegando.

Assim que pararam, um lacaio abriu a porta e Sterling desceu para ajudá-la depois.

O lacaio olhou ao redor e cobriu Johanna com um guarda-chuva para colocá-la em


casa.

— Ajude a senhora em tudo, — ordenou Sterling. — Um banho.

— Sim, chefe, — disse o mordomo, encarregando-se de tudo. — Por aqui, senhora.

—Sou senhorita, sabe? Ainda não me casei, mas não demorarei muito porque, uma
vez que minha mãe chegar colocará a cidade de cabeça para baixo para me encontrar
um marido adequado.

Sterling a observou subir as escadas e franziu os lábios antes de gesticular para um


de seus homens. — Descubra onde o conde Fishburgne está e se não o encontrar,
chame os Shermans.

—Estarão em alguma festa.

— O duque de Stradford deve estar em casa com sua esposa. Traga-o para mim.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— E o que eu digo a ele?

— Apenas que eu quero ve-lo.

— Não falo sobre a milady?

— Não. Eu quero saber o que acontece antes de tomar uma resolução.

— Está bem, senhor.

Seu homem saiu da casa imediatamente e, quando se virou, viu a pintura de sua
esposa na lareira da sala de estar. Caminhou até lá e sussurrou. — Vamos ajudá-los,
Monique. Eles me lembram de nós quando nos casamos. Lembra? — Ele sorriu
tristemente. — Nós brigávamos continuamente, mas no final, o amor pode tudo.
Ajudaremos o escocês porque era o que Lady Johanna queria e não é estúpida.

— Certamente escolheu bem em seu momento. — Se pôs a rir. — É de pegar em


armas a americana, querida. Você teria adorado conhecê-la.

Johanna suspirou na banheira. A donzela lavou o cabelo, tomando cuidado para não
tocar na ferida, enquanto outra donzela levava-lhe uma camisola digna de uma
rainha e um robe combinando com seus chinelos. Trouxeram-lhe uma bandeja com
algo para comer e, deitada na cama enorme, comeu tudo.

Uma donzela se aproximou da cama e sussurrou — Durma, senhorita. Quando for


necessário, o Sr. Sterling vai mandar chama-la.

Escutou uma batida na porta do andar de baixo e a moça sorriu ao vê-la sentar-se de
repente. Ela a empurrou pelo ombro, tombando-a lentamente. — É um dos homens
do Senhor. Não se preocupe. Descanse.

—Tem certeza?

— Tenho. O senhor Sterling em pessoa me disse. Durma tranquila. Logo, logo terá
notícias.

Exausta como estava, os olhos fecharam enquanto a porta se abria no andar de baixo,
deixando James entrar, que com o rosto pálido e os olhos profundos, olhou para
Sterling diante dele. — Está aqui?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Entre, James. Precisa de uma bebida.

Ele o seguiu até a sala muito nervoso. — Deixe de jogos. Está aqui? Se não está, devo
continuar procurando minha esposa!

— Está descansando. — Se aproximou ao armário de bebidas e removeu um dos


tampões de vidro antes de pegar a garrafa e derramar um generoso copo de
conhaque. — Beba.

James, aliviado, se deixou cair em um dos sofás. Sterling levantou uma sobrancelha
ao rangido da mobília. Certamente deveria trocá-lo quando o gigante fosse embora,
porque tinha a sensação de que a noite ia ser longa.

— Vai me explicar o que aconteceu para encontrá-la no porto cercada por homens
armados?

— Não se lembra de nós.

Pegou o copo e bebeu de um gole, antes de deixar o copo e apertar a perna como se
doesse.

— Está ferido?

— É uma longa história.

— Tem a ver com a história que sua esposa tentou matá-lo?

James passou a mão pela testa. — Meu Deus. Parece que foi há um século.

— No entanto, se passaram apenas alguns dias. Tinha entendido que sua esposa o
havia abandonado. Há rumores em toda Londres.

— Ela não tentou me matar, — ele disse irritado. — Estava apenas se vingando.
Quero vê-la.

— Não até que este tópico seja resolvido.

James sabia que não podia fazer nada contra Sterling. Sua palavra era lei. — Não sei
por onde começar.

Nesse momento, bateram na porta e a voz de sua sogra fez com que fulminasse
Sterling com o olhar. — Você avisou os Shermans?

— São sua família.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Merda!

Rose Sherman invadiu a sala com um vestido violeta que machucava a vista.

— E minha filha? O que aconteceu?

James olhou para trás e Sterling sufocou o riso ao ver seu alívio, mas mesmo assim
ainda perguntou — E seu marido, Sra. Sherman?

— Ele ainda não voltou de Boston. Onde está minha filha? Me disseram que queriam
nos ver, Sr. Sterling, mas isso é totalmente inapropriado. Se alguém descobre que
estou em sua casa... pode ser amigo da família, mas preciso manter as aparências.

Nesse momento bateram na porta novamente e James sibilou, — Deixe-me


adivinhar, Sterling...

— Alex e Elizabeth?

— Você é muito inteligente, conde.

Alex entrou na sala sozinho e James suspirou aliviado. — Menos mal.

— O que aconteceu?

— E sua encantadora esposa?

— Zangada e eu também. Por isso não tem nem ideia que eu saí de casa pois não
estava deitada ao seu lado. — Fulminou a James com o olhar. — E é culpa sua!

— Como tudo.

Todos o fulminaram com o olhar a James, que se levantou para servir-se de outro
conhaque. Bebeu-o num só trago e ao ver a sogra que não o perdia de vista, voltou a
se servir de outro trago.

— Vejo que se encontra melhor. — Disse Alexandre.

— Não estamos casados.

Todos ficaram de boca aberta. Todos, menos Sterling, que suspirou baixinho.

— O que! Eu queria me livrar de uma esposa que não havia tocado e que não queria!
Então eu subornei o padre, que convenientemente cancelou o casamento minutos
depois. Eu não queria casar com ela! — Gritou fora de si.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Mas meu marido... —Sra. Sherman se levantou confusa. —Meu marido lhe
perguntou se queria assumi-la e disse que sim. Que havia dado sua palavra... —
colocou a mão no peito. — Meu Deus.

— Foi porque descobriu que ela era rica, certo?

— Senhora, tenho dinheiro de sobra. Não acredita?

— Não foi por causa disso. Foi porque viu o que todos nós vimos em Johanna e você
não queria deixá-la ir! — Alex disse furioso. — É por isso que você mudou de ideia!
Mas em vez de ser honesto, decidiu embaralhar tudo!

— Para você foi muito simples! Você a conheceu e já sabia o que queria! A cortejou!
Eu me encontrei amarrado a uma cama, vendo como ela dizia que queria se casar. Se
nem sabia o nome dela!

Sterling pigarreou. — Então mudou de ideia e não pôde dizer que não eram
casados.Tudo ficou enrolado e ocultou.

— Sim. Eu me deixei levar e tudo foi piorando a cada momento. Johanna não
perdoou meu comportamento e me provocava continuamente!

— Você a rejeitou desde o primeiro momento! Partiu seu coração e quando ela queria
deixa-lo, você a segurou, mesmo não tendo direito! — gritou sua mãe, com os olhos
cheios de lágrimas. — Por quê?

— Não sei! — Ele gritou furioso.

Rose Sherman se endireitou. — Não passa nada. Meu Henry vai consertar isso. —
Desconsolada se deixou cair no sofá novamente. — Ele consertará. Se tiver que levar
para Itália ou França... Minha pobre garota... Tudo isso é minha culpa. Eu não
deveria ter forçado ela a vir. Estava tão feliz em Boston. Não precisava se casar. —
Começou a chorar, incapaz de evitar. — Se eu não a tivesse forçado.

— Sra. Sherman, isso não importa agora, pois temos que nos casar.

Ela o fulminou com o olhar e gritou com raiva antes de se lançar sobre James. —
Canalha! Maldito bastardo! Eu vou te matar!

Alex afastou-a tentando acalmá-la e Sterling olhou para eles divertido. — Tenho a
impressão de que o conde tem muito mais a dizer, porque quando encontrei a Srta.
Sherman, ela não me reconheceu.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Olharam para James que nervoso, passou a mão pela nuca. — Quando descobriu que
não éramos casados, ela fugiu e caiu da escada da pousada. Perdeu a consciência e
quando acordou não nos recordava. Para ela eu sou um estranho.

Todos ficaram em silêncio olhando para ele e a Sra. Sherman se soltou de Alex. —
Estou levando minha filha agora.

— Sra Sherman, pense no que você diz, — Alex disse lentamente. — Agora eles
devem se casar.

— Com um homem que lhe há mentido dessa maneira? Ela se casou com ele porque
o amava! Vocês tem alguma ideia dos candidatos que minha filha rejeitou? — Ela
apontou para James. — Quem você acha que é para tratá-la assim? Se mesmo depois
de bater nela, tentou voltar com você! — Gritou fora de si. — Você a insultou de
todas as formas possíveis! A minha filha!

— Bom, você tem que admitir que sua filha é de pegar em armas. — Alex disse em
sua defesa, vendo a palidez no rosto de James.

— Sim! — Ela gritou orgulhosa endireitando-se. — E por ser como é, eu a levo. Não
tem sido minha filha nesses meses, porque se ela tivesse sido, teria te esfolado vivo!
— Ela segurou nas saias, se virou e caminhou de volta para a porta da sala de estar.
— Boa noite, senhores. Espero nunca mais vê-los.

Alex foi até a porta e a viu subindo as escadas sem pedir permissão a ninguém.
Quando se virou, viu como James se deixava cair no sofá e fez uma careta quando
rangeu alto. Sterling fez um gesto sem dar importância.

— Vai levá-la. — James sussurrou, apertando as mãos enquanto olhava para o vazio.

Alex suspirou. — Talvez seja o melhor.

James levantou-se de repente. —A merda que é o melhor! É minha esposa!

— Agora você o tem claro, conde? — Sterling perguntou divertido.

— Que não estejamos casados, não significa que não seja minha esposa!

— Bem, já é hora de mostrar, não acha? — Sterling sorriu. — Ninguém iria impedi-lo
nesta cidade de exercer seus direitos como marido. De acordo com a lei, sua esposa é

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


sua para fazer o que quiser e, sem o seu consentimento, ela não pode ir a qualquer
lugar.

— O que propõe? — Alex perguntou perplexo. — Que continue escondendo que ela
é sua esposa?

— Ela não se lembra dele!

— Algo me diz que isso não vai durar muito tempo. Houve um momento em que
pareceu que ela se lembrava de mim. Eu apostaria que dentro de uma semana se
lembra de tudo perfeitamente. O problema com o qual devemos lidar agora é
impedi-la de deixar o país e seus pais levarem sabe Deus aonde.

James cerrou os punhos. — É certo. Ante de todos, ela ainda é minha esposa.

— Se sua mãe...

— Sua mãe não pode demonstrar que ela não é, — disse Sterling, se divertindo
muito. — Quem nesta cidade diria uma palavra depois que ela fora condessa por
dois meses? Além disso, sendo a nora do Marquês, que todos apreciam. Para todo
mundo é a condessa e será até o dia da sua morte.

— Quando se lembrar de tudo, ela vai te esfolar vivo, — Alex avisou. — E agora você
tem em conta a sua família. Quando a rainha souber disso, que viveu com ela sem se
casar, desonrando sua família e enganando o mundo inteiro...

— A rainha não me importa! Eu só quero ter minha esposa de volta!

Alex sorriu. — Pois o que você está esperando? — James saiu da sala com um suspiro
e Alex olhou para Sterling. — Não vai funcionar.

— Deixe comigo, amigo. Eu cuido de tudo.

— O que você pretende fazer?

— Precisam ficar sozinhos. — Ele olhou para a foto de sua esposa. — A solidão fará
bem.

Alex olhou para a mulher. — Você sabe alguma coisa sobre sua esposa?

— Ainda nada. — Ele forçou um sorriso. — Mas recebi notícias do meu enviado para
a Espanha. Esteve naquela casa em Cádiz, mas a garota não trabalha mais lá.

— Eu lamento. Esperava que ela continuasse trabalhando na fazenda.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Aparentemente ela tinha ido a Madri para servir. Meu homem não vai parar até
que a encontre. É a única pista que temos.

— Espero que tenha sorte.

Sterling olhou-o nos olhos. — Tenho a sensação de que desta vez vou saber algo
sobre ela. Sobre o que aconteceu.

— Lhe desejo de coração.

— Eu sei amigo.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 6

James invadiu o quarto feito um tornado e surpreendeu a Sra. Sherman sentada na


cama ao lado de sua filha que estava dormindo. Ele se aproximou da cama decidido e
Rose se levantou.

— O que faz?

— Levar minha esposa! —Afastou os lençóis para longe enquanto sua sogra ofegava
e o viu tomar o roupão, mas olhou para ela e quando viu o tecido leve, jogou-o no
chão antes de pegar a colcha de seda. Rose iria impedi-lo de levá-la, mas quando o
viu envolvê-la no edredom antes de pegá-la gentilmente, não sabia o que dizer.
James parou ao ver que Johanna suspirava contra seu peito e seus olhos se
encontraram com os de sua sogra que sussurrou— Eu não posso deixar que você a
leve.

— Dê-me mais uma oportunidade. Apenas mais uma.

Ela olhou para os dois e se lembrou das palavras de sua filha na sala de estar da
duquesa. Estava tão apaixonada por ele. — Só mais uma, — ela disse antes de pensar
demais —se voltar a machuca-la, meu marido te destroçará. —Deu um passo em
direção a ele. — Vou tornar a sua vida tão impossível, que ela se livrará de você
apenas para não me ouvir. Entendeu-me?

James sorriu. — Johanna diz que seu caráter é o de seu pai, mas acho que ela está
enganada.

— Claro que ela está enganada. Exceto o mau humor, todo o resto é meu, — disse
orgulhosa antes de apontar um dedo para ele. — Lembre-se, escocês.

Ele foi até a porta e olhou para a esposa, que seguia dormindo profundamente. Saiu
rapidamente da casa e colocou-a em sua carruagem e sentando-a sobre seus joelhos.
Distraído, acariciou seu cabelo úmido e sorriu quando ela franziu o nariz pequeno.
Devia estar cheirando mal, porque suas roupas ainda estavam molhadas e o cheiro
de cavalos era inevitável depois da viagem.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Distraído, ele não percebeu que não chegavam ao seu destino até que um barulho
alto chamou sua atenção. Era madrugada e, ao olhar pela janela, viu que estavam
saindo de Londres.

Confuso, olhou pela outra janela tentando não acordar Johanna, que protestou em
seus braços.

— Droga. — ele sussurrou baixinho ao ver uma casa em chamas no lado da estrada.
Aonde diabos vamos?

Indeciso, olhou para Johanna e deixou-a no banco da frente com cuidado antes de
abrir a porta e gritar com o cocheiro. —Aonde você pensa que está indo, idiota?

O sujeito não respondeu e James se empoleirou, esticou o braço agarrando-o pela sua
jaqueta pouco antes de uma arma aparecer em seu rosto. — Volte para dentro, meu
senhor. Agora.

— Onde você está nos levando?

— Volte para dentro e feche as cortinas. Eu aconselho você a dormir. É uma longa
viagem.

James soltou seu braço e o estranho sorriu, fazendo seu cabelo arrepiar. — Isso é
trabalho de Sterling?

— Volte para dentro e se comporte bem. Não gostaria de ter que atirar em você, mas
o chefe manda.

— Sterling está nos sequestrando?

O homem colocou o cano na testa. — Volte para dentro. Agora.

James se afastou querendo matá-lo e, sem entender nada, entrou na carruagem


fechando a porta.

Johanna estava sentada no banco e olhando-o com os olhos arregalados. Parecia que
não podia acreditar que ele estava ali.

E não acreditava. Como a havia sequestrado de novo da casa de Jack Sterling? Ela o
viu se sentar diante dela, ficando confortável esticando as pernas. Ele estava com
raiva e assumiu que era por causa dela.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Como está a senhora que resgatamos da carruagem?

James estreitou os olhos. — Perfeita. Deixei-a nas mãos do meu pai assim que pude ir
procurar por você.

— Vejo que você me encontrou.

— Não foi difícil. Deveria te dar uma surra por andar na neve por horas. Tem sorte
por não ficar doente.

— Então Sterling é seu cupincha.

— Querida, graças a sua pequena aventura, agora eles nos sequestraram.

Johanna não entendia nada. — Perdão?

— Eles nos sequestraram. Sterling nos sequestrou a ambos. — Cruzou os braços e


olhou para ela.

Ela ofegou indignada. — Isso é impossível! Por que faria isso?

— Creia-me Não tenho nem ideia. Eu só sei o que o cocheiro acabou de me dizer.

— Mas meu pai pagaria o resgate.

— Johanna, seu pai está em Boston. Suponho que ele acredite que meu avô pagará
com prazer para resgatar seu herdeiro. — Inquieto olhou pela janela. — Não tenho
ideia de para onde estamos indo.

— Bem... — Sentindo-se nervosa por estar com ele sozinha e sem saber se deveria
acreditar no que ele contava disse.

— Então faça alguma coisa!

— Estamos indo a toda velocidade e o cocheiro está armado,— disse ele


ironicamente — nisso ele me leva vantagem.

Johanna levantou a perna sem nenhum pudor e James revirou os olhos ao ver que
procurava pela faca. — Querida, você não dorme com a faca.

— Uma regra que terei que mudar. — De repente, percebeu do que ele havia dito e
olhou-o com desconfiança. — Como você sabe como eu durmo?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Eles olharam nos olhos um do outro e Johanna corou furiosamente. — Hás abusado
de mim!

— Querida, garanto-lhe que se alguém abusou de alguém, foi você.

Ela ofegou indignada. — Como você ousa? Com certeza me drogou!

— Você se despiu, isso eu garanto.

Ele parecia tão sincero que Johanna não pôde deixar de acreditar e ficou perplexa ao
perguntar. — De verdade?

James reprimiu um sorriso. — De verdade. De fato, você fez tudo tão a gosto, o que
me surpreendeu um pouco.

Johanna pensou sobre isso. Devia estar drogada, como quando ela caiu da escada.
Certamente fizera coisas que não lembrava. — Foi antes de eu cair da escada? É por
isso que usava o vestido desamarrado nas costas?

James ficou tenso. —Você se lembra daquele momento?

— É dedução lógica. —Ergueu o queixo. —Tenho certeza que sua droga me afetou,
porque não me lembro de nada. Isso se não está mentindo para mim, o que também
pode ser.

— Você tem uma pequena mancha muito atraente na nádega direita, — disse ele,
olhando para ela com desejo e Johanna ficou sem fôlego. — E uma pequena cicatriz
na coxa...

— Está bem! —Corada e irritada por não se lembrar de algo tão importante olhou
pela janela.

Era uma desgraça ter compartilhado uma cama com aquele homem e não se lembrar
de nada! Ela cruzou os braços dando voltas ao assunto enquanto ele parecia
satisfeito. Não havia outra escolha. Agora entendia sobre o padre quando acordou.
Não era uma pessoa má. Queria resolve-lo. Isso era bom. Olhou para ele com o canto
do olho pensando que era muito atraente. — Você vai ter que deixar o crime, —
disse, emburrada. — Papai não gostaria de ter um sequestrador como genro. Além
disso, não precisará disso.

James reprimiu um sorriso. — Você está me pedindo em casamento?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Você me desonrou! Está forçado a se casar comigo.

— Não vou me negar. Se você lembra...

— Sim, já sei. — Estalou a língua olhando pela janela. Estava nevando muito e uma
imagem dela sentada em uma carruagem vendo como estava nevando veio à sua
memória, ouvindo um homem moreno falar sobre ela ser responsável por tudo, que
dizia que sua esposa estava grávida. Lembrou-se de olhar para a atraente ruiva ao
lado dele e que lhe piscou com cumplicidade. Ela moveu a cabeça de um lado para o
outro confusa e colocou a mão na têmpora.

— Querida, sua cabeça está doendo? — Preocupado, se aproximou dela e


gentilmente tirou a mão da têmpora. Sem saber por que aquele gesto a comoveu e
quando ele acariciou as costas da mão com o polegar, ela olhou para as mãos unidas.
— Johanna, você está bem?

— Não sei o que me acontece. — Ela tentou reprimir as lágrimas e, envergonhada,


afastou a mão abruptamente. Seu toque a perturbava e não queria que a tocasse.

James apertou os lábios se endireitando em seu assento. — Se você não quer se


casar...

— Isso está fora de questão, você não acha? — Disse com raiva se sentindo
encurralada.

— Não. Acho que não é mais um tema para discussão, mas pelo bem do nosso futuro
casamento deveríamos tentar entrar nesta nova etapa sem hostilidades.

Johanna enxugou as lágrimas com raiva de si mesma. — Se você não tivesse me


sequestrado, isso não teria acontecido. Além disso, você me drogou!

James estalou a língua. — Querida, garanto-lhe que não estava tão drogada.

— De verdade? — Surpreendida, ela olhou-o nos olhos. — Por que não me lembro
disso?

— Não sei. Mas não se preocupe, tenho certeza que daqui a alguns dias você se
lembrara de tudo.

— Onde você me sequestrou?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


James se mexeu desconfortavelmente em seu assento. — Esse homem não pensa em
parar nunca?

— James? — Ela largou a colcha mostrando sua camisola e ele a olhou exasperado.

— Cubra-se, Johanna. Só me falta que você fique doente.

— Nunca fico doente.

Ele se aproximou e puxou a colcha até o pescoço dela, colocando-a na colcha como se
fosse uma fronha. Incapaz de se mover, ela olhou para ele e sem poder evitar, sorriu.
— Por que você se preocupa comigo?

— Que pergunta idiota! Você é... Você vai ser minha esposa!

— Ah.

Ele olhou para ela pelo canto do olho. — Você não se preocupa comigo?

— Devo fazê-lo?

— Sim!

— Bem, de agora em diante vou tentar. — Ele grunhiu baixinho. — Você tem que ter
em conta que eu nunca fui casada e não tenho certeza do que devo fazer. — Ele
grunhiu de novo e Johanna acrescentou. — Mas garanto-lhe que serei uma boa
esposa. Contanto que você não me contrarie, serei uma esposa maravilhosa.

— Não me diga?

— Minha mãe diz que eu tenho um caráter terrível quando me contrariam. Mas não é
verdade...

Pensou nisso e como a chamavam de a louca Sherman. Ora, isso era besteira. — O
meu pai está muito orgulhoso de mim.

James sorriu. — Isso é verdade.

— Você conhece meu pai?

— Não! São rumores que se ouve no clube.

Johanna sorriu deliciada. — Então está orgulhoso de mim?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Relaxado, correspondeu ao seu sorriso e Johanna perdeu o fio de seus pensamentos
por causa do tombo que o coração lhe deu. — Sim, ele está orgulhoso. Diz que não há
filha mais inteligente em toda Londres. Inclusive metendo as patas, sempre acerta.

Confusa ela perdeu o sorriso. — Disse isso? E o que significa?

James encolheu os ombros. — Você saberá.

—Deveria perguntar quando o vir de novo. — Olhou-o atentamente. Era bonito. Seu
pai gostaria dele porque não era um daqueles almofadinhas da alta sociedade. Havia
conhecido alguns em Boston e seu pai os desprezava. Não, seu pai gostaria de seu
James. Sorriu satisfeita e olhou pela janela. — Aquela senhora disse que seu avô era
duque.

— Sim, céu. Você será uma duquesa algum dia, se Deus quiser.

— Isso vai satisfazer a mamãe.

— Não sei o que te dizer, — disse baixinho.

— Perdão?

— Sim, preciosa. Ela vai gostar que sua filha seja uma duquesa. Mas ainda falta
muito para isso.

— Sim claro. Espero que seu avô viva por muitos anos. Além disso, não precisamos
do dinheiro. Papai já estava contando em me comprar um marido. — James rosnou
baixinho. — Deve deixar esses atos criminosos imediatamente. Você vai viver bem,
garanto.

— Eu mantenho a minha esposa, — disse com os dentes cerrados.

Johanna piscou. — De verdade? — Ela corou ligeiramente. — Ah, claro.

Como tinha sido tão estúpida. Se havia chegado a esses extremos, era porque não
gostava de viver de empréstimos. Johanna mordeu o interior da bochecha pensando
nisso. Se ela se casasse com ele, deveria apoiá-lo em tudo. E depois de tudo os
sequestros também era um trabalho. Desde que seu pai não descubra...

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna sorriu. — Está bem. Você pode continuar com os sequestros, mas vou ter
que ajudá-lo. Você e sua família são muito descuidados. Não quero ficar viúva por
você ser enforcado por um dos seus descuidos.

—Perdão? — James olhou para ela, escondendo o riso.

— Você não pode ir até Boston para sequestrar alguém e levá-lo para a Inglaterra!
Você deve sequestrar em sua área. — Ela estreitou os olhos cumplice. — Você deve
conhecer o terreno.

— Não me diga?

— Sim, e você não pode levar o sequestrado para uma pousada. — Ela estalou a
língua, movendo a cabeça de um lado para o outro. — Isso é outro descuido. Alguém
pode te ver! Não se preocupe, vamos encontrar a próxima vítima e teremos uma boa
fatia para passar uma temporada.

— Então agora você quer me ajudar.

— Entendo que você é homem e que deve ter seu orgulho. Fico feliz que não queira
viver do dinheiro do meu pai.

— Mas você não gosta que seja um criminoso.

— Eu preferiria que não. Eu gosto de viver tranquila.

James não pôde evitar. Começou a gargalhar porque parecia convencida do que
estava dizendo. Johanna indignada sibilou — Você está rindo de mim?

—Querida, você não seria capaz de viver tranquilamente, mesmo se tentasse.

— Isso não é verdade. Vê-se que não me conhece!

— Qualquer outra mulher no seu caso ficaria apavorada chorando nos cantos e
exigindo que a resgatasse.

— Eu não sou tão frágil. Entendo as circunstâncias. — Ela ergueu o queixo. — Isso
deveria te fazer feliz.

— E estou feliz, garanto-lhe. Você conhece alguma dama que vai ao porto à noite?

Johanna corou. — Ia com escolta.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Estou certo de que aqueles homens estavam mais assustados que você.

—Uma grande bobagem. O Sr. Sterling é muito agradável.

— É ladrão e assassino. E já que você mencionou, ele nos sequestrou querida.

— Incompreensível.Sigo sem entender. — James rosnou cruzando os braços. — Você


não está com medo.

— Não, porque eu sei que ele é um homem de negócios e se ele fez isso, é para ter
uma soma suculenta. Pelo menos eu espero que assim seja.

— Então assunto encerrado. Assim que nos libertarem, nos casamos.

— Muito bem.

Eles se entreolharam e então ela percebeu que devia ter um aspecto terrível. Ela
corou ligeiramente quando se lembrou que ele a tinha visto nua e James estreitou os
olhos antes de limpar a garganta.

Johanna abriu os lábios sem poder evitar ao olhar para a dele, que pareciam tensos.
—Querida...

— Sim?

— Está me convidando?

— Convidando a que?

— A te beijar.

Ficou vermelha como um tomate, desviando o olhar. — Claro que não, cavalheiro!

James pegou-a antes que percebesse, sentando-a em seu colo e Johanna gritou
surpresa. A colcha impediu-a de se defender e seu noivo sorriu divertido. —É toda
minha.

— Isso não é correto... — James aprisionou seus lábios e Johanna gemeu porque ele
entrou em sua boca sem qualquer escrúpulo, provocando sensações deliciosas. Sua
língua fez maravilhas e fechou os olhos apreciando cada carícia. Ele a saboreava de
tal maneira que ela se esqueceu de respirar e James se separou ligeiramente beijando
seu lábio inferior. —Preciosa, outro dia você participava mais.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Sim? — Sua respiração alterada a surpreendeu. — E o que fazia?

— Você me beijava.

Ela beijou seus lábios suavemente. —Assim?

— Uhumm.

Johanna esticou a língua devagar e acariciou a dele fazendo James gemer antes de
entrar em sua boca novamente. Entrelaçados, se devoraram um ao outro como se
necessitassem e James afastou a colcha liberando seus braços. Desesperada para tocá-
lo, acariciou seu pescoço com as duas mãos e gritou em sua boca quando ele
acariciou seu peito sobre sua camisola. James afastou sua boca para beijar seu
pescoço e ela o arqueou para trás, dando-lhe melhor acesso. Seus lábios percorreram
seu seio e ele mordiscou seu mamilo endurecido sobre o tecido, fazendo-a gritar de
prazer. James olhou para cima e sorriu levantando-a para pegar sua boca novamente.

De repente, ela estava sentada na frente dele, coberta até o queixo de novo e, confusa,
tentou se recuperar de tudo que acabara de sentir. — Mamãe estava errada, não é?

— Não tenho ideia do que você está falando. — James respondeu com a voz rouca.

— Ela diz que os relacionamentos não são muito satisfatórios.

James olhou para ela surpreso. — Mas se ama a seu marido.

— Sim. E o que isso tem a ver?

— Relações sexuais são importantes em um casamento.

— Minha mãe não gosta muito deles. Eu acho. Quando me contou sobre isso, não
deu muita importância.

— Preciosa, garanto-lhe que isso não vai acontecer com você, — disse ele, olhando-a
com desejo.

— São tão importantes?

— Muito. Entre nós, vai ser muito. —Irritado olhou pela janela. — Maldita seja. Para
onde vamos?

Ignorando essa pergunta e ainda excitada, olhou para ele com desejo, sem perceber e
sussurrou — Eu gostei muito.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Preciosa, faria amor com você agora, mas eu não gostaria que um cara armado nos
surpreendesse no ato.

— Vi no porto de Boston como as prostitutas trabalhavam e não pareciam gostar


muito.

James olhou para ela surpreso. — Estão trabalhando. Elas não fazem isso porque
querem. E você não deveria ter visto essas coisas!

— Nem vi tanto assim. Eles levantam suas saias e...

— Já sei como isso é feito! — Ela levantou uma sobrancelha e James prendeu a
respiração. — Preciosa...

— Quero saber o que é... Isso é mal?

— Não é mal comigo! Mas não é o lugar...

Johanna levantou-se e sentou-se em cima dele escarranchada, abraçando o pescoço


dele. — Assim está bem?

— Por Deus, Johanna, — disse ele, agarrando-a pela bunda para que ela não caísse.
Apertou suas nádegas sobre a camisola e ela fechou os olhos apreciando seu toque.
Perdendo o controle, levantou a camisola com força antes de aprisionar os lábios e
Johanna quase gritou de alegria quando percebeu que havia cedido. Não sabia o que
estava acontecendo com ela, só sabia que precisava senti-lo e seus lábios estavam
deixando-a louca. Acariciou seu pescoço e atraindo-o para ela e gritou em sua boca
quando sentiu seu pênis acariciando seu sexo para cima e para baixo. Surpresa, ela
abriu a boca com respirações ofegantes e gemeu quando o sentiu entrar devagar.
Mordendo o lábio inferior, ela se deixou cair lentamente para se sentir
completamente cheia e moveu seus quadris ligeiramente pelo prazer que a perfurou.

— Preciosa... mexa-se. — Beijou seus lábios suavemente segurando seus quadris e


Johanna se deixou guiar. —Por Deus! — James inclinou a cabeça para trás e Johanna
se agarrou a ele levada pelo prazer antes de se deixar cair de volta ao sexo dele. Era
uma sensação tão chocante que Johanna precisava de mais, então se sentou
novamente antes de se deixar cair. Não sabia mais o que estava fazendo. Era guiada
pelo instinto e se movia de novo e de novo, sentia como se todo o seu corpo estivesse
tenso a ponto de enlouquecer se ela não continuasse. James apertou suas nádegas
com força e guiou seus quadris. — Mais preciosa. Mais rápido.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Fora de si acelerou o ritmo e, quando se deixou cair com força, sentiu o corpo
explodir em mil pedaços antes de cair sobre seu corpo exausta.

Ele acariciou suas costas e cobriu-a novamente com a colcha. Ela sorriu e acariciou
sua bochecha contra o queixo dele. Ele não havia se barbeado. — Arranhas.

—Estive ocupado perseguindo uma morena escorregadia.

Afastou-se para olhar em seus olhos. —Gosto de você.

— Preciosa, percebi isso há muito tempo.

— De verdade? Sou tão transparente?

— Disfarçar não é seu ponto forte. — James pigarreou. — Preciosa, se sigo dentro de
ti...

— Oh! Ainda? — Notou como crescia em seu interior e arregalou os olhos. — Sim!

James a segurou pela nuca. — Jo, você sim que faz as viagens entretidas.

Sentada diante dele algumas horas depois, comia-o com os olhos e James riu. —
Incrível.

— É sua culpa.

— Não tem fome?

— Estou faminta. — James riu quando ela corou com o que havia dito. — Eu não quis
dizer isso, embora...

A carruagem deu um salto e Johanna foi até a janela. Uma elegante carruagem de
cavalos passou por eles e viu uma mulher loira na janela. A mulher olhou para ela
com a boca aberta e Johanna estalou a língua antes de se virar para James. — Sua
mãe acabou de passar.

James afastou-a para abrir a porta, e com a metade do corpo para fora gritou. — Pai!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna, através da pequena janela traseira, pôde ver que a carruagem estava
parando, mas o deles começou a chocalhar como um louco. Johanna saltou de um
lado para outro e James quase caiu do lado de fora. — Está louco? — seu noivo
gritou.

Johanna pensou que seu comportamento era lógico, uma vez que os tinham
sequestrado, mas deu-lhe a sensação de que não devia dizer a seu noivo, que nesse
momento tentava subir na carruagem.

— Volte para dentro!

— Pare imediatamente!

Johanna curiosa sacou a cabeça pela porta, mas não viu ninguém. Ouviu um tiro e,
assustada, largou a colcha para agarrar o bagageiro e subir no telhado. Pendurada na
carruagem procurou onde colocar seu pé quando ouviu um gemido e pronta para
qualquer coisa, apoiou os dedos dos pés no parapeito da janela para subir, mas uma
sacudida a fez cair de novo e gritando de medo, porque por pouco os dedos não
escorregaram. A cabeça de James apareceu acima dela. —Está louca, mulher? Quer
se matar?

Ela sorriu aliviada. — Está bem?

— Volte para dentro, Johanna!

— Não precisa de ajuda?

Ele a ignorou, e desapareceu novamente. Johanna franziu a testa porque não se


certificara de que estava a salvo quando estava pendurada na carruagem.
Aparentemente ele confiava em suas habilidades, disse a si mesma animando-se.

Mas era mais fácil sair do que entrar, porque o movimento a impedia de apoiar os
pés dentro da carruagem. Ele viu quando o cocheiro foi jogado da boleia e Johanna
sorriu. — Querido! — Gritou, sentindo que seus braços já não suportavam seu peso.

James reapareceu e gritou. — O que você está fazendo aí ainda?

Uma das mãos soltou-se e gritou, virando-se justo antes da outra se soltar. James
agarrou seu pulso e a puxou de barriga para cima no teto da carruagem, cravando a
vara em suas costelas e com as pernas penduradas.

— Mulher, você não faz mais que se meter em encrencas! Quase se mata!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Você quer parar a maldita carruagem? —Furiosa, fulminou-o com o olhar com a
metade do corpo do lado de fora.

James pulou para a boleia e pegou as rédeas puxando-as com força. A carruagem
parou e Johanna suspirou aliviada, apoiando o rosto no teto coberto de neve.

— Jo, está bem?

Ela abriu os olhos e sorriu. — Se não queria que nos sequestrassem, por que não fez
isso antes?

James desviou o olhar da carruagem para onde seus pais pararam e desceram a toda
pressa olhando para eles como se tivessem cometido um crime. — Pode-se saber o
que está fazendo? — Gritou o marquês. Quando viu que Johanna estava de camisola,
parecia que não podia acreditar. — O que está fazendo nua?

— Eu não estou nua. —Ela disse envergonhada.

— Querida, essa camisola é muito fina. Você vai congelar!

— James, tire-me daqui!

Seu noivo desceu da carruagem às pressas e segurou-a pela cintura para abaixá-la,
segurando-a em seus braços. Aliviada, abraçou o pescoço dele. — E agora o que
vamos fazer?

— Vamos para a Escócia, linda. Tenho problemas para resolver e já estou atrasado
uma semana.

— Por minha culpa?

— Em parte.

— Não deveria entrar em contato com meus pais? —Ela perguntou enquanto a
levava para a carruagem do Marquês.

— Eu não acho que eles se preocupem demais.

— A mamãe ficará nervosa.

Eles chegaram até seus pais e James suspirou profundamente. — Encontrei-a.

— Já deu para ver, — disse Nelson aborrecido. — Tive que convencer Lady Hutching
a não chamar as autoridades e garanto que é quase impossível convencer esta

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


mulher! Verá quando falar com seu avô. Vou ter que ouvir seu romance juvenil dez
vezes, pelo menos até que passe. E quando descobrir que não está casado...

— Pai... — Indicou com os olhos para ficar quieto e Johanna quis tranqüilizar o
Marquês.

— Não se preocupe. Ele me pediu em casamento e aceitei de bom grado.

Os marqueses olhavam para o filho deles. — Sim, foi algo assim.

— Oh Deus, ainda não se lembra, Nelson, — sibilou a dama.

— Já reparei, Susan.

— Não me lembro do sequestro, mas isso não importa agora. — Ela sorriu para o
noivo. — James será meu marido. Ainda temos que decidir se ele continuará com sua
vida de crimes, mas isso não é muito importante no momento.

—Quer me ajudar a sequestrar o próximo, — disse exasperado. — Diz que


cometemos erros.

Susan segurou uma risada enquanto Nelson não sabia o que dizer, enquanto o filho a
colocava na carruagem.

— Jo precisa de roupas.

— Ah, claro. Vou te emprestar alguma coisa. — Ela piscou para o filho e ordenou a
um lacaio que abaixasse o baú da condessa.

Os homens se entreolharam, revirando os olhos antes de ouvir Johanna dizer de


dentro. — Que condessa?

— Ela... — James se virou imediatamente para falar com a esposa. — Ela também é
condessa.

— Ah... e não prefere ser marquesa? — Ela perguntou baixinho.

— Coisas da minha mãe.

— Já vejo. É um tanto estranha?

Susan ofegou indignada e Nelson se aproximou para sussurrar algo em seu ouvido.

— Me avise sobre essas coisas para não entrar na sua família de olhos fechados,
querido.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Tranquila. Você fará isso soberbamente.

Johanna sorriu radiante. — Eu tentarei.

— Tenho certeza.

Advertiu os pais com o olhar antes de se afastar da porta e gritar com outro lacaio. —
Você, leve minha carruagem para Londres!

— Sim, meu senhor.

Johanna pôs a cabeça para fora. — James! Você não pode deixar o capanga do Sr.
Sterling deitado na estrada!

— Sterling, disse? — Nelson correu atrás de seu filho, certamente para descobrir tudo
e Susan fez o mesmo.

Com curiosidade, Johanna tirou a cabeça novamente e viu como deixavam um baú
com as letras JF na frente da porta. Johanna estreitou os olhos e saiu da carruagem,
não importando se seus pés tocassem a neve. Ensimesmada com o baú, ela abriu e o
perfume das roupas a alcançou. Um cheiro tão familiar que soube que era dela.
Assustada, remexeu no baú e ficou chocada ao encontrar seu espelho. O espelho
prateado esculpido que seus pais lhe deram quando completou doze anos. Quando
viu seu reflexo no espelho, não era ela, mas uma mulher como ela que tinha um
hematoma no lábio inferior. Assustada gritou jogando o espelho dentro do baú e se
afastou arrastando-se para trás o mais longe possível.

— Johanna!

James veio correndo e pegou-a. — Não aconteceu nada, — ele sussurrou quando viu
que estava tremendo.

— É meu espelho. Meu espelho! Como está aqui? — Histérica olhou de um lado para
o outro. — São minhas roupas. Eu não conheço esses vestidos, mas... — Angustiada
ela colocou as mãos nas têmporas. — Estou ficando louca.

— Diga a ela, filho. Está sofrendo com algo da qual não entende, — disse Susan
nervosa.

James colocou-a na carruagem e cobriu-a com um cobertor. — Preciosa...

— Como pode minhas roupas estarem aqui? E por que esse baú tem essas iniciais?

— Querida, esse é o seu baú.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna prendeu a respiração olhando seus olhos verdes. — O que?

— É o seu baú. São suas roupas e essas são suas iniciais.

— Meu nome é Johanna Sherman.

James suspirou, apertando as mãos dela. — Isso foi antes de nos casarmos. Você não
se lembra de nós, mas nós somos sua família.

— Casar-nos? Estamos casados?

— Não tecnicamente, mas para todos, nós somos casados.

— Para todo o mundo?

— Nos casamos há mais de dois meses na Escócia. Estávamos voltando para a casa
do meu pai adotivo quando você sofreu um acidente na estalagem e caiu da escada.
Vai se lembrar de novo.

Atônita ela olhou em volta e sussurrou — JF. Fishburgne.

— Sim querida.

— Adotivo?

— Isso é uma longa história.

— Eu sou seu verdadeiro pai, — disse Nelson timidamente da porta —e minha


esposa Susan é sua mãe.

— Você não cresceu com seus pais? Por quê?

— Outra longa história. Eu prometo que vou te contar mais tarde, mas agora você
tem que mudar de roupa. Vai ficar doente se continuar assim.

— Então somos casados ou não?

— Um assunto que devemos resolver o mais breve possível. Uma formalidade que
no final não foi realizada —disse como se nada. — Mas não há problema. Encontrarei
um padre no caminho.

— É por isso que você sabia sobre a mancha?

— Sim.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Susan entregou algumas roupas a James, que pegou imediatamente. — Vamos, linda.
Coloque isso.

— Por que você não me contou desde o começo?

James pressionou os lábios e seu pai limpou a garganta do lado de fora. — Você
estava um pouco brava comigo. Você descobriu que o casamento não tinha sido
válido e não o levou muito bem.

— Ah... —Confusa pegou a roupa de baixo. — Devo te querer muito para ficar com
raiva por isso.

— Sim, — ele disse olhando nos olhos dela. — Quando nos casamos, você me amava
mais do que tudo neste mundo.

Johanna sorriu. — Não creio que me custe faze-lo de novo. Mas vou lembrar-me de
tudo?

— Se ao voltar da Escócia não tiver lembrado, visitaremos o melhor especialista em


Londres.

— Está bem.

James se ergueu e beijou-a na testa. — Precisa de ajuda?

— Estou bem.

James assentiu e saiu da carruagem fechando a porta. Pensando nisso, tirou a


camisola para vestir a calçola e a anágua. Então ela se viu sentada em uma cama
chorando como se quisesse esconder que estava sofrendo. Olhou de soslaio para uma
porta ao lado de uma penteadeira de estilo francês. A porta se abriu de repente e
assustada virou-se dizendo. — “Eu não estou vestida.

— Você ainda não se preparou para o baile?

Johanna prendeu a respiração pelo tom que seu suposto marido falava e se viu tensa.
— Não irei. Vou descansar. Não me sinto bem.

— Isto porque eu não queria ir ao estúpido chá que você organizou? Estou farto
desses encontros com aquelas velhas que só sabem criticar os outros.

— Sua mãe e a minha estavam lá. E Alex compareceu com Elizabeth, como os outros
maridos. A única que estava sozinha era eu, — disse friamente.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Jo, olhe para mim!

— Não quero! — gritou, explodindo. — Estou farta de tudo isso! Deveríamos pedir o
cancelamento! Não nos suportamos!

James agarrou-a pelo ombro, virando-a, franzindo a testa quando viu o rosto dela. —
Você esteve chorando?

— Me dói a cabeça. Agora, se você me perdoa, quero me deitar.”

Voltando à realidade, ela sentiu seu coração batendo rápido e viu James em pé de
costas para ela conversando com seus pais. Então entendeu tudo. Eles haviam se
casado, mas não consumado.

Ela queria deixá-lo e quando descobriu que não estavam casados, ficou com raiva
porque ele tinha ocultado isso dela. Não precisava ser um gênio para entender isso.
Mas o que havia sentido com ele nessa carruagem...

Não sabia tudo o que havia acontecido, mas estava claro que queria resolvê-lo e ela
não desistia facilmente. Se ela se casou com ele, foi por causa de algo e seus
relacionamentos na carruagem uma hora antes mostraram que, se tentassem, se
sairiam muito bem.

Determinada ela colocou suas meias e quando olhou ao redor não viu seu espartilho.
— Querido, estou sentindo falta do espartilho. — Disse em voz alta.

Ele olhou para ela por cima do ombro. — Não coloque. Vamos viajar. Dessa forma
você ficará mais confortável.

— Mas...

— Filho! Deve usar um espartilho!

— Um minuto atrás estava viajando de camisola! Não acho que isso importe muito!

— Não discutam. Não vou usá-lo. — Colocou as saias e quando pegou o vestido de
veludo marrom, viu que estava faltando um botão nas costas e lembrou como ela
tinha quase arrancado outro para se despir para ele. Então muitas imagens
apareceram em sua mente e com a respiração presa olhou para James que a
observava. Olhando para seus olhos verdes, se viu gritando de desgosto quando ele
sorriu irônico e tudo voltou de uma só vez. Ela empalideceu sentindo milhares de
emoções conflitantes e colocou a mão na têmpora sem perceber.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Querida, o que há de errado?

— Nada — disse sem fôlego. — Eu não posso usar esse vestido. Faltam botões.

Um vestido de dia azul apareceu e Johanna sussurrou. — Obrigada.

— Precisa de ajuda? — Sua sogra perguntou gentilmente.

— Não, obrigada. Além disso esse é abertura frontal.

James estreitou os olhos observando-a. —Preciosa, você está bem? Dói-te a cabeça?

Ela forçou um sorriso. — Tenho sede.

— Também vai estar com fome. Vamos parar na primeira pousada.

Viu como colocava o vestido e fechava apressadamente, embora suas mãos


tremessem sem perceber. Vendo o casaco com punhos de pele de raposa, lembrou-se
de como sua costureira lhe dissera que era perfeito para contrastar com a cor de seu
cabelo. Ouviu em sua cabeça como Elizabeth tinha dito a ela que seu marido não
ficaria feliz com a fatura e como ela maliciosamente tinha olhado no espelho
colocando seu chapéu combinando, respondendo que esperava que lhe desse um
ataque cardíaco e assim ficaria viúva.

— Jo, não colocou as botas, — disse seu marido.

Distraída, olhou para ele como se o visse pela primeira vez e James acariciou sua
bochecha. — Tem certeza de que está bem?

— Estará exausta de tanto barulho, — disse a mãe, entrando na carruagem com as


botas. — Espere,menina, eu te ajudo.

Quando viu a sogra se abaixar para calçar uma das botas, ficou emocionada sem
poder evitá-lo, porque Susan sempre era muito gentil. Quando amarrou os cadarços,
Susan a olhou sorrindo.

— Está pronto... — Ao ver sua expressão, perdeu o sorriso pouco a pouco e Johanna
sacudiu a cabeça imperceptivelmente. — Assim que chegarmos à estalagem, você
tomará um banho quente e poderá descansar.

— Sim, — sussurrou, abaixando as pálpebras para esconder as lágrimas. — Acho que


preciso disso.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


James sentou ao lado dela enquanto seu pai dava ordens do lado de fora. Parecia
preocupado e ela forçou um sorriso. Não sabia o que deveria sentir. A velha Johanna
teria pregado alguns gritos e, se pudesse, lhe daria alguns sopapos. Mas depois de
compartilhar essas horas com ele, percebeu que poderiam ter um relacionamento
como sua amiga Elizabeth desfrutava. Olhou pela janela pensando nisso. Sim, a
melhor coisa era continuar fazendo-se de tonta. Continuaria fingindo não se lembrar
de nada, para ver até onde isso daria. O que sabia era que eles deviam se casar,
porque se seguiam tendo relações sexuais, não poderia correr o risco de ficar grávida.
Pode ser que quando caiu da escada estava tão furiosa que não pensou nas
consequências, mas agora, mais calma, percebeu que era uma loucura. Além disso,
todos pensavam que eram casados. Um mau enlace, mas um casamento depois de
tudo. Seria um desastre para sua reputação se essa notícia fosse de conhecimento
público e nem queria pensar no que seus pais diriam. Sua mãe morreria de desgosto
depois de tê-la privado do casamento que ela sempre sonhara para sua única filha.
Então uma ideia passou pela sua cabeça. Agora poderia fazer isso. Poderia ter o
casamento que sempre sonhou. Não estaria lotado, é claro. Apenas seus melhores
amigos e familiares, mas poderia tê-la. Eles não diriam nada, isso tinha certeza.

Incapaz de evita-lo, ela sorriu animada e olhou para James, que relaxou quando ele a
viu sorrir.

— Querido...

— Sim preciosa?

— Eu quero um casamento.

— Isso vai ter.

Ela balançou a cabeça. — Não me entende. Eu quero um casamento como Deus


manda. Com vestido e banquete.

— Oh! — Exclamou Susan — Sim! De todas vocês será a única que terá um
casamento em condições!

Nelson limpou a garganta e ela disse rapidamente. — Querido, eu entendo nossas


circunstâncias.

— A única? — Ela perguntou, se fazendo de boba.

— Ela não se lembra de Elizabeth, mãe, — disse James antes de olhar sua esposa nos
olhos. —Querida, casamento assim leva muito tempo e nós não o temos.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Por que não o temos? Que pressa há?

— Bem, eu quero me casar imediatamente! — Johanna levantou uma sobrancelha e


ele escondeu sua impaciência sorrindo. — Já nos casamos uma vez, lembra?

— Pois não. E como não me lembro desse casamento e talvez nunca o faça, quero
outro.

James franziu os lábios e ela sorriu, começando a se divertir. — Foi bonito?

— O que?

— O nosso casamento, foi bonito?

Ele corou e olhou para seus pais. — Bem, foi algo diferente.

— De verdade? Quão diferente?

— Foi... peculiar, — ele respondeu lentamente.

— Como peculiar? Não havia amigos e conhecidos?

Ele sorriu. — Sim, havia amigos e conhecidos.

— Nós estávamos lá, — disse Nelson, sorrindo de orelha a orelha.

— Você diz isso como se tivesse faltado muitas pessoas. Como estava vestida? E
minha mãe? — ela sorriu sonhadora. —Sempre quis usar vermelho no meu
casamento.

— De vermelho? — Susan perguntou, escandalizada.

— Não se vestiu de vermelho? — Assombrada, olhou para eles e Susan riu baixinho.

— Não, querida. Não usou vermelho.

— E eu? Usava o vestido de renda branco de Bruxelas que eu sempre quis? O tecido é
lindo. Minha mãe pediu a renda quando fiz quinze anos. Levaram quase dois anos
para fazer a encomenda, pois eram muitos metros.

— Oh, deve ser lindo, — disse Susan, impressionada.

— Você não viu? —Aparentando surpresa, olhou para eles um por um. — Você não
viu o vestido? — Ela se virou para James. — O que estava vestindo? Aconteceu
alguma coisa com o vestido?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Jo, nos casamos muito rápido. Muito rápido, — disse ele lentamente, de modo que
entrasse em sua cabeça.

— Mas havia um compromisso e... — Ele negou com a cabeça. — Como que não?
Meu pai não toleraria que houvesse rumores sobre o casamento. Pelo menos seis
meses...

James olhou para os pais pedindo ajuda e Susan disse — Johanna, você o conheceu e
se apaixonou tão loucamente que não quis esperar.

— Foi minha culpa? — disse com espanto. — Nós fugimos?

— Já estava fora de casa, querida. Nós não precisamos fugir. É muito longo para
explicar, mas você foi muito persuasiva e nos casamos imediatamente.

— Pensou que meus pais não admitiriam você? — Ela olhou-o de cima a baixo. —
Acredito que mamãe deve estar encantada.

Nelson reprimiu o riso. — Naquela época, você nem sabia que era Conde, Johanna.
Você se apaixonou pela pessoa, não pelo título.

Johanna sorriu deliciada e se abraçou a seu braço, olhando-o com adoração. — De


verdade? É que você é bonito. — Olhou-o nos olhos — E você se apaixonou por
mim?

James limpou a garganta antes de fazer uma careta. — Você foi muito persuasiva.

Mordeu a língua sem perder o sorriso. —Bem, mais uma razão para ter uma bonita
cerimônia. É por isso que o primeiro não funcionou bem. Começaremos desde o
principio. — Ele ia dizer alguma coisa, mas ela interrompeu rapidamente. — Apenas
nossos queridos amigos e familiares. Será perfeito.

Seu homem olhou impotente para seus pais e Susan sorriu de orelha a orelha. —
Minha Elizabeth ficará encantada. Queria uma grande festa para mim. Agora
faremos contigo.

— Elizabeth?

— É uma boa amiga sua. Você estava viajando com ela e seu marido quando nos
conhecemos, — James disse desconfortavelmente. — Vamos ver como explico isso
para o meu pai.

— Ah, mas se ele está aqui, querido.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Ele quer dizer o outro pai dele. — Nelson estava prestes a rir. — Nos chama a
ambos de pai.

— Que lindo. É maravilhoso que as duas famílias se dêem tão bem. Tenho dois
sogros!

Todos riram. — Alguns veriam isso como uma maldição, — disse Nelson.

— Eu estou encantada. — Apertou o braço de James, sorrindo deliciada. — Teria sido


diferente se você tivesse tido duas sogras, não é, amor?

Ele olhou para ela horrorizado, fazendo-os rir a todos.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 7

Pararam numa estalagem e Johanna suspirou aliviada porque não era a mesma em
que caíra da escada. Subiu para o seu quarto imediatamente para se aliviar e depois
de usar o urinol, começou a se despir. Estava desabotoando o vestido quando a porta
se abriu e Susan entrou olhando para ela divertida. — Quando voltou à memória?

— Quando vi o vestido sem o botão, embora o baú tenha me ajudado bastante. —


Preocupada, ela parou de desabotoar o vestido. — Você não vai dizer nada, não é?

— Claro que não. Eu te apoio em tudo depois do que ele fez. Ele merece tudo que
você faça.

— Eu só quero fazer as coisas de maneira diferente, — ela sussurrou, olhando para as


casas dos botões e desabotoando-as.

— Agora é diferente. Quase morreu de susto quando você caiu das escadas e como
você não se lembrava de nada...

— Eu devo controlar meu caráter, — sussurrou, abaixando o vestido e deixando-o


cair no chão.

Susan mordeu o lábio inferior. — Não seria melhor se você dissesse a verdade?

— E voltar a discutir por tudo? Não, tenho que fazê-lo se apaixonar por mim
enquanto pensa que não me lembro de nada. É um bom sinal que ele me procurou
dessa maneira quando pensava que havia me sequestrado.

— Como não ia te procurar? Você é sua esposa!

Ela tirou o saiote e ficou em roupas de baixo. —Mas tem que perceber que eu sou de
verdade. Não só no nome. Eu quero que me ame acima de tudo. Como Alex ama
Elizabeth.

Susan assentiu. — É muito significativo que você não tenha dito como o Nelson me
ama.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna olhou para ela com pena. — Ele te ama, mas cometeu um erro como você
cometeu outro, que também foi muito sério. Eu também cometi erros e James... Eu
quero corrigi-los antes que aconteça algo pior que nos separe para sempre.

— Que mais pode acontecer? Ele quer se casar.

Ela a olhou nos olhos. — Ele quer se casar porque nos deitamos e porque todos
pensam que somos casados. Não porque ele me ama. É isso que vou remediar.

Houve uma batida na porta e Johanna perguntou. — Quem é?

— O banho da dama.

Ela se cobriu colocando o vestido ante seu peito. — Adiante.

Duas empregadas entraram e uma delas levava uma pequena banheira. —Ótimo. —
Satisfeita, deixou o vestido sobre a cama enquanto colocavam a água.

— Eu te deixo sozinha. — Sua sogra foi até a porta. — Eu direi ao seu marido para
que te suba o baú.

— Sim, — disse maliciosa — que ele o suba.

Susan riu e, assim que pediu às criadas algo para comer, despiu-se rapidamente e
entrou na banheira. Ela riu porque era tão pequena que teve que encolher as pernas,
mas a água estava tão deliciosa que ela gostou. A porta se abriu e seu marido entrou
com o baú por cima do ombro, detendo-se quando a viu na banheira. O vapor a
rodeava e seus olhos baixaram para os seios levantados por trás dos joelhos.

— Pode pegar a barra de sabão do baú? — fez uma careta, passando um pano
molhado em seu peito. — Não tenho sabão.

James baixou o baú até o chão e abriu-o rapidamente. Johanna reprimiu uma risada
ao ver como vasculhava, impaciente, dentro do baú e levantou a barra triunfante. —
Aqui está.

Ela estendeu a mão. — Obrigada

Seu marido limpou a garganta, aproximando-se para entregá-lo, mas quando deu a
ela em sua mão molhada, o sabão deslizou caindo na água. — Oh. — James se
endireitou removendo o sobretudo e depois o paletó enquanto ela enfiava a mão na
água e procurava por ela. —Não a encontra? — ele perguntou com voz rouca.

— Não sei onde... — olhou para o peito nu e engoliu em seco. — está.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Fique tranquila, eu te ajudo.

Sua boca ficou seca quando viu se ajoelhar ao seu lado e colocar a mão na água e
ainda mais quando sua mão roçou a coxa até o quadril. Johanna suspirou. — Você
está procurando sabão?

James sorriu. — Eu tento. Para ser tão pequena... — Os dedos dele na coxa dela
chegaram ao sexo dela e Johanna gemeu. — Esta banheira é muito funda.

Ela segurou o braço dele sem poder evitar e gritou quando a acariciou de cima a
baixo. James se separou amaldiçoando baixinho e se levantou deixando-a atordoada.
Ela o viu ir até a porta e abrir uma fenda. Colocou uma bandeja em uma mão e com a
outra ele pegou uma garrafa de vinho. — Que não nos incomodem.

— Sim, meu senhor. — Ela ouviu dizer do outro lado.

Ele fechou a porta com o pé e Johanna levantou a barra de sabão. — Eu encontrei.

— Não me diga? Essa não é uma boa notícia, condessa. — Ele colocou a bandeja
sobre a mesa e abriu a garrafa de vinho. —Você não estava com sede?

— Claro.

Estendeu a mão, mas ele negou com a cabeça. — E se te cai? — Se agachou ao lado
dela e ela levantou o rosto, separando os lábios. Aproximou a garrafa e deu-lhe de
beber. Johanna engoliu, olhando-o nos olhos e parte do vinho saiu do canto da boca.
James afastou a garrafa e sussurrou — Não a desperdice. É um vinho muito bom. —
Beijou sua boca e continuou a beijá-la onde o vinho tinha caído do queixo para o
peito. Johanna gemeu acariciando seu pescoço. — Adorável... — sussurrou, eriçando-
lhe a pele. — Acho que deveria sair agora. Vai se enrugar.

— Mas se eu ainda não me ensaboei... — Se entreolharam e a pegou nos braços


surpreendendo-a. Johanna riu. — Bem, se você insiste.

— Cuida do seu marido. — Ele a levou para a cama e a deitou beijando seu pescoço.

— Precisa de atenção? Vamos ver o que posso fazer.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


—Finalmente. — Disse Susan, olhando desesperadamente pela janela da carruagem.
Johanna, sentada diante dela, também olhou para o castelo de Drummond que
pertencia ao sogro,o conde Kirkpatrick. — Seis dias. Eu quase enlouqueci.

— Obrigado, querida.

Susan olhou para o marido e corou. —Falo dos dias. As noites…

Johanna olhou para ela espantada. Susan nunca teria dito algo assim no passado.
Aparentemente, o casamento a estava relaxando. Os homens riram quando a pobre
mulher corou.

— Deixem-na em paz, — disse Johanna, olhando para o castelo novamente. Esperava


que desta vez fosse melhor entre aquelas paredes, porque em sua última e única
visita não teve muita sorte com James. Pelo contrario foi horrível.

— Espero que meu pai esteja em casa. — Ele pegou a mão de Johanna. — Querida,
você poderia fazer de conta que o conhece? É para não o preocupar mais.
Ultimamente teve alguns desgostos.

— Farei o que puder.

Assim que saíram da carruagem, Johanna viu o conde sair com o mordomo para
recebê-los. Sorrindo de orelha a orelha, ela subiu os degraus de pedra sem esperar
pelo marido e disse ao mordomo. — Que alegria vê-lo novamente, conde.

O mordomo olhou para o conde com o canto do olho enquanto o sogro estava entre
surpreso e indeciso.

James pigarreou atrás dela. — Querida não é esse.

— Ah, lamento o erro. — Ela se virou para o sogro e fez uma reverência. — Conde
Kirkpatrick, ultimamente não vejo muito bem.

Tinha que ser cego para não diferenciá-los porque não eram parecidos, mas mesmo
assim o seu sogro disse — Minha querida, vou pedir ao meu médico para examiná-la
imediatamente. Tão jovem como você é isso é inaceitável.

— Pai, não é isso, — disse James, dando-se por vencido. —Johanna não se lembra de
certas coisas.

Seu pai olhou-o com horror. — Pelo seu acidente aqui?

— Não, por outro posterior.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Você deveria cuidar melhor da sua esposa, James, — repreendeu-o com o olhar. —
Esta delicada flor precisa de atenção.

Seu noivo revirou os olhos enquanto ela sorria de orelha a orelha. — Que amável
você é. Suspeito que nos daremos muito bem.

— E eu, querida. — Ele levou-a pelo braço colocando-a em casa — Como foi a
viagem? Em seu estado, deve ter sido exaustivo.

— Nem imagina. Quando perdi a memória, pensei que James havia me sequestrado,
pode acreditar? — O homem riu, levando-a para a luxuosa sala de estar.

— Deve ter sido chocante.

— Eu até escapei para voltar ao lado dos meus pais.

— Jo, você não gostaria de ir descansar?

Johanna olhou para ele com os olhos arregalados. — Não.

Susan reprimiu um sorriso quando James mordeu a língua. Ela tirou o casaco, sob o
olhar atento de seu marido e disse a seu pai.— Mas agora estou bem. Assim que nos
casarmos, tudo estará resolvido.

O rosto do Conde, que se notava que não entendia nada, era para morrer de rir. — Se
casarem? Minha querida, você deve ter esquecido que já está casada.

— Ui... —colocou a mão na boca e olhou inocentemente para James. — Eu não


deveria ter dito isso?

— Talvez em outro momento, —sibilou seu noivo.

— James, o que diabos está acontecendo aqui?

— Bem... veja pai — olhou de soslaio para Nelson como pedir ajuda, mas seu outro
pai foi até as bebidas e se serviu de uísque, assim que não tinha escolha a não ser
dizer. — Quando Johanna e eu nos casamos houve um pequeno erro. Um
formalismo.

— Um formalismo? De que tipo?

— Tipo formal.

Todo mundo olhou para ele e James passou a mão pelo cabelo loiro tentando
encontrar uma saída.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


—Lembra-se que eu estava um pouco relutante a este casamento.

Johanna ofegou. — Como você estava relutante? — Admirada, se deixou cair no sofá.
—Não queria se casar?

— Bem, agora o que você diz...

— Filho! — Seus dois pais gritaram ao mesmo tempo.

— Claro que eu queria me casar. — Ele se agachou diante dela e forçou um sorriso.
— Mas o padre entendeu que não. E anulou o casamento.

Johanna cerrou os dentes, mas forçou um sorriso. — Por sua conta? Muito sem
vergonha.

— Sim. E agora devemos corrigi-lo o quanto antes.

— Claro que sim meu amor. Assim que meu vestido chegar... meus pais e nossos
amigos virem, nos casamos.

O conde Kirkpatrick sorriu satisfeito. — Perfeito. Um casamento em Drummond.


Maravilhoso. Como sua mãe e eu quando nos casamos. Embora tenha sido na
primavera, que faz com que o castelo esteja bonito, mas daremos um jeito.

— Oh, podemos esperar, — ela disse a toda pressa.

— Não! —Todos gritaram ao mesmo tempo, assustando-a.

— De acordo. — Olhou para Susan, que estava tirando o chapéu, tentando reprimir
sua risada.

O conde colocou as mãos atrás das costas e caminhou até a lareira. — Como não
estão casados... formalmente, acho que não deveriam dividir o mesmo quarto.

— Pai, somos casados, — disse James, endireitando-se.

— Mas não seria decente. — Ergueu o queixo. — E na minha casa faz o que eu digo.

James olhou para Johanna como se quisesse matá-la, mas ela respondeu com um
sorriso inocente de uma boa menina. Ele estreitou os olhos e virou-se rapidamente.
— Aonde você vai, querido?

— Devo enviar algumas cartas imediatamente!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Nelson reprimiu uma risada e aproximou-se do conde. — Aparentemente, essa
medida acelerará os procedimentos, Albert.

— Por que acha que eu fiz isso?

Johanna se fez de boba antes de dizer — Um copo de xerez, Susan?

Para o jantar daquela noite, ela usava um traje de seda azul pavão incrustado em
preto no decote e nas mangas. Caia-lhe muito bem e, embora não tivesse Betsy para
penteá-la como queria, Kate, a criada que lhe fora designada, não se saiu mal. Provou
um novo penteado ao lado da cabeça, deixando cair seus cachos negros
graciosamente por cima do ombro.

— Está linda, milady, — disse a garota que devia ter a sua idade.

— Já serviu alguma dama?

— Não, milady.

— Penteias muito bem.

— Obrigada, milady.

— Na capital, você teria uma boa vida.

— Espero que o novo herdeiro se case logo e encarregar-me da senhora da casa,


milady.

Johanna se virou para olhá-la bem. Era muito bonita.Tinha o cabelo bem puxado para
trás da nuca e era uma cor loira tão clara que destacava sua pele pálida e olhos azuis.
Talvez fosse melhor ficar no castelo, porque na cidade poderia ser uma presa fácil
para um lorde inescrupuloso.

— Então teremos que fazer Justin casar o mais rápido possível, certo?

— Lembra-se do herdeiro?

Johanna mordeu o lábio inferior por causa da gafe. — Eu ouvi os senhores falarem
desse assunto.

A garota sorriu. — Claro. Sabe, milady? Já chegou.

— Já chegou? Quem?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— O novo Visconde de Drummond, minha senhora. — A garota corou pegando o
roupão que tinha deixado na cama. — o Sr. Justin.

— Kate...

— Sim, milady? — Olhou nos olhos dela.

— Eu sou americana, sabia?

— Sim, milady. Eu soube na outra vez que visitou a casa. Seus gritos dizendo-os
eram altos e claros.

Johanna reprimiu um sorriso. — Ali os títulos não importam muito. O que importa é
dinheiro.

— Aqui também, milady. Você não tem título e se casou com um futuro duque.

— Sim claro. Mas aqui...

A garota se envergonhou. — Eu sei, milady. O que quer dizer é que alguém como eu
nunca se casaria com um visconde.

Sentiu raiva, mas as coisas eram assim. Susan era uma dama de companhia antes de
se casar, mas ela era a filha empobrecida de um lorde. Uma empregada sem um bom
berço nunca se casaria com alguém com um título, não importando quanto dinheiro
o nobre tivesse em seus cofres.

Ela deu um passo em direção à garota. — Você o ama?

— Ah não, milady. Eu mal o vi duas vezes. Além disso, meu pai me puniria por
minha arrogância.

—Teu pai?

— Datong, milady. O mordomo.

— Entendo.

— Papai me puniria se descobrisse que eu olhei para ele, — sussurrou constrangida.


Ele quer que eu case e pare de servir.

Entendia o que seu pai estava tentando fazer. Queria que ela fosse a dona da casa
dela. — E com quem quer que se case?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Na cidade há um homem que tem uma loja. Fred é filho do dono e é trabalhador.
Ele tentou me cortejar, mas eu disse a ele que queria esperar.

— Você gosta?

— Sim, milady. Seria um marido ideal...

— Se não te agradou mais o visconde.

—Está ficando tarde, milady. Não deveria ir jantar?

Johanna riu. — Muito diplomática, Kate.

— Leio muito.

— Isso é bom. — Foi até a porta e a abriu, mas antes de sair disse — Kate...

— Sim, milady?

— Você servirá esta noite?

— Sim, milady. Assistirei a um dos lacaios.

Johanna saiu do quarto e quase colidiu com um homem que passava ao seu lado. —
Desculpe-me, condessa.

— Desculpe eu... — Quando olhou para o rosto dele, ficou surpresa. Era tão bonito
que tirava o fôlego.

Tinha cabelos negros na altura do ombro e seus olhos eram de uma cor cinza incrível.
Ou eles eram azuis? Com a pouca luz no corredor, era difícil dizer. O homem sorriu
deixando-a atordoada.

—Parece que o golpe na cabeça te afetou a fala.

— Que golpe nada. É seu rosto, que deixa abobada a qualquer pessoa.

O visconde riu e seguro-a pelo cotovelo. — Nunca me disseram de maneira tão


engraçada que sou bonito.

— Está mentindo, visconde. Certamente vai deixando as mulheres sem palavras em


seu rastro. E algumas com pouco espírito, tenho certeza inclusive que até desmaiam.

O visconde piscou para ela. — Eu tento.

— Não é idiota a garota — sussurrou para si mesma.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


—Desculpe?

— Ah, nada. — Caminharam em direção às escadas. — E me diga, primo... posso


chamá-lo de primo?

— Por favor.

—Como tomou a mudança de situação? Deve ter sido um choque saber de repente
que é o herdeiro de tudo isso.

— Não posso negar que fiquei um pouco surpreso, que meu querido primo não fosse
realmente meu primo.

— Talvez não de sangue, mas tenho certeza de que ainda serão primos até a morte.

— Espero que sim, condessa. É o meu melhor amigo.

Eles chegaram ao salão e ouviram os outros conversando na sala de estar. — Vai ficar
para o casamento?

— Casamento? Quem se casa?

Entraram na sala e o visconde olhou para ela. Johanna riu. — Bem, eu, visconde.

Seu rosto confuso a fez rir de novo e quando se virou viu James olhando para eles
com os olhos semicerrados. — Querido, você não disse ao seu primo que não
estamos realmente casados?

— Johanna! Você quer parar de dizer a todos? — Ele se aproximou dela rapidamente
e sibilou. —Justin, agradeceria se você largasse minha esposa. — Ele a pegou pelo
braço afastando-a de seu primo.

— Acaba de me dizer que não estão casados, — disse divertido.

— Será até que resolvamos alguns problemas formais.

— Sei,problemas formais. Então você ainda está comprometido com Mara?

Aquelas palavras fizeram Susan ofegar, que se levantou imediatamente. — Quem é


Mara?

Albert pigarreou, gesticulando para o mordomo. — Tenho certeza que minha


querida nora quer um xerez.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Bem dito, sogra. Querido, quem é Mara? —Não podia evitar ficar chateada com
essas palavras. Tinha ouvido o nome daquela mulher pouco antes de se casar pela
primeira vez, mas estava convencida de que James estava mentindo naquele
momento para se livrar de seu casamento. Ficou claro que não poderia estar mais
equivocada.

— Justin, você é um falastrão.

— Obrigado, primo.

— James, estou esperando, — disse, ficando com raiva. — Quem é Mara?

— A irmã de um dos nossos amigos. Você se lembra deles? Eles estavam na pousada
quando... — Ao ver seu olhar maldisse baixinho. — Claro que não se lembra.

— Muito bem. Então você está comprometido.

— Eu acho que depois de estar casado com você por meses, deve ter percebido que
esse compromisso está quebrado.

— Que se casa com Justin, — disse Nelson divertido.

O primo fez uma cara tão horrorizada que Albert desatou a rir.

— É tão feia assim? — Susan perguntou.

— Feia, feia, não é. Mas tem o caráter de mil demônios, — disse Albert divertido.

— Pior que o meu? — James fez uma careta. — Pior que o meu? — Ela repetiu mais
alto.

— Não, — disseram Albert e James juntos.

Johanna sorriu satisfeita. — De qualquer maneira, não importa porque você agora é
meu. É só um formalismo.

James soltou o ar que estava segurando. — Querida, sobre esperar por seus pais e ao
demais chegarem... Eu sinceramente acredito que devemos nos casar o mais rápido
possível.

Ela olhou-o desconfiada, pegando o copo de xerez que Datong lhe entregou. — E isso
por quê?

— Ele tem medo que Mara apareça em casa com uma espingarda e atire nele, — disse
Justin, divertido antes de beber seu xerez.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Não é isso! Mas assim que souber que estamos aqui ...

— Há um mês ela veio a cavalo, — Albert disse, olhando para ela. — Disse que como

Já não era mais meu herdeiro, poderia estripá-lo como um porco, já que isso não
afetaria os Drummond.

— Meu Deus, — disse Susan, escandalizada. — É violenta?

— É um pouco bruta. — Justin disse encantado.

— E você ia se casar com ela?

— É que, é uma bruta muito bonita. — Acrescentou o primo.

— Justin, já chega! — gritou James, afastando-se.

Johanna tomou seu xerez com um único gole e entregou o copo para Datong, que,
sem mover o gesto, voltou para a mobília das bebidas enquanto ela tentava controlar
seu caráter. Nesse momento, o que queria era gritar com James por ser um cão
traidor, que, estando comprometido com outra, se metia na cama com ela. Mas isso já
havia passado e tinha que olhar para frente, então forçou um sorriso com os dentes
cerrados e Nelson gemeu baixinho quando James deu um passo para trás. —
Querida, sua faca?

— Eu deixei na casa de Sterling, querido. Não te lembras?

— Anda armada? — Justin perguntou divertido.

— Minha nora tem uma pontaria excepcional, — disse Albert com orgulho. James
tocou a perna onde ela o esfaqueou e isso a fez sorrir de verdade.

— James,te dói a perna?

— Já está curada, preciosa.

— Não me contou como fez essa ferida. Estava caçando?

James pigarreou olhando para Nelson, que perguntou — Então esperará pelo
casamento?

— Sim — ela disse contundente pegando o copo. Ela sorriu para Datong. —
Obrigada.

— De nada, condessa. É uma honra servi-la.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ele se afastou discretamente e ela olhou para James ainda de pé na frente dela. —
Não se senta, querido?

— Deveríamos nos casar. Seus pais podem demorar um pouco para chegar.

— Minha mãe virá imediatamente. Em uma semana estarão aqui, já verá. Não pode
esperar um mês para se casar?

— Um mês? — perguntou como se fosse um século.

— Vai demorar esse tempo para fazer o vestido, filho, — disse Susan razoável. —
Enquanto isso, podemos organizar a festa. Além disso, Elizabeth pode vir com calma.

— Tenho muita vontade de conhecê-la. —Johanna disse animada porque sua amiga
estaria ali.

— Já a conhece, — seu noivo resmungou, afastando-se para a lareira.

— Ela é tão linda quanto minha prima? — Justin perguntou tentando colocar lenha
na fogueira.

— É casada com o duque de Stradford, assim que não tem mais nada a fazer, — disse
James em tom amargo.

— Uma pena.

— Você é um daqueles cavalheiros que desfruta de ser solteiro, Justin? — Maliciosa


olhou para o marido com o canto do olho.

— Tudo que eu posso.

— Venha, sente-se ao meu lado e conte-me sobre a vida social em Edimburgo. É tão
animada quanto em Londres?

Justin deu um passo em direção a ela, mas James limpou a garganta com força e
parou abruptamente.

— Não conheço a vida social em Londres. — Divertido piscou para ela. — Mas agora
que tenho família lá, não hesitarei em visitá-los.

— Ficaremos encantados em recebê-lo. Nossa casa é enorme.

James se endireitou. — Como você sabe o tamanho da nossa casa? Você se lembra?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Maldizendo baixinho, disse disfarçando — Susan me disse. — A aludida que estava
bebendo engasgou e começou a tossir. —Não é, Susan?

Incapaz de falar enquanto o marido lhe dava tapinhas nas costas, assentiu e Johanna
sorriu para o marido. — Ela me disse que é linda, fica perto do parque e eu posso
cavalgar todas as manhãs.

— Gosta de cavalgar? Bem, poderíamos ir amanhã se você quiser. — Justin


ignorando James sentou ao lado dela. — Eu ficaria feliz em acompanhá-la.

— Minha esposa cavalga sozinha. E se fizesse isso com alguém, faria comigo, que
para isso é minha mulher.

Os mais velhos reprimiram uma risadinha enquanto Johanna, encantada com o


ciúme dele, dizia — Claro, minha vida. Só contigo. Nós fazemos muito? — James a
olhou sem entender. — Sair a cavalgar juntos. Fazemos isso todos os dias como
sempre faço? — Para ver como se saia, o muito sem vergonha.

Seu marido olhou para Justin. — Todo dia pontualmente.

Susan ofegou pela mentira, mas o olhar do filho a silenciou imediatamente. —Vamos
jantar? Estou com fome. — Foi até Johanna e pegou sua mão para erguê-la de
maneira brusca.

— Ora, você realmente está com fome.

— Eu sou grande, tenho que me alimentar. — Segurou-a pelo braço enquanto ela
entregava seu copo a Justin, que o pegou divertido. O muito canalha estava se
divertindo muito com o ciúme de seu primo.

Encantada, se agarrou ao seu braço e seus olhos brilhavam de alegria andando ao


lado dele. James olhou-a nos olhos e sussurrou — Você está linda esta noite.

Ela corou com o elogio. — Obrigada meu senhor. Todo meu esforço é para você.

— Te compensarei mais tarde.

Johanna riu e quando estavam prestes a entrar na sala de jantar, ouviram uma porta
bater atrás deles.

Assustada, ela se virou para ver uma mulher bonita de cabelos escuros até a cintura
que estava respirando com dificuldade e encarando James com ódio com seus lindos
olhos azuis.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— É ela? —sussurrou,enquanto a mulher davaum passo em direção a ele.

— Jo, me espere na sala de jantar.

James estava muito tenso quando olhou para o rosto dele. Estava com raiva e não
gostava nada disso. — Eu fico.

— Mara, que alegria te ver, — disse Albert, mentindo descaradamente.

— Você! — A mulher apontou para James com o dedo. — Como se atreve a aparecer
por aqui?

— Justin...

Seu primo se aproximou imediatamente e agarrou Johanna pelo cotovelo. — Venha


comigo, prima. Isso não vai ser agradável.

Ela soltou o braço e olhou para a mulher, que ainda encarava agressivamente o
marido. — Me parece que não, obrigado Justin.

— Como ousa voltar? Como ousa me humilhar assim depois de três anos de
compromisso! — Johanna mirou atônita ao seu marido. — Nenhuma carta para se
explicar!

— Seu irmão estava ali e sabia o que tinha acontecido. Não achei que tivesse que dar
mais explicações, porque ele é seu tutor e estava ciente de tudo! Eu não sei a que vem
esse espetáculo!

Susan e Nelson também não perdiam detalhes, enquanto Albert estava claramente
desconfortável. — Querida, eu já expliquei tudo para você assim que voltei de
Edimburgo.

Sem dar atenção ao conde, ela se aproximou de James. — Você me deixou por uma
puta que te amarrou numa cama? — Johanna ficou tensa. — Por uma rameira? Você
prefere uma prostituta como esposa?

— Você está falando da minha esposa! — James gritou furioso. — Controle sua
língua, Mara!

Mara olhou para Johanna com desprezo e seus olhos recorreram para cima e para
baixo. — Uma prostituta, é isso mesmo!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna respirou fundo tentando se controlar, mas era impossível, então ela fez a
única coisa que podia fazer. Se jogou sobre Mara, fazendo-a cair de costas e agarrou-
a pelo cabelo enquanto Susan gritava.

— Dá-lhe, Johanna!

— Susan!

Ela olhou para Nelson, indignada. — Ela insultou sua nora!

Nelson as olhou lutar no chão e assentiu. — Tem razão.

— Chega! — James exigiu quando Mara agarrou Johanna pelo coque e puxou com
força, fazendo-a gritar.

Justin fez uma careta e disse para seu primo — Duas lindas mulheres brigando por
você. Como se sente?

— Cala a boca.— Ele se aproximou de sua esposa que estava prestes a arranhar Mara
e agarrou seu pulso deixando-a indefesa contra um soco de sua ex-namorada,
fazendo-a cair para trás de costas. A escocesa gritou atirando-se sobre ela e James a
pegou pela cintura. —Chega, Mara! Minha esposa está doente!

Ele a puxou para longe de Johanna segurando-a com força, enquanto Mara se
afastava, encarando-a com ódio. — Eu vou te matar, vadia!

Johanna levantou-se com a ajuda de Justin e passou a mão sob o nariz que começava
a sangrar. Viu tudo vermelho e gritando, se atirou contra a outra novamente,
agarrando-a pelos cabelos e puxando-a. James teve que soltá-la para não machucá-la
mais e revirou os olhos enquanto observava sua esposa se virar puxando os cabelos
de sua ex-noiva.

— Briguentas, — Justin disse divertido enquanto Johanna soltava o cabelo de sua


rival, derrubando-a em uma cômoda ao lado da porta, jogando um vaso no chão.
Susan estremeceu quando os sogros levantaram os braços em busca de ajuda.

Johanna colocou as mãos na cintura com arrogância. — Aproxime-se do meu marido


e te escalpelo viva!

Mara levantou-se, tocando o lado dela. —Esse cachorro traidor? Eu dou a você! Não
me casaria com ele, mesmo que me pedisse de joelhos! —Cuspiu no rosto de
Johanna. — Puta! Eu não preciso atar um homem na cama para amarrá-lo!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Mara! — James se aproximou e agarrou seu braço violentamente. — Não me casei
com ela!

Johanna cerrou os punhos depois daquelas palavras e perguntou segurando o folego.


— James, vai contar a ela?

— Deve saber a verdade! — Ele respondeu, ainda olhando para Mara. — Eu não
casei com ela. Mas vamos nos casar daqui a alguns dias.

Mara ficou atordoada. — Tudo foi mentira? O que está acontecendo aqui? Você
queria se livrar de mim?

— Não! Eu pretendia casar com você! — Para Johanna o mundo caiu ao ver o amor
nos olhos do marido. — Mas Johanna chegou e é como um furacão que devasta tudo!
Ela se apaixonou por mim e agora não há como voltar atrás!

Johanna empalideceu ao ver que Mara estava prestes a chorar e deu um passo para
trás quando viu James suspirar. — É minha esposa e será até o dia da minha morte.
Existem coisas que não podem ser mudadas.

Naquele momento, Johanna percebeu que se amavam e alterara a vida de todos pelo
que ela considerava uma paixão.

— Mas não a ama, — disse Mara, deixando as lágrimas caírem. — Você me amava.

James ficou tenso e olhou para Johanna. Quando percebeu sua expressão, deu um
passo em direção a ela. —Preciosa...

Ela ergueu o queixo, tentando esconder sua dor e sussurrou. — Sinto muito de
verdade que meu comportamento tenha te machucado. — James olhou para ela
espantado. — E como ainda pode ser remediado, creio que devo me retirar com
alguma dignidade. — Olhou para aquele que considerava como seu marido nos
olhos tentando não chorar. — Sabíamos que esse casamento não funcionaria. Nunca
fez e não temos que prolongar essa agonia por mais tempo.

Susan cobriu a boca quando viu uma lágrima escorrer pelo rosto, mas Johanna forçou
um sorriso para Mara, porque não suportava olhar para James. — Tem razão. Eu o vi
e fiz tudo que podia para amarrá-lo, porque naquele momento eu acreditei que seria
o marido perfeito. Nem sabia seu nome e me deixei levar pelo que sentia em vez de
pensar nas consequências das minhas ações, que foram muitas, garanto-lhe.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Jo... — James deu um passo na direção dela, mas Johanna se afastou balançando a
cabeça.

— Você sabe que nós tentamos. Até fingi continuar sem me lembrar do que
aconteceu para começar de novo. — Ele parecia tão surpreso que seu coração se
retorceu porque ela o havia manipulado novamente. — Mas agora isso não importa.
— Olhou em seus olhos. — Não vou me casar com você. Nem agora, nem amanhã,
nem dentro de um ano. Eu te amei, e isso te juro, mas agora percebi que você nunca
vai me amar como eu te amo.

— Claro que sim. — Ele pegou o braço dela. — Escute-me...

— Você acaba de mostrar, James! Você a consolou e deu explicações que me


machucaram. Que danificaram meu orgulho e minha reputação! — James
empalideceu, mas ela forçou um sorriso.

— Não passa nada. Entendo-te.

— Eu juro que não pensei.

— Esse é o problema. Você nunca pensa sobre o que eu sinto, porque não se importa
o suficiente. E eu quero um marido que me ame acima de tudo. — Ela se virou e
subiu correndo as escadas.

— Johanna!

— Oh, Deus, — sussurrou Susan, descomposta vendo-a subir as escadas.

James, atônito, ficou olhando para ela e de repente gritou — Como assim estava
fingindo não se lembrar? Johanna, volte aqui!

Mara pigarreou e disse — Acho que vou indo.

Nelson olhou para ela e Albert sibilou. — Agradeceríamos muito.

James olhou para ela como se quisesse matá-la antes de ir em direção as escadas e
subir os degraus de dois em dois. — Johanna! — Desapareceu no corredor e todos
ouviram de baixo como ele batia na porta. — Johanna, abra a porta!

— Não vai abrir, — disse Susan, muito chateada.

— Que desgraça. — Nelson passou a mão pela cabeça, despenteando-se. — Agora


que haviam acertado tudo e pareciam tão felizes.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Eles resolverão, — disse Justin, mas os rostos dos outros o fizeram perguntar —
Não? Por quê?

— Desde que se casaram, a menina teve que suportar muitos desprezos de James.
Sua vida em Londres foi um inferno com discussões contínuas. Ela pediu a anulação
mil vezes e ele recusou.

— Ele recusou? — Mara perguntou interessada.

— Algo incompreensível quando eles nem eram casados. E ele escondeu de todos até
alguns dias atrás, — disse Susan.

Os golpes na porta chamando sua esposa fez-lhes olhar para cima, — Johanna, se
você não abrir, vou derrubar essa porta! Falo sério!

— Começamos de novo, — disse Nelson com desgosto. — Em vez de falar com ela
carinhosamente, começa a gritar com ela como antes.

— Este meu filho é um idiota!

Eles ouviram como ele quebrava a porta. — Johanna!

Todos prenderam a respiração olhando para cima e quando o viram descendo as


escadas, Susan sussurrou — Ela escapou.

— O que? — Mara olhou surpresa para a porta onde James havia saído correndo.
Mara o seguiu e gritou — James, ela roubou meu cavalo!

— Por Deus, se está nevando, — disse Albert, atordoado. — Onde você acha que vai?

— Johanna é capaz de tudo, — Nelson respondeu com tristeza. —Tenho a sensação


de que isso acabou. — Susan começou a chorar, cobrindo o rosto e o marido a
abraçou.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 8

Henry Sherman andava de um lado para o outro com as mãos nas costas e virou-se
para o suposto genro, que estava muito tenso em frente à escrivaninha olhando para
ele. Nem havia tirado o casaco.

Ele simplesmente perguntara onde estava sua esposa.

— Ela não é sua esposa e você não tem o direito de saber onde ela está.

— Chegou a Londres? Está bem?

— Ela chegou a Londres há dois dias.

James saiu do escritório e subiu as escadas antes que pudesse detê-lo. Henri seguiu
seu genro furioso e quando chegou ao quarto de sua filha, viu a palidez em seu rosto
enquanto observava as donzelas pegarem os pertences antigos de sua filha, deixando
o quarto vazio. James se virou para Henry. — O que significa isto?

— Minha filha deixou o país acompanhada de sua mãe. Vamos-nos. Eu já coloquei a


casa à venda

— Não podem ir!

— A decisão está tomada.

— Onde...

— Não vou te dizer. Já chega! Minha filha arruinou sua vida para sempre e você não
está à sua altura. Eu aconselho você a deixá-la em paz para o bem de vocês dois!

— Vou encontrá-la!

— Duvido. Eu pessoalmente cuidarei para afasta-la de você o máximo possível, e


tenho recursos necessários para isso.

James cerrou os punhos impotentemente. — Eu a quero.

— Maldito mentiroso, — disse com desdém. — Se você a quisesse, teria colocado


suas necessidades antes das suas! Consolei minha filha milhares de vezes naquela
sala por causa do seu desprezo! Fui a inúmeros bailes onde você nem sequer a tirava

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


para dançar! Tive que cortar as asas dos cavalheiros, que tentaram fazer dela sua
amante por causa dos rumores que percorriam pela cidade porque você nem olhava
para ela! — James recuou como se tivesse levado um soco. — E eu me pus do seu
lado pelo que ela fez! Mas acabou. Que você tenha humilhado minha filha, mesmo
quando não tinha o direito por não estar casado, é o máximo da falta de vergonha!
Saia da minha casa!

James franziu os lábios antes de dizer — Pode me entregar uma carta minha?

— Não daria nada de você, mesmo que minha vida dependesse disso!

Ele assentiu, saindo do quarto, mas quando chegou à escada disse — Se tiver um
herdeiro me comunicará?

— Nesse caso, meus advogados entrarão em contato com você, — disse irritado, com
a mera possibilidade. — Agora desaparece da minha vista.

James desceu as escadas e saiu da casa batendo a porta. Quando entrou na


carruagem, o duque de Stradford pressionou os lábios ao ver a expressão dele. —Não
pode vê-la?

— Ela saiu do país.

Alex olhou-o surpreso. — O que disse? Como vai deixar o país e não contar a
Elizabeth?

— Desculpe que não me preocupe que não tenha contatado sua esposa. — Disse
preocupado. — Droga! — Ele tentou pensar no que fazer para encontrá-la e nervoso
passou a mão pelo cabelo loiro.

— Não se preocupe, mais cedo ou mais tarde ela vai escrever para Elizabeth. Não
será capaz de evitá-lo. São almas gêmeas.

James olhou para Alex e sorriu com tristeza. — Almas gémeas.

— Agora se sente um idiota por não ver o que sua esposa viu desde o começo, mas
isso vai passar e vocês se acertarão.

— Tenho a sensação de que não poderei consertar. — Ele virou a cabeça para a
janela. — Tens razão em mil coisas. Ela cometeu um erro e eu a fiz pagar. Todo
mundo tem um limite.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Não sei o que aconteceu na Escócia, mas aqui ela também te provocava. Eu me
lembro, porque parece que você esqueceu. A propósito, o que aconteceu na Escócia
que foi tão sério?

— Não mostrei a ela que a amava... como sempre.

Alex viu o quão desanimado estava seu amigo e pensou em como era sortudo com
sua esposa. Tentando animá-lo, disse — Você vai compensar isso.

— Eu só rezo para ter outra chance.

— Johanna! Por Deus, o que você está fazendo? —Sua mãe gritou, correndo em
direção a ela atravessando o jardim.

Riu, esticando mais as pernas no balanço para subir mais alto. — Mãe, é divertido!

— Divertido! Você está grávida! Saia daí antes que algo irreparável aconteça!

— Este balanço está aqui há muitos anos. Nada vai acontecer.

— Precisamente porque as cordas não são novas eu digo isso! Pare imediatamente!

Ela fez uma careta e parou de mover as pernas e quando o balanço parou olhou a sua
mãe nos olhos. — Você não vai me deixar fazer nada? Leva meses atrás de mim!
Quero fazer alguma coisa! O que seja!

Sua mãe sorriu satisfeita. — Bem, nos sentaremos embaixo da árvore para bordar por
um tempo. Divertido e sem perigo.

— Oh por Deus! — Exasperada, levantou-se e andou como se estivesse indo para a


batalha em direção à casa.

— Aonde vai agora?

— Ver papai! Pelo menos ele não me trata como se fosse uma inválida!

Rose indignada seguiu-a. —Sua ingrata!

Johanna se deteve e virou-se para sua mãe arrependida acariciando sua barriga de
sete meses. — Sinto muito, está quente e estou irritada e inquieta.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Sua mãe a olhou com ternura. — Não foi nada, minha menina. Mas aqui estamos
mais frescas. Estamos ao lado do mar e a brisa alivia a temperatura. O que acontece é
que a caminhada matinal foi demais. Por que não vai dormir por um tempo?

Entraram na enorme mansão gótica que seu pai havia alugado na Sardenha. Não
havia nada para fazer lá, exceto caminhadas na praia. Johanna, acostumada a uma
intensa vida social, começava a ficar nervosa depois de meses de reclusão. No
começo, estava tão deprimida com o casamento fracassado que quase não se
importava. Mas quando constatou que estava grávida, se animou pois ao menos
havia ficado algo de James. Havia destruído sua vida e sua reputação, mas se
acostumaria a não ter uma vida social. Tinha dinheiro para viver bem o resto de sua
vida e seu bebê também. Não lhe preocupava isso. A única coisa que a preocupava
era que desprezassem seu filho pelo que ela fizera. E isso a preocupava muito.

Entraram no salão com a intenção de subir as escadas, mas seu mordomo se


aproximou com uma bandeja. — Carta para a senhorita Sherman.

Encantada aproximou-se porque devia ser de Elizabeth e ao ver a letra de sua amiga
entrou no quarto rasgando o selo da duquesa de Stradford.

— É da Liss?

— Sim, mamãe. —Abriu ansiosa e começou a ler sentando-se no sofá. Sorriu


radiante. — Teve um barão!

Rose colocou a mão no peito. — Que bom... estou muito feliz.

— Alex está muito feliz. — Emocionada continuou lendo e perdeu o sorriso pouco a
pouco.

— Que ocorre? O bebê está bem?

— Sim. Mas ela quer que eu vá ao batizado.

— Ah... mas você não pode ir.

— Ela quer que eu seja a madrinha da criança, — disse com carinho.

— Um gesto muito bonito. Mas ela não sabe que você está grávida. Não poderás ir,
então responda imediatamente para que encontre outra madrinha, querida.

— Sim. Eu não deveria ter escrito para ela há duas semanas para que soubesse que
estou bem. Deveria ter cortado pelo nosso bem.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Houve uma batida na porta naquele momento e Rose sorriu. — Deve ser a viúva
Carissi para o chá. Quer ficar?

— Melhor responder a carta e me deitar por um tempo.

— Afaste-se!

A voz de James no salão roubou-lhe o fôlego e virou a cabeça lentamente em direção


à porta e ver como ele entrava no quarto como um furacão, parando de repente
quando a viu sentada no sofá.

Ficaram se olhando enquanto Rose nervosamente apertava suas mãos. — Acho que
vou avisar ao meu marido. — Saiu correndo e gritando— Henry! Henry, está aqui!

James a comeu com os olhos e se aproximou devagar como se não quisesse assustá-
la. — Olá, preciosa. — Ainda sem sair de seu estupor, olhou para ele e o viu se
ajoelhando diante dela.

Ele estava mais magro e parecia preocupado. Uma verdadeira tortura ver esse rosto
depois de sonhar com ele todas as noites. — Como está? Estive procurando por você
todo esse tempo. — Escutaram gritos no corredor, mas ela não notou olhando para
seus lindos olhos verdes. James pegou a mão dela e sussurrou. — Eu sei que você
não acredita em mim, mas eu não posso viver sem você. — Seu coração deu um
tombo ao ouvir essas palavras. — Você tem que voltar comigo. Vou consertar tudo e
você vai ter o casamento que você queria. Tudo será diferente, juro.

— Fora daqui!— Seu pai gritou fora de si com uma pistola na mão.

James o ignorou e apertou sua mão como se não quisesse soltá-la. — Eu juro,Johanna.
Não te decepcionarei. Para mim você é a coisa mais importante.

— Como ousa assaltar minha casa dessa maneira? — Henry se aproximou exaltado.
— Solte minha filha!

— Johanna, diga alguma coisa! — Ele olhou para ela angustiado. — Diga-me que me
perdoa.

— Não tenho nada que te perdoar, James, — sussurrou, olhando seus olhos. — Eu
sou a responsável por tudo.

— Olhe o que você faz com a minha filha! — Henry apontou a arma para ele e gritou
fora de si. — Fora da minha casa!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Pai! — Assustada, ela se jogou em James antes de ouvir a detonação.

James gritou segurando-a enquanto Rose gritava horrorizada ao ver o sangue nas
costas de sua filha. Assustado, James afastou-a para ver seu rosto e Johanna sorriu. —
Não é nada.

Henry jogou a arma no chão e colocou as mãos na cabeça enquanto Rose gritava por
um médico.

James assustado acariciou sua bochecha. — Você vai ficar bem.

— Claro que sim. Tenho que dar à luz ao nosso filho.

Pálido tomou-a nos braços, levantou-se e passou ao lado de Henry, que ainda olhava
para eles sem poder acreditar. Sua donzela seguiu-os correndo e os passou para abrir
a porta do quarto deles. — Aqui, conde.

James deitou-a na cama e disse nervoso. — Ajude-me a despi-la.

Betsy desabotoou o vestido enquanto ele a segurava e quando tiraram o vestido sua
barriga era evidente sob a camisola interior. James acariciou sua barriga possessivo e
sussurrou. — Não vai me deixar.

— Estou bem. Isso só me dói um pouco.

— Deixe-me ver.

Ele virou-a de lado e rasgou a camisa para ver que o sangue estava saindo de sua
axila. Ele levantou o braço com cuidado e viu o buraco debaixo do braço direito.
James suspirou de alívio e Johanna perguntou — É grave?

James estreitou os olhos e disse. — Temos que nos casar,Johanna. — Ele virou-a
lentamente para olhar seu rosto. — Quanto antes.

— Vou morrer? — Pálida tocou sua barriga. — Não vai sobreviver se tirá-lo agora, é
muito cedo.

— Você não vai morrer! Mas é melhor prevenir, apenas se por acaso.

,S

se a criança sobreviver, seus pais não deixarão comigo.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna assentiu com medo. Se morresse, queria que o filho voltasse para Londres
com o pai e os avós. Seu pai por vingança, poderia levá-lo embora e ela não queria
isso. — Está bem.

James olhou para Betsy. — Encontre um padre. Rápido.

A criada saiu correndo e Johanna sorriu. — Não te preocupes. Ele estará aqui em
poucos minutos. Vive muito perto.

Ele suspirou de alívio e beijou-a na testa. — Diga-me que me ama. Quero ouvir você
dizer.

Ela acariciou seu pescoço e sussurrou. — Eu nunca deixaria de te querer.

James sorriu e beijou-a suavemente nos lábios. Quando seus sogros entraram na sala,
Rose gritou— Aproveitador! Afaste-se da minha filha!

— É minha esposa! E eu não pretendo me mover daqui!

Henry olhou para a filha e disse,ainda incrédulo. — Eu não queria te machucar.

— Eu sei pai. — Ela sorriu tristemente. — Deveríamos controlar nosso caráter.

Seu pai assentiu enquanto saía do quarto enquanto Rose apertava as mãos nervosa.

Deixe-me ver…

— Não! — Exclamou James — O padre está chegando e o médico fará o que puder
por ela!

Ao ouvir a palavra padre, Rose perdeu toda a cor de seu rosto caindo diante da
cama.

— Ela desmaiou? –Johanna levantou a cabeça, mas James, sentado ao lado dela,
forçou-a a se deitar segurando-a pelo ombro.

— Mais abaixo que isso não vai. Deixe-me ver a ferida novamente.

Ele virou-a e levantou o braço lentamente. Levantou-se depressa para pegar uma
toalha da jarra e colocá-la na ferida, apertando-a. Ela estreitou os olhos.

— Está no braço?

— Com tanto sangue não o vejo.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ela se virou para olhar seu rosto, sentindo o coração batendo com força no peito e
uma idéia começou a se formar em sua cabeça. — Você não está me enganando para
que acredite que estou com um pé no túmulo e que me case com você!

Betsy entrou correndo no quarto. — Está vindo, — disse, ofegando de tanto correr.

— Como você pode pensar algo assim em um momento tão delicado como este?

Estava mentindo! Johanna o viu colocar cara de inocente, mas já não estava tão
preocupado quanto antes. Estava nervoso e ansioso, mas não preocupado.

Johanna pegou a mão dele e sussurrou— Se eu morrer, quero ser enterrada em


Boston.

— Querida, é um pouco longe. — Olhou para a porta inquieto.

— E quero que me prometa que dirá a Elizabeth que teria amado ser a madrinha da
criança.

— Sim, sim.

— E que se o menino se salvar, coloque o nome do meu pai.

Ele olhou para ela como se estivesse louca. — Nem pensar. Ele vai levar meu nome.

— Prometa-me. Estou prestes a esticar as botas! É o mínimo que você pode fazer.

Ele rosnou baixinho e levantou-se desconfortavelmente. — Onde está o padre?

— Está um pouco velho, — Betsy disse preocupada.

— Você não deveria se preocupar mais com o médico? Estou morrendo!

— Claro, querida. Também o estou esperando. — James pôs a cabeça para fora do
quarto e gritou. — Onde está esse padre?

— Já vou, meu senhor! — Gritou a voz de um ancião de baixo.

James sorriu se aproximando dela. — Já vem.

— Eu ouvi. O tiro não me afetou nisso ainda. Sobre o nome do bebê...

— Já está aqui! — Gritou James, sobressaltando Betsy, que estava nervosa. Johanna
reprimiu seu sorriso quando viu seu desespero porque o velho padre em sua batina
negra estava caminhando com passinhos em direção à cama.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Padre... —estendeu a mão e o padre rodeou a cama devagar para segurá-la. —Me
caso padre.

— Já era hora, filha. — disse irônico.Olhou para James com os olhos cercados por
rugas. — Este é seu marido?

— Sim, padre. Ele é o pai.

— Podemos abreviar? O médico vai chegar logo.

— Você está doente, filha?

— Fui baleada, padre. — O padre ergueu as sobrancelhas. —Me dará a extrema


unção?

— Antes o casamento. — James afastou a mão do padre e pegou a mão dela. — Pode
começar?

Johanna olhou para ele pelo canto do olho e viu como estava animando o padre com
os olhos. — Depressa padre. Pode ser fatal.

— Sim, filho. Comecemos.

— Ele se chama James Fishburgne, padre.

— Estamos reunidos aqui para unir este homem e esta mulher no casamento
sagrado. — Ele olhou para Johanna. — Johanna Sherman, você quer se unir a este
homem para amá-lo e respeitá-lo, no bem e no mal, na saúde e na doença, até que a
morte o separe?

James olhou para ela com expectativa e Johanna sorriu. — Sim, quero.

O alívio no rosto de James era de rir e o padre continuou a falar enquanto olhavam
um para o outro quando o ouviu dizer. — Sim, eu quero.

— Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva, embora seja óbvio que já
tenha feito isso antes, — exasperado, o padre observou quando James se abaixou e
dava um suave beijo nos lábios.

Johanna sentiu que era o beijo mais maravilhoso do mundo e desfrutou dele como se
fosse o primeiro. James se afastou e ela sussurrou contra seus lábios. — Te quero.

— Agora vou praticar a extrema unção.

James se endireitou. — Padre, ela não vai morrer!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


—Nunca se sabe, filho. Nunca se sabe.

Naquele momento, o médico chegou e, ao ver o padre ali, começou a discutir com ele
em italiano e como eles gritavam um com o outro. Johanna e James observavam com
os olhos arregalados moverem os braços de um lado para o outro, soltando
claramente o que era um insulto.

— Com licença! — Gritou James, interrompendo-os. — Minha esposa precisa de


atenção médica!

O padre saiu do quarto batendo a porta e Johanna sussurrou. — Ficou irritado?

— Sempre importunando! — O médico gritou se aproximando — O que acontece?

James virou-a de lado e afastou a toalha. — Um tiro.

O médico estreitou os olhos e estalou a língua. — 1Peccata minuta!

— O que? — Betsy perguntou, se aproximando de sua ama.

— Nada! Tirar a bala e pronto!

Foi pegar a maleta que havia largado em plena discussão e levou-o para a cama.
Ergueu-lhe o braço sobre a cabeça de qualquer jeito e assustada olhou para James. —
Amor...

— Tranquila, ele sabe o que faz. — Forçou um sorriso, mas quando viu que ele
puxou uma pinça e os aproximou do pequeno buraco na axila, o interrompeu. —
Você não vai dar-lhe alguma droga ou algo assim?

— Não! — Meteu a pinça e Johanna gritou surpresa quando o médico agarrou seu
braço com força torcendo a pinça em sua ferida. — Ahá! — Ele puxou as pinças
triunfante, mostrando a bala. — Bene, molto bene.

James pálido perguntou à sua esposa. — Está bem?

— Se eu estou bem? — Ela gritou furiosa. — Que maneira de cuidar de mim e me


proteger que você tem!

— Preciosa, o especialista é ele!

— Ele me atacou com as pinças!

1
Peccata minuta = Algo sem importância

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


O médico sussurrou algo baixo antes de pegar um frasco de vidro, retirando a rolha
com os dentes enquanto ainda segurava o braço e derramava o líquido sobre a ferida.
Johanna gritou se contorcendo na cama. Sentiu que a ferida queimava como fogo e
choramingou quando a dor passou. Exausta, nem sentiu o braço sendo enfaixado,
deixando-se fazer. Quando o médico terminou, levantou a camisola, expondo a
barriga, colocando uma trombeta e ouvindo atentamente. James olhou ansioso para
ele e perguntou quando o viu retirá-lo e colocá-lo em sua pasta. — Como está o bebê?

— Bene.

Sem mais saiu do quarto, deixando-o com a palavra na boca. Betsy riu e James

limpou a garganta. — Uma camisola para minha esposa.

— Sim, meu senhor.

James se ajoelhou na cama e olhou para a esposa. — Como está?

Ela o pegou pela camisa puxando-o para ela. —Aquele homem não vai me ajudar no
parto! — Gritou para o rosto dele.

— Estou de acordo.

Ela choramingou. — Me dói o braço.

James percebeu que não havia deixado nada para a dor. — Espere, já volto. — Saiu
correndo e Betsy se aproximou da sua ama com a camisola na mão.

— É um desastre de marido.

— E você um desastre de esposa. Estão empatados.

Fez uma careta e sentou-se e Betsy rasgou o resto de sua camisola para tirá-la com
cuidado. Quando o marido voltou ao quarto, já estava deitada de novo com a
camisola aberta.

Triunfante mostrou-lhe uma garrafinha. — Que você beba uma colher de chá disso.

— Vai fazer mal ao bebê?

James piscou antes de sair correndo novamente e Johanna revirou os olhos fazendo
Betsy rir.

— Não tem graça.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Claro que tem. Agora pode pedir o que quiser. Está nervoso porque o deixe
novamente.

—Acredita mesmo nisso?

— Você o viu? Veio até aqui e a forçou a se casar, fingindo que estava à beira da
morte. Ele é louco por você.

Johanna sorriu. —Tem razão. —Olhou para as unhas e fez uma careta porque
estavam algo negligenciados. Ultimamente não cuidava muito de sua aparência. —
Como estou?

— Como se seu pai tivesse atirado em você. Que, com certeza, está cheio de remorso.

— Diga-lhe que suba.

Um gemido no chão lembrou-lhe que sua mãe ainda estava no chão e assustada se
sentou na cama.

— Mãe? Está bem?

Rose levantou-se o melhor que pôde e quando a viu sentada na cama como se nada
tivesse acontecido, gritou — Você não está morrendo!

— Não, —sorriu encantada —mãe, eu me casei. — Sua mãe revirou os olhos antes

cair no chão novamente. — Não aceitou muito bem, não é?

— Não, condessa. Não aceitou bem. — Sua donzela estalou a língua. — Vai passar.

— Sim, pode se encarregar de que alguém cuide dela?

James veio correndo e disse ardentemente — Uma colher de chá.

— Oh, obrigada meu amor.

Ele se aproximou dela passando por cima de sua sogra e ele mesmo se encarregou de
lhe dar o tônico.

— Tens fome?

— Não

— Você não deveria comer alguma coisa? As mulheres grávidas comem muito.

— Eu engordei?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Ui, ui, ui... Cuidado, conde. — Betsy sussurrou, ganhando um olhar fulminante de
sua senhora.

— Está linda. Mais do que nunca.

Johanna ofegou indignada. — Você está me dizendo que estou mais bonita agora do
que de costume?

James passou a mão pela testa. — Não, claro. Eu estava apenas te dizendo que...

— Eu te avisei, — Betsy sussurrou. — Nunca me ouvem.

— Betsy, minha mãe!

— A senhora não vai saber!

— Agora!

Resmungando sua donzela saiu e gritou.— A Sra. Sherman precisa de ajuda!


Ninguém trabalha nesta casa além de mim?

James sorriu engraçado. —De onde a tirou?

— Das docas de Boston. E lá eu deveria ter deixado.

— Eu ouvi isso! Sou uma donzela de primeira classe! —disse aborrecida. — Com
tudo que estudei! — Sua donzela a olhou quase chorando. —Eu não faço bem? Eu me
esforço muito.

Preocupada,Johanna levantou-se depressa. — Claro que você faz bem. Muito melhor
que no ano passado. — A abraçou com força. — Você é a melhor donzela que existe.

— De verdade?

James olhava para elas assombrado. — De verdade. Agora pare de chorar e traga
alguém para tirar minha mãe daqui.

Betsy assentiu enquanto se apressava, limpando o nariz com as costas da mão.

Ela voltou para a cama e seu marido levantou ambas as sobrancelhas. — É um pouco
sensível.

— Quando a conheceu?

— Faz dez anos. Tirei uma besta de cima dela. Enfiei minha adaga.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Incrível. Você tinha nove anos mais ou menos, certo?

Assentiu olhando para a porta. — Desde então me seguia cada vez que visitava o
porto, então dois anos depois eu a levei para casa. Mamãe quase me matou com seus
gritos.

— E ela começou a servir.

— Sim, mas estava sempre no meu quarto, minha mãe desistiu e fez dela minha
donzela. Ela trabalhou duro para ser uma boa donzela. Mas às vezes se esquece e é
como se voltasse para o porto.

James reprimiu um sorriso e acariciou sua bochecha observando seus olhos se


fecharem. — Como quase todo o serviço da nossa casa.

— Huhum... — Ela suspirou, movendo sua bochecha buscando seu toque. —São
pessoas boas que tiveram azar.

Ela adormeceu sem perceber e James sorriu olhando para ela por alguns minutos até
que ouviu várias pessoas entrarem no quarto. Dois lacaios puxaram sua sogra
enquanto Henry observava da porta.

— Como está? — Perguntou seu sogro, morto de medo.

— Tudo bem. —Se levantou e foi até ele. — Nós nos casamos.

— Eu sei. — Sherman apertou os lábios. — Acho que é o melhor dadas as


circunstâncias. Todo este assunto saiu um pouco do controle.

— Embora tenha tentado me matar, garanto a você que não guardo rancor. Acho que
faria o mesmo se alguém agisse assim com minha filha.

— Sim, a pena é que o tiro foi recebido por ela, — disse a contragosto, deixando o
quarto.

Betsy fez uma careta. — Não se preocupe, conde. Isso vai passar com seu terceiro
neto mais ou menos.

James assentiu. — Eu posso suportar.

— Não tem outra escolha.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna despertou e acariciou sua barriga sem abrir os olhos. Ao mover o braço doeu
e se lembrou de tudo que havia acontecido. Sentiu que a observavam e virou a
cabeça para encontrar o marido ao seu lado apoiado em seu cotovelo. Corou
levemente quando viu que estava nu da cintura para cima.

— Como está?

— Me dói o braço.

— É o que tem quando se leva um tiro. Dói. — sorriu divertido. — A propósito,


obrigado por salvar minha pele. Mas da próxima vez eu não quero que minha
mulher grávida seja baleada por mim.

— Não haverá próxima vez.

— Com você nunca se sabe. A propósito, Elizabeth te manda lembranças.

— Dedo duro.Não voltarei a contar nada.

— Nós iremos depois de amanhã para que diga você mesma. — Tirou uma mecha de
cabelo da bochecha dela. — Ficará feliz em te ouvir.

— Conhece o bebê?

— É igualzinho ao Alex. Moreno.

— Estava lá?

— Alguém tinha que segurar Alex para que não perturbasse no quarto. Pôs a
parturiente nervosa e gritou transtornada que nós o levássemos.

— De verdade?

— Quando viu o bebê, sua baba caia.

— Lógico. Papai ia contar a você através dos advogados quando desse à luz. Não ia
esconder de você.

— Eu sei que você não esconderia de mim. Mas gostaria de ter vivenciado desde o
início.

Johanna olhou para o teto e suspirou sentindo-se culpada. — Sinto muito. Parece que
eu faço tudo errado.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Ei, ei... — Ele segurou o queixo dela e sussurrou. — Metade das coisas que
aconteceram conosco foi minha culpa. Agora vamos esquecer tudo e começar de
novo.

— E Mara?

— Você não vai acreditar.

Johanna arregalou os olhos. — Não! — James riu. — Com o Justin?

— Aparentemente, eles se tornaram muito amigos. Demais para o meu gosto.

— Você se importa?

— Não. Não me importa. Mas eu não sei se ela é a pessoa certa para meu primo.

— Você sabe que uma donzela da casa está totalmente apaixonada por ele? — James
apertou os lábios. — Sabia?

— Ela é louca pelo meu primo desde que veio para casa quando a mãe morreu. Devia
ter uns dez anos.

— É uma pena, não acha? Que ela o ame tanto e não ter uma chance única por ser de
outra classe social.

—Querida, você não tem o suficiente com o nosso relacionamento, e ainda se


preocupa com outras pessoas?

— É que os dois me são agradáveis e...

— É claro que Mara não te agrada em absoluto, mas não é uma pessoa ruim.

— Eu sei. Mas ficaria com raiva se ela se casasse com Justin.

— Vamos ver o que acontece. — Se olharam nos olhos e ele sussurrou — Estou
ansioso para te tocar.

— Pois é uma pena.

Seu marido riu alto e abraçou-a com cuidado, colando-a ao peito. — Isso é o
suficiente para mim. Por hora…

— Parece bom para mim, conde.

Acariciou seu cabelo com ternura. — Acho que devemos ficar sozinhos por um
tempo. Ninguém por perto para ouvir quando nos gritarmos.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Meus pais venderam a casa.

— E os meus ocupam a nossa porque estão pintando a deles.

Surpreendida, ela levantou a cabeça. — Não!

— Estão no quarto ao lado do seu, condessa. E como estão lá há mais de dois meses,
acho que não têm intenção de nos abandonar.

— Não!

— Não pude evitar. Não tinha você para me apoiar. Além disso, são meus pais, não
podia negar.

— Susan não vai querer sair até depois do parto e minha mãe não vai se desgrudar
de mim, James!

— É por isso que disse sobre estarmos sozinhos.

— Sim, agora tenho que pensar em como me livrar deles, certo?

— Você não era a especialista em se livrar de pretendentes? Aplique-o a outra coisa.

— Não posso queimar a carruagem! Não se iriam nunca!

James riu e beijou-a na testa. — Pensaremos em algo. No momento, vamos voltar


para o batismo e depois veremos.

O estômago de Johanna rugiu e o marido deu um pulo. — Tens fome! Sabia que você
tinha que ter comido alguma coisa! — Ele pôs as calças a toda pressa e puxou o
cordão.

— Se você espera que Betsy venha, lamento desapontá-lo. Levará uma hora para
chegar.

Exasperado, foi até a porta e de repente se virou. — Onde fica a cozinha? — Ela ia
dizer alguma coisa, mas ele a interrompeu. — Encontrarei. Não te preocupes.

— Não, não estava preocupada.

— Bem, já volto.

Ela sorriu deliciada e se descobriu porque estava com calor. Atônita, viu que a lareira
estava acesa. Não é de admirar que ele estivesse nu. Levantou-se e pegou o jarro de
água e jogou sobre o fogo quando ouviu um estrondo no andar de baixo. Assustada,

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


correu para a porta e desceu as escadas indo para a sala de jantar para entrar pela
porta de serviço para a cozinha, onde James com um prato na mão olhou para uma
cômoda caída no chão. James olhou para ela assombrado. — Eu só tentei abrir uma
das gavetas e ela caiu no chão.

Uma porta se abriu e a cozinheira arregalou os olhos ao ver toda a porcelana


quebrada.

— A louça da senhora!

Johanna foi até o marido e segurou-o pelo braço. — Foge.

— Mamma mia! — A mulher histérica gritou enquanto o resto do serviço aparecia


com roupas de cama e um rosto sonolento.

Então começaram a gritar um com o outro em italiano e eles deram um passo para
trás.

Johanna pegou um bolo por onde passaram e James um pedaço de queijo antes de
ver algumas maçãs. A cozinheira estava prestes a perder a paciência, quando saíram
correndo e rindo escada acima.

Eles estavam prestes a chegar, quando seu pai apareceu no andar de cima com uma
lamparina a óleo na mão e apertou os olhos quando os viu. Eles perderam o sorriso
de pronto. — Pai...

— O que aconteceu?

— Um pequeno acidente na cozinha, — disse James apressado. — Eu vou pagar.

Henry rosnou antes de se virar e voltar para o seu quarto. Rose olhou para eles da
porta e assim que o marido passou, lhes sussurrou — Vai passar.

James assentiu e, agarrando a cintura de Johanna, correram para o quarto dela,


abafando o riso.

— Bem, está feito.

— Se antes me odiava, agora não poderá nem me ver.

— Não acredito que alguns vasilhames sejam tão importantes quanto todo o resto. —
Pôs o bolo na boca.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Uma longa jornada me espera até Londres. — Sentou-se ao lado dela, colocando o
prato diante dela e pegou uma maçã.

Mastigando, ela olhou para ele pelo canto do olho. — Isso significa que não vai
colocar seu nome no bebê?

— Você não está falando sério.

— Acho que seria uma maneira de agradar a ele.

— Não vou colocar seu nome ao meu herdeiro para agradar meu sogro!—
Assombrado

exclamou — Ele é meu primogênito!

— Você é quem sabe. — Ela deu de ombros e continuou a comer sorrindo por dentro.

James sacudiu a cabeça. — Espero que seja uma menina. Assim assunto resolvido. —
Não conseguiu impedir que a surpresa refletisse em seu rosto e sorriu. — Por que
está tão surpresa?

— Todos querem que o primeiro seja do sexo masculino.

— Bem, prefiro uma garota. Vai se casar com o filho de Alex. Será uma duquesa e
muito rica.

Johanna riu e James a pegou pela nuca beijando-a. —Sou muito esperto, não?

— Sim, você é, mas será melhor que seja um menino e que sejam amigos. A menina
nascerá depois.

— Se você insiste, então será um menino.

— É claro que será. — Beijou-lhe a ponta do nariz e pôs o bolinho na boca. — E se


chamará Henry.

James encostou as costas na cabeceira da cama. — Não posso fazer isso, preciosa.
Meus pais se sentirão insultados.

Ela pensou sobre isso e percebeu que ele estava certo, então disse com a boca cheia —
Muito bem. Seu nome será James Henry Nelson Albert Fishburgne.

— Não,seu nome será James Albert Nelson Henry Fishburgne.

— Não, você tem que colocar o Nelson atrás de você.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Albert me criou. Porque agora eu tenho outro pai, não vou relegá-lo dessa
maneira!

Johanna sabia o quanto essa situação era difícil para ele e entendeu, mas sabia que
Nelson ficaria desapontado. — Só James está bem.

Seu marido sorriu. — Será o melhor.

— Assim evitamos problemas.

— Eu também penso o mesmo.

— Vai cuidar de se dar bem com meu pai.

— Ele tentou me matar! Deveria ser ele quem se desculpa!

— James...

Seu marido levantou as mãos — Está bem, farei todo o possível.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 9

— Isso é intolerável! — Gritou James, entrando na sala de sua casa em Londres com
uma carta na mão.

Elizabeth, Susan, Rose e Johanna estavam tomando chá e olharam para o conde que
estava furioso. — O que acontece, querido?

— Seu pai me expulsou da empresa de investimentos nas ferrovias. —Ele jogou a


carta em seu colo. —Diz que não sou necessário, porque há muitos investidores!

— Alex vai investir. Já investiu antes e há ido muito bem, então vai participar em
todas as vias que ele quer colocar na América, diz que é um negócio rentável.

— Precisamente porque o Alex me convenceu, falei com o meu sogro e agora me


deixam de fora!

Johanna abriu a carta e, ao ver o nome da pessoa que a enviara, arregalou os olhos
antes de pigarrear. — Querido! Não me surpreende que você tenha sido deixado de
fora.

— E isso por quê? Meu dinheiro é tão bom quanto o de qualquer um.

Ela devolveu a carta e apontou para o nome que assinava a carta. — Se você não
tivesse chutado este homem da nossa casa acusando-o de ser meu amante, pode ser
que estaria encantado...

James estreitou os olhos e pegou a carta para ler o nome. — Collin Baker! Esse
homem é quem...

— Sim,querido. Procure por outra coisa.

— Mas Johanna, eles ganharão muito dinheiro, — disse Elizabeth, pegando um


bolinho da bandeja. — James deveria participar. Alex está animado só de pensar nos
benefícios.

— O dinheiro do meu filho é tão bom quanto o de qualquer um.

— Esse cara queria levar minha esposa para casa! — Gritou James furioso, — Deveria
se desculpar comigo! E Henry deveria me apoiar!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Rose fez uma careta antes de beber o chá disfarçando. Johanna percebeu que não
queria entrar na discussão, então precisou contar a ele. — Meu bem, papai não vai te
ajudar de jeito nenhum até que a raiva passe. E vai passar. Em um ano ou dois, tenho
certeza de que ele já conversará com você normalmente.

Elizabeth riu baixinho e ela a cutucou sem perder o sorriso. — E se você investir na
fábrica de tecidos que estava procurando no outro dia? As pessoas sempre precisam
de tecidos.

— Será porque o seu pai já comprou? — James estava prestes a explodir. — Como
comprou a casa que planejava reformar para revender ou a fábrica de sapatos! Eu
não sei como ele faz, mas toda vez que estou interessado em alguma coisa, ele chega
e compra sem se importar com o preço!

Johanna ficou atônita e olhou para a mãe, que corou um pouco antes de colocar um
bolo inteiro na boca. — Não se preocupe, querido, — disse muito tensa. — Isso não
vai mais acontecer.

O marido dela ficou furioso e ela sussurrou. — Muito obrigada, mãe. Eu não sabia
que você era uma espiã.

— Não faço de propósito. Nós falamos sobre tudo e...

— E os investimentos do meu marido tem que sair na conversa?

— Somos os Shermans. — Ergueu o queixo com orgulho. — Os negócios são os


nossos negócios.

— Não planejo te contar mais nada!

— De qualquer forma, — disse Elizabeth séria, — não deveria perder esta


oportunidade. A ferrovia é o futuro e se não contam com ele agora, não contarão no
futuro. Deveria encontrar com o Sr. Baker e tentar consertar as coisas.

Johanna mordeu o lábio inferior e sussurrou. — James nunca faria isso.

— Você deveria fazê-lo, — disse Susan. — Afinal de contas, é seu conhecido.

— Mas vá acompanhada, — disse Elizabeth. — Esse homem gosta de você e eu não


quero que você se comprometa de alguma forma. — Sorriu encantada. —Irei com
você. Meu marido é outro investidor e se sentirá comprometido se meu Alex desistir.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna não estava muito convencida disso, mas sempre quis interferir nos negócios
do pai e estava disposta a tentar.

— Muito bem. Iremos amanhã de manhã.

Naquela noite, seu marido estava que parecia estar possuído por demônios e não
parava de dar voltas na cama, impedindo-a de dormir. Suspirando, se virou e olhou
em seus olhos. — Qual é o problema com você?

— Não sei! Estou inquieto! — Ele se virou com a intenção de se levantar, mas ela o
pegou pelo braço.

— Não vás…

— Não te deixo dormir e você precisa descansar. Vou para a sala de estar para tomar
um conhaque.

— E se... ? — Ela sorriu maliciosa e seu marido gemeu.

— Estás grávida.

— Me disseram que se pode.

James aproximou-se,apoiando-se no cotovelo e sussurrou sobre ela. — Não me


provoques, condessa, não toquei em você como quero por muitos meses.

— Não? E você não... — Ele balançou a cabeça. — Com ninguém?

— Estava procurando minha esposa fugitiva. Não tinha corpo para nada. Eu te
garanto.

Johanna abraçou o pescoço dele. — Não fiz nada também.

— Isso é bom!

Começou a rir quando viu sua indignação e olhou para ela como se quisesse comê-la
inteira. Ela perdeu o fôlego pouco a pouco quando viu seu desejo e puxou-o para ela,
roçando o lábio inferior com o dele. — Me ame.

James se aproximou e beijou-a gentilmente acariciando seus lábios com ternura. Ela
franziu a testa e acariciou seu pescoço, puxando seu corpo para beijá-lo como queria.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


James gemeu tentando se separar e Johanna protestou quando ele se separou. — Não
me faça te amarrar na cama! — tentou beijá-lo novamente e James pulou da cama
mostrando sua excitação. — James!

— Não deveríamos. O médico disse que não. Eu perguntei a ele!

— O que sabe o médico?

Ele grunhiu, pegando seu roupão e colocando-o de mau jeito.

— Falo sério. Se você não me satisfaz... — Seu marido foi até a porta. — Nem pense
em sair!

Ele parou na porta e sibilou. — Fale mais baixo! Meus pais vão descobrir!

— Pois que saibam que você está me deixando assim!

— Eu te asseguro que faço para o seu próprio bem! E pelo bem do nosso filho! Eu sou
muito grande!

Johanna corou quando ouviu uma risada do outro lado da parede e James estreitou
os olhos.

— Vês? Você já estragou tudo!

— Devemos ir ao seu quarto.

— Seus pais estão do outro lado! E garanto a você que prefiro ter essa conversa aqui
do que lá com a raiva que eles têm de mim! Seu pai é capaz de me atirar de novo! —
Ele saiu do quarto batendo a porta.

Johanna se pôs de joelhos e bateu na parede. — Estão contentes?

— Não! — Disseram os dois em uníssono.

Furiosa saltou do manto segurando sua barriga e saiu do quarto caminhando em


direção ao próximo quarto. Abriu a porta, batendo-a contra a parede para ver seus
sogros sentados na cama conversando tranquilamente. — Amanhã irão para sua
casa!

Eles a olharam com as bocas abertas,saiu dali para ir ao quarto dos pais. Abriu a
porta, assustando o pai que estava dormindo e gritou — Amanhã irão com meus
sogros!

Rose piscou antes de dizer — Mas você vai dar à luz...

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Será notificada do parto. Quero ficar sozinha com meu marido! —Disse, gritando,
antes de ir até o corrimão da escada e olhar. — James, suba imediatamente ou peço
divórcio!

James se inclinou para fora da sala com um copo de conhaque na mão. — Isso não
ocorreria a você.

— Pra cama!

Reprimindo um sorriso, começou a subir as escadas e quando chegou ao seu lado, ele
a pegou pela cintura, colando-a a ele, enquanto caminhavam em direção ao quarto.
— Jo, tens caráter... — ele a beijou na teta. — Acha que eles vão te ouvir?

Seus sogros e seus pais olharam para eles das portas dos quartos e Johanna estreitou
os olhos, fazendo-os entrar de novo e fechar apressadamente.

— É claro que me ouvirão. Eles irão amanhã. — sorriu maliciosa para ele. — Teremos
a casa para nós. — Entraram no quarto e pegou seu copo, deixando-o na penteadeira
antes de segurá-lo e puxá-lo para a cama. — Agora você vai me ouvir? Prometo a
você que nada vai acontecer.

— Você está de sete meses. Já é muito grande e aí não cabe mais nada. — Ele a pegou
nos braços, colocando-a na cama, mas ela agarrou-o pelo cinto da bata e puxou-o
para ela.

— Você não vai escapar conde. Desejo-te. — Seus olhos âmbar refletiam tudo o que
queria e James lentamente perdeu o sorriso quando a mão de Johanna começou a
descer tocando sua masculinidade sobre a seda. — E você a mim.

James agarrou-a pela nuca e beijou-a intensamente, mostrando tudo o que


necessitava. Johanna abriu o roupão e acariciou seu peito enquanto James
impacientemente acariciava sua coxa subindo a camisola até a cintura. Ele afastou a
boca e com a respiração agitada, tirou o roupão e atirou-o no chão e disse com voz
rouca. —Coloque-se de joelhos.

Excitadíssima, ela se levantou tirando a camisola e James acariciou um dos seios


sussurrando — Está linda. — Suas mãos desceram até a barriga e Johanna se virou,
apoiando as mãos no colchão. O toque carinhoso em seu ventre a fez suspirar e
quando voltaram-se para os seios gemeu empurrando sua bunda para trás

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


arqueando o pescoço para beijá-lo embriagada, esfregando seus órgãos genitais.
James pressionou seu pênis contra ela e sussurrou — Está molhada.

— James! — Ela gritou desejosa antes de senti-lo entrar nela lentamente,


estremecendo-a de necessidade. James acariciou suas costas antes de sair para voltar
a ela. — Deus! — sussurrou, segurando o melhor que pôde.

Seu marido segurou-a pelos ombros e se moveu de novo fazendo-a gritar de prazer,
fazendo que perdesse o controle e entrasse com força novamente uma e outra vez, até
que a tensão que Johanna sentia em seu ventre se tornou insuportável catapultando-a
para o abismo.

Deitou-a na cama e, se esticou ao seu lado, afastou seu cabelo de preocupação. —


Querida,está bem?

Ela sorriu tolamente, voltando a si, e abriu os olhos. — Foi maravilhoso.

Ele a beijou gentilmente nos lábios. — Sim, mas você está bem?

— Nunca estive melhor.

Na manhã seguinte, James acordou-a ao afastar as cobertas e lhe abriu as pernas


lentamente.

Johanna abriu os olhos e piscou quando percebeu o que estava fazendo. — Estou
bem, mas já que você está aí.

— Muito engraçada! Eu não preguei o olho!

Ela riu quando viu como se afastava dela como se tivesse a peste. — Amor...

— Nada de amor! — Ele apontou com o dedo. — Eu te aviso, isso não se repetirá até
depois do parto!

— Não me diga?

Ele entrou em seu quarto e gritou — Onde estão minhas roupas?

Divertida, ela se levantou e puxou o cordão para chamar à donzela.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Quando Betsy colocou-lhe um belo vestido rosa e amarrou o cabelo em um coque,
deixando cair vários cachos na nuca, foi até a sala do café da manhã e faminta
observou a bandeja de salsichas sem sequer cumprimentar ninguém. Encheu seu
prato até a borda e, concentrando-se na comida, foi para o seu lugar à direita do
marido, sentando-se com a ajuda de um lacaio. Pegou o garfo e começou a comer
com gosto.

— Bom dia, filha!

Com a boca cheia, assentiu olhando para todos, que a observavam como se
estivessem zangados com ela. James pigarreou antes de beber o chá e gesticulando
para mais. — Querida, acho que nossa família está um pouco chateada com a sua
explosão de ontem.

— Sem discussão, — disse com a boca cheia. — Eu quero ficar sozinha com meu
marido. Fora.

Sua mãe ofegou indignada. — Como nos trata assim?A nós! Seu próprio sangue.

Pegou uma salsicha com a mão e colocou na boca. — Eu os amo muito, mas temos
que ficar sozinhos. É o melhor para o nosso casamento e você quer que sejamos
felizes, certo?

James sorriu encantado antes de comer alguns rins quando Susan disse — Mas é um
momento tão feliz para a nossa família... Você vai ter nosso primeiro neto e nós
queremos vivenciar com você.

— Especialmente considerando que eu não pude estar no nascimento do meu filho,


—disse Nelson, deixando-os com a palavra na boca.

Johanna olhou para James e o chutou por debaixo da mesa, pedindo que ele dissesse
alguma coisa.

— Deve entender que, desde que nos casamos, não tivemos um casamento
normal.Quando chegar o momento do parto, avisaremos vocês. Nós moramos na
mesma cidade pelo amor de Deus...

Johanna sorriu satisfeita e continuou comendo, mas os pais começaram a discutir.


Metade contra e metade a favor. Os pais de James não queriam se mudar de lá e seus
pais o entendiam. Mas como teriam que mudar-se para a casa dos Marqueses, se eles
não iam, seus pais tão pouco.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— E se você não estiver quando ela entrar em trabalho de parto?Quem lhe fará
companhia durante as horas em que você está no clube ou cuidando dos seus
negócios?

— Nós temos servos que me avisariam imediatamente.

— Além disso, não digo não venham me visitar. Só que depois do jantar irão para
sua casa.

— E se estamos aqui o dia todo, para que irmos à noite? — Rose perguntou
assombrada.

Johanna se pôs como um tomate e James limpou a garganta desconfortavelmente até


que sua sogra pareceu dar-se conta e ofegou olhando ao seu marido, que se levantou
imediatamente olhando para James. — Você não pode coabitar durante a gravidez!
— Ele gritou para os quatro ventos.

— Papai!

— Essa recomendação chega um pouco atrasada, — disse Nelson divertido.

— James! — Gritou Henry indignado.

— Foi ela!

Johanna olhou para o marido exasperada.— Assim você não ajuda!

— Está prestes a pegar sua arma!

— Estão arruinando meu café da manhã!

Isso os calou por um tempo e, irritada, continuou tomando o café da manhã


enquanto a observavam com impaciência.

Assim que deixou o garfo no prato vazio, eles recomeçaram.

— Podem vir quando quiserem, mas vão dormir na sua casa! E por muito que
retornem com o assunto, não vou mudar de ideia.

Ela se levantou deixando o guardanapo e se agachou ao lado do marido para


sussurrar— Se você ceder, vou atormentá-lo todas as noites até o parto. Juro-te.

— Não há mais nada sobre o que conversar, — disse o marido imediatamente


fazendo-a sorrir.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Tocou sua barriga de cima a baixo antes de gemer e todos a olharam nervosos. — Eu
ainda estou com fome.

— Pois coma. —Disse seu marido preocupado.

— Mas você viu o que já comeu? Não deve comer tanto, porque depois pode se sentir
mal — Rose disse sorrindo. — Vê como você não sabe sobre essas coisas? Nós a
cuidaríamos...

— Meu marido sabe o que tem que fazer. — James olhou para ela horrorizado,
observando-a pegar um bolinho que sua mãe arrancou de suas mãos.

— Ei...

— Querida, você não prefere dar um passeio no parque? Faz um dia extraordinário.
— Disse James, tentando distraí-la.

— Elizabeth vem me buscar.

— Para que?

— Nós vamos às compras.

James estreitou os olhos. — Outra vez? Se você foi às compras ontem. Quanto você
tem que comprar?

— Eu não tenho mais nada para fazer! Não posso ir a outro lugar além de fazer
compras! —gritou exasperada — Então é isso que eu faço! Ir às compras e tomar chá
todo o maldito dia!

— Pode dar um passeio, — disse Nelson, tentando mediar.

— Se a garota se distrai fazendo compras então deve ir às compras. O período de


gravidez é muito difícil para a mãe e se assim ela se sentir melhor, que gaste todo o
dinheiro que queira.

— Papai, obrigada.

Henry sorriu como se tivesse lhe dado a lua, mas James cerrou os lábios.

— Não, nada disso! — Todo mundo olhou para ele. —É minha esposa e tem que se
adaptar a uma mesada como todas as mulheres que conheço. E é uma mesada muito
substancial!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Você não está falando sério! —Johanna pôs as mãos na cintura. — Nunca
controlaram meu orçamento! Papai me deixa comprar tudo o que eu quero!

— Agora está casada comigo! E as coisas mudaram!

— Nunca desperdiçou dinheiro, — Rose disse confusa. — Além disso, eu gastava três
vezes mais.

— Isso é porque não viram a barbaridade que eu paguei por um casaco!Poderia


comprar uma carruagem nova!

— A propósito, preciso de uma para mim, — disse Johanna, estendendo a mão para
um bolinho, mas a mãe foi mais rápida e afastou a bandeja.

— E para que quer uma carruagem?— Seu marido olhou para ela com desconfiança.
— Aonde quer ir sozinha?

— Elizabeth tem uma carruagem!

— Não penso manter a três lacaios e um cocheiro a mais para que você possa ir às
compras. Vá na carruagem de sua amiga!

Henry vermelho de fúria saiu da sala de jantar e James a fulminou com o olhar— Vê
como necessitamos de intimidade para discutir certas coisas como um casal normal?

Ela fez uma careta e Rose sussurrou — Mesquinho.

Sua mãe deixou a mesa atrás de seu marido e Susan comentou — Você não está no
caminho certo se planeja conquistar seu sogro, meu filho. Uma carruagem não seria
uma despesa excessiva para uma condessa. — O marquês olhou para ela de lado e
ela corou. — Eu não falo por mim.

— Dado que todos nós vivemos a duas ruas, acho que é uma despesa desnecessária.
— James se levantou e pegou a mão de sua esposa, que estava olhando para a tigela
de pães com gula, puxando-a para levá-la.

— Filho, vovô certificou-se de que sua remuneração seja muito generosa, — disse o
pai, seguindo-os.

— Eu preciso pensar no futuro. — Ele olhou para a esposa. — Você não concorda?

— Sim claro. Mas eu quero comprar o que quiser.

Seu marido revirou os olhos e ouviu da sala de estar — Como deveria ser!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


James rosnou parando. — Diga ao seu pai que você é agora minha esposa e eu decido
essas coisas.

Henry saiu da sala. — Diga ao seu marido que se ele não fosse tão orgulhoso, ele
usaria seu dote e minha filha viveria como ela está acostumada!

— Não me falta nada, papai. — Sorriu, soltando-se de James para se aproximar do


pai. —Não quero que vocês discutam por isso. — Piscou para ele. — Meu aniversário
é daqui a dois meses. Eu quero branco com os cavalos a jogo.

Henry sorriu maliciosamente. — E o estofamento?

— Oh, de dourado, — disse sua mãe encantada. — E com o escudo em dourado na


porta!

James rosnou desistindo. — Eu não posso impedi-la de receber presentes. Mas você
vai se adaptar à mesada!

— Sim, querido.

Seu pai sorriu malicioso esfregando as mãos e naquele momento bateram na porta.
— Oh, Elizabeth...

Ela foi até a porta, gesticulando para o mordomo para deixá-la abrir.

Sorriu para a amiga, mas franziu a testa quando viu Alex. — O que faz aqui?

— Bom dia, condessa. — Disse irônico, entrando na casa para dizer a James. —
Vamos?

— Onde é que vão? — cruzou os braços interessada.

— Resolver assuntos de negócios que não lhe interessam. — Seu marido pegou o
chapéu que o mordomo lhe entregou antes de lhe dar um beijo rápido nos lábios. —
Voltarei para comer.

— Vai levar a carruagem? —perguntou irônica.

— Muito engraçada.

Ouviu Alex perguntar assim que saíram — Já está pedindo uma carruagem? — Se
pôs a rir quando viu seu rosto. — Vais ceder.

— Não

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Sorriu divertida ao vê-los ir até a carruagem do duque e se virou para Carlton. —
Meu chapéu e guarda-chuva.

— Pois não, condessa.

Rose e Susan se aproximaram para sussurrar ao mesmo tempo. — Você vai?

— Claro que vou.

— Do que estão falando? — Perguntou Nelson, dando um passo em direção a elas.

— Oh, de nada. Elas me perguntaram se eu vou para Bond Street. Vi um lindo


chapéu.

Seu sogro perdeu o interesse e começou a conversar com seu pai, então Susan
sussurrou — Seu marido não deve saber que vai ou ele ficará ofendido.

— Eu o conheço muito bem. Não se preocupem, não vai saber de nada.

Chegaram às portas do escritório da ferrovia e Elizabeth desceu da carruagem. —


Muito bem, vamos lá.

Desceu atrás dela ajudada por seu lacaio e rapidamente entrou no portal. Olharam
para a escada estreita e Johanna começou a subir com sua amiga atrás. Assim que
chegaram à porta envidraçada com o nome da empresa pintada, Johanna abriu a
porta para ver um homem atrás de uma escrivaninha escrevendo num livro.
Levantou a vista e se endireitou rapidamente, esticando o colete. — Posso ajuda-las
em algo?

Johanna sorriu. — O Sr. Baker está?

— Ele está em uma reunião, — disse confuso. — Tinham um horário marcado?

— Não, mas gostaríamos de conversar com ele. Sou uma rica herdeira e quero
investir em ferrovias.

— Oh, bem, se esperarem um momento... — Ele circulou a mesa. — Sei que é rude
fazer mulheres tão influentes esperarem, mas não se pode interromper uma reunião
tão importante neste exato momento.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Esperaremos. —Sentou-se em uma cadeira e Elizabeth se sentou ao seu lado
olhando em volta. — Pode continuar trabalhando. Estamos muito à vontade,
obrigada.

O homem sorriu e, quando se virou, viram que seus sapatos eram muito velhos.
Além disso, eram marrons e não combinavam nada com o traje, que era de
qualidade. Elizabeth lhe deu uma cotovelada e acenou com a cabeça em direção a
uma estante de livros. Estava cheio de livros e ao ler os lombos, percebeu que eram
livros em francês.

Sua amiga se aproximou e sussurrou. — São livros de aventuras. Não é estranho?

Johanna olhou em volta e franziu a testa ao ver um mapa da área sul-americana.


Parte da República do Texas fazia parte do projeto, mas o que realmente a
surpreendeu foi que isso lhe deu a sensação de que a fronteira era mais baixa do que
na realidade. Esse mapa não estava correto. Estava quase certa, porque havia
desenhado esse mapa várias vezes quando sua governanta insistiu que a geografia
era importante.

— Distraia-o.

Elizabeth ofegou. — Ai Meu Deus!

O homem levantou a cabeça do que estava fazendo e perguntou. — Tem alguma


coisa errada, milady?

— Deixei minha bolsa na carruagem. E tenho alguns papéis importantes.

— Irei busca-lo. A carruagem está embaixo?

— Nos espera em frente à porta.— Elizabeth sorriu, fazendo o pobre homem babar
com sua beleza, saiu quase correndo para cumprir sua tarefa.

Johanna olhou para ela ressentida. — Odeio que faça isso.

— Eu sei — disse maliciosa.

Levantou-se imediatamente. — Vigia.

Elizabeth foi até a porta e abriu uma fenda enquanto Johanna abria um arquivo.
Estava vazio!

Abriu o próximo e viu que também não tinha nada. Foi até a mesa e abriu várias
gavetas.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Assombrada, olhou para a amiga. — É uma farsa.

— Imaginei ao ver os livros. São para decorar, como aquela pintura a óleo. —Johanna
olhou para o óleo de uma ferrovia. — Foi pintado aqui.

— Como sabes?

— Olhe para a placa da estação.

Atônita, viu que ao fundo em uma placa muito pequena onde se lia Bath. — Tem
uma vista incrível.

— Já vem…

Sentaram-se apressadamente, mas sentaram-se ao revés e dissimularam sorrindo de


orelha a orelha. O homem fechou a porta, franzindo a testa. — Não estava lá.

— Deve tê-lo deixado em casa, Elizabeth. Não te preocupes. Se tiver que mostrar os
papéis ao Sr. Baker, retornaremos outro dia.

— Bem, eu queria solucionar tudo hoje.

— Não se preocupe, milady. O Sr. Baker ficará na cidade por pelo menos mais três
meses.

— Apenas três meses? — Perguntou Johanna como se nada.

— Já quase tem o financiamento necessário para o projeto.

— É uma ótima notícia! — Gritou Elizabeth. — Isso significa que tudo está indo
muito bem.

— Sim, estamos muito felizes.

— Você também é de Boston?

O homem olhou para ela desconfiado. — Você é de Boston?

— Nasci lá. O Sr. Baker me conhecia muito bem, mas não me lembro dele. Você o
conhece há muito tempo?

— Desde pequenos.

— Oh, que bom, — disse Elizabeth — e agora trabalham juntos.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Sim, — disse desconfiado, olhando para Johanna. — Então é de Boston. Como se
chama?

— Meu nome de solteira é Sherman. — O garoto desviou o olhar um pouco nervoso.


—Johanna Sherman. Conhece-me?

— Oh sim. Claro que a conheço. És muito conhecida na cidade — Elizabeth riu


baixinho e Johanna lhe deu uma cotovelada — não sabia que estava em Londres.

— Faz um ano desde que nos mudamos para cá. Você não viu meu pai por aqui?

— Não, —respondeu um pouco irritado. —O Sr. Baker deve tê-lo encontrado em seu
clube.

— Oh, claro. Os cavalheiros geralmente fazem seus negócios lá.

Nesse momento, a porta se abriu e dois homens muito bem vestidos saíram,
cumprimentando-as, inclinando a cabeça antes de sair do escritório. As amigas se
entreolharam enquanto o homem batia na porta de Baker e entrava a toda pressa.

— Sabe quem são? — Perguntou Johanna baixinho.

— Não, não são da alta sociedade de Londres.

Levantaram-se quando a porta se abriu e Collin Baker saiu sorrindo de orelha a


orelha. — Mas se está aqui... — perdeu o sorriso quando viu seu estado avançado de
gestação.

Johanna estendeu a mão. — Sr. Baker, queria falar com você.

Ele pegou a mão dela, erguendo a vista para olha-la nos olhos. —Deduzo que não
veio para que a leve para casa.

— Por Deus, Sr. Baker. Me envergonha — disse entre dentes. — Ela é minha amiga, a
duquesa de Stradford.

Surpreso olhou para ela. — Precisamente há alguns dias me reuni com seu marido.
Há algum problema?

— Não, em absoluto. O duque está encantado com seu investimento. É precisamente


por isso que estamos aqui.

O homem saiu do escritório e Baker se afastou. — Por favor, entre no meu escritório.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Entraram parecendo estarem encantadas e Johanna olhou em volta. — Que lindo
escritório.

— Quase não tenho móveis porque é temporário. — Ele a comeu com os olhos. —
Por favor, sente-se.

Elas se sentaram e ele fez o mesmo. — O que posso fazer por vocês?

— Tenho entendido que não querem que meu marido participe desta aventura.

Ele franziu os lábios e pegou um abridor de cartas, colocando-o em cima da madeira.


— Não acho que seja benéfico para ninguém que ambos estejamos envolvidos no
mesmo negócio. — Com o polegar, virou o abridor de cartas e Johanna prendeu a
respiração. Olhou em seus olhos e essa cor verde trouxe várias lembranças que
apareceram em sua memória. Ele a repreendendo quando ela mal tinha doze anos
porque não atirava bem a faca. A paciência que teve para ensinar-lhe a fazer nós e
como seu pai, depois que soube a impediu de brincar com ele novamente, forçando
Betsy a acompanhá-la sempre que fosse ao porto. Robert estava diante dela e parecia
incrível que não o tivesse reconhecido antes.

— Milady, você está bem? — Ele perguntou suavemente, ainda olhando nos olhos
dela.

Johanna passou a mão pela testa e Elizabeth a segurou pelo braço, preocupada. —
Você está se sentindo mal?

— Estou ficando tonta.

Robert se levantou imediatamente e se agachou ao lado dela. — Não passa nada,


Johanna. Você quer um pouco de água?

— Não. — Ela se levantou imediatamente afastando-se dele. — Elizabeth, vamo-nos.

— Mas...

Sem espera-la, foi até a porta e a Duquesa a seguiu correndo. — Johanna, tenha
cuidado nas escadas!

Assim que chegaram à rua, enquanto Elizabeth ficava perguntando o que estava
acontecendo, Johanna entrou na carruagem imediatamente. Olhando pela janela
enquanto a amiga subia para se sentar na frente dela, viu Robert na porta. Seus olhos
se encontraram e ela se lembrou de como ele dizia a ela que lhe esperasse. Que se
veriam novamente e se casariam. Ela o havia esquecido depois dos anos, mas Robert

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


tinha ido procurá-la e não sabia como, mas tinha certeza de que, se ela não tivesse
saído de Londres, ele teria insistido. Por isso havia pedido que voltassem para casa.

— O que ocorre Johanna?

Olhou-a nos olhos. — Que o passado voltou. E ele não vai desistir.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 10

Assim que chegaram em casa, foram para a sala de estar e a amiga pediu um chá
para ela, porque estava pálida e na Inglaterra parecia que tudo se resolvia se tomava
chá.

Carlton serviu uma bandeja e Johanna ordenou — Diga a Betsy para descer
imediatamente.

— Sim, condessa.

— Johanna, tudo bem?

—Já, já explico para você. Mas tenho que saber uma coisa e sei que Betsy sabe.

Sua donzela veio correndo e quando a viu sentada no sofá suspirou de alívio. —
Entre, Betsy, — disse suavemente.

—Alguma coisa errada, milady?

— Você sabe onde eu fui, certo?

— Sim, minha senhora.

— Sabe quem eu vi? — Sua amiga de infância desviou o olhar e furiosa se levantou.

Porque não me disse?

— Quando o vi na casa no dia em que esfaqueou ao seu marido, não pude acreditar!
Depois como nos fomos, achei que não o veria mais e que tinha sido uma
coincidência!

Elizabeth não perdia uma palavra e Johanna perguntou — Disse a ele que estava em
Londres?

— Não. Não fui eu.

— O que está acontecendo aqui? — Elizabeth não aguentou mais.

— Que seu noivo a encontrou, — Betsy disse como se nada.

— Ele não é meu noivo!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


—Disse que se casaria com ele! Isso é estar comprometida!

— Ai, mãe. — Elizabeth levantou-se olhando para ela com espanto. —Não estará
falando do Sr. Baker?

— Não se chama assim! Seu nome é Robert Parker! Eu o conheci nas docas quando
criança e ele me ensinou a usar a faca!

— Era uma criança excepcional, — disse Betsy com admiração. — Todos que
trabalhavam ali o queriam muito bem e trabalhava mais que todos. — Johanna
apertou as mãos, inquieta. — Ele tinha dezessete anos quando Sr. Sherman o
expulsou porque estava sempre com ela quando visitava.

— Tinha doze anos quando o vi pela última vez!

— E ele veio procurá-la, — disse Elizabeth, surpresa. — Mas você está casada!

Betsy estalou a língua. — Isso não importa para Robert e ainda mais depois de como
o conde se comportou com sua esposa na frente dele. Ele virá por ela.

— Betsy!

— É verdade e você sabe! Ele te conhece muito bem!

Nervosa, levantou-se e começou a andar de um lado para o outro.

—Johanna, não é tão ruim assim. Está casada. Não pode fazer mais nada. Além disso,
você vai dar à luz.

— Pena que o conde tenha mudado, mas já não se pode fazer mais nada.

— Betsy, cale a boca!

— Nós não deveríamos ter vindo da Itália.Ali não sabia onde estava — disse a
donzela sem se cortar.

— Deus...— Ela passou a mão trêmula pela testa. — Que bagunça.

Naquele momento, ouviram as vozes de seus maridos e assustada, olhou para a


amiga que não sabia o que dizer.

Entraram no salão rindo e Betsy saiu discretamente. James, vendo sua expressão,
perdeu o sorriso. — Querida, você está bem?

— Temos um problema.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Um problema? — Ele se aproximou dela e acariciou sua bochecha. —Chamo o
médico?

— Sente-se.

— Oh, é muito sério para fazer você se sentar, — Alex disse divertido.

Elizabeth pegou a mão do marido e apertou-a, fazendo-o perder o sorriso. — Que


ocorre?

— Sente-se, amor.—Puxou sua mão para que se sentasse ao seu lado.

— Jo? O que você tem? Não é o menino?

Johanna se afastou dele e olhou nervosa para a porta. — Meus pais, onde eles
estarão?

— Que ocorre? Você está me deixando nervoso!

— Gostaria que estivessem aqui para não ter que repetir mais vezes, — ela sussurrou,
pensando em tudo o que aconteceu. Seu marido ia ficar com raiva. Uma pena pois
estavam se dando bem. Levantou a vista até seus olhos e ficou surpresa com o quão
parecido eram com os do Robert. Isso teria influenciado na sua decisão de seduzi-lo?
Agora isso não importava. — Meu noivo está na cidade.

James riu. — Isso é por causa da Mara? Querida, eu já disse que não há nada entre
nós.

Ela balançou a cabeça e gemeu. — Há muitos anos fiquei noiva de um jovem às


escondidas dos meus pais e ele voltou por mim.

— Vamos ver, — disse James friamente quando se recuperou do impacto. — Quando


foi esse compromisso?

— Eu tinha doze anos— olhou-o de lado — mas não o vi novamente até...

— Até quando?

— Até que o vi no parque no dia em que fiz esse pequeno corte na sua perna.

James ficou tenso. — Você me mentiu!

— Eu não sabia que era ele! Não o reconheci! Quando me disse para voltarmos para
casa, eu não o entendi!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Alex olhava para eles de boca aberta enquanto Elizabeth tentava ajudá-la. — Foi hoje
quando o reconheceu.

James gritou — Você o viu hoje? — Ela mordeu o lábio inferior. — Onde você o viu?
Na Bond Street?

— Fomos vê-lo em seu escritório, porque queria que te deixasse participar do


negócio!

James olhou assombrado para Alex. — Você ouviu isso? Ela foi ao escritório de Baker
para que me deixasse participar do negócio!

Seu amigo fez uma careta. — Nossas mulheres não são como as outras.Elas não
ficarão de fora se algo nos incomoda.

Ignorando-o, perguntou à sua esposa — Ele te pediu para me deixar?

— Não, mas sabe que percebi quem é. Estranhei o cinismo com que ele falou comigo
no parque e certamente ele fez isso para que eu o reconhecesse, mas como não me
disse seu nome verdadeiro, não percebi quem era.

— Seu verdadeiro nome? — Alex estreitou os olhos. — Como seu nome verdadeiro?
Não se chama Collin Baker? Assinou os contratos com esse nome!

— Aí vem a coisa interessante, — disse Elizabeth.

— O investimento na ferrovia é uma farsa.

—O que? — Os homens gritaram, assustando-as.

— É uma farsa, — repetiu Elizabeth — o escritório é apenas fachada. Não há papéis


em nenhum lugar ou qualquer documentação sobre o projeto.

— Eu investi vinte mil libras nesse projeto! — Alex levantou-se nervoso. — Você tem
que estar errada. Nos mostrou projetos, nos mostrou suas credenciais…

— Pois são falsos. — Johanna estreitou os olhos. — É interessante que ele tenha
enganado o meu pai. Certamente quer se vingar.

— De seu pai. E eu o que fiz para ele? — Perguntou o duque.

James estava muito tenso. — Sobre o de que quer levar você...

Olhou em seus olhos —Virá por mim. Tenho certeza. Robert não pode ter mudado
tanto.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Tenho que recuperar meu dinheiro! — O duque foi furioso até a porta.

— Aonde vai? — Perguntou sua esposa, levantando-se.

— À policia!

— Não vai encontrar o dinheiro, — disse Johanna exasperada.

Isso o parou em seco e se virou para olha-la. — O que disse?

— Sempre me disse que o dinheiro deveria ser deixado em um lugar onde ninguém
suspeita que você o tenha. Não vai estar com ele. Estará perto, mas não com ele e se o
prenderem, nunca recuperarão um centavo.

Nesse momento seus pais chegaram e Henry sorriu. — Que surpresa. Os duques
ficam para comer?

— Sente-se, Henry. Isso vai te interessar.

Foi o duque quem se responsabilizou em explicar o que havia acontecido e assustado


olhou para a filha, que tentou sorrir, mas que pareceu uma careta. — Não pode ser.
Robert?

— Pois sim. É ele.

— Você nunca pode deixar de se meter em apuros? — Perguntou seu pai furioso.

— Sogro, ela não é a culpada pelo golpe.

Nelson limpou a garganta. — Agora não é hora de jogar a culpa um no outro. Vocês
investiram uma quantia de dinheiro indecente e certamente haverá mais pessoas
envolvidas. Com isso ele ganhou uma fortuna e se o que Johanna acha for verdade,
várias pessoas vão se arruinar com este assunto. Devemos fazer alguma coisa.

James sorriu. — Menos mal que me livrei.

— Sim, não é estranho? Se queria vingar de você por estar com Johanna, deveria ter
te enganado como todo mundo — Alex perguntou. — Além disso, você o socou,
jogando-o para fora de sua casa. Deveria te odiar mais do que ninguém.

Johanna pigarreou sem jeito. — É que a James vai matá-lo. — Todo mundo ficou
paralisado e ela corou antes de continuar. — Ele o odeia. E vai tirá-lo do caminho
para que eu fique livre.

— Está muito segura disso. —sibilou seu marido.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Estamos noivos. —Disse como se isso explicasse tudo.

— A considera como sua. — Alex olhou espantado para a esposa.

—Liss, não gosto disso. Volte para casa.

— Nem pensar. Fico aqui com minha amiga.

— E o que se supõe que devemos fazer agora? — Perguntou Henry furioso. —E


minhas cinquenta mil libras?

Todos olharam para Johanna, que levantou o queixo. — Preciso ir até ele para
descobrir onde tem o dinheiro.

— Por cima do meu cadáver. — James sibilou. — Suba para o seu quarto!

— Não entende? Confia em mim! A mim ele dirá!

— Como ele vai confiar em você se faltou com sua promessa? Você não se
aproximará dele nem a cem milhas. Agora suba para o seu quarto enquanto
decidimos o que fazer!

— Tinha doze anos! Esqueci!

— Você esquece muitas coisas!

— Olha quem fala! Aquele que se esqueceu de me dizer que havia anulado nosso
casamento. — Arregalou os olhos e pegou-o pelo braço. —Sabia!

—O que?

— Sabia que não éramos casados! Por isso me disse para ir com ele!

— Como saberia disso? Querida, está imaginando coisas!

Johanna pensou sobre isso, mas quanto mais pensava, mais certa estava de que havia
dito justo nesse momento, porque sabia que não estavam casados.

Correu para a porta da sala e gritou — Betsy!

— Johanna, acalme-se, — disse sua mãe preocupada. — Isso não faz bem para o
bebê.

Betsy apareceu no topo da escada. — Há quanto tempo está em Londres? — Sua


donzela se fez de boba. — Não me faça ir até aí e puxar suas orelhas. Há quanto
tempo está em Londres?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Veio conosco no navio!

Johanna espantada deu um passo atrás e colidiu com seu marido, que parecia
esculpido em pedra.

Negou com a cabeça. — Não sabia.

— Vá para o seu quarto, —sibilou furioso.

— Você tem que acreditar em mim. Não sabia que estava aqui!

— Você sabe no que eu acredito?Acho que você planejou ir com ele, mas descobriu o
golpe e recuou!

— Isso é ridículo! Casei com você! Ou melhor, te obriguei a casar!

— Ele sabia que não estávamos casados!

— Mas eu não!

— É por isso que ele abordou-a no parque, — disse Alex. — O que aconteceu no
parque, Johanna?

— Estava cavalgando.Parei por um momento para meu cavalo descansar e ele cruzou
meu caminho me dizendo que estava indo muito rápido.

— Continue, — James disse muito tenso.

— Então lembro que me chamou pelo meu nome de solteira, fiquei surpresa e
perguntei a ele se me conhecia. Me respondeu que a louca Sherman era conhecida em
toda Boston. Então falamos sobre meus pretendentes e como os assustei. Perguntei o
que ele estava fazendo em Londres e me contou sobre as ferrovias. Comentei se
queria falar com meu marido, ficou surpreso para depois ficar com raiva por ter me
casado com um janota inglês.

— E então ele te seguiu até em casa, — James disse muito tenso.

— Não veio ver minha senhora, — disse Betsy, chamando a atenção de todos.

— Estava vindo ver você, mas deparou com a discussão! Me abordou quando ia em
direção à casa da duquesa quando o conde a expulsou de casa e me perguntou o que
estava acontecendo. Quando havia se casado, — disse a ponto de chorar. — E eu
contei a ele. Para minha surpresa, ele sorriu antes de ir-se. Pensava que já te tinha
porque sabia que você não estava casada, mas depois você desapareceu.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Ele provavelmente nos seguiu até a Escócia em nossa primeira viagem ou pelo
menos até a pousada, — disse o duque preocupado.

— Ficou muito surpreso ao me ver grávida.Porque pensava que havíamos nos


separado. Estive em Londres esperando notícias suas e ele deve ter pensado que você
não voltaria porque seus pais tinham ido juntos.

— Queria dar o golpe antes de procura-la, porque sabia que estava na Itália.

Todos olharam para Betsy, que começou a chorar. — Enviei-lhe uma mensagem
quando me mandaram ir à Sardenha!

— Já conversaremos você e eu! — gritou para a donzela antes que saísse correndo.
Então se deu conta de algo. Se Robert confiava em alguém, era em Betsy e se virou
repentinamente, segurando o braço do marido porque ficou levemente tonta.

— Querida, você está bem?

— Fiquei um pouco tonta.

— Para o seu quarto. —Tomou-a nos braços, pronto para subir as escadas.

— Não, precisamos idear um plano.

— Você vai para a cama. Não discuta porque estou prestes a explodir e não quero
pagar contigo.

Johanna sorriu e descansou a bochecha no seu ombro enquanto subiam as escadas —


Não vai cometer loucuras, não é?

— Querida, a especialista em loucuras é você.

—Certo. Deixe-me entrar em forma e te ajudo.

James não pôde deixar de sorrir e beijar sua testa, apertando-a como se temesse que a
levassem embora. — Eu te amo, —ela sussurrou. — Eu nunca te deixaria.

— Espero que não, porque já o fez várias vezes e tive que ir atrás de você.

Johanna sorriu. — Você disse que não faria.

— E eu não o farei de novo.

— Mentiroso.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ele sorriu, colocando-a na cama e beijou-a nos lábios. — Mas desta vez não vou
deixar você ir a lugar nenhum. — Se virou e gritou da porta. — Carlton! Eu quero
um lacaio na porta há todas as horas!

— James!

—Durma! —Fechou a porta deixando-a com a palavra na boca e, surpresa, deixou


cair a cabeça no travesseiro. O grito de seu marido chamando Betsy ouviu-se em toda
a casa e sua donzela entrou um minuto mais tarde apressada. Johanna apontou o
dedo e o dobrou algumas vezes para se aproximar.

— Conte-me tudo.

A impediram de se levantar para comer e tirou uma soneca. Depois de se preparar


para o jantar, disse a Betsy que estava recolhendo suas coisas. — Você sabe o que tem
que fazer?

— Sim, minha senhora. — Assentiu muito seria.

— Não me falhe, Betsy. Eu ainda não entendi a razão pela qual você não me
informou sobre tudo.

— Não queria perturbá-la e sei que está apaixonada pelo conde.

— Precisamente por isso, deveria ter me informado desde o começo.

Foi até a porta e saiu enquanto a donzela apertava as mãos.

Johanna acariciou sua barriga caminhando sobre o tapete em direção às escadas


quando ouviu alguém falar.

— E o que mais?

Johanna ficou tensa porque falavam em sussurros e entrou no salão novamente para
ouvir atrás de uma porta de uma sala que deveria estar vazia. — Ela está na
cama.Não acho que vá jantar e muito menos que saia de casa.

— Isso é um inconveniente. Eu tenho tudo pronto — disse uma voz masculina.

— Se você não tivesse se mostrado tanto, isso não teria acontecido! Esse não era o
plano! Além disso, já faz meses! Você deveria tê-la levado assim que ela se mudou

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


para esta casa, mas você esperou meses e esta é a consequência! Agora ela está
grávida desse escocês!

— Isso não é um inconveniente. Grávida vale mais do que sozinha.

Johanna prendeu a respiração e dobrou o joelho, levantando a perna para tirar a faca
da bainha. Apertou a maçaneta com força e empurrou vigorosamente a porta,
surpreendendo dois homens que mal via na penumbra da sala. Sem pensar, jogou a
faca enquanto o outro corria para a janela. — Alto aí! — Gritou, pegando um vaso e
jogando-o na direção da janela estilhaçando na cabeça do sujeito, mas isso não o
impediu de se jogar pela janela. Johanna correu para a janela e olhou para fora para
ver o cara mancando pela rua.

— Detenham-no! Detenham o ladrão!

— Johanna! — Seu marido gritou da escada.

— James, está escapando! — Saiu correndo da sala. — Está mancando e desce a rua!

Seu marido desceu as escadas enquanto alguém saía de casa. Johanna não podia ver
quem era, mas quando viu Elizabeth na porta do quarto, imaginou que fosse Alex.
Sua amiga olhou-a de baixo e perguntou — O que aconteceu?

— Ainda não sei.

Se virou e pegou uma lamparina a óleo enquanto Betsy sussurrava — Era ele?Veio
até aqui? Mas que atrevido.

— Eu não sei se era ele.— Entrou no quarto e iluminou-a para ver o corpo estirado no
chão de barriga para cima. Mas quando viu os sapatos marrons, soube
imediatamente quem era. — O parceiro de Robert.

— Johanna!

— Estou aqui! — gritou para o marido — Querido, tem que chamar a polícia!

Escutaram como subiam as escadas correndo e Betsy com os olhos arregalados


quando viu o corpo sussurrou — Isso não é coisa de Robert.

Seu marido entrou no quarto e se aproximou do corpo. — Quem é esse homem?

Elizabeth estalou a língua quando viu o corpo. — O parceiro do Sr. Baker.

James foi até a janela. — E aquele que escapou?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Eu não sei quem era, mas acho que era da casa.Acreditava que estava na cama e
que não iria jantar. E era um homem. Tenho certeza.

— Nós não o encontramos, — disse Alex, pegando a lâmpada de suas mãos e


iluminando o restos do vaso no chão. — Aqui há sangue.

— Joguei o vaso na cabeça dele.

James saiu da sala chamando o mordomo a gritos. — Como entrou na casa? —

Elizabeth perguntou. — E como subiu até aqui. Não é estranho?

— Este quarto não é usado, então é o lugar mais quieto da casa para conversar sem
que alguém surpreenda.

— Sim, mas alguém além de uma donzela chamaria atenção no segundo andar há
esta hora. — Disse Betsy. Então empalideceu — A menos que...

— A menos que?

Nesse momento, Carlton chegou, que com a respiração agitada sussurrou — Minha
senhora, ele escapou. Corri atrás dele, mas é muito rápido.

— Chame a polícia, — disse James, olhando para o corpo.

— Um dos lacaios do estábulo está rondando no caso de encontrar alguma pista, —


disse antes de sair do quarto.

Johanna assentiu. — Muito bem. Alguém avise sobre isso.

James se aproximou dela e a abraçou beijando sua têmpora. — Está bem?

— Tranquilo amigo. Sua esposa tem carapaça para isso e muito mais.— Disse o
duque divertido.

— Onde estão nossos pais?

— Tinham um jantar na casa dos Thompsons. Quer que os avise?

Ela balançou a cabeça. — Melhor não.

— Como sabia que esse tipo estava aqui? — Perguntou Elizabeth, abaixando-se e
abrindo a jaqueta do cadáver. Alex se agachou ao lado dela e procurou nos bolsos. —
Querido, o que você tem aí? — Alex pegou algumas chaves e Elizabeth as pegou
rapidamente. — Do escritório?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


O duque levantou-se e pegou a esposa pela mão. — Vamos dar uma olhada.

— Quero ir. —Tentou se afastar do marido que não a deixou.

— A polícia está chegando e acho que você terá que dar uma explicação.

Johanna levantou a vista. — Eles queriam me sequestrar. Um deles disse que valia
mais agora que estava grávida.

Seu marido estreitou os olhos. — Nada vai te acontecer.

—Entraram na casa, James.

Então eles se entreolharam e disseram juntos— O lacaio da porta!

James saiu correndo e chamou Carlton, que estava no corredor. Johanna viu como o
marido lhe perguntava o nome do lacaio que tinham postado na porta e confundido,
disse que o nome dele era Ted.

— Ele saiu depois que entrei para ajudar Milady, — disse Betsy. — Me disse que ia
comer alguma coisa.

Metade do serviço da casa estava no corredor e James olhou em volta. — Quem é?

— Eu estava na cozinha, — disse a cozinheira. — Uma das meninas serviu o jantar.

James foi até a cozinha enquanto Johanna descia as escadas e então o viu. Uma gota
de sangue em seu imaculado colarinho branco. Carlton forçou um sorriso. — Você
está bem, milady?

Ela respirou com dificuldade pelo nariz, sentindo-se furiosa com tudo o que havia
ajudado àquele homem e disse tentando se acalmar. — Sirva-me um xerez.Preciso
acalmar meus nervos.

— Claro, condessa.

Ela observou-o ir até a porta do salão e tentou esconder seu mancar, mas devia doer
muito, porque a palidez e a tensão de seu rosto mostravam que não era fácil.

Com Betsy às suas costas, entrou no salão e parou na porta observando-o como
servia o xerez com as mãos trêmulas. Sorriu com tristeza e disse — Betsy, diga ao
meu marido que eu já tenho o culpado.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Carlton perdeu toda a cor do rosto e olhou para ela deixando o copo no armário do
bar. — O que disse, milady? — perguntou enquanto Betsy chamava a gritos James,
que veio correndo.

— Johanna? O pobre menino não sabe nada. Estava jantando para voltar ao seu
posto. Ele não tem ferimentos na cabeça — perguntou às suas costas.

— Mas Carlton sim.

James ficou tenso e caminhou em direção a Carlton, que assustado tentou fugir. Seu
marido pegou-o pelo pescoço e empurrou-o com força contra a parede. — Maldito
bastardo! Te acolhemos em nossa casa!

— Eu não queria! Eles me forçaram!

— Quem te forçou, Carlton? — Ela perguntou friamente. — Quem te forçou a me


trair?

— Ele me disse que mataria minha filha.Que pedisse ajuda ao Sr. Sherman para vir a
Londres! Que entrariam em contato comigo!

— Quem? — James gritou furioso.

— O Sr. Sherman!

— Mas o que você disse, escória?

Johanna prendeu a respiração, dando um passo em direção a ele. — Ele não fala
sobre meu pai, mas sobre meu primo.

James pareceu surpreso. — Seu primo?

— Ele é o filho do irmão do meu pai. Somos como irmãos, mas ele ficou em Boston
para administrar o negócio na ausência do meu pai.

— Por que seu primo quer sequestrá-la? — Soltou Carlton como se lhe desse nojo e se
virou para ela.

Os olhos de Johanna se encheram de lágrimas. — Porque se eu desaparecer, ele


herdará tudo.

— O que Baker tem a ver com tudo isso?

— Não sei!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Robert não tem nada a ver com isso, — disse Betsy nervosa.

— Algo terá que haver quando seu amigo está morto lá em cima! — Gritou James,
perdendo a paciência.

— Eles me disseram que só queriam sequestrá-la, — disse Carlton, morrendo de


medo. — Não a machucariam!

— Claro. Agora que terei meu filho, tiveram que se apressar, porque se vive, herdaria
tudo se algo acontecesse comigo.

James ficou tenso e disse a Betsy — Arrume sua bagagem. Vamos imediatamente
para a casa do meu pai na Escócia.

— Não vou fugir!

— Fará o que eu disser! Iremos assim que a polícia acabar com o problema acima! —
Apontou para Carlton. —Cuidarei de você mais tarde.

— Eu não tinha outra escolha! Minha filha…

— Cala a boca! Se algo acontece com minha esposa por sua causa ou de seus, eu te
mato!

A polícia entrou nesse momento e James passou por sua esposa para falar com eles.
Subiram as escadas e Johanna olhou para Carlton, que chorava encostado na parede.

—Desculpe milady ...

— Robert tem alguma coisa a ver com isso?

— Eu não conheço esse homem. Sei que esteve na casa, mas nunca o vi.

— E o de cima?

— Entrou em contato um mês depois que minha esposa e eu chegamos a Londres.

— Isso foi um mês depois de eu me casar. Por que não agiram antes? Antes de
ninguém os conhecer?

— Não sei. Eu só sei que eles iriam sequestrá-la no parque, mas algo os impediu
várias vezes, então eles iam mudar o plano quando você desapareceu. Quando
chamaram a Betsy para ir à Sardenha e venderam a casa dos seus pais, ficaram com
medo! Disse a eles que o conde estava te procurando e que acabaria encontrando-a.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Robert poderia ter me sequestrado no parque. Não havia ninguém lá.

— Viu? Eu te disse que ele não tinha nada a ver com isso, — disse Betsy, aliviada.—
Ele só quer você. Certamente ele impediu de ser sequestrada.

— Mas o homem lá em cima o conhecia! Eu o vi em seu escritório.

— Trabalhava às costas de Robert. Ele chegou no navio que nos trouxe a Londres e
veio sozinho — Betsy disse convencida.

— Você já me disse isso antes, — disse desconfiada. — Mas tudo isso é muito
estranho.

Betsy a olhou surpresa — Senhora, juro...

— Não jure para mim!—A pegou pelo braço perdendo a paciência. — Me disse o
mesmo no quarto, mas falou com ele?

— Sim!

— Quantas vezes?

— Desde que nos conhecemos no salão no terceiro dia da nossa jornada!

— Está me dizendo que encontravas com Robert? — Então uma lembrança que havia
trancado no fundo de sua mente veio à luz. Betsy os observava quando criança e
como ela dizia sim a tudo que Robert sugeria. — Meu Deus, você está apaixonada
por ele.

Betsy corou tentando recuar e furiosa se aproximou novamente. — Responda!

— Sim! Nunca paramos de nos ver! Ia visitá-lo quando tinha a tarde de folga!

— Vocês são amantes, — sussurrou pálida.

— Ele sempre me disse que voltaria para você! —gritou com raiva.

Johanna recuou quando viu sua dor e sussurrou. — Você o informava sobre tudo.

—Não tive escolha se queria continuar a vê-lo. — Ela começou a chorar. —Sempre
me perguntava sobre você. Durante anos quis saber tudo!

— Mentiu para mim desde o começo. Ele sabia que eu não estava casada quando nos
encontramos no parque? Como você descobriu se não estava lá?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Betsy franziu os lábios. — O conde tem um papel no escritório que corrobora a
anulação.

— Você sabia que eu não era casada! E não me disse nada para continuar com ele!

— Estavas apaixonada pelo conde! Se houvesse uma possibilidade de continuar com


ele, faria o que fosse necessário! Tentei milhares de vezes aconselhá-la para que tudo
melhorasse com seu marido, mas me ignorou! Quando vi Robert no corredor
dizendo-lhe para que fosse com ele, me assustei e mais ainda quando você
apunhalou seu marido!

— Então você não disse a Robert que fui à casa de Elizabeth e, portanto, não sabia
que fui para a Escócia com os duques.

—Decidiu me deixar em Londres, então disse a Robert que estava reclusa em casa.

— Disse a ele que estava na Sardenha?

— Quando chegou a hora de ir-me, mandei um aviso dizendo que estava se


retirando, mas desesperada como estava por não perde-lo, disse que voltaríamos! Ele
havia começado o golpe e não podia sair, porque já havia investido todas as suas
economias!

— À minha família?

— Ele odeia o Sr. Sherman por afastá-la quando ele só queria cuida-la!

— E aquele de cima?

Betsy franziu os lábios e começou a chorar. — Ele é seu primo.Chegou alguns meses
depois, para ajudá-lo no golpe. Não entendo o que acaba de ocorrer. Jim não deveria
saber nada sobre você. Só viria para dar o golpe!

Virou-se lentamente para Carlton, que ainda estava encostado na parede. — Você
mentiu para mim.

— Não Senhora. Te juro!

— Seus juramentos não me impressionam! — Os funcionários cercaram a porta


impedindo que qualquer um escapasse do salão. — Betsy informava Robert de tudo
e você informava a seu primo? Você mente! Sabia que Betsy tinha um relacionamento
com Robert e você sabia o que ele pretendia fazer, que era me levar com ele! Mas
você decidiu ir em frente e pedir um resgate culpando-o! Não é verdade? Você usou

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


seu primo! É por isso que quando Robert chegou em casa, não o impediu de entrar!
Queria que James o conhecesse, então meu marido teria dúvidas sobre mim, do que
fazia quando saia de casa! Robert impediu você de me sequestrar antes!

— Bem dito, senhora. Robert não iria sequestrá-la para conseguir dinheiro! — Disse
Betsy convencida. — Levá-la sim, mas não por dinheiro.

Carlton sacudiu a cabeça. — Está errada. Seu primo veio até mim.

Então Johana pegou a lanterna. — Então não haverá problema em verificar a lista de
passageiros de Boston na chegada. — Seu mordomo empalideceu. — Se Jim estava
em Londres quando você chegou, isso corroborará sua história. Confesse antes de
olhar essa lista ou você vai acabar em Newgate!

— Está bem! Eu o conheci no navio! Minha esposa estava muito doente e seu pai
disse que havia bons médicos aqui!

— És desprezível! — sussurrou furiosa.

— Estava muito grato, eu juro. Mas uma noite jogando cartas com Jim, um de seus
amigos se gabou de que iam enganar ao dono do navio. Atônito, perguntei-lhe sobre
o que ele estava falando e confidenciou-me graças à bebida. Seu parceiro não
concordou, mas quando disse que seria o mordomo dos Sherman, ele viu a
oportunidade de conhecer todos os movimentos da família. Então o parceiro disse
que se eu morasse na casa eles poderiam dar outro golpe. Sequestrar a filha de
Sherman para obter uma boa quantia. Seu pai pagaria qualquer coisa por você. A
coisa da ferrovia era uma minúcia comparada a isso. Seríamos ricos e ninguém
suspeitaria de mim porque Sherman me contratara de Boston.

Johanna sentiu a presença do marido atrás dela, mas não se virou. — Então, quando
cheguei à casa, disse a eles que seria muito simples, porque nem dividia o quarto
com o Senhor. Levavam vidas separadas, exceto quando jantavam ou iam a festas.
Disse a eles que o melhor momento era quando cavalgava porque muitas vezes
perdia de vista o lacaio. Mas a primeira vez que iam tentar, Jim não pode porque
tinha que ficar no escritório e seu primo não podia suspeitar, porque era a nossa rota
de fuga no caso de algo dar errado. A próxima vez choveu e você não saiu de casa.
Foi assim que quase dois meses se passaram e quando tudo finalmente estava
perfeito, apareceu Robert, que havia perdido a paciência e queria entrar em contato
com você, embora seu primo insistisse que era melhor esperar até que o esquema

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


acabasse. Se inquietou ao vê-la e ficou preocupado se por acaso o marido a tivesse
machucado, mas Jim o tranquilizou e depois você desapareceu.

— Jim sabia sobre Robert? — Perguntou Betsy sem poder evitá-lo.

Carlton assentiu. — Quando a senhora voltou, Robert queria parar a fraude assim
que Sherman pagou por sua participação no projeto, mas Jim o convenceu a
continuar. Tudo estava indo tão bem, que eles podiam pegar 150 mil libras em vez
dos cinquenta mil de Sherman. Ele o convenceu de que a senhora estava acostumada
a viver bem e precisava do dinheiro. Dessa forma, poderiam levá-la embora antes
que ele interviesse fazendo o mesmo.

— Então Robert continuou o esquema ignorando que Jim planejava me sequestrar.


Por que você colocou meu primo nisso?

— Porque imaginei que ele seria o herdeiro de seu pai no caso de sua morte.

— Claro, ao não haver sequestrado a senhora, não poderia culpar Robert porque ele
não pode matar a sua filha daqui e não poderia justificar que alguém estava
pressionando você, — disse Betsy com desprezo. — Como justificaria sua
participação, em vez de dizer aos cavalheiros?

— Você tampouco disse nada e se encontrava com ele às escondidas! Você sabia
sobre o golpe, mas se calou!

— Eu fiz por amor! Você fez por ganância!

— Você cobiçou um homem que não era seu! — Carlton sorriu maliciosamente
quando viu que Betsy ia chorar. — Você não sabe como nós riamos de você. Jim
estava ciente de seus encontros e ouviu você falar várias vezes. Você é tão patética.
Tentando fazer com que ele se importasse com você em vez dela! Se inclusive chegou
a dizer-lhe que estava gravemente doente e que ela estava sendo levada para a
Sardenha para ver se sua doença se curava com o bom tempo! Dessa forma, Robert a
deixou ir porque era o melhor para ela! — Johanna olhou para Betsy, que corou
intensamente. — O que você ia fazer? Matá-la na Itália? Mas o conde foi procurá-la e
te estragou o plano!

— Não! A senhora não pensava voltar!

— Ah não? E como eu ia conhecer meu herdeiro se você não pensava voltar,


Johanna?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Ela se virou para o marido. — Eu disse a você que os advogados do meu pai
entrariam em contato com você. E agora isso não é o assunto da discussão! Não acha
que temos problemas suficientes para nos preocupar com esse absurdo?

Seu marido rosnou e ela olhou para a polícia. — Vocês o ouviram?

— Sim, minha senhora.

Um deles aproximou-se do mordomo e segurou-o pelo braço. — Um momento! —


disse James muito sério, parando-os. — Qual é o nome do seu outro amigo?

— Eu não sei o nome dele.Só sei que Jim o chamou de Lebre.

— Lebre? —Johanna deu um passo em direção a ele. — Tem uma cicatriz na testa?

— Você o conhece? — Perguntou seu marido.

— Se é quem eu penso, o encarregado do cais fez essa cicatriz ao pegá-lo roubando.


Bateu nele com uma tira de couro. Era conhecido em todo porto.

— Vê, senhora? Eu estava dizendo a verdade! — Disse Betsy, aliviada quando um


policial segurou seu braço.

— Ei! Eu não fiz nada!

— Está detida por participar de uma fraude.

Johanna ofegou. — Não, ela não fez nada. Apenas se omitiu.

— Isso é ocultação de um delito, milady. Assim que pegarmos esse Robert, o caso
estará encerrado.

— Milady! Eu juro que nunca quis ferir esta família! — Gritou Betsy desesperada, —
Eu só queria que não pegassem Robert! O que podia fazer? — O policial a puxou e
angustiada Johanna apertou suas mãos. — Me ajude, senhora! Eu a quero!

— Sim, mas você o ama mais — disse James com desdém. — Fora da minha casa!

Betsy gritava enquanto seus joelhos se dobravam, o outro policial a pegou pelo outro
braço, puxando-a para fora do corredor enquanto Johanna, resignada, ouvia como ela
sofria. Cobriu os ouvidos fechando os olhos e James abraçou-a, prendendo-a junto a
ele. — Já passou. Já passou.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Quando todos saíram da sala, Johanna chorando deixou que a confortasse. — Você
tem que ajudá-la James.

Surpreso, pegou-a pelos ombros e afastou-a. — Você está louca? Ela te enganou!
Mentiu para nós a cada passo! Protegia um homem que não só quer levá-la com ele, e
isso já é cúmulo, mas também escondeu que estava roubando seu pai! Você a tirou
do porto e olhe como te paga!

— Ela o ama, — sussurrou, olhando para seus olhos verdes que brilhavam de fúria.
— Fez loucura por amor.

— Há loucuras e loucuras, mulher! Como sabemos que não estava no golpe? Há


mentido em todo o resto! Pode ser seu cúmplice desde o começo! Confessou que é
sua amante!

Johanna abaixou os olhos. — Eu prefiro assumir o risco.

— Mas eu não! — Ele apertou seus ombros e sacudiu-a para olhá-lo. — Não vou
permitir que esse sujeito se aproxime de você e não vou deixar essa mulher voltar
para esta casa! Coloque isso na sua cabeça!

Naquele momento, seus pais chegaram atordoados ao ver como a polícia tirava o
corpo e levavam o mordomo e a empregada. Nelson correu para o corredor. — O que
aconteceu aqui?

James se separou dela e disse. —Sente-se. Temos que conversar.

— Estávamos jantando quando um casal chegou e disse que tinha visto a polícia na
frente da casa, — disse Susan, aproximando-se de Johanna. — Está bem?

— Levaram a Betsy. — Ela se pôs a chorar e saiu correndo para fora do quarto
enquanto Rose olhava espantada.

— Filha! —Tentou ir atrás dela, mas Henry muito sério a segurou pelo braço. — Mas
ela está infeliz... Deixe-me ir ver o que acontece.

— O que acontece? — James perguntou, pegando o copo de xerez que Carlton


enchera para a esposa. — Já explico para vocês.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 11

Minutos depois todos ficaram em silêncio olhando para James, que estava em pé em
frente à lareira muito tenso.

— Agora já estão cientes. Esse tipo certamente tentará levar Johanna, já que esse tem
sido seu objetivo desde o começo.

— Meu Deus, — Rose sussurrou. — Eles queriam sequestrar nossa menina, Henry.

— O que me preocupa agora é que tudo isso não afete a sua gravidez. — Se levantou
do sofá furioso. — Olha que tentaram envolver meu sobrinho. O pobre trabalha
como uma mula para me ajudar.

— Ele é um jovem maravilhoso.Tem algo de mau caráter, mas é simplesmente


maravilhoso. Ele ama minha Johanna como irmão — disse a Sra. Sherman. — Ele se
mataria antes de fazer qualquer dano a ela.

— Maldito Carlton! Com tudo o que eu fiz por ele!

Um pigarrear na porta fez com que olhassem para lá e um lacaio disse algo
envergonhado.— A governanta pergunta se deve ir embora.

— Claro que sim! — Henry gritou fora de si.

As mulheres se olharam penalizadas. —Pobre mulher. Ela não tem culpa pelo que
seu marido fez —disse Rose apertando-se as mãos.

— Quem não é culpada?Acaso não sabe tudo que eu faço? — Henry gritou.

— Quanto aos seus negócios, não! Certamente a mulher não sabia de nada! Além de
que, pagamos ao médico! Se jogá-la, morrerá nas ruas! Não gostaria de ter isso na
minha consciência! — Se levantou furiosa. — Agora vou ver minha filha!

— Incrível, — Sibilou James, vendo sua sogra sair do salão. — Tal mãe, tal filha.
Quando Johanna descobrir, dirá o mesmo. Se queria que ajudasse sua empregada a
se livrar disso.

— Não pode consenti-lo. — Disse Nelson. — É uma mentirosa! Há mentido por


meses!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Diz que fez por amor, — respondeu com ironia.

Susan limpou a garganta, fulminando Nelson com o olhar. — Mulher, não olhe para
mim assim. Seu caso é diferente!

— Menti para Elizabeth e ela me perdoou! E foi um caso muito pior do que isso!
Minha garota mostrou que me ama, porque esqueceu minhas falhas e sabe que foram
muito graves!

James franziu os lábios. — Não é o mesmo. Você a criou e não queria machucá-la.

— Betsy tão pouco! Aquela pobre garota estava entre dois amores e não sabia o que
fazer! Trair o homem de sua vida? Não! O que fez foi tentar manter Johanna casada
por todos os meios! Se não, teria te delatado quando soube que não estava realmente
casado!

— Se fosse assim, eu deveria ter sido informado de que minha esposa estava na
Sardenha, mas não!

— Porque saberiam que havia sido ela, pois foi a última a chegar!Ficaria claro que ela
havia traído sua senhora!

— Poderia ter buscado outro meio!

— Não tente culpá-la pelo que você fez! Isso não é sua responsabilidade!

James atirou o copo contra a parede furioso e gritou. — Não vou permitir que essa
mulher volte às nossas vidas! E se aquele bastardo se aproximar da minha esposa,
darei um tiro nele no meio da testa!

Rose entrou na sala de estar com a respiração agitada. — Henry! — Seu marido
levantou-se no ato. — Henry, precisamos de um médico!

James saiu correndo e subiu os degraus de dois em dois até chegar ao quarto de sua
esposa, que estava no chão diante da cama. —Jo? — Assustado, se ajoelhou ao lado
dela e virou o rosto para cima. — Jo, acorde! — Ele deu um tapinha no rosto dela e
nesse momento os pais dele entraram.

— O que aconteceu? — Susan se ajoelhou ao lado dela e aproximou seu rosto. —


Respira. Deve ter desmaiado. Deite-a na cama.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna gemeu quando ele a pegou e suspirou de alívio. — Querida, abra os olhos.
— Ele a deitou na cama e acariciou sua bochecha enquanto uma donzela entrava no
quarto. — Já foram chamar o médico.

— Molhe uma toalha!

A garota se aproximou a toda pressa e deu-lhe a toalha molhada que ele passou pelo
rosto de sua esposa com muito cuidado. — Vamos lá linda, abra os olhos da cor de
mel.

As pálpebras se moveram e se abriram devagar. — De mel?

—Iguaizinhos. — Ele sorriu aliviado. — Te dói algo?

— Não. Fiquei enjoada. Só isso.

— Deveria comer algo, —Rose disse, muito preocupada.

— Vamos esperar para ver o que o médico diz. — Beijou sua testa e sussurrou. —
Não faça isso comigo de novo. Você me dá sustos desde que nos conhecemos. Não
acha que já chega?

— Sim, já chega. Sinto muito.

— Só quero que você esteja bem. Se o médico disser que você está bem para viajar,
partimos imediatamente.

— Mas Betsy... — Seus olhos se encheram de lágrimas. — Ela não pode ir para a
cadeia.

— Não se preocupe com isso agora. Preocupe-se com o bebê. De acordo? — James
forçou um sorriso e se afastou dela.

Então Elizabeth entrou na sala com uma respiração pesada. — Estava vazio. O
escritório estava vazio. Tinham até removido o sinal da porta. Não resta nada.

— E Alex?

— Ele me deixou aqui e foi até o porto para conversar com Sterling. Ele vai pedir o
favor de procurar por Baker... digo Robert.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Tem que encontrar esse tal de lebre, — disse Nelson. — Neste momento me
preocupo mais porque ele não tem nenhum ganho com tudo isso.

— Eu concordo. —Disse James.

— Eu vou para o clube de Sterling.

— Pai, tenha cuidado.

— Quem é esse tal lebre? — Perguntou Elizabeth assustada. — Existem mais


envolvidos?

— Eu te conto, querida. — Disse Susan.

Nelson saiu do quarto e Henry perguntou ao genro. — Você pensa em tirá-la da


cidade?

— Para o castelo do meu pai. Quanto mais longe melhor.

— Mas podemos ir à minha casa de campo, — disse Elizabeth. — Tenho certeza que
Alex vai concordar. Lá ela estará segura. Meus homens impedirão que algo aconteça.

— Pense nisso, James. Ela está em uma gravidez muito avançada e não convém uma
viagem tão longa — Rose disse preocupada.

— Vamos ver o que o médico diz. — Ele se virou para a esposa que estava em
silêncio, preocupada com Betsy.

A criada que lhe dera a toalha entrou no quarto. — Meu senhor, temos um problema.

— O que acontece agora?

— É a Sra. Smithson, conde, — disse assustada. — Se cortou as veias.

— Meu Deus do céu, — disse a Sra. Sherman, fazendo o sinal da cruz.

— Deixe comigo, cuidarei disso — disse Henry, saindo do quarto.

— Meu Deus. — Johanna fechou os olhos. — Ela está viva?

— Sim, minha senhora. Mas perdeu muito sangue. — A donzela deu um passo em
direção à cama.

— Vá ajudar, — disse James, interrompendo a conversa. — Assim que o médico


chegar, deixe que ele a veja primeiro.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Obrigado, meu senhor. — Saiu correndo e os que ficaram sem saber o que dizer,se
olharam nos olhos.

— Que desgraça. A pobre mulher não viu outra saída — disse Rose, perturbada.

James franziu os lábios antes de olhar para a esposa e dizer — Está bem!Me
encarregarei de ajudar a Betsy!

Ela pegou a mão dele. — De verdade?

— Sim, agora se acalme.

Ela sorriu de alívio e Elizabeth se aproximou sentando do outro lado da cama. —


Como você está?

— Bem. Um pouco tonta, mas bem. Nada dói.

— São muitas emoções com a sua gravidez.

— Não viu seu bebê o dia todo, deveria ir.

— Ele está bem cuidado.Me preocupa muito mais você.

Olhou para a janela e sussurrou: — Tem que estar perto.

— Porque pensas isso? Deve ter estado muito ocupado com o escritório para se
aproximar daqui.

James foi até a janela e afastou as cortinas de veludo para olhar para fora. — Não há
ninguém. Não se aproximará de você. Eu te garanto.

Johanna olhou nos olhos de Elizabeth e sussurrou. — Arranje-me uma faca. Não sei
onde está.

— Eu ouvi você! — Exclamou seu marido divertido.

— Confio muitíssimo de que você possa me proteger, mas se por acaso...

— Se tenho algo a agradecer a esse homem, é que a tenha ensinado a se defender tão
bem, — disse sua mãe.

James fulminou-a com o olhar. — Não me diga? Querida, você se esqueceu de me


contar esse pequeno detalhe.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Oh sim,— continuou dizendo sua sogra — além disso, ensinou coisas totalmente
inadequadas para uma dama.Fazia uns nós de marinheiros que eram a inveja do
porto.

Seu marido rosnou indo para a porta. — Onde estará o médico?

— Estará atendendo a Sra. Smithson, — Johanna respondeu, dissimulando. — Mas


que coisa, estou ficando com fome. Isso significa que me sinto muito melhor.

— Não sabe o quanto fico feliz, — seu marido sibilou antes de ir até a porta, onde
encontrou o lacaio que retornara ao seu posto— comida para a condessa!

Voltou a entrar furioso. — Esta casa é um desastre.

— Sem mordomo, governanta ou donzela? Sim, é um desastre, — disse Elizabeth


divertida —reze para que o cozinheiro não vá embora.

— Não se preocupe com nada, — disse Susan. — Se necessário, meu serviço virá
supri-los enquanto estivermos aqui.

— Isso significa que vocês ficarão? —Johanna olhou para o marido que revirou os
olhos.

— Com tudo o que está acontecendo? — Rose perguntou chocada. — Não me


separam da minha filha nem com água quente!

— Ótimo! Onde diabos está o médico? — James saiu do quarto com certeza para
tomar uma bebida.

Johanna aproveitou esse momento. — Liss, você tem que me ajudar.

— Para que? Se é pelos serviçais...

— Deixe de bobagem! Você tem que me ajudar a encontrar Robert.

— Não estará pensando em deixar seu marido, — disse a mãe, escandalizada.

— Claro que não. Já não se livraria de mim, mesmo que tentasse com afinco. Mas
tenho que descobrir onde Robert tem o dinheiro.

— Quem sabe nesse momento se pôs para correr e não o vemos novamente. —
Comentou sua amiga. — Alex sairia prejudicado, mas o que fazer? Nos negócios, às
vezes se ganha e às vezes se perde. Muitos da alta sociedade diriam que mereceram
isso por meter-se em negócios, em vez de comprar terras.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Querida, estás divagando. —Johanna segurou seu pulso. — Concentre-se. Eu
preciso encontrar Robert antes de Sterling.

— Isso é impossível. — Estalou a língua e sua amiga disse. — É melhor que você se
esqueça desse assunto. Os homens se encarregarão. Você cuida...

— Se você disser que cuide do meu bebê, vou gritar! E me diz você, justo eu que
arrisquei meu pescoço por você quando a maluca de sua avó tentava te matar!

Liss fez uma careta. — Está bem! Que queres que eu faça?

—Deve fazer com que James saia de casa hoje à noite.

— Como vou fazer isso?

— Não sei! Terá que ser criativa.

— E para que quer que saia de casa? — Perguntou sua mãe.

— Robert virá para saber o que aconteceu. Certamente já sabe que os outros foram
presos e sobre a morte de Jim. E eu estarei esperando. Preciso falar com ele sozinha.

— Eu não gosto desse plano, — disse Susan. — E se te levar? O que faremos então?

— Isso não vai acontecer porque você estará atenta no quarto ao lado. Se eu gritar,
você dará o alarme.

— E se você não tiver tempo de gritar?

— Não te preocupes. Ele não vai se aproximar porque vou estar armada. — Olhou
para Elizabeth. — Pegue minha arma na cômoda. — A amiga dela foi até ele e abriu a
primeira gaveta. — Sob as roupas. Verifique se está carregado.

Sua amiga olhou para o canhão e pegou o saco de pó para carregá-lo. Quando estava
pronta, se aproximou da amiga e entregou a ela. Johanna escondeu embaixo do
travesseiro. — Se James estiver aqui, ele não virá. Eu preciso que esteja longe de casa
para que Robert não perca a oportunidade.

— Vou tentar, mas tenho a impressão de que vai me custar muito, porque enviou
Nelson para falar com Sterling em vez de ir ele mesmo, como todas sabemos que
queria fazer. Isso significa que ele não quer perder você de vista.

— Bem, terá que fazer alguma coisa. — Elas se entreolharam e sussurraram. — Um


fogo.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Você está louca?

— Um pequeno fogo na cozinha o levará para fora do quarto.

— Te tirará da casa, — disse Rose antes de olhar para Elizabeth. — Mas se é na casa
do Marquês, que está quase vazio...

Susan ofegou. — É brincadeira? Um incêndio na minha casa?

— Está perto daqui e será uma distração.

— Nelson terá um ataque! Acabamos de pintar e colocar o papel de parede da casa!


Sabe todos os tecidos que eu tive que escolher? E se não se controlar?

— Você está certa, é muito perigoso e não há garantia de que Robert virá esta noite,
—disse Johanna.

— Não vai sair queimando casas todas as noites até que o canalha apareça! Vai
acabar com a vizinhança! — Disse Susan indignada, indo até a porta. — Estou feliz
que tenha voltado à razão. Vou ver onde o médico está.

Pouco antes de sair, James chegou com o médico que, quando a viu vestida, disse —
Não tiveram tempo de tirar a roupa da paciente?

As mulheres coraram e Johanna disse. — Ainda estamos chocadas com a notícia.


Como está a Sra. Smithson?

— Está morta, — ele disse como se não fosse nada,fazendo-a empalidecer.

—O que?

James correu e pegou a mão dela. —Tinha perdido muito sangue. O médico não
podia fazer nada por ela. Quase não tinha pulso.

— Meu Deus.

O médico colocou a maleta na cama e colocou as mãos na cintura. — Muito bem, o


que acontece?

— Ela desmaiou e está um pouco enjoada.

— Lógico depois do que aconteceu. Sente dor?

— Não, doutor...

— Bourne.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Não, Dr. Bourne. Não dói nada.

— Muito bem. — abaixou uma pálpebra e assentiu antes de pegar sua maleta. — Sua
condição é normal. Se se sentir pior, me avise.

Espantados viam como se ia e James foi atrás dele — Não deveria verificar se o bebê
está bem?

— O bebê está bem. Nada dói e sua aparência é normal. Você sabe quantas mulheres
grávidas desmaiam?

— Não

— Bem, garanto-lhe, da alta sociedade, quase todas elas, — disse desgostado. — São
flores delicadas que ao menor problema Puff!

As mulheres ofegaram indignadas e o caráter de Johanna veio à luz. — Escute aqui,


você não tem ideia se sou uma pequena flor delicada! Diga a ele, marido!

— Eu garanto a você, minha esposa é tudo, menos isso.Sofreu vários golpes na


cabeça e em um deles até perdeu a memória. Que tenha desmaiado é preocupante.

— Muito bem! Eu vou examinar a milady!

James ficou ao lado dela e ajudou-a a tirar o vestido e a despir. O médico passou a
trombeta pela barriga escutando e estreitou os olhos várias vezes enquanto escutava.

— Está tudo bem?

— Ela está abaixo do peso. Deveria comer mais.

— Mas minha sogra diz...

— Eu acho que são dois. Você deve comer mais.

Atônita, olhou para o marido — Dois?

Ele sorriu com orgulho. — Ela vai comer mais.

— Dorme bem? Dorme à tarde?

— Sim

— Ei, eu estou aqui. Pode perguntar para mim, sabe?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


O médico a ignorou. — Seu pulso está bom. —Se sentou ao lado dela e olhou os
olhos novamente. — Sua cabeça já doeu alguma vez?

— Não, — ela respondeu rapidamente.

— A partir de agora não sairá do quarto. E mantenha-se na cama o máximo possível.

—O que? —Gritou Johanna com espanto.

— Se desmaiar de novo, pode haver um perigo real. Especialmente depois do que o


seu marido me contou sobre os golpes na cabeça. Se você quer se arriscar, por mim
tudo bem, mas eu aconselho que esteja em um lugar seguro e controlado. Você pode
ficar sentada em frente à janela ou deitada na cama, mas nada de subir e descer as
escadas sem que ninguém a leve pelo braço. Nada de movimentos bruscos nesta
parte da gravidez. Nada de desgostos. Eu quero que leve uma vida tranquila o resto
da gravidez. E se algo estranho acontecer, me avisem. Se como eu creio existem dois,
o parto pode ser que adiante. Você não vai querer arriscar a vida de seus filhos e o
seu, certo?

Johanna empalideceu. — Não.

— Então fará o que eu digo. — Pegou sua maleta e fez um gesto para James enquanto
se afastava.

Seu marido se aproximou dele e eles sussurraram em voz baixa ao lado da porta. O
médico estava muito sério e James preocupado. Cobriu-se com os lençóis cobrindo a
roupa de baixo e esperou que terminassem de falar. James franziu os lábios
assentindo e o médico saiu. Seu marido forçou um sorriso antes de se virar e se
aproximou dela. — Aparentemente nós teremos que ficar. —Se sentou ao lado dela e
acariciou sua barriga possessivamente. — Eu sei que vai ser difícil para você, mas
vamos tentar facilitar a sua vida.

— Faltam pelo menos quarenta dias para o parto — disse ela enojada. — Vou ficar
louca!

— Te apoiaremos em tudo.

— Bem, pelo menos não vou ter minha mãe protestando porque eu como demais!

Ele se levantou e abriu a porta onde um lacaio com a bandeja estava esperando.
Johanna sorriu quando o marido se aproximou dela, colocando-a sobre os joelhos. —

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Uhmm! — Impaciente, pegou um pão e mordeu enquanto ele tirava a tampa de prata
do prato. — Rosbife com ervilhas.

Todas entraram no quarto e Elizabeth perguntou — O que o médico disse?

— Eu devo comer mais, — disse encantada. Sua mãe ofegou. — Por isso agora você
não pode dizer nada.

— O médico disse muito mais, mas minha esposa o ignora convenientemente. Deve
descansar, não se assustar, não deve deixar o quarto sozinha sem vigilância, e
quando digo vigilância significa que você deve ir ao braço de alguém, caso você caia,
— disse ele muito sério. Susan e Rose assentiram. — E deve comer mais porque o
médico acha que há dois.

Todos gritaram de alegria, mas Johanna continuou comendo como se não fosse nada.
Estava com fome e tão pouco era para tanto. Sorriu enquanto ainda mastigava,
pensando que agora seria muito mais difícil James deixá-la sozinha à noite.

Empolgadas, falavam todas de uma vez e ela fez uma careta pensando que,
aparentemente, o fato de que tinha que se trancar ali até dar à luz, lhes importavam
muito pouco.

— Vai ver quando seu pai descobrir. Como ele ficará orgulhoso — disse sua excitada
mãe, tirando um lenço da manga.

— Mãe, ainda não é certeza. É uma probabilidade, — disse ela, pegando outro bolo.

— Deve ganhar peso. Foi o que o médico disse.

— Mas poderá andar pelo quarto, certo? — Perguntou Elizabeth. — Não é bom que
esteja inativa. Deve ter força para o parto.

Rose assentiu. — Vai andar pelo quarto com nossa vigilância.

— Sim — James se aproximou preocupado. — Está bem?

— Sim, — ela respondeu com a boca cheia. — Você não tem nada para fazer?

— Além de ver como minha esposa come, não.

— Estarão com fome, — disse ela, olhando para Elizabeth e acenando.

— Oh sim. Deixemo-la jantar tranquila enquanto esperamos pelos outros abaixo.

— Vão vocês. Eu fico. — Disse seu marido, sentando-se ao lado dela.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Não tem fome?

— Me alimento vendo você comer.

— Oh, que lindo... — ela disse sorrindo. — Mas não quero que você perca peso.
Gosto do jeito que você é. Meu gigante escocês, então mova sua bunda até a sala de
jantar e coma direitinho.

James riu e beijou sua têmpora. — Vou mandar uma donzela para acompanhá-la.

Ela rosnou baixinho observando como saíam e Elizabeth piscou para ela. Assim que
a donzela chegou, a mandou para a cozinha dizendo-lhe para levar a bandeja e não
se incomodar porque iria dormir.

Ouviu risadas no andar de baixo e suspirou deitando-se de lado com a mão no cabo
da arma. Não pôde evitar que as emoções a fizessem fecharem os olhos pouco a
pouco e nem ouviu James entrar no quarto e sair minutos depois,adormecendo
profundamente.

Um toque no ombro dela fez com que se voltasse meio sonolenta e piscou ao ver
Robert ao lado da cama. Foi quase um sonho ou isso pensou até que ele sorriu e disse
— Eu sabia que você não ia gritar.

— Robert?

— Olá princesa. Você sentiu minha falta? — Ele sentou-se ao lado dela e afastou uma
mexa preta da bochecha. — Você é muito mais bonita do que eu imaginava.

Ela deu um soco na mão afastando-o imediatamente e Robert sorriu. — Estúpido


idiota. Como te ocorre trair a meu pai?

— Ele me devia esse dinheiro por me jogar para fora do porto.

— E todos os demais?

— Foi um extra.

— Você sabe o que aconteceu com Betsy? — Robert ficou tenso. — Devolva o
dinheiro para que ela possa sair da prisão!

— Não posso fazer isso.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna olhou para ele com desprezo e sentou-se na cama. — Você fez dela sua
amante. Betsy! — puxou a arma e apontou para o rosto. Robert sorriu. — Eu deveria
atirar em você.

— Você não vai. Me quer.

— Eu amei o jovem que você foi,a esse homem eu não conheço. Meu Robert nunca
teria usado Betsy aproveitando de seu amor.

— Garanto-lhe que foi muito persuasiva, — disse sem perder o sorriso.

— Porco.

— Não seja ciumenta, princesa. Foi apenas um meio para chegar até você.

— Ela te quer! Como pode ser tão frio?

— Serão os anos que passei dormindo na rua tentando sobreviver! Quem você acha
que é responsável?

— Não culpe meu pai! Ele te avisou para não falar mais comigo e você o ignorou!

— Me esforcei muito para ser de confiança! Ele nunca teve uma queixa minha e eu fiz
tudo que podia para que estivesse satisfeito com o meu trabalho. — Riu
desdenhosamente. — Mas é claro que naquela época eu era um idealista e achei que
me daria sua mão em algum momento. Garanto-te que aprendi a realidade através
do mal.

— Você o deixou zangado. Eu era uma menina e você teve a coragem de se gabar de
que eu seria sua esposa.

— É que você é minha, Johanna, — sibilou furioso, fazendo Johanna prender a


respiração. — Você tem sido por todos esses anos e aquele desgraçado com quem
você se casou está morto.

— Não se aproxime de James! Foi minha culpa este casamento.

— Levanta, nos vamos daqui.

Estava louco! E o pior de tudo, estava convencido de que sairia dali com ela. Olhou
para o seu rosto sob a fraca luz que se filtrava através das janelas e sussurrou
angustiada. — Sinto muito, Robert. Mas meu marido vem em primeiro lugar.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


O estampido o surpreendeu e atordoado recuou. Segurou o poste de madeira com a
mão no ombro. — Princesa...

— Sinto muito Robert, mas não posso permitir que continue.

A porta se abriu e James entrou no quarto com uma arma na mão. — Não o mate! —
Ela gritou ajoelhada na cama.

— Filho da puta! — Furioso segurou-o pela camisa. — Vou te matar!

— Não, James! — Ela gritou horrorizada quando bateu em seu corpo. — Tem uma
faca!

Viu seu reflexo e suspirou de alívio quando James deu um salto para trás, apesar de
ter cortado o paletó.

Assustada, ela levantou a arma, mas ele foi mais rápido e pulou na cama, colocando
a faca em volta do pescoço.

— Pare ou mato ela! Princesa, jogue a arma.

Henry entrou na sala com uma escopeta e Robert riu. — Mas se está aqui o rei das
docas.

— Pai, não! — Jogou a arma do outro lado da cama, esperando que todos
mantivessem calmos.

— Não o defenda. Este bastardo vai pagar por ter me roubado.

— Jogue a faca, — disse James. — Eu advirto. Mova um músculo e mato você.

— Eu poderia matá-la antes que te dê tempo de atirar.

Johanna prendeu a respiração. — Robert...

— Robert? — Ele puxou seu cabelo para trás. — Você me traiu, princesa. Sabe o que
eu faço com aqueles que me traem. — Beijou sua têmpora enquanto olhava para os
homens.— Agora vai se levantar devagar e sairemos daqui como planejado. Se for
boazinha, deixarei que fique com o bebê.

— Robert, não poderá sair da casa! Pare de idiotice e largue a faca! —Gritou
assustada por seus filhos.

— Claro que me deixarão sair daqui contigo. Não se arriscará a perder seu herdeiro.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Solte a minha filha!

— Pai... — ela avisou com os olhos para que não perdesse a calma.

Então entraram as mulheres e Elizabeth disse — Já avisei a Jack Sterling.

Robert maldisse baixinho e abraçou-a sobre a barriga como se não quisesse se separar
dela. Johanna sentiu os olhos se encherem de lágrimas olhando para o marido. —
Morrerei antes de te deixar ir, — ele sussurrou em seu ouvido e Johanna sabia que a
mataria com ele. — Eu te amo tanto, princesa... Venha comigo. Venha para casa.

— Betsy ...

— Esqueça Betsy! Eu fiz isso por você! Te necessito. Não suporto mais ficar longe de
você. Por favor, — disse desesperado. — Eu te amo muito mais do que ele vai te
amar.

Johanna fechou os olhos e uma lágrima caiu por sua bochecha. — Está bem. Irei com
você, mas deve me prometer que enviará o bebê para meu marido quando ele nascer.

— Jo! — Gritou James, perdendo a calma.

— Enviarei seu filho. Te juro. Vamos.

Eles se arrastaram para fora da cama e sem remover a faca de seu pescoço, ele gritou.
— Liberem a porta!

Todos se afastaram e empurrou Johanna, que nem conseguia olhar para o marido.

— Cuidado com os degraus. — James disse desesperado temendo que a empurrasse


por eles.

Sem soltá-la, começaram a descer devagar e, quando chegaram ao salão, vários


membros do serviço estavam armados de facas, mas, ao ver o estado de sua ama, não
ousaram intervir.

— Você, abra a porta! — Ele gritou para uma donzela que se apressou a fazer o que
ele pedia.

— Estou descalça, Robert.

— Sinto muito, mas terá que suportar isso. —Disse empurrando-a para fora. Para sua
surpresa, havia uma carruagem na porta e ele a subiu quase à força. Sentou ao lado
dela, ainda olhando para a porta onde toda a sua família assistia impotente. Robert

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


bateu no teto da carruagem e eles saíram tão rapidamente que o movimento para trás
fez com que fizesse um corte no pescoço. A pequena ferida começou a sangrar
manchando a camisola branca e Robert se assustou afastando a faca. — Sinto muito.
Não queria fazer isso.

Surpreendendo-o, abraçou-o com força e enterrou o rosto em seu pescoço. —Deve


me deixar ir. Você pode fugir sozinho, mas se você me levar não terá uma única
chance. Por favor, Robert. Te matarão.

— E não quer que me matem.

— Não, não quero que te matem, porque Betsy sofreria por você. — Robert ficou
tenso e afastou-a para olhá-la nos olhos. — Te ama. Tanto a ponto de me trair.

— Ela não me importa como você.Te juro.

— Não te amo, Robert.Te quero muito, mas não te amo. Amo meu marido e vou
amá-lo até que morra.

Robert gritou furioso e fora de si, deu um tapa que virou seu rosto. Johanna virou-se
lentamente para olhar nos olhos dele com frieza.

— Por que está fazendo isso comigo? —gritou na cara dela. — Dei tudo por você! Se
não me amar, mato seu filho! Te juro!

Então Johanna ficou horrorizada porque havia perdido totalmente a razão por causa
de uma obsessão absurda que havia dominado sua vida desde que o pai o expulsara
do porto. Talvez fosse responsabilidade sua, mas não permitiria que colocasse sua
família em risco. Então fez a única coisa que podia fazer. Dar-lhe razão.

— Deve entender que não nos vemos há muito tempo. Muitas coisas aconteceram,
mas eu vim com você. — Pegou a mão dele. A mão que acabara de bater nela. —
Acredita que voltarei a te amar?

Essas palavras o relaxaram e ele sorriu acariciando sua mão —É só uma questão de
tempo você verá. Vai esquecê-lo porque é a mim que você ama. Te incutiram aquele
homem por meses, mas sei que vocês não se amavam. Você o odiará novamente pelo
que ele fez com você.

Johanna desviou o olhar para a janela, reprimindo as lágrimas, pensando em James,


que devia estar nervoso e sussurrou. — Temos que fugir imediatamente, Robert.
Aonde vamos?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


—Para o porto. Lá tenho um barco esperando por nós.

O coração de Johanna quase pula de alegria,pois Sterling dominava a área e logo


saberia que eles estavam lá. Só teria que atrasar a partida do navio e não seria difícil.

— Um barco? — Ela sorriu encantada. — Aonde vamos? Para as Índias? Para o


continente? Eu gostaria de conhecer a Grécia.

— Será em outra ocasião, princesa.Voltamos para casa.

— Para Boston?Ali te encontrarão.—Disse, escondendo sua satisfação.

— Tenho negócios para resolver. Dívidas a saldar e antes que percebam que estou ali
já teremos ido para o Caribe.

Johanna não se importava porque não iam sair do porto e ele ia morrer naquela noite.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 12

A carruagem diminuiu a velocidade e, quando olhou pela janela, viu os navios.


Haviam chegado. Robert saltou da carruagem e estendeu a mão. — Vamos, princesa.
Chegou a hora de irmos.

Pegou sua mão e lentamente saiu da carruagem, segurando sua barriga. Enquanto
rodeava a carruagem, viu dois homens nas sombras. Robert puxou sua mão
chegando à rampa que subia a bordo e lá ela viu sua chance. Enquanto subiam a
rampa, puxou com força sua mão e Robert surpreso a olhou antes que o empurrasse
pelos ombros com a intenção de jogá-lo na água, mas ele segurou a corda
desestabilizando-a e Johanna gritou ao cair no vazio. O choque com a água foi
terrível, mas o que mais a impressionou foi que a água estava gelada. Tudo estava
escuro e assustador.

Tentando sair de lá, se impulsionou com as pernas movendo os braços para cima,
mas algo caiu ao seu lado assustando-a. O rosto de Robert a fez gritar até que
percebeu que tinha um tiro na testa. Viu seu rosto se afastar com os olhos abertos e
sem vida, fazendo-a gritar novamente por todas as memórias compartilhadas e
gargalhadas passadas. Um chute na barriga dela fez com que reagisse e impulsionou
para cima quase sem ar saindo à superfície tomando ar. Ouviu gritos e quando olhou
para cima, viu vários homens na rampa chamando-a gritando.

— Aqui! — gritou quase sem força. — Aqui!

Um braço a rodeou e ela gritou surpresa, virando a cabeça viu um dos homens de
Sterling que conheceu em sua outra visita ao porto. O homem sorriu. — Condessa,
fez que me molhasse.

Ela sorriu se deixando levar. — Desculpe pelo inconveniente.

— Eu a perdoo. Está ferida?

— Não sei. Foi uma boa queda. O bebê me deu um chute — disse, deixando-se levar
para uma corda do embarcadouro.

— Depressa! — Ela segurou a corda e gemeu porque não podia subir. — Não se
preocupe. Estará em cima antes que perceba.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Mas não foi tão simples. Como ela não podia subir pela corda, tiveram que ir por
uma escada de um dos navios. Quando começou a subir, mal sentia as pernas e com
certeza tremia.

O homem teve que subir grudado a ela para que não caísse novamente e quando
chegaram ao topo a deitaram no assoalho colocando um cobertor sobre seu corpo.

Ergueram-na e imediatamente a colocaram em uma carruagem quando o duque de


Stradford e seu marido chegaram a cavalo. James pulou da montaria e entrou na
carruagem. — Como está?

— Caiu na água da rampa, meu senhor, — disse, fechando a porta atrás de si.

— Olá. — Johanna sorriu, pegando a mão dele. — Você veio.

— Claro que vim. — A carruagem começou a andar e James tirou o casaco para
cobri-la com ele.

— Estás congelando.

— Eu vou ficar bem. O bebê me chutou.

James tirou a cabeça pela janela e gritou — Alex, corra para casa! Chame um médico
e prepare um banho quente!

Assustado a pegou em seus braços, apertando-a. — O médico vai ficar zangado, —


disse, tremendo em seus braços.

— Não deveria ter saído. — Disse ele, tentando reprimir sua raiva.

— Não vamos falar sobre isso agora, por favor. Apenas me abraça.

E ele fez isso. A abraçou todo o caminho de volta e quando chegaram a abaixou
imediatamente dando ordens a grito.

Rose e Susan de olhos vermelhos correram para o quarto. Sua amiga Elizabeth
interrogou seu marido enquanto Henry e Nelson ouviam atentamente.

Ao chegar no quarto, imediatamente a colocaram na água quente e gritou com a


sensação do contraste de temperatura. James ordenou a duas donzelas que a lavem e
elas estavam ensaboando o cabelo quando o médico entrou no quarto rapidamente.

— O que aconteceu?

— Ela caiu na água. — James limpou a garganta. — Água no porto.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Que parte de você não sair do quarto não entendeu?— gritou furioso

—Me sequestraram! —Johanna inclinou a cabeça para trás, deixando que escorresse a
água que a donzela havia preparado. — Meu noivo me sequestrou.

— Seu noivo?

— É uma longa história! — James a fulminou com o olhar.

— Vou esperar lá embaixo até que saia da banheira.

— Em poucos minutos estarei com você. — Ela forçou um sorriso antes de olhar para
o marido. — Fiz o melhor para todos.

— Não deveria ter saído de casa! Tudo estava sob controle até que você o ajudou!

— Teria me matado! Estava louco!

— Não discuta, — disse Rose— estamos nervosos por tudo o que aconteceu.

— Eu nervoso? Deve ser porque minha esposa grávida foi embora com seu noivo
porque lhe disse que a ama e que voltasse para casa com ele! —Deu um passo em
direção à banheira ameaçador. — Acha que sou um idiota? Que não percebi que você
poderia tê-lo matado várias vezes e que não o matou?

Johanna se levantou com cuidado. — Vou te perdoar porque você está nervoso! Mas
acabo de estar a ponto de morrer e começo a perder a paciência! Fiz o que parecia
melhor para nos salvar!

— Deixem de gritar! — Susan cobriu-a com uma toalha.

— Você quer dizer salvá-lo!

— Bem, já que você diz, sim! Queria salvá-lo para tentar ajudar a Betsy! Queria salvá-
lo porque tinha a sensação de que, se não fosse com ele, enfiaria a faca em mim
diante de meu pai e de você, porque ele me amava acima de tudo e antes de morrer
me levaria com ele!

— Você queria salvá-lo porque o amava!

— Eu o queria muito e não vou negá-lo. Foi muito importante na minha vida e tenho
lembranças maravilhosas dele!

— Você ia com ele, verdade? Ia deixar tudo para trás para voltar com ele, porque
aquele ladrão sim disse que te amava.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna perdeu a paciência. — Ao contrário de você, ele demonstrou mil vezes.

Seu marido deu um passo para trás como se tivesse levado um soco e apertando sua
mandíbula, deixou o quarto batendo a porta.

— Filha, o que você fez?

Os olhos de Johanna se encheram de lágrimas. — Perder a paciência, mãe. Só isso.

O médico a examinou e, como da última vez, ordenou que descansasse e não saísse
da cama em uma semana. Como o porto era um foco de infecções devido à sujeira da
água, eles temiam que ela adoecesse pelos próximos três dias. Mas Johanna não se
importava porque só se importava que James não a visse desde a discussão.
Perguntou pelo seu marido para sua mãe e disse que estava em casa. Estava zangado
e não queria subir para falar com ela para não alterá-la como o médico havia
proibido.

Esperou pacientemente, mas depois de duas semanas a situação era tão semelhante à
sua vida de recém casada que realmente se zangou. Então, quando ele finalmente
decidiu ir visitá-la, estava muito tensa olhando pela janela do quarto.

Sentiu como se aproximava e parava ao lado dela. — Como você está?

— E você me pergunta agora? Duas semanas, James.

— Não quero discutir.

— Nem eu, — ela sussurrou, sentindo seu coração quebrar porque por dentro
esperava que ele a beijasse e a abraçasse, dizendo a ela que ele tinha se comportado
assim por causa do ciúme. — Eu não quero discutir porque não há nada para
discutir.

— Devo admitir que perdi a calma e posso não reagir bem em uma situação extrema.

— Olhe para mim, James. —Se virou para ele. — Me olhe. Eu perdi Betsy e muito
grávida tive que tomar uma decisão pensando no bem de todos. Estou cansada de
você não me apoiar. Nunca faz.

James ficou tenso. — Eu nunca faço?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Não. Na verdade, sempre sou eu que tenho que te perdoar.

— Eu te perdoei primeiro! — Ele gritou fora de si.

— Sim, você me perdoou por forçá-lo a esse casamento que não queria porque estava
comprometido com Mara. Acho que já me desculpei por isso. —Olhou em seus olhos.
— Mas quando você me pediu perdão, James? Quando me pediu perdão por me
humilhar, mentindo para mim e tudo mais?

— Eu me desculpei.

— Nunca o fez. Você exigiu que te perdoasse, mas você nunca me pediu perdão pelo
dano que me causou. — Voltou a olhar para a janela e sorriu sem vontade. — Duas
semanas sem saber de ti. Não posso acreditar que tenha sido tão estúpida.

— Que quer dizer?

— Vamos discutir isso depois do parto, se você não se importar. Agora vou tirar uma
soneca e não quero que você me incomode até depois do parto. Você me altera.

James franziu os lábios e ia dizer alguma coisa, mas se reprimiu antes de sair do
quarto com passos furiosos. Depois de sair do quarto, Johanna reprimiu as lágrimas,
sabendo que seu casamento não tinha futuro. Na verdade, nunca teve. Havia se
empenhado em algo que era impossível e tinha esperança que tudo corresse bem
depois de ter ido procurá-la na Sardenha. Deveria ter percebido que se a havia
enganado para se casar, estavam novamente fundamentando seu matrimonio em
uma mentira, mas tão apaixonada como estava, só havia pensado que estava
desesperada para que voltasse ao seu lado. Quão errada estava. Uma lágrima caiu
em sua bochecha, pensando nos bons tempos, que em todo esse tempo haviam sido
poucos. Realmente poucos. Tocou sua barriga quando sentiu um chute e sentindo-se
incomoda levantou para caminhar por um tempo. Isso era tudo o que importava no
momento. Ter filhos e que sejam saudáveis. Não deixaria que nada a incomodasse
naquele momento para realizar seu objetivo. Nem James, nem o que sentia por ele.
Isso o deixaria para mais adiante.

James sentado em sua cadeira olhou para cima e Alex lhe entregou uma bebida. —
Agora é a minha vez de impedi-lo de que suba para perturbar. —Disse divertido.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Não queria me ver. —Olhou para o líquido âmbar em seu copo. —Não quer me
ver há semanas. Fui proibido de entrar no seu quarto.

Alex suspirou sentado diante dele. — Não entendo como duas pessoas que se amam
como vocês não se entendem. Qualquer um teria percebido que você estava
aterrorizado quando viu seu estado no porto. Mas nem ela percebeu, nem você
tentou controlar seu caráter. E no final Johanna explodiu como é lógico. — Ele
suspirou antes de beber da xícara. —Conhece à sua esposa. Como te ocorre de acusá-
la de ir-se com esse homem voluntariamente? Todo mundo viu que estava fazendo
isso para tentar controlar uma situação imprevisível.

— Já terminou?

Alex apertou os lábios. — Não quero te repreender. Só tento saber por que não a
visitou em duas semanas.

— Não queria alterá-la.

— Besteira. Estava morto de medo que te dissesse que tudo havia acabado. Que
estava farta de ti e que não te suportava mais.

Pálido apertou o copo até rompê-la e deixou cair os restos dos cristais no chão. Alex
observou-o olhar para a mão ferida, mas não fez nada para curar-se. — Disse a ela
que não poderia viver sem ela e...

— E isso é tudo? Com isso deve estar feliz pelo resto da sua vida? — Pegou um lenço
do bolso da jaqueta e entregou a ele. — Não disse a ela que a ama?Que a deseja?
Qual é a melhor coisa que você já teve?

— Deduzo que você diz muito a Elizabeth. — Ele pressionou o lenço contra a mão.

— Digo a ela todos os dias. — Viu a surpresa no rosto de James. — E você sabe por
que faço isso?Faço porque é verdade e porque compensa os momentos em que eu
estrago tudo. Você não há compensado nunca, amigo.

— Eu não sou assim. Deveria saber que eu a quero! — Furioso se levantou. — Se fui
procurá-la na Itália, pelo amor de Deus! Nunca fiz nada parecido por uma mulher!

— Mas ela não é uma mulher qualquer. É tua esposa. E além disso, ela não sabe
porque nunca disse a ela. Se eu tratasse Liss assim, ela me meteria uma bala.

James andou nervoso em frente à lareira. — Não se ouve nada.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Acaba de começar.

— Eu deveria falar com ela.

— Não acho que este preciso momento é o melhor para ser honesto. Tampouco o faça
quando veja o bebê, porque vai pensar que faz isso pela criança.

— Então deveria fazer isso agora.

Nesse momento, Nelson e Henry chegaram do clube. — Está em trabalho de parto?—


Perguntou seu sogro, dando o chapéu para o novo mordomo.

— Sim, o médico acabou de chegar, — disse Alex, fazendo um gesto para o lacaio. —
Uma taça? Será uma longa noite.

— Senhores... — Todos olharam para o mordomo. — Devo servir o jantar? As


senhoras baixarão para jantar?

— Prepare um jantar frio na sala de jantar para que, se alguém estiver com fome, se
sirva quando tiver vontade. —Ordenou Nelson.

O mordomo assentiu antes de sair e, nesse momento, Elizabeth chegou e sorriu para
os recém-chegados. —Tudo vai muito bem.

— De verdade? — James se aproximou à toda pressa. — Está bem?

— Vai dar à luz a qualquer momento!

James empalideceu. — A qualquer momento? Mas se apenas começou e geralmente


dura horas.

—Parece estar com dores desde a manhã de hoje, mas não disse nada.

— Isso é típico da minha filha, — disse Henry com orgulho— uma vez ela quebrou o
braço quando criança e não disse nada durante todo o dia.

Ignorando-o, James perguntou — Mas está tudo bem?

— Sim, tudo vai...

Nesse momento, ouviram o choro de um bebê e Elizabeth saiu correndo. James ia


segui-la, mas Alex segurou seu braço. — Espere. Não pode interromper agora.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


James não aguentou mais e soltou o braço, subindo as escadas correndo. Abriu a
porta e viu sua mãe com o bebê em seus braços, mas James se aproximou de sua
esposa, que suava muito enquanto o médico dizia para respirar profundamente.

— Filho, deveria esperar lá embaixo.

Ignorando-a, se sentou ao lado de sua esposa. — Como está?

Johanna se apoiou nos cotovelos, deu um soco que tirou-o da cama antes de gritar
com ele. — Te odeio! — Atônito a viu chorar. — Isso dói muito!

— Condessa, concentre-se.

— Ele não me deixa!

— Conde, por favor. É um momento muito delicado. —Disse o médico exasperado.

Se pôs de joelhos olhando para sua esposa que olhou para ele. — Saia do quarto!

Por Deus, estou dando à luz!

— Isso estou vendo, — ele sussurrou, pegando a mão dela— você pode me dar
alguns minutos?

— Agora? — indignada estreitou os olhos antes de deixar-se cair no colchão e se


contorcer de dor.

James empalideceu e olhou para a mãe que sorria para o bebê. — O que é, mãe?

— Uma linda garota.

Ele sorriu antes de se virar para Johanna. — Sobre o que aconteceu nessas semanas ...

— Fora daqui! — Gritou fora de si.

— Sim, vou logo, mas...

— Agora, condessa!

Johanna apertou sua mão com força. James viu assustado como ficava vermelha
como um tomate e sussurrou. — Vamos, linda, empurre.

Exausta, tombou no colchão. — Incrível, não reclamou nem uma vez, — disse o
orgulhoso médico antes de olhar para James— encoraje-a, conde.

— Isso eu tento.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


—Não preciso desse bruto para me animar! Saia do meu quarto! — disse em voz alta
sem soltar sua mão.

Uma donzela passou um pano úmido em sua testa antes de empurrar novamente.
James sentou-se, tirando o pano da empregada e passou-o pelo rosto enquanto ela
empurrava. Exasperada, deu um tapa nele para que a deixasse em paz. — Deus, tire-
o daqui! — Gritou muito nervosa.

— James, por favor, — disse Elizabeth preocupada. — Deve sair. Está alterando-a
muito.

— Alterando! Estou prestes a ter um ataque!

— É melhor eu ir, — disse inseguro — se soltar a minha mão...

Elizabeth reprimiu um sorriso ao ver sua amiga olhar para ele com ódio antes de
soltar com relutância a mão dele. — Vá, não preciso de você.

— Pois agora não vou! —Lhe gritou em seu rosto.

Johanna revirou os olhos e Rose riu. — Seu casamento será sempre assim.

— Casamento? Que casamento?

— Empurre, condessa. Ignore-os.

Ela respirou fundo e voltou a empurrar enquanto James se sentava ao seu lado e
sussurrava — Está fazendo muito bem, linda. — beijou sua têmpora e Johanna gritou
no último momento antes de ouvir o bebê chorar. Exausta, deixou James deitá-la na
cama e seu marido passou o pano sobre o rosto dela enxugando o suor. Sua esposa
estava respirando pesadamente enquanto mantinha os olhos fechados. —Jo?

— Outra menina, — disse Rose emocionada. — E são lindas. São loiras.

James sorriu, mas sua esposa ainda estava respirando mal e não abria os olhos. —Jo,
abra os olhos. Estás me assustando.

Abriu-os de repente e pegou o pano com força. — Longe do meu quarto!

Ele fez uma careta quando viu seu olhar enlouquecido. — Sim, acho que é melhor
esperar lá embaixo. — Deu-lhe um beijo rápido nos lábios e ela com a mão livre
bateu nele sem soltar o pano. — Eu entendo que você pode estar um pouco irritada.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Irritada! Meu objetivo nesta vida será tornar sua vida impossível! — Seus olhos se
encheram de lágrimas. — Te odeio!

— Por que, linda? — Ele sussurrou acariciando sua bochecha.

— Você nunca me quis! — Envergonhada, se virou de lado e o médico protestou.—


Vá ou não vou deixar que me atendam.

James assentiu observando sua esposa começar a chorar, cobrindo o rosto como se
estivesse com vergonha de si mesma. Nesse momento, deveria ter sido o mais feliz
de suas vidas, sua esposa estava chorando por causa dele. James se levantou e saiu
do quarto tentando não aborrecê-la mais.

Desceu as escadas pensativo e chegou ao salão onde todos olharam para ele com
expectativa.

— Minha filha está bem?

— Sim, — ele respondeu, sabendo que estava se referindo à sua condição física. Se
aproximou da poltrona e sentou-se, apoiando os cotovelos nos joelhos, apertando as
mãos. — São meninas.

Alex franziu a testa. — Você não está feliz?

— Claro que estou feliz.

Henry se aproximou de seu genro. — Bem, você não parece muito feliz. Estão bem?

— Sim.

Os homens se entreolharam e Henry cruzou os braços. — Você quer uma bebida para
comemorar? Normalmente se faz isso, sabe?

— Será quando a mãe não há jogado o pai para fora do quarto chorando porque o
odeia.

— Ah, é isso. — Henry sorriu e quando viu sua expressão de confusão, começou a
gargalhar. —Você é mesmo um idiota.

— Obrigado.

— Você não conhece sua esposa em absoluto.

— O que quer dizer? Claro que a conheço!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Se você a conhecesse,saberia que Johanna nunca guarda rancor. Tem o maior
coração que existe e pode perdoar qualquer coisa. Até mesmo um marido idiota que
não sabe o quanto o ama.

James levantou-se surpreso. — Você acha que ela ainda me ama?

— Não vou te ajudar com isso. — Se virou para o armário de bebidas e serviu-se de
um copo de conhaque. — Terá que passar penitência.

— Penitência?Levo semanas sem conversar com minha esposa por causa da


gravidez!

— Vê como você é um idiota? Ela precisava do seu apoio e que se rastejasse diante
dela por suas acusações estúpidas no dia em que Robert morreu. Pelo amor de Deus,
quem pode dizer tal coisa em um momento tão delicado?

— Meu filho é impulsivo e se deixa levar pelos nervos.

— Deve aprender que ela vem em primeiro lugar! Como o é para ela!

Alex assentiu. — É o que eu digo.

— É a primeira! Para mim é!

— Não o tem demonstrado — disse Nelson.

— Pai, que você me dê lições quando esteve tonteando com a mãe durante vinte e
cinco anos...!

Nelson rosnou antes de beber do copo enquanto Alex ria.

— Deixe comigo, conheço minha filha melhor que ninguém. — Se sentou diante de
seu genro. — Ouça-me bem e preste atenção. Se quiser que sua esposa o perdoe o
quanto antes sem perder seu orgulho, deverá demonstrar a ela que a ama pouco a
pouco.

— Pouco a pouco?

— Sim, porque senão ela não vai acreditar. Vai pensar que faz isso pelas meninas e
para se darem bem. Deverá ser detalhes que pareçam que você faz sem prestar
atenção, mas ela vai notar.

— Como por exemplo?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Alex revirou os olhos. — Por exemplo, você não se incomodou em comprar um anel
de casamento para ela.

James corou. — É que eu tinha deixado em casa.

— Está falando sobre o que Susan te deu? — Perguntou Nelson. — Não pode dar a
ela aquele anel! É do seu primeiro casamento falso! Você não tem sensibilidade?

— Como um porco-espinho. — Alex respondeu divertido.

— É muito fácil para você.

— Eu dei joias para minha esposa antes mesmo de chegar a Londres para sua
apresentação.

— Esse é um homem detalhista! — Disse Henry. — Sua esposa deve estar encantada.

—Acabei de dar um piano que é a inveja de toda Londres. Sim, ela está encantada.

James olhou para ele hostil. — Claro, minha Johanna escuta essas coisas e não há
ninguém para competir.

— Você nem sequer entrou na competição. Você ficou nas tribunas assistindo desde
que se casou.

— Espertinho.

— Obrigado.

— Com isso não estou lhe dizendo para enchê-la de presentes, — disse seu sogro. —
Você não quer que se torne uma mimada sendo mesquinho como é.

— Eu não sou mesquinho!

— Ela pediu uma carruagem e você disse não! E você reclamou que comprou um
casaco!

James corou. — Para que quer uma carruagem, hein? Se não vai com Elizabeth, com
quem vai?

— Está com ciúmes! — exclamou Nelson atônito. — De Johanna, que lutou por você
desde o começo?

— Não, não desde o começo, porque se foi para a Sardenha! E então veio aquele
Robert!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Está claro que o seu casamento precisa de monotonia, — disse Alex, prestes a rir.
— E dizem que isso mata o casal, mas no seu caso é o que você precisa.

— Não, devem ficar em Londres, para que ela não sinta que a estão encurralando.
Assim que retornar à vida social, vai se relaxar, — disse seu pai convencido. — E
para o primeiro baile você dá a ela um pequeno presente como se não fosse nada.

James assentiu. — Entendido.

— Seria bom se desse a ela um bom presente agora. Pelo nascimento das meninas. —
Observou Alex.

— Entendido.

— E nada de recriminar seus gastos. Agora precisará de roupas novas, —


acrescentou Nelson.

— Muito bem.

Os três olharam para ele levantando as sobrancelhas e, naquele momento, Rose e


Susan chegaram com as meninas em seus braços. Eram lindas e minúsculas com seus
cabelinhos loiros. Orgulhoso, deixou que colocassem uma em cada braço e sorriu,
achando que o presente deveria ser ótimo, depois do que tinha sofrido para dar-lhe
essas preciosidades.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Capítulo 13

— Milady, acaba de chegar um presente para você, — disse sua nova donzela,
pegando a menina de seus braços. — Olhe pela janela.

Impaciente, foi até a janela e abriu a boca, surpresa, ao ver uma enorme carruagem
pintada de branco, com molduras douradas. Era a coisa mais impressionante que já
tinha visto.

— Meu pai mandou?

— É presente do conde.

Surpreendida, ela olhou para a donzela que sorria encantada. — Do conde?

— Sim! É linda, condessa. Eu nunca tinha visto nada assim.

Ela grunhiu e olhou pela janela novamente, estreitando os olhos. — Então, um


presente do conde.

Abriu a janela, pegou a lâmpada de óleo e jogou-a sobre a carruagem que começou a
queimar diante de todos.

Ela sorriu satisfeita fechando a janela e disse friamente para a donzela surpresa — E
meu vestido vermelho? Vou me vestir para o jantar e essa cor é muito apropriada.

— Sim, condessa.

Ouviu os gritos dos serviçais que tentavam apagar o fogo enquanto a donzela
colocava a menina em um dos berços que ela havia colocado em seu quarto. Naquele
momento, a porta se abriu e ela sorriu irônica ao ver seu marido entrar, tentando se
acalmar.

— Querida...

— Sim, marido?

— Essa maldita carruagem me custou uma fortuna, querida.

— Oh!De verdade? Sinto muito. Foi um acidente.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


A donzela que estava tirando o vestido do armário ofegou pela mentira, mas ela a
ignorou sentando no banco diante da penteadeira e começando a pentear a espessa
cabeleira.

James se colocou atrás dela. — Então foi um acidente.

— A mim ninguém compra.

Ele ficou tenso e através do espelho viu como tentava se conter. Para sua surpresa, o
marido sorriu e disse — Você nunca deixa de me surpreender.

— O que diabos você quer dizer? —perguntou enquanto ele se dirigia até a porta.

— Parece que vai descer para jantar. Fico feliz de que esteja melhor para aproveitar a
noite. — Ele abriu a porta. — A propósito, amanhã iremos para a festa dos
Corrington.

— De verdade? Não sei se terei força necessária.

— Você terá. Dez dias se passaram e se você pode descer para jantar, pode ir ao baile
por algumas horas. Você pode se sentar, se necessário. Será bom para nossos amigos
e pais saírem para esquecer tanto drama.

Johanna ergueu o queixo porque sabia que, se recusasse, pareceria egoísta. — De


acordo.

Seu marido saiu do quarto e ela apertou o cabo da escova. — Meu vestido!

— Sim, condessa.

Seu penteado era um verdadeiro desastre e várias vezes teve que dizer à sua donzela
para ter cuidado, porque iria queimar o cabelo com as pinças. Seus cachos estavam
uma barbaridade e quando entrou na sala Johanna estava vermelha de raiva. James
ao lado da lareira se virou para ver o estado de sua esposa e fez uma careta quando
Susan ofegou. — Querida, o que aconteceu com você?

— O que aconteceu comigo? Que minha donzela não sabe o que faz. Isso aconteceu!

— Você está linda. — Disse seu marido, tentando acalmá-la.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Não me trate como uma menina! —Se aproximou e sentou no sofá de má maneira
enquanto os outros a observavam em silêncio. Johanna não sabia o que estava
acontecendo com ela, estava nervosa e, quando antes o problema de seu cabelo a
levava ao riso, naquele momento estava prestes a chorar de pura impotência.

Elizabeth sentou-se ao lado dela e pegou sua mão tentando consolá-la. — Não se
preocupe, até que encontre uma nova donzela, eu lhe empresto a minha.

Olhou seus olhos verdes e perguntou com uma voz congestionada. — De verdade?

— Ficará linda, já verá. Tem uma mão muito boa com penteados.

— Não sei o que me acontece. — Se aproximou e sussurrou. —Tenho vontade de


matar alguém.

Elizabeth riu surpreendendo-a. — Não tem graça! — De repente e deixando todos


atônitos, começou a chorar antes de sair correndo.

James ficou tenso e Elizabeth se levantou imediatamente.

— Não se preocupe, James, — disse sua sogra. —Tem o corpo alterado após o parto.
Acontece com todas nós em diferentes medidas.

Elizabeth deteve o conde que ia atrás de sua esposa e disse — Deixe comigo.

—Vou ver se está bem.

— Neste momento, o que ela menos quer é que seu marido veja o estado em que se
encontra. Eu te digo. Ela está insegura por causa de sua aparência e seus sentimentos.
Teve duas filhas e seu corpo está se adaptando. Precisa de tempo para voltar ao
normal. Deixe que alguém que acabou de passar por isso converse com ela.

A duquesa saiu da sala e foi atrás dela até a porta. Confuso ele olhou para Alex. — A
mesma coisa aconteceu com ela?

— Não queimou uma carruagem, mas por alguns dias... — Ele olhou para a porta e
baixou a voz. — Ficava histérica por qualquer coisa. Felizmente, voltou ao normal,
mas quase perdi a paciência várias vezes.

— Isso acontece com todas, — disse Henry, sentado na poltrona. — Estão mais
sensíveis que o normal. Lembro que Rose chorava com qualquer coisa. Tinha um
nariz como um tomate.

— Henry!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Todos riram. Todos menos James, que parecia preocupado. — Ainda bem que
pudemos deter o fogo, mas o reparo do carro custará um rim. Comprei-lhe o anel,
mas temo que ela o destrua para me ensinar uma lição. — Frustrado andou de um
lado para o outro. — Não sei como me comportar com ela.Se vou ver as meninas, ela
olha para mim como se eu fosse um inseto e depois de cinco minutos me pede para
sair do quarto porque está cansada. Deu o nome de Rose e Elizabeth sem sequer me
consultar. — Susan desviou o olhar e seu marido pegou sua mão. — Algo que não é
apenas um insulto, mas também um repudio para minhas mães por serem nossas
primeiras filhas. Mãe, nós não falamos sobre isso, mas ...

— Não se preocupe, eu entendo que a situação é muito tensa e que tudo é muito
difícil para os dois.

Frustrado, ele olhou para o duque, que não sabia o que dizer. — Disse algo sobre
nomes?

—Não ousei, porque temia que explodisse.

— Bem, quem sabe acha que te parece bem ou que não se importa.

— Como posso não me importar que nenhuma das minhas filhas tenha o nome da
minha mãe?

— Não acho que tenha feito de propósito, e eu te digo sinceramente.Johanna não é


mesquinha.

— Já sei! É por isso que fiquei tão surpreso com sua decisão! —Olhou para a porta e,
incapaz de evitá-lo, foi até lá para olhar para cima. Preocupado, subiu as escadas e se
aproximou do quarto da senhora da casa. A porta estava entreaberta e aproximou-se
devagar.

— Johanna, você deve se acalmar.

— Acalmar-me! Não posso! Toda vez que o vejo, eu quero gritar! — James ficou
tenso. — Me dá nos nervos.

— O que a incomoda é que presta mais atenção às meninas do que a você.

Sua esposa ficou em silêncio e James sacudiu a cabeça de um lado para o outro sem
poder acreditar.

Quando a ouviu chorar, estava prestes a entrar até ouvir — Sou uma pessoa horrível.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Não, você não é horrível. Você só precisa de amor e seu marido não dá a você. Isso
é tudo. Deve resolver as coisas pelo bem da sua família. Você não quer que as
meninas cresçam nesse ambiente, não é?

— Este casamento nunca foi bem.— Disse sua esposa, com a voz embargada.

— O que passou pela sua cabeça para ajudar aquele homem a escapar?

— Eu tinha certeza que ele me mataria ao não ter escapatória. — Sua esposa
suspirou. — Eu o amava muito, sabe? Era um menino extraordinário e, se meu pai
não o tivesse chutado para fora do porto, certamente teria me casado com ele, porque
tudo era excitante ao seu lado.

— Você era uma menina.

— Não podia acreditar no que havia se tornado. Ele que sempre repreendia os
ladrões e tentava trazer ordem. Ele que sempre me protegia quando colocava minha
vida em perigo...

— Havia perdido o juízo, Johanna.

— Por minha culpa.

— Não foi sua culpa. Você era uma menina que se sentiu fascinada por um jovem
que vivia entre o perigo do porto. E ele estava fascinado que uma dama prestasse
atenção nele e tudo ficou confuso. Seu desespero por sentir o que vocês tiveram
juntos o fez cometer loucuras.

Ela começou a chorar novamente. — Não consigo entender porque usou Betsy desse
jeito. Minha pobre Betsy deve estar apavorada pensando que eu a odeio.

— Ela conhece você, sabe que não a odeia.

— Ela trabalhou duro para aprender a ser uma boa donzela. Devia tê-la visto quando
chegou à nossa casa em Boston. Era uma garota intimidada por tudo ao seu redor. —
Se pôs a rir. — Quando pôs os pés no meu quarto, perguntou quantos dormiam
comigo.

James sorriu e deu um passo para trás chocando com a sua sogra. Espantado, viu
todos os outros atrás e gesticulou para que se afastassem. Eles voltaram para o salão
em silêncio e James encantado pegou seu copo da lareira.

— Vejo que já sabe o que fazer? — Perguntou seu sogro, divertido.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Minha esposa me deu uma dica.

— Você pode ir buscá-la na minha casa, — disse Nelson, surpreendendo-o.

—O que?

— Não ia deixar minha Betsy ficar na prisão, — disse sua sogra, repreendendo-o com
o olhar. — Minha pobre garota foi seduzida por um canalha. Não podia deixá-la ali e
que se murchasse, já sofreu o suficiente por causa daquele homem que a usou.

James estalou a língua. — Aparentemente são muito mais espertos que eu.—
Ninguém disse nada e ele grunhiu antes de beber do copo, fazendo-os rir.

Minutos depois sua esposa desceu, e, envergonhada se sentou no sofá sem dizer uma
palavra. — Você quer um xerez, Johanna?

—Sim, triplo.

Divertido, pegou a garrafa e se aproximou. Surpreendida a pegou. — E a taça?

— Para que? Você aguenta a bebida muito bem, não é?

— Claro que sim! — Estreitou os olhos

— James, vai ficar bêbada. — Elizabeth riu.

— Precisa relaxar um pouco.— levantou ambas as sobrancelhas. — Além disso,


quero verificar se é verdade o que minha esposa diz sobre que a bebida não a afeta.
Isso sempre me intrigou.

Para surpresa de todos, Johanna bebeu da boca da garrafa e Rose gemeu ao ver os
goles que dava. Afastou a garrafa respirando fundo e sorriu quando viu que tinha
bebido metade dela.

— Parece que estava com sede, — Alex disse divertido.

— Pois é. — Ela sorriu para seu marido, que prendeu a respiração. — Eu me sinto
mais relaxada, obrigada.

— De nada,querida. — Pegou a garrafa com medo de que bebesse tudo e levou para
a lareira.

— Então amanhã nós temos um baile.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Sim, será a sensação porque há meses não saímos. Todos morrerão de vontade de
nos ver —disse Elizabeth maliciosamente. — Madame Blanchard me fez um vestido
verde esmeralda que é maravilhoso. Que mãos essa mulher tem.

— Sim, tem mãos maravilhosas para fazer contas.— Disse Alex, divertido recebendo
uma cotovelada de sua esposa. — Mas vale a pena te ver feliz.

Elizabeth sorriu deliciada enquanto Johanna lentamente perdia o sorriso e James


pigarreava.

— Deveria ir vê-la. Deve reformar seus vestidos antigos e escolher algo para a
temporada.

— Não sei se meus vestidos de festa ficarão bem em mim, — disse ela incerta,
olhando para a mãe, que fez um gesto sem dar importância.

— Certamente ficarão bem. —Disse Susan sem muita convicção.

— Se não for assim, não participaremos, — disse James sem rodeios. — Até que você
tenha um guarda-roupa com o qual se sinta confortável, não iremos a lugar nenhum.

Johanna pareceu surpresa. — Certamente encontrarei alguma coisa.

— Como você quiser. A decisão é sua.

Alex sorriu vendo como Johanna corava e James sorriu aliviado como se tivesse
vencido uma batalha.

— Vamos jantar? —Se aproximou de sua esposa e estendeu a mão. Insegura pegou
sem olhar nos olhos e se levantou. Nervosa segurou seu braço e olhou com
desconfiança enquanto seu marido conversava com seu pai sobre banalidades como
o tempo. O que se passava ali?

Elizabeth sorria de orelha a orelha e as outras também. Quando seu marido a ajudou
a se sentar à sua direita, se assustou quando a beijou no lóbulo da orelha antes de
sussurrar. — Não ligo para o que diz, você é linda.

Surpreendida, ela o viu sentar-se e ainda mais quando pegou o guardanapo,


colocando-o sobre o vestido como se fosse uma inválida antes de responder a uma
pergunta de Alex sobre um cavalo que tinham visto no parque.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


James pegou-a pela mão, sorrindo disse. — Suponho que logo voltará a sair pelas
manhãs para o seu passeio a cavalo. Mas agradeceria se me deixasse ir com você
porque eu não confio que esse Lebre ande por aí. Sterling ainda não o encontrou.

— Tudo bem. —Ela sussurrou antes de vê-lo sorrir de orelha a orelha.

— Vinho para a condessa.

Ela não sabia se era porque tinha dado à luz recentemente e como Elizabeth lhe
dissera que seu corpo estava alterado, mas estava começando a sentir que o álcool
estava afetando-a pela primeira vez em sua vida.

Viu quando o lacaio encheu o copo e o marido levantou uma sobrancelha. — É de


uma excelente colheita.

— De verdade?

— Deve prova-lo.Sei o quanto gosta desse tipo de vinho. — Fez um gesto para
servirem e ela pegou a colher assim que viu a sopa em seu prato. Começou a comer
pensando que provavelmente estava com o estômago vazio e era isso.

Mais relaxada, ouviu a conversa sobre que não encontraram ao Lebre, mas não se
importou. Riram de como Sterling estava bravo com um de seus homens por não
sequestrá-los como Deus mandava, perdendo os reféns no meio do caminho.

— Foi punido a vigiar a entrada de uma taverna, — Alex disse divertido. — Está
muito frio neste inverno.

— Sabe Johanna? Seu querido primo vem para Londres conhecer as meninas. —
Disse seu pai encantado.

— De verdade? — Metade da sopa caiu da colher e Elizabeth reprimiu a risada


quando a viu comer.

— Estou ansioso para conhecê-lo, — disse James, olhando para sua esposa divertido.
— Aparentemente, vocês se querem muito.

— Muito, — disse com uma voz pastosa. Estalou a língua e, ao pegar o copo de
vinho, colidiu com o prato quebrando a base do vidro delicado, mas Johanna nem
percebeu enquanto Rose ofegava espantada. Johanna bebeu da taça e esvaziou-a,
colocou-a em seu lugar sem ver que ela caiu de lado ao não ter em que se apoiar. Um
lacaio a substituiu rapidamente.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Água para a condessa, — disse James, reprimindo o riso como quase todo mundo.
— Querida...

Johanna olhou para ele e estreitou os olhos. — Sim, amor? — James ficou tão chocado
que olhou para ela sem reagir. Sua esposa colocou a colher de volta no prato,
esquecendo que estava falando com ele.

James sorriu e pegou a mão dela. — Você me ama, Johanna?

— Oh, querido. — sorriu, deixando cair a colher no prato meio perdida. — Claro que
sim.

A mesa inteira ficou em silêncio e James beijou sua mão olhando em seus olhos,
embora ela se aproximasse para vê-lo melhor, mas tudo estava embaçado. — James?

— Estou aqui, querida. — Ela sorriu abobada. — Parece que está um pouco distraída.

— Sim...

— Por que não bebe um pouco de água?

— Melhor comer alguma coisa, — disse Alex, segurando o riso. — Aquela que não
afetava a bebida.

—Acaba de dar à luz! — sua amiga a defendeu.

— Claro, querida. — Ganhou uma cotovelada de sua esposa, mas não se intimidou.

Johanna tentou tomar a sopa, mas não conseguiu e James gesticulou para o lacaio
levar o prato embora sem que ela percebesse. Tentou afundar a colher no prato
piscando várias vezes quando não viu seu conteúdo. Sorrindo, deixou a colher. —
Terminei.

— Sim, céu. Hás terminado — disse seu pai carinhosamente.

Surpreendida, olhou de lado. — Papai! Está aqui!

Alex não podia mais evitá-lo rindo à gargalhada, ganhando um olhar fulminante de
todos. Pigarreou disfarçando e Johanna o olhou antes de sorrir estupidamente. —
James?

— Estou aqui.

Quando se virou, ficou claro que sentiu vertigem e James empurrou sua cadeira com
pressa para se levantar. — Acho que é hora de você se deitar.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna fechou os olhos quando ele a pegou e sorriu. — O xerez me fez mal.

— Sim, preciosa. Minha culpa. Pensei que te relaxaria, mas te relaxou demais.

— Elizabeth é igualzinha. —O duque disse rindo.

James a levou para fora da sala de jantar e sussurrou — Parece que você não aguenta
mais a bebida.

— Meu corpo está mudado.— Disse seria.

— Sim, com certeza é isso.

— Voltará a ser igual de novo?

— Claro. Tudo vai voltar ao seu lugar e você estará gritando comigo em breve.

Johanna fechou os olhos. — É verdade, agora eu grito pouco com você. Quer que eu
grite com você?

— Eu prefiro que você faça amor comigo.

— Uhumm, sinto falta disso.

— E eu, querida. Mas resolveremos isso.

— Não, porque você não me ama. E se não me ama, não tocarei em você. — Negando
suas palavras, acariciou sua bochecha. — Como pode ser que a cada dia esteja mais
atraente? — Ela estreitou os olhos. — Tem uma amante?

— Não, tenho uma esposa.

— De verdade? —arregalou os olhos. — E como se chama?

— Johanna.

— Ah... sou eu.

— Sim, é você, — disse, olhando-a nos olhos— sempre foi você.

Johanna riu tolamente. — E você será meu para sempre?

— Para sempre. — Deitou-a na cama e sentou-se ao lado dela. — Deixe-me te despir.

Rindo se virou de lado e ele começou a desabotoar os botões. Acariciou a pele nua
das costas dela e a beijou no ombro. — Senti falta do seu cheiro.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna se virou. — De verdade?

— De verdade. — Abaixou-lhe o vestido e se levantou para tirá-lo pelos pés. Tirou as


anáguas e puxou o laço que amarrava o espartilho na frente. Quando o tirou, ele
acariciou seu peito por cima da sua roupa interior e ela gemeu, pressionando a mão
contra sua pele. — Sinto sua falta,Johanna. — Se aproximou e beijou seus lábios
fazendo-a suspirar quando se separou. — Mas eu não posso fazer amor com você.

— Por que? Não me acha atraente?

— Sim. És preciosa. —possessivamente acariciou seu mamilo e embalou seu peito. —


Mas agora você tem que dormir. As babás levaram as meninas, por isso estão sendo
alimentadas pelas amas-de-leite. Descanse. Conversaremos amanhã.

— Conversaremos? — Confusa, tentou abraçá-lo.

— Claro que conversaremos. — Ele a beijou gentilmente nos lábios. — Agora durma.

Johanna sorriu virando-se e dando as costas. James fechou os olhos dando graças
porque ela ainda o amava.Iria consertar seu casamento, não importando o que
custasse. Saiu do quarto devagar e quando chegou à sala de jantar, Henry sorriu de
orelha a orelha. — Tudo bem?

Naquele momento ouviram um tiro e James assustado subiu as escadas a toda


pressa. Abriu a porta do quarto e viu um homem que não conhecia no chão tentando
rastejar em direção à janela e sua esposa sentada na cama com uma arma na mão. Ela
sorriu quando o viu.

— Querido... você veio.

— Está bem? — Ele correu para ela e pegou sua arma.

— Ele tentava roubar. Saiu do armário e o vi mexer na minha caixa de jóias. —


Baixou a voz como se compartilhasse um segredo. — Mas não roubou nada. Eu não o
deixei.

— Muito bem, preciosa. — Se virou para Alex, que levantava o tipo pelas lapelas. —
É ele?

Se aproximou para ver o rosto do sujeito e se arrepiou ao ver a cicatriz na testa.

— Então você voltou para o seu premio! —Deu-lhe um soco que o fez dobrar. —
Você tem sorte que minha esposa não tenha a pontaria de sempre.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Não acertei?

— Sim,querida. No braço.

— Ora. Me dê a arma que tento de novo.

—Não! — O sujeito gritou tentando fugir para a porta de comunicação.

— Sim, James... dê a ela a arma para que tente novamente, — Henry disse malicioso.

Seguindo o jogo, se aproximou de sua esposa e entregou-lhe a arma. — Terá cuidado


de não ferir mais ninguém?

— Você me ofende, conde. — Pegou a arma e piscou um olho, mordendo a língua.


James cruzou os braços, vendo o sujeito tremer de cima abaixo enquanto Alex se
afastava. Todo mundo assistia da porta com expectativa e, quando atirou, olharam
para o ladrão que tinha se mijado.

Johanna piscou. — Não acertei!

O grito do outro lado da porta indicava ao conde de que seu valete havia sido
baleado e Johanna sorriu antes de dizer. — Sim, acertei.

— Sim querida. — Ele pegou a arma dela. — A alguém você acertou. Agora durma.

Alex correu para a porta de comunicação. — Isso te acontece por bisbilhotar.

— Me acertou na perna! — Gritou o homem assustado.

— Sim, sim, já te atendem. —Olhou para o ladrão e disse — O que faremos com este?

— Chame a Sterling e que se encarregue dele. Não quero mais escândalos em torno
de Johanna.

Assustado, o homem correu para a janela e a atravessou, deixando-os atônitos.

Henry estalou a língua. — Sim que corre como uma lebre. Minha filha sempre terá
escândalos ao seu redor. — Ele deu um tapinha no ombro do genro. — Mas você está
encantado por carregar esse desastre, certo?

— Sim. Nunca o estive mais.

Orgulhosos, olharam para Johanna, que havia adormecido com a boca aberta e
esparramada na cama. — Eu nunca o estive mais.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna sentiu a boca pastosa e estendeu a mão para pegar o copo de água que
sempre tinha na mesa de cabeceira, mas sua mão colidiu com algo. Surpresa, abriu os
olhos sentando-se na cama de repente quando viu que estava no quarto do marido
que a olhava divertido. — Que faço aqui? — Espantada, olhou em volta.

— Você não podia ficar no seu quarto.Te dói a cabeça?

— Bem, como dizia... Caí de novo? Não me lembro da noite passada. — ela disse
assustada.

— Não, linda. Você ficou bêbada.

— Isso é impossível! Aguento muito bem a bebida! — Se levantou puxando o lençol e


ofegou ao ver James nu e obviamente excitado. Pigarreou deixando o lençol e já que
ela estava com as roupas de baixo tentou disfarçar. — Eu acho que é melhor ir para o
meu quarto.

James se esticou na cama ficando confortável. — Você não tem janela.

Assombrada, rodeou a cama e sentiu o olhar do marido nas costas, abriu a porta de
comunicação que tinha um buraco. — O que aconteceu com a porta?

— Um tiro.

— Eu atirei em você?

— Não. Acertou o meu valete.

Ela se pôs como um tomate, olhou dentro de seu quarto e viu a janela quebrada. Uma
das cortinas saia por causa do vento. Lentamente, fechou a porta novamente. —As
meninas...

— Não te preocupes. Não estavam no quarto. —Bateu no colchão duas vezes. —


Volte para a cama, Johanna. Deve estar exausta. A propósito, não precisamos mais
nos preocupar com o da cicatriz na testa.

Quase temia perguntar o porquê. Se aproximou lentamente, olhando-o desconfiado.


— Por quê?

— Se atirou pela sua janela.

Atordoada, se sentou na cama. — De verdade?

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Você atirou nele quando tentava rouba-la.

— Ah...

— Depois quis repetir e atirou no meu valete que estava bisbilhotando atrás da porta.

— Ah...

— Depois o homem se jogou pela janela. Certamente porque havia subido por lá e
acreditava que poderia se livrar.

— Mas não.

— Quebrou a cabeça.

— Ah... — ela gemeu, passando as mãos pelo rosto. — Não voltarei a beber durante a
minha vida.

— Não meia garrafa de xerez. A propósito, eu também te amo.

Surpreendida, olhou para ele e James pegou nas mãos dela, tombando-a sobre ele. —
Sei que não disse antes, mas é difícil para mim falar sobre essas coisas.

— Eu ainda estou bêbada?

James riu e balançou a cabeça. — Não, preciosa.

— Está me dizendo que me ama?

— Mais do que tudo nesta vida. — Os olhos de Johanna se encheram de lágrimas. —


E eu me odeio, porque você tem dúvidas sobre o que eu sinto por você. — Ele
acariciou sua bochecha. — Quando me amarrou na cama, pensei que estavas um
pouco louca e anulei o casamento, mas quando vi como você estava determinada ao
ficar ao meu lado, não pude deixar de me sentir lisonjeado. Me assustei quando te
machuquei daquela vez na Escócia e fiquei muito impressionado que, mesmo que
estivesse doente, salvasse minha vida atirando naquele homem.

— Tinha que ajudá-lo.

— Eu sei. Mas daí percebi que não podia deixar você escapar porque era uma
desbocada maravilhosa que só queria estar ao meu lado. Sei que te machuquei
muitas vezes e tentei consertar, mas então você já levava tudo pelo lado mal. Meu
orgulho me impediu de lhe dizer o que sentia por você, assim que a guerra

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


continuou. Garanto-lhe que meu coração se partiu quando lhe disse que não éramos
casados, preciosa. Eu vi a dor em seus olhos e me senti infeliz.

— Mas então eu perdi minha memória.

— Eu precisava te recuperar, então fingi. — Sorriu malicioso. — E você também.

— Só queria consertar.

Pensativo, ele acariciou seu pescoço. — Não queria defender a Mara na sua frente.Só
estava tentando não fazer mais dano. Eu a conheço desde criança e me incomodou
que ela sofresse por minha causa.

— Eu entendo agora.

— Quando você fugiu, eu quase enlouqueci e a reação do seu pai foi totalmente
lógica.

Foram meses realmente horríveis sem você e esta casa caia sobre mim esperando por
notícias. A viagem à Sardenha foi angustiante, porque não sabia como você reagiria.
Devo admitir que seu pai ajudou muito disparando.

— Não tem uma mira boa. Aí fingimos os dois.

— Acreditei que tinha te recuperado, mas ele apareceu e eu duvidei dos seus
sentimentos por ciúme, porque Robert era capaz de dizer que te amava enquanto eu
ainda não tinha ousado lhe mostrar meus sentimentos.

Johanna chorava sem perceber e ele suspirou. — Desculpe querida. Eu amo você e
percebi que minha covardia a machucou, mas para mim você é a única. Te juro. E
demonstrarei o resto de nossas vidas.

— De verdade?

A porta se abriu e Betsy pôs a cabeça sorrindo antes de abrir descaradamente.

— Está aqui, senhora. Hora de se levantar. Diga ao seu marido para deixar isso para
a noite como todos os maridos decentes.

Surpresa, ela pulou da cama gritando de alegria e abraçou a sua donzela, que
começou a chorar de emoção. Divertido as observou da cama falarem ao mesmo
tempo e se abraçarem novamente. Johanna ficou emocionada. — Obrigado.
Obrigada.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Eu não fiz nada. Sua mãe a resgatou e descobri ontem.

— Obrigada por me deixar voltar. Para mim é muito importante.

— Valha-me Deus, o que aconteceu com seu cabelo, milady? Diga-me que bruxa fez
isso para esfolá-la.

Johanna riu e sussurrou algo em seu ouvido. Betsy saiu do quarto imediatamente,
enquanto caminhava para a cama radiante de felicidade. James prendeu a respiração
quando se deitou, grudando em seu corpo. — Senti sua falta, conde. Não faça isso de
novo.

— Não faça de novo você, condessa. — Ele a pegou pela nuca, aproximando-se do
rosto dela, olhando-a possessivamente. — Eu te amo.

— Não mais que eu.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Epílogo

— Johanna, quer dançar? — Perguntou seu marido, devorando-a com os olhos.


Distraída, olhou para uma mulher que não tirava os olhos do outro lado da pista. —
Johanna, querida. Presta atenção em mim.

Se voltou surpreendida com seu marido. — Presto atenção em você.

— Claro. —Pegou a mão dela, levando-a para a pista. — Quero dançar.

Ela sorriu colocando a mão no ombro dele. — Será um prazer, conde. — Se olharam
nos olhos e sussurrou. —Cada dia te amo mais.

— Me alegro. Ficaria chateado se o amor fosse menos.

Johanna riu. — Isso te incomodaria?

— Sim, porque eu te amo tanto que você precisa estar à minha altura. — Ele a beijou
nos lábios antes de dar um giro e Johanna franziu seu bonito cenho ao ver que a
mulher olhava para o traseiro do seu marido antes de sorrir e falar atrás de um leque
preto com suas acompanhantes. — Querido, você conhece essa mulher? Aquela com
o vestido azul intenso.

James pigarreou sem olhar para onde ela dizia que olhou para ele desconfiada. —
Conde ...

— Não fique nervosa.

— Não estou nervosa!

— E me prometa que o que eu te diga não terá consequências em nosso casamento.

— Claro que não. Nada nos separaria novamente.

Aliviado, ele disse — É Lady Wilkings. Uma viúva que quer um relacionamento, mas
já deixei as coisas muito claras dizendo a ela que minha esposa é meu coração e que
não olharia a nenhuma outra.

— Você realmente disse isso a ela?

— Repetidas vezes.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— Assim que repetidas vezes, hein? —sibilou olhando para aquela bruxa.

— Querida não se meta em problemas.

— Eu? — Indignada, levantou o queixo. — Quem quer problemas é ela que quer tirar
o que é meu!

James reprimiu um sorriso. — Nada me separaria de você.

— Eu sei. É ela quem não sabe. — Sorriu olhando para a mulher. Era loira e muito
bem dotada.

Ela estava sorrindo por trás do leque sussurrando enquanto olhava para eles e ria
como uma idiota de vez em quando.

— Ela é louca por você!

— Não posso evita-lo. Sou atraente. — James parecia prestes a rir.

— E quantas mulheres se comportam desse jeito?

— Eu repito, sou atraente.

— Tantos?

— Algumas com mais descaramento que outras, mas sim. Algumas.

— Arrrg!Isso é guerra.

— Querida, eu também tenho que suportar outros homens elogiando sua beleza.

— Mas ninguém me disse que quer compartilhar minha cama!

— Nem lhes ocorreria por conta da consequência que o traz.— Disse seu marido
baixinho.

— O que você disse?

— Nada. Sabe que está tão bonita esta noite que nem sei como te descrever?

Johanna sorriu amplamente. — É um vestido novo.

— E vale a pena cada libra.

— Sabe que está aprendendo?

— Eu sei. Me inspiro muito em Alex.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


Johanna riu alto e sua família sorriu ao vê-los tão felizes. Quando a dança acabou,
Johanna disse a Elizabeth. — Vou à toalete.Me acompanha?

— Sim, assim você me conta como sua carruagem chamou atenção na Bond Street .

Elas se afastaram conversando e Henry deu um tapinha no ombro do genro. —


Parece um milagre como há mudado. Está feliz.

— Sim, verdade? Estas semanas foram perfeitas.

— E vão continuar enquanto for honesto com seus sentimentos, — disse Alex,
olhando para a pista de dança. — Você sabe que recuperamos nosso dinheiro?

Ele pareceu surpreso. — Como?

— Esta manhã, Betsy chegou com uma sacola na minha casa e, para nossa surpresa,
era uma fortuna. Nos disse que, pensando muito no assunto, percebeu que, se o
dinheiro não estava no barco, nem na carruagem que os levava ao navio, precisava
estar em algum lugar onde pudesse reivindicá-lo quando chegasse a Boston.

— Em um banco.

— Exatamente. Como ele quase não tinha dinheiro, ela ofereceu-lhe suas economias
para o golpe e lhe deu o poder de sacar o dinheiro de sua conta bancária. O sujeito
colocou o dinheiro lá pensando que ninguém iria desconfiar dela. Quando foi
depositar seu salario, ela viu que o montante da conta era exorbitante, então
imaginou de onde teria vindo.

— Pobre garota.

— É decente, porque nenhum de nós pensamos em algo assim e não investigamos


sua conta bancária. Poderia ter se calado mas salvou a muitas pessoas da ruína.

James assentiu e olhou para o sogro. — Feliz?

— Muito. E eu lhe dei uma compensação para viver o resto de sua vida tranquila.

— Isso é bom. Embora ache que tenha emprego durante muito tempo.

Uma agitação fez com que olhassem para o outro lado da pista e viram que a
orquestra parava de tocar gradualmente até que somente os gritos eram ouvidos.

— Aproxime-se do meu marido e eu te esfolo viva!

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


James revirou os olhos ao ouvir Johanna. — Me desculpem. Vou resgatar Lady
Wilkings da minha esposa.

O grito da mulher lhe disse que tinha que se apressar e saiu correndo. Divertidos
viram como ele afastava as pessoas e gritava— Johanna largue a faca!

Rose sorriu largamente e disse ao duque. — Aquela viúva estava buscando há uma
hora.

— Acha que James não fez isso de propósito? — pareceu surpresa.

— Ele adora vê-la com ciúmes. Faço isso para minha esposa de vez em quando.

Rose ofegou olhando para Henry. — Por que você não faz isso?

O Sr. Sherman revirou os olhos antes de olhar para o genro, que carregava a esposa
nos braços enquanto ela gritava a plenos pulmões, ameaçando quem quer que se
aproxime de seu escocês. — Ótimo, minha filha deixou as coisas muito claras. É toda
uma Sherman.

Já na carruagem Johanna sorriu para o marido abraçando seu pescoço. — Te amo.

— Acho que deixou bem claro a todos.

— E a você?

— Totalmente. — Ele a beijou nos lábios.

— Mais nenhuma lagarta se aproximará de você.

— Obrigado esposa. Eu me sinto muito aliviado.

— De nada. —Beijou-o no pescoço. — Por você o que for preciso.

— O que for preciso?

— Ahann...

— Você se lembra daqueles nós que disse que iria me ensinar?

— Vai praticar essa noite.Obrigada por me lembrar.

Lady Johanna – Sophie Saint Rose


— De nada, preciosa. Estou ansioso para começar.

Fim

Lady Johanna – Sophie Saint Rose

Você também pode gostar