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Textos: Le spectre de la Rose

Canção 1: “Levante a pálpebra fechada, que pairava levemente em um sonho virginal.


Eu sou o espectro da rosa que tu levaste ontem para o baile...”

Lembro-me de quando eu era ainda uma semente... daquelas bem pequeninas, mas,
que possuía comigo e dentro de mim sonhos enormes. Eu via de longe a andorinha
voar no céu limpo da manhã e depois ela voltava para a terra que era banhada pelo sol
e pelos jasmins. Eu via a andorinha voar e sobrevoar e por muito tempo a segui com
meus olhos... Eu via o voo daquele viajante pelos céus e desde então minha alma
sonhadora queria seguir o mesmo caminho por aquele céu misterioso...”

Villanelle – Eva Del’acqua

Canção 2: “Aos poucos de dentro de mim foi germinando algo que no futuro seria um
belo caule, que sustentará a bela rosa que hei de me tornar..., mas, por hora, as vezes
tenho visita da chuva, do vento e até do sol, que as vezes eu amo e as vezes odeio, as
vezes ele me ilumina e as vezes ele me queima... aquele espalhafatoso”.

Chanson d’amour – Gabriel Fauré

Canção 3: “Quando me tornei uma pequena flor jovial, eu me encantava com o som
dos ventos alísios que balançava as minhas pequenas e singelas estruturas. No porto,
nas ilhas e até nos mares espanhóis, nas pequenas casas e nas laranjeiras, durante o
dia e durante a noite, também se sentia os ventos alísios. Estes ventos sopravam
minhas estruturas e me faziam arrepiar e ansiosamente me faziam querer crescer...
Estes mesmos ventos passavam pelas taças de vinho, pelo bailar dos bailarinos, pelo
ranger dos violinos, pelas libélulas que voavam na noite quente de verão e pelas
palmeiras fantasmagóricas que me chamavam com uma doce voz dando-me repouso,
assim como os ventos alísios”.

Trade Winds – Frederick Keel

Canção 4: “Eu desabrochei forte e com uma cor maravilhosa, eu olhava minhas irmãs
rosas também desabrochar com cores lindas, algumas amarelas, algumas azuis,
algumas brancas, outras vermelhas, eu por minha vez, era negra. Uma rosa diferente,
escura, mas, brilhante. De longe eu ouvia uma música “Viva Sevilha, viva as sevilhanas
e os sevilhanos” e com eles queria dançar, mas ninguém se aproximava de mim ou de
minhas irmãs... eu me questionava o motivo, mas talvez sabia a resposta... ainda
assim, dentro do meu peito ecoava “Viva Sevilha”.

Sevillanas del Siglo XVIII – Garcia Lorca

Canção 5: “Um dia, eu olhei para baixo e reparei o motivo pela qual ninguém se
aproximava de mim, no meu lindo caule havia espinhos.
Eu invejava todas as rosas que eram tiradas do jardim e tinham sua morte em doce
perfume transformado nas mãos das noivas, na lapela dos noivos, nos enfeites de uma
casa, no presente para a amada... Eu permaneci ali em meu lugar, com meus espinhos,
a machucar quem se aproximasse... alguns dias se passaram e eu continuei ali,
esquecida para o mundo, esquecida no meu céu, na minha terra. Sozinha vivo o meu
paraíso, no meu amor e na minha canção”.

Ich bin der Welt abhanden gekommen

Canção 6: “Um dia… melhor… numa tarde... já não me lembro bem como foi... senti
algo que foi mais forte que meus espinhos e de repente senti um enorme frio... eu
havia sido arrancada da minha terra... finalmente sentiria como era bom fazer parte do
mundo que eu tanto desejava... meus espinhos foram tirados de mim, me senti
indefesa, mas, ao mesmo tempo estava linda, estampada na lapela de um homem
magnifico que me levaria à um baile... lá eu ouvi a morte em cadência, os barões e as
baronesas a se cumprimentar e a cada minuto me sentia mais feliz por fazer parte do
que desejava mas, já quase inexistente e sem brilho que outrora tive. Eu ouvia a morte
ranger seu estridente violino enquanto todos dançavam, nobres e plebeus, e no fim
aceitei meu destino que tanto desejei igual às minhas irmãs... viva a morte... viva a
igualdade”.

Danse Macabre – Camille Saint-Saëns

Canção 7: “Ao aceitar meu fim, eu digo a mim mesma, eu sou o espectro da rosa que
tu levou ontem ao baile. Tu apanhaste-me ainda ornamentada pelo orvalho prateado e
entre a festa estrelada, tu me passeaste toda a noite. Tu, que da minha morte foste a
causa, todas as noites o meu espectro à tua cabeceira virá dançar. Mas nada temas,
não reclamarei nada, nem missas, nem lamentos. Este perfume que agora sentes é o
cheiro da minha alma que vem do paraíso. O meu destino foi digno de inveja e, por ter
uma sorte tão boa, mais do que uma vez te daria minha vida. Já que sobre o teu peito
eu tive meu túmulo, lugar onde repouso, um poeta com um beijo escreveu: “Aqui jaz
uma rosa, que todos os reis vão invejar”.

Le Spectre de la Rose – Hector Berlioz

Canção 8 (biz): “Depois de acompanhar ano após ano, aquele que de sua morte foi a
causa, a rosa o viu também descansar. Já não escutará mais seus passos cansados subir
as escadas, a sua velha tristeza não fará mais companhia quando sussurrava minhas
orações. Já não o vejo sentado a lareira... eu sonhava que iriamos juntos para a terra
prometida, agora, digo sempre o mesmo pela manhã, tarde e noite; que estou
completamente só, desde que meu companheiro se foi...”

My man’s Gone Now – George Gershwin

FIM

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