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O Xale

Os xales são peças muito antigas. Sabe-se que eles já eram usados na Europa no século XVIII, levados pelos
soldados britânicos e franceses que voltavam de guerras na Índia. O xale de cashmere veio da região da Caxemira,
no Noroeste da Índia. A lã da cabra era transformada em fio para produzir um tecido leve, macio, quente e de alta
qualidade. Como resultado, esses xales eram muito caros. Nos anos 1940, o xale de cashmere tinha um apelo de
massa e era confeccionado em pequenos setores na França e Grã-Bretanha. A cidade de Paisley, na Escócia,
produziu um xale menos caro, e seu modelo foi associado à região.
Mais tarde, as mulheres da Suméria mais antiga parecem ter usado apenas um tipo de xale enrolado ao redor do
corpo. Estes xales eram decorados com vários tipos de padrões, seja apenas nas bordas ou por todo o tecido.
Trata-se de um acessório charmoso e versátil, que enriquece o visual e protege o corpo. Em tradicional formato
triangular ou grandes quadrados e retângulos, eles podem ser utilizados de várias formas, tudo depende do caimento
que o tecido irá proporcionar. Os tecidos adequados devem ser macios e maleáveis. Os xales de seda, com brilho e
franjas longas devem ser usados à noite. Para o dia, prefira os mais simples.

Curiosidade

Muito antigamente, as mulheres incas usavam seus xales presos por um broche, tupus, um artefato que possibilitou
aos arqueólogos identificar estátuas ou múmias como sendo do sexo feminino. Quando membros da raça vermelha
dos nativos americanos decidiram retornar aos ensinamentos de seus ancestrais, chamaram este movimento de
“Tomada do Xale”. O Xale simbolizava o retorno ao lar e aos braços da Mãe Terra e significava sentir-se envolvido
pelo seu amor e pela sua proteção. A mesma ideia do xale como os braços amorosos da grande mãe é expressa
entre os Celtas na figura de Brigid como a Senhora do Manto. O manto da deusa não apenas cobre e protege todo o
território, mas também envolve cada pessoa que recorre a ela por proteção. Os fios de que é tecido seu manto são
os filamentos que conectam todas as coisas numa grande Teia de Vida. O manto de Brigid fazia parte do
equipamento das parteiras celtas, que o colocavam sobre a parturiente para assegurar um bom parto. Também era
usado para envolver qualquer parte do corpo que estivesse dolorida ou ferida, porque ajudava na cura. Universais e
acolhedores, os xales são símbolo de inclusão e amor incondicional, que envolvem, confortam, cobrem, abraçam,
protegem e embelezam. Da próxima vez que você usar um xale, sinta a Grande Mãe envolver você em seu abraço
amoroso e protetor.

O Xale na Dança Cigana

Enquanto as bailaoras de Flamenco utilizam os verdadeiros Mantones de Manila, que são grandes, de seda e às
vezes quadrados, no Bailado Cigano usamos xales triangulares, mais pesados e um pouco menores. No entanto, não
podem ser tão pequenos a ponto de encurtar nossos movimentos. Os movimentos devem ser livres para fazer o xale
voar. Há movimentos leves e cheios de força. Os que sobem ao ar e os que se enroscam no corpo.
A utilização do manton foi introduzida pelas ciganas de Sevilla quando dançavam o ritmo de soleá por buleria. Essa
introdução não atendia a nenhum apelo místico, mas sim, representava a possibilidade de dar mais graça aos
movimentos de braço nesse palo do flamenco. Reza a lenda que na época das colônias, cargas de tabaco chegavam
à Sevilla, vindas das Filipinas. Este tabaco era embrulhado em grandes pedaços de seda, que não eram
comercializadas por apresentarem falhas. Eram pedaços de seda cortados em quadrados, e a seda absorvia a
umidade do tabaco, protegendo a mercadoria. As ciganas de Sevilla adicionaram franjas aos pedaços de seda. Que
foram posteriormente chamados de “mantones de Manila” (Manila é a capital das Filipinas). E estes foram
enriquecidos pelas não ciganas ricas, com bordados formosos. Por sua vez, o xale utilizado pela cigana do Leste
Europeu também atendia à mesma utilização.

É um acessório que representa o mistério e a magia do elemento fogo e remete à ancestralidade da cigana. Dançar
com o xale representa agradecer todas as dádivas ao Criado: a sua força, o poder de ser mãe, o poder de seduzir o
seu amor e também proteção e família. É usar toda poesia, força e magia. Nunca deixe outra pessoa pegar o xale,
não o derrube, pois ele é a sua essência feminina, é abrigo, afago e proteção, a cigana com xale é sinal de respeito
às avós anciãs.

Conteúdo retirado do trabalho de conclusão de curso do grupo Thierain Romai. É expressamente proibido sua cópia,
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prévia autorização.

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