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ÍNDIA

A Índia, ou República da Índia como é denominada oficialmente, é o segundo país mais populoso do mundo e fica na
Ásia Meridional. Delimitada pelo Oceano Índico, pelo mar da Arábia e pela Baía de Bengala, o país - que possui
grande extensão territorial - faz fronteira ainda com o Paquistão, Nepal, Butão, China, Sri Lanka, Maldivas,
Bangladesh e Mianmar.

Por sua localização, foi importante nas rotas comerciais contribuindo para o crescimento de vastos impérios, mas foi
sempre tratada como um “subcontinente”.
O país, identificado e reconhecido pela sua riqueza cultural, tem grande parte da população vivendo na mais extrema
pobreza, mesmo tendo apresentado um crescimento econômico acentuado nas últimas décadas, o que se explica em
parte pelo sistema de Castas que ainda existe no país; embora o governo não reconheça.
A Índia possui alto índice de analfabetismo e uma pluralidade muito grande de etnias e idiomas, o que também
dificulta seu desenvolvimento socioeconômico.
A história da Índia oferece um mergulho intenso, colorido e vibrante, cheio de simbologia, deuses, crenças e
misticismo. Ingredientes que fazem parte de tudo no país e são representados através da sua cultura (artes e
danças).

CULTURA

A cultura na Índia engloba as crenças religiosas, os costumes, as comidas, as tradições, os idiomas, as cerimônias e
as expressões artísticas. Os idiomas, as danças, a música, a arquitetura, a gastronomia e os costumes são muito
diversos e variam dependendo da região onde se encontram.
A cultura indiana pode ser entendida como uma mistura de diversas subculturas que foram disseminadas na região
ao longo dos milênios, recebeu influência em especial da cultura persa, árabe e turca.
Para se ter uma ideia da diversidade que existe no país, há 1652 línguas vernáculas (que não possuem
estrangeirismos) e 67 línguas de ensino escolar, além de seis religiões principais. Apesar de tudo, o hinduísmo é a
religião oficial e o idioma é o híndi.

O grande propósito da cultura indiana é o conhecimento, e a importância dada à religião se deve ao princípio de que
o sentido da vida na Terra é sair da escuridão da ignorância e chegar á luz do conhecimento, por isso, quase tudo na
Índia é relacionado com a espiritualidade. Um dos fatos que demonstra essa sede de conhecimento - e que pouca
gente sabe - é que o conceito do Zero nasceu na Índia, assim como a primeira Universidade, que existiu em Nalanda
nos tempos ancestrais. A matemática deve muito à Índia: a fórmula de Bhaskara foi criada lá e é utilizada para
resolver equações em todo o mundo. Além disso, o sistema de numeração utilizado hoje é hindo-arábico, o que
significa que os árabes buscaram na Índia os algarismos que são usados até hoje e os difundiram.
Atualmente o país, com os seus avanços, têm exportado grandes PHD’s para a Europa e Estados Unidos.

Kalbelia – Os ciganos na Índia

A comunidade

Kalbelia é o nome de uma comunidade nômade que habita o deserto do Thar no Rajastão. É considerada a única
comunidade cigana na Índia. Também conhecidos como Sapera, Jogira ou Jogi. Sua principal atividade vem do
domínio das perigosas serpentes que habitam o deserto, por esse motivo também são conhecidos como
encantadores de serpentes. Seguidores do hinduísmo, a princípio faziam parte da casta dos intocáveis, sendo
evitados pelo resto da sociedade. Afirmam ser descendentes de Kalipar, o décimo segundo discípulo do guru
Gorakhnath, que seria uma das encarnações de Shiva. Segundo eles teria sido Kalipar quem os ensinou e lhes deu o
ofício de encantadores de serpentes. A maior parte da população Kalbelia vive nos distritos de Pali, Ajmer,
Chittorgarh e Udaipur. Em sua maioria vivem fora das aldeias em acampamentos improvisados chamados deras.

Como parte da casta dos intocáveis, sempre ficaram à margem da sociedade, vistos como inferiores. Nas suas
andanças pelo deserto os Kalbelias se tornaram grandes conhecedores da fauna e da flora, desenvolvendo assim
remédios e cura para doenças - sendo mais uma forma de obter renda.
Tradicionalmente os homens saiam pelas vilas de porta em porta carregando cestas de vime com cobras dentro. As
mulheres cantavam, dançavam e pediam esmolas. Além dos espetáculos em que se utilizavam do animal, também
vivam da extração e comércio de seu veneno. Reverenciam as cobras, seu principal meio de subsistência, sempre
pedindo em prol de sua preservação. Quando uma serpente entrava em alguma casa de alguma aldeia, um Kalbelia
era chamado, pois dominam métodos de retirar o animal de dentro das casas sem precisar matá-lo.

Conteúdo retirado do trabalho de conclusão de curso do grupo Thierain Romai. É expressamente proibido sua cópia,
reprodução, utilização, modificação, publicação, distribuição ou qualquer outro uso, na totalidade ou em parte, sem
prévia autorização.
Em 1972 com a “Lei da Vida Silvestre”, os Kalbelia perderam sua principal atividade, pois foram proibidos de capturar
os animais. Sendo assim, uma das formas que encontraram para continuar a sobreviver foi justamente a arte, em
especial a dança. Porém essas apresentações são esporádicas, e não foram absorvidas por toda comunidade, sendo
assim muitos sobrevivem do pasto de gado. Gulabo Sapera é uma das grandes responsáveis pelo reconhecimento
dessa arte, mas seu reconhecimento por sua comunidade não foi tão fácil.

Gulabo Sapera

Gulabo Sapera é a bailarina mais famosa da tribo Kalbelia. Além de fazer sua arte conhecida, não só pela Índia, mas
também pelo mundo, ela é provavelmente quem desenvolveu e espalhou a dança pela comunidade. Isso porque
antes dela as mulheres eram proibidas de dançar. Gulabo desde cedo acompanhou seu pai nas atividades com as
serpentes, e logo aprendeu muito de seus movimentos. Ela mesma afirmar se identificar muito com esses animais.
Abaixo uma tradução de um trecho do livro “Gulabi Sapera, Denseuse Du Rajastan”, onde ela mesma descreve como
se deu contato com esses animais:
“Quando eu era bem pequena, aproximadamente sei meses de idade, eu era muito apegada ao meu pai. Ele era um
encantador de serpentes e saía para demonstrar sua habilidade todos os dias.
Cada vez que ele partia, eu ficava olhando ele ir e começava a chorar como se quisesse seguí-lo. Isso acontecia
todos os dias. Uma tarde quando ele voltou para casa, descobriu que eu estava com uma febre alta. Ele perguntou
por que estava tão doente, e minha mãe respondeu: ‘Ela viu você partir, ouviu a pungi que você usa para encantar a
cobra e não parou de chorar desde então. É por isso que tem febre’. Mas como poderia levar uma criança tão
pequena comigo? Ela deve ficar em casa então a mãe poderá amamentá-la, é impossível para ela ir comigo.
Ele estava muito surpreso com a minha reação. Então ele pensou ‘Deve existir um vínculo entre ela e a cobra’.
Desde então toda manhã ele me levava com ele e a serpente. (...)”
Gulabo segue assim seu depoimento. Acompanhando o pai desde muito nova, assim que começou a dar seus
primeiros passos já imitava os modos que observava nas serpentes. “Desde muito cedo, sempre estive em
movimento, mesmo sem saber andar, eu e mexia enquanto observava a serpente”. Outro dado curioso é que bebia
do mesmo leite dado às cobras. É um costume que as pessoas deem leite às serpentes após o espetáculo, seu pai
usava o que sobrava do leite para alimentar a filha tão pequena.
Foi assim desde pequena que Gulabo desenvolveu sua dança, pois enquanto seu pai tocava para as serpentes, ela
realiza livremente seus movimentos, a partir das imitações que fazia dos animais. Já por volta dos vinte anos de
idade, Gulabo foi vista numa feira de gados e recebeu um convite para dançar num festival de cultura indiana. Há
poucos relatos sobre o que veio a se passar depois, mas certamente foi a partir daí que começou a ser conhecida.

Em 1992 faz uma parceria com o músico francês ThierryTiti Robin. Robin já era apaixonado e pesquisador do estilo
cigano dito tradicional. Ao conhecer a dançarina indiana firmam uma parceria e gravam um álbum inteiro juntos. Dele
ganhou o título de “Rainha Cigana do Rajastão”.
Gulabo teve grande projeção mundial, chegando mesmo a dançar na Casa Branca e ser convidada a morar nos
Estado Unidos onde lecionaria aulas de dança. Porém seu objetivo maior sempre foi ajudar sua comunidade. Quando
começou a dançar não foi bem vista, e sua família chegou a ser rejeitada, pois não era costume dos Kalbelias que as
mulheres pudessem dançar. Porém ela consegue quebrar esse tabu e dar uma nova perspectiva a seu povo, já que
hoje a dança das Kalbelias faz parte do turismo do Rajastão, sendo assim uma fonte de renda.

Gulabo se casou e hoje é acompanhada pelas filhas. Ensinou sua dança para as mulheres de sua comunidade,
tornando assim uma dança viva e em constante evolução.

A Dança das Kalbelias

Conteúdo retirado do trabalho de conclusão de curso do grupo Thierain Romai. É expressamente proibido sua cópia,
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prévia autorização.
Como dito anteriormente, a dança é baseada nos movimentos das serpentes. Por ser uma dança relativamente nova
encontra-se em constante evolução. É uma dança ágil e improvisada onde as bailarinas podem demonstrar grande
flexibilidade. As torções, tão presentes na cultura indiana, também são utilizadas aqui, assim como alguns mudras.
Movimentos marcados de quadris e deslocamentos também estão sempre presentes. As batidas de pés chocalham
os guizos utilizados no tornozelo, complementando a percussão musical. Os giros também estão sempre presentes.

As vestes tradicionais são pretas com muitos bordados e ornamentos, como pedrarias e espelhos. Também fazem
uso de muitos adornos em prata. A bata utilizada por cima da saia chama-se Angrakhi, e o véu recebe o nome de
Odhani. Movimentos com o véu também fazem parte da dança, trazendo um ar sedutor de mistério.

Este estilo de dança, muito alegre e animado, pode ser executado em


qualquer ocasião. Cabe aos homens a execução das músicas, porém é comum que se improvisem os cantos, que
podem ser cantados por todos. Suas canções falam do folclore e de seus costumes. Em 2010 esta dança foi
considerada Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Conteúdo retirado do trabalho de conclusão de curso do grupo Thierain Romai. É expressamente proibido sua cópia,
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