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Faculdade de Ciências Econômicas – FCE

Departamento de Economia e Relações Internacionais – DERI


Curso: Graduação em Ciências Econômicas 8 - A POUPANÇA E O INVESTIMENTO
Disciplina: Economia Monetária I - A – ECO 02002 – Turma B
8 Poupança e Investimento
(de Carvalho, F. J.C.; de Souza, F.E.P.; Sicsú, J., de Paula, L.F.R.; Studart, R.. Economia Monetária e Financeira. Teoria e Política. 2001. - Mishkin, F.S. Moeda, Bancos e Mercados Financeiros. 2000).

8.1 Algumas Identidades importantes


O PIB (denotado por Y) se divide em quatro componentes de dispêndio: consumo (C), investimento (I), compras do governo (G) e
exportações líquidas (EX).
Y = C + I + G + EX → PIB
Simplifica-se esta relação supondo-se que a economia seja fechada. Portanto, tem-se a nova relação.
Y=C+I+G → PIB em uma economia fechada.
Para ver-se o que esta identidade pode dizer a respeito dos mercados financeiros, subtrai-se C e G dos dois lados da equação.
Y-C=I+G → Y–C–G=I onde: (Y – C – G) = Poupança Nacional (S)
O lado esquerdo da equação (Y – C – G = I) é o que resta da renda total da economia após o pagamento dos gastos de consumo e
das compras do governo. É chamado poupança nacional ou apenas poupança, denotada por S. Substituindo-se, passa-se a ter:
S=I → Esta equação afirma que a poupança é igual ao investimento.
Seja agora T o montante que o governo recolhe das famílias na forma de impostos, menos a quantia que restitui a elas na forma
de pagamentos de transferências (como seguridade social e bem-estar social). Então, pode-se representar a poupança nacional
das duas maneiras que se seguem.
S=Y–C–G ou S = (Y – T – C) + (T – G)
Estas equações são iguais, pois os dois Ts da segunda equação cancelam-se mutuamente, mas cada uma delas revela uma
maneira diferente de pensar sobre a poupança nacional. A segunda equação separa a poupança nacional em duas partes:
Poupança Privada → (Y – T – C) e Poupança Pública → (T – G).
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Curso: Graduação em Ciências Econômicas 8 - A POUPANÇA E O INVESTIMENTO (CONTINUAÇÃO)
Disciplina: Economia Monetária I - A – ECO 02002 – Turma B

Se T for maior que G, o governo obterá um superávit orçamentário. Este excedente de (T – G) representa a poupança pública. Se
o governo gasta mais que arrecada em receita tributária, G é maior que T. Neste caso, o governo tem um déficit orçamentário e
a poupança pública (T – G) é um número negativo.
8.2 Mercado de Fundos Disponíveis para Empréstimos
Passa-se agora a explicar como os mercados financeiros coordenam a poupança e o investimento na economia.
8.3 Oferta e Demanda de Fundos para Empréstimos
A oferta de fundos para empréstimos vem das pessoas que têm alguma renda extra que desejam poupar e emprestar.
A demanda por fundos para empréstimos vem das famílias e empresas que desejam tomar crédito para realizar investimentos.
A taxa de juros representa o que os tomadores pagam pelo empréstimo e o que os que emprestam recebem pela poupança.
Figura – Mostra a taxa de juros que equilibra a oferta e a demanda de fundos
Taxa de Juros Oferta para empréstimos. No equilíbrio, a taxa de juros é de 5% e a quantidade
demandada e ofertada de fundos para empréstimos é de $120 bilhões. Cabe aqui
lembrar a distinção entre taxa de juros nominal e taxa de juros real, que é a taxa
5% nominal deduzida da taxa de inflação. Como a inflação corrói o valor do dinheiro
no tempo, a taxa de juros real reflete o retorno real da poupança e o custo real
dos empréstimos. Assim, o equilíbrio na figura acima deve ser interpretado como
Demanda a determinação da taxa de juros real da economia, que é a taxa de juros relevante
120 Fundos de Empréstimos (em bilhões de $) para esta determinação.
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Disciplina: Economia Monetária I - A – ECO 02002 – Turma B
Efeitos de Déficits e de Superávits do Governo
O governo financia seus déficits orçamentários tomando empréstimos no mercado de títulos e o acúmulo de empréstimos do
governo é a dívida pública. Um superávit orçamentário pode ser usado para pagar parte dessa dívida pública. Imagine-se que o
governo comece com um orçamento equilibrado (receita tributária igual às despesas do governo) e, então, por causa de um
corte de impostos ou um aumento das despesas, passe a incorrer em um déficit orçamentário. A figura que se segue ajuda a que
se analise seus efeitos sobre a poupança e o investimento. Ilustração
Taxa de Juros Oferta, O2 Oferta, O1 Ano Selic Méd. Res.Prim. Res.Nom. Tx.Câmbio Tx. Câmbio Tx.Poup. FBCF Transações Inv.Dir.Ext
Real % % PIB % PIB R$/US$ Real Dez * % PIB % PIB Corr. % PIB % PIB
7%
5% 2012 2,38 -2,18 2,26 1,97 76,71 17,70 20,70 -3,45 3,79
2013 2,23 -1,71 2,96 2,21 83,00 18,10 20,90 -3,32 3,12
Demanda
80 120 Fundos de Empréstimos (em bilhões de $)
2014 4,25 0,56 5,95 2,51 88,49 16,10 19,90 -4,41 3,80
2015 2,58 1,86 10,22 3,27 118,15 14,50 17,80 -2,99 3,53
Figura - Quando o governo tem déficit orçamentário, a
2016 7,31 2,48 8,97 3,63 98,17 13,40 15,50 -1,42 4,30
poupança pública é negativa e isso reduz a poupança
2017 6,60 1,68 7,77 3,35 95,65 13,60 14,60 -1,12 3,50
nacional. O déficit desloca a curva de oferta de fundos para
empréstimos de O1 para O2. A taxa de juros aumenta de 5% 2018 2,58 1,57 7,08 3,62 110,85 12,70 15,10 -2,66 4,04
para 7%. Menos famílias compram casas novas e menos 2019 1,40 0,85 5,91 3,97 114,94 12,20 15,50 -3,49 3,72
empresas optam por construir novas fábricas. A queda no 2020 -1,66 9,41 13,60 4,62 139,66 14,70 16,60 -1,60 2,76
investimento é o efeito deslocamento (crowding out), 2021 -4,57 -0,75 4,42 5,39 149,13 17,40 19,20 -1,70 2,90
representado pelo movimento ao longo da curva de demanda Média 2,31 1,38 6,91 3,45 107,48 15,04 17,58 -2,62 3,55
de $120 bilhões em fundos emprestáveis para $ 80 bilhões.
Índice da Taxa de Câmbio Real: 1994 = 100 Fonte dados básicos: Banco Central do Brasil e IBGE

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