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COMPORTAMENTO SOCIAL DOS MACACAS: CHIMPANZÉS

Benilde Leonardo

Universidade Rovuma Extensão de Cabo Delgado-Montepuez

Resumo

Etologia é a ciência que estuda o comportamento animal, ou seja, as reacções do animal em


relação ao ambiente que o cerca. Ela investiga a filogênese, a ontogênese, a morfologia e o valor de
sobrevivência do comportamento. Este trabalho teve como objectivo estudar o comportamento social dos
Chimpanzés. O Chimpanzé Comum (Pan troglodytes.) tem sido observado em vários ambientes naturais
na Tanzânia, Zaire, Uganda, Ruanda e Burundi. Os Chimpanzés são primatas geralmente conhecidos por
serem sociais, os machos têm sido observados caçando outros animais e depois distribuindo parte da caça
para outros Chimpanzés, inclusive as fêmeas que não participam da caça. Na pluralidade das
comunidades de chimpanzés, as relações mais fortes são observadas entre machos, seguindo-se as entre
machos e fêmeas, e por último as entre fêmeas, o que está relacionado com a própria estrutura social das
comunidades.

Palavras-chave: Chimpanzés; Comportamento Social; Primata; Etologia.

Introdução

Os primatas, são os animais cujos comportamentos são mais parecidos com os


dos homens. O chimpanzé, em especial, é o que mais se parece com o homem, não
apenas no comportamento, mais também geneticamente. (FOUTS, 1998; FUTUYMA,
1997; GOODALL, 1991).

Os chimpanzés são mamíferos da ordem Primata e da família Pongidae, cujo


nome científico é Pan troglodytes. Sua distribuição no globo terrestre vai do Senegal,
Guines e Centro da África de Camarões até à Tanzânia (DE AMORIM, 2020; WHITEN
et al. 1999, 2001). Eles vivem entre floresta e margens de savana, mas podem ser
encontrados também em florestas semidecíduas. São saltadores arborícolas e
quadrúpedes terrestres com vida activa diurna. Possuem uma vida média entre 40 e 45
anos, e são vivíparos, podendo ter 1 filhote por cria (gémeos são raros). Sua dieta é
variada, eles se alimentam frutas, folhagem, insectos e pequenos vertebrados.

O comportamento social é a relação entre animais, principalmente entre os


indivíduos da mesma espécie (DEAG, 1981). Os indivíduos de uma sociedade vivem
juntos, de forma integrada, contribuindo cada um com tarefas especializadas com
objectivos comuns (STORER et al, 1998). Muitas vezes a sociedade é constituída de
uma ou mais famílias. Esse tipo de vida familiar pode ser mais observada entre alguns
insectos e alguns mamíferos, principalmente os primatas (CARTHY, 1969).

Os chimpanzés são notadamente o elo entre os humanos e os animais devido a


sua similaridade fisiológica, seu comportamento social e emotivo, e, a sua capacidade
intelectual, antes dada como exclusividade dos humanos pela evolução. (FOUTS, 1998;
GOODALL, 1991). Estudar seu comportamento é muito importante para entender a
origem do homem bem como a origem do comportamento humano.

O fato de pertencer a um grupo social tem suas vantagens. Ele permite uma
maior sobrevivência dos animais, do que indivíduos de vida solitária (DEAG, 1981).
Isto porque em grupos sociais existe uma maior eficiência na captura de alimento, na
defesa contra predadores, na reprodução e na protecção/cuidados com a cria
(NASCIMENTO JÚNIOR, 1983ª).

Este trabalho visa trazer um estudo bibliográficos em relação ao


comportamentos social dos macacos em especial os chimpanzés.

Metodologia

Na realização do trabalho, baseou-se no levantamento bibliográfico. Partindo


do pressuposto de que a base da vida social é a cooperação mediada pela empatia e,
devido à proximidade evolutiva de tal espécie com a humana, a revisão bibliográfica
será feita por meio de artigos de etologia que realizaram um amplo e exaustivo estudo
sobre o comportamento dos chimpanzés (Pan troglodytes)

Resultados

Os chimpanzés são animais bastante sociais, podendo formar grupos de até 40


indivíduos, com poucos machos adultos, alguns jovens, várias fêmeas e seus filhotes
(BOITANI & BARTOLI, 1986; GOODALL, 1991). Mas os grupos também podem ser
pequenos, ou pode existir chimpanzés isolados vagando sozinhos por algum tempo. A
organização social é bastante elaborada, com áreas determinadas de distribuição
hierárquica, dominância, estratégia de caça e cooperação, distribuição cooperativas de
alimentos, cuidados com os doentes e uso de ferramentas, (GOODALL, 1991;
NASCIMENTO JUNIOR, 1983B).
Entre os machos adultos existe um macho dominante ou macho alfa, os
etologistas costumam denominar. Ele manifesta seu poder e respeito através de
exibições, como bater com as mãos e com os pés no chão, sacudindo a vegetação e
atirando paus e pedras para todos os lados. Ele é que escolhe o caminho a ser percorrido
no dia, a hora de parar para comer e dormir, e ele é que tem a preferência nas investidas
sexuais. Sua posição não é vitalícia. Numa luta com outro macho ele pode vencer e
reforçar seu poder diante do bando, ou perder, dando seu lugar de macho alfa, ao
chimpanzé vencedor.

Um ponto marcante em grupo social é o cuidado parental e os laços de família.


Fêmeas chimpanzés, que procriam e vêem seus filhos crescer nunca morrem sozinhas.
Os filhotes são totalmente dependentes da mãe até por volta de seus quatro anos,
quando começa a ocorrer o desmame. Eles mamam, são carregados pelas mães nas
costas ou frontalmente a todo o lugar que vão. Elas são também óptimas companheiras
de brincadeira. Sempre quando os filhotes estão em perigo, até mesmo quando eles são
jovens, a mãe ataca, para protegê-los

Discussão dos resultados

GOODALL (1991), observou que os machos de um grupo de chimpanzé


formam patrulhas de observação. pelo menos uma vez por semana, em grupos de pelo
menos três indivíduos, os chimpanzés visitam as áreas periféricas do território de sua
comunidade, estas comunidades podem se dividir ou se agregar a outra com o tempo.

GOODALL (1991) observou uma divisão de uma comunidade, que no começo


era pacífica. com o tempo eles foram se encontrando menos, e a hostilidade foi
aumentando, ao ponto da comunidade que possuía mais indivíduos, atacar indivíduos
que caminhavam solitários da outra comunidade, levando-os à morte

O chimpanzé é um animal social. A espécie evoluiu na direcção da


sociabilidade, o que significa, segundo (DUNBAR, 1998; DUNBAR, 2007),
antropólogo, psicólogo evolutivo e especialista em comportamento de primatas, que eles
têm um cérebro social. Essa característica os habilita a reconhecer e distinguir a face de
cada membro de seu grupo, identificar quem não é do grupo, interessar-se por
acontecimentos tais como actividades sexuais, troca de informações, formação e
dissolução de grupos e movimentos em torno do reforço ou do enfraquecimento da
posição do macho alfa. Ou seja, um chimpanzé é totalmente habilitado a reconhecer sua
própria singularidade e as de outros da sua espécie. Tais habilidades, interesses e
predisposições são muito importantes para a sobrevivência em grupos sociais como os
dos chimpanzés.

WHITEN ET AL. (1999, 2001) apresentaram uma tipologia dos


comportamentos de chimpanzés em Bossou - Guiné, Floresta de Tai - Costa do Marfim,
Gombe - Tanzânia, Mahale (Grupo M) - Tanzânia, Mahale (Grupo K) - Tanzânia,
Floresta de Kibale - Uganda, Floresta de Budongo - Uganda (WHITEN ET AL. ,1999,
P. 683), baseada em extensa revisão da literatura especializada. Os autores registaram
indicações de 39 padrões de comportamento, definidos como "costumeiros", quando
observados em todos ou nos membros fisicamente capacitados, segundo características
de sexo, idade e classe; e "habituais", observados repetidamente em vários indivíduos e
consistentes com algum tipo ou grau de transmissão social.

Conclusão

Na África, as populações de chimpanzés são conjuntos de 19 a 106 indivíduos,


formados por machos e fêmeas, que adoptam estratégias reprodutivas diversas.
Contudo, sempre os machos alfa, ou seja, aqueles com maior status no grupo, têm
privilégio em relação às fêmeas que estão no estro (período de ovulação em que as
fêmeas estão férteis, sinalizado pela presença de traseiros bem vermelhos e
protuberantes).

Os chimpanzés são primatas constitui um grupo de primata semelhante ao


homem na sua fisiologia, o seu comportamento social e emoções, entretanto, é
importante reforçar que não se deve atrelar o valor de uma espécie, qualquer que seja
ela, a suas semelhanças com os humanos. Cada espécie é única e possui seu valor
próprio e incontestável. Qualquer animal não deve se tornar importante porque se
parece com os humanos, mas por seu próprio valor como espécie e como ser vivo.
Referências Bibliográficas

BOITANI, L. & BARTOLI, S. The macdonald encyclopedia of mammals. Ed.


Macdonad, Londres e Sydney, 1986. p 121-122.
CARTHY, J. D.O estudo do comportamento. Ed. Nacional & Ed. da
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DE AMORIM.A.R.F. Aspectos do Comportamento do Chimpanzé (Pan
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FOUTS, R. O parente mais próximo, Ed. Objetiva, Rio de Janeiro, 1998.412p.
FUTUYMA, D. J. Biologia evolutiva. 2 ed. Ed. SBG, Ribeirão Preto,
1997.646p
GOODALL, J. Uma janela para a vida: 30 anos com os chimpanzé da
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NASCIMENTO JUNIOR, A. FO comportamento como forma de adaptação.
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STORER, T. I., USINGER, R.L., STEBBINS, R.C. & NYBAKKEN, J. W.
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