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Teste House-Tree-Person

(HTP)

Definição
Aplicação
BUCK, J. N. H-T-P: casa-árvore-pessoa, técnica projetiva de
desenho: guia de interpretação. 2. ed. São Paulo: Vetor, 2009.
 Tradução: Renato Cury
 Revisão: Irai Cristina Boccato Alves
 Teste elaborado por John N. Buck em 1948

HTP:
H – house (casa)
T – tree (árvore)
P – person (pessoa)
Características do Teste

 Técnica projetiva de desenho.

 Teste gráfico.

 Utilizado há 70 anos.

 Objetivo: obter informação de como a pessoa experiencia


sua individualidade em relação aos outros e ao ambiente do
lar.
Técnica projetiva:
 Como todas as técnicas projetivas, o HTP estimula a projeção de
elementos da personalidade e de áreas de conflito dentro da
situação terapêutica, permitindo que eles sejam identificados
com o propósito de avaliação e usados para o estabelecimento de
comunicação terapêutica efetiva.

Uso do desenho:
 O desenho representa a maneira que o indivíduo percebe o seu
meio, as pessoas e como sente e se posiciona diante delas, isto é,
indica a maneira peculiar de ser e sentir de uma pessoa.
Objetivos e Aplicação Clínica

 Amostra inicial de comportamento que possibilita ao clínico o


acesso às reações do indivíduo a uma situação
consideravelmente não estruturada.
 Possibilita maior contato entre cliente e clínico.

 Propósitos diagnósticos: fornece informações, que quando


relacionadas à entrevista e a outros instrumentos de avaliação,
podem revelar conflitos e interesses gerais do indivíduo, bem
como aspectos específicos do ambiente que ele considere
problemáticos.
Utilização
 População: pessoas acima de 8 anos.
 Instrumento muito utilizado com crianças, porém pode ser aplicado
em adolescentes, adultos e idosos.
 Uso do teste: importante o treinamento e supervisão nas aplicações
iniciais.
 Aplicação deve ser face a face e individual.
 Pode ser utilizado na avaliação inicial ou em intervenção terapêutica
em andamento.
 Em processo de avaliação, o HTP pode ser utilizado como uma
tarefa de aquecimento inicial*.
* Nota do professor: Evite usar testes no primeiro contato com o paciente. Ele ainda não lhe
conhece e está construindo seu vínculo e confiança, isso pode trazer ansiedades que alteram, ainda
que minimamente, os resultados dos testes.
Fases da Aplicação
(mínimo duas, máximo quatro)
1ª fase:
 Não verbal, criativa, pouco estruturada.

 Desenho acromático, a mão livre, de uma casa, uma árvore e uma


pessoa. Pode ser solicitado o desenho adicional de uma pessoa do sexo
oposto à primeira pessoa desenhada, porém é opcional.
 Cada desenho será realizado em uma folha separada.

2ª. Fase:
 Inquérito (lista de conceitos): Perguntas estruturadas para avaliar
aspectos de cada desenho.
3ª fase (opcional):
 Desenho cromático, com uso de giz de cera, de uma casa, uma árvore e
uma pessoa. Como no desenho acromático, opcionalmente pode-se
solicitar o desenho de uma pessoa do sexo oposto.
 Também nos desenhos cromáticos cada item será desenhado em uma
folha separada.

4ª fase (será realizada apenas se a 3ª fase for aplicada):


 Inquérito das figuras cromáticas, estruturado de forma resumida em
relação ao inquérito dos desenhos acromáticos. Perguntas com o símbolo
(*) na folha de interpretação do teste.
 Dependendo do número de fases incluídas, o procedimento pode
levar de 30 a 90 min. Este é um valor de referência, visto que o
teste não estipula tempo mínimo e máximo para sua realização.

 Os desenhos são avaliados:


 pelos sinais de psicopatologia existente ou potencial baseados no
conteúdo;
 pelas características do desenho, como tamanho e localização;
 pela presença ou ausência de determinadas partes do desenho;
 pelas respostas do indivíduo durante o inquérito.
Administração do Instrumento

Preparação do sujeito:
 Sentar-se em frente a uma mesa.

 Posição confortável, que possibilite a realização do desenho.

 Preservar o ambiente silencioso e com poucos estímulos sobre a mesa,


para evitar distrações.
 Tempo médio de 30’ a 90’.

 Não há limite de tempo para o término da atividade.

 O teste pode ser interrompido e continuado em outra sessão, entretanto


esse fator deve ser anotado para interpretação do material.
 O tempo para a análise do material varia com a experiência do aplicador.
Administração do Instrumento

Posição do examinador:
 Face a face com o examinando.

 Deve ter uma clara visão da página em que o sujeito desenha.

 Deve anotar a ordem dos detalhes desenhados.

 Observar e anotar a latência inicial, a ordem dos detalhes do desenho,


duração das pausas, eventos incomuns e falas do examinando na
sequência dos desenhos e tempo total de execução.
Material para Aplicação

 Vários lápis pretos nº 2 (ou mais macios) – usar sempre o mesmo


padrão de lápis para evitar alteração no traçado. O uso de vários lápis
evita que ocorra uma longa pausa em caso de quebra da ponta – os
lápis reserva devem estar com o examinador, para evitar que o
examinando os utilize como régua.
 Borrachas macias e de qualidade para evitar borrões causados por má
qualidade do material.
 Conjunto de giz de cera caso os desenhos cromáticos sejam
solicitados (mínimo 8 cores – vermelho, laranja, amarelo, verde,
azul, violeta, marrom e preto).
Material para Aplicação

 Relógio ou cronômetro (para anotação da latência e tempo total).

 Protocolo para desenho HTP - Brasil: sulfite branco tamanho A4.


(Antigamente eram comercializadas folhas com margens no verso
para medição do posicionamento do desenho, porém foram
descontinuadas. Assim, o uso do sulfite é válido e suficiente).
 Um protocolo de interpretação para cada conjunto de desenhos –
acromático e cromático.
 No caso do desenho de mais uma figura humana, utiliza-se mais um
protocolo para o registro do inquérito de cada uma – acromático e
cromático.
Aplicação

 Preencher as informações do protocolo de correção.

 A folha A4 para desenho da Casa é entregue na horizontal,


escrito “casa” no alto e centralizado.

 Árvore e Pessoa são entregues na vertical com o respectivo


nome no alto e centralizado (“árvore” e “pessoa”).

 Ao final dos 3 primeiros desenhos solicitar o desenho adicional


se necessário: pessoa do sexo oposto a já desenhada.
Instruções ao Examinando:

 Peça que o examinando escolha um lápis.

 Diga: “Eu quero que você desenhe uma casa. Você pode desenhar o
tipo de casa que quiser. Faça o melhor que puder.Você pode apagar o
quanto quiser e pode levar o tempo que precisar. Apenas faça o
melhor possível”.
 Repetir o mesmo procedimento com os desenhos da árvore e da
pessoa.
 Começar a marcar o tempo após as instruções.
Inquérito posterior ao desenho

 Utilização do protocolo de inquérito.

 Momento em que o sujeito define, descreve e interpreta cada


desenho.

 Expressa sentimentos, ideias ou memórias associados a eles.

 Objetivo: compreender o sujeito de forma dinâmica, extraindo


o maior número possível de informações, conteúdos e
contextos de cada desenho.
Inquérito posterior ao desenho

 Detalhes acrescidos durante o inquérito devem ser


identificados.

 Ao final da sequência de perguntas do inquérito é solicitado o


desenho de um sol e uma linha de solo quando não desenhada.
Inquérito posterior ao desenho

Utilizar esse momento para esclarecer sobre:


 Aspectos incomuns entre os detalhes.
 Detalhes implícitos, como componentes escondidos atrás da figura.
 Desenhos que se estendem além da margem da página.
 Aspectos pouco claros, confusos ou obscuros.

Importante:
 Para usar o H.T.P. você deve contar com sua experiência e com
princípios básicos de entrevistas clínicas para determinar o quanto e
quando a investigação de uma determinada característica do desenho é
adequada.
Inquérito
CASA
 1) Quantos andares tem esta casa? (Esta casa tem um andar
superior?)
 2) De que esta casa é feita?
 3) Esta é a sua própria casa? De quem ela é?
 4) Em que casa você estava pensando enquanto estava desenhando?
 5)Você gostaria que essa casa fosse sua? Por quê?
 6) Se esta casa fosse sua e você pudesse fazer nela o que quisesse,
qual quarto você escolheria para você? Por quê?
 7) Quem você gostaria que morasse nesta casa com você? Por quê?
Inquérito
CASA
 8) Quando você olha para esta casa, ela parece estar perto ou longe?
 9) Quando você olha para esta casa, você tem a impressão de que ela
está acima, abaixo ou no mesmo nível do que você?
 10) Em que esta casa faz você pensar ou lembrar?
 11) Em que mais?
 12) É um tipo de casa feliz, amigável?
 13) O que nela lhe dá essa impressão?
 14) A maioria das casas é assim? Por que você acha isso?
 15) Como está o tempo neste desenho? (período do dia e do ano,
céu, temperatura)
Inquérito
CASA
 16) De que tipo de tempo você gosta?
 17) De quem essa casa o faz lembrar? Por quê?
 18) Do que esta casa mais precisa? Por quê?
 19) Se “isto” fosse uma pessoa em vez de (qualquer objeto
desenhado separado da casa), quem seria?
 20) A que parte da casa esta chaminé está ligada?
 21) Inquérito da planta dos andares. (Desenhe um planta dos
andares com os nomes. Ex: Que cômodo é representado por cada
janela? Quem geralmente está lá?)
Inquérito
ÁRVORE
 22) Que tipo de árvore é esta?
 23) Onde esta árvore realmente está localizada?
 24) Mais ou menos qual a idade desta árvore?
 25) Esta árvore está viva?
 26) O que nela lhe dá a impressão de que ela está viva?
 27) O que provocou a sua morte? (se não estiver viva)
 28) Ela voltará a viver?
 29) Alguma parte da árvore está morta? Qual parte? O que você
acha que causou a sua morte? Há quanto tempo ela está morta?
Inquérito
ÁRVORE
 30) Para você esta árvore parece mais um homem ou uma mulher?
 31) O que nela lhe dá essa impressão?
 32) Se ela fosse uma pessoa em vez de uma árvore, para onde ela
estaria virada?
 33) Esta árvore está sozinha ou em um grupo de árvores?
 34) Quando você olha para esta árvore, você tem a impressão de
que ela está acima, abaixo ou no mesmo nível do que você?
 35) Como está o tempo neste desenho? (período do dia e ano; céu;
temperatura)
 36) Há algum vento soprando? Mostre-me em que direção ele está
soprando. Que tipo de vento é esse?
Inquérito
ÁRVORE
 37) Do que esta árvore faz você lembrar?
 38) Do que mais?
 39) Esta árvore é saudável? O que nela lhe dá essa impressão?
 40) Esta árvore é forte? O que nela lhe dá essa impressão?
 41) De quem esta árvore faz você lembrar?
 42) Do que esta árvore mais precisa? Por quê?
 43) Alguém já machucou esta árvore? Como?
 44) Se “isto” fosse uma pessoa em vez de (qualquer objeto
desenhado separado da árvore), quem ele poderia ser?
Inquérito
PESSOA
 45) Esta pessoa é um homem ou uma mulher? (menino ou menina)?
 46) Quantos anos ele(a) tem?
 47) Quem é ele(a)?
 48) Ele(a) é um parente, um amigo ou o quê?
 49) Em quem você estava pensando enquanto estava desenhando?
 50) O que ele(a) está fazendo? Onde ele(a) está fazendo isso?
 51) Em que ele(a) está pensando?
 52) Como ele(a) se sente? Por que?
Inquérito
PESSOA
 53) Em que a pessoa faz você pensar ou lembrar?
 54) Em que mais?
 55) Esta pessoa está bem?
 56) O que nele(a) lhe dá essa impressão?
 57) Esta pessoa está feliz?
 58) O que nele(a) lhe dá essa impressão?
 59) A maioria das pessoas é assim? Por quê?
 60) Você acha que gostaria dessa pessoa?
 61) Por quê?
Inquérito
PESSOA
 62) Como está o tempo neste desenho? (período do dia e do ano,
céu, temperatura)
 63) De quem esta pessoa o faz lembrar? Por quê?
 64) Do que esta pessoa mais precisa? Por quê?
 65) Alguém já machucou esta pessoa? Como?
 66) Se “isto” fosse uma pessoa em vez de (qualquer objeto
desenhado separado da pessoa), quem seria?
 67) Que tipo de roupa esta pessoa está vestindo?
Inquérito

DESENHO DO SOL

 68) Suponha que o sol fosse uma pessoa que você conhece –
quem seria?
Exemplos de investigação (extra protocolo):

Casa

 Pergunta 5: “Você gostaria que a casa fosse sua?”


Solicite ao examinando que descreve a diferença entre a casa
desenhada e a casa em que ele mora, e questione qual a
probabilidade dele um dia ter uma casa semelhante a casa
desenhada.

 Pergunta 6: “Qual o quarto você escolheria para você?”


Compare como este se compara com a localização do quarto
ocupado por ele em sua casa atual.
Exemplos de investigação (extra protocolo):

Árvore:

 Pergunta 23: “Onde esta árvore está realmente localizada?”


Se a resposta for: “na selva” ou na “floresta”, investigue a
representação de selva e floresta com o examinando.
Pessoa:

 Pergunta 58: “O que nele(a) lhe dá essa impressão?” (de que está feliz,
triste, com raiva)
Se a resposta for uma simples descrição facial (ele está sorrindo),
pergunte do que esta pessoa está rindo, por qual motivo ela está
sorrindo, ou com que frequência esta pessoa desenhada sente-se
dessa maneira.

 Pergunta 67: “Que tipo de roupa esta pessoa está vestindo?”


Se a pessoa desenhada estiver nua, pergunte porque ela está nua e
se sente à vontade.
Desenhos Cromáticos

 Opcionais, mas quando utilizados deverão ser aplicados após


os desenhos acromáticos.
 Peça para o indivíduo nomear os gizes disponíveis (anote
qualquer sinal de daltonismo ou dificuldade de nomeação).
 Caso o daltonismo se confirme faça um encaminhamento para
um teste mais formal.
 As mesmas instruções dos desenhos acromáticos serão dadas,
informando que agora a criança utilizará giz colorido para a
realização da tarefa.
 Proceda com as anotações da mesma forma.

 Inquérito: faça apenas as perguntas do Protocolo de Interpretação


com asteriscos (*)
 Casa: perguntas 1, 3, 6, 7, 15, 18 e 19
 Árvore: perguntas 22, 24, 25, 30, 35, 36, 42 e 44
 Pessoa(s): perguntas 45, 46, 47, 50, 52, 53, 64, 66 e 67

 Inquira sobre as diferenças significativas entre os desenhos


acromáticos e cromáticos.
 Inquira sobre o significado dos detalhes incomuns, bizarros ou de suas
omissões.
 A Lista de Conceitos Interpretativos é a mesma já utilizada na
primeira sequência de desenhos.

 Para avaliação dos desenhos coloridos é utilizado uma lista dos


usos convencionais das cores disponível em uma sessão adicional
da lista denominada “Uso Geral de Cores” (pg. 10).

 Esta deve ser usada para observar as características de cores


específicas do desenho que podem indicar psicopatologias.
Referência Bibliográfica

BUCK, J. N. H-T-P: casa-árvore-pessoa, técnica projetiva de


desenho: guia de interpretação. 2. ed. São Paulo: Vetor, 2009.

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