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CURSO DE PSICOLOGIA

TÉCNICAS PROJETIVAS

CASA – ÁRVORE – PESSOA


TÉCNICA PROJETIVA DE DESENHO

H - T - P

Manual e Guia de Interpretação

Apostila da Profa.

GEÓRGIA SALDANHA

NATAL
2
2008
3
ÍNDICE REMISSIVO
Histórico 4
Teste da Figura Humana de Machover 5
Teste da árvore 5
Aspectos expressivos, tamanho 6
Pressão 8
Traços, detalhes, simetria, movimento , localização 8
Aspectos do Conteúdo – Casa 8
Teto, telhado, sótão 8
Paredes, tijolos aparentes, porta, caminho, cerca, escada, janelas, chaminé, fumaça 9
Aspectos do Conteúdo – Árvore 10
Solo, raízes, tronco 10
Galhos, copa 11
Flores, frutos 12
Aspectos do Conteúdo – Figura Humana 12
Cabeça, rosto, boca, olhos, nariz 12
Orelhas, cabelos e pelos, sobrancelha, tronco, ombros, pescoço 13
Cintura, mãos e braços 14
Pernas, pés, roupas e acessórios, figura nua, análise de cores 15
Análise Qualitativa do HTP 17
Tempo consumido 17
Tempo de latência 17
Pausas durante a realização do desenho 17
Uso da borracha 17
Figura Humana - Sucessão das partes desenhadas 18
Ordem das figuras (sexo) 18
Visão geral das figuras 19
Figura de frente, costas, perfil, rosto de perfil e corpo de frente, cabeça de perfil e
olhos de frente, desenho pedagógico (em palitos), estátuas, múmias 20
Palhaços, caricaturas, monstros, anões, monstros, figuras grotescas 20
Idade das figuras 20
Postura das figuras 20
Paisagem como tema de fundo e como tema dominante 20
Acréscimo de outra figura 20
Dizeres, versos, rabiscos sem significado 20
Nuvens, chuva ou neve 20
Comparação entre as duas figuras 21
A família de origem e a família ideal 21
Posição das figuras, proporção entre desenhos, omissões, figuras parentais 21
Análise de cada figura 21
Posições das figuras 22
Desenho só dos rostos ou membros 23
Família com órgãos sexuais expostos, em negrito ou
com muitos traços, correções ou retoques 23
Distância ou proximidade entre os membros da família 23
Cada membro da família absorvido na sua própria atividade; 23
família num quadrado, compartimentada 23
Mobília, aparelho de televisão 23
Família em que cada membro está desenhado em um canto da página 23
Família sentada em frente a uma mesa grande e vazia 23
Examinando que se desenha isolado 23
Figura dentro de um círculo 23
Colocação do sujeito próximo de um de seus pais ou irmão(a) 23
Figura desenhada tapando uma outra figura 23
Desenho de uma vizinha ou pessoas mortas 23
Representação do examinando em primeiro ou último lugar 24
Proporção entre os desenhos 24
Figura maior dentro da família 24
Figura menor dentro do círculo da família 24
Genitor dominante 24
Cabeça maior de um dos pais 24
Disparidade entre os membros, irmão menor desenhado maior 24

Pai ou mãe representados como uma figura pequena e


insignificante, irmão ou irmã maior que o pai e/ou mãe 24
4
Desenho de um irmão (ã) bebê, do mesmo tamanho que os outros 24
Pai desenhado menor que a mãe 25
Omissões 25
Quando um dos pais não mora com a família e o examinando
o desenha como fazendo parte da mesma 25
Figuras parentais 25
Família de marcianos, cantores de rock, geométricas,
despersonalizadas, desumanizadas, etc. 25
Família com excesso de membros (tios, avós, primos) 25
Sugestões para aplicação do HTP 26
Identificação do sujeito, anotações, técnica de aplicação 26
Instruções 27
Inquérito do HTP + Livre + Família 27
Formulários para levantamento de dados 30
Referências Bibliográficas 38
Anexo 39
5
HTP Histórico
HISTÓRICO
O desenho como instrumento de investigação da personalidade, foi usado pela primeira vez por
Emile Jucker, conselheiro de orientação profissional, na Suíça, em 1928. Jucker acreditava existir
uma correspondência simbólica entre a árvore e o ser humano e acreditava que através do desenho da
árvore seus orientandos poderiam expressar aspectos de sua problemática emocional. A interpretação
que fazia tinha bases puramente intuitivas.
Em 1934, os trabalhos de Hurlock e Thomson abriram o caminho para uma investigação
metódica dos desenhos das árvores. Evolução da percepção infantil, a riqueza de detalhes aumenta a
medida que a idade e o grau de inteligência são maiores.
Em 1949, em Lucerna, é publicado “O Teste da Árvore” de Karl Koch. A preocupação em
dar à intuição bases mais objetivas, leva Koch a estabelecer certas normas de medida, realizando um
estudo estatístico e sistemático, propondo interpretações mais precisas do que as de Emile Jucker.
Koch propunha as seguintes instruções:
1) “Desenhe uma árvore frutífera, da melhor maneira possível”;
2) “Desenhe uma árvore diferente da primeira.”
Na França, Renée Stora propõe modificações nas instruções de Koch:
1) “Desenhe qualquer árvore, como lhe agrade mais, exceto um pinheiro.” Stora mantém essa
exclusão porque considerava o desenho do pinheiro um desenho esteriotipado para a sociedade
européia. Acreditava também que pedir para que se desenhasse uma árvore frutífera, seria sugerir um
efeito.
Para Stora, a primeira árvore, representava a reação do sujeito à uma situação desconhecida.
2) “Desenhe uma árvore diferente da primeira.”
A segunda árvore expressaria uma resposta a uma situação conhecida revelando padrões de
comportamento mais habituais.
3) “Desenhe uma árvore imaginária, uma árvore que não existe na realidade, a árvore dos
seus sonhos”.
Acreditava que esse desenho poderia revelar os desejos insatisfeitos na realidade e mostra
como se opera o compromisso entre o desejo e a realidade.
4) “Desenhe uma árvore de olhos fechados”.
Esse último revelaria conflitos antigos e traumas de infância que ainda interferem na vida
adulta do indivíduo.

Em 1926, nos Estados Unidos, Florence Goodenough desenvolveu uma técnica de avaliação
da inteligência a partir do desenho da figura humana. Em 1949, Karen Machover, baseando-se nos
estudos de Goodenough, observou que a figura humana além de indicar o nível intelectual, era sensível
também aos aspectos da área afetivo-emocional. Essa idéia a levou a desenvolver a técnica do desenho
da figura humana como técnica projetiva, com a finalidade de investigar os aspectos da psicodinâmica
envolvidos com a auto imagem e a imagem corporal.

A precursora na utilização do desenho da casa como instrumento de investigação foi


Françoise Minkowska que apresentou em 1947, o Teste da Casa e o aplicou a um elevado número
de crianças — refugiadas de diversas origens — que chegaram à França depois da Segunda Guerra
Mundial. A instrução que se dava era: “Desenhe uma casa”, entregando-se lápis coloridos. A
interpretação se fundava exclusivamente “na apreciação clínica”.

Em 1947/1948, um discípulo de Goodenough, John Buck, psicólogo do “Lynchberg Satate


Colony”, Na Virgínia, EUA, apresenta a bateria H.T.P., constituída dos desenhos de uma casa, uma
árvore e uma figura humana, nas formas cromáticas e acromáticas.
O teste pede para que o sujeito desenhe uma casa, uma árvore e uma pessoa, enquanto o
aplicador anota a seqüência dos desenhos, o tempo de realização, comportamento, etc. Após a
realização dos desenhos, o sujeito deve responder um questionário sobre os desenhos realizados.
6
Numa segunda fase, são pedidos os mesmos desenhos, oferecendo ao sujeito lápis colorido e em
seguida novamente lhe são solicitadas respostas verbais sobre os desenhos realizados.
Segundo Buck, os itens específicos, Casa, Árvore e Pessoa, foram escolhidos porque:
(1) são itens familiares até para crianças relativamente pequenas;
(2) achou-se que seriam mais facilmente aceitos para desenhar do que outros itens sugeridos;
(3) parecem estimular verbalizações mais livres e francas.
Além disso,
A Casa, como lugar de moradia, parece despertar associações referentes à vida familiar do sujeito e
às relações intra-familiares;
A Árvore, como um ser vivo num ambiente elementar, parece despertar associações referentes às
relações básicas e elementares que o sujeito experimenta em seu meio; e
A Pessoa, como ser humano, parece despertar associações referentes às relações interpessoais do
sujeito, tanto as especificas como as gerais.
Tanto Machover como Buck supõem que a figura projetada pelo sujeito não é apenas projeção do
próprio sujeito e de suas experiências, mas uma coleção de diferentes imagens e sentimentos
acumulados no curso de sua vida.

TESTE DO DESENHO DA FIGURA HUMANA DE MACHOVER


Machover diz: “A personalidade não se desenvolve no vazio, mas sim através do movimento,
do sentir e do pensar de um corpo determinado”, daí a importância do desenho da figura humana. Os
métodos projetivos surgiram devido à necessidade de explorar as motivações das condutas que não
podem se manifestar por comunicação direta entre as pessoas. Uma extensa e intensa experiência
demonstrou que os desenhos da figura humana representam uma profunda e íntima expressão da
personalidade de quem desenha.
Frente à tarefa de desenhar uma pessoa, o sujeito deve resolver diferentes problemas e
dificuldades, buscando um modelo ao seu alcance. Mas as figuras externas são tão variadas em seus
aspectos corporais que deve fazer uma seleção para reconstruir uma pessoa que seja uma
representação objetiva.
Durante nosso desenvolvimento associamos distintas percepções e emoções com certos
órgãos corporais e esta imagem corporal que se desenvolveu com nossa experiência, determina e
guia, de algum modo, o que se está desenhando e o faz apresentar o desenho de uma pessoa como
uma estrutura e um conteúdo especial.
Portanto, o desenho da pessoa, ao supor uma projeção da imagem corporal, oferece um
caminho natural para a expressão dos próprios conflitos e necessidades do corpo. A interpretação do
desenho se baseia na hipótese de que a figura desenhada está refletindo o examinando com a mesma
intimidade que pode fazê-lo o estilo da letra, os gestos ou qualquer outro movimento expressivo.
A interpretação do desenho é feita através da abordagem dos seguintes aspectos:
1) a cabeça;
2) as características sociais (rosto e traços faciais);
3) características de contato (braços, mãos, dedos, pés, pernas);
4) outras partes do corpo (tronco, ombros, peito, quadril, etc.);
5) vestimentas (botões, bolsos, gravatas, sapatos, chapéu);
6) aspectos estruturais e formais (tema, movimento, seqüência, simetria, tamanho, localização, pressão,
traço, etc.);
7) indicadores de conflito (borrões, sombreados);
8) diferenças entre as representações do homem e da mulher.

O TESTE DA ÁRVORE
Koch diz que: “Neste teste, a árvore é o suporte da projeção, o objeto que representa o mesmo
papel que o do espelho, que reenvia a imagem projetada nele. O objeto - a árvore - não é um esquema
7
gráfico adquirido a partir de um longo treino, como o é a escrita, no entanto, ele é familiar a todo
mundo.
Sua estrutura e sua forma geral são suficientemente conhecidas, para que se descarte o risco
de confusões.
O desenho suscita no sujeito que desenha fenômenos expressivos de origem subjetiva. O
desenho projetado corresponde em parte ao mundo objetivo, em parte com os aspectos subjetivos. A
projeção exterior do mundo interior, não é um ato voluntário. O que é voluntário é a representação do
objeto, mas ela contém uma expressão subjetiva que “passa com ela”.
Toda execução é uma afirmação do sujeito operante ante a realidade exterior; é uma projeção.
No desenho, a realidade exterior é a folha de papel sobre a qual o sujeito se projetará por meio do
desenho.
Odete Lourenção Van Kolck, reconhece que para a interpretação dos desenhos, são necessários três
processos, três momentos:
1. Processo adaptativo - avaliação do material, comparando com a idade, sexo e nível social do sujeito. Para
isso é necessário que o material gráfico corresponda à idade (criança, adulto), sexo (masculino, feminino) e nível
sócio-económico cultural (educação).
2. Processo expressivo - corresponde à estruturação gráfica do desenho (organização gráfica).
Abordagem dos aspectos formais: O COMO
3. Processo projetivo propriamente dito (para Hammer, aspectos de conteúdo) -observando O QUE a pessoa
desenhou. Investigação dos elementos do desenho; partes do desenho.
Aspectos expressivos
1. Tamanho: A relação entre o tamanho do desenho e o espaço da folha indica o espaço que o sujeito ocupa
no meio ambiente. O tamanho do desenho fornece dados a respeito da auto-estima do sujeito, grau de
expansividade no meio (real ou imaginário), relação dinâmica entre o sujeito e o meio ambiente.
Pequeno - sentimento de inadequação e de inferioridade frente às demandas do meio; retraimento;
pressão ambiental; inibição; dificuldade de lidar com o ambiente.
Muito pequeno - constrição; isolamento; depressão; Impressão de não querer , não poder enfrentar a
realidade.
Médio Normal
Grande - sentimento de expansão; maior valorização de si.
Muito grande – agressividade; valorização de si compensatória.
Grande ultrapassando as margens - expansividade que desrespeita os limites. Pode ser a realização
compensatória de sentimento de constrição ambiental.
8

TAMANHO DA FIGURA

Grande – usa
toda a folha

Normal – usa
metade da folha

Pequeno
– utiliza
um
pequeno
espaço
da folha
9
2. Pressão: Indica nível de energia do sujeito.
Forte - Energia, vitalidade, indivíduos assertivo, agressividade.
Fraca - Baixa energia, falta desconfiança em si, receio/cautela em se colocar no meio ambiente, repressão
da agressividade.
3. Traços: Associados ao controle, segurança.
Longos, contínuos - comportamento controlado, esforço dirigido, perseverança, estabilidade.
Curtos, interrompidos - comportamento impulsivo, inconstância, instabilidade, vulnerabilidade.
Avanços e recuos - sensibilidade, emotividade, hesitação, ansiedade.
4. Detalhes:
Ausência - isolamento emocional, depressão, vazio afetivo.
Excesso - característica de obsessivo-compulsivos, ansiedade, expressão emocional exagerada.
5. Simetria:
Presença - necessidade de sentir-se seguro mantendo controle rígido.
Ausência - dado não relevante.
6. Movimento:
Presença - indício de vida interior rica, bom nível intelectual.
Excesso - instabilidade emocional.
7. Sequência: A análise da sequência poderá fornecer pistas sobre associações que o
sujeito faz inconscientemente e dados sobre seu desenvolvimento emocional.
8. Localização:

ESPIRITUALIDADE

4 OBJETIVOS MUITO ALTOS – SATISFAÇÃO NA FANTASIA 1

Passividade Atividade
Nostalgia Iniciativa
Egocentrismo Desejos de retorno ao passado Projetos para o futuro Altruísmo
Introversão Iniciativa
Mãe Pai
Começo Conflitos Força dos desejos Fim
Regressão (Impulsos/Instintos)
Origem Fixação a um estágio primitivo Obstinação / Teimosia Finalidade
Passividade Atividade
FIXAÇÃO AO CONCRETO – INSEGURANÇA – INADAPTAÇÃO
3 ORIENTAÇÃO PARA O INCONSCIENTE 2

MATÉRIA

ASPECTOS DE CONTEÚDO DA CASA


1. Teto: corresponde à área da fantasia. Telhado
Grande: satisfação e realização dos desejos no nível da fantasia.
Pequeno: orientação voltada para o prático, para o objetivo, para a realidade.
Ausência: indica repressão, inibição da fantasia.
Somente o teto desenhado: vive na fantasia. Teto
2. Telhado: relacionados a necessidade de proteção / liberação.
10

Muito trabalhado: pode indicar características compulsivo-obsessivas.


Presença de falhas no telhado: sentimentos de invasão, desproteção / evasão, liberação.
3. Sótão: representação ligada à fantasia.
4. Porão: representação ligada aos aspectos inconscientes,
5. Paredes: representação do ego.
Sólidas, firmes: bom desenvolvimento do ego; associado à força do ego.
Reforçadas: necessidade de reforçar as defesas do ego.
Descontínuas ou frágeis: vulnerabilidade aos estímulos do meio, impulsividade, sentimento de
ruptura.
Ausência de paredes: predomínio de vivência na fantasia, fraco contato com a realidade; subjetividade.
6. Tijolos aparentes: sofrimento do ego; sensação de desintegração; desgaste emocional; ameaça de
desestruturação.
7. Porta: contato social com o meio imediato, simbolicamente, a porta é a boca da casa.
Pequena: retraimento, dificuldade de contato, timidez, introversão, mais voltado para si.
Grande: necessidade /voracidade de contato. Dependência do meio, extroversão.
Aberta: dependência do meio, pouco seletivo.
Fechada: cautela nos contatos.
Ênfase na fechadura: desconfiança, suspeita nas relações que estabelece com o meio.
Acima da linha de base: inacessibilidade.
Ausência: indivíduo que não permite comunicação, não dá acesso.
8. Caminho: sugere seletividade nos contatos.
9. Cerca: elemento que indica defesa; demarca territórios, limites.
10. Escada: indício de defesa, sugere inacessibilidade.
11. Janelas: forma secundária de interação com o meio. Devem ser interpretadas associadamente aos dados
da porta. São os "olhos da casa".
Fechadas: necessidade de retraimento, relutância em interagir com os outros.
Com vidraças, cortinas: interação controlada com o meio, cautela e ansiedade no contato.
Sem cortinas ou persianas: indicam predisposição a estabelecer ligações de forma repentina e direta Esse
significado se intensifica se forem muitas as janelas.
12. Chaminé: ligada ao símbolo de masculinidade, de poder masculino. Ganha importância interpretativa
na medida em que se destaca no desenho.
Grande: preocupação sexual, curiosidade sexual ou afirmação de masculinidade
Cortada: indício de sentimentos de limitação, de castração.

Chaminé não cortada


(tem borda)

13. Fumaça: indica tensão interna, conflito, quando desenhada de forma escurecida;
extravasamento da tensão
Em negrito: indícios de angústia
Como pequenas nuvens: ansiedade contida
11
14.Casa desenhada com a parte frontal à direita: Encontrado em canhotos. Pode indicar
oposição, rebeldia.
15. Casa representada como dupla: ambivalência, pode ser desenhada por filho de pais separados.

ASPECTOS DE CONTEÚDO - ÁRVORE


1. Solo: estabilidade, realidade, representa o
limite entre consciente e inconsciente.
Simbolicamente, representa a família, a mãe
(terra), enquanto elemento nutridor.
Reservatório de energia.
Presença: estabilidade, base na realidade, segurança.
Ausência: insegurança, instabilidade, falta de apoio. solo

Que se fecha sob a árvore: isolamento.

2. Raízes: elemento de fixação e nutrição. Representa a parte mais primitiva e inconsciente da


personalidade.
Vista por debaixo do solo: é considerado como transparência e
indica necessidade de manter vínculos com a família / mãe e / ou
indivíduo que precisa se apegar à realidade devido a presença de
intensa fantasia. Ambas as opções implicam em predomínio do
desejo sobre a razão.

Aparente (sobre o solo): preocupação com a estabilidade, com


sua ligação com a realidade.
mínimo de 1 cm acima do solo
3 . Tronco: indicador da força básica da personalidade, representa a força do ego.
Forte: força vital do ego.
Frágil: desvitalização, fragilidade.
Reto, paralelo: rigidez.
Linhas periféricas com reforço: necessidade de reforçar as
defesas do ego,
Linhas periféricas tênues: vulnerabilidade, instabilidade,
falência das defesas.
Curvado, afunilado: inibição, constrição, pressão ambiental.
Bifurcado; ambivalência.

bifurcado afunilado curvado


12
Superfície do tronco:
Nódoas: indício de fato significativo e ou traumático no desenvolvimento
emocional do indivíduo.

Com buracos com animais: sentimento de que um segmento da personalidade


está fora de controle (dissociada) ou indica necessidades regressivas de proteção.
Sulcos: sensibilidade. Se escurecidas, indicam ansiedade.

5.Galhos:
Cortado: sentimento de castração, aspirações, interesses inibidos. Frustração.

Que floresce: comportamento secundário que não se integra no conjunto da


personalidade. Comportamento impulsivo que acontece à revelia dos controles do ego.
Pontudos

Pontudos: agressividade.
Abertos: impulsividade.
Com extremidades envolvidas por ramagens, como chumaços de algodão:
dissimulação da agressividade.

6. Copa: Expressão do indivíduo no meio. Sociabilidade, produtividade.


Grande com tronco curto: ambição mas pouco investimento egóico para realização.

Pequena com tronco grande: energia de ego que não se canaliza adequadamente em
direção à produtividade.
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Que se expande para cima: fantasia, ambição.

Achatada: pressão ambiental.

Copa cujos lados pendem para baixo: depressão.

Centrípeta: egocentrismo, introversão. (se dirige para o centro)

Centrífuga: busca de contato, extroversão. (se afasta do centro)

Com rabiscos internos: mobilidade psíquica, confusão mental, produção


sem consistência.
7. Flores: feminilidade, vaidade, sensibilidade.
8. Frutos: produtividade, fertilidade.
Muitos: auto exigência de produtividade, pressão para produzir. Busca de reconhecimento e
valorização.
Frutos, flores ou folhas caídas ou caindo: sentimento de perda, depressão.

ASPECTOS DE CONTEÚDO - FIGURA HUMANA


1. Cabeça: sede da razão, do controle dos impulsos e da fantasia.
Grande: indivíduo que privilegia a inteligência.
Pequena: inferioridade, inadequação.
Perfil: evasão, fuga.
2. Rosto: área de comunicação e expressão social.
2.1 Boca: comunicação, alimentação, zona erógena.
Grande: ambição, oralidade, voracidade.
Pequena: representação da oralidade, inibição.

Observações sobre a figura:


Boca – grande e côncava – mostra os dentes
Olhos – abertos, trabalhados e com pupila
Cabelos – longos e bem desenhados
Sobrancelhas - grossas
Nariz - grande

Em um só traço: recusa do meio, pode indicar sujeito oralmente agressivo.


Côncava: dependência oral, imaturidade, passividade
Omissão: grave rejeição das necessidades afetivas
Dentes: agressividade
2.2. Olhos: comunicação e discriminação do meio.
Grandes: controle do ambiente, curiosidade. Trabalhados: feminilidade, sensualidade.
Sem pupilas: pouca diferenciação do meio, o mundo é percebido de forma vaga.
Olhos fechados: fuga da realidade, indivíduo voltado para si.
3. Nariz: representação fálica.
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Grande: necessidade de auto afirmação, socialmente ativo e empreendedor. Pode indicar
compensação de sentimento de inadequação sexual.
Pequeno: impotência, temor de castração.
2.4. Orelhas: sensibilidade à crítica social. Só interpretada quando se destacam.
Grandes ou marcadas: indivíduo suscetível à ofensas; resistência à autoridade, indivíduo
que está atento ao que dizem dele; preocupação com sua imagem pessoal.
Pequenas: inferioridade, desejo de não ouvir críticas.
3. Cabelos e pêlos: vitalidade, virilidade, sensualidade.
Longos, bem desenhados: sensualidade.
Careca: sentimento de desvitalização.
Encaracolados (desordenados): sexualidade (fantasia e/ou problemática sexual).
Bem ordenados: repressão das fantasias sexuais.
Franjinha: dissimulação das fantasias sexuais.
Rabo de cavalo, fitinhas, fivelas, laços, maria-chiquinha:
controle da sensualidade, infantilidade.
Pêlos, barba, bigode: símbolo masculino, virilidade, vitalidade sexual.
4. Sobrancelha:
Fina: sensualidade, refinamento pessoal.
Grossa: sexualidade, certo primitivismo.
5. Tronco: vitalidade, sede de vida instintiva e emocional.
Ênfase: preocupação com o poder físico; problemas psicossomáticos.
Caixa rígida: indivíduo defendido (ex. robô).

Observações sobre a figura:


Laço na cabeça.
Tronco tipo caixa rígida.
Boca côncava.
Braços curtos.
Mãos em pétalas.

Muito estreito: indivíduo inibido, pressionado nas funções vitais e/ou sexuais. Arredondados: feminilidade.
Angulosos: agressividade, masculinidade.
6 Ombros: ligado a autoridade.
Ênfase: preocupação com a beleza corporal e com o poder físico.
Grandes: desejo de afirmação, de poder e de domínio.
Pequenos: inferioridade, constrição, inibição
Angulosos: agressividade, autoridade.
Arredondados: sensibilidade, feminilidade.
7. Pescoço: área de controle dos impulsos corporais faz a ligação com a cabeça.
Ausência: indivíduo impulsivo.
Fino: indica controle rígido, moralismo.
Comprido: severidade moral, excessivo controle.
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Com gola ou gravata: controle, acentuando a separação entre a razão e os
instintos.

8. Cintura: controle entre a área genital e o restante do corpo.


Proporcionada: nada a interpretar.
Fina ou com traço: policiamento dos impulsos.
Umbigo: marca da relação com a mãe, dependência materna.
Pescoço e cintura: dois pontos de controle.

Comentários sobre a figura:

Órgãos internos percebidos por transparência


são “detalhes bizarros” e sugerem patologia
(em adultos, esquizofrenia).

9. Mãos e braços: realização, contato (sociabilidade), agressividade, sexualidade (masturbação).


9.1. Braços: instrumentos de controle do ambiente (os de tamanho normal descem abaixo da linha de cintura)
Longos: desejo de domínio, ambição.
Curtos: sentimento de impotência.
Finos: indicam fragilidade.
Voltados para trás: indica fuga ao contato, rejeição ao meio, desconfiança. Necessidade de controlar a
expressão dos impulsos agressivos'.
Omissão: forte sentimento de inadequação e incapacidade de lidar com os problemas relacionados às relações
interpessoais.
9.2. Mãos: ação ofensiva ou defensiva no ambiente.
Pequenas: sentimento de menos valia, inadequação.
Grandes: expressão de poder, ambição, agressividade, impulsividade.
Em forma de pétalas: pouca habilidade manual, infantilismo.
Sombreados ou reforçados: sinal de culpabilidade (roubo ou masturbação)
Mais do que cinco dedos: ambição.
Em palito: agressividade.

Comentários sobre a figura:


É um desenho pedagógico (Buck, 2003, pág. 76), feito por um
homem de mais de 40 anos de idade.
Agressividade. Mãos e pés em palito. Dentes expostos.
Grande dificuldade nas relações interpessoais.
No caso trata-se de um paciente hospitalizado.
16
Luva: agressão reprimida.
Imprecisas ou borradas: falta de confiança nos contatos sociais.
Para trás: evasão, contato superficial, pouco afetivo.
Mãos no bolso: possibilidade de contato limitada, sentimento de menos valia e ou punição.
Ausência: dificuldade de relacionamento interpessoal, introversão, hostilidade.
11. Pernas: responsáveis pela estabilidade e locomoção.
Longas: luta por autonomia; desajuste ao ambiente.
Curtas: falta de autonomia; sentimento de imobilidade.
Ausência: sentimento de constrição (compresão) e dependência
12. Pés: instrumentos de auto locomoção
Grandes: ambição; necessidade de reforçar estabilidade, a relação com a realidade
Pequenos: inibição
Descalços em figura vestida: agressividade; primitivismo
13. Roupas e acessórios: tipo, detalhes, indícios de conflito
13.1. Ausência: rebelião contra a sociedade
13.2. Botões: dependência materna
13.3. Bolsos: dependência materna
13.4. Gravata: símbolo fálico; adequação social expressa em nível social
13.5.Chapéu: representação social de aspecto fálico (poder). Idéia de autoridade.
13.6. Boné: ar de moleque, rebeldia.
14. Figura Nua: necessidade de exibir-se, rebelião contra a sociedade.
14.1. Figura com calça ou saia transparente: problemas sexuais, imaturidade, exibicionismo.
14.2. Figura com sombreado no seio: necessidade materna, dependência, curiosidade ou auto-afirmação
(comum em pré-adolescentes).

Comentários sobre a figura (Buck, 2003, pág. 112):


Desenhada por mulher, com 43 anos de idade.
Figura nua, mesmo que não demonstre detalhes do
sexo. Rebeldia contra a sociedade. A autora que fez
tentativa de suicídio, foi encaminhada pelo
psiquiatra para diagnóstico.

Análise das cores:


O uso das cores pelo indivíduo, por si, fornece dados adicionais de diagnóstico e prognóstico. Entretanto, as cores
devem ser tratadas apenas como um sinal importante, quando elas não obedecerem à convenção ou realidade,
quando elas dominarem a forma do detalhe no qual foram usadas ou quando forem usadas espalhadas de uma forma
não usual.
Se a organização dos desenhos coloridos for melhor do que a dos desenhos acromáticos, o prognóstico será
provavelmente melhor do que se os desenhos acromáticos estiverem melhor organizados. Em crianças, isto é
especialmente verdade, porque indica uma resposta positiva ao calor humano.
Escolha - Quanto mais lento e mais indeciso o indivíduo for para escolher a cor de um detalhe ou desenho,
maior será a probabilidade de que o item a ser produzido tenha para ele um conflito significativo.
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Análise da escolha: Quando um indivíduo usar apenas um lápis preto ou marrom e usá-lo como
um lápis (gráfite) isto sugere que ele possui uma tendência para evitar emoções. Indivíduos fortemente
emotivos usam muitas cores; as crianças usam mais cores do que os adultos. Isso está de acordo com a
crença de que as respostas emocionais precedem as respostas intelectuais no processo de desenvolvimento.
Indivíduos regredidos usam cores mais livremente e com menos crítica do que os indivíduos não regredidos,
o que é acompanhado da perda de interesse na forma por si. Se mais de três quartos da área da página do
desenho for colorida, esta é uma indicação de que o indivíduo não tem controle adequado da expressão
emocional. Se as cores ultrapassarem as linhas periféricas é provável que o indivíduo tenha uma tendência a
responder impulsivamente a estímulos adicionais.

Simbolismo das cores:


Amarelo - É a cor preferida por pessoas alegres, desinibidas, flexíveis e espontâneas. Quando usada
com muita ênfase sugere agressividade ou hostilidade; em crianças, um comportamento mais
dependente e emocional.
Azul - A contemplação do azul determina profundidade, sentimento de penetração no infinito,
sensação de leveza e contentamento. É a cor preferida por pessoas calmas, seguras, equilibradas e mais
controladas.
Laranja - É a cor preferida por pessoas confiantes, perseverantes, independentes e extrovertidas.
Quando usado com muita ênfase no adulto sugere superestima de si mesmo ou projeção de problemas
e afetos no exterior; já nas crianças, desejo de conseguir algo e se valorizar.
Marrom - É a cor da terra, da força de estruturação do ego, da resistência psíquica, da perseveração
emocional e do fanatismo. Escurecido, ele possui a vitalidade e a força impulsiva do vermelho, só que de
forma atenuada. É a cor preferida de pessoas passivas, indiferentes, inseguras e observadoras das
regras. Quando usado com muita ênfase por crianças sugere inibição ou repressão.
Preto — É a ausência de todas as cores, transmite a sensação de renúncia, entrega, abandono e
introspecção. No Ocidente é a cor do luto por expressar melhor a eternidade em seu sentido mais
profundo: a não existência. As pessoas que usam o preto nos desenhos demonstram tristeza, conflitos
não solucionados, inibição, repressão ou vida interior sombria. Em crianças reflete repressão da vida
emocional ou ansiedade.
Verde - É a cor da natureza, do crescimento, da criação, da reprodução, é chamada a cor do
equilíbrio. É a cor preferida por pessoas sensíveis, sociáveis e com facilidade de inter-relação com os
outros. Quando usado com muita ênfase nas crianças sugere dificuldade de expressão nas emoções.
Vermelho - Universalmente considerado como o símbolo fundamental do princípio da vida, é a cor
do sangue. É uma cor ativa e estimulante, que produz emoções rápidas e fortes. Quando usado com
muita ênfase por adultos sugere alta excitabilidade, infantilidade ou falta de auto-crítica. O interesse pelo
vermelho decresce à medida que a criança supera a fase impulsiva e ingressa na fase da razão.
Violeta ou roxo - É a cor resultante da mistura do vermelho com o azul, conservando as
propriedades de ambos, embora seja uma cor distinta. Quando usado com muita ênfase por adultos
sugere fortes impulsos para o poder; já nas crianças reflete um temperamento mais sombrio ou tristeza.
Cinza - Vazio afetivo, negação.
Branco - Vulnerabilidade na estrutura da personalidade; Fácil perturbação do equilíbrio emocional;
Afrouxamento dos dispositivos de inibição e de auto controle; Imprevisibilidade.
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Análise qualitativa do HTP
Tempo consumido
O uso que o avaliando faz do tempo durante a execução fornece pistas valiosas referentes ao
significado que os desenhos têm para ele. O avaliador deve relacionar o tempo total consumido
com a qualidade dos desenhos. Alguns pacientes desenham e apagam várias vezes, perdendo
muito tempo; outros consomem a mesma quantidade de tempo, mas desenham livremente e
colocam uma infinidade de detalhes.

Tempo de latência inicial — a maioria dos indivíduos bem ajustados começa a desenhar
mais ou menos 30 segundos depois que as instruções foram dadas.

Pausas durante a realização do desenho — depois de iniciado o desenho, qualquer pausa


superior a mais ou menos que cinco segundos sugere conflitos com o que acabou de desenhar
ou ainda vai ser desenhado. Quando ocorrem pausas durante os comentários espontâneos do
sujeito ou enquanto ele está respondendo ao inquérito, é indício de prováveis bloqueios.

Uso da borracha
O uso da borracha só tem valor quando o sujeito mostra capacidade de melhorar o seu
desempenho. Apagar o desenho sem aperfeiçoá-lo não é bom sinal e quando o torna pior é
mais significativo ainda.

A constante necessidade de apagar na maioria das vezes significa conflito.


Normal — autocrítica.
Não usa — falta de crítica ou autoconfiança no desempenho.
Uso exagerado — insegurança, excesso de autocrítica, indecisão, insatisfação consigo mesmo e
fuga (sugere Fobia Social).

Sucessão das partes desenhadas na Figura Humana


A seqüência habitual no desenho da figura humana é em primeiro lugar a cabeça e as
características faciais (olhos, nariz, boca e orelhas), pescoço, tronco superior, braços, mãos, tronco
inferior, pernas e pés.
As alterações nas seqüências alertam para as partes do corpo possivelmente mais problemáticas ou
importantes para o paciente.
Com o mesmo significado, a demora na apresentação das características faciais implica num desejo
de retardar a identificação da pessoa e a demora em desenhar dedos ou mãos denota uma
relutância em fazer contato imediato e íntimo com o ambiente. As vezes esta é a maneira que o
paciente encontra para evitar a revelação de sentimentos de inadequação.
Em crianças é normal as alterações sequenciais, porém nos adultos apresentam outros significados.
Começo pela cabeça — aceitação do desenvolvimento (é o modo mais comum de iniciar o
desenho, pois é na cabeça que estão os conceitos do self).
Começo pelas mãos, braços, tronco e cabeça por último — dificuldade nas relações pessoais e
predomínio de aspectos mecânicos da personalidade (em alguns casos, indica perturbação do
pensamento).
Começo pelas pernas e pés — desânimo, desencorajamento e dificuldade em caminhar na vida
(comum em Deprimidos).
Começar uma parte e abandonar, ir para outra ou retornar para a inicial — distúrbio sério
de despersonalização (comum em começo de Esquizofrenia).
Começo pelo cabelo — problema de virilidade (comum em pessoas com distúrbios na área da
sexualidade e sugere também Impulso Sexual Excessivo).
Começo pelo rosto — necessidade de agradar e de inter-relacionar com as pessoas (no rosto é
que estão todos os elementos da inter-relação social).
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Começo pelo pescoço — necessidade de viver sob controle e policiamento dos desejos do corpo (o
pescoço é o elemento de ligação entre as forças afetivas e os impulsos controladores do corpo).
Começo pelos ombros ambição, desejo de auto-afirmaçao e fantasia de força e poder, no caso de
ombros largos (comum em pacientes com Transtorno de Somatização).
Começo pelos braços — ambição por meios econômicos, por compreensão, afeto, desejo de inter-
relação ou sentimentos de culpa, quando são muito retocados (é importante verificar se a ambição
é positiva ou negativa).
Começo pelas mãos — pessoa ambiciosa ou sentimentos de culpa ou frustração.
Começo pelas pernas — desejo ou fantasias de mudanças, física ou profissional.
Começo pelo pé — desejo de mudança ou desencorajamento (comum em pacientes Deprimidos e
em alguns casos de Distúrbio Sexual).
Começo pelos pés com dedos — afetividade primitiva, sensualidade instintiva e sem controle ou
agressividade (sugere Transtorno de Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Anti-Social).
Cabeça desenhada por último — distúrbio mental (explorar a possibilidade de perturbação do
pensamento).
Começo por quadris e/ou seios, realçados ou retocados, feito por homem —tendência
homossexual.
Começo pelo vestuário — necessidade de chamar a atenção, preocupação com as roupas, com a
sociedade ou sentimento de inferioridade, necessidade de proteção (sugere Transtorno de
Personalidade Narcisista).

Ordem das figuras


O esperado do ponto de vista de identificação sexual é que as pessoas desenhem o próprio sexo em
primeiro lugar. Quando o desenho não representa o auto-retrato do autor, outras variáveis podem
estar influenciando a escolha, como fantasias românticas, preocupações momentâneas, grande
relação afetiva, conflitos com o progenitor do sexo oposto, identificação com o sexo oposto, conflitos
frente a identidade sexual ou outras condições temporárias do sujeito.
Estudos têm confirmado a visão, geralmente aceita, de que a grande maioria das crianças desenha
seu próprio sexo primeiro, quando solicitadas a desenhar a figura humana. Obser va-se também que
a porcentagem de meninas desenhando seu próprio sexo declina com a aproximação da
adolescência (Lourenção Van Kolck, 1984).
Essa mudança que ocorre num significado número de meninas nem sempre representa uma troca
no papel ou na identificação sexual. Quando uma adolescente desenha a figura masculina em
primeiro lugar, pode estar expressando um interesse pelo outro sexo, e não problemas na
identificação sexual.
Na adolescência parece haver maior inclinação a desenhar um amigo da mesma idade ou um adulto
solícito, do que os próprios pais.
Crianças — desenham com mais freqüência pessoas significativas de seu ambiente (pai, mãe,
irmãos, professores, etc.), e não a percepção do próprio self, provavelmente porque os pais
representam um modelo de identificação que a criança quer incorporar.
Crianças de 7 a 16 anos — desenham primeiro a figura do sexo oposto quando têm maior estima
por este ou quando apresentam sentimentos negativos para consigo mesmo, quando são mais
dependentes faltando-lhes segurança quanto a própria imagem ou quando não têm plena
consciência do próprio sexo do ponto de vista das características sexuais já reconhecidas.
Adultos — que reproduzem as figuras parentais em seus desenhos, normalmente mostram-se
presos ao passado, sem jamais terem conseguido atingir totalmente a independência do controle
parental.
Quando pergunta sobre o sexo que se deve desenhar primeiro — confusão a respeito do
papel sexual.
Desenho do próprio sexo em primeiro lugar — identificação com o papel característico do
próprio sexo (é o mais comum).
Desenho do sexo oposto em 1º lugar— como já foi dito acima, pode simbolizar fantasias
românticas, preocupações momentâneas, conflitos com o progenitor do sexo oposto, forte ligação e
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dependência com o genitor ou com a pessoa que tem mais afinidade do sexo oposto, confusão a
respeito do papel sexual, perturbação na identificação sexual e em alguns casos homossexualismo.

Visão geral das figuras


Simbolizam o grau de auto-exposição do paciente.
Figura de frente — quando é a figura do sexo do autor indica aceitação de si mesmo, boa evolução
psicossexual e relacionamento com o mundo exterior de forma aberta e franca.
Figura de perfil — atitude evasiva, necessidade de esconder dos outros os próprios sentimentos,
recusa em apreender a realidade, dificuldades e indiferença para com o meio, problemas de
relacionamento afetivo, tendência para evitar o confronto com os problemas e busca de satisfação
na fantasia (desenho comum em crianças inteligentes, mas ocorre também em psicóticos).
Figura de costas — grande problema de ajustamento, fuga do meio, dissimulação dos impulsos
“proibidos”, culpa e vergonha (comum em Transtorno de Personalidade Paranóide).
Figura com o rosto de perfil e corpo de frente — em crianças, é comum devido a uma certa
imaturidade perceptiva. Em adolescentes pode indicar conflitos entre exibicionismo e controle social;
já nos adultos sugere dificuldades de ajustamento, de percepção do meio e de si mesmo ou falta de
habilidade técnica.
Figura com a cabeça de perfil e olhos de frente — discernimento escasso e falta de perspectiva
(comum em Esquizofrênicos, Transtorno de Somatizaçao e/ou de Transtorno de Aprendizagem).
Desenho pedagógico (ou figura de palitos) — (grande dificuldade nas relações interpessoais ou
expressão de desprezo e/ou hostilidade em relação a si mesmo (comum em adolescentes que se
sentem rejeitados, em Transtorno de Personalidade Anti-Social e/ou Hipocondria).
Estátuas, múmias, etc. — enrijecimento das defesas e fuga das situações emocionais e do
convívio com as pessoas (sugere Transtorno do Pânico).
Palhaços, caricaturas, anões, monstros, figuras grotescas, etc. — esforço inconsciente para
deformar a realidade, desprezo e hostilidade para com as pessoas e atitude auto-depreciativa ou
sentimento de inadequação (comum em adolescentes que se sentem rejeitados).

Idade das figuras


A atribuição de idade à figura humana simboliza o indício dos desejos, atitudes culturais e
perspectiva temporal do examinando.
Idade da figura próxima à do examinando — bom nível de maturidade sócio-cultural.
Idade da figura inferior à do examinando — imaturidade, fixação emocional em alguma fase ou
reação a traumas, quando o indivíduo se fixa em uma época anterior mais feliz (sugere Transtorno
de Estresse Pós-Traumático).
Idade da figura superior à do examinando — em geral sugere vivências depressivas e/ou
inadequadas para a idade. Nas crianças indicam sentimentos de não ser aceita pelos pais, levando-
as a inferiorizar essa experiência e sentir um forte desejo de crescer ou pais dominadores ou
identificação com um dos pais.

Postura das figuras


A Figura Humana tanto pode ser desenhada ereta, indicando toda a sua força e vitalidade, como
deitada, mostrando o seu baixo nível de energia.
Figura ereta — normal, boa energia e vitalidade.
Figura inclinada, sentada, agachada ou deitada — baixo nível de energia para responder a
estímulos, instabilidade, equilíbrio precário, debilidade física, falta de ânimo, exaustão mental,
preocupação ansiosa a respeito do equilíbrio pessoal e sua posição precária, sensação de estar
doente ou alerta para pessoas doentes na família (comum em alcoólicos crônicos e Deprimidos).
Figura solta no espaço (página) ou que parece estar caindo — sentimentos de iminente
colapso da personalidade, instabilidade, insegurança, dificuldade para estabelecer contato ativo com
a realidade e sensação de estar no ar.
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Figura vergada e/ou corcunda — vivências depressivas, peso nas costas ou culpa.
Figura apoiada a um poste ou cerca — necessidade de ajuda, de segurança, de apoio, falta de
confiança em si e dependência (sugere Transtorno de Personalidade Dependente).
Figura na linha do solo — preocupação com a realidade e necessidade de saber onde pisa (não é
essencial à estrutura do desenho).
Figura sob a pressão de um vento forte — sensação de muita pressão ambiental ou turbulência
no lar.
Paisagem como tema de fundo no desenho da figura humana — tendência a sonho, fantasia,
afetividade e capacidade de observação.
Paisagem como tema dominante no desenho da figura humana — sensação de ser ameaçado
pelo mundo exterior, estando à mercê das forças exteriores, ausência de liberdade em relação a
realidade, ansiedade, cansaço e falta de controle sobre idéias negativas (comum em Deprimidos).
Acréscimo de outra figura — solidão, necessidade de companhia afetiva real ou sensação de
incompetência (comum nas crianças criadas em instituições ou em famílias grandes com privação
cultural).
Dizeres, versos, rabiscos sem significado ou formas impróprias junto à figura —incerteza,
insegurança e falta de confiança em si (comum em Esquizofrênicos).
Nuvens, chuvas ou neve — ansiedade, sensação de ameaça, no caso de crianças ameaça pelo
adulto ou pelos pais (comum em Transtorno Depressivo).

Comparação entre as duas figuras


Reflete as atitudes do paciente para com os dois sexos. Um exemplo seria a criança que desenha a
figura masculina menor e menos móvel que a feminina, podendo indicar que vê o homem como
mais passivo, inativo e introvertido que a mulher, que é vista como mais ativa, extrovertida ou
agressiva.
Figura maior e mais elaborada — maior importância e/ou valorização atribuída àquele sexo.
Figura menor e menos elaborada — depreciação, hostilidade ou medo.
Pequena diferenciação entre as figuras masculina e feminina — fracasso em reconhecer o sexo
oposto como diferente do seu próprio, desinteresse ou medo na aceitação das características sexuais
secundárias do corpo.
Figura masculina menor que a figura feminina desenhada por homem — sentimento de
inferioridade ou medo em relação às mulheres, identificação psicossexual conflitiva.
Ambas as figuras cuidadosamente delineadas - alta inclinação para o detalhe e a ordem (comum em
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo).
Pessoa pequena que se representa em figura grande - disfarce de sentimento de inferioridade,
necessidade de mostrar-se importante, exibicionista ou forte agressividade (sugere Transtorno de
Personalidade Narcisista).
Figura feminina com trajes masculinos — ambivalência sexual ou conflito na identidade e no papel
sexual (sugere Homossexualismo).

A Família de Origem e a Família Ideal


Os desenhos das FAMÍLIAS (de Origem e Ideal) têm-se mostrado extremamente úteis para conhecer a
situação do examinado dentro do seio familiar. Juntamente com o HTP, vem a contribuir para a
observação de determinados aspectos inconscientes e conscientes da personalidade, mais especificamente
para uma abordagem da estrutura e da dinâmica da família em que o examinando está inserido.
Os desenhos, além de possibilitarem o acesso às informações substanciosas, facilitam o trabalho de
intervenção do profissional no contexto familiar por meio da apreensão e apresentação dos conteúdos do
mundo interno do indivíduo.
Na prática clínica, os resultados têm sido relevantes e comprovam a eficácia do instrumento na detecção
de angústias inconscientes presentes no examinando e nas relações familiares (o examinado “grita”
graficamente sua posição e seus conflitos).
De acordo com Lima (em Trinca - 1997) é no contexto familiar que a criança faz as suas primeiras
22
relações de objeto, as quais vêm posteriormente determinar as modalidades de vínculos que ela
estabelece com o mundo.
A família, qualquer que seja a sua constituição, é o núcleo primordial que recebe e contém a criança, o
lugar onde ela realiza a experiência de existir como um ser em si mesmo. Re presenta a primeira vivência
de contato com o mundo, que chega a ela pelo toque, o olhar, as sensações, o amor, o prazer, a
frustração, etc.
Os pais são os suportes preferenciais em que a criança deposita seus afetos e ansiedades, seus primeiros
objetos de relação, que constituirão modelos para o resto de sua vida. Do interjogo entre a família real e
os sentimentos, impulsos e desejos da criança, ela constrói uma família dentro de si, que são seus objetos
internos. Tal representação de família ideal molda e interfere em sua relação com a família real.
Os membros da família podem crescer e ajudarem-se mutuamente ou podem repetir e projetar no mundo
externo a estrutura do mundo interno de cada um, convertendo os objetos externos em prolongamentos
dos objetos internos e impedindo um encontro mais direto com a realidade. Desta maneira, tal vida
familiar é geradora de confusão entre o dentro e o fora familiar e interpessoal, entre o passado e o
presente, entre o mundo da percepção e o mundo do significado.
É na família que ocorre o processo de diferenciação e de aquisição da identidade por meio da
separação/individualização. Durante esse estagio, passa-se por momentos de desorganização, que podem
ser transitórios e passageiros, desde que a família seja capaz de tolerar a diferenciação do indivíduo
dentro do grupo. Se, ao contrário, a família não puder conter essa mudança, sua ação será sobre o
próprio indivíduo.
Todo sistema busca uma forma de equilíbrio, aceitando ou elegendo um ou mais elementos do grupo
como reguladores das transações familiares. Esse elemento pode tornar-se depositário do projeto dos pais
e, nesta posição, funcionar como estabilizador do grupo.
A família tem grande participação não só na estruturação, mas também na dinâmica e
funcionamento do indivíduo, atuando muitas vezes como condutora ou indutora de atitudes e
resultados.
O desenho da família oferece ao psicólogo a possibilidade de penetração no mundo psíquico do
indivíduo, com ênfase nos objetos internalizados e na maneira pela qual estes se formam nas
relações com o ambiente familiar. Por exemplo, uma criança que se sente a favorita da família vai
desenhar-se numa constelação de forma muito diferente daquela que se sente negligenciada,
rejeitada ou ansiosa por atenção.
Às vezes, as crianças ao desenharem a família omitem seus irmãos e irmãs. As que fazem isso
invariavelmente são aquelas que sentem fortes ciúmes de seus irmãos e tentam, simbolicamente,
eliminar a competição perturbadora, não desenhando tais elementos competitivos na unidade
familiar.
O tamanho das diferentes figuras também é uma variável importante. Imaginemos um desenho em
que a figura materna seja retratada de uma forma exagerada (quando a mãe nao é na realidade o
genitor mais alto); isto sugere uma figura matriarcal e dominante e, se o pai é representado como
uma figura pequena e insignificante, pouco maior do que as crianças, implica que este é percebido
como estando pouco acima do status das crianças ou ausente.
Quando desenha a família, a criança ou o adulto pode representar-se muito próximos dos
progenitores, cada membro absorvido em sua própria atividade, ou colocarem-se numa posi ção
afastada, expressando claramente os seus sentimentos de rejeição dolorosa e isolamento.
A maioria dos examinandos responde adequadamente á solicitação para o desenho da família. As
resistências e/ou negaçao têm sido notadas em crianças cuja vida no lar é caracterizada por tumulto
e violência e que adquiriram uma imagem intensamente negativa da família, mas mesmo entre
essas crianças a recusa absoluta é rara. Usualmente estas desenham o grupo familiar, no qual
incluem todos os irmãos e a si mesmas, mas omitem seus pais (Di Leo, 1987).

— Observações na avaliação
Determinados fatores tirados da experiência na prática clínica e observados na avaliação dos
desenhos das famílias, podem ser úteis à compreensão do material clínico como um todo.
1. Posições das figuras - simboliza a forma que o examinando apresenta a sua família, o espaço
ocupado, o grau de envolvimento (aproximação/distanciamento) do examinado com o próprio eu e
com os membros da família.
2. Proporção entre os desenhos - simboliza as valências positivas ou negativas de seus
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membros.
3. Omissões - geralmente elucida os relacionamentos entre os membros, quando estes estão
representados ou ausentes.
4. Figuras parentais - mostra a dinâmica do relacionamento com os pais. Como são vividas as
funções materna e paterna, como são atribuídos os papéis e seu funcionamento dentro da dinâmica
familiar.
5. Análise de cada figura - a primeira pessoa desenhada geralmente é a figura de maior
valência, positiva ou negativa. É importante fazer a análise qualitativa dos traços. Verificar
sucessivamente as demais pessoas desenhadas.
Obs: Os pais muitas vezes ao verem os desenhos de seus filhos alcançam uma “percepção”
concreta, visível e clara dos problemas familiares e conseqüentemente aderem com mais facilidade
a psicoterapia.
Posições das figuras
O espaço e a postura dos membros familiares simbolizam a proximidade afetiva e a confiança
no relacionamento com pares (proximidade); ou auto-estima rebaixada e distanciamento
afetivo (afastamento).
Todos os membros de pé, eretos e de frente — normal, indica uma família bem
estruturada, adaptada e que encara os problemas de frente.
Figuras sentadas ou agachadas — cansaço e/ou debilidade entre os membros. Pode
simbolizar também instabilidade, baixo nível de energia, preocupação ansiosa com o equilíbrio
entre os membros ou com o membro sentado (sugere Transtorno Depressivo ou
Hipocondria).
Figuras deitadas — sugere patologia familiar ou pode indicar a presença de uma pessoa doente na
família (deve-se fazer inquérito).
Figuras que parecem estar caindo ou inclinadas — colapso e/ou instabilidade entre os
membros e falta de apoio mútuo.
Linha para representar o chão ou cerca para apoiar os membros — necessidade de chão ou
de ajuda, instabilidade entre os membros (sugere Transtorno de Personalidade Dependente).
Figuras de perfil — família evasiva, dissimulada, incapaz de enfrentar os problemas de frente, os
membros aparecem indiferentes e/ou estéreis afetivamente.
Corpos de frente e rostos de perfil — família conflituosa, desajustada, com dificuldade de interação e
contato entre os membros.
Figuras de costas — família dissimulada, conflituosa, hostilidade entre os membros e, às vezes,
agressão (sugere Transtorno de Conduta ou Transtorno de Personalidade Anti-Social).
Desenho só do rosto dos membros — inteligência elevada, problemas com o corpo e/ ou dificuldade de
contato físico (sugere Hipocondria).
Família com os órgãos sexuais expostos — promiscuidade no lar, auto-afirmação ou descoberta do
sexo (comum em adultos com problemas graves na área da sexualidade, sugere Voyeurismo).
Figuras em negrito, muitos traços ou com correções e retoques — conflito com os familiares ou
com o membro retocado.
Distância entre os membros da família — sentimento de isolamento, distanciamento entre os
membros e falta de ressonância afetiva.
Proximidade entre as figuras — sentimento de interação, solidariedade e pertinência.
Cada membro da família absorvido na sua própria atividade — isolamento na família, falta de
comunicação e distanciamento afetivo (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide).
Família num quadrado — desejo de libertar-se e desajustamento familiar .
Família em um quadrado e o examinando desenhado separado — fortes sentimentos de rejeição e
isolamento (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide).
Família compartimentalizada, colocação de cada membro em uma moldura ou separado por
uma linha ou quando o examinando separa a si mesmo dos pais pela colocação de uma peça de
mobília ou aparelho de televisão — falta de comunicação entre os membros, sentimento dc
afastamento da interação familiar, sensação de isolamento, distanciamento afetivo ou de distância para
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com o membro desenhado (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide).
Família em que cada membro está desenhado em um canto da página — intenso sentimento de
afastamento da interação familiar. (sugere Transtorno de Personalidade Esquizóide).
Família sentada em frente a uma mesa grande e vazia — distância emocional entre os membros e
intensos sentimentos de afastamento da interação familiar (sugere Transtorno de Personalidade
Esquizóide).
Família de mãos dadas, pai ou mãe puxando os demais — cerceamento, prisão e falta de liberdade.
Examinando que se desenha isolado — expressão de rejeição dolorosa e isolamento (sugere
Transtorno de Personalidade Esquizóide ou Transtorno Depressivo).
Figura dentro de um círculo — desejo inconsciente de eliminar ou afastar a própria representação da
pessoa mais importante ou alguém doente na família (fazer inquérito)
Colocação do sujeito próximo de um de seus pais ou irmão(a) — sensação de pertinência e
preferência ou sentimentos negativos para com aquele membro.
Desenhar e riscar uma figura — desejo de se afastar, sentimentos de hostilidade frente à pessoa ou
conflitos.
Figura desenhada tapando uma outra figura — desejo de ocultar essa figura ou ciúmes.
Desenho de uma vizinha — maior intimidade e afetividade com a vizinha ou conflito com a pessoa.
Desenho de pessoas mortas — fixação ou conflitos com as mesmas.

Representação do examinando em primeiro lugar — sensação de ser o mais importante,


egocentrismo ou mecanismo de compensação por sentimentos de rejeição.
Representação do examinando em último - cerceamento, isolamento e sensação de não receber a
devida atenção.

Proporção entre os desenhos


Fornece um paralelo das atitudes do examinado para com os membros da família.
Quando baseado na idade de cada um — desejo de perfeição ou falta de criatividade e/ou
preferências, rigidez ou equilíbrio emocional entre os membros (sugere Transtorno de Personalidade
Obsessivo-Compulsivo).
Figura maior dentro da família — indica maior importância positiva ou negativa, com
sentimentos de valorização, hostilidade ou conflitos. (fazer Inquérito)
Figura menor dentro da família — sentimentos de menos valia, depreciação, hostilidade ou
superioridade frente à figura.
Genitor dominante — geralmente é desenhado maior que o outro, sem ser levado em conta suas
reais dimensões físicas. Simboliza maior importância e/ou valorização do mesmo, figura que dá
mais atenção ou desejo que seja a figura ideal. A figura maior pode ter valência positiva ou
negativa.
Cabeça maior de um dos pais — atribui maior autoridade a esta figura e maior valência positiva
ou negativa.
Disparidade entre os membros, irmão menor desenhado maior e vice-versa -conflitos e/ou
dificuldade com esse(a) irmão (a) ou este(a) é considerado(a) o(a) mais importante, atencioso(a)
ou percepção tendenciosa de si mesmo e dos outros (quanto maior a disparidade, maior a
possibilidade de desajuste).
Pai ou mãe representados como uma figura pequena e insignificante pouco maior que a
criança — pai ou mãe percebidos como sendo pouco acima das crianças, ausentes e sem muitos
significados.
Irmão ou irmã maior que o pai e/ou mãe — sentimento de ciúme ou maior importância, que lhe
dá mais atenção.
Desenho de um irmão (a) bebê, do mesmo tamanho que os outros — sensação de que o
bebê é um forte competidor e que põe em risco a posição do examinado dentro na família, até
então exclusiva.
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Pai desenhado menor que a mãe — a mãe é vista como uma figura mais dominante e/ou mais
atenciosa.

Omissões
Refletem os sentimentos de proximidade, ciúmes, rejeições e conflitos entre os familiares.
Examinando que se inclui no desenho — sentimentos de pertinência e de fazer parte da família.
Omissão do examinando do grupo familiar — sentimentos de rejeição, de não participar do
grupo familiar, de não ser apreciado(a), querido (a), de ser inferior, de não receber a afetividade
desejada ou rivalidade entre os irmãos. Pode tanto ser rejeição como sentir-se rejeitado ou desejo
de afastar-se. Comum em crianças adotadas, à medida que se aproximam da adolescência,
momento em que a identidade se torna a maior preocupação; e acontece o mesmo entre aqueles
que vivem com seus pais verdadeiros, mas que se sentem rejeitados (sugere Transtorno
Depressivo).
Omissão dos pais e inclusão de si e dos irmãos — medo, dificuldade e conflitos com as figuras
parentais.
Quando um dos pais não mora com a família e o examinando o desenha como fazendo
parte da mesma — recusa em assimilar uma realidade inaceitável, ligação com o genitor ausente,
vínculo não desfeito e conflitos.
Quando um dos pais vive com a família, mas a criança não o desenha — ressentimentos e
mágoas para com o membro ausente.
Omissão de irmão ou irmã — ciúmes dos irmãos.

Figuras parentais
Refletem a origem, a estruturação e as modalidades dos vínculos familiares.
Pequena diferenciação entre a mãe e o pai — fracasso em reconhecer características diferentes
entre os pais, desinteresse ou medo frente aos progenitores.
Pai e/ou mãe com expressão afetuosa — calor no lar, sensação de pertinência, acolhimento,
sentimento de interação e solidariedade.
Pai e/ou mãe desenhado(a) em primeiro lugar — figura dominante, a mais importante, a mais
afetiva ou a mais agressiva.
Pai e/ou mãe com expressão severa e/ou proibitiva — tendência ao retraimento, medo e
isolamento.
Pai e/ou mãe assistindo à televisão, fumando, comendo, praticando um esporte ou escondendo
o rosto atrás do jornal — pai e/ou mãe ausente, afastamento dos interesses, cuidados e atividades
familiares, sentimento de ser negligenciado (quando o pai é visto como ausente, é menos grave do que a
mãe, e geralmente os efeitos são menos profundos).
Pai e/ou mãe como uma figura assustadora, com mãos grandes, dedos longos e pontiagudos —
a criança vê o pai ou a mãe como rígido(a) e punitivo(a), evidente rejeição e crueldade física e mental,
freqüentemente racionalizada como disciplina e treinamento para o melhoramento da criança.
Pai ou mãe atirando coisas no lixo — forte sentimento de rejeição e sensação de ser como um objeto a
ser descartado.
Pai e/ou mãe cozinhando ou servindo comida — símbolo de dar calor e amor no lar (dando afeto).
Pai e/ou mãe fazendo trabalhos domésticos — sensação de não ser tão importante quanto a ordem e
limpeza, que o cuidado com a casa é mais importante do que a criança.
Família de “marcianos”, artistas, cantores de rock, etc. — sentimento de que só em um lugar
distante pode encontrar proximidade e interação familiar. Expectativa de que aceitação e proximidade
familiar não podem ser atingidas neste mundo e tendência a buscar satisfação na fantasia.
Família de figuras geométricas, despersonalizadas ou desumanizadas — deterioração do lar, da
família, violência, tumulto, conflitos, atitude controlada, racionalizada e sem emoção (comum em crianças
que vivem sob condições deterioradas no lar).
Família com excesso de membros (tios, avós, primos) — dificuldade em perceber a família de
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origem, confusão, dificuldade de ligação afetiva e solidão (tem muita gente e não tem ninguém), pais
ausentes ou ainda pode simbolizar uma “grande” família unida e solidária.
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SUGESTÃO DE ROTEIRO PARA APLICAÇÃO DO HTP

Identificação do sujeito:
NOME (pedir apenas as iniciais do sobrenome)
IDADE
DATA DE NASCIMENTO
ESCOLARIDADE / PROFISSÃO
ESTADO CIVIL
SITUAÇÃO FAMILIAR (irmãos, filhos - sexo e idade de cada um)
COM QUEM MORA? (tem como finalidade investigar situações de separação e/ou perda - caso
tenha, perguntar em que época ocorreu)

ANOTAÇÕES: aplicador e observadores deverão anotar TODAS as respostas do sujeito; comentários,


comportamentos não verbais (reações); ordem que o sujeito realiza os desenhos (sequência -
transformar em linguagem escrita o que o sujeito fez graficamente).
* O grupo deverá elaborar um roteiro de aplicação, para as anotações. Esse roteiro será utilizado
pelo aplicador e pêlos observadores para facilitar a aprendizagem, (apresentação; identificação do
sujeito; material; posição da folha; instrução; observações; sequência; inquérito de cada desenho)

TÉCNICA DE APLICAÇÃO
MATERIAL:
# Aproximadamente 12 folhas de papel oficio branco.
# 2 lápis preto n° 2.
# 1 caixa de lápis de cor, grande e com 12 cores (que estarão fora da caixa)
# 1 borracha
# 1 apontador
# roteiro de aplicação
A aplicação terá um total de 6 desenhos:
1° CASA (apresentar a folha na posição horizontal + lápis preto)
2° ÁRVORE (apresentar a folha na posição vertical + lápis preto)
3º PESSOA (apresentar a folha na posição vertical + lápis preto)
4° PESSOA DO SEXO OPOSTO (apresentar a folha na posição vertical + lápis preto)
5° FAMÍLIA (apresentar a folha na posição horizontal + lápis preto + 12 cores)
6° LIVRE (apresentar a folha na posição horizontal + lápis preto +12 cores)
Deixar sobre a mesa somente o material utilizado para cada aplicação. O restante do material deve ficar
fora do campo de visão do sujeito. A borracha será entregue sempre que o sujeito a solicitar e retirada
após seu uso. (anotar o número de vezes usada). Se o sujeito demonstrar que vai apagar todo o desenho,
oferecer outra folha.

INSTRUÇÕES:
1°. “Desenhe uma casa da melhor maneira que puder, o tempo é livre.”
2°. “Desenhe uma árvore da melhor maneira que puder, o tempo é livre.”
Obs.: Se o sujeito desenhar coqueiro, palmeira, pinheiro ou bananeira, aceitar o desenho e, em seguida
apresentar outra folha, com a seguinte solicitação: "Agora quero que desenhe outra árvore que não seja
coqueiro, palmeira, pinheiro ou bananeira, da melhor maneira que puder, o tempo é livre."
3°. "Desenhe uma pessoa da melhor maneira que puder, o tempo é livre."
28
Obs.: Se o sujeito desenhar uma figura esquemática (badameco), só o rosto ou só o busto, aceitar o
desenho e, em seguida apresentar outra folha, com a seguinte solicitação: "Agora quero que desenhe
uma pessoa do mesmo sexo que desenhou anteriormente, só que de corpo inteiro e o mais completa
possível. O tempo é livre."
4°. "Desenhe uma pessoa do sexo oposto a que você desenhou anteriormente, da melhor maneira que puder,
o tempo é livre."
Obs.: (igual a anterior) "Agora quero que desenhe a mesma pessoa, só que de corpo inteiro e o mais
completa possível. O tempo é livre."
5°. "Agora desenhe uma família. Pode ser a sua família, uma família ideal, uma família qualquer, do jeito
que quiser, utilizando todos os lápis se você quiser, o tempo é livre."
6°. "Desenhe o que quiser, usando todos os lápis se você quiser, o tempo é livre."
Durante a execução dos desenhos, o aplicador deve anotar:
- a sequência do desenho
- os comentários do sujeito
- as expressões não verbais que merecem destaque
Após o término de cada desenho é feito o inquérito. Antes de iniciá-lo, o aplicador deve retirar o
lápis, para evitar que o sujeito acrescente novos elementos ao seu desenho. O sujeito deve responder
verbalmente as perguntas, que serão anotadas literalmente pelo aplicador (ou gravadas, se for o caso).
No inquérito o sujeito deverá ter o desenho sob seus olhos.

INQUÉRITO DO HTP + LIVRE + FAMÍLIA


(adaptação das questões originais)
CASA
1. De que é feita?
2. Esta casa é sua? (se não for) De quem é?
3. Você gosta (ou gostaria) de ser dono dela? Por quê?
4. Que parte da casa você tomaria para si? Por quê?
5. Com quem você gostaria de morar nessa casa?
6. Ao olhar a casa ela parece estar perto ou longe?
7. O que esta casa faz você lembrar, pensar ou imaginar?
8. Que impressão esta casa lhe causa?
9. Alguém já causou algum dano a esta casa? Quem? O quê?
10. Do que ela mais precisa?
11. Como está o tempo no desenho? Que dia, mês e ano é?

ÁRVORE
1. Que tipo de árvore é esta?
2. Onde está localizada?
3. Qual a idade dela?
4. Esta árvore está viva?
(Se a resposta for Sim) - O que lhe dá a impressão de vida?
- Existe alguma parte morta? Qual?
- O que provocou a morte?
(Se a resposta for NÃO) - O que provocou a morte?
5. Se fosse uma pessoa, que sexo você daria?
29
6. O que provocou essa impressão?
7. Esta árvore está sozinha ou em grupo?
8. O que esta árvore faz você lembrar, pensar ou imaginar?
9. Existe vento soprando? Em que direção?
10.Como está o tempo no desenho? Que dia, mês e ano é?

1a FIGURA HUMANA
1. Qual o nome desta pessoa?
2. Qual a idade dela?
3. Fale um pouco sobre esta pessoa. (Após anotar o relato espontâneo do sujeito, complementá-lo com as
seguintes perguntas):
a) O que ela faz ?
b) Como se sente?
c) Que outras coisas gostaria de fazer?
d) Do que ela mais precisa?
e) O que ela pensa de si mesma?
f) O que ela acha que os outros pensam dela?
g) Quem esta pessoa lhe lembra? Por quê?
h)Alguém já fez mal a esta pessoa? Quem e o quê?
i) Qual o estado civil? (definir o relacionamento: como se relaciona com os pais, namorado, cônjuge)
4. Como está o tempo no desenho? Que dia, mês e ano é?
5. Qual a melhor parte da figura? (desenho)
6. Qual a parte mais feia da figura? (desenho)

2a FIGURA HUMANA
1. Qual o nome desta pessoa?
2. Qual a idade dela?
3. Fale um pouco sobre esta pessoa. (Após anotar o relato espontâneo do sujeito, complementá-lo com as
seguintes perguntas):
a) O que ela faz?
b) Como se sente?
c) Que outras coisas gostaria de fazer?
d) Do que ela mais precisa?
e) O que ela pensa de si mesma?
f) O que ela acha que os outros pensam dela?
g) Quem esta pessoa lhe lembra? Por quê?
h) Alguém já fez mal a esta pessoa? Quem e o quê?
i) Qual o estado civil? (definir o relacionamento)
4. Como está o tempo no desenho? Que dia, mês e ano é?
5. Qual a melhor parte da figura? (desenho)
6. Qual a parte mais feia da figura? (desenho)
30
FAMÍLIA
1. Quem são?
2. Fale um pouco sobre essa família: o que fazem, quem se relaciona melhor com quem, quem é a mais difícil de
se relacionar ...
3. Está faltando alguém? Quem? Por que você não a desenhou?

DESENHO LIVRE
- Desenho estruturado (paisagem, por exemplo) - Pedir para o sujeito contar uma história e em seguida pedir
para dar um nome para a história.
- Desenho semi estruturado ou abstrato - Pedir para explicar o desenho e em seguida dar um nome para
o desenho.
31
FORMULÁRIOS HTP – Levantamento de dados Aspectos de Conteúdo - Casa

Característica Significado
TETO
TELHADO
PAREDES
PORTA
JANELA
CAMINHO
CERCA
CHAMINÉ
FUMAÇA
OUTROS
ELEMENTOS

SÍNTESE PARCIAL:

Aspectos expressivos – CASA


TAMANHO
TRAÇADO
PRESSÃO
DETALHES
SIMETRIA
MOVIMENTO
LOCALIZAÇÃO

SÍNTESE PARCIAL:
32
Aspectos de conteúdo – Árvore
Característica SIGNIFICADO
SOLO
RAÍZES
TRONCO
SULCOS /
NÓDOAS
GALHOS
COPA
FRUTOS
FOLHAS /
FLORES
OUTROS
ELEMENTOS

SÍNTESE PARCIAL:

Aspectos expressivos – ÁRVORE

Característica SIGNIFICADO
TAMANHO
TRAÇADO
PRESSÃO
DETALHES
SIMETRIA
MOVIMENTO
LOCALIZAÇÃO

SÍNTESE PARCIAL:
33
1ª. Figura Humana - Aspectos expressivos
CARACTERÍSTICA SIGNIFICADO
TAMANHO
TRAÇADO
PRESSÃO
DETALHES
SIMETRIA
SEQUÊNCIA
MOVIMENTO
LOCALIZAÇÃO

SÍNTESE PARCIAL
Aspectos do conteúdo

CARACTERÍSTICA SIGNIFICADO
CABEÇA
BOCA
OLHOS
NARIZ
ORELHAS
CABELOS / PELOS
SOBRANCELHAS
TRONCO
OMBROS
PESCOÇO
BRAÇOS
MÃOS
PERNAS
PÉS
ROUPAS E
ACESSÓRIOS
POSIÇÃO
OUTROS
ELEMENTOS

SINTESE PARCIAL:
34

2ª. Figura Humana - Aspectos expressivos


CARACTERÍSTICA SIGNIFICADO
TAMANHO
TRAÇADO
PRESSÃO
DETALHES
SIMETRIA
SEQUÊNCIA
MOVIMENTO
LOCALIZAÇÃO

SÍNTESE PARCIAL

Aspectos do conteúdo

CARACTERÍSTICA SIGNIFICADO
CABEÇA
BOCA
OLHOS
NARIZ
ORELHAS
CABELOS / PELOS
SOBRANCELHAS
TRONCO
OMBROS
PESCOÇO
BRAÇOS
MÃOS
PERNAS
PÉS
ROUPAS E
ACESSÓRIOS
POSIÇÃO
OUTROS
ELEMENTOS

SINTESE PARCIAL:
35
ESTUDOS DE CASO

Desenhos do H-T-P de Crianças Abusadas


Abuso Físico
Berk (1989) define abuso físico como ataques a crianças que produzem dor, cortes, marcas, contusões,
queimaduras, fraturas e outros danos. Esses ataques tendem a diminuir à medida que a criança cresce
(American Association for Protecting Children Inc., 1985). Os agressores costumam ser os pais, sendo que as
mães têm uma probabilidade um pouco maior. Os meninos são mais submetidos à violência do que as
meninas (Gelles, 1978, Russel & Trainor, 1984).
Enquanto o abuso físico deixa evidências observáveis, ele também provoca sequelas emocionais que
podem afetar muito o desenvolvimento social, educacional e emocional da criança (Williams, 1978). Essas
dificuldades geram consequências de longo alcance e podem se manifestar na idade adulta na forma de
distúrbios nos relacionamentos interpessoais, de predisposição a distúrbios emocionais e de potencial crescente
para o abuso de seus próprios filhos (Kempe, Silverman, Steele, Droegemuller & Silver, 1962; Martin &
Rodeheffer, 1976). O abuso infantil está relacionado a um crescimento do comportamento anti-social,
agressividade, e delinquência juvenil em crianças, adolescentes e adultos (Lewis, Shanok, Pincus & Glaser,
1979). Em casos menos sérios, retraimento, passividade, depressão e apatia têm caracterizado adul tos que
sofreram abusos quando crianças (Green, 1978; Galdston, 1965).
Segundo Wisson (1989), as respostas comportamentais de crianças fisicamente abusadas variam desde
inibição baseada em ansiedade até "acting out'. Os padrões de vínculo em crianças abusadas parecem ser
mais ansiosos do que seguros. À medida que a criança amadurece, esses padrões manifestam-se em
interações agressivas com os outros. Além disso, as crianças abusadas mostram menor capacidade para
interpretar e responder a sinais sociais, o que causa ainda mais problemas em situações sociais. Uma outra
causa para as pobres habilidades sociais de crianças abusadas é a sensação de impotência da criança, o
sentimento de que as ações dos outros controlam sua vida. A auto-estima é pobremente desenvolvida, uma
vez que as crianças abusadas são incapazes de assumir a responsabilidade não só por seus fracassos, como
também pêlos seus sucessos. Elas irão sempre evidenciar ansiedade, quando se defrontarem com novos
desafios e, frequentemente, mostram baixa tolerância à frustração. À medida que estas crianças ficam mais
velhas, a depressão é uma característica emocional saliente de sua forma de ser. As características emocionais
específicas que podem aparecer nos desenhos de crianças abusadas incluem:
• dificuldades com situações de dependência
• necessidade exagerada de controle
• auto-estima baixa
• agressividade, raiva
• retraimento tanto social como emocional
• sensação de desconfiança
• ansiedade, medo, desamparo

Blain, Bergner, Lewis e Goldstein (1981) descobriram um conjunto de seis características de desenho que,
quando ocorrem juntas, sugerem que a criança tenha tido experiência de abuso físico. Sua amostra incluiu 109
crianças entre 5 e 12 anos de idade. Um grupo de crianças (N=32) que estava em tratamento, e considerava-
se que tivessem sofrido abuso físico com um alto grau de certeza. Um segundo grupo de crianças (N=32), que
estavam em tratamento, mas foram julgadas com um alto grau de certeza que não tivessem sofrido abuso
físico. O terceiro grupo (N=45) era composto por crianças bem ajustadas da escola primária e provenientes de
lares em que o abuso físico era altamente improvável. Os autores relataram que um quarto das crianças que
sofreram abuso físico incluíram em seus desenhos quatro ou mais ca racterísticas listadas na Tabela 5. Apenas
três das crianças que estavam em tratamento, que foram consideradas como não abusadas fisicamente,
incluíram tantas dessas características em seus desenhos, e nenhuma criança considerada bem ajustada incluiu
quatro ou mais dessas características em seus desenhos. Este resultado deve ser interpretado com cautela, já
que a média de idade das crianças de cada grupo não foi relatada, e pelo menos três dos seis indicadores
(simetria dos membros, tamanho da cabeça, ausência de janelas no andar térreo) podem estar simplesmente
associados ao desenvolvimento grafomotor.
36
Características do H-T-P Associadas a Abuso Físico
Fumaça na chaminé da casa
Ausência de janelas no andar térreo da casa
Cabeça da pessoa maior do que 1/4 da altura total
Pés da pessoa omitidos
Desenho da pessoa feito apenas com formas geométricas
Membros da pessoa muito assimétricos.

Abuso Sexual
Existe grande concordância entre os clínicos de que as crianças sexualmente abusadas constituem um dos
mais difíceis desafios para avaliação. Muitas vítimas que estão em idade pré-escolar ou são muito pequenas
não possuem capacidades de linguagem para verbalizar suas experiências. A presença de ansiedade excessiva
e a compreensão limitada da criança sobre as circunstâncias frequentemente fazem parte das dificuldades na
avaliação. Segundo Helfer & Kempe (1976), o abuso sexual é comumente definido como envolvendo crianças
ou adolescentes dependentes e imaturos, em atividades sexuais consideradas socialmente como tabu. As
atividades sexuais incluem exposição dos genitais do adulto ou da criança, carícia nos genitais, estimulação
(manual ou oral) dos genitais, intercurso vaginal ou anal, e inclusão da criança em pornografia ou prostituição.
Lefrancois (1992) expandiu a definição ao incluir qualquer ato sexual indesejado envolvendo contato físico, ou
ações tais como proposta, sugestão, sedução verbal ou exibicionismo.
De modo diferente do abuso físico, o sexual raramente deixa sinais ou traumas. Entretanto, há sequelas
emocionais, que parecem ser consistentes na literatura sobre os efeitos dos abusos sexuais em crianças. Como
os adultos, as crianças sexualmente abusadas podem sofrer disfunções sexuais (Finkelhor, 1984; Browne &
Finkelhor, 1986), e têm o funcionamento pessoal e emocional prejudicados (Steele & Alexando; 1981) tal
como depressão, ansiedade (Briere, 1990; Briere & Runtz, 1988; Petera* 1985; Sedney & Brooks, 1984) e
auto-estima baixa (Courtois, 1979; Herman, 1981).
Finkelhor e Browne (1986) identificaram quatro componentes gerais em crianças sexualmente abusadas
que eles dizem ser "dinâmicas traumatogênicas". A primeira delas é a sexualização traumática, que é a
introdução de experiências sexuais impróprias no desenvolvimento. A segunda é a traição, que inclui a perda da
confiança e da segurança. A terceira é a impotência, que envolve ansiedade, medo e desamparo sentidos pela
criança quando é incapaz de impedir ou conter o abuso. A última dinâmica é a estigmatização, que leva à
auto-estima baixa e ao sentimento de ter a vkJa arruinada. Essas dinâmicas podem fornecer um modelo para
a compreensão da psi-codinâmica das crianças sexualmente abusadas.
Os indicadores emocionais específicos de crianças sexualmente abusadas que podem aparecer nos
desenhos incluem (McFadden, 1989; Rosenfeld & Wasserman, 1990; Wissow, 1989):
• indicadores sexuais e agressivos não apropriados
• perda do sensação de segurança, incapacidade para confiar
• ansiedade, medo, desamparo (impotência)
• auto-estima baixa
•depressão
• conflitos familiares
• ideias suicidas
• agressão, raiva
• sentimento de culpa, vergonha
• desconforto nas relações íntimas
• ligação exagerada a adultos (dependência)
Hibbard e Hartman (1990) compararam a presença dos indicadores emocionais de Koppitz (Koppitz,
1964) nos desenhos da figura humana de 65 crianças que afirmaram ser vítimas de abuso sexual com os
desenhos de 64 crianças supostamente não abusadas. Os sujeitos tinham de 5 a 8 anos; 94 eram mulheres
e 35, homens. As vítimas de abuso sexual tenderam a desenhar com mais frequência as pernas pres-
sionadas uma à outra, mãos grandes e genitais. As vítimas de abuso sexual tiveram pontos mais
frequentemente nos indicadores emocionais da categoria de ansiedade do que o grupo de crianças de
comparação. A categoria ansiedade inclui sombrea-
37
mento da face, sombreamento do corpo e/ou dos membros, sombreamento das mãos e/ou pescoço,
nuvens e omissão dos olhos.
Em um estudo focalizando cinco partes do corpo, Hibbard, Roghmann e Hockelman (1987) constataram
que as vítimas que alegavam abuso sexual e crianças vítimas que se tinha certeza de abuso sexual tendiam
a desenhar com maior frequência genitais do que as crianças de comparação. Entretanto, os autores avisam
que, embora a presença de genitais em desenhos de crianças possa alertar os examinadores para presença
de genitais em desenhos de crianças possa alertar os examinadores para considerarem uma história de
abuso infantil, ela não o prova, bem como a ausência dos genitais não exclui o abuso.
Yates, Beutler e Crago (1985) compararam desenhos de crianças vítimas de in cesto, com os de crianças
sem problemas sexuais em 15 dimensões. As dimensões incluíram sexualização da figura, grau de
dependência, qualidade das defesas do ego e adequação do controle de impulsos. As crianças vítimas de
incesto foram consideradas como possuindo controle dos impulsos precariamente desenvolvido e uma es-
trutura defensiva que enfatizava regressão. Os resultados dessas crianças foram significantemente mais
variáveis na expressão de características sexuais do que o grupo de controle, mas menos variáveis na
maturidade avaliada e na tendência para usar a sublimação como uma defesa da ansiedade.
Spring (1985) discutiu a simbologia em desenhos de 14 mulheres que haviam sido emocional, física ou
sexualmente abusadas na infância ou que haviam sofrido espancamento ou estupro na idade adulta. As
análises indicaram que essas mulheres frequentemente usaram formas e olhos triangulares em seus
desenhos.
A Tabela 6, que resume os dados relativos às características dos desenhos do H-T-P apresentadas nesta
seção, que foi compilada considerando as dinâmicas de personalidade encontradas na literatura e na
experiência dos autores.

Tabela 6 Características do H-T-P Associadas a Abuso Sexual


Nuvens em qualquer desenho Pernas da pessoa juntas e pressionadas uma
Genitais desenhados na pessoa à outra
Mãos muito grandes Árvores fálicas
Olhos da pessoa enfatizados e muito grandes Sombreamento da face, do corpo, dos mem-
Olhos da pessoa pequenos ou omitidos bros, das mãos ou do pescoço da pessoa
Formas triangulares enfatizadas no desenho da pessoa
Ênfase vertical no desenho da casa

Comentários sobre a figura:


Desenho de criança que sofreu abuso.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria.
WWW.sbp.med.br acessada em 29 de
abril de 2008.
Observe-se as pernas juntas.
38
Inquérito Posterior ao Desenho

O Inquérito Posterior ao Desenho pretende esclarecer aspectos obscuros dos desenhos e proporcionar ao
indivíduo toda oportunidade de projetar sentimentos, necessidades, objetivos e atitudes através da descrição
verbal e de comentários sobre seus desenhos acromáticos e coloridos. Uma pessoa média, bem ajustada vê a
casa ocupada por um ser vivo e vê a árvore e a pessoa vivas. Respostas ao inquérito que descrevem a casa
temporariamente desocupada ou deserta, a árvore morrendo ou morta e a pessoa doente, morrendo ou morta
parecem revelar desajustamento.
As respostas dadas durante o inquérito devem ser avaliadas de acordo com diversas dimensões. O volume de
respostas é importante: A recusa do indivíduo de fazer qualquer comentário é patológica. "Eu não sei" não deve
ser interpretado como falta de resposta, nem é uma resposta satisfatória. Pelo fato de algumas questões serem
específicas e restritas, uma resposta curta pode não ser sempre considerada como concisa, enquanto que uma
resposta longa também não deve ser sempre considerada eloquente. Por exemplo, pode-se ser surpreendido ao
receber uma resposta mais longa do que "homem" ou "mulher" para a pergunta "Esta pessoa é um homem ou
uma mulher?" Por outro lado, seria estranho receber menos do que várias palavras em uma resposta positiva
para a pergunta "O que ele (a) está pensando?" A mais longa série de comentários produzida espontaneamente
que o autor experienciou foi feita por um homem psiconeurótico que entrou em um estado semelhante a um
transe e associou livremente milhares de palavras referentes a sua árvore e a outras de um quadro dependurado
na parede da sala do examinador.
As respostas devem ser avaliadas por sua relevância. Uma resposta irrelevante para "Quantos anos ele (a)
tem?" foi o comentário de um pré-psicótico "Ele tem 100, mas eu tenho 27." Um paciente maníaco respondeu à
pergunta sobre o tempo nos desenhos "Todos os tipos de tempo. Neve, verão, outono, chuva, seco, tudo!" A res-
posta de um paciente psicótico para a pergunta "Alguma parte da árvore está morta?" foi "Eu não posso ouvi-lo
muito bem porque as pessoas estão falando muito." Quando foi perguntado que pessoas, o paciente respondeu
"Ah, Deus e Dr. R." (Dr. R. morrera várias semanas antes). Uma resposta moderadamente irrelevante pode ser
dada a pergunta: "Em que esta pessoa faz você pensar?" com "Ela me lembra de um aluno da quarta série
tentando desenhar." O grau em que as respostas, durante o inquérito, incluem material de auto-referência ou
confabulações deve ser observado.
Muitas vezes, objetos aparentemente irrelevantes desenhados ao redor do tema do desenho representam
membros da família ou pessoas com as quais o indivíduo está intimamente ligado na vida diária. A sua relação
espacial com o objeto desenhado pode ser paralela à proximidade ou distância destas relações pessoais. Estes
detalhes devem ser sempre investigados.

Inquérito da Casa

1. De que esta casa é feita? É uma boa prática determinar o que o material da casa significa para o sujeito.
Tijolos, por exemplo, podem representar estabilidade para um indivíduo e economia de manutenção para outro.
2. De quem é esta casa? Muito frequentemente, os indivíduos costumam desenhar suas próprias casas, mas
eles raramente as reproduzem corretamente - por diversas razões, além do fato que a maioria das pessoas não
desenha com a exatidão de um arquiteto. Uma razão pode ser porque a casa é um auto-retrato do indivíduo,
quando ele age numa situação que envolve os aspectos mais íntimos de suas relações interpessoais. Uma outra pode
ser porque os indivíduos tendem a enfatizar os aspectos da casa que tenham significados mais agradáveis ou
desagradáveis para eles. Essa ênfase pode incluir exagero ou diminuição de um detalhe e/ou distorção da
proporção e da perspectiva. Uma terceira razão pode ser o fato de que a casa em parte, às vezes, representa várias
habitações do passado, do presente e do futuro. Se a casa pertencer a uma outra pessoa, determinar se é vista
como um lugar positivo ou negativo.
3. Você gostaria que esta casa fosse sua? Por que? A resposta do indivíduo a esta pergunta pode revelar atitudes
em relação a seu lar e às pessoas com quem ele partilha o lar. Pode mostrar que tipo de casa o indivíduo gostaria
de ter, a força do desejo de possuí-la e a probabilidade de que este objetivo produzirá frustração. Se o indivíduo
preferir esta casa à sua, por ser maior, é provável que exista uma superlotação real ou um sentimento de frustração.
Se a casa é rejeitada por ser grande demais, o indivíduo pode se sentir inseguro em sua casa atual.
4. Se esta casa fosse sua, que lugar você tomaria para si? Por que? O desejo expresso de indivíduos retraídos
de procurarem refúgio em um quarto dos fundos do andar de cima pode ser surpreen dente. Um quarto de um
39
andar superior pode ser escolhido, pois assim o indivíduo pode olhar para fora mais facilmente. Indivíduos
desconfiados tendem a escolher quartos que lhes permitam a observação total dos arredores das portas. Ocasional -
mente, as razões para a escolha de um quarto no andar de baixo revelarão sentimentos de insegurança e a
necessidade de se estar mais próximo da realidade. Qualquer outra escolha que não seja a de um quarto pode ser
vista como significativa e pode ser interpretada em termos da significação do cómodo particular escolhido. A
posição do cómodo escolhido em relação aos outros quartos pode indicar o grau de proximi dade sentido em
relação a cada membro da família.
5. Quem você gostaria que morasse nesta casa com você? Por que? Crianças desajustadas podem revelar
forte necessidade de afeto e aprovação paterna dizendo que querem os pais morando com elas, mas não os seus
irmãos. Indivíduos fortemente paranóicos geralmente preferem morar sozinhos ou com outra pessoa que eles
possam dominar. Os pacientes rapidamente detectam o significado desta pergunta e evitam respostas diretas; a
tentativa de evasão pode ser mais reveladora do que uma resposta franca.
6. Quando você olha para esta casa, ela parece estar perto ou longe? Esta é uma outra pergunta que testa a
realidade e respostas diretas, contradizendo a realidade, são significativas. Normalmente a proximidade parece
significar capacidade de realização ou sentimentos de calor e acolhimento, ou ambos. A distância sugere luta ou
sentimentos de rejeição, ou ambos.
7. Em que esta casa faz você pensar ou lembrar? A qualidade da associação é importante, bem como sua
valência para o indivíduo.
8. Como está o tempo neste desenho? (período do ano e do dia, céu, temperatura).
9. O que esta casa faz você lembrar? Muitas vezes a pessoa nomeada é um membro íntimo da família do
indivíduo.
10. Do que esta casa mais precisa? Por que? Respostas definidas expressam, normalmente, a necessidade
do indivíduo de afeto, abrigo, segurança e boa saúde.

Inquérito da árvore

1. Que tipo de árvore é esta? Os indivíduos normalmente desenham as árvores mais comuns da vizinhança de
suas casas.
2. Onde esta árvore está localizada? Muito frequentemente, os indivíduos desenham a árvore perto de uma
casa do passado ou da atual, ou de um lugar associado a uma experiência de alta valência negativa ou positiva. Se
a árvore está em uma floresta, a definição do indivíduo de uma floresta pode ser reveladora. Para alguns, é um
lugar de paz, tranquilo e de solidão; para outros, um lugar de medo e ameaçador. A resposta "em um grupo de
árvores" sugere que o indivíduo precisa e gosta de companhia.
3. Qual a idade desta árvore? Muito frequentemente, a idade é a idade cronológica ou idade sentida pelo
indivíduo. Às vezes, é o número de anos que o indivíduo viveu após a puberdade, o número de anos que o
ambiente tem sido sentido como insatisfatório ou a idade da pessoa representada pela árvore.
4. Esta árvore está viva? Nenhum indivíduo bem ajustado já respondeu "não". Uma resposta negativa
usualmente indica que o indivíduo sente-se fisiologicamente inferior ou psicologicamente inadequado, culpado,
profundamente deprimido ou alguma combinação desses sentimentos. Ocasionalmente, perguntas adicionais
revelarão que o indivíduo vê a árvore mais adormecida do que morta, o que é um sinal de esperança.
5. O que nela lhe dá a impressão de que ela está viva?A resposta a esta questão pode ser a primeira indicação de
que o indivíduo vê a árvore em movimento, variando desde um pequeno tremor das folhas, até um clara oscilação
do tronco. Outras respostas indicam que tais qualidades como força, vigor, etc., criam a impressão de vida na
árvore. A resposta mais óbvia é a de que a árvore deve estar viva porque tem folhagem.
5. O que provocou a sua morte? (se não estiver viva) Quando vermes, insetos, parasitas, ferrugem,
relâmpago, vento ou, ocasionalmente, ações malignamente agressivas de crianças ou adultos são apontados como a
causa da morte, o indivíduo expressa a convicção de que alguma coisa extrapessoal é a culpada. Se, entretanto, for
dito que a causa é o apodrecimento de alguma parte ou da árvore inteira, um senti mento de que alguma coisa
dentro do "se/f é culpada é indicado.
6. Alguma parte da árvore está morta? Qual parte? O que você acha que causou a sua morte? Há quanto
tempo ela está morta? Folhas mortas podem indicar incapacidade de fazer ajustamentos mais controlados e
delicados como ambiente. Muito comumente, os galhos ou as raízes são vistas como mortas ou partes mortas.
Galhos mortos parecem expressar a crença do indivíduo de que muita frustração foi produzida apenas por fatores
extrapessoais do ambiente. Às vezes, um galho morto representa um trauma físico ou psicológico, e a localização
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do galho ao longo do tronco pode indicar a idade relativa em que o trauma ocorreu. Raízes mortas implicam dese-
quilíbrio ou desintegração intrapessoal com o início de uma séria perda de contato com a realidade. Um indivíduo
que desenha a árvore com um tronco morto revela uma severa perda de controle do ego.
7. Se essa árvore fosse uma pessoa de que sexo ela seria? Em geral, pinheiros são vistos como masculinas;
árvores frutíferas como femininas. Para crianças, esta questão traz a identificação da árvore com o pai, a mãe ou
outra pessoa com quem a criança se identifica.
8. O que nela lhe dá esta impressão? O sexo atribuído à árvore parece ser normalmente determinado por
características, tais como a forma, a força, a aspereza, a graciosidade, a fragilidade, etc. Algumas vezes, entretanto,
certos aspectos da árvore são vistos como partes correspondentes específicas da figura humana. Os longos galhos de
uma sempre-viva lembraram a um indivíduo o cabelo de sua mãe. Uma pequena garota desajustada afirmou
explosivamente que ela viu o punho de seu pai no meio da estrutura dos galhos de uma árvore de bordo,
"Exatamente como ele costumava levantá-lo para bater em minha mãe!"
9. Essa árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? Respostas a essa questão não são muito significantes, a não
ser que tenham forte carga emocional. Sentimentos de isolamento e/ou uma necessidade de associação com outros são
frequentemente estimulados aqui.
10. Como está o tempo neste desenho? (Período do dia e ano; céu; temperatura) Supõe-se que a árvore
expressa um sentimento consciente ou subconsciente do se/f do indivíduo em relação ao ambiente. Uma vez que
as forças externas que afetam uma árvore viva são amplamente metereológicas, não é surpreendente que muitos
indivíduos sejam capazes de expressar simbolicamente seus sentimentos de que seu ambiente é protetor e
amigável ou opressor e hostil. Os indivíduos podem descrever condições de tempo desagradáveis em detalhe,
apesar da ausência de qualquer representação de tais condições no desenho. A significação que o tempo descrito
tem para o indivíduo deve ser explorada. Obviamente, o significado de um tempo frio, por exemplo, não será o
mesmo para alguém que o prefira, em relação a outro que não o faça. Crianças pequenas geralmente preferem a
neve porque gostam de brincar nela.
11. Há algum vento soprando? Mostre-me em que direção ele está soprando. Que tipo de vento é este? O
vento simboliza sentimentos de pressão de forças ambientais, pessoais ou situacionais. Um jovem adulto com
uma neurose severa respondeu: "É a calma antes da tempestade." Para a pergunta do examinador: "A tempestade
irá danificar a árvore?" foi obtida a resposta, "Não, eu acho que não. É a tranquilidade antes da guerra atómica.
Não irá destruir a árvore; apenas o cachorro." O indivíduo reiterou várias vezes que a sua árvore, obviamente um
auto-retrato, representava a "Beleza" e o cachorro, que estava farejando o tronco da árvore, significava o
"Homem".
Normalmente o vento é descrito como soprando horizontalmente da esquerda para a direita. Isso revela, na
ausência de intensidade incomum, a tendência do campo psicológico de locomoção do passado (esquerda) para o
futuro (direita). Ventos que têm intensidade acima da média e que desviam da direção convencional parecem ser signi-
ficativos; um indivíduo muito perturbado, por exemplo, afirmou que o vento estava soprando em todas as direções
simultaneamente. Ventos descritos como soprando do chão para o alto da árvore, cruzando a página diagonalmente
para cima, simbolizam um forte desejo de escapar da realidade. O inverso se aplica a ventos ditos como soprando
diagonalmente de um canto superior para o inferior oposto (e a conotação temporal, esquerda para passado, direita
para futuro, parece se manter). O vento descrito como soprando da direita para esquerda pode indicar uma tendência a
regredir sob pressões ambientais ou intrapessoais. Indivíduos narcisistas podem descrever o vento como soprando "em
minha direção".
A descrição do indivíduo da velocidade, umidade e temperatura do vento pode ser reveladoras. Um vento
descrito como soprando com grande força, muito úmido, muito seco, muito quente, muito frio ou alguma combinação
desse tipo, sugere que o indivíduo sofre pressões dolorosas de uma ou mais fontes ambientais. O grau da pressão
sentida presumivelmente corresponde ao grau de variação em relação a um estado de tempo calmo. Isto pressupõe, é
claro, que a resposta não seja apenas uma descrição do tempo na hora do exame.
12. O que esta árvore faz você lembrar? Assim como para os outros desenhos, a qualidade destas associações
deve ser observada de acordo com o seu tom positivo ou negativo.
13. Alguém já machucou esta árvore? Como? Essas respostas costumam indicar o grau em que o indivíduo
sente-se agredido pelo ambiente. A localização do ferimento pode ser informativo. Ferimento na raiz implica uma
ameaça à capacidade fundamental do indivíduo de se manter em contato com a realidade; ferimentos nos galhos
podem indicar obstáculos à obtenção de satisfação bem sucedida por um indivíduo cujos processos de pensamento
estão basicamente intactos.
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Inquérito Pessoa
1. Qual o nome dessa pessoa? Um indivíduo que afirma que uma figura obviamente feminina em roupas
masculinas é um homem, ou que uma figura obviamente masculina de vestido é uma mulher, confirmará verbalmente
a impressão já criada pelo desenho, isto é, de que o indivíduo manifesta confusão e indecisão no papel sexual que
pode ser patológica. Indivíduos muito fechados ou altamente perturbados frequentemente dizem que a pessoa é do
sexo oposto do que foi representado.
2. Quantos anos ele (a) tem? O objetivo principal desta pergunta é descobrir o quanto a idade aparente da pessoa
desenhada se aproxima da idade atribuída pelo indivíduo. Ocasionalmente, a idade estabelecida representa a idade
sentida pelo indivíduo em vez da idade cronológica.
3. Como ele se sente? Por que? A resposta a esta pergunta normalmente parece
expressar os sentimentos do indivíduo em relação à situação que envolve a pessoa
desenhada. A pergunta pode, também, fornecer estímulo suficiente para produzir
comentários diretos referentes aos sentimentos do indivíduo em relação às condições
do presente ou a assuntos que ele ainda não foi capaz de discutir. Às vezes, a resposta "feliz" é, simplesmente, uma
evasão.
4. Como está o tempo neste desenho? (período do dia e ano; céu; temperatura) Raramente o indivíduo
desenhará detalhes que indicam o tempo, tais como pingos de chuva ou flocos de neve no desenho da pessoa.
Portanto a representação gráfica do tempo exige cuidado no inquérito posterior ao desenho, e presume-se que seja
altamente significativa. A projeção do tempo na figura descreve a visão do indivíduo sobre as relações ambientais e
interpessoais.
5. De quem esta pessoa o faz lembrar? Porque? Esta pergunta pode trazer a primeira identificação franca da
pessoa. Por outro lado, o indivíduo nomeado aqui pode ser a quinta pessoa nomeada pelo sujeito como representada
pelo desenho. Enquanto tal multiplicidade de identificação é rara, não é incomum que a figura da pessoa represente,
no mínimo, duas pessoas - o indivíduo e alguém mais de significado particular para ele. A explicação do porquê a
pessoa desenhada o faz lembrar de alguém além do primeiro nome dito é, geralmente, reveladora.
6. Do que esta pessoa mais precisa? Por que? Frequentemente, o indivíduo usa o pronome na primeira pessoa
do singular para responder a esta pergunta. As questões de "necessidades" estão entre as mais produtivas do inquérito
posterior ao desenho. As necessidades podem ser expressas direta, simbolicamente, ou ambas e podem abranger
desde as totalmente físicas às psicológicas mais abstratas.
4. Alguém já machucou essa pessoa? Como? Experiências traumáticas em relacionamentos com os outros
geralmente são reveladas na resposta a esta pergunta.
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Referências Bibliográficas:

BUCK, John N. H-T-P: Casa – Árvore – Pessoa, técnica projetiva de desenho: Manual e guia
de interpretação. 1. ed. São Paulo: Vetor, 2003.

CAMPOS, Dinah Martins de Souza O teste do desenho como instrumento de diagnóstico da


personalidade: validade, técnica de aplicação. 32 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

RETONDO, Maria Florentina N. Godinho Manual prático de avaliação do HTP (casa-árvore-


pessoa) e família. São Paulo:Casa do Psicólogo,2000.
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ANEXO – FIGURAS E OBSERVAÇÕES

Árvore centrípeta bem desenhada. Pode-se


observar que a copa “foge” do centro, em
direção à periferia.

Desenho feito por um adolescente do sexo masculino,


que não apresenta cifose, ou seja, a deformação não
exprime seu corpo físico, como ele o é. Introdução de
deformidade pode ser indício do esforço inconsciente
em deformar a realidade, hostilidade e desprezo para
com o outro, atitude depreciativa ou pobre conceito de
si mesmo.
Comum em adolescentes rejeitados.

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