Você está na página 1de 11

Centro Universitário FAM

Cristiane dos Santos RA:216553

Isabelly Martins RA:00345600

Júlio César Gomes da Silva RA:197670

Karina Vallejo Murulo RA:167249

Pietra de Oliveira Valente RA:217232

Alunos de Medicina Veterinária – 6° semestre


Prof. Paola Góes
 O Caso:

PF investiga importação e maus-tratos a 18 girafas trazidas ao Brasil. Relatório da


Polícia Federal diz que importação das girafas pelo Bioparque é “maior caso de tráfico
de animais silvestres da história do Brasil”

18 girafas chegaram em novembro de 2020 dentro de seis contêineres de


madeira em um jumbo fretado de Joanesburgo para o Rio de Janeiro. Dentro de cada
caixa, três girafas bebês respiravam por pequenos orifícios de ventilação e trombavam
umas nas outras, agitadas, após um voo de 10 horas. Foram quase quatro horas até
que todos os 18 animais fossem transferidos por guindastes para caminhões e levados
para uma quarentena que deveria durar 15 dias. Um mês depois, três das girafas
morreram em circunstâncias ainda obscuras. O caso deu início a uma investigação
envolvendo executivos de um zoológico no Rio de Janeiro e comerciantes de animais
selvagens baseados em Joanesburgo e na Cidade do Panamá. Todos os animais foram
importados como parte de um projeto de conservação anunciado pelo BioParque, novo
nome do antigo zoológico do Rio de Janeiro, hoje sob gestão privada. O zoológico nega
qualquer irregularidade e diz que as demais girafas estão "absolutamente bem"

Uma equipe do IBAMA junto a Polícia Federal e um grupo de Médicos


Veterinários foram até o local averiguar possíveis denúncias de maus tratos.
Ao verificar as condições foi formulado um relatório com base nos fatos
presenciados, nas fotos tiradas e na aplicação do protocolo do BEA.
 O Relatório elaborado pela equipe de veterinários:

A equipe de médicos veterinários juntamente com membros do IBAMA e a polícia


federal chegaram no local, e notou que ao
menos sete meses, os animais foram
mantidos em grupos de dois ou três dentro
de baias de 31 metros quadrados, com pouca
luz, alta umidade, mobilidade limitada e
cercados de excrementos; levando em conta
que o BEA não foi alcançado quando as
necessidades físicas, mentais,
comportamentais, sociais e ambientais
desses animais não são satisfatória, não
sendo respeitadas a 5 liberdades impostas
por direito a esses animais. Além disso foi

informado por meio de funcionários do local que em 14 de dezembro de 2021, durante


um banho de sol, seis girafas romperam uma cerca e fugiram da área de isolamento.
"várias pessoas teriam perseguido as girafas e, com o uso de cordas, de forma não
muito bem esclarecida, teriam laçado e trazido os seis espécimes de volta à área de
cambiamento", diz um funcionário que trata da parte da alimentação das girafas. Após
serem recapturadas, três girafas morreram em um intervalo de 3 horas.

Pelos relatos coletados pode-se concluir que a fuga dos animais foi um evidente sinal
do sofrimento que os espécimes sentiam por não conseguirem se adaptar às condições
adversas do meio em que estavam.

As girafas estavam sendo mantidas em baias sem enriquecimento ambiental, sem sol e
com área incompatível com o número de indivíduos,
o local não cumpre com as normas estabelecidas pelo
Ibama para manejo de girafas (IN nº 7/2015), que
exige um recinto com pelo menos 600m² de área para
cada dois indivíduos, além de outras especificações.
Que está sendo integralmente descumprido, uma vez
que 3 animais estão compartilhando uma baia de
40m² e atualmente sem acesso a área externa. No
local há 15 girafas feridas, cercadas de fezes e urina
sob atos contínuos de "maus tratos, abuso e crueldade, além do local impróprio, foi
verificado conforme mostram as imagens que os animais apresentavam lesões e
ferimentos.
O Comportamento dos animais eram incompatíveis com o natural de sua espécie em
seu habitar, os animais apresentavam um grau elevado de estresse, além de
inquietação e agressividade, ao exame físico realizado nos animais foi verificado
aumento da frequência cardíaca, score 3/5, além das lesões encontradas, nota-se que
os animais possuem 2,5 e 3m de altura, acredita-se que devam ter entre um e dois
anos agora, são todas bebês.

Foi aplicado o protocolo de avaliação e bem estar animal e maus tratos, adaptados
pela UFPR, anexado ao final deste relatório.

 O Laudo da necropsia:
Foi solicitado pela Policia federal a exumação dos
corpos das 3 girafas que morreram. O laudo feito
por veterinários contratados pelo próprio
BioParque, sobre a morte das 3 girafas, está sendo
analisado pelo Ibama e pelo Instituto Estadual do
Ambiente (Inea). O laudo apresentado pelo
BioParque contém falhas e “total ausência de
documentação fotográfica”. Com isso entende-se
incompatível, ainda, a informação prestada de que a
morte das girafas teria sido por miopatia, que implica em elevado grau de estresse, e
posteriormente informar que a recaptura das girafas foi tranquila. A comissão de
veterinários que analisou o local não consegue entender se a recaptura foi tranquila,
conforme afirma o BioParque, não haveria justificativa de morte por miopatia e, se
houve morte por miopatia, denota-se que a recaptura não foi tranquila.
Segundo o laudo da necropsia conclui-se que os animais passaram por muito
sofrimento antes da morte, os animais apresentavam hematomas, lesões pulmonares,
coágulos cardíacos, choque circulatório, enfisema pulmonar e conclui que a causa da
morte foi por miopatia, doença que afeta e paralisa os músculos, inclusive o coração. A
miopatia em girafas é causada pela condição de estresse, principalmente o estresse da
fuga ou da captura.

Além disso, ao serem exumadas, não


foram encontrados microchips nas
girafas que morreram. Então, até
aquele momento, não se sabia se as
três constavam corretamente na
licença emitida pelo IBAMA.

Das considerações e do ponto de vista da equipe de médicos veterinários presente no


local para averiguar a situação caótica em que os animais estão, foi juntado um pedido
de acusação e um boletim de ocorrência ao servidor do Ibama, por não ter vistoriado
os recintos do Resort antes da chegada das girafas ao Brasil e mesmo assim ter
permitido a importação das mesmas, que foram colocados em recintos menores do
que aqueles determinados pela legislação ambiental brasileira. Os funcionários
presente no dia da averiguação da denúncia, além dos responsáveis do BioParque pois
coloca-se dúvida também sobre o motivo da demora da comunicação sobre

a morte das três girafas, só feita aos órgãos oficiais mais de 40 dias depois das mortes.
Este fato e as datas, por si só, causam estranhamento, já que o ocorrido das mortes só
foi comunicado após divulgação por canais televisivos. A Justiça será acionada para tomar
medidas cabíveis e imediatas para reestabelecer o bem estar e a qualidade de vida desses
animais que ainda estão no local.

 Primeiro protocolo aplicado - PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE BEM-ESTAR


ANIMAL E MAUS TRATOS - ADAPTADO DO PROTOCOLO DE PERÍCIA EM BEM-
ESTAR ANIMAL DO LABEA/UFPR

Data de solicitação: 05/09/2022 Data da vistoria: 10/09/22 Hora da vistoria: 10:00

Produtor: BioParque

Endereço: Parque da Quinta da Boa Vista S/N - São Cristóvão, Rio de Janeiro – RJ

Responsável pela avaliação: Grupo de Veterinários, Responsáveis pelo IBAMA e


Polícia Federal.

Identificação do(s) animal(is)


Espécie: ( ) Bovino ( ) Equino ( ) Suíno ( ) Aves (X ) Outro: Girafas

Categoria: Silvestre. Finalidade da criação: Apresentação para o publico em um


Zooparque

Raça: N/A Número de animais do rebanho: 15 Vivos

Alojamento: ( ) Campo (X) Confinado ( ) Semi Área por animal: 31 mts²

AVALIAÇÃO DE BEM-ESTAR ANIMAL E DIAGNÓSTICO DE MAUS-TRATOS Indicadores


nutricionais
1. Escore corporal (1-5): 3 2. Disponibilidade de água fresca: ( ) Sim ( X ) Não
3. Alimentação: (X) Pastagem ( ) Concentrado ( ) Volumoso

4. Suplementação: ( ) Sim (X) Não ( ) Qual

5. Condições do bebedouro: ( ) Limpo ( ) Parcialmente sujo (X) Sujo

6. Condições do comedouro: ( ) Limpo (X) Parcialmente sujo ( ) Sujo


Comentários: N/A

Parecer referente à nutrição: (X) Inadequado ( ) Regular ( ) Adequado

Indicadores de conforto
7. Há abrigo fixo? (X) Sim ( ) Não

8. Os animais têm acesso à sombra e proteção contra vento? (X) Sim ( ) Não

9. Temperatura ambiente: 26°C. Está na zona de conforto térmico da


espécie/raça? ( ) Sim (X) Não

10. Há superfície confortável para descanso? ( ) Sim (X) Não

11. O espaço disponível permite pequenas corridas ou voos/bater asas? ( ) Sim


(X) Não

12. Tipo de alojamento: (X) Piquete ( ) Baia ( ) Gaiola ( ) Confinamento/free


stall ( ) Outro

13. Densidade de alojamento (número de animais/área disponível): 3 Animais.

14. Há ambiente alternativo? (X) Sim ( ) Não Se sim, porcentagem do tempo


utilizado: _________

15. Superfície de contato com o animal: ( ) Grama ( ) Concreto ( ) Cama (X)


Outra: Areia/Terra

16. As superfícies de contato são adequadas às necessidades do animal? (X) Sim


( ) Não

17. Condição de limpeza do ambiente: (X) Ruim ( ) Regular ( ) Boa ( )


Excelente

Observações: N/A

Parecer referente ao conforto: (X) Inadequado ( ) Regular ( ) Adequado

Indicadores de saúde
18. Arqueamento de dorso: ( ) Sim (X) Não
19. Dor à manipulação/palpação: ( ) Sim (X) Não

20. Alteração de postura: ( ) Sim (X) Não

21. Locomoção: (X) Normal ( ) Claudicação leve ( ) Claudicação severa ( )


Recusa levantar

22. Secreções corporais: ( ) Sim (X) Não Local: ________________ Aspecto:

23. Mucosas: ( ) Normais (X) Hipocoradas ( ) Hiperêmicas ( ) Ictéricas ( )


Cianóticas

24. Hidratação: ( ) Normal (X) Desidratação leve ( ) Desidratação severa

25. Fezes: (X) Normais ( ) Diarreia ( ) Observações:


______________________________________

26. Pelagem/plumagem: ( ) Normais (X) Opaca ( ) Arrepiada ( ) Com falhas

27. Ectoparasitas: ( ) Sim (X) Não Quais: _______________________________


28. Prurido: ( ) Sim (X) Não

29. Lesões ou ferimentos: (X) Sim ( ) Não Descreva: Nota-se que em 5 animais
foi verificado sinais de ferimentos, em regiões dos olhos e região ventral
próximo a calda.

30. Cicatrizes: ( ) Sim - marcar e descrever na resenha (X) Não

31. Vacinas: ( ) Sim (X) Não ( ) Atrasadas

32. Desverminado: ( ) Sim (X) Não

33. Assistência veterinária: (X) Sim - última visita: ____/____ ( ) Não

Observações: Embora o BioParque apresente que tenha médico veterinário presente


no local. Nota-se que o ambiente em que os animais encontram-se não condiz com
situação adequada.

Parecer referente à saúde: (X) Inadequado ( ) Regular ( ) Adequado

Indicadores comportamentais
34. Enriquecimento ambiental: ( ) Sim (X) Não Qual? _______________

35. Grau de efetividade do enriquecimento: ( ) Adequado ( ) Regular (X)


Inadequado

36. Espaço disponível para movimentação e expressão de comportamentos


naturais:

( ) Liberdade de movimento e de expressão de grande parte dos comportamentos


naturais
( ) Alguma restrição de espaço e atividades comportamentais limitadas

(X) Grande restrição de espaço e impossibilidade de expressão de comportamentos


naturais

37. Contato social com animais da mesma espécie (X) Sim ( ) Não

38. Contato social com animais de outra espécie ( ) Sim (X) Não

39. Frequência de interações positivas com seres humanos (X) Diária ( ) Semanal
( ) Nunca 40. Distância de fuga: 100 metros

41. Evidência de comportamentos anormais (X) Sim ( ) Não Descrição:


________________________

42. Evidência de estereotipia: ( ) Sim ( ) Não Quais?


______________________________________

43. Atitude do animal: ( ) Alerta ( ) Apático (X) Agitado

44. Atitude à presença humana: ( ) Curioso ( ) Hesitante (X) Amedrontado ( )


Agressivo

45. Atitude à presença do responsável: ( ) Curioso ( ) Hesitante (X)


Amedrontado ( ) Agressivo

46. Posição das orelhas: ( ) Para frente ( ) Para trás ( ) Caídas (X)
Movimentando

47. Urina e defeca com frequência na presença do observador: ( ) Sim (X) Não

48. Contato visual direto com o observador: (X) Sim ( ) Não

49. Vocalização: ( ) Sim (X) Não Descreva:


______________________________________________

50. A rotina do animal permite que tenha contato com pessoas, além do
responsável? ( ) Sim (X) Não

51. O animal tem chance de pastejar? ( ) Sim (X) Não

52. Evidência de comportamentos agonísticos (brigas): ( ) Sim (X) Não

53. Tentativa de fuga do local em que se encontra: (X) Sim ( ) Não

Observações: Nota-se comportamentos incompatível com o habitar natural da espécie,


alem de um novo risco de fuga, colocando em risco o animal e as pessoas.

Parecer referente ao comportamento: (X) Inadequado ( ) Regular ( ) Adequado


Diagnóstico geral
Inadequação de quais conjuntos de indicadores:

(X) Nutricionais (X) Ambientais (X) De saúde (X) Comportamentais

Grau de bem-estar
( ) Muito alto ( ) Alto ( ) Regular ( ) Baixo (X) Muito baixo

Ocorrência de maus-tratos
(X) Configura maus-tratos (baixo e muito baixo)

( ) Não configura maus-tratos, mas precisa de recomendações e retorno (regular)

( ) Não configura maus-tratos e não precisa de retorno (alto e muito alto)

Ocorrência de abuso, maus-tratos e crueldade, considerando a responsabilidade da


guarda dos animais (parecer técnico):

Ao parecer técnico dos profissionais que vistoriaram o local, ficou claro, o local
Inadequado em que esses animais estão acondicionado, a falta de recintos dentro das
especificações da IN nº 07/15 são problemas que cumulativamente que resultaram na
fuga e morte dos animais. Não se pode arguir fatalidade quando não houve um
planejamento adequado para a recepção desses animais. Comunicaremos o MPF para
a instauração de Inquérito Policial para apurar as causas e circunstância das mortes
dos animais e também possível ilegalidade da importação. Além disso, a
recomendação, para o (Ibama) à devolução das 15 girafas importadas ilegalmente da
África do Sul pelo Zoológico do Rio de Janeiro (BioParque).

 Segundo protocolo aplicado – Protocolo de Perícia e Bem Estar Animal

Nota-se três ou mais indicadores que apresenta-se como Inadequado ao padrão


de viva saudável dos animais, como nutricional onde não há água fresca, conforto é
Inadequado uma vez que os animais não têm espaço suficiente para fazer corridas,
além da saúde comprometida com diversos ferimentos sem tratamento adequado até
o momento da visita e o comportamento Inadequado dos animais que aparentam
apatia, e elevado grau de estresse, com isso entende-se que há maus tratos onde os
responsáveis devem responder de acordo com a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de
1998, que trata dos Crimes contra a Fauna, e no Art 32 diz claramente que - Praticar
ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Você também pode gostar