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AMIGO DOS PECADORES

Quando o Senhor Jesus estava na terra, Ele foi tentado em todas as coisas. Ele sentia dor
quando sofria; Ele sentia tristeza quando era mal-entendido. Ele experimentou muito sofrimento e
encontrou muitas perseguições. Quando Ele experienciou essas tentações, Ele tinha os mesmos
sentimentos que nós. Portanto, Ele pode se compadecer de nossas fraquezas.
O Senhor se compadece das fraquezas do homem, mas nunca será complacente com o
pecado. O Senhor Jesus foi tentado sob todos os aspectos como nós, contudo sem pecado. Ele nunca
disse, “Eu Sou complacente com seus pecados; por isso, Eu o perdôo”. Ele se compadecia com a
fraqueza da carne do homem. O que é a fraqueza da carne? É a fraqueza em nossa alma. Ele se
compadecia com esse tipo de fraqueza. Quando nós sofremos na carne, nossa alma sente-se
incomodada. O Senhor pode se compadecer com esse tipo de desconforto.
O Senhor expressar compaixão significa que Ele sente o que nós sentimos. Nós já sentimos
o que os outros sentem? Nós alguma vez nos compadecemos com os outros? Muitas vezes nós
podemos ajudar os outros, mas não temos compaixão por eles. Nós não sentimos os sofrimentos dos
outros. Quando vemos uma pessoa doente, podemos dar a ela alguma ajuda material. Mas podemos
não sentir sua dor. Exteriormente, pode haver graça, mas interiormente, não há compaixão. Isso
significa que nós não sentimos o que ela sente.
O Senhor é o Senhor da graça; Ele também é o Senhor da compaixão. A Bíblia tem dois
títulos para o Senhor: o Salvador dos pecadores e Amigo dos pecadores (Mt 11:19). O titulo
Salvador fala de Sua redenção dos pecadores, e o titulo Amigo fala da Sua comunicação com os
pecadores. Ele pode sentir toda a dor e sofrimento dos pecadores. Louvado seja o Senhor. O Senhor
Jesus não só é o Salvador dos pecadores, mas também o Amigo dos pecadores! Aqui vemos um
pouco das riquezas da Sua glória. Às vezes podemos encontrar algumas dificuldades e estar sós.
Muitas pessoas podem torcer o nariz para nós; muitas palavras podem nos magoar. Tudo ao nosso
redor parece cinzento. Mas temos que saber que quando o mar desaba sobre nós, o Senhor não é
apenas nosso Salvador; Ele é também nosso Amigo! Ele sente o sofrimento que nós sentimos. Ele
se compadece conosco e passa por nossas experiências junto conosco.
Compaixão era uma característica do Senhor quando Ele estava na terra. A Bíblia registra
muitos exemplos de Sua compaixão pelos homens. Ele se compadecia com os doentes e os
curavam. Ele se compadeceu dos famintos e alimentou cinco mil e depois quatro mil com pães. Ele
ouviu o grito, “Filho de Davi, tem compaixão de mim”, e curou o cego. Quando Ele viu a aflição
daqueles cujo parente havia morrido, Ele ressuscitou o morto. Se nossos corações estiverem abertos,
nós veremos a compaixão do Senhor derramada sobre nós. Antes de Ele ser o Salvador dos
pecadores, Ele era o Amigo dos pecadores.
Nós sabemos que nosso Senhor veio a terra para morrer. Se fôssemos nós, teríamos pensado
que já que nossa missão é morrer, tudo o que temos de fazer é passar pela nossa morte determinada.
Não nos preocuparíamos com qualquer outra coisa. Mas nosso Senhor não era assim. Embora a cruz
estivesse à Sua frente, antes de chegar a Sua hora, enquanto Ele estava a caminho da morte, Ele se
compadecia com aqueles a quem encontrava e que tinha necessidade Dele. Oh, que Senhor amoroso
Ele é!
Se alguém quiser compadecer-se com os outros, três coisas são indispensáveis: a primeira é
experiência. Para compadecer-se com os outros, a pessoa tem que ter primeiro a experiência. Se
você está bem de saúde e nunca esteve doente, você não poderá compadecer-se com pacientes
doentes. Se você nunca experimentou uma dor de dente, você não poderá compadecer-se com
aqueles que sofrem de dor de dente. Se você nunca esteve com dor de cabeça, você não pode sentir
a dor daqueles que sofrem de dores de cabeça. Se você nunca experimentou certo sofrimento, você
não pode compartilhar os sentimentos daqueles que experimentam tal sofrimento. Então, você não
pode compadecer-se com eles. Experiência é necessária; ajuda a pessoa a compadecer-se com os
outros.
Uma irmã disse uma vez, “Eu tenho muitas coisas que são difíceis de vencer e muitas coisas
nas quais eu tenho falhado. Eventualmente, eu busquei ajuda daqueles irmãos que eram melhores do
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que eu. Mas eles não entenderam meu problema. Parece que eles nasceram ‘pessoas santas’, e eles
nunca tinham tido experiências de fracassos.” Isso mostra que uma pessoa sem experiência não
pode compadecer-se com as outras.
Por que nosso Senhor não desceu do céu como um adulto? Por que Ele teve que passar pelo
útero de uma virgem? Por que Ele teve que ser cuidado, nutrido, e crescer gradualmente? Por que
Ele teve que passar por trinta e três anos e meio de sofrimento nessa terra? Por que Ele não foi
crucificado três dias após ter nascido para cumprir Sua obra de redenção?
Oh, a razão de Ele estar disposto a submeter-se a todos os tipos de limitação e sofrer toda
aflição era que Ele queria compadecer-se conosco. Ele aprendeu os princípios do viver humano. Ele
era mal-entendido e perseguido. Ele foi desprezado, maltratado, e abandonado pelas pessoas.
Por conseqüência, Ele foi crucificado na cruz. Ele suportou todos esses sofrimentos para
poder experimentar o gosto amargo da vida humana e compadecer-se com as fraquezas do homem.
Seus trinta anos de viver humano e Sua pregação durante os três anos e meio não foram somente
para cumprir Sua missão e obra, mas também para compadecer-se conosco. Ele tinha que fazer isso
antes de poder compadecer-se com as nossas fraquezas.
Se houver um coração partido ou ferido aqui hoje, o Senhor está sentindo o que você sente
agora mesmo. Ele conhece suas aflições. Ele não apenas tem a graça para salvá-lo, mas tem um
coração que se compadece com você e sente o que você sente.
Para compadecer-se com os outros, experiência não é suficiente. A segunda coisa necessária
é o amor. Algumas pessoas sofrem de doenças por muitos anos; elas ficam doentes a cada três dias
e descansam a cada dois dias. Elas provam a amargura de suas doenças, mas ainda não podem
compadecer-se com os pacientes doentes no mundo. Elas só podem compadecer-se com aqueles a
quem amam. Elas têm a experiência, mas necessariamente não têm amor. Por conseguinte, elas não
podem compadecer-se com todo o mundo.
O Senhor pôde compadecer-Se com todo o mundo enquanto esteve na terra porque Ele não
apenas tinha a experiência, Ele tinha também o amor. Uma vez quando o Senhor desceu de uma
montanha, um leproso O adorou e disse, “Se Tu quiseres, podes me purificar.” Imediatamente, o
Senhor o tocou com Sua mão e disse, “Eu quero; fica limpo!” (Mt 8:1-3). Havia um lugar no Seu
coração para o leproso. Ele poderia sentir o sofrimento do leproso. Então, Ele o tocou. O Senhor
não tinha apenas a experiência; Ele também tinha um coração cheio de amor.
Experiência e amor somente não é suficiente. A terceira coisa que você necessita é não estar
ocupado com seus próprios negócios. Isso significa que nada o pré-ocupa. Muitas vezes o coração
de um homem já está ocupado com alguma coisa; por isso, ele se fecha. Como resultado, ele não
pode compadecer-se com os outros. Ele pode dizer, “Eu nem mesmo posso suportar meu próprio
fardo. Como posso me compadecer com os outros?”
Quando o Senhor estava na terra, Ele possuía uma característica particular: Ele colocou de
lado Suas próprias necessidades. O que nosso Senhor não fez é mais maravilhoso e significativo
do que o que Ele fez. Quando Ele tinha fome, Ele não transformava as pedras em pães. Quando Ele
foi levado pelo inimigo, Ele não pediu para que o Pai O protegesse com doze legiões de anjos. O
Seu coração não estava ocupado com Suas questões pessoais. Ele nunca se preocupou com Suas
questões pessoais de forma que Ele não pudesse compadecer-Se com os outros.
Muitas vezes quando temos nossos próprios fardos e sofrimentos, nós não temos
sentimentos pelos sofrimentos dos outros. Mas essa não era a maneira do Senhor. Se Ele tivesse se
preocupado apenas com o sofrimento que estava prestes a experimentar na cruz, Ele teria ficado
diariamente ocupado com Seu próprio sofrimento. Ele não poderia Ter-se compadecido com os
outros. Se Ele tivesse pensado todo o tempo sobre Seu sofrimento — o qual era o maior e o mais
duro de todos os sofrimentos — Ele não teria sido capaz de se preocupar e ajudar os outros.
Mas o Senhor vivia como se nada fosse acontecer. Quando Ele encontrava os doentes, Ele os
curava. Quando Ele encontrava os pobres, Ele pregava o evangelho a eles. Ele agia como se nada
fosse acontecer. Ele era completamente compassivo para como os outros. Toda vez que Ele Se
compadecia com os outros, Seu coração era como um pedaço de papel em branco no qual qualquer

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letra ou desenho poderia ser escrito. Louvado seja o Senhor que Seu coração estava completamente
vazio e reservado para os outros.
Ele não somente Se compadeceu com as pessoas daquele tempo, Ele também Se compadece
conosco hoje. Ele é nosso Sumo Sacerdote, e hoje Ele Se compadece conosco no céu. O que Ele
experienciou foi milhares de vezes mais severo do que nós experienciamos. Nós podemos confiar
Nele e podemos orar a Ele. Qualquer dificuldade que temos, Ele Se une aos nossos sentimentos. Ele
é gracioso para conosco, e nos ajuda. Ele nos traz a paz.
Hebreu 4:16 diz, “Aproximemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim
de recebermos compaixão e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.”
Muitas vezes nós sentimos que os outros não consideram que nossos problemas são
importantes e que ninguém pode compadecer-se conosco, confortar-nos, ou ajudar-nos. Nesses
momentos, nós certamente sentimos quão pesado é nosso fardo e quantos são os nossos
sofrimentos. Mas há uma Pessoa no céu que Se compadece conosco. Nós podemos ir confiadamente
ao trono da graça para suplicar a Ele.
No céu, há uma Pessoa que Se compadece conosco e tem compaixão de nós; Ele sente nosso
fardo. Ele tornará nosso fardo leve. Às vezes, nossos amigos na terra podem aliviar nosso fardo,
mas esse Amigo no céu está sempre pronto a levar nosso fardo. Ele não só leva nosso fardo em
sentimento, mas também em realidade. Ele Se compadece conosco, e Ele é gracioso para nós. É
como se fôssemos a única pessoa a quem Ele ama. Ele só se preocupa com as nossas questões. Ele é
tal Senhor! Louvado seja o Senhor! Nós temos tal Senhor!

From The Collected Works of Watchman Nee, Set 1, Vol. 18, pp. 295-299.

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