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Carta Aberta a setembro

Olá setembro, me chamo João, uma das poeiras que caminhou ao longo dos seus dias olhando tanto para frente e para trás,
tentando traçar o próprio caminho, que acabou se perdendo. Acabou ontem o mês de setembro de 2022. Que mês difícil, tudo
começou aparentemente bom, mas foi só piorando, piorando, piorando, piorando, piorando, piorando. Acredito eu que nunca fui
tão polido na minha vida, nunca pensei tanto, nunca fiz tanta coisa para me arrepender. Os dias pareciam longos, acreditava que
era bom estar sozinho, sempre acreditei nisso quando estava com alguém, mas quando estava sozinho, pedia para alguém
aparecer. Meus pensamentos me dão medo, assim como nunca me deu. Que mês complicado, mas só tenho a agradecer, toda
a tristeza que eu passei, toda a dor mental e física que passei, mesmo sabendo que não dei nem 10% do que eu poderia dar,
mas ainda assim, não me arrependo de nada. Estraguei coisas que nunca pensei que estragaria, principalmente pela minha
inocência, quebrei amizades como se fossem copos e agora estou tentando colá-las como se fossem adesivos que eu posso
colar quando quiser. Quero tanto que tudo isso passe, quero tanto que isso tudo mude, mas sei que para isso quem precisa
andar sou eu, mas minhas pernas estão quebradas. Mudo todos os dias, estou preso no que sou, sem visar no que eu posso
me tornar. Eu estou com medo. Assim começo, outubro, com amizades perdidas, feridas abertas que não se fecham, acordos
não resolvidos, maus entendidos e ainda sim, continuo aqui, fazendo uma carta estúpida para algo que eu nunca vou ver de
novo ou ler. Começou outubro, falaria o que eu perdi, mas falar o que eu perdi é um pouco injusto sem ao menos saber se eu
tinha algo. Acredito que eu deixei de ter algo, e não de perder algo. Isso dói, como nada que me machucou antes. Tudo bem,
essa ferida vai continuar aberta, é a única coisa que eu consigo dizer agora. Quero fugir, mas sempre que fujo tudo volta,
memórias que eu estava acostumado a ter, que eram tão reconfortantes, que não me confortam mais. Toda vez que eu olho
para as memórias, elas olham de volta, me chamando, assim, eu me prendo nas memórias, voltando para o passado e revivendo
algo que eu nunca vou poder ter de novo. Acredito que agora eu vou saber valorizar o que eu tive e que eu nunca mais vou
ter de novo. Bom, é o jogo, é assim que ele funciona. Que jogo insuportável, não quero mais jogar, mas mesmo assim não tem
botão para sair, então eu ando, com as pernas quebradas, para achar um abrigo que não vai me fazer andar mais. É como se
eu quisesse parar para andar, é como se eu procurasse uma casa para morar para eu viajar sempre, é como se eu andasse
para o abismo, sem ao menos querer cair, é como se eu voasse para ficar andando. Assim me despeço de você, setembro,
agradeço por esses momentos, únicos e que enquanto escrevo essa carta estúpidos, eu sinto mais saudade, mesmo sabendo
que não poderei revive-los mais, mesmo sabendo que se eu me lembrar mais, eu vou viver no passado sem caminhar para o
futuro, um futuro que eu espero que seja melhor. Bom, eu sinto muitas saudades de tudo que eu perdi, tudo que eu construí e
que desabou em alguns dias. Eu não sei se vou querer reconstruir a casa que eu construí uma vez, é burrice fazer o mesmo
projeto que deu errado sem mexer em nada. Eu quero tanto mudar, eu quero tanto que o desconforto que eu sinto todo dia
continue, assim, eu vou saber que meu diamante está sendo esculpido, só que tudo tem um limite. Eu confiei em alguém, pela
primeira vez, e mesmo assim, sei que não será a última. HAHAHAHAHAHAHAHA, até mais, vamos ver se rapaz aqui vai mudar
alguma coisa na novela da vida dele, será mesmo uma nova temporada? O ano está acabando irmão, e o seu tempo também,
vamos, vamos, ande, ande!!! Atualmente, eu tenho 16 anos, são 17:27 e eu estou passando por um término de amizade, algo
muito pior que um término de relacionamento. Até a próxima carta aberta, que eu vou escrever meus problemas, entregar e
acreditar que nunca mais irei vê-lo.

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