O documento discute as conquistas das mulheres advogadas no Brasil, desde a primeira mulher bacharel em direito em 1898 até as recentes cotas de gênero para chapas eleitorais na OAB. Apesar dos avanços, ainda há desafios de gênero e retrocessos a serem superados, como a falta de representação feminina em cargos de liderança na OAB. Defende a necessidade de empoderamento feminino e sororidade entre as mulheres advogadas.
Descrição original:
Título original
MULHER, ADVOGADA E EMPODERADA, MAS, PORÉM, CONTUDO, TODAVIA...
O documento discute as conquistas das mulheres advogadas no Brasil, desde a primeira mulher bacharel em direito em 1898 até as recentes cotas de gênero para chapas eleitorais na OAB. Apesar dos avanços, ainda há desafios de gênero e retrocessos a serem superados, como a falta de representação feminina em cargos de liderança na OAB. Defende a necessidade de empoderamento feminino e sororidade entre as mulheres advogadas.
O documento discute as conquistas das mulheres advogadas no Brasil, desde a primeira mulher bacharel em direito em 1898 até as recentes cotas de gênero para chapas eleitorais na OAB. Apesar dos avanços, ainda há desafios de gênero e retrocessos a serem superados, como a falta de representação feminina em cargos de liderança na OAB. Defende a necessidade de empoderamento feminino e sororidade entre as mulheres advogadas.
MULHER, ADVOGADA E EMPODERADA, MAS, PORÉM, CONTUDO, TODAVIA...
E no mês de março, “mês das mulheres”, nada melhor para falarmos
sobre as questões que envolvem toda essa nossa luta de cada dia, tecendo considerações sobre as mesmas, bem como o quanto já conquistamos e caminhamos e o quanto está sendo emblemático o momento, que evidencia todo esse empoderamento para a manutenção e para a abertura de novas perspectivas de avanço na igualdade de gêneros na nossa classe de advogadas e advogados.
Inicialmente, não há como falar da mulher advogada sem mencionar
Myrthes Gomes de Campos, que concluiu o curso de Ciências Jurídicas e Sociais em 1898, tendo sido a primeira mulher bacharelada na área e primeira advogada do Brasil, que levou oito anos para ser admitida no Instituto dos Advogados do Brasil (IAB), face a resistência do machismo em aceitar uma mulher advogada como sócia.
Quanto as nossas conquistas, o Conselho Federal da OAB criou em 08
de março de 2013 a Comissão Especial da Mulher Advogada (CNMA) com o intuito de fortalecimento da mulher, no exercício da nossa profissão e, consequentemente, em nossa sociedade, incentivando o empoderamento mediante troca de informações entre as seccionais e mapeamento atualizado do perfil das advogadas do Brasil.
Em outubro de 2014 foi realizado o primeiro painel sobre a mulher
advogada durante a Conferência Nacional dos Advogados do Brasil, onde foi iniciado um movimento em prol da defesa da cota de 30% das vagas para as mulheres advogadas, tendo sido aprovado o pleito pelo Conselho Federal. E, em abril de 2015 surge em Roraima o Movimento Mais Mulheres na OAB, tendo havido a adesão de todas as Seccionais após o lançamento do mesmo durante a 1ª Conferência Nacional da Mulher Advogada, em Maceió.
No ano de 2016, a Ordem dos Advogados do Brasil reconheceu nossa
importância quando instituiu o Ano das Mulheres no Brasil, onde houve na Seccional do Rio de Janeiro a implementação do Plano Nacional de Valorização da Mulher Advogada, criado pelo Provimento no. 164/2015, que tinha como meta fortalecer os nossos direitos humanos, contribuindo para diversas garantias criadas a nosso favor como o fortalecimento das prerrogativas da mulher advogada, benesses diferenciadas oferecidas pela Caixa de Assistência dos Advogados do Rio de Janeiro (CAARJ) e conscientização da necessidade de modificações estruturais no judiciário, perante várias Instituições pertencentes.
Também em 2016 tivemos direitos legalizados, direcionados à advogada
gestante, lactante e adotante, através da Lei no. 13.363/2016, que alterou a Lei no. 8.906/1994, acrescentando o art. 7-A, nos trazendo benefícios impactantes, nunca antes reconhecidos.
E as mais recentes e não menos grandes conquistas para nós, mulheres
advogadas, ocorreram em setembro de 2018 e dezembro de 2019, onde, respectivamente, o Conselho Federal aprovou a exigência para o registro de chapas de no mínimo de 30% e máximo de 70% para candidatura de cada sexo, alterando o art. 131 do Regulamento Geral da OAB, bem como inserindo os art.s 156-B e 156- C, contribuindo para maior participação política institucional da mulher advogada, bem como, na OAB, Seccional do Rio de Janeiro, mediante cumprimento de promessa de campanha e sempre pioneira, aprovou também a obrigação da presença, em eventos realizados em todos os âmbitos da Seccional, a mesma cota acima, contribuindo para maior participação feminina em palestras.
Inclusive a referida decisão impactou o Conselho Nacional, que aprovou
por unanimidade, em 10 de fevereiro, a proposição no. 49.0000.2019.013134-1/COP, no mesmo sentido, concedendo um prazo de 90 dias para que as Seccionais deliberem sobre o assunto.
Devemos comemorar com muita obstinação todas as conquistas, tanto
institucionalmente, quanto no exercício pleno da nossa profissão, onde já somos a maioria, mesmo necessitando ainda de superar muitos desafios na advocacia, desafios dobrados ou triplicados pela nossa condição de gênero, diante da persistência da cultura machista, bem como a reprodução do machismo por parte de algumas colegas, vez que o desrespeito ainda existe, sendo muito difícil de prová-lo por estarmos num ambiente com mulheres conhecedoras de seus direitos, onde as ocorrências machistas, impositivas e preconceituosas são sempre sutis, na tentativa de exposição desqualificadora da mulher advogada ou discriminatória decorrente do gênero feminino.
Já somos a maioria e, portanto, lideramos a advocacia enquanto
mulheres habilitadas a exercer a profissão, restando liderarmos institucionalmente os quadros políticos da Ordem dos Advogados do Brasil, pois, desde a existência da referida Instituição, fundada em 1930, nunca houve uma mulher presidindo o Conselho Nacional, com a participação significativa de apenas duas mulheres que ocuparam cargos em sua diretoria: Dra Cléa Carpi, como Secretária Geral na gestão 2007-2010 e Dra Márcia Melaré, Secretária Adjunta na gestão 2010-2013, sendo pouquíssimas presidindo as Seccionais, porém já com alguma pequena expressão nos cargos de Vice-presidência.
Mas o fato de atualmente não possuirmos qualquer representatividade na
Diretoria do Conselho Nacional da OAB, podemos constatar que ainda existem retrocessos e o quanto ainda precisamos lutar para a efetivação dos nossos direitos pela defesa da igualdade de gênero. Constatamos também que se faz extremamente necessário no atual contexto a efetivação plena do verdadeiro empoderamento feminino, nos colocando como sujeitas autênticas do processo, nos oportunizando a nossa participação social, econômica e polîtica na luta pelos nossos direitos, bem como aplicando os sete princípios básicos, tão explicitados pela ONU Mulheres, onde os homens também precisam contribuir, favorecendo o êxito da igualdade com as mulheres na sociedade.
E quanto a sororidade, devemos lutar para a verdadeira união e aliança
entre mulheres, baseadas na empatia e companheirismo, em busca de objetivos comuns e salutares, equivalentes e áditos aos anseios para a efetiva igualdade de gênero, quebrando paradigmas negativos, contrários ao empoderamento e à referida sororidade, para podermos recuperar os retrocessos e avançarmos nas conquistas e fazermos com que cada mulher advogada identifique, reconheça e acredite na sua competência, cooperando para o seu empoderamento e, consequentemente, somando forças convergentes para o combate do machismo, inclusive o institucional, e êxito de ocupação dos espaços de poder, não só políticos como no mercado de trabalho.
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