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1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil é uma das mais lentas quando se fala de avanço
tecnológico. Por volta da década de 70, acreditava-se que não haveria vantagem em
aumentar a produtividade, visto que quem obtinha o lucro pelo empreendimento era
apenas o proprietário de terra ou o incorporador imobiliário.

Observando-se historicamente o setor, a lentidão desses avanços pode ser


justificada devido à baixa qualificação da mão de obra empregada ou à prática de
processos arcaicos de produção, e por isso tendem a não acompanhar toda a
evolução demandada. (MARHAM, 1966)

Visando melhorias, o setor da construção civil vem buscando novas ações


tecnológicas para mudar este cenário de maneira que traga também com o objetivo
minimizar custos financeiros, tempos e resíduos. Dessa forma as empresas vêm cada
dia mais buscando inovações tecnológicas e algumas delas estão se consolidando
como uma tática para as organizações. (TOLEDO et al., 2000)

Em meio ao surgimento das novas tecnologias, destaca-se a utilização das


impressoras 3D para atividades na construção civil. De acordo com Florêncio et al
(2016), esta tecnologia foi capaz de alcançar as construções por meios de estudos das
possibilidades de ampliação da escala das impressoras 3D convencionais.

Ainda que a tecnologia com impressão 3D só tenha tido destaque agora, a


impressão 3D surgiu no final da década de 80, por Chuck Hull, um engenheiro que
utilizou a estereolitografia com base da sua impressora, que nada mais é que a
utilização de luz para solidificar uma resina fotossensível. Onde o polímero é iluminado
em pontos que solidificaram para formação do objeto, sendo que o objeto é dividido
em camadas, e a sua plataforma é rebaixada de acordo com que as camadas são
formadas, logo após ser concluído esse processo, o polímero restante é retirado e
tem-se a figura tridimensional do objeto em sua plataforma. (TAKAGAKI, 2012).

A impressão 3D adentrou no mercado civil, por intermédio de estudos


realizados por Behrokh Khoshnevis, professor do Instituto das Ciências da Informação
da Escola Viterbi para a Engenharia, da Universidade do Sul da Califórnia, nos
Estados Unidos, ele foi responsável pela criação da Contour Crafting (Construção por
Contornos), um mecanismo que utiliza a impressora 3D de grande dimensão para a
construção civil. Esta máquina corresponde a um protótipo gigante ou guindaste,
controlados através de um computador. Com essas maquinas se tornou possível a
construção de edifícios sem a necessidade de recorrer à força humana (Florêncio et
al, 2016).

2 A INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A história do mundo mostra que a construção civil sempre existiu para atender
as necessidades básicas e imediatas do homem sem preocupação com a
técnica aprimorada em um primeiro momento. (Lazaro, 2009). E costuma ser
associada com a produção artesanal, figurando como grande geradora de
empregos para uma mão-de-obra com perfil de baixa qualificação técnica e
educacional.

Com a construção de castelos, igrejas e catedrais, na Idade Média, a


engenharia teve uma grande evolução, apesar de o conhecimento ainda ser
genérico e baseado em erros e acertos. Neste período, os mestres
construtores eram responsáveis tanto pelo projeto quanto pela construção e
ambos, praticamente, ao mesmo tempo.¹
Na última década, o setor da Construção Civil vem passando por uma
grande transformação, saindo de um longo marasmo, com poucos
investimentos, para um período com grandes obras em andamento e
fortes investimentos imobiliários. Nos últimos anos, esta mudança foi
intensificada, graças à retomada de investimentos públicos, criação de
diversas leis que facilitam a retomada de imóveis em caso de inadimplência,
captação de recursos em bolsas e esforços do Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade – PBQP H, que disseminou os conceitos de
gestão de qualidade. Isto se refletiu na adoção de novos modelos de
organização e inovações tecnológicas em diversas empresas, criando um
núcleo de empresas dinâmico e moderno dentro do setor, comparável a
empresas europeias e norte-americanas do mesmo segmento (AMORIM;
MELLO, 2009).

No Brasil, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos


Socioeconômicos (Dieese, 2001) publicou que a construção civil empregava
quatro milhões e setecentos mil trabalhadores, desses números cerca de 80%
era de forma informal.

Santana e Oliveira (2004) afirmam que os trabalhadores da construção civil


mostram estágios mais avançados de precarização do trabalho que os demais
trabalhadores, evidenciados pela maior proporção de trabalhadores informais,
sem contrato assinado em carteira, bem como trabalhadores que subsistem por
meio de “bicos”.
Tendo em mente que indústria da construção é caracterizada como uma das
mais perigosas em todo o mundo, particularmente por ser uma área que possui
grande índices de acidentes fatais. De acordo com a ANAMT (associação
nacional de medicina no trabalho) (XXXx) a ução civil quando se fala em
registro de acidente no trabalho no Brasil é o primeiro do país em incapacidade
permanente, o segundo em mortes (perde apenas para o transporte terrestre) e
o quinto em afastamentos com mais de 15 dias.
Para Oliveira (2015), o sistema construtivo atual ainda é ultrapassado visto que
a utilização de alvenaria como sistema de fechamento mostra como a
construção ainda mantêm o tradicionalismo. A construção civil gera muito
desperdício de recursos e tempo com retrabalho, seja na execução, em erros
de projeto e até mesmo na falta de qualidade da mão de obra.
“Se você parte de um projeto bem-feito, cerca de 70% do que será gasto já
está definido. Planejar bem garante a qualidade do projeto, evita desperdícios e
gastos inesperados”
Como podemos notar, a interação com a sociedade é fundamental para a
Construção Civil, então, cada vez mais é esperado que para o bom
desenvolvimento da sociedade o setor associe tecnologia à sustentabilidade,
bem como inclusão social e mobilidade; valores muito presentes no pós-
modernismo.

Simultaneamente, a sustentabilidade vem se tornando prioridade nos projetos


de construção. Visto que crescimento da população, principalmente nos
centros urbanos, vem gerando o crescimento e demanda de habitações. A
indústria da construção civil usufrui de uma enorme quantidade de recursos
naturais e, ao mesmo tempo, geram toneladas de resíduos, não concluindo o
ciclo produtivo, e com isso causam graves impactos ambientais
(KHOSHNEVIS, 2004). De acordo com Roodman e Lensssen. (1995), a
indústria da construção consome mais de 40% de todas as matérias-primas em
nível mundial.
Pensando na redução de custo e diminuição de acidentes de trabalho na
construção civil, novas tecnologias vêm surgindo para tornar o serviço mais
eficazes, e uma delas é a utilização das impressoras 3D

2.2 IMPRESSÃO 3D NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Para o desenvolvimento de um país é fundamental que sua indústria de construção busque


utilizar novos materiais, novos processos, novas tecnologias. As empresas estão sendo
induzidas ao desenvolvimento de inovações ou à incorporação de inovações para manter a
competitividade (COSTA et al., 2014).

Pensado nessa mudança de métodos construtivos, a construção habitacional é


identificada como a área que pode se beneficiar com a utilização de uma
impressora 3D pois traria consigo algumas resoluções tais como o gasto com
retrabalho.
A impressão 3D representa um processo de fabrico aditivo, que consiste na
criação de um modelo tridimensional digital, que será posteriormente
executado por uma máquina controlada por computador, normalmente através
da deposição de camadas de um determinado material, que se vão sobrepondo
até obter fisicamente o modelo concebido. (Lopes, 2016)
A Manufatura Aditiva configura-se como a confecção de objetos sólidos em 3D
criados a partir de um desenho computacional. Durante o processo de
confecção dessas peças, o material escolhido é adicionado em camadas, a
fim de garantir que a matéria prima seja aproveitada ao máximo
(Florêncio,et al., 2016) por meio, por exemplo, da redução do desperdício.²
(https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/27748/20136)
Baseado no conceito da manufatura aditiva, diversos projetos de construção
aditiva foram desenvolvidos (Labonnote, et al., 20160) ao longo dos anos,
tais como a construção por contornos (Contour Crafting, em inglês), a D-
Shapee a Impressão 3D em Concreto (3D Concrete Printing-3DCP, em
inglês). ³ (https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/27748/20136)
A construção civil tem acompanhado os desenvolvimentos em técnicas de
impressão 3D e começou a aplicá-los em maior escala. Principalmente a
impressão de concreto e materiais cimentícios ultimamente tem ganhado muito
interessados no campo da arquitetura e construção. A primeira técnica de
impressão 3D para construção civil é chamada de Contour Crafting, que é uma
tecnologia de fabricação aditiva que usa o controle de computador para formar
estruturas de materiais cerâmicos e a base de cimento (WOLFES, 2015).

Figura 1: Esquema de construção com Contour Crafting. Fonte: CONTOUR CRAFTING (2016)

De acordo com KHOSHNEVIS (2004), além do enorme potencial económico, a


CC foi concebida para proporcionar melhor qualidade de vida, segurança
superior, e redução no impacto ambiental. Neste sentido, a técnica promete a
construção de habitações de design personalizado e com baixo custo e um
nível de qualidade alto. Essa técnica foi desenvolvida para ser um dispositivo
montado na grua para aplicações in situ.
Quando se fala em impressão de concreto é possível lembrar de uma nova
tecnologia 3D desenvolvida pela Loughborough University, chamada de Concrete
Printing.

A impressão 3D Concrete Printing permite uma maior liberdade de criação,


com uso de formas geométricas em concreto mais complexas, um maior
controle da qualidade e um menor desperdício de material.
https://periodicos.ufes.br/bjpe/article/view/27748/20136
Figura 2: Concrete Printing. Fonte: LIM et al. (2012)
A D-Shape, que consiste na deposição de pó endurecido através da aplicação
local de um material ligante, esse tipo de impressão foi desenvolvida por por
Enrico Dini.
A técnica D-Shape apresenta uma solução diferente da anterior para a
criação de peças tridimensionais a partir de modelos digitais, optando pela
deposição por via seca. O processo consiste na deposição de uma camada
de pó seco (mistura de agregados, fibras e óxidos metálicos) de forma
homogênea, com uma espessura de cerca de cincomilímetros, em
seguida, a camada é compactada com equipamentos cilíndricos, resultando
numa superfície uniforme (Dini, 2009)

Visto que a parte estrutural e quase toda a sua vedação seria feita de
forma automatizada pela impressora, assim reduziria-se os contratempos
causados pelos erros humanos, dado que o processo construtivo é
superior ao de 4 trabalhadores. Dessa forma, conseguiria-se seguir
fielmente o projeto, não dando abertura para qualquer erro de leitura de
projeto, proporcionando melhorias nos custos, eficiência, e velocidade
para o consumidor e para o contratante (GARDNER et al., 2013).

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A utilização da impressora pretende garantir o trabalho mais seguro em
todo o processo construtivo, pois é simples estabelecer estratégias para
verificação dos possíveis riscos e falha durante a construção. Dessa forma
conseguiríamos ter um menor índice de lesões de pequena gravidade pois
resultaríamos num menor número de atividades, contato do trabalhador com
substâncias perigosas, exposição a substâncias químicas levadas pelo ar, e
aos ruídos decorrentes das atividades de trabalho.
De acordo com WU et al. (2016), deve-se notar que a investigação
relacionada com a aplicação de impressão 3D na indústria da construção ainda
está em sua infância no Brasil. Apesar de sabermos que o progresso na
impressão 3D cresce rapidamente visto que os custos diminuem, novos
materiais de impressão estão sendo adicionados numa base regular e até
mesmo vários materiais podem ser impressos uma só vez. Seguindo essa
tendência, a indústria da construção civil retifica a aplicação de impressão 3D
para protótipos físicos e também para escalas maiores. Uma diversidade de
empresas e institutos espalhados pelo mundo as tornaram as perspectivas de
impressão de concreto em realidade.

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