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A IMPRESSÃO 3D APLICADA À CONSTRUÇÃO CIVIL

Gabriel Barreto

Leandro Amorim

Guilherme Nakanishi

Ygor Martins

Rodrigo Mansour

Rafael Bianco

Resumo
O presente trabalho trata do estudo e exposição da aplicabilidade da impressão 3D
para a construção civil, por meio da análise de trabalhos e artigos publicados, sendo
este, portanto, um artigo de revisão sobre o assunto, nele serão levantados dados
sobre a impressão 3D em si, como ela é aplicada à construção civil e as previsões
de seu desenvolvimento para o futuro.
Palavras Chave: Impressão 3D, Construção Civil

1. Introdução
1.1. Justificativa
Dado a velocidade do desenvolvimento tecnológico e humano nos últimos séculos,
a necessidade de desenvolver meios mais viáveis para todo tipo de processos é
adotada pela comunidade cientifica. Um desses meios se dá pelo recurso da
impressão 3D, que nada mais é que uma tecnologia de fabricação aditiva em que
um modelo tridimensional de um objeto é criado por sucessivas camadas de
material sobrepostas, controlada por meio de um software de computador. Tal
tecnologia surgiu no ano de 1984, criada pelo engenheiro Chuck Hull, e desde então
vem sido utilizada em larga escala pelas indústrias, principalmente de artigos
plásticos, rapidamente se espalhando para outros tipos de indústrias hoje em dia
sendo usada até para a impressão de órgãos artificiais.
Conhecida a praticidade e benefícios desse tipo de modelagem, buscou-se adequá-
la a construção civil, visto que esse é um ramo em que os trabalhos são feitos em
grande maioria de forma artesanal e com muito desperdício de tempo e materiais,
além da grande taxa de acidentes de trabalho. Se essa tecnologia se tornasse
possível, tais números diminuiriam de forma exponencial, além de ser uma forma
mais sustentável e ecológica de construção, visto que a utilização das máquinas e o
descarte de material em locais indevidos contribui para a poluição do solo e da
atmosfera.
Tal tecnologia foi então aplicada a construção civil pelo professor Behrokh
Khoshnevis, chamada por ele de Countour Crafting (Construção de contornos), e se
trata de um protótipo gigante controlado por computador, através do qual é possível
construir edifícios sem a necessidade da força humana.
Conclui-se então que a aplicação da tecnologia de impressão 3D ao ramo da
construção civil é de total relevância, visto que evitaria diversos problemas, tanto
humanos, como erros e acidentes, quanto do ponto de vista ecológico, de forma a
evitar o desperdício de recursos e a degradação do ambiente.

1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo Geral
 Avaliar a possibilidade e a viabilidade da utilização da modelagem
3D na área da construção civil.

1.2.2. Objetivos Específicos


 Comparar tipos de matérias primas a serem utilizadas, suas
características e viabilidade.
 Estudar os principais métodos de aplicação de tal tecnologia na
construção civil.

2. Métodos
O método para a formulação do presente artigo se restringiu a pesquisa e
análise de trabalhos já feitos, incluindo TCCs, trabalhos de mestrado e outros
artigos já publicados sobre o assunto, resumindo e explicando de forma sucinta
os conceitos gerais de cada tecnologia e o modo como são usadas.

3. Análise Bibliográfica
3.1 Introdução à impressão 3D
Em 1981, Hideo Kodama utilizou de estudos baseados em fotopolímeros, um
material que endurece quando exposto a temperatura, para o início de um novo
sistema, o sistema RP. Este sistema consistia em expor fotopolímeros líquidos a
raios ultravioleta (UV) para que solidificassem camada a camada e formassem
um modelo sólido num curto período de tempo.
3.2 Estereolitografia
Posteriormente, em 1984, Charles Hull patenteou o processo de estereolitografia
e desenvolveu um protótipo baseado nesse mesmo processo. A primeira
máquina a ser comercializada surgiu em 1987 pela empresa 3D Systems,
baseada no processo patenteado por Hull, o criador do processo e,
consequentemente, fundador da Impressão 3D. Assim, é de grande necessidade
ressaltar que diversas tecnologias de 3DP foram desenvolvidas, mas o processo
de estereolitografia foi o principal formador do que conhecemos por impressão
3D atualmente, isso se deve pelo fato de que o princípio associado a esta
técnica é a utilização de laser ultravioleta (UV) para a solidificação de uma resina
fotossensível que se “solidifica” em um período de tempo razoável. Além disso, o
processo de estereolitografia apresenta uma produção de objetos com grande
precisão, além de produzir modelos complexos e resistentes, o que tornou o
processo cada vez mais reconhecido.
3.3 Definição da impressão 3D
A impressão 3D é hoje um dos pilares da quarta revolução industrial e vertentes
são cada vez mais inovadoras. A tecnologia que faz uma fábrica caber na sua
mão, apesar de parecer nova, já está no mercado há mais de 30 anos.  Durante
esse tempo diversos tipos foram criados e aprimorados, e diversas aplicações
que podem agilizar os mais diversos processos foram pensadas e estruturadas.
Também conhecida como prototipagem rápida, é uma forma de tecnologia
de fabricação aditiva onde um modelo tridimensional é criado por sucessivas
camadas de material. São geralmente mais rápidas, mais poderosas e mais
fáceis de se usar do que outras tecnologias de fabricação aditiva. Oferecem aos
desenvolvedores de produtos a habilidade de num simples processo imprimirem
partes de alguns materiais com diferentes propriedades físicas e mecânicas.
Fabricação aditiva é o processo de criar objetos a partir de modelos digitais
criados em três dimensões. As tecnologias de fabricação aditiva compreendem a
fusão a laser, fundição a vácuo e moldagem por injeção.A fusão a laser é um
processo de fabricação aditiva digital que utiliza energia laser concentrada para
fundir pós metálicos em objetos 3D. A fusão a laser é uma tecnologia de
fabricação emergente, com presença na indústria médica (ortopedia),
aeroespacial, assim como nos setores de engenharia de alta tecnologia e
eletrônica.
3.3.1 Áreas de aplicação da impressão 3D
Uma das primeiras áreas de aplicação foi a Indústria aeroespacial, com o intuito
de criação de protótipos de forma rápida, algo que continua a ser feito
extensivamente. A produção de elementos para esta indústria não é massificada
e engloba muitas peças complexas (à base de metais e ligas metálicas
avançados), o que torna os métodos de fabrico aditivos muito adequados. A partir
destes produzem-se componentes complexas para motores, helicópteros e
satélites.

Outro exemplo de aplicação foi a indústria automóvel, que, semelhantemente à


anterior, começou cedo a usar esta tecnologia nos campos da prototipagem
rápida e desenvolvimento do produto, tendo depois progredido para a fabricação
definitiva desses mesmos componentes. Entre elas encontram-se, por exemplo,
tubos de escape, eixos de transmissão, peças da caixa de velocidades e
sistemas de frenagem.

Apesar do senso comum associar o uso da impressão 3D apenas à meios


relacionado às engenharias em geral, a impressão também auxiliou na evolução
e desenvolvimento da medicina, medicina dentária, arte e moda, onde, a partir
de aprimoramentos, os meios se aperfeiçoaram, utilizando como forma para
construção mais precisa de próteses (nos dois primeiros casos) e nos demais
como forma de criação criativa, possibilitando o total controle de pensamentos.
3.4 A Aplicação da impressora 3D na construção civil
Certamente que esta tecnologia e suas impressionantes possibilidades de
automação e produção no local, redução de custos, redução de desperdícios e
efeitos poluentes, aliado à grande liberdade de design e customização permitida,
com a otimização estrutural também geraram interesse no setor da construção
civil.
A ideia de criar uma fábrica de construções foi idealizada pela primeira vez por
Ernest Neufert em 1943, seu conceito chamado de Hausbaumaschine, a tradução
seria “máquina de construção”, funcionaria colocando uma enorme fábrica de
construção de casas sobre trilhos de trem que se moveria lentamente deixando
para trás construções de cinco andares. A ideia nunca chegou a ser implantada,
mas algumas ideias baseadas nesse conceito foram testadas na Alemanha
Oriental. Infelizmente as tentativas não atenderam à expectativa, as construções
que foram geradas a partir da impressão, resultaram em diversas mortes
acidentais.
Em 2001, sob a liderança do pesquisador Behrokh Koshnevis, da Universidade
do Sul da Califórnia, é criada a primeira tecnologia de Impressão 3D de Cimento
Portland (3DCP) intitulada Contour Crafting (CC), que consiste na extrusão de
concreto em estado pastoso com deposição controlada por computador. Após o
CC, surgiram outras iniciativas utilizando a 3DCP, como pesquisas em
universidades, empresas de arquitetura e engenharia, ainda iniciativas individuais
não filiadas a nenhum tipo de organização, motivando muitas vezes a criação de
startups.
No entanto existem alguns entraves para que essa tecnologia se propague, um
dos mais relevantes é o conservadorismo da Indústria da construção civil, que se
apega ao método tradicionalmente artesanal, outro, se deve ao fato de que a
necessidade de grandes maquinários para a realização de construções seria uma
realidade, onde seriam muito maiores que as impressoras 3D tradicionais.
3.4.1 Contour Crafting
Contour Crafting, em tradução livre seria algo como “construção por contornos”,
foi a primeira tecnologia de construção automatizada por computador a aplicar na
impressão materiais cerâmicos e cimentícios, serviu como base para o
desenvolvimento de outras tecnologias e também é a mais ambiciosa quanto a
quantidade de etapas construtivas abordadas. Desenvolvida na University of
Southern Califórnia, para entregar uma produção rápida, facilidade de uso,
redução de resíduos e economia de custos. As primeiras publicações sobre a
técnica desenvolvida pelo professor Khoshnevis podem ser encontrados em 1998
e muito progresso tem sido feito desde então.

Esta tecnologia combina um processo extrusivo para formar as superfícies


externas do objeto, os ditos contornos que dão origem ao seu nome, e um
processo de preenchimento, podendo ser completo ou em formato de diagonais,
para construir o núcleo do objeto em forma de camadas. Os contornos formados
assumem assim uma função de modelagem, semelhante a função
desempenhada pelas fôrmas, mas com caráter definitivo, enquanto o núcleo tem
função estrutural.

A estrutura da impressora é composta pela cabeça de impressão que está ligada


a um braço robótico, e por sua vez está instalado em um sistema de grua-pórtico
capaz de mover-se nos eixos XYZ. Junto a este sistema ainda podem estar
apoiados outros braços robóticos, destinados a executar outras funções como a
instalação de componentes hidráulicos e elétricos. Esta estrutura desloca-se ao
longo de dois trilhos paralelos, instalados no local de execução da obra, a
construção ocorrerá na área interior a este.
Mesmo com o processo em bem estruturado, ainda existem poucas informações
divulgadas relativas aos materiais que podem ser impressos. No entanto, a partir
das publicações de Hwang e Khoshnevis (2005) e Khoshnevis (2004) sabe-se
que o material de contorno normalmente usados nos testes experimentais é uma
argamassa cimentícia e que o material de preenchimento, responsável pela
resistência e estabilidade, é bastante similar ao concreto. As características do
material a ser depositado no interior são fundamentais, pois é ele que irá suportar
a estrutura.
3.4.1.1 Vantagens
 Redução global de custos. A redução de custos por decremento da mão
de obra e poupança de material é evidente, no entanto, é ainda preciso ter
em consideração fatores como o tipo de material usado, equipamento e
velocidade de execução;
 Menos energia total despendida no decorrer de todas as atividades do
processo, tornando-o por isso mais ecológico;
 Redução de transporte de pessoas, materiais e equipamentos e
consequente redução de custos e de emissões de CO2;
 Redução do tempo de execução. É uma vantagem geralmente aceite, mas
ainda pouco demonstrada em termos práticos. Existe a vantagem de poder
trabalhar ininterruptamente (ao contrário do que sucede com o ser
humano, não pode existir cansaço);
 Pode criar novas competências e empregos – tendencialmente mais
tecnológicos – em diversas áreas (arquitetura, engenharia, design gráfico,
química);
 Democratização da indústria da construção, abrindo espaço para mulheres
e homens mais velhos, sem tanta disponibilidade física para desempenhar
as funções antes exigidas. Como afirma Enrico Dini a força física será em
grande parte substituída pela força intelectual.
3.4.1.2 Desvantagens
 Redução de mão de obra, principalmente não qualificada;
 Pode envolver maiores riscos, uma vez que erros na fase de projeto digital
podem acarretar severas consequências em todas as fases subsequentes;
 A superfície final das paredes, realizadas por algumas técnicas, pode não
ter as melhores características, exigindo por vezes um certo tratamento e
refinamento, ou até a aplicação de painéis de revestimento;
 A escala que a indústria da construção implica ainda não consegue ser
assegurada pelas impressoras desenvolvidas até ao momento;
 O processo construtivo empregado tornará as paredes maciças,
dificultando o acesso a instalações elétricas e tubagens, em casos de
necessidade de substituição, adaptação ou reparação;
 A aplicação de alguns materiais em particular, como por exemplo,
argamassa cimentícia, ou rocha/areia, podem dar origem a edificações
monótonas e austeras.

3.5 Prospectivas para o futuro


A maioria dos projetos nesta fase são desenvolvidos a partir de um esforço
combinado entre empresas de vários setores de atividade – mecânica,
construção, arquitetura, química – e isto pode indicar uma mudança de
paradigma no futuro, uma vez que esta tecnologia implica conhecimentos
multidisciplinares, o que poderia vir a gerar uma sociedade cada vez mais
unificada em questões profissionais;
A impressão por módulos tem vantagens relativamente à impressão da estrutura
total, uma vez que realizamos a formação de módulo separados e apenas os
agrupamos no processo final, nos permite maior flexibilidade quanto as decisões
referentes ao projeto, possibilitando o aprimoramento das mesmas o que
resultaria em construções mais consistentes, além de que a impressora
necessária para a impressão de uma estrutura total é incomparavelmente maior
que a impressora necessária para os módulos;
Caso a tecnologia de impressão se popularize no meio, diversas empresas
demonstrariam interesse na mesma, o que resultaria no maior desenvolvimento
de projetos e até mesmo diversos Templates (projetos ou designs pré-
estabelecidos) e, dessa forma o cliente possuirá diversas opções para sua
escolha, onde também seria possível a realização de alterações quanto à
parâmetros de seu gosto;
Empresas de software de desenho tridimensional, como a Autodesk, deverão
realizar melhorias nos seus programas e instalar novas ferramentas, que
proporcionem um ajuste ao tipo de design exigido por esta tecnologia e que
facilitem os processos posteriores de tratamento de informação e transmissão
para a impressora.
3.5.1 Impressão 3D para Construção Lunar
Apesar da tecnologia ainda não estar completamente implementada no planeta
Terra, várias entidades espaciais reconhecem e exploram as suas
potencialidades para construir na superfície lunar, num objetivo coletivo de
colonizar a Lua até ao final do presente século. As caraterísticas mais
interessantes são a possibilidade de ser um processo automatizado, que pode
ser efetuado por máquinas robotizadas, não tendo de ser astronautas a fazê-lo
em condições exigentes e potencialmente perigosas, e também a possibilidade
de empregar matéria-prima local, que iriam encarecer e complicar
consideravelmente a expedição se tivessem de ser enviadas a partir da Terra.
4. Considerações finais
Este trabalho teve, entre seus objetivos, fazer um estudo das técnicas de
impressão 3D aplicadas a construção civil, nele também foram apresentadas as
demais áreas em que a tecnologia referente auxilia, o que poderia vir a ser
considerado um motivo a mais para o desenvolvimento de tal. Uma vez que
possuímos diversos interessados, seu aprimoramento será cada vez mais
interessante, o que ajudaria no desenvolvimento da ideia de tal, tornando-a
realidade.
Outra abordagem tomada neste documento, foram as vantagens e desvantagens
sobre a impressão 3D na construção civil, o que virá a ser desenvolvido para que
tais desvantagens deixem de existir, tornando-as de aspecto positivo para a
aderência da mesma, tornando-a realidade de nossa sociedade.
Vê-se no entanto que caso seja popularmente reconhecida, tal tecnologia será
capaz de revolucionar os métodos e relações que já estão pré-estabelecidas na
sociedade, alterando todo o ciclo da construção civil, revolucionando métodos e
dando inicio à uma nova era quando nos referimos a mesma.

5. Referências
PAIM, F.G.; Almeida, M.R.S. de.. Estudo prospectivo sobre a utilização da
impressora 3D na área da construção civil. Cad. Prospec., Salvador, v. 11,
Edição Especial, p.463-474, abr./jun. 2018

GRENZEL, Lucas Yagor dos Santos. Estudo das técnicas de fabricação


aditiva (impressão 3d) e da sua aplicação na construção civil. 2019.
Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil, Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil – UNIJUÍ, Santa
Rosa, 2019.

LOPES, Gonçalo Teixeira Ferreira. Exploração das possibilidades da


impressão 3d na construção. 2016. Dissertação de mestrado. Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, Portugal, 2015-2016.

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