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DESCRIÇÃO

Introdução à modelagem de sólidos: conceitos e ambientes de modelagem 3D. Noções de


Geometria Descritiva: Histórico, Projeções e Sistema Mongeano. Vistas ortográficas no 1º e 3º
Diedros.

PROPÓSITO
Compreender a importância da modelagem de objetos sólidos, bem como os conceitos da
Geometria Descritiva e da elaboração das vistas ortográficas dos sólidos utilizados pelo
engenheiro, independente da sua área de atuação.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos o material para a elaboração do
desenho técnico:

Folha de papel liso (tamanho A4)

Lápis com grafite preto

Borracha branca macia

Régua

Par de esquadros

Transferidor

Compasso

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever os conceitos e os ambientes de modelagem 3D

MÓDULO 2

Aplicar os conceitos da Geometria Descritiva e do Sistema Mongeano

MÓDULO 3
Descrever os métodos de elaboração de vistas ortográficas no 1º Diedro

MÓDULO 4

Descrever os métodos de elaboração de vistas ortográficas no 3º Diedro

APRESENTAÇÃO
Os engenheiros, em seus projetos, se expressam graficamente utilizando técnicas de desenho.
No entanto, para projetar e construir algo, além dos elementos e procedimentos básicos, é
necessário que eles saibam como representar objetos tridimensionais em seus projetos e que
sejam capazes de experimentar suas ideias e invenções de alguma forma, antes mesmo que
elas se materializem. É aí que entram a Geometria Descritiva e os protótipos.

Os estudos e publicações de Gaspard Monge, no final do século XVIII, contribuíram positiva e


significativamente para o desenho técnico tal qual conhecemos e praticamos atualmente. A
Geometria Descritiva possibilita representar, através (do Sistema Mongeano) de projeções e
vistas de diferentes posições, objetos tridimensionais (uma peça de um equipamento, por
exemplo) em suportes bidimensionais (no papel).

Com o avanço da computação gráfica, a prototipagem foi agilizada e potencializada


principalmente pelos ambientes de modelagem 3D. Modelos virtuais 3D de praticamente tudo
(peças, motores, veículos, construções etc.) podem ser elaborados, experimentados e
modificados na tela do computador, o que aumenta as chances de sucesso desses projetos.

GASPARD MONGE (1746-1818)

Foi um matemático francês, criador da geometria descritiva e pai da geometria diferencial.


Sem ela — originalmente utilizada na engenharia militar — a enorme expansão da
maquinaria do século XIX teria, provavelmente, sido impossível.
REPRESENTAÇÃO BIDIMENSIONAL DE
ELEMENTOS SÓLIDOS
Bem-vindo ao estudo da representação bidimensional de sólidos.

MÓDULO 1

 Descrever os conceitos e os ambientes de modelagem 3D


INTRODUÇÃO
A construção de protótipos para experimentação é uma prática comum. Desenvolver um
produto, passando pela construção de um modelo físico tangível para testes, fez parte de
muitos projetos até algum tempo atrás.

Com a evolução da computação gráfica acaba a necessidade de se criarem modelos físicos


tangíveis para experimentação. A modelagem 3D permite a criação de modelos virtuais
intangíveis, que apesar de não existirem fisicamente, podem ser visualizados em qualquer
posição, modificados com facilidade sem gastar material, testados através de simulações e
modelos matemáticos, conferindo agilidade ao processo de desenvolvimento de um produto.

PROTÓTIPO
Modelar, testar, experienciar um produto, antes mesmo da sua existência, de ser produzido e
comercializado. O protótipo permite materializar um produto que está sendo planejado, fazer
testes e aprimorar sua versão final para produção. Trata-se de uma representação de um
produto feita antes do produto existir, um primeiro exemplar ou modelo (para testes) desse
objeto.

 EXEMPLO

Partindo-se de uma ideia, constrói-se um protótipo em tamanho real: um veículo, um motor,


uma turbina, uma embarcação, um móvel, um eletrônico.

Em laboratórios especializados, esse modelo físico permite testar a aerodinâmica e a


hidrodinâmica, a ergonomia e a estabilidade, a resistência e a dureza de materiais, encaixes e
acabamentos, entre outras coisas.

SEGUNDO O DICIONÁRIO MICHAELIS:


PRO·TÓ·TI·PO
sm
Primeiro tipo; primeiro exemplar; modelo, padrão.

O exemplar mais exato; o modelo mais perfeito (...)

TECN O primeiro exemplar de um produto industrial, feito de maneira artesanal, conforme


discriminações de um projeto, que serve de teste, antes de sua produção em série.

Segundo Grimm (2005), os protótipos podem ser classificados em físicos e analíticos (virtuais).

Protótipos físicos

São produtos tangíveis, como descrito anteriormente.


Protótipos analíticos (virtuais)

Representam o produto de maneira intangível.

Logicamente, protótipos virtuais estão relacionados à utilização de simulação computacional e,


por esse motivo, proporcionam maior facilidade e flexibilidade para ajustes do que os protótipos
físicos, ressaltando ainda menores custos e tempo.

Elaborar um modelo virtual para análise, além de mais rápido e prático, possibilita a testagem
por simulações e modelos matemáticos executados pelo computador.

 VOCÊ SABIA

A prototipagem virtual não necessariamente elimina a prototipagem física em todos os casos,


podendo haver complementaridade entre ambas.

MODELAGEM 3D
Uma ideia inovadora de um produto, para ser levada adiante, começa com um bom projeto,
passa por testes e termina na produção. Mas, como vimos, a prototipagem tem grande
importância no desenvolvimento de um produto. Neste ponto, entra a crescente utilização da
modelagem tridimensional (3D) como ferramenta para demonstrar da forma mais realista
possível a ideia desse produto, sem a necessidade de um modelo físico tangível.

Fonte: Gorodenkoff/Shutterstock

Podemos dizer que a modelagem 3D é a representação tridimensional de um produto


elaborada utilizando-se programas de computador específicos.

 RESUMINDO

A modelagem 3D consiste numa representação gráfica computacional que se aproxima do


produto real, auxiliando na visualização antes mesmo deste produto ganhar uma estrutura
física.

De acordo com uma das maiores empresas do ramo, AUTODESK, a modelagem 3D:

CITAÇÃO
“É O PROCESSO QUE USA SOFTWARE PARA CRIAR
UMA REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA DE UM OBJETO
OU FORMA TRIDIMENSIONAL. O OBJETO CRIADO É
CHAMADO DE MODELO 3D, E TAIS MODELOS SÃO
USADOS EM VÁRIOS SETORES.

OS SETORES DE CINEMA, TELEVISÃO, VIDEOGAMES,


ARQUITETURA, CONSTRUÇÃO, DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTOS, CIÊNCIAS E MEDICINA USAM
MODELOS 3D PARA VISUALIZAR, SIMULAR E
RENDERIZAR PROJETOS GRÁFICOS.”

(AUTODESK)

Atualmente, a modelagem tridimensional é muito demandada e permite criar modelos cada vez
mais personalizados e próximos da realidade física do produto que se deseja representar. Com
a modelagem 3D, as chances de que o desenvolvimento de um produto, do projeto à produção,
seja bem-sucedido aumentam consideravelmente, o que pode ser enxergado como uma
importante vantagem competitiva no mercado.

A modelagem 3D pode ser dividida em dois tipos, segundo os especialistas no assunto:

Hard Surface

(superfície dura): Modela objetos feitos ou construídos pelo homem, como por exemplo,
estruturas arquitetônicas, veículos, robôs, motores, turbinas, entre outros.

Organic

(orgânica): Modela o que é orgânico, ou seja, o que existe na natureza, como seres humanos,
animais, plantas, pedras, terrenos, personagens de jogos, entre outros.

Como nosso objetivo é apresentar alguns dos ambientes de modelagem 3D e suas aplicações
em projetos de Engenharia, nosso foco será em Hard Surface.

A IMPORTÂNCIA E A EVOLUÇÃO DA
MODELAGEM 3D
Entenda mais sobre a modelagem 3D no vídeo abaixo:
AMBIENTES DE MODELAGEM 3D E AS
APLICAÇÕES NAS ENGENHARIAS
O modelo 3D de objetos, peças, componentes e construções se tornou indispensável para o
dimensionamento e o desenvolvimento de projetos de Engenharia. Projetos inteiros são
elaborados em ambientes (software) de modelagem virtual/digital e os modelos 3D testados
com o auxílio desse e de outros softwares simuladores.

A MODELAGEM 3D AGILIZA O PROCESSO DA CRIAÇÃO À


FABRICAÇÃO. É POSSÍVEL CRIAR PRODUTOS CADA VEZ
MAIS PERSONALIZADOS ATRAVÉS DESSES AMBIENTES DE
MODELAGEM VIRTUAL. O POTENCIAL DE INOVAÇÃO DESSE
TIPO DE MODELAGEM É ENORME, JÁ QUE AS IDEIAS PODEM
SER CONCEBIDAS, ANALISADAS, TESTADAS E MODIFICADAS
NA TELA DO COMPUTADOR. DO ESBOÇO À PRODUÇÃO,
TESTANDO E MODIFICANDO QUANTAS VEZES FOR
NECESSÁRIO.

O engenheiro pode modelar o produto (peça, equipamento, motor, construção civil etc.) com
bastante precisão e segurança, criando elemento por elemento, analisando cada detalhe,
experimentando materiais, juntando tudo para obter o resultado final esperado.
 EXEMPLO

É possível prever o funcionamento de um equipamento antes de construí-lo. E com essa


modelagem 3D pronta, pode-se gerar todos os desenhos técnicos do produto, obtendo todos
os insumos necessários (medidas, vistas etc.) para a sua fabricação.

A seguir, faremos uma breve apresentação de alguns dos ambientes de modelagem 3D


existentes no mercado, suas características e principais aplicações nas Engenharias. O intuito
não é esgotar o tema e encontrar definitivamente o melhor, mas sim mostrar as possibilidades
de alguns desses ambientes, enfatizando situações de uso de cada um deles.

A maior parte das informações abaixo foram retiradas dos sites das empresas desenvolvedoras
dos produtos.

 DICA

Cabe ressaltar que alguns desses ambientes apesar de pagos (uso comercial) possuem
versões completas para utilização pelos estudantes, permitindo que se experimente do que o
software é capaz.

 VOCÊ SABIA

Você já ouviu falar em CAD? Mas afinal, o que é CAD?

Computer Aided Design (CAD) — em português: Desenho Assistido por Computador — é o


nome genérico dos sistemas computacionais (software) utilizados para facilitar a elaboração de
projetos e desenhos técnicos, seja na Engenharia, na Arquitetura, no Design, ou em outras
áreas. Uma divisão básica entre os softwares (para) CAD é feita com base na capacidade do
programa em desenhar apenas em 2 dimensões (2D) ou em criar modelos tridimensionais
(3D). Portanto, os ambientes de modelagem 3D são softwares (para) CAD.

Veja alguns desses softwares a seguir:


AUTOCAD, DA AUTODESK
Seu nome se confunde com a própria definição de CAD. É um software CAD 2D e 3D utilizado
por engenheiros, arquitetos e profissionais de construção. Inclui recursos específicos da
indústria e objetos inteligentes para arquitetura, engenharia mecânica, projeto elétrico e muito
mais.

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Fonte: Autodesk

Assim, permite: automatizar plantas de piso, elevações e seções; desenhar tubulações, dutos e
circuitos utilizando bibliotecas de peças; gerar automaticamente anotações, camadas,
agendamentos, listas e tabelas; utilizar um fluxo de trabalho controlado por regras para impor
normas do setor com precisão.

REVIT, DA AUTODESK
O Revit é um software ideal para planejar, projetar, construir e gerenciar projetos construtivos e
de infraestrutura, com possibilidade de análise e simulação de sistemas e modelos estruturais.
Tudo isso integrando de maneira colaborativa os diversos profissionais envolvidos no projeto,
permitindo ajustes das partes do projeto de forma dinâmica.

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Fonte: Constructorapp/Modelical

Ele vai muito além de uma simples modelagem, permitindo criar um projeto completo em 3D e,
a partir dele, extrair perspectivas, pranchas de documentação, tabelas e todo o tipo de dados e
informações que estão associados aos objetos do projeto como um todo.

Trata-se de um software de BIM (Building Information Modelling) multidisciplinar para projetos


coordenados e de maior qualidade. Os recursos da plataforma BIM permitem quantificar,
planejar, coordenar e recuperar informações a qualquer momento da vida do empreendimento
e ainda testar e ensaiar alternativas do comportamento do modelo sob ação de diversos
agentes externos.

CIVIL 3D, DA AUTODESK


Tem foco na elaboração de projetos de infraestrutura civil com os recursos da tecnologia BIM,
provendo auxílio na eficiência dos processos de documentação e do fluxo de trabalho, através
da colaboração de equipes e a conexão de tarefas de desenho, projeto e documentação.
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Fonte: O autor

INVENTOR, DA AUTODESK
Fornece ferramentas profissionais para projetos mecânicos 3D, documentação e simulação de
produtos. Trabalha de forma eficiente com uma poderosa combinação de recursos de projeto
paramétricos, diretos, de forma livre e com base em regras. Permite criar protótipos virtuais
tridimensionais e funcionais. Desse modo, além de modelar as peças de um motor, permite, por
exemplo, que o modelo seja animado de forma que suas peças se desloquem e girem, assim
como no motor real, possibilitando que o seu comportamento mecânico seja avaliado.

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Fonte: Autodesk

Um módulo de simulação dinâmica (Dynamic Simulation), incorporado ao ambiente de


modelagem, permite simular os efeitos de aceleração da gravidade e de todas as outras forças
presentes no sistema, incentivando que se analise o comportamento do modelo elaborado.

SKETCHUP, DA TRIMBLE
Trata-se de um dos principais programas de modelagem 3D do mercado e pode ser aplicado
em diversas funções na Engenharia. É também conhecido pela versatilidade ao atender
engenheiros, arquitetos, desenhistas técnicos, escultores e outros profissionais que buscam
eficiência em suas modelagens, provendo uma interface simples e intuitiva.

O software consegue transportar ideias para um ambiente quase real e em três dimensões.
Possui uma biblioteca virtual 3D (Warehouse) com modelos gratuitos, na qual constam diversas
peças prontas para serem incluídas, agilizando a elaboração dos projetos.

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Fonte: SketchUp Brasil

O ambiente oferece vários recursos mais voltados à construção civil. Também é possível
desenvolver desenhos, cálculos, representações e simulações de planos e elevações.

SOLIDWORKS, DA DASSAULT SYSTÈMES


SOLIDWORKS CORP
É conhecido como um dos mais perfeitos ambientes de modelagem 3D já desenvolvidos para
projetistas e engenheiros, especialmente para a criação de modelos mecânicos. Possui
interface amigável e muitas funcionalidades apropriadas para o desenvolvimento de projetos
mecânicos. O SOLIDWORKS CAD 3D abrange projeto, simulação, estimativa de custo,
verificações de manufatura, CAM (Computer Aided Manufacturing, em português Manufatura
Assistida por Computador), projetos sustentáveis e gerenciamento de dados.

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Fonte: Solidworks

Segundo a empresa desenvolvedora, o novo SOLIDWORKS CAD 3D também oferece uma


plataforma intuitiva e robusta de recursos para projeto 3D combinado com gerenciamento de
dados e projeto conceitual com modelagem de subdivisões, chamada de 3DEXPERIENCE
WORKS, que possibilita que os engenheiros e projetistas possam criar e compartilhar projetos
de forma rápida e fácil, permitindo que os principais interessados forneçam feedback durante
toda a fase de desenvolvimento do produto com todos os dados de projeto armazenados com
segurança na nuvem.

A empresa também oferece o SOLIDWORKS Electrical para o projeto de sistemas elétricos


com ferramentas específicas para engenheiros e interfaces intuitivas para agilizar o projeto do
sistema elétrico incorporado.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. ANALISE AS SENTENÇAS ABAIXO REFERENTES AOS CONCEITOS DE


PROTÓTIPO E MODELAGEM 3D:

I. O PROTÓTIPO É UMA REPRESENTAÇÃO DE UM PRODUTO FEITA


ANTES DO PRODUTO EXISTIR, UM PRIMEIRO EXEMPLAR OU MODELO
(PARA TESTES) DESSE OBJETO;
II. A MODELAGEM 3D CONSISTE NUMA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
COMPUTACIONAL QUE NÃO É TÃO PRÓXIMA DO PRODUTO REAL,
SENDO NECESSÁRIO QUE O PRODUTO GANHE UMA ESTRUTURA
FÍSICA PARA SER ANALISADO;

III. PROTÓTIPOS FÍSICOS SÃO PRODUTOS TANGÍVEIS, ENQUANTO OS


PROTÓTIPOS VIRTUAIS REPRESENTAM O PRODUTO DE MANEIRA
INTANGÍVEL, ESTANDO ESTES ÚLTIMOS RELACIONADOS À UTILIZAÇÃO
DE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL;

IV. COM A MODELAGEM 3D, DIMINUEM AS CHANCES DE QUE O


DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO, DO PROJETO À PRODUÇÃO,
SEJA BEM-SUCEDIDO.

ESTÁ(ÃO) CORRETA(S), APENAS:

A) I, II, IV

B) I e III

C) I

D) I, III e IV

2. ANALISE AS SENTENÇAS ABAIXO REFERENTES AOS CONCEITOS E


AMBIENTES DE MODELAGEM 3D:

I. O MODELO 3D DE OBJETOS, PEÇAS, COMPONENTES E


CONSTRUÇÕES É TOTALMENTE DISPENSÁVEL PARA O
DIMENSIONAMENTO E O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DE
ENGENHARIA;

II. COM O AUXÍLIO DA MODELAGEM 3D É POSSÍVEL, UTILIZANDO


SIMULAÇÕES E MODELOS MATEMÁTICOS, PREVER O
FUNCIONAMENTO DE UM EQUIPAMENTO ANTES DE CONSTRUÍ-LO;

III. A MODELAGEM 3D AGILIZA O PROCESSO DA CRIAÇÃO À


FABRICAÇÃO. É POSSÍVEL CRIAR PRODUTOS CADA VEZ MAIS
PERSONALIZADOS ATRAVÉS DESSES AMBIENTES DE MODELAGEM
VIRTUAL;

IV. CAD É O NOME GENÉRICO DOS SISTEMAS COMPUTACIONAIS


(SOFTWARE) UTILIZADOS PARA FACILITAR A ELABORAÇÃO DE
PROJETOS E DESENHOS TÉCNICOS. NO ENTANTO, OS AMBIENTES DE
MODELAGEM 3D NÃO SÃO CONSIDERADOS SOFTWARES (PARA) CAD.

ESTÁ(ÃO) CORRETA(S), APENAS:

A) I, II e IV

B) II e IV

C) I, II e III

D) II e III

GABARITO

1. Analise as sentenças abaixo referentes aos conceitos de protótipo e modelagem 3D:

I. O protótipo é uma representação de um produto feita antes do produto existir, um


primeiro exemplar ou modelo (para testes) desse objeto;

II. A modelagem 3D consiste numa representação gráfica computacional que não é tão
próxima do produto real, sendo necessário que o produto ganhe uma estrutura física
para ser analisado;

III. Protótipos físicos são produtos tangíveis, enquanto os protótipos virtuais


representam o produto de maneira intangível, estando estes últimos relacionados à
utilização de simulação computacional;

IV. Com a modelagem 3D, diminuem as chances de que o desenvolvimento de um


produto, do projeto à produção, seja bem-sucedido.
Está(ão) correta(s), apenas:

A alternativa "B " está correta.

A modelagem 3D consiste numa representação gráfica computacional que se aproxima do


produto real, auxiliando na visualização desse produto antes mesmo deste ganhar uma
estrutura física (sentença II); com a modelagem 3D as chances de que o desenvolvimento de
um produto, do projeto à produção, seja bem-sucedido aumentam consideravelmente
(sentença IV).

2. Analise as sentenças abaixo referentes aos conceitos e ambientes de modelagem 3D:

I. O modelo 3D de objetos, peças, componentes e construções é totalmente dispensável


para o dimensionamento e o desenvolvimento de projetos de Engenharia;

II. Com o auxílio da modelagem 3D é possível, utilizando simulações e modelos


matemáticos, prever o funcionamento de um equipamento antes de construí-lo;

III. A modelagem 3D agiliza o processo da criação à fabricação. É possível criar produtos


cada vez mais personalizados através desses ambientes de modelagem virtual;

IV. CAD é o nome genérico dos sistemas computacionais (software) utilizados para
facilitar a elaboração de projetos e desenhos técnicos. No entanto, os ambientes de
modelagem 3D não são considerados softwares (para) CAD.

Está(ão) correta(s), apenas:

A alternativa "D " está correta.

O modelo 3D se tornou indispensável para o dimensionamento e o desenvolvimento de


projetos de Engenharia (sentença I); CAD é o nome genérico dos sistemas computacionais
(software) utilizados para facilitar a elaboração de projetos e desenhos técnicos; os ambientes
de modelagem 3D são softwares (para) CAD (sentença IV)
MÓDULO 2

 Aplicar os conceitos da Geometria Descritiva e do Sistema Mongeano

INTRODUÇÃO
Todo engenheiro deve desenvolver a chamada visão espacial, ter a capacidade de olhar as
projeções de um objeto em planos bidimensionais e visualizar tal objeto como ele é de verdade,
isto é, no espaço tridimensional. Tal habilidade não se adquire somente lendo: é preciso treinar
bastante, através do olhar cuidadoso e analítico de exercícios, para que então se acostume
com essa nova forma de expressão e linguagem.

A Geometria Descritiva permite a representação de objetos tridimensionais em um plano


bidimensional. Os objetivos principais desse importante campo da geometria são o estudo da
forma, das dimensões e da posição de um objeto no espaço através das suas projeções em
planos. A ideia principal é projetar o objeto em planos que dividem o espaço tridimensional em
quatro quadrantes, denominados de diedros.

CONCEITOS

GEOMETRIA DESCRITIVA
Os conceitos da Geometria Descritiva constituem a base do desenho técnico. Pode-se dizer
que o desenho técnico, tal como é entendido atualmente, surgiu como aplicação dos princípios
e fundamentos da Geometria Descritiva, no final do século XVIII, apesar de algumas técnicas já
fossem utilizadas intuitivamente desde a antiguidade.

A Geometria Descritiva se deve ao matemático e professor francês Gaspard Monge. Tudo


começou quando, ainda na escola militar de Mézières, ele apresentou um método inovador
para solucionar problemas relacionados à construção de fortificações, que durante anos foi
mantido em segredo militar. Em 1795, quando Monge foi autorizado a publicar o método, este
tornou-se o livro La Géométrie Descriptive, que até hoje é considerado o primeiro texto sobre o
desenho de projeções.

Fonte: François Séraphin Delpech, domínio público/Wikimedia Commons


 Gaspard Monge

Fonte: Openlibrary
 Livro Géométrie Descriptive, edição de 1847

Enquanto a geometria é um ramo da Matemática e pode ser definida como a ciência que
investiga as formas e as dimensões das figuras existentes na natureza, a Geometria Descritiva
é o ramo da geometria que tem como objetivo representar com exatidão objetos tridimensionais
em suportes bidimensionais (como uma folha de papel). Para isso, serve-se da projeção, que
consiste na passagem de retas projetantes pelo objeto, que irão interseccionar o plano de
projeção, onde se formam a projeção.

PROJEÇÕES
Para compreender o conceito de projeção, vamos à situação ilustrada na Figura 1: um objeto,
em forma de paralelepípedo, é posicionado acima de um plano horizontal α, e uma fonte
luminosa puntiforme é posicionada sobre o centro do objeto a uma distância conhecida. O
ponto (O) é denominado centro de projeção.

É fácil perceber que a sombra projetada do objeto no plano é definida pela projeção dos raios
de luz no contorno do objeto, designados como linhas projetantes. Essas linhas são
concorrentes no centro de projeção (O), que está posicionado no centro do objeto, sendo
projetado no plano por uma linha projetante normal (ortogonal) ao (O).

Percebemos que a projeção do objeto no plano é maior do que o objeto real, pois as linhas
projetantes se inclinam e ampliam as dimensões verdadeiras do objeto. Percebemos ainda que
se afastarmos (para cima) ou aproximarmos (para baixo) o centro de projeção (O) do objeto, a
projeção do objeto irá variar de tamanho

Fonte: EnsineMe
 Figura 1 – Projeção de um objeto formando superfície cônica
 ATENÇÃO

Quando o centro de projeção (O), de onde saem as linhas projetantes, está a determinada
distância do objeto, designamos como centro de projeção próprio.

Nesse caso, a superfície gerada pelas linhas projetantes é cônica.

Vejamos agora a situação ilustrada na Figura 2: o mesmo objeto, em forma de paralelepípedo,


é posicionado acima do plano horizontal α , mas a fonte luminosa puntiforme é posicionada no
infinito, também sobre o centro do objeto.

Note que agora as linhas projetantes são paralelas entre si e perpendiculares ao plano de
projeção. O centro de projeção, nesse exemplo, não é um ponto visualmente identificado, pois
está muito longe do objeto. Percebemos que a projeção do objeto no plano é de mesma
dimensão do que o objeto real. Dizemos, então, que a projeção é representada em verdadeira
grandeza.

Fonte: EnsineMe
 Figura 2 – Projeção de um objeto formando superfície cilíndrica ortogonal

 ATENÇÃO

Quando o centro de projeção (O) está no infinito do objeto, designamos como centro de
projeção impróprio. Assim, a superfície gerada pelas linhas projetantes perpendiculares ao
plano de projeção é cilíndrica ortogonal.
Outro tipo de superfície cilíndrica pode ser gerado caso a fonte luminosa seja posicionada
sobre o objeto, porém fora do seu eixo central. As linhas projetantes são paralelas entre si,
porém não são perpendiculares ao plano de projeção. Percebemos, nesse exemplo, que a
projeção do objeto no plano é diferente do objeto real, pois as linhas projetantes se inclinam,
ampliando a projeção do objeto. Entretanto, dependendo do elemento geométrico projetado, a
projeção pode ter verdadeira grandeza.

Fonte: EnsineMe
 Figura 3 – Projeção de um objeto formando superfície cilíndrica oblíqua

Nesse caso, com as linhas projetantes não perpendiculares ao plano de projeção, porém
paralelas entre si, a superfície gerada é cilíndrica oblíqua.

SISTEMA MONGEANO
O Sistema Mongeano foi criado por Gaspar Monge e possibilita compreender a forma, posição
e dimensões de objetos tridimensionais de maneira precisa. Esse sistema (ou método) de
projeções constitui a base para a Geometria Descritiva. O método consiste, inicialmente, em
dividir o espaço tridimensional em 4 semiespaços utilizando dois planos, perpendiculares entre
si, denominados (π) e (π ′ )

É o plano horizontal.

π

É o plano vertical.

Diedros

São os semiespaços formados pela interseção dos planos.


Linha de terra

É a interseção dos planos (π) e (π ′ )

Nas figuras a seguir, podemos observar os planos horizontal e vertical, a formação dos
semiespaços pela interseção dos planos e a linha de terra. Note que o ponto (P) posicionado
em um dos semiespaços é projetado utilizando projeção cilíndrica ortogonal em dois planos de
projeção, usando linhas projetantes paralelas entre si e ortogonais aos semiplanos (πA) e (π ′ S).

Fonte: EnsineMe
 Figura 4 – Representação espacial dos planos

Vamos agora passar da representação espacial para uma representação plana, utilizando a
épura para eliminação da perspectiva.
 ATENÇÃO

Esse procedimento é feito através do rebatimento dos planos (πA) e (πP), até que o plano

horizontal anterior coincida com o plano vertical inferior, e o plano horizontal posterior com o
plano vertical superior.

Na épura, a linha de terra é representada por uma linha grossa com duas pequenas linhas
paralelas e abaixo dela, sem representar o contorno dos planos.

Fonte: EnsineMe
 Figura 5 – Representação espacial e em épura do ponto

Observe que a nomenclatura do ponto no espaço e em suas projeções foram feitas de formas
distintas. Dessa maneira, a leitura do desenho é facilitada. O quadro a seguir apresenta as
informações que caracterizam os elementos presentes na épura:

Elementos Descrição

(Q) Ponto objeto

Q Projeção do ponto no plano horizontal

Q

Projeção do ponto no plano vertical

(Q)Q
Linha projetante
e (Q)Q

QQ' Linha de chamada

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela 1 – Elementos na Épura

ESTUDO BÁSICO DE UM PONTO


Além da nomenclatura do ponto e de suas projeções, note que foram representadas distâncias
que são um conjunto de medidas necessárias para definir a posição do ponto no espaço: a
abscissa, o afastamento e a cota. Para caracterizar um ponto, devemos indicar sua
nomenclatura da seguinte maneira:

(Q) [ABSCISSA; AFASTAMENTO; COTA]

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

 EXEMPLO

Por exemplo: (A) [20; 25; 50]

A abscissa é a dimensão medida sobre a linha de terra, segundo um ponto de origem arbitrado.

Abscissa positiva

Todo ponto situado à direita do ponto de origem tem abscissa positiva ( + )



Abscissa negativa

Todo ponto situado à esquerda da origem terá abscissa negativa ( - )

Fonte: EnsineMe
 Figura 6 – Convenção de sinais para a abscissa de um ponto

A cota é a medida da linha projetante de um ponto, medida entre o ponto e o plano horizontal
de projeção π.

Cota positiva

A cota é positiva nos 1º e 2º Diedros, pois a linha projetante fica acima do plano horizontal.


Cota negativa

A cota é negativa nos 3º e 4º Diedros, pois a linha projetante fica abaixo do plano horizontal.
Fonte: EnsineMe
 Figura 7 – Convenção de sinais para a cota de um ponto

O afastamento é a medida da linha projetante de um ponto, medida entre o ponto e o plano


vertical de projeção π'.

Afastamento positivo

O afastamento é positivo nos 1º e 4º Diedros, pois a linha projetante fica à frente do plano
vertical.


Afastamento negativo

O afastamento é negativo nos 2º e 3º Diedros, pois a linha projetante fica atrás do plano
vertical.
Fonte: EnsineMe
 Figura 8 – Convenção de sinais para o afastamento de um ponto

PROJEÇÕES DE UM PONTO NOS 4


DIEDROS
Nosso objetivo resume-se em noções básicas e conceituais de projeção, não sendo necessário
aprofundamento em Geometria Descritiva. Portanto, vamos estudar os sinais do afastamento e
cotas, assim como a posição das projeções de um ponto na representação espacial e em épura
para cada um dos diedros.

PONTO NO 1º DIEDRO
Todo ponto situado no 1º Diedro tem, em épura, projeção horizontal abaixo da linha de terra (ou
seja, afastamento positivo) e projeção vertical acima da linha de terra (ou seja, cota positiva).

null
Fonte: EnsineMe
 Figura 9 – Representação espacial e em épura de um ponto no 1º Diedro

PONTO NO 2º DIEDRO
Todo ponto situado no 2º Diedro tem, em épura, ambas as projeções acima da linha de terra
(ou seja, afastamento negativo e cota positiva).
null
Fonte: EnsineMe
 Figura 10 – Representação espacial e em épura de um ponto no 2º Diedro

PONTO NO 3º DIEDRO
Todo ponto situado no 3º Diedro tem, em épura, projeção horizontal acima da linha de terra (ou
seja, afastamento negativo) e projeção vertical abaixo da linha de terra (ou seja, cota negativa).

null
Fonte: EnsineMe
 Figura 11 – Representação espacial e em épura de um ponto no 3º Diedro

PONTO NO 4º DIEDRO
Todo ponto situado no 4º Diedro tem, em épura, ambas as projeções abaixo da linha de terra
(ou seja, afastamento positivo e cota negativa).

null
Fonte: EnsineMe
 Figura 12 – Representação espacial e em épura de um ponto no 4º Diedro

FORMAS DE REPRESENTAÇÃO GRÁFICA


PARA OBJETOS TRIDIMENSIONAIS
Até o momento, você deve ter percebido que, basicamente, temos duas formas de
representação gráfica de um objeto: a representação espacial e as projeções. Com a
representação espacial, que chamaremos a partir de agora de perspectiva, conseguimos
compreender o formato e as dimensões do objeto de forma simples, entretanto, é preciso
elaborar um desenho mais complexo e completo, utilizando técnicas que permitam a
visualização clara das características do objeto em três dimensões.
Fonte: EnsineMe
 Figura 13 – Representação espacial de um objeto em perspectiva

A outra maneira de representar o objeto é através das suas projeções, que chamaremos a
partir de agora de vistas ortográficas, facilitando o desenho propriamente dito, mas tornando
menos direta a compreensão do objeto real.

 ATENÇÃO

Olhar as vistas ortográficas e visualizar claramente o objeto e suas características no espaço


tridimensional é uma tarefa simples, mas que demanda prática do aluno para o
desenvolvimento de sua visão espacial. Algumas pessoas terão mais facilidade, outras
precisarão praticar mais, mas todos podem utilizar as projeções para representar, compreender
e construir um objeto real de forma eficiente.

Vejamos um exemplo da visualização do objeto através de suas projeções, utilizando o objeto


em perspectiva apresentado anteriormente. Vamos posicionar o objeto no 1º Diedro. Note que
um terceiro plano de projeção, denominado (π''), foi acrescentado ao Diedro, pois sem ele não
seria possível compreender todas as suas características. O terceiro plano de projeção também
é chamado de plano de perfil.
Fonte: EnsineMe
 Figura 14 – Representação espacial e projeções do objeto nos planos vertical e horizontal

 DICA

Note que a figura projetada nos planos vertical e horizontal é a figura visualizada por um
observador localizado em frente à face analisada. Na face vermelha, por exemplo, as linhas
tracejadas indicam que existem arestas do objeto que não podem ser vistas pelo observador,
estando “por trás” da face.

Analisando a imagem, vemos que a face vermelha do objeto é projetada no plano vertical (πS′ ).
As faces em verde são projetadas no plano de perfil, (π'') , assim como a face inclinada, em
amarelo. Por fim, as faces em azul são projetadas no plano (πA ). Note que a face amarela, por
ser inclinada, aparece projetada tanto no plano de perfil como no plano (πA ).

Abaixo, vemos que após o rebatimento dos planos horizontal e vertical, obtemos três
projeções. A visualização planificada das projeções são as vistas ortográficas do objeto, e
serão objeto de estudo dos módulos seguintes.
Fonte: EnsineMe
 Figura 15 – Rebatimento dos planos vertical e horizontal para visualização planificada das
projeções

REPRESENTAÇÃO DE OBJETOS ATRAVÉS


DE SUAS PROJEÇÕES
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. ANALISE AS SENTENÇAS ABAIXO REFERENTES AO SISTEMA (OU


MÉTODO) MONGEANO:

I. CONSISTE EM DIVIDIR O ESPAÇO TRIDIMENSIONAL EM APENAS DOIS


SEMIESPAÇOS UTILIZANDO DOIS PLANOS, PERPENDICULARES ENTRE
SI, UM PLANO HORIZONTAL E OUTRO VERTICAL;

II. OS SEMIESPAÇOS FORMADOS PELA INTERSEÇÃO DOS PLANOS SÃO


DENOMINADOS DIEDROS;

III. A INTERSEÇÃO DOS PLANOS HORIZONTAL E VERTICAL É


DENOMINADA LINHA DE AFASTAMENTO;

IV. PARA PASSAR DA REPRESENTAÇÃO ESPACIAL PARA UMA


REPRESENTAÇÃO PLANA, UTILIZA-SE A ÉPURA PARA ELIMINAÇÃO DA
PERSPECTIVA.

ESTÃO CORRETAS, APENAS:

A) II e IV

B) I e III
C) I e II

D) II, III e IV

2. SOBRE A PROJEÇÃO DO OBJETO, MOSTRADA NA FIGURA ABAIXO,


PODEMOS AFIRMAR, EXCETO:

FONTE: ENSINEME

A) A fonte luminosa está posicionada sobre o objeto, porém fora do seu eixo central.

B) As linhas projetantes são paralelas entre si, porém não são perpendiculares ao plano de
projeção.

C) A projeção do objeto no plano é diferente do objeto real, dependendo do elemento


geométrico projetado, pois as linhas projetantes se inclinam, ampliando a projeção do objeto.

D) Com as linhas projetantes não perpendiculares ao plano de projeção, porém paralelas entre
si, a superfície gerada é cilíndrica ortogonal.

GABARITO

1. Analise as sentenças abaixo referentes ao Sistema (ou método) Mongeano:

I. Consiste em dividir o espaço tridimensional em apenas dois semiespaços utilizando


dois planos, perpendiculares entre si, um plano horizontal e outro vertical;

II. Os semiespaços formados pela interseção dos planos são denominados diedros;
III. A interseção dos planos horizontal e vertical é denominada linha de afastamento;

IV. Para passar da representação espacial para uma representação plana, utiliza-se a
épura para eliminação da perspectiva.

Estão corretas, apenas:

A alternativa "A " está correta.

Consiste em dividir o espaço tridimensional em quatro semiespaços utilizando dois planos


(sentença I); a interseção dos planos horizontal e vertical é denominada linha de terra
(sentença III).

2. Sobre a projeção do objeto, mostrada na figura abaixo, podemos afirmar, EXCETO:

Fonte: EnsineMe

A alternativa "D " está correta.

A superfície gerada é cilíndrica oblíqua, já que o ângulo é diferente de 90°.

MÓDULO 3

 Descrever os métodos de elaboração de vistas ortográficas no 1º Diedro


INTRODUÇÃO
Quando você se posiciona em frente a um objeto e faz uma fotografia dele, obtém na foto uma
representação planificada do mundo real. De uma forma simplista, poderíamos dizer que a
fotografia funciona semelhantemente à projeção do objeto em um plano.

 SAIBA MAIS

A representação de um objeto através de suas projeções ortogonais, as chamadas vistas


ortográficas, é uma consequência direta da aplicação da Geometria Descritiva de Gaspar
Monge na representação gráfica de objetos tridimensionais.

Cabe ao leitor do desenho raciocinar espacialmente para compreender as características do


objeto em análise. Neste módulo, utilizaremos o conceito de projeção cilíndrica ortogonal para
representar objetos utilizando suas vistas ortográficas. Veremos a técnica necessária para o
desenho das vistas, os critérios para escolha das vistas ortográficas principais de um objeto e
para a escolha de sua vista frontal (a mais importante das vistas ortográficas principais).

Usaremos o método europeu de projeção, que posiciona o objeto a ser representado no 1º


Diedro. Contudo, a ABNT NBR 10067:1995 (Princípios gerais de representação em desenho
técnico – Procedimento) apresenta condições gerais para projeção ortogonal de objetos nos 1º
e 3º Diedros. No módulo seguinte conheceremos o outro método de projeção.

CONCEITOS

PROJEÇÕES CILÍNDRICAS EM SEIS


PLANOS DE PROJEÇÃO NO 1º DIEDRO
As projeções têm por objetivo facilitar o processo de representação gráfica e, mesmo não
representando o objeto em perspectiva, devem ser suficientes para a compreensão de todas as
suas características. Uma, duas ou três vistas, como as oriundas da projeção cilíndrica
ortogonal de objetos nos planos πA , πS′ e π '' , podem não ser suficientes para a devida
compreensão de detalhes presentes no objeto.

 ATENÇÃO

Em vários casos é necessário projetá-lo em mais planos de projeção.

A ilustração, a seguir, apresenta o Diedro de uma forma diferente, tal como um cubo de faces
feitas em material transparente. Note que agora não existem somente as faces dos planos
horizontal e vertical, e sim 6 (seis) faces do cubo transparente. Um objeto foi posicionado
dentro do cubo, com o objetivo de obter suas projeções ortogonais. Os vértices do cubo foram
identificados com letras maiúsculas, para facilitar as análises que vem a seguir.

Fonte: EnsineMe
 Figura 1 – Objeto posicionado dentro do cubo no 1º Diedro

As projeções do objeto nas faces do cubo serão as vistas de um observador posicionado em


frente a cada uma das faces, do lado de fora do cubo, olhando para o objeto. O observador é
um ente virtual, que serve para auxiliar o desenhista a compreender e representar os objetos
graficamente.

 DICA
Uma forma interessante de compreender o que é o observador é colocar-se no lugar dele:
imagine-se em frente a cada uma das faces do cubo. Com isso, você será o observador,
responsável por ver, analisar e compreender o objeto.

A vista frontal, em nosso exemplo, será projetada no plano BCGF, hachurado. A posição com a
qual o objeto foi posicionado dentro do cubo não é mera coincidência: a vista de maior
comprimento e com mais detalhes deve ser a vista frontal do objeto, sendo o plano BCGF o
plano de projeção da vista frontal escolhida.

A figura a seguir apresenta, inicialmente, a projeção de três vistas nas faces do cubo,
representado em perspectiva. Com o rebatimento dos planos ABFE, CDHG, BCGF, ADCB e
FGHE, o cubo pode ser representado de forma planificada, onde são representadas as seis
projeções cilíndricas ortogonais. Elas representam as vistas do observador, posicionado do
lado de fora do cubo, olhando para o objeto em seis posições diferentes, ou seja, quando o
observador está posicionado em frente de cada uma das faces do cubo (que são os planos de
projeção).

Fonte: EnsineMe
 Figura 2 – Projeção no cubo e representação das seis vistas no cubo planificado

Aqui, estabeleceremos uma ordem a ser seguida para a projeção de objetos no 1º Diedro:
observador, objeto e plano de projeção. Assim, com palavras simples, podemos dizer o
seguinte: o observador “vê” o objeto e a imagem “vista” é projetada no plano paralelo à face
observada, posterior ao objeto.

Seguindo a NBR 10067 (1995), fixando-se a vista frontal (VF), as posições relativas das demais
vistas são as seguintes:
A) VISTA SUPERIOR - VS, POSICIONADA ABAIXO DA
VF.

B) VISTA LATERAL ESQUERDA – VLE, POSICIONADA À


DIREITA DA VF.

C) VISTA LATERAL DIREITA – VLD, POSICIONADA À


ESQUERDA DA VF.

D) VISTA INFERIOR – VI, POSICIONADA ACIMA DA


VISTA VF.

E) VISTA POSTERIOR – VP, POSICIONADA À DIREITA


DA VLE OU À ESQUERDA DA VLD. NO EXEMPLO
APRESENTADO, A VP FOI POSICIONADA À DIREITA DA
VLE.

As vistas com planos de projeção hachurados são as chamadas vistas ortográficas principais.
São elas: a vista frontal, vista superior e uma das vistas laterais, podendo ser a lateral direita ou
esquerda (a depender da posição que o objeto foi estudado no Diedro).

 EXEMPLO
Neste caso, a vista lateral visível na perspectiva é a vista lateral esquerda.

Para finalizar a representação do objeto em suas seis vistas, o contorno dos planos de
projeção do objeto deve ser retirado, restando somente as vistas desenhadas.

 DICA

Note que o nome das vistas também é suprimido.

É desnecessário colocar os nomes, pois sabendo que as projeções estão sendo realizadas no
1º Diedro, a vista frontal é localizada automaticamente, bastando procurar a vista que possui
uma vista acima e uma vista abaixo da vista frontal.

Fonte: EnsineMe
 Figura 3 – Representação das seis vistas ortográficas no 1º Diedro

PROJEÇÕES CILÍNDRICAS EM TRÊS


PLANOS DE PROJEÇÃO NO 1º DIEDRO:
VISTAS ORTOGRÁFICAS PRINCIPAIS
As vistas ortográficas principais são as essenciais para compreender a geometria e as
dimensões de um objeto. O resultado final da projeção do objeto em suas vistas ortográficas
principais é representado a seguir:
Fonte: EnsineMe
 Figura 4 – Representação das vistas ortográficas principais no 1º Diedro

O símbolo colocado junto às vistas ortográficas, no canto inferior direito, é a simbologia


normatizada que indica que as projeções foram realizadas no 1º Diedro, de acordo com a NBR
10067 (1995). As linhas tracejadas indicam arestas do objeto que não podem ser vistas pelo
observador.

 ATENÇÃO

Note a presença da linha tracejada vertical na vista lateral esquerda. Essa linha fica atrás da
região inclinada da peça e não pode ser vista por um observador posicionado na posição
padrão exigida para projeção da vista lateral esquerda.
VISTAS ORTOGRÁFICAS NO 1º DIEDRO:
ONDE É ADOTADO ESSE PADRÃO?

TÉCNICAS PARA O DESENHO DE VISTAS


ORTOGRÁFICAS À MÃO LIVRE
Antes da elaboração dos desenhos em sistemas computacionais, é natural o estudo e
desenhos de objetos à mão livre, os chamados esboços. É com essa forma de representação
gráfica que trabalharemos para o estudo da projeção ortogonal de objetos.

CITAÇÃO

“A ELABORAÇÃO DOS ESBOÇOS, ALÉM DE


FAVORECER A ANÁLISE GRÁFICA DAS PROJEÇÕES
ORTOGONAIS, AJUDA A DESENVOLVER O SENTIDO
DE PROPORCIONALIDADE. APESAR DE SER
TENDÊNCIA ENTRE OS PRINCIPIANTES DEDICAR
EXCESSIVA ATENÇÃO À PERFEIÇÃO DOS TRAÇOS,
[...], DEVE-SE LEMBRAR QUE [...] O RIGOR DAS
PROPORÇÕES E A CORRETA APLICAÇÃO DAS
NORMAS E CONVENÇÕES DE REPRESENTAÇÃO É
QUE SÃO IMPRESCINDÍVEIS. ”

Ribeiro et al, 2013.

 DICA

Ao longo do seu estudo, você pode utilizar folhas A4 lisas ou até mesmo folhas quadriculadas
(aquelas com marcação ortogonal em 5 em 5 milímetros). A folha quadriculada é um “atalho”
interessante, pois dispensará a utilização de régua para adequação das proporções do objeto
ao seu desenho. Outro recurso para a elaboração de esboços, se disponível, é utilizar o celular
ou tablet e fazer o esboço em programas gratuitos de desenho, como o SketchBook, da
AutoDesk.

Para o desenho das vistas ortográficas em esboço, recomenda-se as seguintes etapas:

1ª ETAPA

Analise o objeto a ser representado, escolhendo sua vista frontal como aquela que possui o
maior comprimento, o maior número de detalhes e o menor número de arestas não visíveis. A
escolha da vista frontal pode até mudar de desenhista para desenhista, dependendo da
complexidade do objeto. O importante é escolher aquela que melhor avalie o objeto
representado.

2ª ETAPA

Determine as medidas que contornam as arestas mais externas de cada uma das vistas, como
um quadrado ou um retângulo que contornará cada vista ortográfica. Conhecendo o
comprimento, a largura e a altura da peça, deve-se atentar para o fato de que o comprimento
das vistas frontal e superior, a largura da vista lateral e da vista superior, e a altura da vista
frontal e da vista lateral são medidas iguais.

3ª ETAPA

Faça um esboço dos contornos de cada uma das vistas principais, com traço contínuo e fino,
desenhando as vistas com distâncias iguais entre si; não se esqueça de manter a
proporcionalidade das medidas com o que é observado na perspectiva.

4ª ETAPA

Sugere-se iniciar o desenho pela vista frontal, que possui mais detalhes, e depois trabalhar nas
vistas lateral e superior. Desenhe sempre com traço fino. Isso permite apagar as linhas com
mais facilidade, em caso de erro.

5ª ETAPA

Após analisar e verificar as três vistas desenhadas e verificar a compatibilidade entre as vistas
representadas, reforçar o desenho com traçado grosso contínuo para as arestas visíveis.
Arestas invisíveis devem ser desenhadas com linhas tracejadas, que podem ser representadas
com traço fino ou grosso.

6ª ETAPA

Ao terminar o desenho das linhas definitivas, o desenho ainda terá as linhas finas utilizadas
para desenhar o contorno das vistas e para compatibilizar detalhes e medidas entre as vistas.
Essas linhas finas são chamadas linhas de construção. Apague-as cuidadosamente para não
apagar as linhas do desenho definitivo.

A imagem a seguir apresenta as etapas abordadas anteriormente, para o objeto que estamos
analisando ao longo deste módulo.
Fonte: EnsineMe
 Figura 5 – Representação das vistas ortográficas principais no 1º Diedro em esboço

VISTAS ORTOGRÁFICAS PARA OBJETOS


DE FACES NÃO PARALELAS AOS PLANOS
DE PROJEÇÃO
No caso de objetos com faces inclinadas, ou seja, faces que não sejam paralelas aos planos de
projeção, pelo menos uma de suas vistas principais não corresponderá à verdadeira grandeza
do objeto. No objeto que utilizamos como estudo neste módulo, uma superfície inclinada é
obliqua ao plano de projeção frontal e superior. Por isso, na vista frontal, vemos a projeção
dessa superfície, porém não em sua verdadeira grandeza. Somente no plano de projeção
lateral é que podemos observar que a linha inclinada permanece com as medidas do objeto
original.

Fonte: EnsineMe
 Figura 6 – Vistas ortográficas principais de objeto com plano inclinado

VISTAS DE OBJETOS DE FACES COM


SUPERFÍCIES CURVAS
Observe as vistas ortográficas principais e a perspectiva representada na figura a seguir. O
objeto apresenta um furo cilíndrico e contorno arredondado por um semicírculo com ângulo de
abertura de 180º na sua face lateral esquerda. A projeção das vistas foi feita no 1º Diedro,
conforme especificado pela simbologia normativa.

Fonte: EnsineMe
 Figura 7 – Vistas ortográficas principais e perspectiva de objeto com superfícies curvas e
furo cilíndrico

AS LINHAS TRAÇO E PONTO REPRESENTADAS NA VISTA


FRONTAL E NA VISTA LATERAL ESQUERDA SÃO CHAMADAS
DE LINHAS DE EIXOS, POIS REPRESENTAM O EIXO
LONGITUDINAL DO FURO CILÍNDRICO REPRESENTADO EM
VISTA.

Observe agora a vista superior: as linhas traço e ponto perpendiculares entre si têm como
objetivo direto obter o lugar geométrico do centro das circunferências concêntricas (uma delas
é a seção transversal do cilindro, e a outra é o contorno semicircular do objeto). Essas linhas
são denominadas linhas de centro.
Existem algumas regras importantes na representação de linhas de eixo e linhas de centro.
São elas

As linhas traço e ponto devem sempre ultrapassar os contornos visíveis dos arcos, círculos
e/ou cilindros.

As linhas de centro deverão ser indicadas em arcos sempre que o ângulo do arco for maior ou
igual a 180º.

O cruzamento das linhas de centro deve ocorrer no traço da linha traço e ponto, para efetivar o
cruzamento das linhas no centro de arcos e/ou circunferências.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTÉM O CONJUNTO DE VISTAS


ORTOGRÁFICAS PRINCIPAIS (1º DIEDRO) DA PEÇA MOSTRADA ABAIXO:

FONTE: ENSINEME

A) Opção A

B) Opção B

C) Opção C

D) Opção D
2. ANALISE AS SENTENÇAS ABAIXO REFERENTES À ELABORAÇÃO
DAS VISTAS ORTOGRÁFICAS NO 1º DIEDRO:

I. EXISTEM ALGUMAS REGRAS IMPORTANTES NA REPRESENTAÇÃO DE


LINHAS DE EIXO E LINHAS DE CENTRO. UMA DELAS É QUE AS LINHAS
TRAÇO E PONTO DEVEM SEMPRE ULTRAPASSAR OS CONTORNOS
VISÍVEIS DOS ARCOS, CÍRCULOS E/OU CILINDROS;

II. SEGUINDO A NBR 10067 (1995), FIXANDO-SE A VISTA FRONTAL (VF),


AS POSIÇÕES RELATIVAS DAS DEMAIS VISTAS SÃO AS SEGUINTES: VI
POSICIONADA ABAIXO DA VF; VLE POSICIONADA À DIREITA DA VF; VLD
POSICIONADA À ESQUERDA DA VF; VS POSICIONADA ACIMA DA VISTA
VF; VP POSICIONADA À DIREITA DA VLE OU À ESQUERDA DA VLD;

III. PARA INDICAR QUE AS PROJEÇÕES FORAM REALIZADAS NO 1º


DIEDRO, DE ACORDO COM A NBR 10067 (1995), COLOCA-SE UM
SÍMBOLO ESPECÍFICO JUNTO DAS VISTAS ORTOGRÁFICAS, NO CANTO
INFERIOR DIREITO.

ESTÃO CORRETAS, APENAS:

A) I, II e III

B) I e III

C) I e II

D) II e III

GABARITO

1. Assinale a alternativa que contém o conjunto de vistas ortográficas principais (1º


Diedro) da peça mostrada abaixo:
Fonte: EnsineMe

A alternativa "D " está correta.

A letra D é a opção correta, pois na letra A, a VF está com o contorno visível do quadrado mais
à frente da peça errado e falta tracejado na VLE; na letra B, a VF está com o contorno visível
do quadrado mais à frente da peça errado; na letra C, falta contorno visível na VLE.

2. Analise as sentenças abaixo referentes à elaboração das vistas ortográficas no 1º


Diedro:

I. Existem algumas regras importantes na representação de linhas de eixo e linhas de


centro. Uma delas é que as linhas traço e ponto devem sempre ultrapassar os contornos
visíveis dos arcos, círculos e/ou cilindros;

II. Seguindo a NBR 10067 (1995), fixando-se a vista frontal (VF), as posições relativas das
demais vistas são as seguintes: VI posicionada abaixo da VF; VLE posicionada à direita
da VF; VLD posicionada à esquerda da VF; VS posicionada acima da vista VF; VP
posicionada à direita da VLE ou à esquerda da VLD;

III. Para indicar que as projeções foram realizadas no 1º Diedro, de acordo com a NBR
10067 (1995), coloca-se um símbolo específico junto das vistas ortográficas, no canto
inferior direito.

Estão corretas, apenas:

A alternativa "B " está correta.


Seguindo a NBR 10067 (1995), fixando-se a vista frontal (VF), as posições relativas das demais
vistas (1º Diedro) são as seguintes: VS posicionada abaixo da VF e VI posicionada acima da
vista VF (sentença II).

MÓDULO 4

 Descrever os métodos de elaboração de vistas ortográficas no 3º Diedro

INTRODUÇÃO
Os métodos de projeção ortogonal utilizados em todo o mundo não seguem os mesmos
critérios. O método europeu, com projeções realizadas no 1º Diedro, é o método mais utilizado
no Brasil. Contudo, a ABNT NBR 10067:1995 (Princípios gerais de representação em desenho
técnico – Procedimento) apresenta condições gerais para projeção ortogonal de objetos nos 1º
e 3º Diedros, o que prova a importância de conhecer os dois métodos de projeção.

 ATENÇÃO

A mudança do Diedro não altera a vista do observador: a vista frontal no 1º Diedro será a
mesma no 3º Diedro.

O que muda de um método de projeção para o outro são as técnicas utilizadas para a projeção
ortogonal do objeto nos planos e o posicionamento das vistas no Diedro planificado. O conceito
de projeção cilíndrica ortogonal continua sendo o mesmo para representar objetos utilizando
suas vistas ortográficas no 3º Diedro, ou seja, usando o método americano de projeção.

Neste módulo, veremos a técnica necessária para o desenho das vistas e os critérios para
escolha das vistas ortográficas principais de um objeto e para a escolha de sua vista frontal, a
mais importante das vistas ortográficas principais.
CONCEITOS

PROJEÇÕES CILÍNDRICAS EM SEIS


PLANOS DE PROJEÇÃO NO 3º DIEDRO
Assim como ocorre no caso das projeções do 1º Diedro, uma, duas ou três vistas podem não
ser suficientes para a devida compreensão de detalhes presentes no objeto. Por isso, também
pode ser necessário projetar o objeto em mais planos de projeção.

A ilustração a seguir apresenta o diedro tal como um cubo de faces feitas em material
transparente. Um objeto foi posicionado dentro do cubo, com o objetivo de obter suas
projeções ortogonais. Os vértices do cubo foram identificados com letras maiúsculas, para
facilitar as análises que vem a seguir.

Fonte: EnsineMe
 Figura 1 – Objeto posicionado dentro do cubo no 3º Diedro

As projeções do objeto nas faces do cubo serão as vistas de um observador posicionado em


frente a cada uma das faces, do lado de fora do cubo, olhando para o objeto.

 ATENÇÃO
Aqui, vale a mesma ideia do 1º Diedro: experimente tomar o lugar do observador,
posicionando-se em frente às faces do cubo e do objeto, para facilitar sua análise.

A vista frontal, em nosso exemplo, será projetada no plano ADHE, hachurado. A posição com a
qual o objeto foi posicionado dentro do cubo tem o seguinte objetivo: a vista de maior
comprimento e com mais detalhes deve ser a vista frontal do objeto, sendo o plano ADHE o
plano de projeção da vista frontal escolhida.

A figura a seguir apresenta, inicialmente, a projeção de três vistas nas faces do cubo,
representado em perspectiva. Com o rebatimento dos planos ABFE, CDHG, DAEH, ADCB e
FGHE, o cubo pode ser representado de forma planificada, onde são representadas as seis
projeções cilíndricas ortogonais. Elas representam as vistas do observador, posicionado do
lado de fora do cubo, olhando para o objeto em seis posições diferentes, ou seja, quando o
observador está posicionado em frente de cada uma das faces do cubo (que são os planos de
projeção).

Fonte: EnsineMe
 Figura 2 – Projeção no cubo e representação das seis vistas no cubo planificado

Estabeleceremos, aqui, uma ordem a ser seguida para a projeção de objetos no 3º Diedro:
observador, plano de projeção e objeto. Assim, com palavras simples, podemos dizer o
seguinte: o observador “vê” o objeto e a imagem “vista” é projetada no plano paralelo à face
posicionada entre o objeto e o observador.

Seguindo a NBR 10067 (1995), fixando-se a vista frontal (VF), as posições relativas das demais
vistas são as seguintes:

a) Vista superior – VS, posicionada acima da VF.


b) Vista lateral esquerda – VLE, posicionada à esquerda da VF.

c) Vista lateral direita – VLD, posicionada à direita da VF.

d) Vista inferior – VI, posicionada abaixo da vista VF.

e) Vista posterior – VP, posicionada à esquerda da VLE ou à direita da VLD. No exemplo


apresentado, a VP foi posicionada à esquerda da VLE.

As vistas com planos de projeção hachurados são as chamadas vistas ortográficas principais
no 3º Diedro. Tais vistas são: a vista frontal, vista superior e uma das vistas laterais, podendo
ser a lateral direita ou esquerda (a depender da posição que o objeto foi estudado no diedro).

 EXEMPLO

No exemplo apresentado, a vista lateral visível na perspectiva é a vista lateral esquerda.

Para finalizar a representação do objeto em suas seis vistas, o contorno dos planos de
projeção do objeto deve ser retirado, restando somente as vistas desenhadas. Note que o
nome das vistas também é suprimido. É desnecessário colocar os nomes, pois sabendo que as
projeções estão sendo realizada no 3º Diedro, a vista frontal é localizada automaticamente
bastando procurar a vista que possui uma vista acima e uma vista abaixo dela.

Fonte: EnsineMe
 Figura 3 – Representação das seis vistas ortográficas no 3º Diedro

 SAIBA MAIS
O 3º Diedro de projeção é também chamado de Método Americano, sendo utilizado nos
Estados Unidos e no Canadá. É o método adotado pela ANSI (American National Standards
Institute - Instituto Nacional de Padrões Americanos).

PROJEÇÕES CILÍNDRICAS EM TRÊS


PLANOS DE PROJEÇÃO NO 3º DIEDRO
(VISTAS ORTOGRÁFICAS PRINCIPAIS)
As vistas ortográficas principais são as essenciais para compreender a geometria e as
dimensões de um objeto. O resultado final da projeção do objeto em suas vistas ortográficas
principais é representado a seguir:

Fonte: EnsineMe
 Figura 4 – Representação das vistas ortográficas principais no 3º Diedro

O símbolo colocado junto das vistas ortográficas, no canto superior esquerdo, é a simbologia
normatizada que indica que as projeções foram realizadas no 3º Diedro, de acordo com a NBR
10067 (1995). As linhas tracejadas indicam arestas do objeto que não podem ser vistas pelo
observador. Note a presença da linha tracejada vertical na vista lateral esquerda. Essa linha
fica atrás da região inclinada da peça e não pode ser vista por um observador na posição
padrão exigida para projeção da vista lateral esquerda.
VISTAS ORTOGRÁFICAS À MÃO LIVRE NO
3º DIEDRO

 RELEMBRANDO

É através da elaboração de esboços (desenho à mão livre) que faremos o estudo das
projeções ortogonais dos objetos.

Para o desenho das vistas ortográficas em esboço, recomenda-se seguir as etapas abaixo:

1ª ETAPA

Analise o objeto a ser representado, escolhendo a sua vista frontal como aquela que possui o
maior comprimento, o maior número de detalhes e o menor número de arestas não visíveis. A
escolha da vista frontal pode até mudar de desenhista para desenhista, dependendo da
complexidade do objeto. O importante é escolher aquela que melhor avalie o objeto
representado.

2ª ETAPA

Determine as medidas que contornam as arestas mais externas de cada uma das vistas, como
um quadrado ou um retângulo que contornará cada vista ortográfica. Conhecendo o
comprimento, a largura e a altura da peça, deve-se atentar para o fato de que o comprimento
das vistas frontal e superior, a largura da vista lateral e da vista superior, e a altura da vista
frontal e da vista lateral são medidas iguais.

3ª ETAPA

Faça um esboço dos contornos de cada uma das vistas principais, com traço contínuo e fino,
desenhando as vistas com distâncias iguais entre si; não esqueça de manter a
proporcionalidade das medidas com o que é observado na perspectiva.

4ª ETAPA

Sugere-se iniciar o desenho pela vista frontal, que possui mais detalhes, e depois trabalhar nas
vistas lateral e superior. Desenhe sempre com traço fino. Isso permite apagar as linhas com
mais facilidade, em caso de erro.


5ª ETAPA

Após analisar e verificar as três vistas desenhadas e verificar a compatibilidade entre as vistas
representadas, reforçar o desenho com traçado grosso contínuo para as arestas visíveis.
Arestas invisíveis devem ser desenhadas com linhas tracejadas, que podem ser representadas
com traço fino ou grosso.

6ª ETAPA

Ao terminar o desenho das linhas definitivas, o desenho ainda terá as linhas finas utilizadas
para desenhar o contorno das vistas e para compatibilizar detalhes e medidas entre as vistas.
Essas linhas finas são chamadas linhas de construção. Apague-as cuidadosamente, de forma a
não apagar as linhas do desenho definitivo.

Fonte: EnsineMe
 Figura 5 – Representação das vistas ortográficas principais no 3º Diedro em esboço
COMPARAÇÃO DAS TÉCNICAS PARA
DESENHO DAS VISTAS ORTOGRÁFICAS
NOS 1º E 3º DIEDROS
Durante nosso estudo referente aos 1º e 3º Diedros, utilizamos uma mesma peça para estudar
as projeções em ambos. Essa escolha não é mera coincidência, e tem o objetivo de estimular
você a perceber o que realmente muda nas vistas projetadas nos diedros diferentes.

Se tivermos uma abordagem descuidada, podemos ser levados a pensar que as projeções
mudam ao modificarmos o diedro de projeção, por conta das diferentes formas de rebatimento
e planificação das vistas.

 RELEMBRANDO

No 1º Diedro a ordem é observador, objeto e plano de projeção, e no 3º Diedro a ordem é


observador, plano de projeção e objeto.

 ATENÇÃO

As diferentes posições relativas entre o observador, o plano de projeção e o objeto, entretanto,


não modificam as vistas projetadas.

Um olhar cuidadoso nos conjuntos de vistas ortográficas desenhadas no 1º Diedro e no 3º


Diedro, lado a lado, mostra que isso não ocorre. Observe as figuras a seguir, que apresentam
as seis vistas ortográficas do objeto em questão nos dois diedros de projeção. A indicação da
nomenclatura das vistas e o contorno dos planos de projeção foram recolocados no entorno
das vistas somente para facilitar a comparação que estamos realizando.

Como já era esperado, escolhendo-se a mesma vista frontal, as projeções serão sempre iguais.
Isso ocorre porque a projeção é a visão que o observador tem do objeto, e o observador não
mudou de lugar com relação ele. O que se altera, portanto, é tão somente a posição relativa
entre as vistas após a o rebatimento dos planos de projeção.
Fonte: EnsineMe
 Figura 6 – Comparação das seis vistas ortográficas nos 1º e 3º Diedros

POR QUE AS VISTAS NÃO SE ALTERAM


QUANDO MUDAMOS DO 1º PARA O 3º
DIEDRO?
Veja a resposta dessa pergunta no vídeo abaixo:

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. QUANDO TRABALHAMOS COM A PROJEÇÃO DE OBJETOS NO 3º


DIEDRO, SEGUNDO A NBR 10067 (1995), FIXANDO-SE A VISTA FRONTAL
(VF), AS POSIÇÕES RELATIVAS DAS DEMAIS VISTAS SÃO AS
SEGUINTES:

A) VS, posicionada acima da VF; VLE, posicionada à esquerda da VF.

B) VLD, posicionada à esquerda da VF; VI, posicionada abaixo da vista VF.

C) VP, posicionada abaixo da VLE; VS, acima e abaixo da VF.

D) VLE, posicionada à esquerda da VF; VI, posicionada acima da vista VF.

2. PODEMOS SER LEVADOS A PENSAR QUE AS PROJEÇÕES MUDAM AO


MODIFICARMOS O DIEDRO DE PROJEÇÃO, POR CONTA DAS
DIFERENTES FORMAS DE REBATIMENTO E PLANIFICAÇÃO DAS VISTAS.
NO 3º DIEDRO, A POSIÇÃO RELATIVA CORRETA ENTRE OS ELEMENTOS
É:
A) Observador, objeto e plano de projeção.

B) Observador, plano de projeção e objeto.

C) Objeto, observador e plano de projeção.

D) Plano de projeção, observador e objeto.

GABARITO

1. Quando trabalhamos com a projeção de objetos no 3º Diedro, segundo a NBR 10067


(1995), fixando-se a vista frontal (VF), as posições relativas das demais vistas são as
seguintes:

A alternativa "A " está correta.

As posições relativas são: VS, posicionada acima da VF; VLE, posicionada à esquerda da VF;
VLD, posicionada à direita da VF; VI, posicionada abaixo da vista VF; VP, posicionada à
esquerda da VLE ou à direita da VLD.

2. Podemos ser levados a pensar que as projeções mudam ao modificarmos o diedro de


projeção, por conta das diferentes formas de rebatimento e planificação das vistas. No 3º
Diedro, a posição relativa correta entre os elementos é:

A alternativa "B " está correta.

A letra A corresponde à posição relativa referente ao 1º Diedro e nas letras C e D o observador


estaria entre o objeto e plano de projeção, o que não geraria projeção.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como base para o desenvolvimento do desenho técnico e de todas essas inovações
tecnológicas digitais, tivemos as técnicas apresentadas por Gaspard Monge, no final do século
XVIII, que criaram a Geometria Descritiva. O Sistema Mongeano nos possibilitou compreender
a forma, posição e dimensões de objetos tridimensionais. Os diedros e as projeções em seus
planos nos permitiram passar da representação espacial para uma representação plana. Para a
época, muito provavelmente, isso teve tão ou maior importância para os projetos de criação e
construção de produtos.

Vimos que os protótipos virtuais, elaborados com o suporte tecnológico dos ambientes de
modelagem 3D, são cada vez mais utilizados em projetos de Engenharia, independente da
área. A agilidade conferida a todo o processo da criação à fabricação de um produto, passando
por diversos testes e modificações na tela do computador, aumenta significativamente as
chances de sucesso. Não há mais como imaginar todo esse processo sem o auxílio da
computação gráfica.

E as inovações tecnológicas não param por aí. Realidade virtual, realidade aumentada,
holografia, manufatura aditiva (impressão 3D), são outras tecnologias que surgem para
dinamizar ainda mais os projetos de Engenharia.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10067: Princípios gerais
de representação em desenho técnico - Procedimento. Rio de Janeiro, 1995
ESTEPHANIO, Carlos Alberto do Amaral. Desenho técnico – uma linguagem básica. 4 ed.
Rio de Janeiro: Carlos Estephanio, 1996

MONTENEGRO, Gildo. Geometria descritiva. 2 ed. São Paulo: Blucher, 2015 Vol 1

MUNIZ, César; MANZOLI, Anderson. Desenho técnico. 1 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2015

RIBEIRO, Antônio Clelio; PERES, Mauro Pedro; IZIDORO, Nacir. Curso de desenho técnico e
AutoCAD. 1 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013

SILVA, Arlindo; DIAS, João; RIBEIRO, Carlos Tavares; SOUSA, Luís. Desenho técnico
moderno. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006

BARROS, Gutenberg Xavier da Silva. Modelagem digital tridimensional para o


desenvolvimento de prototipagem rápida: um enfoque sobre a modelagem orgânica /
Adriana Veras Vasconcelos. Recife: O Autor, 2012.

MULLER, Ana Luiza; SAFFARO, Fernanda Aranha. A prototipagem virtual para o


detalhamento de projetos na construção civil. Ambient. Constr. Porto Alegre, 2011, Vol 11. n
1

LIMA, Fernando; BRAIDA, Frederico; DUQUE, Raiane; MORAIS, Vinicius. Protótipo Virtual a
partir da plataforma BIM: Uma base digital de dados para Estudos simulativos de cenários
ambientais e mapeamento de infraestrutura. Minas Gerais, 2015

EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, indicamos as literaturas abaixo, todas
elas constam na biblioteca virtual da Estácio:

Páginas 7 a 27 do livro Geometria descritiva – Volume 1, do autor Gildo Montenegro. 2


ed. São Paulo: Blucher, 2015.

Páginas 57 a 67 do Capítulo III do livro Desenho técnico, dos autores César Muniz e
Anderson Manzoli. 1 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2015.

Páginas 99 a 101 do Capítulo IV do livro Desenho técnico, dos autores César Muniz e
Anderson Manzoli. 1 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2015.
Páginas 6 a 17 e das páginas 23 até 28 do livro Curso de desenho técnico e AutoCAD,
dos autores Antônio Clélio Ribeiro, Mauro Pedro Peres e Nacir Izidoro. 1 ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2013.

CONTEUDISTA
Luiz di Marcello Senra Santiago

 CURRÍCULO LATTES

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