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Notas de Aula 01- TMA – 2016 Fatec-So Professores: Toti e Acácio

I - Resumo
Em um mundo globalizado, é crescente a tendência de redução gradual do tempo de
vida de determinado produto, bem como, a sua diversificação, exigindo com que as
empresas, desenvolvam novos projetos e processos de fabricação, num espaço de tempo
cada vez menor. A automação para a fabricação de um produto desde a sua concepção
até a sua finalização, dentre outras, é fundamental para o seu sucesso. Para atender as
crescentes necessidades de aumento de produtividade, eficiência e, sobretudo a
competitividade, muito empresas estão investindo cada vez mais no sistema CAPP –
Computer Aided Process Planning (Planejamento de Processos Auxiliado por
Computador) que objetiva a integração, dentre outros, dos sistemas CAD/CARP/CAM
(Projeto Auxiliado por Computador/Prototipagem Rápida Auxiliada por
Computador/Manufatura Auxiliada por Computador). Nesse contexto, atualmente é
prática crescente a utilização do sistema CAD 3D, baseados em sólidos paramétricos
com modelagem por features (características geométricas), a qual apresenta capacidades
associativas em diferentes aplicações. O modelo gerado contem informações, que pode
ser exportada e importada no mesmo formato para o sistema CARP e/ou para o sistema
CAM. Destaca-se ainda que, dispositivos para fixação de peças que demandavam tempo
para sua construção e vários testes para sua aprovação, atualmente podem ser gerados,
em seguida é executada a simulação virtual, avaliando o posicionamento, fixação e sua
funcionalidade, finalizando com a construção do seu protótipo com rapidez. Entretanto,
o planejamento de processo é uma tarefa que requer principalmente da experiência do
homem (processista), para definição de ferramental, máquinas-ferramentas, parâmetros
de usinagem e dispositivos para fixação de elementos via pneumática e/ou hidráulica.
Sendo assim, a automação do processo desponta cada vez mais como uma alternativa
para resolver esse problema.
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II - Introdução

Atualmente com o contínuo avanço tecnológico, principalmente as empresas do setor


metal-mecânico, buscam intervir na área da tecnologia e economia para se tornarem
mais competitivas. O aumento das variedades e a tendência da diminuição da vida útil
dos produtos, aliada a alta qualidade que devem apresentar, intervêm diretamente no
desenvolvimento do seu produto. Na área tecnológica temos a evolução da Computação
Gráfica nas últimas décadas, amplamente utilizada pelas empresas na comunicação
interna e externa das informações técnicas de seus produtos. Entretanto, estas
informações sofrem geralmente acréscimos, complementos e substituições ao longo do
tempo, principalmente na fase do planejamento do processo.

Em particular, destaca-se o sistema CAD - Computer Aided Design (Projeto Auxiliado


por Computador), utilizado cada vez mais a modelagem em 3D, que apresenta
vantagens inquestionáveis, quando bem utilizado e apropriado ao tipo de projeto, como,
por exemplo, na redução do tempo total de desenvolvimento do produto. Segundo
FIGUEIREDO (2006) a utilização dessa nova tecnologia foi uma das formas
encontradas para que fossem alcançados padrões técnicos e de produtividade
compatíveis com as novas condições de competitividade por empresas no Brasil. Com
isso o sistema CAD 3D assume um papel de grande importância, devido ao seu
potencial como ferramenta para agilização e integração do processo projetual, tendo sua
utilização se desenvolvido bastante.

Para IYER & MILLS (2006) o sistema CAD tem demonstrado claramente seu potencial
no auxilio no desenvolvimento e planejamento do processo de fabricação, dentre outras
tarefas na engenharia. Atualmente existe uma variedade de opções que devem ser
consideradas ao se analisar os sistemas CAD, dentre elas, algumas caracterizam a
funcionalidade do sistema, ou mesmo, sua aplicabilidade com outros sistemas, como
por exemplos, o CAM – Computer Aided Manufacturing (Manufatura Auxiliada por
Computador) e o CARP – Computer Aided Rapid Prototyping ( Prototipagem Rápida
Auxiliada por Computador).

Segundo CANCIGLIERI et al. (2007) a prototipagem por meio de sistema CAD/CAM,


antes de tudo, representa o desenvolvimento e integração de métodos, ferramentas,
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ambientes e tecnologias que sincronizam projeto e produção. De acordo com ZEID


(2005), o planejamento de processo é imprescindível para ligar o projeto à manufatura.
Só podem ser traduzidas informações de projeto em idioma industrial através do
planejamento de processo. Hoje, ambos, projeto auxiliado por computador (CAD) e
manufatura (CAM), foram implementados, sendo integrado, ou ligado, estas funções
requerem o planejamento de processo automatizado.

Para MAGALHÂES (2008), o planejamento de processos se inicia com a interpretação


do modelo do produto, o qual deve conter informações geométricas e tecnológicas, tais
como: material, tolerâncias e demanda (quantidade e prazo de entrega). Após essa
interpretação definem-se, com poucos detalhes, os processos, máquinas, dispositivos
e/ou equipamentos e o encadeamento dos mesmos. Entretanto, devido a esse baixo nível
de detalhamento, ainda não se pode obter um roteiro de fabricação suficiente para dar
subsídios a outros componentes do sistema de manufatura, tais como o planejamento e
controle da produção (PCP). Entretanto, o planejamento de processos está vinculado a
necessidade do produto (projeto), como fabricá-lo (processo) e o chão de fábrica
(precisão dos equipamentos e qualidade de mão de obra). Sendo assim, as funções do
planejamento são, dentre outras, definir folha(s) de processo(s) para execução do
produto objetivando o melhor desempenho Qualidade/Custo.

De acordo com MAGALHÃES op. cit., o planejamento de processo é uma atividade


que depende largamente da experiência de processistas humanos. Devido a esta
dependência, vários pesquisadores, por exemplo, CHANG e WYSK (2002), vêm
propondo o desenvolvimento de sistemas de planejamento de processos auxiliado por
computador (CAPP). Cabe ressaltar que, essa introdução mostra em linhas gerais que, a
integração das ferramentas computacionais (CAD, CAM, CARP), é de grande
relevância para a implementação da automação na fabricação de produtos.
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III– Considerações Iniciais - Um Breve Histórico da


Computação Gráfica no Brasil

No Brasil, na década de 60 começaram as pesquisas acadêmicas sobre a computação


gráfica (CG), na área de projetos, com o auxílio do computador na criação de sistemas
gráficos, e no mundo, surgiu o termo CAD do inglês Computer Aided Design (Projeto
Auxiliado por Computador). Gradativamente na década de 70, as empresas e setores
ligados à área começaram a sua utilização visando à produtividade, e na década de 80 já
utilizavam a computação gráfica em diversas áreas de aplicação. Consequentemente
surgiu um mercado de treinamento baseado no computador, que emergiu nos anos 90,
onde cursos foram criados principalmente para ensinar o CAD 2D, equivalente ao
desenho em papel, surgindo o profissional “Cadista”, ou seja o desenhista copista.
Atualmente a CG está presente nos setores de engenharia (cálculos, projetos,
experimental, protótipos, simulações, processos), da medicina (exames e cirurgias), de
entretenimento (jogos eletrônicos e efeitos especiais), entre outros.

De acordo com SPECK (2005) o desenvolvimento das tecnologias de informática e dos


sistemas de informação nas duas últimas décadas alteraram os processos e métodos de
representação gráfica, utilizada pelo desenho técnico no contexto industrial. Passou-se
rapidamente da régua T e esquadro às máquinas de desenhar, aos programas comerciais
de desenho 2D assistido por computador (os sistemas CAD) e mais recentemente a uma
tendência para a utilização generalizada de sistemas de modelação geométrica 3D. Isto
está ocorrendo também, em função das ferramentas de CAD 3D nas versões atuais
estarem mais sofisticadas e ao mesmo tempo mais fáceis de operar, ou seja, uma
melhoria continua na relação da interface usuário/software.

SISTEMA CAD 3D

Neste sistema o desenho do produto é construído em três dimensões (3D), a partir de


conjunto de primitivas geométricas (feature), permitindo ao profissional definir e
manipular uma geometria tridimensional, causando no desenho a noção de volume. Esta
geração de geometria é conhecida como modelagem geométrica, sendo dinâmica, e
pode-se mover ou girar o modelo ou um conjunto de modelos em qualquer plano ou
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ângulo de projeção desejado. Assim, facilitando a visualização e a sua compreensão,


permitindo, por exemplo, verificar a funcionalidade e a análise de interferências quando
montado com outros componentes. A figura 1 mostra o desenho do conjunto
(eixo/chaveta/engrenagem) construído no CAD 3D com o software SolidWorks.

Figura 1 - Desenho do conjunto mecânico (eixo/chaveta/engrenagem).

A seguir os três métodos mais utilizados em 3D :

1) wireframe (armação em arame), possibilita ligar linhas entre pontos nos espaços 3D,
permitindo a criação de modelos espaciais e garantindo a consistência de vistas 2D
derivadas e cotagem associada. Como exemplo, pode-se citar a representação de um
paralelepípedo que é feita com 12 bordas. Porem, a modelagem wireframe tem
limitações, quando existe a necessidade de incorporá-los em softwares de análise ou
manufatura, já que não possuem nenhum tipo de informação relacionada a
características físicas dos componentes reais associados ao modelo.

2) Superfície, modelagem de superfícies são entidades que têm somente informações


sobre seus vértices, onde cada sólido é representado por seus limites, que consistem em
superfícies planares, cilíndricas, cônicas, esféricas, é indicada quando o modelo possui
curvas complexas ou superfícies livres, conforme destacado por ZEID (op. cit.). Como
exemplo, é a representação mais utilizada no projeto de automóveis, sobretudo na parte
externa (capôs, portas, etc.), e na parte interna podemos destacar o painel. Quanto a sua
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limitação podemos citar que, conforme a complexidade da geometria é possível criar


modelos “abertos”, ou seja, quando possuem superfícies que não se interceptam,
ocorrendo imperfeições de modelagem que irão atingir aplicações posteriores, por
exemplo, obtenção de caminho de ferramentas utilizadas nos processos de usinagem em
máquinas de Controle Numérico (CNC) e na integração dos sistemas CAD/CAM.

3) modelos sólidos, trabalham de forma similar, quanto a utilização de blocos para


construir um sistema de sólido real. Em geral mantém dois tipos de informações que
descrevem o modelo: geometria espacial e topologia. Isto significa que à medida que o
modelo é criado, o sistema armazena tanto a forma do objeto final, bem como as formas
primitivas. Um feature deve satisfazer a seguintes condições: ser um constituinte físico
de uma peça; ser mapeável para uma forma geométrica genérica; ser tecnicamente
significante, sob o ponto de vista da engenharia; e ter propriedades predizíveis.

SISTEMA CARP

Nos últimos anos surgiu uma nova linha de máquinas altamente inovadoras, conhecidas
como máquinas de Prototipagem Rápida, que permitem, com tecnologias e materiais
diferentes, obter um protótipo de um modelo ou de um molde, de qualquer forma
geométrica e em dimensões finais precisa a partir do modelo sólido 3D. Assim,
apresentando uma redução do tempo e custo, permitindo ainda, a análise das tolerâncias
nos acoplamentos de dois ou mais componentes que se ajustam, bem como, possuem
propriedades mecânicas semelhantes às do produto final.

De acordo com CHUA et al. (2003) a geração de modelos em 3D no CAD, é


usualmente o primeiro estágio para construção do protótipo, sendo em seguida este
arquivo de modelagem salvo com característica STL. Uma vez que o arquivo STL é
gerado, as demais operações são executadas pelo próprio software que acompanha as
máquinas, que constrói o protótipo através do sistema de deposição de camada por
camada em resina, etc.. A figura 2 mostra a máquina de prototipagem acoplada ao
software CAD CatalystEX – CARP (prototipagem rápida auxiliada por computador).
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Figura 2 - Sistema CARP.

SISTEMA CAM

Consiste no uso de sistemas computacionais para planejamento, gerenciamento e


controle de operações de uma fábrica. O CAM pode ser classificado em duas grandes
categorias:

1) Sistemas computadorizados de controle e monitoração: neste caso, o computador se


liga diretamente ao processo a ser monitorado ou controlado.

2) Sistemas de suporte da produção - trata-se de uma aplicação indireta. O computador


é utilizado como ferramenta de suporte para as atividades de produção, não havendo
interface direta do computador com o processo de manufatura.

O sistema CAM aponta principalmente na habilidade de prover caminhos de


ferramentas, sem haver colisões, erros de usinagem e vibrações, proporcionando um
acabamento perfeito para modelos compostos por superfícies muitas vezes incompletas.
O CAM é percebido como uma ferramenta de auxílio via computador para a preparação
da fabricação, reproduzindo as tecnologias usadas no chão de fábrica. A figura 3 mostra
o modelo 3D de uma engrenagem posicionada no sistema de coordenadas 0,0,0
software Sprit versão 2010.
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Figura 3 - Sistema CAM.

IV - Referências Bibliográficas
BOTURA, J., G. ; Lemos, M. A. ; Marques, M. A. . An efficient methodological
approach in the didatic of automation applied to integrated manufacturing. International
Federation of Automatic Control, v. 1, p. 1-20, 2007.

CANCIGLIERI, O. , SELHORST, A., IAROZINSKI, A. Processos de Prototipagem


Rápida por Deposição ou Remoção de Material na Concepção de Novos Produtos -
Uma Abordagem Comparativa. XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção,
2007.

CHANG, T., WYSK, R. A., WANG, H. Computer Aided Manufacturing. 2nd Ed.,
London: Prentice Hall. 2002.

CHUA, C. K, LEONG, K. F., LIM, C. S. Rapid Prototyping: Principles and


Application, 2nd ed., World Scientic, New Jersey, NJ. 2003.

FIGUEIREDO, C.A. Utilização do CAD na indústria mineira: Um survey no setor


metal-mecânico. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais.
Setembro de 2006.

IYER, R. G. e MILLS, J. J. Design Intent in 2D CAD: Definition and survey.


Computer-Aided Design & Applications, vol. 3, Nos. 1-4, pp 259-267, 2006.

LAU, H. Y. K., & MAK, K. L. A configurable e-learning system for industrial


engineering. International Journal of Engineering Education, 21(2), 262-276, 2005.

MAGALHÃES, J. S. F. Sistema Variante para Seleção de Máquinas-Ferramenta.


Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, 2008.

SANDVIK Coromant.: Modern Metals Cutting, Ed Tofters Tryckeri AB, Sweden, 1994.
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SPECK, J. H. Proposta de Método para Facilitar a Mudança das Técnicas de Projetos:


da Prancheta à Modelagem Sólida (CAD) para empresas de engenharia de pequeno e
médio porte. Tese de Doutorado; UFSC-Engenharia de Produção; Florianópolis; 2005.

. Disponível em: www.hbs.edu/research/workingpapers.htm. Acesso em: 2010.

ZEID, I. Mastering CAD/CAM..: Editora McGraw Hill, New York, 962 p, 2005.

V- Exercícios
1 - Para a peça desenhada abaixo em projeção ortogonal faça o esboço, em seguida,
aplique cortes ou seções se necessário e indique as cotas, bem como, o processo de
furação.
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2- Para o desenho de conjunto mecânico abaixo indique a sequência de montagem de


todos os componentes na carcaça.
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3 – Planejar e construir o modelo 3D no software, a partir das vistas (frontal e


lateral direita) representadas abaixo no 3º diedro. Por fim, Comente
resumidamente sobre a Cotagem aplicada nas vistas em relação a
cotagem requerida em desenho técnico.

4 – Planejar e construir o modelo 3D no software, a partir das vistas (frontal e


lateral esquerda) representadas abaixo no 1º diedro. Por fim, Comente
resumidamente sobre a Cotagem aplicada nas vistas em relação a
cotagem requerida em desenho técnico.

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