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TEXTOS DE APOIO DE MEDICINA LEGAL E CIÊNCIAS FORENSES

AGRESSÕES SEXUAIS. A INTERVENÇÃO MÉDICO-LEGAL E FORENSE*

Teresa Magalhães, Patrícia Jardim


Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

1. Introdução
A intervenção nos casos de violência sexual revela-se particularmente difícil devido à
delicadeza e complexidade da matéria, envolvendo questões simultaneamente legais, sociais e
clínicas, tratando-se, portanto, de uma intervenção multidisciplinar. Assim, importa que os
profissionais implicados atuem de forma articulada, cooperando entre si, sempre no respeito pelo
papel e competências de cada um, e tendo como objetivo o melhor interesse e a proteção da vítima
(Magalhães, 2005). Para isso, além de outros aspetos, devem conhecer: (1) as técnicas de
abordagem das vítimas deste tipo de agressão, de forma a contribuir para a preservação dos relatos
e evitar a vitimização secundária; (2) os fatores de risco e indicadores físicos e psicológicos, o que os
tornará mais capazes para detetarem os casos; (3) o modo de funcionamento da rede de
profissionais que em cada comunidade intervém nestas situações; (4) as normas quanto à orientação
das vítimas do ponto de vista terapêutico, médico-legal, social e legal.
A investigação criminal poderá não ter lugar em todos os casos, dado que em alguns deles o
crime é semipúblico. Mas nos casos em que esta se verifica, um passo de fulcral interesse é a
produção da prova médico-legal e forense a qual, de acordo com a Lei 45/2004, de 19 de agosto,
compete aos peritos médico-legais do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, I.P.
(INMLCF).
Os termos usados pela lei penal para designar os crimes sexuais (e.g., violação, abuso
sexual) diferem, frequentemente, sobretudo no seu significado, dos utilizados pela comunidade
científica, podendo, ainda, variar de país para país, particularmente tendo em conta os diversos
contextos legais. Este facto é prejudicial do ponto de vista epidemiológico (WHO, 2003) e da
comunicação entre os diversos profissionais implicados nesta problemática. Mas, mais do que
conceitos legais (cuja definição compete aos magistrados) ou quaisquer outros, o que importa é ter
em conta que este tipo de práticas encerra vertentes muito diferentes em termos do modelo de
intervenção adequada a cada caso. De facto, a intervenção variará de acordo com: (1) a idade da
vítima (o que pode condicionar o facto da AS poder constituir um crime público ou semipúblico e,

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
Rodrigues. (2013): In Violência, agressão e vitimização: práticas para a intervenção. Ana Isabel Sani & Sónia Caridade
(Eds.). Coimbra: Almedina. pp. 251-272
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portanto, a legitimidade da intervenção médico-legal sem haver uma queixa formal prévia por parte da
vítima ou do seu representante legal, ou uma ordem judiciária para a realização da perícia); (2) o
contexto intra ou extrafamiliar da prática sexual, o tipo dessa prática, a sua frequência e o momento
da deteção. Nos casos em que a prática é revelada e a vítima submetida a exame médico-legal até
às 72 horas após essa mesma prática, considera-se que se trata de uma agressão recente ou aguda
(“acute sexual assault”), havendo possibilidade de realizar exames para a colheita de vestígios
biológicos e físicos, pelo que são considerados casos urgentes; nos casos reiterados, que se
prolongam no tempo, geralmente praticados no contexto intrafamiliar ou no âmbito de uma relação de
maior proximidade, e cuja deteção acontece muito depois do último contacto sexual ocorrido, não
sendo geralmente fisicamente intrusivos (Magalhães et al, 2009), usa-se a expressão de abuso
sexual (“sexual abuse”), sendo o exame também urgente, dado que pode estar em causa a
determinação de medidas que visam garantir a proteção da vítima, mas não tão urgente como no
primeiro caso, pois já não existirá a possibilidade de serem colhidos vestígios, apenas se podendo
encontrar lesões ou sequelas físicas relativas a esse contacto sexual.

2. Indicadores de agressão sexual


Tal como nas restantes situações de violência, para os casos de agressão sexual (AS) estão
identificados indicadores físicos (incluindo os de natureza sexual), e psicológicos, além de fatores de
risco (Magalhães, 2010). Iremos referir-nos expressamente aos indicadores de natureza sexual e
psicológicos e.
A suspeita, deteção e diagnóstico de casos de (AS) é complexa dado que frequentemente das
agressões não resultam vestígios físicos e/ou biológicos (Heger, Ticson, Velasquez, & Bernier, 2002;
Finkel, 2005; Magalhães et al, 2009), sendo as evidências psicológicas sempre mais difíceis de
provar. Por outro lado, mesmo na presença de lesões, estas são frequentemente inespecíficas, não
contribuindo substancialmente para o diagnóstico definitivo de AS (Jardim & Magalhães, 2010).
Os motivos que podem explicar a ausência de vestígios são os seguintes: (1) a tardia
revelação ou denúncia dos casos: geralmente o período entre a ocorrência e o exame médico-legal é
superior a 72 horas, dado que a revelação é longamente protelada (sobretudo nas situações
intrafamiliares, devido à ocultação das práticas), o que torna difícil, se não impossível, a colheita de
material biológico para estudos de ADN, tendo em vista a identificação do perpetrador (Magalhães et
al, 2009); (2) a destruição dos vestígios pelas vítimas ou agressores (através de lavagens, por
exemplo) (Jardim & Magalhães, 2010); (3) o facto de grande parte das práticas sexuais não deixarem

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
Rodrigues. (2013): In Violência, agressão e vitimização: práticas para a intervenção. Ana Isabel Sani & Sónia Caridade
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evidências, dado que (Jardim & Magalhães, 2010): a cicatrização das lesões anogenitais é rápida e
muitas vezes total (podendo não ser identificáveis quando a vítima é submetida a perícia médico-legal
alguns dias depois da agressão); a grande maioria das agressões sexuais não é fisicamente intrusiva,
principalmente nas crianças; a ejaculação acontece, muitas vezes, fora das cavidades naturais ou
com uso de preservativo; no caso de adolescentes e adultos a penetração não causa,
necessariamente, lesões, em virtude da elasticidade dos tecidos, do uso de lubrificantes e da pouca
resistência apresentada por parte das vítimas, devido a paralisação pelo medo ou para abreviar um
contacto forçado, que não desejam. No entanto, o facto de estes casos não apresentarem vestígios
ou lesões/sequelas, não permite, por si só, excluir a hipótese de AS (Heger et al, 2002). Por outro
lado, apesar da elevada frequência de casos em que não existem vestígios ou lesões, e apesar da
frequente inespecificidade destas últimas, pelo menos uma parte das vítimas apresentará indicadores
sugestivos ou mesmo diagnósticos, daí que o exame médico-legal deva ser efetuado em todas as
vítimas em que haja suspeita de AS (Heger et al, 2002; Jardim & Magalhães, 2010). Além disso, este
exame reveste-se de particular importância tendo em conta que nem sempre é possível obter um
testemunho válido por parte da vítima (sobretudo em razão da idade ou de alguma perturbação
cognitiva) ou de terceiros, sendo a interpretação das lesões e restantes vestígios um elemento
fundamental para a investigação criminal (Pillai, 2008).
Os indicadores de natureza sexual apresentados pela vítima podem ser (Jardim &
Magalhães, 2010):
a) Lesões ou sequelas: podem resultar de diversas práticas que vão desde carícias
sexualmente explícitas, a tentativa ou mesmo penetração de uma ou mais cavidades
corporais; de uma forma geral, dependerão do tipo de prática sexual que tiver tido lugar
mas, também, do grau de violência física com que a mesma foi realizada, da idade da
vítima, do seu comportamento (e.g., resistência, colaboração) e do intervalo de tempo
entre a agressão e o exame médico-legal;
b) Vestígios biológicos no corpo ou roupa (e.g., esperma, pelos, cabelos, saliva, sangue):
estes são particularmente valorizados enquanto prova, não só porque podem demonstrar,
inequivocamente, o contacto sexual (sobretudo no caso do esperma), como podem
permitir a identificação do agressor;
c) Vestígios físicos no corpo ou roupa (e.g., lubrificantes, terra, folhagem, fibras): são
muito importantes, por exemplo, para dar indicações sobre o local onde a agressão
aconteceu;

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
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d) Infeções sexualmente transmissíveis (IST): certas infeções constituem um valioso


indicador de AS, sendo diferente a sua valoração se estivermos perante crianças pré-
púberes, pós-púberes ou adultos. As infeções mais frequentes devem-se aos seguintes
agentes, os quais têm diferente valor diagnóstico (indicam-se os mesmos no sentido
decrescente desse valor (Jardim & Magalhães, 2010; Oral et al, 2011): (1) Neisseria
gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis e Treponema pallidum; (2) Vírus da
Imunodeficiência Humana (VHI); (3) Trichomonas vaginalis; (4) Vírus do Papiloma
Humano, Vírus Herpes simplex; (5) Infeção polimicrobiana (anaeróbios, Gardnerella
vaginalis, outras bactérias Gram negativas que condicionam a vaginose bacteriana); (6)
Mycoplasmas genitais (Mycoplasma hominis e Ureaplasma);
e) Gravidez: e.g., no caso de uma adolescente.

Os diversos indicadores elencados apresentam diferentes graus de especificidade, tendo


sobretudo em conta a idade da vítima e a existência de atividade sexual prévia à AS. No caso das
crianças e adolescentes, considera-se o seguinte relativamente ao valor dos indicadores:
a) Indicadores diagnósticos: (1) gravidez; (2) presença de esperma no corpo ou roupa da
vítima (ou de substâncias, tais como lubrificantes) (Pillai, 2007; Adams, Kaplan, Starling,
Mehta, Finkel, Botash, Kellog, Shapiro, 2007; WHO, 2003); (3) certas IST como gonorreia,
sífilis, infeção por Chlamydia e VHI (com exclusão da infeção neonatal, perinatal ou por
outras vias) – note-se, contudo, que autores há que consideram estas IST apenas como
indicadores sugestivos (Pillai, 2007; Adams et al, 2007; WHO, 2003; Simmons & Hicks,
2006);
b) Indicadores sugestivos (altamente suspeitos e suspeitos): (1) lesões traumáticas
anogenitais recentes (e.g., lacerações ou equimoses do tecido perineal ou perianal, dos
grandes e pequenos lábios, da fúrcula posterior ou hímen, ou do pénis); (2) lesões
traumáticas não recentes (e.g., cicatriz perianal, da fúrcula posterior ou da fossa navicular,
laceração completa do hímen cicatrizada ou perda de tecido himenial na metade
posterior); (3) tricomoníase (altamente suspeita), com exclusão da infeção neonatal,
perinatal ou por outras vias (Pillai, 2007; Adams et al, 2007; WHO, 2003; Simmons &
Hicks, 2006);
c) Indicadores inespecíficos (inconclusivos): (1) reentrâncias ou entalhes incompletos na
metade posterior da membrana himenial ou entalhes completos na metade anterior, em

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
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crianças pré-púberes; (2) altura inferior a 1 mm na metade posterior da membrana


himenial, em posição genopeitoral; (3) infeção por Vírus do Papiloma Humano e Vírus
Herpes simplex tipo 1 e 2; (4) dilatação anal de diâmetro igual ou superior a 2 cm (Pillai,
2007; Adams et al, 2007; WHO, 2003).

Estes indicadores podem merecer diferente ponderação no caso dos adultos, sobretudo se
sexualmente ativos, mas aumentam a sua especificidade quando a informação sobre o evento se
adequa e explica a presença do indicador no contexto de agressão (Finkel, 2005), bem como quando
se conjugam uns com os outros, e com indicadores psicológicos e fatores de risco.
Os indicadores psicológicos de AS são particularmente valiosos nos abusos sexuais,
sobretudo intrafamiliares, e carecem, sempre, de valoração por psicologia forense e, por vezes, por
psiquiatria forense. Entre outros, podemos destacar, de uma forma genérica (Magalhães, 2005;
Magalhães, 2010; Peixoto & Ribeiro, 2010):
a) Nas crianças: (1) perturbações funcionais: anorexia, bulimia, terrores noturnos,
incontinência para a urina ou fezes, dores abdominais inexplicadas e recorrentes; (2)
obediência exagerada aos adultos e preocupação em agradar; (3) pobre relacionamento
com as outras crianças; (4) condutas sexualizadas: interesse e conhecimentos
desadequados sobre questões sexuais (traduzidos, por exemplo, pelo uso de linguagem
específica e desapropriada para a idade), masturbação compulsiva, desenhos ou
brincadeiras sexualmente explícitas; (5) comportamentos agressivos;
b) Nos adolescentes: (1) comportamentos aparentemente bizarros, como dormirem
vestidos com roupa de dia, urinarem de propósito a cama esperando que os lençóis
molhados evitem que o abusador os toque, destruição ou ocultação de sinais de
feminilidade que possam ser atrativos; recusa para tomarem banho ou se despirem nos
vestiários, recusa em ir à escola ou em voltar da escola para casa; (2) perturbações do
foro sexual, como comportamentos autoeróticos extremos (e.g., masturbação em frente
dos outros, interação sexual com os colegas, abuso sexual de crianças mais pequenas,
condutas sedutoras com adultos) ou repulsa em relação à sexualidade; (3)
comportamentos desviantes como abuso de álcool e drogas, delinquência ou prostituição;
(4) outras perturbações como depressão, automutilação, comportamento suicida ou fuga.

3. Denúncia e sinalização dos casos

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As agressões sexuais constituem crime de natureza pública quando perpetradas contra


menores de 14 anos e, em certos casos, contra menores entre os 14 e os 18 anos, dependendo
estes últimos do consentimento para a prática sexual e da capacidade da vítima para o prestar. De
acordo com o artigo 242º do Código de Processo Penal (CPP), qualquer pessoa com o estatuto de
funcionário público, na aceção do artigo 386º do Código Penal (CP), tem a obrigação de denunciar as
situações suspeitas, que possam configurar um crime público; este dever ou obrigação é alargado à
população em geral, através do artigo 66º da Lei 147/99 de 1 de setembro. Assim, num caso de
suspeita de AS de criança, que possa configurar um crime público, qualquer profissional que tenha
tomado conhecimento do mesmo está obrigado a transmitir de imediato essa suspeita ao Ministério
Público, ou efetuar a denúncia do crime, em ambos os casos remetendo àquela autoridade judiciária
um relatório que fundamente a sua suspeita. Pode, também, contatar os órgãos de polícia criminal
para participar a situação ou contatar os serviços médico-legais (n.º 1 do art. 4º da Lei 45/2004, de 19
de agosto) que, nestes casos, têm competência para receber a denúncia, transmitindo-a, o mais
rapidamente possível, ao Ministério Público, acompanhada do relatório pericial relativo ao exame
médico-legal que nessa sequência se irá realizar. Ainda no que se refere às vítimas de menor idade,
deve o caso ser também sinalizado à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da sua área de
residência.
Nos restantes casos, sendo o crime semipúblico, a intervenção médico-legal dependerá da
iniciativa da vítima, do seu representante legal ou judiciária. Note-se, contudo, que certas situações
de AS podem acontecer num dos contextos previstos nos crimes de violência doméstica (art. 152º do
CP) ou de maus tratos (art. 152º-A do CP) o que, neste caso, poderá configurar já um crime de
natureza pública.
Em certas situações em que a vítima ainda não tenha decidido se pretende apresentar queixa,
e se o caso tiver menos de 72 horas, pode ser feita, a pedido desta e mediante o seu consentimento
informado e escrito, uma perícia preliminar, tendo em vista a garantir a preservação dos vestígios.
Esses vestígios deverão ser armazenados nos serviços do INMLCF, aguardando uma eventual
formalização da denúncia, num prazo de seis meses, decorrido o qual o serviço judiciário competente
será informado da sua existência e solicitado a pronunciar-se sobre o destino a dar ao material
colhido.
A sinalização e/ou denúncia são procedimentos que, entre outros, irão promover a realização
da perícia médico-legal, pelo que constituem um passo fundamental para o diagnóstico da agressão,
o qual, por sua vez, contribuirá quer para a intervenção criminal, quer para a adequada proteção da

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vítima. Nesta fase, terá de se estabelecer a urgência da situação em termos médico-legais, para
colheita e preservação de vestígios biológicos (Pinto da Costa, Taborda & Magalhães 2010): (1) se a
agressão ocorreu há menos de 72 horas e há história de ejaculação ou contactos suscetíveis de
deixarem vestígios no corpo ou roupa da vítima (e.g., beijos, mordeduras), deve realizar-se
imediatamente o exame físico, com a colheita vestígios; (2) se a agressão tiver ocorrido há mais de
72 horas, o exame físico deve realizar-se o mais rapidamente possível, mas poderá ponderar-se a
possibilidade de realizar previamente a entrevista forense, havendo, também assim, mais tempo para
preparação prévia da vítima e da equipa que vai intervir (o que contribuirá para minorar o risco de
vitimização secundária e de contaminação do relato); mas referir-nos-emos à entrevista forense mais
adiante

4. A primeira abordagem da vítima


A primeira abordagem da vítima é crucial para não prejudicar o apuramento da verdade, tendo
em vista o seu melhor interesse e a garantia não só da sua proteção como, também, da promoção da
Justiça, sendo que em Portugal muito haverá ainda a fazer nesta matéria até que sejam criadas
estruturas necessárias a um funcionamento adequado e articulado dos serviços intervenientes.
A questão da primeira abordagem aplica-se a qualquer profissional que detete o caso e fale
com a vítima. No que à questão da preservação do relato das crianças diz respeito, este
procedimento aplica-se, também, aos polícias e médicos a quem estas sejam levadas sem que antes
tenha ainda havido lugar a uma colheita de informação por um profissional com especial competência
nesta matéria e perante o juiz de instrução. Assim, por exemplo, se se realizar um exame médico-
legal previamente à entrevista com valor de prova, também a este médico (mesmo que especialista
de medicina legal), se aplicarão as indicações que seguidamente se referirão. Tal é a prática proposta
e seguida pelo “Royal College of Physicians of London” (1997), sendo que atualmente quase todas as
guidelines na matéria a preconizam, designadamente nos países que já implementaram a entrevista
forense, seja no âmbito dos Child Advocacy Centers ou das Children’s Houses.
Qualquer profissional pode tomar conhecimento ou suspeitar da ocorrência de um crime
sexual através do relato direto feito pela vítima ou por terceiros ou, ainda, através da observação de
indicadores (sintomas ou sinais) sugestivos de AS (particularmente nas crianças). Neste caso, se
estiver em contacto com a vítima, deverá esse profissional, antes de mais, tranquilizá-la e transmitir-
lhe confiança, sem emitir no seu discurso qualquer tipo de juízo de valor. Se se tratar de uma criança,
idealmente a colheita de informação sobre o evento deverá ser feita através de terceiros que a

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Rodrigues. (2013): In Violência, agressão e vitimização: práticas para a intervenção. Ana Isabel Sani & Sónia Caridade
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acompanham e/ou que conheçam o caso, para evitar a contaminação do relato e a vitimização
secundária resultante da repetição de perguntas. No entanto, se houver necessidade de abordar
diretamente a criança, a colheita de informação deverá então restringir-se ao minimamente
indispensável para determinar a consistência da suspeita e orientar adequadamente o caso.
A informação a colher, de uma forma genérica, será a seguinte (Magalhães et al, 2011): (1)
idade da vítima; (2) idade e sexo do suspeito agressor; (3) contexto da ocorrência (familiar,
institucional, extrafamiliar); (4) reiteração da prática; (5) relação existente entre suspeito agressor e
vítima; (6) existência de agressão física; (7) tipo de AS (e.g., cópula/coito anal/coito oral ou tentativa
de penetração oral, anal ou genital, com/sem ejaculação ou com/sem uso de preservativo;
manipulação dos genitais entre agressor e vítima; toques com a boca ou órgãos genitais do
agressor); (8) circunstâncias em que decorreu a agressão (e.g., ameaças, força física, aliciamento);
(9) existência de lesões traumáticas; (10) tempo decorrido desde a agressão; (11) possibilidade de
terem sido destruídos os vestígios (e.g., lavagens); (12) desejo da vítima em denunciar o caso (se
este não configurar um crime público).
Se a suspeita se revelar consistente, deverá esse profissional sinalizar e/ou denunciar o caso,
nos termos legais, atrás referidos, e fornecer informação sobre a preservação de eventuais
vestígios, designadamente: (1) não comer, beber ou fumar; (2) não lavar a boca nem os dentes; (3)
não tomar banho nem lavar os órgãos genitais; (4) não lavar as mãos, não limpar nem cortar as
unhas; (5) não se pentear; (6) não mudar de roupa e, se já o tiver feito, preservar a que usava à data
da ocorrência (incluindo absorventes), se possível seca e em sacos de papel; (7) não urinar ou
defecar e, caso o tenha de fazer, conservar esses produtos numa embalagem adequada (e.g.,
contentor limpo para exame bacteriológico de urina, com tampa); (8) não tocar no local onde decorreu
a agressão, não limpar ou arrumar esse local, não esvaziar baldes do lixo nem puxar o autoclismo.
Em todo este processo é fundamental que o profissional seja capaz de compreender as
dificuldades da vítima na revelação e/ou apresentação de denúncia, bem como na interpretação e
aceitação dos factos.
A adequação e a eficácia da atitude destes profissionais é fundamental, dela dependendo a
forma como a vítima vai colaborar e participar no processo judicial (Finkelhor, Cross & Cantor, 2005).
O modelo de abordagem deverá ser o que se preconiza para a entrevista forense (Peixoto & Ribeiro,
2010).

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5. A perícia médica forense


Os exames médico-legais e forenses são cada vez mais solicitados face à suspeita deste tipo
de crimes, tendo em vista a obtenção de uma prova científica através da descoberta de vestígios
físicos ou biológicos, bem como de lesões ou suas sequelas. Tratando-se de situações que envolvem
a perceção e apreciação de factos em que são necessários especiais conhecimentos técnico-
científicos, que os julgadores não possuem, estas perícias médico-legais são de caráter obrigatório
(Art.s 151º e 159º do CPP, e Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 9 de maio de 1990).
Confere-se, portanto, grande importância aos achados físicos e biológicos, os quais permitirão aos
magistrados fundamentar com segurança as suas decisões, quer seja na fase de inquérito (acusação
e qualificação jurídico-penal da conduta), quer seja na fase de julgamento (condenação e aplicação
da moldura penal). Há, no entanto, que ser prudente com o diagnóstico de AS, tendo apenas em
conta a existência de vestígios e/ou lesões/sequelas, uma vez que num elevado número de casos,
como já referido, os exames são negativos ou os achados são inespecíficos, o que não significa que
esta não possa ter acontecido.
Assim, após a abordagem inicial da vítima, se a suspeita for consistente, deve então dar-se
início o mais rapidamente possível à perícia médico-legal que, idealmente deve constituir o primeiro e
último exame médico, sempre que possível. Note-se que, como atrás referido, a perícia é
obrigatoriamente feita através dos médicos do INMLCF, pelo que qualquer outro exame médico, ainda
que valendo como prova documental, não isentará a vítima de nova observação, tendo em vista a
produção da prova. Note-se, contudo, que por vezes pode ser necessária a intervenção de outros
médicos especialistas, para tratamento, aconselhando-se, nestes casos, que o exame físico da vítima
seja feito simultaneamente por esses especialistas e os especialistas médico-legais.

5.1. Receção dos casos


As vítimas podem ser enviadas aos serviços médico-legais através das entidades judiciais ou
judiciárias, dos serviços de saúde, das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), das
escolas ou de associações de apoio às vítimas, entre outras. As próprias vítimas ou os seus
representantes legais podem solicitar a realização de perícia, uma vez que os serviços médico-legais,
de acordo com a lei, podem receber a denúncia e proceder de imediato ao necessário exame (n.º 1 do
art. 4º da Lei 45/2004, de 19 de agosto).
Estas perícias têm lugar, geralmente, numa delegação do INMLCF (Norte, Centro ou Sul,
situadas respetivamente no Porto, em Coimbra e em Lisboa) ou num gabinete médico-legal e forense

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(GMLF) da área de residência da vítima. No entanto, caso esta não se possa aí deslocar, ou caso se
esteja fora do horário normal de funcionamento do Instituto, e se se perspetivar como importante a
colheita de vestígios que de outra forma se possam perder com o tempo (e.g., AS com menos de 72
horas), o exame é normalmente realizado pelos peritos médico-legais nos serviços de urgência
hospitalares. Este último procedimento inscreve-se no âmbito do serviço de perícias urgentes do
INMLCF; no entanto, nem todos os hospitais podem contar com o apoio desse serviço durante 24
horas por dia e todos os dias da semana. Efetivamente, nas zonas servidas por GMLF, tal não é
possível assegurar nos períodos fora do horário de expediente do gabinete, pelo que neste caso
poderá ter de ser um médico hospitalar a realizar o primeiro exame se não se mostrar viável ou
adequada a transferência da vítima para um hospital que conte com este serviço. Este tipo de
procedimentos está previsto num protocolo celebrado em junho de 2011 entre os Ministérios da
Justiça e da Saúde, e a Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens, visando garantir uma
articulação mais eficaz entre as unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o INMLCF e as
CPCJ, assegurando que as vítimas possam ser observadas no mais curto espaço de tempo por
peritos médico-legais, evitando a vitimização secundária e permitindo uma resposta pericial mais
célere e de qualidade (Magalhães & Vieira, 2011).

5.2. Objetivos
A perícia médica forense tem como objetivo geral coadjuvar a boa administração da Justiça.
Os objetivos específicos de um exame de natureza sexual, no âmbito do Direito Penal, são (Jardim &
Magalhães, 2010): (1) identificar vestígios, lesões e/ou sequelas, e interpretá-los no contexto da
alegada AS; (2) obter amostras biológicas para estudos de criminalística biológica (pesquisa de
ADN), de microbiologia (pesquisa de IST) ou de toxicologia, entre outros; (3) obter outras amostras
não biológicas que possam ter utilidade em termos da investigação criminal.
Efetivamente, do contacto físico entre o abusador e a vítima podem resultar lesões, além da
transferência de material biológico e não biológico (entre vítima, agressor e local). No caso dos
crimes sexuais, esta permuta pode dever-se apenas à agressão ou ao próprio ato sexual, podendo
em qualquer das circunstâncias haver vestígios biológicos que assumem particular relevância na
investigação criminal, por relacionar o agressor com o crime (Malsom, Flanagan, Mcalister & Dixon,
2008), tais como: (1) material biológico subungueal, na vítima e/ou no agressor; (2) pelos ou cabelos,
na vítima e/ou no agressor; (3) esperma, na roupa ou corpo da vítima; (4) exsudados vaginais, ou
outros, no corpo ou roupa do agressor; (5) material biológico de outra natureza, como sangue ou

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
Rodrigues. (2013): In Violência, agressão e vitimização: práticas para a intervenção. Ana Isabel Sani & Sónia Caridade
(Eds.). Coimbra: Almedina. pp. 251-272
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saliva (e.g., nas marcas de mordedura).


No entanto, para a concretização efetiva destes objetivos é necessário que a perícia seja
realizada o mais próximo possível da data da agressão, tendo em vista evitar a destruição e
contaminação de vestígios, bem como a cicatrização das lesões.

5.3. Procedimentos
A perícia médica forense concretiza-se sob a forma de relatório pericial, compreendendo dois
momentos fundamentais (Magalhães et al, 2010): (1) a identificação e descrição dos danos,
temporários e permanentes, com base na história forense, nos elementos documentais (sobretudo
registos clínicos) e nos exames efetuados (exame médico-legal e exames complementares de
diagnóstico), incluindo-se aqui a foto-documentação e a colheita de vestígios, bem como os
respetivos resultados analíticos; (2) a interpretação e valoração de todos os achados e elaboração de
conclusões devidamente fundamentadas.
Na sequência da avaliação médico-legal, poderá haver lugar à realização de exames
laboratoriais para estudo de ADN, microbiológicos ou toxicológicos ou, ainda, exames imagiológicos;
podem requerer-se, também, outros exames médicos de certas especialidades, tais como
psiquiátricos ou pedopsiquiátricos.
Este exame implica a concretização de diversos passos, os quais estão definidos e devem ser
respeitados para garantir que o exame é sistematizado e rigoroso, não se esquecendo ou repetindo
procedimentos, o que contribuirá para a credibilidade do mesmo junto do sistema judicial e para o
conforto da vítima.
Naturalmente que o local da realização do exame é também determinante do êxito dos
mesmos, pelo que estes deverão acontecer num espaço tranquilo, confortável e agradável, que
transmita bem-estar e garantia de privacidade à vítima.
Uma atitude calma e carinhosa, por parte do perito médico-legal, é fundamental para
tranquilizar e transmitir confiança à vítima, dando-lhe hipótese de colocar as questões que pretender
antes e durante a avaliação. Deverá, também, ser permitida a presença de uma pessoa de referência
durante o exame, se a vítima assim o preferir; contudo, deve evitar-se essa presença, se possível,
durante a colheita da história forense, para que a vítima possa falar completamente à vontade e para
que isso não ponha em causa uma futura audição dessa pessoa enquanto testemunha. Deverá,
ainda, garantir-se que um dos técnicos presentes na avaliação (idealmente dois) é do mesmo sexo do
da vítima a examinar. O segundo elemento terá como principal função, manter a vítima confortável,

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
Rodrigues. (2013): In Violência, agressão e vitimização: práticas para a intervenção. Ana Isabel Sani & Sónia Caridade
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auxiliar o perito nas colheitas e, também, protegê-lo relativamente a uma eventual queixa que possa
advir quanto ao seu comportamento no decurso do exame.
O exame deve decorrer num local iluminado, com temperatura ambiente adequada, limpo e
que garanta a privacidade, e o perito deverá respeitar o lógico pudor da pessoa a examinar, cobrindo
o seu corpo e expondo somente a parte que vai ser examinada, mesmo que se trate de uma criança
pequena.
A avaliação médica forense compreende os seguintes momentos:
a) Colheita da história forense: grande parte da informação sobre a AS deve ser
transmitida ao perito médico antes de este iniciar a avaliação, caso esta seja do
conhecimento prévio de algum profissional que já contactou com a vítima, para evitar a
repetição de perguntas. No caso das crianças, o perito poderá, também, proceder à prévia
colheita de informação através de terceiros que a acompanhem, sendo que, por vezes,
mesmo assim, terá de falar com esta sobre o assunto; de qualquer forma, este tipo de
abordagem, a ter lugar, deve ser mínima, seguindo as normas da entrevista forense
(Ribeiro & Magalhães, 2007; Peixoto et al, 2010). A informação necessária para o perito,
uma vez que esta irá orientar o exame a realizar, designadamente a colheita de vestígios,
é a seguinte (sendo que algumas das questões que se indicam podem não se adequar ao
caso em concreto): (1) data, hora e local da ocorrência; (2) tipo de práticas sexuais
(incluindo introdução de corpos estranhos, existência de ejaculação, uso de preservativo);
(3) frequência (única ou reiterada); (4) circunstâncias (violência física e/ou emocional -
ameaças verbais ou com armas); (5) consequências (e.g., dores, sangramento); (6)
caraterização da vítima (sexo, idade, antecedentes patológicos e traumáticos,
antecedentes ginecológicos e obstétricos, abuso de substâncias, comportamentos
desviantes, história de AS); (7) caraterização do(s) alegado(s) agressor(es) (e.g., número,
sexo, idade, abuso de substâncias, antecedentes patológicos designadamente IST -,
comportamentos desviantes, história de práticas de AS); (8) relação entre a vítima e
alegado(s) agressor(es); (9) comportamento da vítima após a agressão, para avaliar da
possível destruição de vestígios (e.g., lavagens, mudança de roupa, procura de cuidados
médicos); (10) data da última menstruação; (11) data da última relação sexual consentida
(antes ou depois da agressão). Também pode ser colhida informação relativa à
sintomatologia apresentada pela vítima e que seja resultante da AS (e.g. dores, prurido,
perturbações psicológicas diversas), sendo que esta será importante, quer na análise de

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
Rodrigues. (2013): In Violência, agressão e vitimização: práticas para a intervenção. Ana Isabel Sani & Sónia Caridade
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eventuais lesões que se venham a observar, quer na valoração dos indicadores


psicológicos de AS;
b) Obtenção do consentimento informado para a realização da perícia: antes de iniciar o
exame, deverá ser solicitado o consentimento informado da vítima (para a colheita de
vestígios, foto-documentação e exame físico), idealmente por escrito a partir dos 16 anos
de idade, e depois de explicados claramente todos os procedimentos que irão ter lugar,
justificando-se a utilidade de cada um deles; de qualquer forma, mesmo às crianças com
menos de 16 anos, deve ser sempre requerida a sua concordância para a realização do
exame, não se procedendo ao mesmo contra a sua vontade. Mesmo após obtido o
consentimento, e durante o exame, a vítima deverá ser novamente informada sobre cada
um dos procedimentos, per si, avisando-se quando, como, onde e com que instrumentos
irá ser tocada, aguardando-se que dê a sua permissão e deixando claro que poderá
interromper o exame em qualquer ocasião, se necessário, podendo recusar todo ou
algumas partes do exame.
c) Colheita de vestígios e de amostras de referência, e exame físico: todos estes
procedimentos são feitos em simultâneo, devendo obedecer, para cada região corporal
em avaliação, à seguinte ordem, tendo em vista não destruir ou contaminar qualquer
vestígio: (1) inspeção visual e descrição dos achados; (2) foto-documentação; (3) colheita
de vestígios para estudos de ADN (e.g., manchas biológicas como esperma, sangue ou
saliva, cabelos, pelos, fibras, no corpo ou roupa da vítima), utilizando material adequado
que garanta a sua não contaminação e preservação, tendo-se sempre em conta a
questão da necessidade de garantir a cadeia de custódia, o que implica que sejam
seguidos certos procedimentos que se encontram definidos; note-se que a totalidade
destes procedimentos apenas acontece nos casos agudos (até 72 horas após a
agressão), não se verificando na maior parte dos casos de abuso sexual de crianças; (4)
colheita de vestígios físicos para estudos de criminalística; (5) exame físico detalhado,
incluindo a palpação. Esta avaliação inclui os seguintes passos (WHO, 2003; Magalhães
et al, 2011), os quais, nas situações agudas, devem verificar-se pela ordem indicada,
sendo que, dependendo do caso em concreto, alguns deles podem não ter lugar: (1)
inspeção da face e zaragatoas periorais; (2) zaragatoas orais e inspeção da cavidade
oral; (3) colheita de amostra de referência (se na cavidade oral); (4) inspeção/colheita de
vestígios no cabelo e exame do couro cabeludo; (5) inspeção das mãos e zaragatoas

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
Rodrigues. (2013): In Violência, agressão e vitimização: práticas para a intervenção. Ana Isabel Sani & Sónia Caridade
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subungueais; (6) recolha de vestuário, absorventes e outros elementos relevantes;(7)


inspeção da superfície corporal e zaragatoas cutâneas; (8) inspeção anal e zaragatoas
anais externas; (9) zaragatoas ano-retais; (10) colheita de vestígios no pelo púbico; (11)
zaragatoas genitais externas e inspeção genital; (12) zaragatoas vaginais e cervicais /
penianas.
d) Colheita de amostras para pesquisas laboratoriais de tóxicos, de infeções sexualmente
transmissíveis ou de gravidez, entre outras.

6. A avaliação psicológica forense


A avaliação psicológica forense constitui um procedimento distinto da entrevista forense, que
mais adiante referiremos, e deve ter lugar no âmbito das competências do INMLCF, sendo realizada
por peritos da área da psicologia.
Uma vez que, como referido, a maior parte dos casos de AS não apresenta lesões ou
vestígios que permitam provar inequivocamente o contacto sexual e identificar o agressor, pelo
menos nos casos em que as vítimas são crianças e adolescentes esta avaliação psicológica deveria
ser sistematicamente realizada na sequência do exame médico-legal, pois é de fundamental
interesse para apoiar o diagnóstico da agressão, muito particularmente nos casos intrafamiliares. Isto,
porque permite avaliar o desenvolvimento psicológico geral da vítima e valorar uma série de sintomas
e alterações comportamentais que podem constituir indicador importante de abuso sexual
(Magalhães et al, 2011), bem como as dinâmicas psicológicas geralmente associadas a estes casos
(Ribeiro, 2009). Acresce que, de acordo com a lei (art.º 131, nº3 do CPP) esta avaliação também tem
como objetivo analisar a capacidade de testemunhar da vítima (credibilidade do testemunho), tantas
vezes posta em causa no caso das crianças.
A metodologia da avaliação psicológica forense encontra-se muito bem documentada na
literatura (Magalhães & Ribeiro, 2007). Além de uma entrevista inicial com cuidadores ou outras
pessoas de referência que acompanhem a vítima, e que sejam detentores de informação relevante
sobre o caso, importa analisar toda a informação documental disponível (e.g., registos clínicos,
registos escolares ou da CPCJ). Só depois de recolhidos todos os elementos possíveis, terá início a
entrevista, tendo em vista dar resposta aos aspetos acima mencionados, podendo ser
complementada por uma avaliação psicométrica.

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
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7. A entrevista forense
Como se viu, existem aspetos particulares que podem impossibilitar o diagnóstico de AS
apenas com base nos exames físico e laboratoriais, pelo que a entrevista forense desempenha um
papel fundamental no diagnóstico destes casos, dado que o relato da vítima pode constituir a única
prova do crime (Peixoto, Ribeiro & Lamb, 2011). Esta é particularmente relevante no caso de crianças
e adolescentes e deve ter lugar o mais precocemente possível após ser levantada a suspeita sobre o
caso. Apesar da sua relevância, em Portugal este procedimentos não se encontra ainda legalmente
implementado.
Dada a delicadeza da matéria em causa e a sua particular complexidade, requer-se uma
especial competência por parte dos profissionais que realizam a entrevista, de modo a que esta seja
conclusiva e não se incorra num processo de vitimização secundária. Por isso, o profissional que
realiza esta avaliação deverá ter formação técnica específica e acreditada em entrevista forense,
seguindo as normas internacionalmente aceites nesta área (Peixoto et al, 2011).
A propósito da entrevista forense, que não se detalhará aqui, deixam-se apenas algumas
notas que consideramos relevantes (Peixoto et al, 2011):
a) A recolha de informação em contexto forense é influenciada por diversos fatores,
nomeadamente: (1) período de tempo decorrido entre evento e a entrevista (quanto mais
longo for mais prejudicada estará a recolha de informação); (2) idade da vítima (no caso
da criança, quanto mais nova for, maior dificuldade terá em distinguir factos); (3) tipo de
questões utilizadas (e.g., perguntas abertas reduzem o risco de erro); (4) perguntas mal
conduzidas ou sugestivas;
b) A entrevista é mais complexa no caso das crianças pelo que o entrevistador deverá ser
um profundo conhecedor das competências das crianças no que respeita ao uso e
compreensão da linguagem, conforme os seus diferentes estádios de desenvolvimento;
de igual modo, e tendo em conta que um dos objetivos da entrevista é facilitar a recolha
de informação acerca de acontecimentos específicos, deverá ter especial atenção à
memória, reconhecendo os seus mecanismos, as etapas do seu desenvolvimento, o
modo de reconstrução dos factos e o que a pode afetar, não esquecendo que a memória
não funciona como uma simples gravação de vídeo - a chamada amnésia infantil não
permite a lembrança, durante a infância tardia ou na idade adulta, de factos ocorridos
anteriormente aos três anos de idade;
c) É também importante o conhecimento das dinâmicas da AS, tais como a existência de

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*Extraído de: Agressão sexual: A intervenção médico-legal e forense. Teresa Magalhães, Patrícia Jardim, Fernanda
Rodrigues. (2013): In Violência, agressão e vitimização: práticas para a intervenção. Ana Isabel Sani & Sónia Caridade
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sentimentos de vergonha e de culpa, de segredo, de negação e de responsabilidade nas


consequências da revelação, as quais influenciam o armazenamento e a descrição
posterior dos factos; por isso, no caso das crianças, as confusões que possam existir no
seu relato são compreensíveis e não indicativas de falta de credibilidade;
d) O entrevistador deve atender à sugestionabilidade das crianças, a qual será contornada
com base no conhecimento dos fatores passíveis de a desencadear e o uso de técnicas
de entrevista adequadas. Reconhece-se, atualmente, a natureza eminentemente social da
sugestionabilidade, podendo a pressão social, o encorajamento de descrições através de
jogos e o reforço seletivo da memória, contribuir para a aumentar e para enfraquecer a
capacidade das crianças fornecerem informação precisa sobre factos vividos;
e) O impacto emocional do abuso sexual em crianças pode fazer com que estas não o
revelem, mesmo a um entrevistador experiente, sendo comuns as falsas negações de
abuso;
f) O défice cognitivo constitui um desafio à obtenção de informação pelo entrevistador
forense em situações de AS; além de ter de se focar em caraterísticas cognitivas
específicas daquela pessoa, o entrevistador tem, muitas vezes, de se socorrer de outras
fontes informativas, como relatórios escolares ou de psicólogos clínicos. No entanto, é
reconhecida a capacidade de reportar eventos traumáticos a pessoas com défices
cognitivos, sendo que a maior dificuldade poderá resultar do próprio entrevistador: (1) da
sua baixa expectativa face àquelas pessoas; (2) da falta de experiência com casos
idênticos; (3) devido a estereótipos previamente assumidos (Cederborg & Lamb, 2008).

Muitos autores consideram que pode ser útil filmar a entrevista, dado que o material de vídeo
é cada vez mais aceite como uma evidência auxiliar em casos legais, sendo que esta é a prática já
usada nas entrevistas de crianças, pelo menos nos países que seguem o modelo do Child Advocacy
Center (Huizar, 2011) ou das Children’s Houses (Gudbrandsson, 2010), de modo a garantir que não
mais haverá necessidade de repetir a entrevista (a qual fica totalmente registada em vídeo). Em
Portugal, esta solução não está legalmente prevista, havendo apenas o registo em áudio para
memória futura, que acontece em geral muito tarde no processo, sendo que estes procedimentos
deveriam, idealmente, constituir o mesmo e único momento de audição da vítima sobre os factos, a
ter lugar o mais precocemente possível. Neste âmbito, tão relevante para garantir a validade do relato
(frequentemente a única prova), não o contaminando, e para evitar a vitimização secundária, muito há

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ainda a fazer no nosso país (Carmo, 2010).

8. Considerações finais
Na investigação de uma AS a atuação multidisciplinar, célere e eficiente, é fundamental para a
eficácia do resultado final. Desde logo, a falha na deteção dos casos, sobretudo nas situações
suscetíveis de configurarem um abuso sexual, impedindo a sua sinalização e/ou denúncia, pode
significar a sua perpetuação, com graves consequências físicas e psicológicas para a vítima, bem
como a impossibilidade de se vir a provar o crime devido à perda dos vestígios.
Após a sinalização e/ou denúncia, um correto e atempado diagnóstico médico-legal e forense
do caso permitirá a tomada das medidas adequadas (terapêuticas, de proteção e/ou de investigação
criminal), pelo que este tipo de avaliações, que devem ser únicas, são sempre consideradas de
caráter urgente, quer seja o exame físico com colheita de eventuais vestígios e foto-documentação,
quer seja a entrevista forense. Nesta medida, o estabelecimento guidelines e protocolos para uma
atuação multidisciplinar concertada das diversas entidades intervenientes permitirá a uma maior
segurança e eficácia nas decisões quanto à proteção/reabilitação da vítima e família, e investigação
criminal.

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