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Vulcanismo e clima

Desde longa data que existe a noção sobre a influência do vulcanismo no clima. Já no
ano 44 antes da nossa era a erupção do vulcão Etna, na Sicília, foi acusada de ter
destruído as colheitas ao escurecer o céu.

O tempo rigoroso na Europa durante o Inverno de 1783-84 foi explicado pela primeira
vez, em 1789, pelo americano Benjamin Franklin, como sendo devido aos efeitos da
erupção do Laki, situado na Islândia. Esta atividade do Laki causou a morte de mais de
10 mil pessoas e de milhares de cabeças de gado.

A erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia, em 1883, provocou, além da morte de 36


mil pessoas, um aceso debate que conduziu a um enorme número de conclusões que
foram reunidas pela Geographic Royal Society, de Londres, em 1888.

Os efeitos ópticos que se verificaram nos meses seguintes à erupção, nomeadamente


espetaculares efeitos no pôr – do – Sol, o aparecimento de bruma seca e as baixas
temperaturas registadas num grande número de locais afastados do Krakatoa foram
então atribuídos a esse acontecimento.

Ao longo do século XX numerosos autores analisaram e debateram as relações entre


grandes erupções vulcânicas e as descidas de temperatura verificadas posteriormente,
não só nas épocas recentes, mas também no decurso das erupções antigas que chegaram
a ser consideradas como um fator contributivo para as glaciações.

O inglês Lamb foi quem mais contribuiu para os estudos de base científica da relação
vulcanismo – clima com publicações conhecidas a partir de 1969. Lamb, inclusive,
propôs a consignação de um índice (odust veil index, DVI) para caracterizar a influência
sobre o clima do manto de poeiras emitidas por uma erupção vulcânica.

Atualmente, na era dos satélites, começaram a aparecer numerosos estudos que


confirmaram o facto de os aerossóis vulcânicos terem um papel importante de entre as
várias causas das variações do clima.

Além de grandes quantidades de dióxido de carbono, gás com efeito de estufa, os


vulcões expelem também enormes quantidades de cinzas e, sobretudo, de dióxido de
enxofre. Calcula-se que a emissão anual global de enxofre a partir dos vulcões e
fumarolas é de cerca de 10 milhões de toneladas.

O efeito da difusão de dióxido de enxofre na atmosfera, que se segue a uma atividade


vulcânica, manifesta-se por um arrefecimento da superfície terrestre durante o Verão.
Durante o Inverno, devido à menor radiação solar, o efeito dos aerossóis vulcânicos é
reduzido e pode mesmo provocar um aquecimento pela absorção de parte da radiação
infravermelha terrestre.

As projeções das erupções vulcânicas que atingem a estratosfera com um tempo de


residência prolongado influenciam – embora de modo não imediato e não uniforme – as
condições climáticas à superfície, fundamentalmente, pela redução da temperatura.

O atraso na resposta depende do tempo de propagação dos aerossóis em direção às


regiões polares onde agravam o défice térmico existente. Os anticiclones móveis polares
até aqui têm um papel importante como relés que intensificam as trocas meridianas e
agravam a violência das perturbações.

O vulcanismo é, pois, uma causa suplementar de variação climática, aperiódica e de


curta duração, que se mistura com os efeitos das variações da atividade solar.

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