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Universidade Federal de Ouro Preto - Escola de Minas

Departamento da Engenharia Urbana


URB 226 - Geologia Urbana
Turma 11 - Prof.ª Pedro Manuel Alameda Hernandez

Redação do Bloco II
Erupções vulcânicas importantes da História

Júlia Maria Medalha Resende Oliveira


19.1.1077

Patrícia Milagres Tassara de Pádua


19.1.1297

Tiago Vieira da Silva


19.1.1199

Os vulcões, em sua estrutura, são montes ou colinas formados em torno de uma


abertura crustal em decorrência da erupção de lava, gases e materiais piroplásticos os
quais entraram em erupção (WICANDER & MONROE, 2017). Estes, ao se manifestarem
nas condições da atmosfera, promovem alguns estudos, oportunidades e riscos. Desse
modo, estes processos se apresentam como uma janela de estudo do interior da Terra, de
seu comportamento e dos processos ígneos de formação da crosta oceânica e continental
(POPP, 2017). Aplicando-se assim, como oportunidade ao propiciarem recursos, fonte de
energia e de fomento mineral (GROTZINGER; JORDAN, 2014).

Referente à origem das formações dos vulcões e rochas relacionadas à ascensão


de magma e gases na superfície, ígneas extrusivas, e todos os processos que envolvem as
erupções, estes são definidos como vulcanismo (WICANDER & MONROE, 2017).
Porém, estas atividades não se limitam à Terra. Existem registros de erupções vulcânicas
por todos os planetas terrestres, além da Lua do planeta Terra, em suas respectivas
histórias primitivas, e de possíveis vulcões ativos em Vênus atualmente (WICANDER &
MONROE, 2017). Tais formações e movimentos, são registrados na história da Terra, e
marcam ciclos, mudanças climáticas e consequências na vida na crosta. Neste aspecto,
apresenta-se uma linha temporal no fluxograma presente na figura 1, erupções vulcânicas
importantes ocorridas ao longo da história, que serão abordadas neste presente estudo:
Figura 1- Fluxograma de Erupções Vulcânicas.

Fonte: Os autores (2021)

A erupção mais violenta já registrada é a da caldeira vulcânica de La Garita, no


Colorado, nos Estados Unidos, que correu há 2,1 milhões de anos e deixou uma cratera
de 35 por 75 km e alterou drasticamente o clima do planeta (MORGAN et al, 2019).

A ocorrência da erupção do vulcão Vesúvio é datada no ano 79 d.C. acarretou em


soterramentos nas cidades de Herculano e Pompéia (Itália), matando cerca de 10.000 a
25.000 pessoas. O fenômeno desencadeou o lançamento de 4 km³ de cinzas e rochas na
atmosfera, sendo o Sul da Europa coberto por uma nuvem de cinzas decorrente do
fenômeno (NICOLA & BRANCO, 2013). Nicola e Branco (2013) ainda destacam que
outro âmbito importante é a mineralogia do complexo que abriga o Vesúvio e o Monte
Somma, parte que restou do cone vulcânico do Vesúvio, a qual é explorada e analisada
até os dias atuais. Neste local foram descobertas 63 espécies de minerais, os quais, não
foram encontrados em nenhum outro local (NICOLA & BRANCO, 2013).

Em 1784, Benjamin Franklin, apontou possíveis efeitos no clima decorrentes dos


gases e poeiras decorrentes das erupções vulcânicas na radiação solar e temperatura no
verão pós a erupção do vulcão Hekla ocorrida em 1768, localizado na Islândia
(BUGALHO, L.A). O vulcão Hekla tem 1.491 metros de altura e fica a 110 quilômetros
a leste da capital (Reykjavik) ao sul da ilha. Atualmente, o vulcão está ativo onde entrou
cerca de 20 vezes em erupção nos últimos mil anos (WHITE, 2020).

Outra exegese importante, foram os efeitos das erupções na temperatura


impactada pela grande erupção do vulcão Monte Tambora, na Indonésia (1815)
(ROBOCK, 2000). O evento se configurou como uma das maiores erupções explosivas
no último milênio, resultando em depósitos de queda de cinzas espalhados pela maior
parte do país (SIGURDSSON & CAREY, 1989). Posteriormente, foram observadas, no
ano de 1816, as consequências transcorrentes da grande erupção no Monte Tambora,
ocorrendo o evento mais simbólico da história acerca da influência das erupções
vulcânicas sob o impacto climático. Na Ilha da Indonésia, se sucedeu o chamado “ano
sem verão”, em que geadas constantes ocorreram em todos os meses do ano e no Leste
do Canadá houveram quedas de neve (STOTHERS, 1984).

O vulcão Krakatoa, na Indonésia, está localizado na zona de subducção das placas


indo-australiana e euro-asiática. Este entrou em fases de erupções contínuas em 19 de
junho de 1883, após uma série de lançamentos de gás registrados no final de maio daquele
ano, gerando a maior erupção vulcânica desde a erupção do vulcão Tambora em 1815
(ABBOT & FOWLE, 1913). Além disso, a intensidade da erupção juntamente com o
contexto social, cultural e científico da época fizeram com que este evento tivesse grande
impacto científico e social em todo o mundo. Tendo em vista o ponto culminante
catastrófico, foi alcançado com quatro grandes explosões que foram acompanhadas por
tsunamis que atingiram as costas do Sul da Ásia, África Oriental e Austrália Ocidental
(FLAMMARION, 1875). Todos os 3.000 habitantes da ilha de Sebesi, a
aproximadamente 13 km de Krakatoa, foram mortos, os fluxos piroclásticos que viajaram
sobre a superfície da água a 300 km/h mataram cerca de 1.000 pessoas em Ketimbang, na
costa de Sumatra, cerca de 40 km ao norte de Krakatoa (WINCHESTER, 2013). Desse
modo, evidencia-se que grandes foram os impactos gerados peça erupção do vulcão
Tambora, uma vez que gerou muitas mortes e promoveu um ano sem verão.

É importante destacar que as erupções como Krakatoa (1883) e Vesúvio (79 d.C.)
possuem consonância aos movimentos de subducção das placas, havendo assim
temperamento explosivo. Esse deslocamento se caracteriza pelo processo onde, no limite
convergente entre placas, há o afundamento de uma placa litosférica sob outra
(GROTZINGER; JORDAN, 2014).

Segundo Lockwood et al. (1985) o vulcão Mauna Loa é o maior do planeta e um


dos mais ativos nas ilhas Havaianas, onde constam 33 ocorrências registradas. A última
procedência se deu no ano de 1984, em que, uma década antes, o vulcão apresentou
indícios de inquietações, destacando-se o fato de que ele não entrava em erupção desde
1950 (LOCKWOOD et al., 1985). Nesse aspecto, em 1975 houve um aumento de
atividades sísmicas juntamente a mudanças geodésicas que levaram a um tipo de erupção
que no passado era seguida por atividade de flanco após alguns anos. Assim, os
indicativos obtiveram manifestações que só aumentaram ao longo dos anos, até que em
março de 1984, uma erupção começou no solo do local, seguida por 3 semanas de lava
na zona do rift nordeste do local, chegando a 7,2 quilômetros de Hilo, maior centro
populacional da ilha, localizada em proximidades de correntes de lava (TRUSDELL,
2012). Ressalta-se que, nenhuma morte foi registrada pelas erupções deste vulcão,
contudo, as erupções ocorridas em 1926 e 1959 destruíram aldeias presentes nas
proximidades (SILVA; BASSINI, 2021). Por conseguinte, destaca-se que o vulcão
Mauna Loa representa um risco por possuir grandes fluxos de lava, assim, há um intenso
monitoramento pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) (TRUSDELL,
2012).

O vulcão Eyjafjallajökull, localizado na Islândia, tem 1 660 metros de altura com


uma cobertura de neve a partir doa 900 metros. Sua última erupção, em 2010, teve
duração de 39 dias (de 14 de abril a 23 de maio) causando tremores e erupções. Devido à
camada de gelo, a erupção também provocou enchentes na região (EINARSSON, 2010).
Tais atividades, demonstraram a vulnerabilidade do sistema social e cotidiano em relação
aos seus efeitos, impactando grande parte do tráfego aéreo na Europa durante semanas e
causando uma perda global de cerca de 4,7 bilhões de dólares. O vulcanismo na região se
dá na divergência entre o limite da placa tectônica da América do Norte e Eurásia, que
contribui para o espessamento da placa na região da acima da Islândia (SALTYKOVSKII,
2012).

Registros atuais, se estendem pelo Norte do estado de Wyoming nos Estados


Unidos, e são visíveis em grande parte da extensão do Parque Nacional de Yellowstone.
Neste território o calor expelido pelo vulcão em forma de gêiseres, correntes de vapor e
fontes quentes alimenta a rede elétrica de três estados (GROTZINGER; JORDAN, 2014).

Tendo em vista o que foi exposto, faz-se necessário que sejam aplicados estudos
com aporte tecnológico sobre os desastres naturais, neste retrospecto as erupções
vulcânicas, e suas influências no planeta, de modo que, haja caráter holístico e
multidisciplinar aplicado aos trabalhos embasados acerca de tais desastres. Neste aspecto,
considera-se fundamental a abordagem e embasamento teórico e aplicado sobre os
eventos históricos decorrentes desta temática para a atuação das frentes de saúde, justiça,
defesa civil, acadêmicas, planejamento e gestão urbana. Por conseguinte, esses empenhos
se denotam por contribuir em entender como esses processos afetam as esferas sociais,
econômicas e ambientais, de modo a possuir meios e ferramentas para agir no intuito de
mitigar tais nocividades.

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