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FT 3 - Vulcanologia

Grupo I

O Monte Agung é um estratovulcão localizado na ilha de Bali, na Indonésia. É o ponto mais alto da ilha,
com 3142 metros de altitude. A sua última grande erupção foi no dia 16 março de 1963, durou mais de um
ano e os fluxos piroclásticos por ele originados vitimaram mais de 1600 pessoas na ilha.

No dia 21 de novembro de 2017 foi identificada, via satélite, nova atividade no vulcão Agung com
emissão, a mais de 4 km de altura, de gases e de cinzas vulcânicas. O registo crescente da atividade
sísmica naquela área indiciava que uma erupção maior poderia vir a acontecer.

Durante o mês de outubro de 2017, e apesar da contínua atividade sísmica, o Agung apenas expelia
vapor de água, num tipo de erupção designado freático. Uma erupção freática consiste na libertação
explosiva de vapor causada pelo aquecimento, por ação de um magma, de água do subsolo.

O satélite Sentinel-5P, da NASA, identificou intensa emissão de dióxido de enxofre, SO2, um gás tóxico
quando inalado em grandes quantidades, altamente concentrado em torno do cone vulcânico. A partir do dia
6 de dezembro, durante a noite, a emissão da coluna de cinzas passou a ser iluminada por um clarão
intenso da cor do fogo.

Este vulcão tem sido monitorizado por investigadores da Fundação Berkeley Earth, EUA, que se dedica
ao estudo das alterações climáticas. Aquando da erupção de 1963, o monte Agung injetou quantidades
significativas de dióxido de enxofre na estratosfera, a cerca de 16-18 km de altitude, onde reagiu com a água
formando aerossóis de ácido sulfúrico que, por terem a capacidade de refletir a radiação solar, causaram um
arrefecimento da temperatura na superfície da Terra. Esta erupção também libertou CO2 para a atmosfera, o
que significa que também contribuiu para o aquecimento global através do agravamento do efeito estufa,
efeito que, contudo, foi superado pelo arrefecimento causado pela elevada emissão de cinzas vulcânicas e
de SO2. A segunda metade do século XX só viu duas outras grandes erupções de magnitude comparável: a
do El Chichón, em 1982, no México, e a do Pinatubo, nas Filipinas, em 1991. Tal como aconteceu com o
Agung, em 1963, todos deixaram impressões significativas no clima, razão pela qual são intensamente
monitorizados. E, de facto, ao longo dos tempos geológicos as erupções vulcânicas têm tido um papel
importante na variabilidade da temperatura média global da superfície terrestre.

Em 1963, estima-se que o arrefecimento médio global desencadeado pela erupção do Agung tenha sido
de cerca de 0,2 °C a 0,3 °C. Após este tipo de erupção, a recuperação da temperatura média global depende
da magnitude e da evolução da erupção, ou seja, da quantidade de dióxido de enxofre que é emitida e da
duração da erupção.

A figura 1 representa a localização tectónica do Monte Agung e a figura 2 faz uma previsão da anomalia
térmica que se pode vir a registar no planeta se o Agung entrar em erupção a curto prazo.

A história eruptiva deste vulcão e a sua atividade recente decretaram, até ao final de 2017, o alerta
máximo e as autoridades delimitaram uma zona de exclusão, num raio de 8 km a 10 km do vulcão, tendo
evacuado cerca de 100 000 pessoas e encerrado o aeroporto principal.

Adaptado de:
Global Volcanism Program, 2017. Report on Agung (Indonesia). In: Sennert, S K (ed.), Weekly Volcanic Activity Report, 27 December-
2 January 2018. Smithsonian Institution and US Geological Survey.
F. Lehner, J. Fasullo (2017), Global climate impacts of a potential volcanic eruption of Mount Agung, National Center National Center
for Atmospheric Research, Boulder, USA.

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Figura 1 – Localização geotectónica do vulcão indonésio Monte Agung.

Figura 2 – Últimas erupções históricas dos vulcões Agung, El Chichón e Pinatubo. A linha negra representa a estimativa do
aquecimento atribuído à combinação de gases de efeito estufa, vulcões e alterações na produção solar. A linha cinzenta
representa uma previsão da variação da temperatura global se uma próxima erupção do Agung tiver a magnitude da que
ocorreu em 1963.

1. O estratovulcão Agung é do tipo


(A) fissural associado a um sistema de falhas tectónicas.
(B) central com cone baixo de vertentes com inclinação suave.
(C) fissural associado ao derrame de extensas escoadas ácidas.
(D) central com cone alto de vertentes íngremes.

2. O magma associado ao Monte Agung


(A) possui uma temperatura da ordem dos 800 °C e teores de sílica que variam entre os 55% e os 60%.
(B) é viscoso, muito rico em sílica e sofreu movimentação de outubro a dezembro de 2017.
(C) pode originar lavas encordoadas que, quando arrefecem no interior da cratera, formam domos
vulcânicos.
(D) é muito rico em água, razão pela qual teve um período de erupção freática.

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3. Rochas formadas a partir de magmas que alimentam o vulcão Agung resultam de um arrefecimento
________ e são de cor ________.
(A) lento … escura (B) rápido … escura
(C) lento … clara (D) rápido … clara

4. Selecione a opção que classifica corretamente as afirmações I a III de acordo com os dados
fornecidos.
I. A atividade vulcânica do Monte Agung resulta da subducção da placa Euroasiática sob a placa
Indo-australiana.
II. A atividade vulcânica primária do El Chichón extinguiu-se em 1982.
III. Nas Filipinas, a atividade vulcânica e sísmica é condicionada pela convergência entre a placa
pacífica e a placa euroasiática.

(A) I é falsa; II e III são verdadeiras.


(B) I e II são verdadeiras; III é falsa.
(C) I e II são falsas; III é verdadeira.
(D) I e III são verdadeiras; II é falsa.

5. No estudo sintetizado na figura 2, a variável dependente é a


(A) quantidade de SO2 libertada durante as erupções vulcânicas.
(B) variação da temperatura global do planeta Terra desde 1960.
(C) magnitude e a evolução da erupção vulcânica.
(D) quantidade de CO2 libertada durante as erupções vulcânicas.

6. Uma eventual erupção do Agung em 2018, com magnitude idêntica à de 1963,


(A) poderá reduzir a temperatura global até cerca de 0,2 °C, entre 2018 e 2020.
(B) poderá afetar todo o planeta por um período superior a 15 anos.
(C) permitirá um aumento de absorção de radiação solar devido à formação de aerossóis de ácido
sulfúrico.
(D) produzirá o maior arrefecimento global desde 1961, superior a 0,5 °C.

7. A previsão de chuva intensa em novembro de 2017 para Bali, que não se veio a verificar, fez com que
as autoridades indonésias emitissem um alerta de perigo de ocorrência de fluxos de lama. Explique a
formação destes fluxos, no contexto da atividade eruptiva atual do Agung, e a importância da emissão
deste alerta.

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