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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ELEMENTOS FINITOS

ANÁLISE DE CINTAS DE TRANSPORTE DE BOBINAS DE AÇO NO


TRANSPORTE RODOVIÁRIO

Autor: Rodrigo de Souza Freitas, Matheus Fonseca Coradello

Professor: Yukio Shigaki

Outubro de 2020 – Belo Horizonte.


1. Introdução

O presente relatório e sobre a análise, elementos finitos de cintas de amarração para transporte de
bobinas, e como se deve reagir os componentes no transportamento, no caso deste exemplo, foi utilizado
uma cinta de poliéster termoestabilizada, E a bobina foi considerada feita de aço carbonizado por ser o
material padrão utilizado.
Antes de tudo foi feito a análise das proporções dos materiais, para prosseguir com o estudo, assim
que foram definidos os valores para as dimensões da bobina, foi especulado a espessura da cinta, assim
como o seu limite de ruptura.
O próximo passo tomado foi, se situar das normas de transporte, e de leis, para termos noção de que
não deve se transpor alguns pesos e forças, o cálculo utilizado de pre-tensão na cinta e definida pela NBR
15883-1:2015, A mesma norma também determina os ângulos de amarração das cargas e o coeficiente de
aceleração
Com toda essa informação já colhida, podemos prosseguir com a modelagem no Abaqus, é obter os
primeiros testes simulados assim com eles, os resultados do projeto.
2. Materiais Analisados

Os materiais analisados nessa simulação em elementos finitos foram uma bobina de aço ABNT 1020
galvanizado de 20 toneladas e um conjunto de cintas destinadas á fixação de cargas em caminhões e
carretas. As dimensões da bobina utilizada estão presentes nas tabelas 01, enquanto a tabela 02 apresenta os
valores das propriedades mecânicas do material que foram utilizadas na simulação.

Tabela 01- Dimensões da Bobina

Bobina de Aço Galvanizado


Dimensões Valor
Peso 20.000 kg
Diâmetro interno 490 mm
Diâmetro externo 1100 mm
Largura 1200 mm

Imagem 01- Representação da Bobina.

Fonte: http://dginox.com.br/produtos/bobinas.html.

Tabela 02- Propriedades Mecânicas do Aço.

AÇO ABNT 1020


Propriedade Valor
Coeficiente de Poisson 0.3
Módulo de Young 210 GPa
A cinta analisada é feita de poliéster termoestabilizado e produzida por uma empresa
especializada na produção de cintas para amarração de carga. A tabela 03 apresenta as principais
características da cinta enquanto a imagem 03 apresenta as características mecânicas da cinta que
foram relevantes para a análise

TABELA 03- Características da Cinta.

Cinta Poliéster
Características Valor
Fabricante SpanSet
Modelo EK 100
Material Poliéster 100%
Capacidade de Carga 20.000 kg
Largura 100 mm
Espessura 4.0 mm
Fonte: https://www.spanset.com/

Imagem 02- Representação da Bobina.

Fonte: https://www.spanset.com/
TABELA 04- Propriedades mecânicas Poliéster.

Fonte: https://www.sonelastic.com/pt/fundamentos/tabelas-propriedades-materiais/polimeros.html

O valor adotado para o coeficiente de expansão térmica utilizado para o poliéster 9.5e-5
m/(m*K), que é uma media dos coeficientes de expansão para várias faixas de temperatura.
3. Normas e Cálculos

As normas são de transporte de bobinas metálicas é estabelecida de acordo a RESOLUÇÃO


Nº 701 de 2017 e sua atualização feita na RESOLUÇÃO Nº 768 de 2018 da Definição do
CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO (CONTRAN). De acordo essas resoluções no Art. 6º
diz que no transporte de bobinas metálicas, devem ser obedecidas as seguintes condições:

I – Composição dos dispositivos de amarração da bobina: - cintas, correntes ou cabos de aço,


ganchos e catracas com resistência total e comprovada à ruptura por tração de, no mínimo, o
dobro do peso da bobina para cada tipo de amarração: de topo e direta;

II – Quantidades de dispositivos de amarração:


a) para bobinas com peso menor que 20 toneladas, devem ser utilizados, no mínimo, dois
dispositivos de amarração de topo e dois de amarração direta;
b) para bobinas com peso igual ou maior que 20 toneladas, devem ser utilizados, no mínimo,
três dispositivos de amarração de topo e quatro de amarração direta.

III – Pontos de fixação dos dispositivos de amarração:


a) os pontos de fixação dos dispositivos de amarração devem ser afixados nas longarinas ou
chassi do veículo, com as cintas, correntes ou cabos de aço passando por baixo da guarda
lateral, nunca por cima;
b) as catracas tensoras das cintas, correntes ou cabos de aço devem estar afixadas nas
longarinas ou chassis ou entre os dispositivos.

IV – Inspeção dos dispositivos de amarração: o transportador deve sempre inspecionar o estado


de conservação dos dispositivos de amarração antes de carregar o veículo.

A norma NBR 15883-1:2015 determina os ângulos de amarração das cargas e o coeficiente de


aceleração. A imagem 03 apresenta os valores dos ângulos de amarração das cargas.
Imagem 03- Representação da Cinta.

Fonte: https://www.spanset.com/

A NBR 15883-1:2015 também apresenta uma forma de determinar o valor da força lateral
que a bobina exercerá sobre a cinta. Para isso utilizou-se o coeficiente de aceleração que pode ser
observado na Imagem 04. Com base no coeficiente e no peso da bobina obteve-se uma força
lateral de 100.000 N.

Imagem 04- Coeficiente de Aceleração.

Fonte: https://www.spanset.com/

Por fim, a mesma norma também determina o valor da força de pré-carga na cinta (𝐹𝑡 ), com
base na fórmula abaixo:
𝐶𝑦 − 𝜇𝑑
𝐹𝑡 = ∗𝑃
𝐾 ∗ 𝜇𝑑 ∗ sin 𝛼
Sendo;

𝐶𝑥 = Coeficiente de aceleração
𝜇𝑑 = Coeficiente de atrito
𝐾= coeficiente (2.0 para cantoneiras e 1.5 sem cantoneiras)
𝛼= Ângulo da amarração
𝑃= Peso da Carga

Substituindo-se os valores em questão obteve-se o valor da força de pré-carga da cinta.

0.5 − 0.4
𝐹𝑡 = ∗ 200.000
1.5 ∗ 0.4 ∗ sin 60°

𝑭𝒕 = 𝟑𝟖. 𝟒𝟔𝟏, 𝟑𝟖 𝑵

Considerando uma secção transversal de 400 mm² a tensão de pré-carga na cinta deve ser de
96.15 MPa

O número de conjuntos de cinta que serão necessários para amarra a bobina pode ser
obtido através da equação:

Sendo;

𝐹𝑡 = Força de Pré-carga na cinta


𝐹𝑡𝑝 = Força de tensão padrao

Como a cinta é projetada para cargas de 10.00kg obtém-se um n=1.93 .Dessa forma são
necessários forma pelo menos dois conjuntos de amarração. Contudo a determinação do
CONTRAN prevê o mínimo de três conjuntos de amarração para bobinas de 20.000 kg ou mais.
Por isso para a análise, vamos considerar três conjuntos.
4. Método Elementos Finitos

O modelo de elementos finitos foi realizado no software Abaqus conta com duas partes distintas. A
cinta e a bobina. Ambas foram modeladas como elementos 2D planar com as dimensões segundo as
dimensões de cada elemento citadas no item 2. A imagem 05 mostra o elemento que representa a cinta
enquanto a imagem 06 mostra o elemento que representa a bobina.

Imagem 05- Representação da Cinta.

Fonte: Acervo pessoal.

Imagem 06- Representação da Bobina.

Fonte: Acervo pessoal.


As propriedades dos materias foram criadas e atribuídas às duas partes, sendo que o material da cinta
é o poliéster e o da bobina o material é o Aço carbono 1020.
Para definir o material da cinta foram utilizados as propriedades mecânicas do módulo de Young e
coeficiente de Poisson e também a propriedade de expansão térmica alfa. Enquanto para o material da
bobina somente o módulo de Young e coeficiente de Poisson. A imagem 07 apresenta os valores das
propriedade do Poliéster e a imagem 08 as propriedades do Aço.

Imagem 07- Propriedades do Poliéster.

Fonte: Acervo pessoal.

Imagem 08- Propriedades do Aço.

Fonte: Acervo pessoal.


A montagem das duas partes foi feita para representar como as duas partes estariam em contato. A
imagem 09 representa como os dois corpos ficaram dispostos após a montagem.

Imagem 09-Montagem das partes.

Fonte: Acervo pessoal.

O contato entre as superfícies foi modelado como uma interação entre as duas superfícies. A
superfície da bobina foi definida como a superfície mestra e a superfície da cinta foi definida como a
superfície serva. O contato entre as superfícies foi modelado segundo suas propriedades tangenciais e
normais. O comportamento tangencial foi definido como “frictionless” uma vez que não se considerou
movimento relativo entre as superfícies da cinta e da bobina, uma vez que não se espera que a bobina
apresente rotação. O comportamento normal foi considerado “Hard” Contact, para garantir que todo contato
por pressão será transferido entre as superfícies, mas sem penetração entre as superfícies. A imagem 10
apresenta as propriedades do contato entre as superfícies. Enquanto a imagem 11 mostra a relação de
subordinação entre as superfícies.
Imagem 10- Propriedades do Contato.

Fonte: Acervo pessoal.

Imagem 11- Relação entre as superfícies.

Fonte: Acervo pessoal.

Para atribuir a pré-carga na cinta utilizou-se a aplicação de uma diferença de temperatura na cinta.
Para isso, criou-se dois “steps” e em cada um deles um “predefined field” com um valor de temperatura
distinto. O primeiro field foi criado no step inicial e o segundo field foi criado no step denominado
“Lowtemp”. A diferença de temperatura entre esses dois fields gera a tensão de pré-carga na cinta. Para o
valor de carga necessário para o problema aplicou-se uma diferença de temperatura de -65°C. O delta de
temperatura é negativo para que haja contração da cinta e consequentemente uma pretensão que aumente o
atrito entre a bobina e o piso.
A imagem 12 apresenta os valores de magnitude de em cada um dos fields gerados. Enquanto a
imagem 13 apresenta o valor da pré-tensao da Cinta.

Imagem 12- Relação entre as superfícies.

Fonte: Acervo pessoal.

Imagem 13- Valor da pré-tensão na cinta.

Fonte: Acervo pessoal.


Duas condições de contorno foram utilizadas no modelo. A primeira foi engastar as duas
extremidades da correia e a segunda foi limitar a movimentação no eixo Y da bobina. Uma força
concentrada no sentido positivo do eixo X foi adicionada como carga no sistema. O valor dessa força é de
33.333 N. A imagem 14 apresenta as condições de contorno e a direção da força concentrada.

Imagem 14- Condições de contorno e cargas.

Fonte: Acervo pessoal.

Com relação á malha de simulação, utilizou-se a maioria das configurações padrão do programa,
alterando somente o tamanho global dos elementos. Para cinta utilizou-se um tamanho de 0.5 para a cinta e
1.0 para a bobina. A imagem 15 apresenta a malha dos dois elementos.

Imagem 15- Malha dos elementos.

Fonte: Acervo pessoal.


5. Análise Resultados

Utilizando o método descrito acima se obteve o resultado da simulação. Deseja-se saber se as cintas
de transporte irão conseguir suportar as tensões provocadas pela carga. Segundo o fabricante essas cintas são
adequadas para cargas de 10.000Kg e considerando uma tensão transversal de 400mm² a tensão máxima
suportada por cada cinta é de 250MPa.
Observou-se que o valor máximo de tensão tanto para as tensões de Von Mises quanto para as
tensões no eixo Y foram acima de de 250 Mpa. Sendo 310.7 MPa o maior valor observado nas tensões de
Von Mises e 282 MPa o maior valor de tensão em X. Os valores em Y ficaram abaixo dos 250MPa limites
para a cinta.
Como tensões maiores do que o permitido foram observadas recomenda-se que não seja utilizando
somente três cintas para o transporte da bobina, dessa forma a adição de uma quarta cinta fará com que os
valores de tensão mantenham-se abaixo dos 250 Mpa.
Com relação ao deslocamento da bobina, observou-se que foi aproximadamente 1.1mm o que é
bastante aceitável para a situação.
As imagens 16, 17 e 18 apresentam as tensões de Von Mises, no eixo X e eixo Y, respectivamente.
Enquanto a imagem 19 mostra os valores de deslocamento da bobina.

Imagem 16- Tensão de Von Mises.

Fonte: Acervo pessoal.


Imagem 17- Tensão no eixo X.

Fonte: Acervo pessoal.

Imagem 18- Tensão no eixo Y.

Fonte: Acervo pessoal.


Imagem 19- Deslocamento U.

Fonte: Acervo pessoal.

6. Conclusão

A análise em elementos finitos é muito útil porque permite prever o comportamento dos
componentes antes de sua implementação, o que aumenta a segurança e evita gastos desnecessários quem
podem superar em muito o valor pago pela análise. No caso das cintas de amarração a realização da análise
pode ter evitado um acidente, uma vez que a utilização de somente três conjuntos de cintas mostrou-se
insuficiente para resistir às tensões causadas pelo movimento da bobina. Dessa forma, evitando gastos
materiais e potencialmente salvando vidas.

7. Custo

O valor do custo do projeto acima será de:

Valor/Hora: R$ 300
Horas demandadas: 48 horas
Valor Total: R$ 14.400
8. Fontes

Os conteudos externos foram retirados de:

 https://www.caminhoes-e-carretas.com/2017/10/contran-estabelece-novas-regras-para.html#:~:text=-
%20Bobinas%20com%20eixo%20paralelo%20ao,posicionado%20no%20centro%20da%20bobina.

 https://www.sonelastic.com/pt/fundamentos/tabelas-propriedades-materiais/polimeros.html

 https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-denatran/resolucoes-contran

 https://www.spanset.com/uploads/br/Cat%C3%A1logo%20Amarra%C3%A7%C3%A3o%20de%20Cargas%20
DIGITAL.pdf

 http://dginox.com.br/produtos/bobinas.html

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