Você está na página 1de 4

ORIENTAÇÃO TÉCNICA Nº 06: CRITÉRIOS TÉCNICOS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO

HIDROSSANITÁRIO – ÁGUAS PLUVIAIS

APLICABILIDADE:
Apresenta os critérios técnicos a serem considerados na elaboração do Projeto Hidrossanitário de toda e
qualquer edificação urbana no município de São José, no que tange às instalações de ÁGUAS PLUVIAIS.
Não substitui o atendimento integral da legislação e normativas vigentes sobre o assunto, servindo apenas
como uma orientação técnica ao projetista.

1. Requisitos básicos de projeto

1.1.O memorial deve incluir o dimensionamento do sistema de aproveitamento de águas pluviais,


quando houver (reservatórios e sistema de recalque).

1.2.Devem ser apresentadas as plantas dos pavimentos e cobertura, com a representação de


todos os dispositivos essenciais ao funcionamento da coleta e condução das águas pluviais
da edificação: calhas, condutores verticais, condutores horizontais e caixas de areia/inspeção.

1.3.Deve ser apresentado o detalhamento (planta e corte) da caixa de areia/inspeção.

1.4.No caso de implantação de sistema de aproveitamento de águas pluviais, devem ser


representados no projeto todos os elementos desse sistema: área de captação na cobertura,
projeção do reservatório/cisterna, respectivas tubulações de entrada e saída,
tubulações/colunas de distribuição, pontos de utilização devidamente identificados. Também,
deve ser apresentado o detalhamento do reservatório/cisterna de água pluvial, com as
respetivas tubulações e elementos previstos na NBR 15527/07.

1.5.Para edificações com 4 ou mais pavimentos, deve ser apresentado o esquema vertical de
águas pluviais, incluindo o sistema de aproveitamento.

2. Rede predial de águas pluviais

2.1.O sistema de coleta e condução das águas pluviais é constituído por calhas, condutores
verticais, condutores horizontais e caixas de areia/inspeção.

2.2.O dimensionamento das calhas e condutores de águas pluviais deve seguir os requisitos
contidos no item 5 da NBR 10844/89, com base na vazão de projeto, obtida a partir da área
de captação e intensidade pluviométrica. O diâmetro das calhas e condutores deve estar
indicado no projeto, sendo dispensável a apresentação dos cálculos realizados.

2.3.Dados pluviométricos da cidade de São José podem ser obtidos junto à EPAGRI/CIRAM.
Alternativamente, pode-se adotar os valores referentes à cidade de Florianópolis, constantes
na Tabela 5 da NBR 10844/89.

DOCUMENTO SUJEITO À REVISÃO.


ORIENTAÇÃO TÉCNICA Nº 06: CRITÉRIOS TÉCNICOS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO
HIDROSSANITÁRIO – ÁGUAS PLUVIAIS

2.4.Nas tubulações enterradas, devem ser previstas caixas de areia sempre que houver conexão
com outras tubulações, mudança de declividade, mudança de direção e ainda a cada trecho
de 20 metros nos percursos retilíneos (item 5.7.4 da NBR 10844/89).

2.5.As caixas pluviais grelhadas devem ser projetadas de maneira que não seja possível o
acúmulo de água no interior das mesmas. Usualmente, adota-se brita no fundo das caixas.

2.6.Em residências geminadas, as instalações de drenagem pluvial devem ser projetadas de


forma independente para cada unidade habitacional (calhas, tubulações e caixas pluviais
independentes).

3. Sistema de Aproveitamento de Águas Pluviais

3.1.Conforme a Lei Municipal n° 5.938/20, para edificações com 4 (quatro) ou mais pavimentos ou
área total construída igual ou superior a 750,00 m² (setecentos e cinquenta metros
quadrados), independente do tipo de uso, fica obrigatório a implantação de sistema de
aproveitamento de águas pluviais.

3.2.A concepção do sistema de aproveitamento de águas pluviais deve atender integralmente à


NBR 15527/2007.

3.3. Os componentes básicos de um sistema de aproveitamento de águas pluviais são:

Área de captação;
Calhas e condutores verticais e horizontais;
Tratamento;
Armazenamento;
Tubulações de distribuição e ponto de uso.

3.4.Poderão ser aproveitadas somente as águas pluviais coletadas em coberturas e telhados


onde não haja circulação de pessoas, veículos ou de animais e cujo material de fabricação
não seja tóxico e/ou com pinturas a base zinco, cromo e chumbo.

3.5.A área de captação, em m², projetada na horizontal da superfície impermeável da cobertura


onde a água é captada, deve ser claramente identificada no projeto. O volume diário captado
de águas pluviais deve ser calculado com base na fórmula abaixo:

Vdc= Área captação (m²) x Intensidade pluviométrica diária (mm)


Vdc= (litros)

3.6.O aproveitamento das águas pluviais é permitido para os seguintes usos: descargas em
bacias sanitárias, irrigação de jardins ornamentais e gramados, lavagem de veículos, limpeza
de calçadas e ruas, lavagem de contentores de lixo e espelhos d´água.

DOCUMENTO SUJEITO À REVISÃO.


ORIENTAÇÃO TÉCNICA Nº 06: CRITÉRIOS TÉCNICOS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO
HIDROSSANITÁRIO – ÁGUAS PLUVIAIS

Reservatório

3.7.O dimensionamento do reservatório para armazenamento das águas pluviais deverá levar em
conta, além da área de captação e intensidade pluviométrica, os usos pretendidos, conforme
parâmetros apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Parâmetros de dimensionamento dos usos pretendidos

Uso pretendido Parâmetro Observação


Descarga em bacia sanitária com caixa acoplada 6 litros/descarga 5 descargas/pessoa/dia (1)
Descarga em bacia sanitária com válvula 1,8 l/s (2) 5 descargas/pessoa/dia (1)
Irrigação de jardins ou gramado 2 litros/m² Duas vezes por semana
Lavagem de veículos 150 litros/lavagem Uma vez por semana
Limpeza de calçadas e ruas 4 litros/m² Duas vezes ao mês
Lavagem de contentores 10 litros/contentor Uma vez por semana
Lavagem de roupas 170 litros/ciclo Um ciclo diário
¹ Para população transitória poderá ser considerado 0,50 descargas/pessoa/dia (considerar os turnos se for o caso).
Entende-se como população transitória, pessoas que frequentam cinemas, teatros, supermercados, refeitórios, escolas
(alunos – não de período integral), templos religiosos e semelhantes. Funcionários não são considerados como
população transitória. Casos omissos serão analisados pontualmente considerando o contexto do projeto.
² Mínimo 5 segundos por descarga.

3.8.Sugere-se que o volume mínimo do reservatório de aproveitamento de águas pluviais atenda


a, no mínimo, 10 dias da demanda diária.
3.9.O reservatório de águas pluviais deve possuir extravasor, cobertura e dispositivos para:
§ Permitir a sua limpeza periódica;
§ Minimizar o turbilhonamento, evitando-se a ressuspensão de sólidos e o arraste de
materiais flutuantes;
§ Proteção contra conexão cruzada, quando do uso de água potável na alimentação
alternativa; A entrada de água potável deve estar acima da cota do extravasor em no mínimo
de 10cm;
§ Retirada da água do reservatório próximo da superfície (15 cm abaixo da lamina d’água);
§ Ventilação; e
§ Para grandes volumes de armazenamento, prever a instalação de tampa de inspeção.
3.10. A alimentação alternativa de água potável no reservatório pluvial é necessária apenas para
sistemas com uso em bacias sanitárias, quando não houver rede alternativa de água potável
no ponto de consumo.
3.11. A alimentação alternativa com água potável deve ser acionada quando o volume de água no
reservatório chegar a, no mínimo, 10% do seu volume útil, sendo essa alimentação limitada a,
no máximo, 30% do volume útil do reservatório.

DOCUMENTO SUJEITO À REVISÃO.


ORIENTAÇÃO TÉCNICA Nº 06: CRITÉRIOS TÉCNICOS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO
HIDROSSANITÁRIO – ÁGUAS PLUVIAIS

Tratamento das águas pluviais

3.12. Independentemente do uso pretendido para as águas pluviais captadas, o tratamento da


água será compreendido pelas seguintes etapas:
§ Remoção de detritos;
§ Descarte do escoamento inicial
§ Desinfecção;
3.13. O dispositivo de remoção de detritos tem a função de reter sólidos grosseiros carreados pela
água. Podem ser utilizadas grades e telas que atendam à NBR 12213/92, ou modelos de
filtros disponíveis no mercado específicos para determinada área de captação.
3.14. O dispositivo do escoamento inicial deve ser instalado após a remoção de detritos, e ser
dimensionado pelo projetista, considerando um descarte mínimo de 2 mm da precipitação
inicial. O sistema de extravasão do dispositivo deve ser automático e de fluxo contínuo
(gotejamento sem torneira).
3.15. O volume mínimo do dispositivo de descarte das primeiras águas a ser instalado deve ser
calculado com base na fórmula abaixo: Vdd= Área captação (m²) x 0,002 m. A parcela de
água descartada deve ser direcionada ao sistema público de coleta de águas pluviais ou
infiltrada no solo na área do imóvel.
3.16. O método de desinfecção (derivado clorado, raios ultravioleta, ozônio e outros) deverá ser
selecionado pelo projetista, de forma a se obter ausência de coliformes totais e
termotolerantes em 100 mL de água. Ainda, em caso de utilização de compostos clorados,
deve-se garantir cloro residual livre entre 0,5 mg/L e 3,0 mg/L.

Tubulações de distribuição e ponto de uso

3.17. As tubulações de distribuição de águas pluviais devem ser independentes do sistema de


água potável, não permitindo a conexão cruzada em qualquer trecho.
3.18. Pontos de uso como torneiras de jardim e de limpeza devem ser identificados com placa de
advertência com a seguinte inscrição “Água não potável”, bem como identificação gráfica.

REFERÊNCIAS:

Lei Municipal nº 5.938/20.


NBR 10844/89 – Instalações prediais de águas pluviais.
NBR 15527/07 – Água de chuva – Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não
potáveis – Requisitos.
Orientação Técnica OT 05 – Gerência de Vigilância Sanitária e Ambiental/Análise de Projetos –
Florianópolis, 2018, REV 01.

DOCUMENTO SUJEITO À REVISÃO.

Você também pode gostar