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RESUMO – LIVRO (COLETA E TRANSPORTE DE ESGOTO SANITÁRIO)

CAPÍTULO 1 - SISTEMAS DE ESGOTOS

Tipos de sistemas de esgotos:


• Sistema de esgotamento unitário, ou sistema combinado;
• Sistema de esgotamento separador parcial;
• Sistema separador absoluto;

No Brasil, basicamente utiliza-se o sistema separador absoluto.

CAPÍTULO 2 - CONCEPÇÃO DE SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO

Objetivos da concepção:
• Identificação e quantificação de todos os fatores intervenientes com o
sistema de esgoto;
• Diagnóstico do sistema existente, considerando a situação atual e futura;
• Estabelecimento de todos os parâmetros básicos de projeto;
• Pré dimensionamento das unidades dos sistemas, para as alternativas
selecionadas;
• Estabelecimento das diretrizes gerais de projeto e estimativa das
quantidades de serviços que devem ser executados na fase de projeto.

Partes de um sistema de esgoto sanitário

• Rede coletora;
• Interceptores;
• Emissário;
• Sifão invertido;
• Corpo de água receptor;
• Estação elevatória;
• Estação de tratamento.

Órgãos acessórios das redes

• Terminal de Limpeza (TL): tubo que permite a introdução de equipamento


de limpeza e substitui o poço de visita no início dos coletores;
• Caixa de Passagem (CP): câmara sem acesso localizadas em curvas e
mudanças de declividade;
• Tubo de Inspeção e Limpeza (TLI): dispositivo não visitável que permite
inspeção e introdução de equipamentos de limpeza.
Tipos de traçado de rede

O traçado da rede de esgotos está estreitamente relacionado à topografia da


cidade, uma vez que o escoamento se processa segundo o caimento do terreno.
Assim, pode-se ter os seguintes tipos de rede:
• Perpendicular: em cidades atravessadas ou circundada por cursos
d’água.
• Leque: é o traçado próprio a terrenos acidentados.
• Radial ou distrital: é o sistema característico de cidades planas.

Localização da tubulação na via pública

A escolha da posição da rede na via pública depende dos seguintes fatores:


• Conhecimento prévio das interferências (galerias de águas pluviais, cabos
telefônicos e elétricos, adutoras, redes de água, tubulação de gás);
• Profundidade dos coletores;
• Tráfego;
• Largura da rua;
• Soleiras dos prédios etc.

Quando existir apenas uma tubulação de esgoto sanitário na rua, ela poderá ser
executada no eixo do leito carroçável ou ser assentada lateralmente, distando
1/3 da largura entre o eixo e o meio-fio, quando o eixo for ocupado por galerias
pluviais, por exemplo.
Dependendo das condições da via pública, pode-se assentar uma tubulação
(rede simples), ou até duas tubulações (rede dupla).

Rede dupla

Utilizada na ocorrência de pelo menos um dos seguintes casos:


• Vias com tráfego intenso;
• Vias com largura entre os alinhamentos dos lotes igual ou superior a 14m
para ruas asfaltadas, ou 18m para ruas de terra;
• Vias com interferências que impossibilitem o assentamento do coletor no
leito carroçável, ou que constituam empecilho à execução das ligações
prediais.

A rede dupla pode estar situada no passeio, no terço, ou uma rede no passeio e
outra no terço da rua.

Rede simples

Utilizada quando não ocorrer nenhum dos caso citados anteriormente. Os


coletores serão lançados no eixo carroçável, ou não terço do leito carroçável.
Caso em um dos lados da uma existam soleiras negativas, o coletor deverá ser
lançado no terço correspondente.
Outros fatores que interferem no traçado da rede de coletores

§ Profundidades máximas e mínimas:


Em função da maior ou menor dificuldade de escavação, na fase de
concepção serão estabelecidas as profundidades máximas que deverão
ser adotadas no projeto.
Normalmente, as profundidades máximas das redes de esgotos não
ultrapassam 3,0 a 4,0 m. Para coletores situados a mais de 4,0 m de
profundidade, devem ser projetados coletores auxiliares mais rasos para
receberem as ligações prediais.
Para coletor assentado no leito da via de tráfego, o recobrimento da
tubulação não deve ser inferior a 0,90 m, e para coletor assentado no
passeio a 0,65 m.

§ Interferências:
Dentre as principais interferências que devem ser consideradas colocam-
se as canalizações de drenagem urbana, os cursos de água que
atravessam a área urbana e as grandes tubulações de água potável.

§ Aproveitamento de canalizações existentes:


A concepção deverá considerar o aproveitamento do sistema de coletores
existentes.

§ Planos diretores de urbanização:


É importante que a concepção da rede leve em consideração os planos
diretores de urbanização.

Sistemas alternativos para coleta e transporte de esgoto sanitário

As redes de esgotos representam 75% do custo de implantação de um sistema


de esgoto sanitário, os coletores tronco 10%, as elevatórias 1%, e as estações
de tratamento 14%. Devido ao alto custo de construção das redes, têm sido
apresentados sistemas alternativos para coleta e transporte, visando a
diminuição dos custos das redes de esgotos. Os principais sistemas são:
• Sistema condominial de esgoto;
• Redes de coleta e transporte de esgoto decantado;
• Rede pressurizada e a vácuo;
• Rede coletora de baixa declividade com a utilização do dispositivo gerador
de descarga.

Características técnicas do sistema condominial

• Diâmetro da ligação ao ramal condominial: 100 mm, com declividade


mínima de 1%;
• Diâmetro mínimo do ramal condominial: 100 mm, com declividade mínima
de 0,006 m/m;
• Utilização das caixas de inspeção no interior das quadras, com
recobrimento mínimo de 0,30 m.
Comparação entre o sistema condominial e o convencional

Principais vantagens do sistema condominial:

• Menor extensão das ligações prediais e coletores públicos;


• Baixo custo de construção dos coletores, cerca de 57,5% mais
econômicos que os sistemas convencionais;
• Custo menor de operação;
• Maior participação dos usuários.

Principais desvantagens do sistema condominial:

• Uso indevido dos coletores de esgoto, tais como, lançamento de águas


pluviais e resíduos sólidos urbanos;
• Menor atenção na operação e manutenção dos coletores;
• Coletores assentados em lotes particulares, podendo haver dificuldades
na inspeção, operação e manutenção pelas empresas que operam o
sistema;
• O êxito desse sistema depende fundamentalmente da atitude dos
usuários, sendo imprescindível uma boa comunicação, explicação,
persuasão e treinamento.

CAPÍTULO 3 - VAZÕES DE ESGOTOS

Em nosso país, os sistemas públicos de esgotos são projetados considerando-


se o sistema separador absoluto e tendo acesso à rede coletora os seguintes
tipos de líquidos residuários:
• Esgoto doméstico;
• Águas de infiltração;
• Resíduos líquidos industriais.
O conjunto desses líquidos é denominado esgoto sanitário.

Esgoto doméstico

A contribuição do esgoto doméstico depende dos seguintes fatores:

• População da área de projeto;


• Contribuição per capita;
• Coeficiente de retorno esgoto/água;
• Coeficientes de variação de vazão.

Coeficiente de Retorno: Relação Esgoto/Água

De modo geral, o coeficiente de retorno situa-se faixa de 0,5 a 0,9, dependendo


das condições locais.
A NBR 9649 da ABNT recomenda o valor de 0,8 para o coeficiente de retorno,
na falta de valores obtidos em campo.
Coeficientes de variação de vazão

Para o projeto dos sistemas de esgoto sanitário são importantes os seguintes


coeficientes:
• K1, coeficiente de máxima vazão diária – é a relação entre a maior vazão
diária verificada no ano e a vazão média diária anual;
• K2, coeficiente de máxima vazão horária – é a relação entre a maior vazão
observada num dia e a vazão média horária do mesmo dia;
• K3, coeficiente de mínima vazão horária – é a relação entre a vazão
mínima e a vazão média anual.
Na falta de valores obtidos através de medições, a NBR – 9649 da ABNT
recomenda o uso de K1 = 1,2, K2 = 1,5 e K3 = 0,5.

Infiltrações

As águas do subsolo penetram nos sistemas através dos seguintes meios:

• Pelas juntas das tubulações;


• Pelas paredes das tubulações;
• Através das estruturas dos poços de visita, tubos de inspeção e limpeza,
terminal de limpeza, caixas de passagem, estações elevatórias etc.

De acordo com a NBR 9649 “TI, Taxa de contribuição de infiltração, depende de


condições locais tais como: NA do lençol freático, natureza do subsolo, qualidade
da execução da rede, material da tubulação e tipo de junta utilizado. O valor entre
0,05 a 1,0 l/s.km adotado deve ser justificado”.

Despejos industriais

Pela legislação em vigor, a vazão máxima não deverá ser superior a 1,5 vezes
a vazão média diária.

CAPITULO 4 – PROJETO DE REDES COLETORAS DE ESGOTO SANITÁRIO

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CRITÉRIO DA TENSÃO TRATIVA E


AUTOLIMPEZA DOS COLETORES

O projeto hidráulico-sanitário das tubulações de esgoto envolve considerações


sobre três aspectos principais:

• Hidráulicos: as tubulações funcionando como condutos livres deverão


transportar as vazões máximas e mínimas previstas no projeto;
• Reações bioquímicas: controle de sulfeto de hidrogênio;
• Deposição de materiais sólidos encontrados no esgoto – ação de
autolimpeza.
Tensão trativa e o arraste de materiais sólidos

A tensão trativa crítica é definida como uma tensão mínima necessária para o
início do movimento das partículas depositadas nas tubulações de esgoto. Seu
valor é normalmente determinado através de pesquisas em campo, ou em
laboratório, pois depende de vários fatores, tais como:
• Peso específico da partícula e do líquido;
• Dimensões da partícula;
• Viscosidade do líquido.
A maioria das pesquisas realizadas, a respeito da tensão trativa crítica para
promover a autolimpeza em coletores de esgoto, chegaram a valores entre 1,0
e 2,0 Pa.
Pela NBR 9649 a tensão trativa mínima para autolimpeza dos coletores de
esgoto é de 1,0 Pa.

Tensão trativa e o controle de sulfetos

A tensão de 1,5 Pa praticamente inibe a formação de sulfetos em coletores acima


de 500 mm. Para o dimensionamento dos interceptores, a norma brasileira NB
568 de 1989 recomenda a tensão de 1,5 Pa, pois para estes condutos,
geralmente são utilizadas tubulações de concreto que são atacadas pelo ácido
sulfúrico. Foi observado que a tensão trativa de 1,0 Pa atende as condições de
autolimpeza, tanto para redes como para interceptores.

Critérios de dimensionamento

Vazão mínima considerada para dimensionamento hidráulico

A NBR 9649 recomenda que, em qualquer trecho da rede coletora, o menor valor
de vazão a ser utilizada nos cálculos é de 1,5 l/s. Sempre que a vazão de jusante
do trecho for inferior a 1,5 l/s, para cálculos hidráulicos deste trecho deve-se
utilizar o valor 1,5 l/s.

Diâmetro mínimo

A NBR 9649 admite um diâmetro de 100 mm (DN 100) como mínimo a ser
utilizado em redes coletoras de esgoto sanitário. Entretanto, em São Paulo, o
diâmetro mínimo adotado é de 150 mm (DN 150). Excepcionalmente, em casos
especiais, tais como coletores auxiliares com vazões pequenas, pode ser
utilizado o diâmetro 100 mm (DN 100).
Portanto, o diâmetro mínimo das redes coletoras deve ser estabelecido de
acordo com as condições locais.

Declividade mínima

A declividade a ser adotada deverá proporcionar, para cada trecho da rede, uma
tensão trativa igual ou superior a 1,0 Pa, calculada para vazão inicial.
Declividade máxima

A máxima declividade admissível é aquela para a qual se tenha velocidade na


tubulação igual a 5,0 m/s, para a vazão de final de plano.

Lâmina d’água máxima

Nas redes coletoras as tubulações são projetadas para funcionar com lâmina
igual ou inferior a 75% do diâmetro da tubulação.

Lâmina d’água mínima

Pelo critério da tensão trativa haverá autolimpeza nas tubulações de esgoto,


desde que pelo menos uma vez por dia atinja uma tensão trativa igual ou superior
a 1,0 Pa, qualquer que seja a altura da lâmina d’água. Portanto, não se limita a
lâmina d’água mínima.

Velocidade crítica

Quando a velocidade final (Vf) é superior à velocidade crítica (Vc), a lâmina


d’água máxima deve ser reduzida para 50% do diâmetro do coletor.

Condições de controle de remanso

Sempre que a cota do nível de água na saída de qualquer PV ou TIL ficar acima
de qualquer das cotas dos níveis de água de entrada, deve ser verificada a
influência do remanso no trecho de montante.

Órgãos acessórios das redes coletoras

Poços de Visita (PV)

Trata-se de uma câmara que, através de abertura existente em sua parte


superior, permite o acesso de pessoas e equipamentos para executar trabalhos
de manutenção. A distância máxima entre PVs, era aquela que permitia o
alcance dos instrumentos de limpeza, normalmente 100 m.
Os poços de visita são obrigatórios nos seguintes casos:

• Na reunião de coletores com mais de três entradas;


• Na reunião de coletores quando há necessidades tubo de queda;
• Na extremidade de sifões invertidos e passagens forçadas;
• Profundidades maiores que 3,0 m;
• Diâmetro de tubos igual ou superior a 400 mm.
Tubo de Inspeção e Limpeza (TIL) ou Poço de Inspeção (PI)

Dispositivo não visitável que permite inspeção visual e introdução de


equipamentos de limpeza. Pode ser usado em substituição ao PV nos seguintes
casos:

• Na reunião de coletores (até 3 entradas e uma saída);


• Nos pontos com degrau de altura inferior a 0,60 m;
• A jusante de ligações prediais cujas contribuições podem acarretar
problemas de manutenção;
• Em profundidades até 3,0 m.

Terminal de Limpeza (TL)

Dispositivo que permite introdução de equipamentos de limpeza, localizado na


cabeceira do coletor. Pode ser usado em substituição ao PV no início dos
coletores.

Caixa de Passagem (CP)

Câmara sem acesso, localizada em pontos singulares por necessidade


construtiva e que permite a passagem de equipamento para limpeza do trecho a
jusante. Pode ser utilizada em substituição ao PV nos casos em que houver
mudanças de: direção, declividade, diâmetro e material. A caixa só poderá ser
executada quando a declividade de montante for maior ou igual a 0,007 m/m
para DN 150 e 0,005 m/m para DN 200, com exceção dos pontos de cabeceira.

Degrau

Quando o coletor chega ao PV com diferença de cota inferior a 0,60 m, executa-


se o degrau, ou seja, o coletor afluente lança seus esgotos diretamente no PV.
Para desníveis menores ou iguais a 0,20 m, pode ser eliminado o degrau,
afundando-se o coletor.

Tubo de Queda

Dispositivo instalado no poço de visita (PV), ligando um coletor afluente em cota


mais alta ao fundo do poço.
O tubo de queda deve ser colocado quando o coletor afluente apresentar degrau
com altura maior ou igual a 0,60 m para evitar respingos que prejudiquem o
trabalho no poço. Não se deve colocar tubos de queda em TIL.

Distância entre singularidades

O espaçamento entre PV, TIL e TL consecutivos deve ser limitado pelo alcance
dos equipamentos de desobstrução. Normalmente, adota-se a distância de 100
m entre singularidades com acesso aos equipamentos de desobstrução.
Materiais das tubulações de esgoto

• Tubo cerâmico;
• Tubo de concreto;
• Tubo de plástico;
• Tubos de PVC;
• Tubos de polietileno de alta densidade;
• Tubos de poliéster armado com fios de vidro;
• Tubos de ferro fundido;
• Tubos de fibrocimento;
• Tubos de aço.

Ligações prediais

Sistemas de ligações

Em função da posição da rede coletora na via pública, da sua profundidade, do


tipo de terreno, do tipo de pavimentação, da época de execução da rede em
relação à ocupação dos lotes, do conhecimento das testadas dos lotes não
edificados, bem como das razões de ordem econômicas, podem ser previstos os
seguintes sistemas de ligações:

• Sistema ortogonal – ligações simples;


• Sistema ortogonal – ligações múltiplas;
• Sistema radial – ligações múltiplas.

CAPÍTULO 5 - INTERCEPTORES DE ESGOTO

Interceptor é uma canalização que recebe coletores ao longo de seu


comprimento, não recebendo ligações prediais diretas e geralmente localizado
próximo de cursos de água ou lagos. Os interceptores de pequeno diâmetro são
dimensionados como redes coletoras, obedecendo a NBR 9649/1986. No
entanto, os de grandes dimensões devem ser dimensionados de acordo com a
NB 568.

Condições específicas a serem atendidas em projeto

• Os efeitos de agitação excessiva devem ser sempre evitados, não sendo


permitidos degraus e alargamentos bruscos;
• As ligações ao interceptor devem ser sempre através dos dispositivos
especialmente projetados para evitar conflito de linhas de fluxo e
diferenças de cota que resulte agitação excessiva;
• A distância máxima entre poços de visita deve ser limitada pelo alcance
dos meios de desobstrução a serem utilizados;
• Ao longo do interceptor devem ser dispostos extravasores com
capacidade conjunta que permita o escoamento da vazão final relativa ao
último trecho;
• Devem ser estudados meios capazes de minimizar e mesmo eliminar a
contribuição pluvial parasitária.

Materiais utilizados em interceptores

Os principais materiais utilizados em interceptores de esgoto são:

• Tubos de concreto – utilizados para diâmetros igual ou maior que 400 mm;
• Tubos de ferro fundido – usados em linhas de recalque e travessias;
• Tubos de aço – usados em linhas de recalque e travessias.

Poços de visita em interceptores

Nos interceptores sempre são utilizados os poços de visita. A distância


recomendada entre os PVs são:

• Para diâmetros acima de 1200 mm: 200 m;


• Para diâmetros de 400 a 1200 mm: 120 a 150 m, dependendo das
condições hidráulicas do coletor;
• Para diâmetros menores que 400 mm: 100m.

CAPÍTULO 6 - SIFÕES INVERTIDOS

No projeto de obras para coleta e transporte de esgoto sanitário é frequente a


necessidade de transpor obstáculos como córregos, rios, galerias de águas
pluviais, adutoras, linhas de metrô etc. A transposição desses obstáculos poderá
ser feita por cima ou por baixo. Para transpor o obstáculo por baixo, é possível
aprofundar apenas a tubulação mantendo-se o escoamento em conduto livre ou
aprofundar e, após o obstáculo, elevá-la outra vez até atingir uma cota apenas
ligeiramente inferior a cota da tubulação logo a montante do aprofundamento, a
fim de vencer o obstáculo. Neste caso, o escoamento se dá em conduto forçado
e a obra de transposição do obstáculo é denominada de sifão invertido ou falso
sifão.

Velocidades

A maioria dos trabalhos publicados a respeito de sifões invertidos indica que o


escoamento no sifão com velocidade igual ou superior a 0,9 m/s, além de impedir
a deposição de material sólido na tubulação, é capaz de arrastar a areia já
depositada.
Assim, um critério racional para o dimensionamento de sifões invertidos é a
imposição de se ter em qualquer época uma velocidade maior ou igual a 0,9 m/s
para a vazão máxima de esgotos de um dia qualquer.
A imposição de uma velocidade mínima de 0,9 m/s não é um critério de
dimensionamento adequado e leva a valores excessivos de perda de carga no
sifão para as vazões máximas.
Um critério de dimensionamento que vem sendo adotado com êxito pela
SABESP é o de se garantir uma velocidade igual ou superior a 0,6 m/s para a
vazão média, ao longo de todo o período de projeto.
A velocidade máxima é função das características do material do sifão e da
carga disponível e, em geral, não deverá ser maior do que 3,0 a 4,0 m/s.

Diâmetro mínimo

É prática usual a adoção do diâmetro mínimo de 150 mm.

Número de tubulações

O sifão invertido deverá ter no mínimo duas tubulações, a fim de possibilitar o


isolamento de uma delas sem prejuízo de funcionamento, quando for necessária
a execução de reparos ou desobstrução.

Perfil do sifão

O perfil que tem sido normalmente utilizado é o que se assemelha a um trapézio


com a base menor para baixo sem a base maior. Emprega-se ainda sifões com
perfil em U, dependendo do espaço disponível para sua implantação.
Os tubos de um sifão podem ser construídos obliquamente, verticalmente ou
mistos.
Embora a escolha do perfil seja função das condições locais e do espaço
disponível para sua implantação, é de fundamental importância que se procure
projetar o sifão com ângulos suaves que permitam a utilização de equipamentos
mais simples de limpeza e desobstrução.

Câmaras visitáveis

O sifão deve ser projetado com duas câmaras visitáveis: câmara de montante ou
de entrada e câmara de jusante ou de saída.
A distribuição do fluxo para as tubulações na câmara de montante poderá ser
feita através de vertedores laterais ou da operação de stop-logs ou comportas.
Em geral, tem sido utilizada a alternativa de stop-logs que possui a vantagem de
poder distribuir melhor as vazões, de modo a manter sempre uma velocidade
mínima de autolimpeza. Por outro lado, essa alternativa tem a desvantagem de
requerer a entrada de pessoas na câmara de montante para efetuar a operação
dos stop-logs.
A utilização do vertedor lateral tem a vantagem de dispensar a entrada de
pessoas na câmara, porém ocasiona maior perda de carga, pois pode ser
considerado um obstáculo submerso quando o escoamento passa sobre ele.
Ventilação

A retirada de ar é feita através de tubulação com diâmetro variando de um


décimo até metade do diâmetro do sifão. Quando se interliga as duas câmaras,
essa tubulação geralmente é localizada em paralelo às tubulações do sifão.

Extravasor

A possibilidade de ocorrência de acidentes, quebras, entupimentos etc. que


podem interromper o funcionamento do sifão requer a instalação de dispositivos
de extravasão ou de descarga.

Materiais

Para o sifão invertido podem ser utilizados tubos de ferro fundido dúctil, concreto
armado, aço ou plástico.

CAPÍTULO 7 - CORROSÃO E ODOR EM SISTEMAS DE COLETA E


TRANSPORTE DE ESGOTO SANITÁRIO

Sistemas de coleta e transporte de esgoto sanitário apresentam um elevado


potencial de formação de produtos que são passíveis de gerar odores ofensivos
e corrosão dos condutos de esgotos quando estes são de cimento ou metálicos
(aço ou ferro fundido).
As substâncias responsáveis pela geração de odores ofensivos encontradas em
esgoto sanitário são, de modo geral, resultantes de decomposição anaeróbia de
matéria orgânica contendo enxofre e nitrogênio e, principalmente, pela redução
de sulfatos e sulfetos, também em anaerobiose.
O sulfeto de hidrogênio (H2S) ou gás sulfídrico, é o mais importante gás
observado em sistemas de coleta e transporte de esgoto sanitário, associado à
produção de odores desagradáveis, corrosão e toxidez.

Origem

Sulfetos em esgoto sanitário podem ser provenientes de despejos industriais, de


águas de infiltração, da decomposição anaeróbica de matéria orgânica contendo
enxofre, pela redução de tiosulfato, enxofre livre e outros compostos inorgânicos
de enxofre, porém, sua principal origem é a redução do íon sulfato (SO42-),
presente no esgoto.

Controle de corrosão por sulfeto de hidrogênio

Para o controle de corrosão por H2S, o ideal é não permitir a sua formação, ou
quando não possível, minimizá-la.
A NBR 9649 e a NB 568, ao imporem os valores mínimos de tensão de arraste
de 1,0 Pa e 1,5 Pa respectivamente, visam evitar a formação de depósito de
material sólido nas tubulações e minimizar a formação do limo biológico nas
paredes das tubulações, evitando ou minimizando a geração de sulfetos no
sistema de coleta e transporte de esgoto.

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