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SISTEMAS PREDIAIS DE

DRENAGEM DE ÁGUAS
RESIDUAIS

TIPOS DE SISTEMAS
Drenagem gravítica

• Quando as águas residuais domésticas do edifício


são recolhidas a um nível igual ou superior ao do
arruamento onde se encontra instalado o colector da
rede pública, a sua ligação a este deve ser feita
única e exclusivamente por acção da gravidade
(Artigo 205 do Regulamento).
• A drenagem gravítica deve ser utilizada sempre que
possível, por ser a mais interessante do pontos de
vista técnico e económico, sendo também a que
oferece maiores garantias de fiabilidade e exige
menores cuidados na exploração.

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Drenagem com elevação

• Sempre que a recolha das águas residuais


domésticas do edifício se processa a um nível
inferior ao do arruamento onde está instalado o
colector da rede pública, estas devem de ser
elevadas por meios mecânicos e automáticos para o
nível do arruamento, a partir do qual e por gravidade
serão conduzidas para a rede pública (Artigo 205 do
Regulamento).

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Sistemas mistos de drenagem

• Quando existem num mesmo edifício recolhas de


águas residuais a níveis superior e inferior ao do
arruamento onde está instalado o colector da rede
pública.

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CONCEPÇÃO DOS SISTEMAS
DE DRENAGEM
• Os sistemas de drenagem predial devem ser
concebidos e dimensionados de forma a que a
drenagem das águas residuais seja rápida, que não
haja obstruções, os fechos hídricos dos sifões não
se percam e os ruídos sejam o mais reduzidos
possível.
• Tão importante como o correcto dimensionamento, é
o estabelecimento de um correcto traçado e
implantação.
• O traçado de uma rede de drenagem predial é
condicionado pela arquitectura, pelas estruturas, e
pelas outras redes de utilidades
• Exige-se coordenação e soluções compromisso com
as várias especialidades para que não se verifiquem
incompatibilidades entre elas.

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Aspectos regulamentares importantes

• Os sistemas de drenagem predial devem sempre


terminar numa câmara (câmara de ramal de ligação),
a partir da qual se estabelecerá a ligação ao sistema
público.
• A câmara do ramal de ligação deve situar-se fora da
edificação, em local facilmente acessível. Se tal não
for possível, pode ficar no interior do edifício, em
zona comum e de fácil acesso.
• Nas redes prediais é obrigatória a separação dos
sistemas de drenagem de águas residuais
domésticas dos de águas pluviais, a montante das
câmaras de ramal de ligação.
• Os sistemas prediais de drenagem de águas
residuais domésticas têm sempre ventilação
primária, que é obtida pelo prolongamento de tubos
de queda até à sua abertura na atmosfera.

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Aspectos regulamentares importantes

• Além deste tipo de ventilação, os sistemas devem


dispor, quando necessário, de ventilação
secundária, parcial ou total, realizada através de
ramais e colunas de ventilação.
• A rede de ventilação de águas residuais domésticas
deve ser independente de qualquer outro sistema de
ventilação do edifício.

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Aspectos regulamentares importantes

• É proibida a instalação de quaisquer dispositivos no


sistema predial de águas residuais que impeçam a
ventilação do sistema público através do sistema
predial.
• Todos os aparelhos sanitários instalados devem ser
dotados, individual ou colectivamente, de sifões, de
modo a garantir a não passagem de gases para o
interior das edificações.
• Não é permitida qualquer ligação entre o sistema
predial de distribuição de água e os sistemas
prediais de drenagem de águas residuais, para
prevenir a possibilidade de contaminação da água
distribuída.

Aspectos regulamentares importantes


• Nos sistemas de drenagem de águas residuais não
são permitidos lançamentos das matérias e
materiais a seguir discriminados:
 Matérias explosivas ou inflamáveis;
 Matérias radioactivas, em concentrações
consideradas inaceitáveis pelas
competentes entidades;
 Efluentes de laboratórios ou instalações
hospitalares que, pela sua constituição, possam pôr
em causa a saúde pública;
 Entulhos, areias ou cinzas;
 Efluentes a temperaturas superiores a 30 °C;
 Lamas provenientes de fossas sépticas, gorduras
ou óleos provenientes de câmaras de retenção;
 Sobejos de comida, triturados ou não;
 Efluentes de unidades industriais que contenham
matérias interditas regulamentarmente.

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Constituição dos sistemas de drenagem

Os sistemas de drenagem de águas residuais


domésticas são constituídos pelos seguintes
elementos:
• Ramais de descarga (2): canalização destinada ao
transporte das águas provenientes dos aparelhos
sanitários para o tubo de queda ou colector predial:
• Ramais de ventilação (4): canalização destinada a
assegurar o fecho hídrico nos sifões, quando tal não
seja feito por outra forma;
• Tubos de queda (3): canalizações destinadas a
receber as descargas provenientes dos pisos mais
elevados, a transportá-las para os colectores
prediais, e a ventilar a rede predial e pública;
• Colunas de ventilação (5): canalização destinada a
completar a ventilação feita através do tubo de
queda;

Constituição dos sistemas de drenagem

• Colectores prediais (7): canalizações destinadas a


receber as descargas dos tubos de queda e dos
ramais de descarga provenientes do piso adjacente,
e transportá-las para outro tubo de queda ou ramal
de ligação;
• Ramal de ligação (9): canalização compreendida
entre a câmara de ramal de ligação e o colector
público de drenagem, destinada a conduzir as
águas residuais provenientes da rede predial para a
rede pública;
• Acessórios: dispositivos a intercalar nos sistemas,
no sentido de possibilitar as operações de
manutenção e conservação e a retenção de
determinadas matérias, e de garantir as condições
de habitabilidade dos espaços ocupados.

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Simbologia de representação dos sistemas de
drenagem

• Na elaboração dos projectos das redes prediais


recorre-se à representação simbólica dos
elementos constituintes do sistema.
• Para possibilitar uma mais fácil leitura e
entendi-mento pelo universo dos projectistas, é de
todo o interesse que todos utilizem a mesma
simbologia, a qual deve ser sempre indicada em
todas as peças desenhadas.

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IMPLANTAÇÃO E TRAÇADO
DAS REDES
Ramais de descarga

• Ramais de descarga individuais, quando servem


apenas um aparelho sanitário;
• Ramais de descarga não individuais, quando servem
mais do que um aparelho sanitário.
• Devem obedecer ao princípio dos traçados
varejáveis - troços rectilíneos unidos por curvas de
concordância ou caixas de reunião, facilmente
desobstruíveis sem necessidade de proceder à sua
desmontagem.

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Ramais de descarga

• Os troços verticais dos ramais de descarga não


podem exceder, em caso algum, 2 m de altura.
• As inclinações dos ramais de descarga, individuais e
não individuais, devem estar compreendidas entre
10 e 40 mm/m.

• A ligação de vários aparelhos a um mesmo ramal


de descarga (não individual) deve fazer-se
através de caixas de reunião ou forquilhas.

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• Os ramais de descarga individuais de outros
aparelhos só podem ser ligados a ramais de
descarga de bacias de retrete, quando estejam
dotados de ventilação secundária.

• Os ramais de descarga de urinóis só podem ser


ligados a ramais de descarga de águas de sabão
se a descarga for efectuada através de caixas de
reunião, ou nas situações em que os ramais dos
outros aparelhos estejam dotados de ventilação
secundária.

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• A ligação dos ramais de descarga aos tubos de
queda deve ser realizada através de forquilhas; a
ligação aos colectores prediais deve fazer-se
através de forquilhas ou de câmaras de
inspecção.

• Os ramais de descarga de bacias de retrete


devem preferencialmente ser ligados ao tubo de
queda em planos horizontais distintos dos
ramais de descarga de águas de sabão; quando
tal não se verifique, deverão ser utilizadas
forquilhas de ângulo de inserção não superior a
45°.

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• Os ramais de descarga podem ser instalados à
vista, embutidos, em caleiras, enterrados, em
galerias ou em tectos falsos.

• Os ramais de descarga não podem ser


instalados sob elementos de fundação, em zonas
de acesso difícil, ou embutidos em elementos
estruturais.

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Ramais de ventilação

• Os ramais de ventilação devem ser constituídos por


troços rectilíneos, ligados entre si por curvas de
concordância.
• Os troços verticais devem prolongar-se de modo a
atingirem uma altura não inferior a 0,15 m acima do
nível superior do aparelho sanitário que ventilam.
• Os troços horizontais, para ligação à coluna de
ventilação, devem possuir inclinação ascendente
não inferior a 2% (20 mm/m), de modo a
possibilitarem o escoamento dos condensados para
o ramal que ventilam.

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• A distância entre o ponto de inserção do ramal de
ventilação e o sifão do aparelho não deve ser
inferior a duas vezes o diâmetro do ramal de
descarga, nem superior aos valores referenciados
no ábaco do Anexo XVI do Regulamento:

• Os ramais de ventilação não devem ser cortados


pelas linhas piezométricas, de forma a evitar a
sua obstrução. Neste sentido, deverá respeitar-
se a relação: h2 / L1 ≥ h1 / L2

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• As bacias de retrete ou similares, quando
instalados em bateria, devem dispor
obrigatoriamente de ventilação secundária
individual em cada um dos aparelhos

• Nos aparelhos em bateria, exceptuando as


bacias de retrete e similares, no caso de não
existir ventilação secundária individual, os
ramais de ventilação colectivos devem ser
ligados aos ramais de descarga no máximo
de três em três aparelhos.

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• Os ramais de ventilação podem ser instaladas à
vista, embutidos, em caleiras, enterrados, em
galerias ou em tectos falsos.
• Na escolha dos percursos a seguir pelos ramais
de ventilação, sempre que possível e que tal não
ponha em causa o seu bom funcionamento, deve
optar-se por tubagens de menor extensão,
conduzindo a custos mais baixos.
• Em caso algum os ramais de ventilação devem
desenvolver-se sob elementos de fundação, em
zonas de acesso difícil, ou embutidos em
elementos estruturais.

Tubos de queda

• O traçado dos tubos de queda deve ser vertical,


constituído preferencialmente por um único
alinhamento recto.
• Quando um único alinhamento recto não for
possível, as mudanças de direcção devem ser
obtidas por meio de curvas de concordância e o
valor da translação não poderá ser superior a dez
vezes o diâmetro da tubagem. Nas situações em que
a translação seja superior ao valor indicado, o troço
de tubagem de fraca pendente deve ser tratado
como colector predial.

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• A concordância entre os tubos de queda e as
tubagens de fraca pendente deve ser feita
através de curvas de transição de raio maior ou
igual ao triplo do seu diâmetro, tomando como
referência o eixo do tubo, ou através de duas
curvas de 45°, eventualmente ligadas por um
troço recto.

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• A inserção dos tubos de queda nos colectores
prediais deve ser feita através de forquilhas ou
câmaras de inspecção e o afastamento entre o tubo
de queda e o colector ou a câmara de inspecção não
deve exceder dez vezes o seu diâmetro; no caso de
o afastamento ultrapassar o valor indicado, deverá
dotar-se o sistema de ventilação secundária.
• Os tubos de queda devem ser dotados de bocas de
limpeza de diâmetro não inferior ao seu,
posicionadas junto das curvas de concordância,
próximo da mais elevada inserção dos ramais de
descarga e no mínimo de três em três pisos próximo
das inserções dos ramais.
• No atravessamento de elementos estruturais deverá
ficar garantida a não ligação rígida dos tubos de
queda a estes elementos, através da interposição
entre ambos de material que assegure tal
independência.

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Os tubos de queda devem ser preferencialmente
instalados em galerias de forma a facilitar a sua
acessibilidade; no entanto, admite-se a sua
instalação embutida em paredes.
Em caso algum os tubos de queda deverão
desenvolver-se em zonas de acesso difícil, ou
embutidos em elementos estruturais.
Para evitar que fiquem sujeitos às pressões positivas
que se desenvolvem na base dos tubos de queda
não se deve ligar-lhes os aparelhos do piso do rés-
do-chão. Estes aparelhos são ligados aos colectores
prediais ou de preferência às suas caixas de
inspecção.

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A abertura dos tubos de queda para o exterior
destinada a assegurar a ventilação do sistema de
drenagem deverá processar-se nas seguintes
condições regulamentares:

 Localizar-se a 0,5 m acima da cobertura da


edificação ou quando esta for terraço, 2 m acima do
seu nível;
 Exceder, pelo menos, 0,2 m o capelo da chaminé
que se situar a uma distância inferior a 0,5 m da
abertura;
 Elevar-se, pelo menos, 1 m acima das vergas dos
vãos de qualquer porta, janela ou fresta de tomada
de ar, localizadas a uma distância inferior a 4 m;
 Ser protegida com rede para impedir a entrada de
matérias sólidas e de pequenos animais.

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Colunas de ventilação

• O traçado das colunas de ventilação deve ser


vertical; sempre que haja necessidade de
translações relativas ao alinhamento vertical, estas
devem ser obtidas por troços de tubagem rectilíneos
com inclinação ascendente, ligados por curvas de
concordância.

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As colunas de ventilação devem ter a sua origem
(ponto mais baixo) nos colectores prediais ou
câmaras de inspecção e o fim (ponto mais alto)
numa ligação ao tubo de queda, ou numa saída
directa para o exterior.
No caso da origem se verificar num colector predial, a
sua inserção neste deverá verificar-se a uma
distância do tubo de queda inferior a dez vezes o
diâmetro deste.
Nos casos em que termine no tubo de queda, a
inserção da coluna de ventilação neste deverá
verificar-se a uma distância não inferior a um metro
acima da última inserção de ramal de descarga.

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Na situação de abertura directa para o exterior, o
términus da coluna de ventilação deve fazer-se em
condições idênticas às dos tubos de queda.
Nas edificações que não possuam tubos de queda
(caso das moradias de 1 só piso) deve existir uma
coluna de ventilação com origem na câmara de
inspecção ou na extremidade do colector predial
situada mais a montante.
As colunas de ventilação devem ser ligadas ao
respectivo tubo de queda no mínimo de três em três
pisos, através de troços de tubagem rectos
ascendentes.

27
As colunas de ventilação devem ser
preferencialmente instaladas em galerias, de forma
a facilitar o seu acesso; no entanto, admite-se a sua
instalação embutida em paredes.
Em caso algum as colunas de ventilação devem
desenvolver-se em zonas de acesso difícil, ou ser
embutidas em elementos estruturais.
No atravessamento de elementos estruturais deverá
ficar garantida a não ligação rígida das colunas de
ventilação a estes elementos, através da
interposição entre ambos de material que assegure
tal independência.

Colectores prediais

• Os colectores prediais devem ser constituídos por


troços rectos, quer em planta, quer em perfil.
• Os colectores prediais podem ser instalados à vista,
enterrados, em caleiras, em galerias ou em tectos
falsos.
• Quando enterrados, os colectores prediais devem
ser dotados de câmaras de inspecção no seu início,
nas mudanças de direcção, nas mudanças de
inclinação, nas alterações de diâmetro e nas
confluências, de forma a possibilitar eventuais
operações de manutenção e limpeza.

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Quando instalados à vista, as câmaras de inspecção
podem ser substituídas por curvas de transição,
forquilhas, reduções e bocas de limpeza
posicionadas de tal modo que possibilitem
eventuais operações de manutenção e limpeza.

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O afastamento máximo entre câmaras de inspecção
ou bocas de limpeza consecutivas deve ser de 15m.
Na escolha dos percursos a seguir pelos colectores
prediais, sempre que possível deve optar-se por
tubagens de menor extensão, conduzindo a
menores custos, bem como a menores tempos de
retenção das águas no seu interior.
No atravessamento de elementos estruturais deve
garantir-se a não solidarização dos colectores
prediais com esses elementos, interpondo entre
ambos uma junta de material adequado.
Em caso algum os colectores prediais se devem
instalar sob elementos de fundação, em zonas
inacessíveis, ou ser embutidos em elementos
estruturais.
As inclinações dos colectores prediais devem estar
compreendidas entre 10 e 40 mm/m.

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Ramais de ligação

• Os ramais de ligação devem ser constituídos por


troços rectos, quer em planta, quer em perfil.
• Os ramais de ligação podem ser ligados à rede
pública por inserção nas respectivas câmaras de
visita ou directamente nos colectores públicos.
• A inserção directa colectores públicos pode ser feita
através de forquilhas desde que o ângulo de
incidência seja menor ou igual a 67° 30', no sentido
do escoamento.
• A inserção directa sem forquilha só é admissível nos
casos em que o colector público tenha diâmetro
superior a 500 mm e a inserção se faça a uma altura
superior a dois terços do diâmetro, relativamente à
geratriz inferior.

As inclinações dos ramais de ligação devem estar


compreendidas entre 10 e 40 mm/m.

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NÍVEIS DE CONFORTO E
QUALIDADE
Factores que podem influenciar os níveis
de conforto e de qualidade das
instalações de drenagem de águas
residuais domésticas:
• Ruídos;
• Acessibilidade dos sistemas;
• Odores

Ruídos

• Os sistemas prediais de
drenagem não devem
produzir ruídos que
ponham em causa o
conforto dos utentes.
• O deficiente
dimensionamento dos
tubos de queda pode
dar origem à formação
de tampões que
“rebentam” provocando Formação de tampão no
descargas ruidosas. tubo de queda

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Ruídos

• A forma de evitar estes fenómenos é proceder a um


dimensionamento correcto tendo em conta as taxas
de ocupação regulamentares, de modo a que o
escoamento se processe de forma anelar.
• O calibre dos sifões não deve ser superior ao dos
respectivos ramais de descarga, uma vez que,
quando tal se verifica, ocorrem depressões no
escoamento, que dão origem à produção de ruídos.
• Quanto mais rígido e rugoso for o material da
tubagem e mais sinuoso o traçado, maiores são os
ruídos de choque e ressonância.
• Para minimnizar estes fenómenos, devem optimizar-
se os traçados e utilizar-se tubagens de materiais
com características absorventes, com paredes não
muito finas e interiormente lisas.

• A fixação rígida das tubagens aos e elementos


estruturais conduz à ocorrência de ruídos.
• Estes fenómenos podem ser atenuados interpondo
materiais isolantes com características elásticas
(cortiça, borracha, etc.) entre as tubagens e os seus
pontos de contacto com os elementos atravessados.
• As instalações elevatórias transmitem vibrações às
canalizações e ao edifício, com a consequente
produção de ruídos.
• Estes efeitos podem ser atenuados implantando
estes equipamentos o mais longe possível das
zonas habitadas, e interpondo juntas elásticas
antivibratórias nos apoios de fixação e nas ligações
às tubagens.

33
Instalação de materiais isolantes

Acessibilidade dos sistemas

• A facilidade de acesso para conservação,


manutenção e reparação dos sistemas prediais
implica menor tempo de intervenção e de interdição
do uso dos mesmos, o que se traduz em maior
conforto para os utentes.

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Odores

• Quando se dá a descarga de um aparelho sanitário


forma-se um tampão no respectivo ramal de
descarga, que provoca uma aspiração e reduz a
altura do fecho hídrico do sifão, podendo dar origem
à passagem de maus cheiros para o interior da
habitação.
• Este fenómeno, designado por auto-sifonagem é
tanto mais intenso quanto menor for a secção do
ramal, maior o seu comprimento e maior a sua
inclinação. Para o evitar devem respeitar-se os
requisitos regulamentares quanto ao
dimensionamento dos ramais de descarga.

Fenómeno de auto-sifonagem

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• A formação de tampões nos tubos de queda, origina
fenómenos de sifonagem induzida por compressão
ou por aspiração que podem originar a passagem de
maus odores para o interior das habitações.
• Para evitar este fenómeno devem respeitar-se os
requisitos regulamentares quanto ao
dimensionamento e taxa de ocupação dos tubos de
queda, de modo a que o escoamento através deste
se processe de forma anelar.

Fenómeno de
sifonagem
induzida

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• Quando se procede à instalação de dois sifões num
mesmo ramal (dupla sifonagem), pode não se dar o
escoamento completo da água contida no aparelho
sanitário (quando a altura "a" é inferior à altura "b").
• Outra situação que pode também ocorrer é a
destruição parcial do fecho hídrico do primeiro sifão
(instalado logo a jusante do aparelho sanitário),
possibilitando a passagem de ar viciado para o
ambiente, pelo que a dupla sifonagem está interdita
pelo regulamento.

Dupla sifonagem

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TUBAGENS E ACESSÓRIOS
Tubagens metálicas

• As tubagens metálicas têm uma utilização restrita no


fabrico de redes de drenagem de águas residuais
domésticas. O metal mais utilizado, e praticamente o
único no fabrico de tubagens destinadas a este fim,
é o ferro fundido.
• A protecção destas tubagens metálicas, no sentido
de lhe conferir uma maior capacidade contra a
oxidação, é feita através de revestimentos
superficiais de produtos betuminosos, tintas de
zinco, tintas asfálticas, tintas epóxicas, etc.

Tubagens metálicas

• As tubagens de ferro fundido para aplicações


prediais, com diâmetros nominais a partir dos 50
mm, são geralmente ligadas por abocardamento
com anéis de estanquidade.
• Os diâmetros nominais nos tubos de ferro fundido
são iguais aos diâmetros interiores.

38
Tubagens termoplásticas

• São muito utilizadas na construção de sistemas


prediais de drenagem. O material termoplástico mais
utilizado é o policloreto de vinilo (PVC);
• Existem no mercado tubagens fabricadas noutros
tipos de termoplásticos, tais como o polietileno de
alta densidade (PEAD) e o polipropileno (PP).

Tubagens de policloreto de vinilo (PVC)

• Os tubos de PVC devem ser utilizados de


preferencia em sistemas de drenagem de águas
residuais frias, uma vez que suportam mal
temperaturas acima de 20 °C em condições de
funcionamento contínuo.
• Existem no mercado séries especiais, com maior
espessura de parede, destinadas a ser usadas em
águas residuais quentes (ex.: máquinas de lavar
roupa ou loiça).
• Os tubos de PVC são comercializadas em varas 3 ou
de 6 m, com diâmetros nominais a partir dos 32 mm.
• Os diâmetros nominais nos tubos de PVC são iguais
aos diâmetros exteriores, sendo necessário
conhecer também os diâmetros interiores para se
fazerem os cálculos de dimensionamento hidráulico.

39
• A ligação entre os tubos pode ser feita por
abocardamento com anéis de estanquidade, ou
por colagem.
• A ligação por anéis de estanquidade é preferível,
porque permite desvios angulares e absorção de
dilatações térmicas, evitando a introdução de
tensões nos tubos.

Ligação por
abocardamento
(campânula)

40
Espessura nominal (mm)
Diâmetro Diâmetro exterior
nominal (mm) (mm) Classe 0,4 MPa Classe 0,6 MPa
32 32,0 1,8
40 40,0 1,8
50 50,0 1,8
63 63,0 1,8 1,9
75 75,0 1,8 2,2
90 90,0 1,8 2,7
110 110,0 2,2 3,2
125 125,0 2,5 3,7
140 140,0 2,8 4,1
160 160,0 3,2 4,7
200 200,0 4,0 5,9
250 250,0 4,9 7,3
315 315.0 6,2 9,2

Dimensões das tubagens de PVC

Tubagens de grês cerâmico vidrado

• Estão a cair em desuso. São aplicáveis em casos


especiais de efluentes industriais ou laboratoriais e
também nos colectores prediais e ramais de ligação
das redes prediais, nos casos em que fiquem
enterrados, com um recobrimento superior a 0,5 m
• A ligação entre os diversos troços de tubagem, ou
entre as tubagens e os acessórios, deve ser obtida
através de sistema que assegure a sua estanquidade
(anéis de estanqueidade em poliuretano).
• Fabricam-se tubagens de grês cerâmico com
diâmetros a partir dos 100 mm e com comprimentos
que variam consoante o diâmetro, entre 1,0 m
(pequenos diâmetros) e 3,0 m (grandes diâmetros).

41
• Os diâmetros nominais nos tubos de grês são
aproximadamente iguais aos diâmetros interiores.
• As tubagens de grês cerâmico são frágeis e
bastante rígidas, exigindo-se que o seu leito de
assentamento seja bem regularizado e que garanta o
seu apoio contínuo.
• Quando posicionados na via pública, a profundidade
de assentamento dos colectores não deverá ser
inferior a 1 m, medido entre o extradorso do tubo e o
pavimento.

Acessórios
Sifões
• Os sifões são dispositivos incorporados nos
aparelhos sanitários ou a inserir nos
ramais de descarga, destinados a impedir a
passagem dos gases existentes nas canalizações
para o interior das habitações.
• O Regulamento fixa os diâmetros mínimos a adoptar
para os sifões dos diferentes aparelhos.
• Cada aparelho sanitário apenas poderá ser servido
por um único sifão, estando regulamentarmente
proibida a dupla sifonagem.
• Quando não fazem parte dos aparelhos sanitários,
os sifões não devem ser instalados a uma distância
superior a 3 m do aparelho respectivo.

42
Sifão incorporado no aparelho e sifão a incorporar no ramal

Diâmetro mínimo Fecho hídrico


Aparelho (mm) (mm)
Bacia de retrete Incorporado
Banheira
Bidé
30
Chuveiro
Lavatório
Máquina lava-louça 40 50
Máquina lava-roupa 40
Urinol de espaldar 60
Urinol suspenso Incorporado
Pia lava-louça 40
Tanque 30

Características dimensionais dos sifões.

43
• Um único sifão poderá servir simultaneamente
vários aparelhos, na condição de que estes apenas
produzam águas de sabão.
• Nas baterias de aparelhos sanitários (de águas não
saponáceas), cada aparelho deverá ser dotado
individualmente de sifão.
• Os sifões devem ser dotados de bocas de limpeza,
ou facilmente desmontáveis.
• O diâmetro do sifão não deve exceder o do
respectivo ramal de descarga, de modo a evitar
fenómenos relacionados com a redução do fecho
hídrico e a produção de ruídos.
• Os sifões destinados aos sistemas de drenagem de
águas residuais domésticas devem possuir fecho
hídrico não inferior a 50 mm, nem superior a 75 mm.

Tipos
de
sifões

44
Ralos

• Os ralos são dispositivos destinados a permitirem a


passagem através de si de águas residuais, sem no
entanto possibilitarem a passagem de matérias
sólidas eventualmente transportadas nessas águas.
A operação de retenção é conseguida através de
grelhas.
• Todos os aparelhos sanitários, com excepção das
bacias de retrete, deverão ser dotados de ralo.
• Deverão ser implantados ralos nos locais onde seja
previsível a lavagem dos pavimentos com
mangueira (por ex. garagens).
• Os ralos deverão possuir uma área útil no mínimo
igual a dois terços da área da secção dos
respectivos ramais de descarga.

Tipos de ralos

45
Caixas de pavimento (passagem ou reunião)

• As caixas de pavimento, de passagem ou de reunião


são dispositivos destinados a receber as descargas
de vários aparelhos sanitários, para serem
conduzidas através de um único ramal de descarga
para tubo de queda, colector predial ou câmara de
inspecção.
• Estas caixas são providas de várias entradas
(geralmente um máximo de 4) e uma saída. Dispõem
ainda de tampa amovível, destinada a possibilitar
operações de limpeza e manutenção.
• Existem no mercado caixas de passagem total ou
parcialmente sifonadas, bem como com tampa de
grelha, o que lhes possibilita ainda executar a
função de ralo de pavimento.

Caixas de pavimento não sifonada e sifonada.

46
Câmaras de inspecção

• As câmaras de inspecção destinam-se a assegurar


as operações de manutenção e limpeza dos
colectores. Podem ser de planta rectangular,
quadrada ou circular, com cobertura plana, tronco-
cónica, simétrica ou assimétrica.

Tipos de
câmara de
inspecção

47
Tampa, pode ser metálica ou de betão armado com
aro metálico, destinada a possibilitar o acesso ao
interior da câmara; deve possuir fecho hermético
para impedir a passagem de gases para o exterior.
A sua menor dimensão não deverá, em regra, ser
inferior a 0,55 m.

Dispositivo de acesso:
sempre que a câmara
tenha uma
profundidade superior a
1,7 m, deve ser dotada
de degraus encastrados
na parede interior,
distanciados entre si de
0,30 m e dispostos num
único alinhamento
vertical.
• O primeiro degrau não
deve ficar a mais de
0,60 m da superfície
exterior e o último a
mais de 0,40 m da
soleira.

48
Cobertura: pode ser tronco-cónica ou plana. Admite-se
que cobertura e tampa sejam uma única peça;
nesta situação, poderá ser metálica ou de betão
armado; caso contrário, deverá preferencialmente
ser de betão armado;
Corpo: as dimensões mínimas são as indicadas no
Regulamento, devendo a espessura da respectiva
parede ser condicionada pelo material utilizado no
fabrico. A espessura não deverá ser inferior a:
 0,20 m se a parede for de alvenaria de pedra ou de
blocos de betão;
 0,12 m se for de betão moldado no local;
 0,15 m de espessura se for de alvenaria de tijolo
(tijolo assente a 1/2 vez).

Dimensões das câmaras de inspecção.

49
Soleira: é constituída por
uma laje de betão,
destinada a servir
também de fundação
das paredes da câmara.
• A sua espessura na
zona mais profunda das
caleiras não deve ser
inferior a 0,10 m.
• Para evitar a retenção
de esgoto, as
superfícies interiores
devem possuir
inclinação
descendente, entre 10 e
20%, no sentido das Superfícies da soleira.
caleiras e com arestas
ligeiramente boleadas.

Caleiras: são canais moldados na soleira, onde se dá a


reunião dos colectores; a sua directriz é
constituída por um arco de circunferência tangente
ao eixo dos colectores ligados.
• As caleiras devem ter uma altura igual ao diâmetro
da tubagem de saída, e a sua inclinação deve fazer
a transição entre os colectores de montante e de
jusante, de forma minimizar perturbações na veia
líquida.
• Sempre que o desnível entre a soleira do colector
de entrada e a soleira da câmara exceda 0,5 m, a
câmara deverá ser dotada de queda guiada
exterior.
• O acabamento interior de todas as superfícies da
câmara deverá assegurar a sua perfeita
estanquidade.

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Queda guiada pelo
exterior da caixa.

Inserção de caleiras.

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