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Escola de Artes, Ciências e Humanidades

Rafael Augusto Gregorini

Caracterização espaço-temporal do lixo


marinho nas praias do Guaraú e
Arpoador - São Paulo

São Paulo

Dezembro de 2010
Rafael Augusto Gregorini

Caracterização espaço-temporal do lixo


marinho nas praias do Guaraú e
Arpoador - São Paulo

Projeto de formatura
apresentado à Escola de
Artes Ciências e
Humanidades da
Universidade de São
Paulo para obtenção do
grau de Bacharel em
Gestão Ambiental

Orientador:

Prof. Dr. Ednilson Viana

São Paulo

Dezembro de 2010
Agradecimentos

Agradeço primeiramente à minha família pelo apoio incondicional na realização


desse trabalho e em todos os momentos e decisões importantes da minha vida.

Ao meu orientador Prof. Dr. Ednilson Viana, pela enorme paciência, amizade e
sinceridade desde o primeiro contato, obrigado pelas horas gastas, por ouvir
milhares de reclamações e partilhar das minhas frustrações.

Ao COTEC do Instituto Florestal de São Paulo, por atenderem à solicitação de


pesquisa na unidade de conservação, em Especial à Maria Glaucia por
entender a urgência e fazer o possível para conseguir a liberação a tempo para
a execução do trabalho.

Aos funcionários da Estação Ecológica Juréia-Itatins, por serem sempre


solícitos e atenciosos, e me ajudarem sempre que foi preciso.

À Farmácia Anchieta em Peruíbe e seus funcionários, por fornecer a balança


para a pesagem dos resíduos, sempre com muita atenção e simpatia.

Aos meus grandes amigos, Álvaro Portela, Bruno Leão, Diogo Sanchez, João
Guilherme Palência, Maurício Pelosi, Ricardo Pavan, Rogério Sutilo, Valfredo
Pires e Virginia Antonioli, por passarem o tempo de seus fins de semana e
feriados me ajudando na coleta de lixo nas praias, sem vocês as coletas seriam
muito mais cansativas, tediosas, demoradas e solitárias.

Aos meus avós, Dulce e Barbosa por cederem a casa, comida, a mim e aos
meus amigos, além de suportar os sacos de lixo em seu quintal e muita sujeira
na hora da contabilização, sem contar o apoio incondicional para tudo o que
fosse necessário.

E a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para o sucesso desse


trabalho.
Lista de Figuras

Figura 1 - Localização espacial das áreas de estudo: praia do Guaraú e


Arpoador no litoral sul do Estado de São Paulo. .............................................. 14

Figura 2– Loteamentos imobiliários ao redor de área de restinga e de mangue


na praia do Guaraú .......................................................................................... 15

Figura 3 - Células de deriva litorânea atuantes nas praias da Estação Ecológica


Juréia – Itatins (Fonte: Adaptado de Souza, 1997). ......................................... 16

Figura 4– Localização dos transectos nas praias do Guaraú e Arpoador ........ 23

Figura 5– Foto demarcação dos transectos ..................................................... 24

Figura 6 - Resíduos no transecto 1 da praia do Guaraú no dia 07/09/2010. .... 29

Figura 7 - Barco utilizado para a transportar os resíduos coletados na limpeza


da Praia do Arpoador. ...................................................................................... 33

Figura 8- Foto do Rótulo do tonel encontrado no transecto 1 da praia do


Arpoador em 07/09/2010. ................................................................................. 36

Figura 9- Bitucas de cigarro coletadas no transecto Guaraú 1 no dia


07/09/2010. ...................................................................................................... 38

Lista de Tabelas

Tabela 1– Número de Itens coletados na praia do Guaraú para o transecto A,


em função do tamanho dos sub-transectos. .................................................... 26

Tabela 2– Número de Itens coletados na praia do Guaraú para o transecto A,


em função do tamanho dos sub-transectos. .................................................... 27
Lista de Gráficos

Gráfico 1 – Nº de itens por data e por transecto .............................................. 28

Gráfico 2- Densidade de lixo marinho por transecto e por data de coleta, nas
praias do Arpoador e Guaraú. .......................................................................... 30

Gráfico 3 - Tempo de recomposição dos itens de lixo marinho nas praias do


Guaraú e Arpoador em função do tempo. ........................................................ 32

Gráfico 4 - Composição dos resíduos sólidos das praias do Guaraú e Arpoador


em função das datas de coleta e quantidade (%) coletada. ............................. 34

Gráfico 5- Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do Arpoador e Guaraú


em 07/09/2010. ................................................................................................ 37

Gráfico 6 - Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do Arpoador e


Guaraú obtidos na coleta do dia 18/09/2010 ................................................... 39

Gráfico 7 - Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do Arpoador e


Guaraú em 12/10/2010 .................................................................................... 40

Gráfico 8- Fontes de Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do


Arpoador e Guaraú em 23/10/2010 .................................................................. 41

Gráfico 9 - Fontes de Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do


Arpoador e Guaraú em 02/11/2010 .................................................................. 42

Gráfico 10 - Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do Arpoador e


Guaraú em 27/11/2010 .................................................................................... 43
Sumário

Introdução .......................................................................................................... 9
Revisão Literatura ............................................................................................ 10
Objetivos .......................................................................................................... 13
Objetivos específicos .................................................................................... 13
Metodologia ...................................................................................................... 14
Descrição do local de estudo ........................................................................ 14
.1 Descrição da área de estudo para aspectos históricos, fauna, flora,
clima e geomorfologia ................................................................................... 16
1.1 - Clima ................................................................................................. 18
1.2 - Geomorfologia e Dinâmica Sedimentar ............................................. 18
1.3 - Vegetação e Fauna Terrestre ............................................................ 19
1.4 - Dunas e Restingas ............................................................................ 20
1.5 - Fauna marinha .................................................................................. 20
.2 Determinação do tamanho de transecto ideal ..................................... 21
.3 Caracterização espaço-temporal do lixo marinho nas praias do Guaraú
e Arpoador no litoral sul do estado de São Paulo ......................................... 22
.4 Análise dos dados de caracterização .................................................. 25
4.1 - Determinação do número de itens por transecto e a densidade
(Itens/m)..................................................................................................... 25
4.2 - Identificação das fontes geradoras .................................................... 25
4.3 - Analise do tempo de recomposição dos itens de lixo marinho nas
praias de estudo ........................................................................................ 26
Resultados ....................................................................................................... 26
1. Determinação do tamanho ideal de transecto ..................................... 26
2. Caracterização do lixo marinho nas praias do Guaraú e Arpoador ..... 27
3. Tempo de recomposição ..................................................................... 31
Identificação das fontes geradoras e constituição dos resíduos ................... 33
Conclusão ........................................................................................................ 44
Referências ...................................................................................................... 45
Resumo

Os resíduos sólidos presentes no ambiente são um grande problema para a


sociedade, e seu descarte inadequado faz com se dispersem chegando ao
ambiente marinho causando impacto tanto para o ecossistema costeiro quanto
para pescadores e a economia das cidades litorâneas. O presente estudo
caracteriza espaço-temporalmente os resíduos sólidos presentes nas praias do
Guaraú e Arpoador no litoral sul do estado de São Paulo e tem como objetivo a
comparação da quantidade de resíduos entre as praias do Guaraú e Arpoador,
verificar o tempo de recomposição dos resíduos na praia e identificar as
principais fontes emissoras. Para isso foram delimitados 6 transectos, dois na
praia do Arpoador que possui acesso restrito por estar dentro da Estação
Ecológica Juréia – Itatins, e 4 na praia do Guaraú , vizinha à unidade de
conservação porém com uma pequena estrutura urbana. Nesses transectos
foram coletados todos os resíduos encontrados e em seguida eles foram
contabilizados e classificados quanto à fonte de emissão e composição. Para
esta análise quali quantitativa, foram feitas 6 coletas, intercaladas entre fins de
semana e feriados. Como resultado, houve um total de 4673 itens coletados,
pesando um total de 60,95kg. Além disso, percebeu-se que a quantidade de
resíduos da praia preservada (Arpoador) é bastante similar às dos transectos
localizados em áreas menos urbanizadas da praia do Guaraú.Observou-se
também que nos transectos localizados em áreas mais movimentadas da praia
do Guaraú a quantidade de resíduos foi bastante superior. Na classificação dos
resíduos percebe-se que o plástico é o mais encontrado, com 74% dos ítens.
Os resíduos relacionados às atividades beira mar e recreativas foram os mais
encontrados em praticamente todas as coletas e transectos, principalmente nas
áreas mais antropizadas, evidenciando o turismo como maior fonte de resíduos
nas praias dessa região.

Palavras-chave: Resíduos sólidos; lixo marinho; gestão costeira; Juréia-


Itatins.
Abstract

Solid waste in the environment are a big problem for society, and its
inappropriate disposal makes reaching the dispersal marine environment
impacting the coastal ecosystem, fishermen and the economy in coastal
cities. This study characterizes the space-time solid waste present on the
beaches of Guaraú and Arpoador in the southern coast at state of Sao Paulo
and aims to compare the amount of waste between Guaraú and Arpoador
beach`s, check the time of recovery of waste on the beach and identify main
sources. For this, six transects were delimited, two on the Arpoador beach that
has restricted access, to be in a conservation unit named Ecological Station
Juréia - Itatins, and 4 in the Guaraú beach, adjacent to conservation area but
with a small urban structure. In these transects were collected all the waste and
later they were counted and classified according to the source and composition
of waste. For this qualitative analysis quantitative, six collections were made,
interspersed between weekends and holidays .As result was a total of 4673
collected items, weighing a total of 60.95 kilograms also noticed that the amount
of waste preserved the beach is quite similar to those of transects in less
urbanized areas of the Guaraú´s beach .Concludes also that the transects
located in more urbanized areas the amount of waste was much higher. In the
classification of waste realized, plastic is the most common with 74% of the
items. The residues related to the waterfront and recreational activities were the
most in almost all collections and transects, especially in disturbed areas,
showing tourism as a major source of waste on beaches in this region.

Keywords: Solid waste, marine debris, coastal management; Juréia-Itatins


Introdução

Os resíduos sólidos são um grande problema ambiental no mundo,


principalmente por sua difícil destinação final. Sua produção é influenciada por
diversos fatores como, por exemplo, numero de habitantes, educação, e
freqüência e eficiência do sistema de coleta.

A falta de uma gestão adequada desses resíduos faz com que eles cheguem à
costa através do carreamento por rios, ou pelo descarte inadequado por parte
dos freqüentadores das praias, ou até por fontes marinhas como resíduos
descartados por navios e atividades náuticas.

Os freqüentadores são responsáveis por boa parte do lixo encontrado nas


praias, onde esse lixo pode ser carregado para o mar através das correntes e
marés, aumentando ainda mais a área afetada pela poluição

Os navios mercantes também representam uma grande fonte de lixo marinho,


seja pelo descarte irregular de seus resíduos em alto mar ou por acidentes com
contêineres, dispersando o seu conteúdo no mar.

As atividades de pesca e náutica também têm influencia no despejo de


resíduos, principalmente pelo abandono de redes e linhas de pesca ou
embalagens de óleo diesel.

A presença desses itens no ambiente marinho causa os mais diversos


impactos como prejuízo ao turismo, perda de estética, riscos para a saúde,
toxicidade química e biológica, perigos de ingestão ou enredamento de animais
e dispersão de organismos exóticos.

As comunidades costeiras são as mais prejudicadas pelo lixo marinho, pois


afetam a presença de turistas, que diminui a fonte de receita das cidades
costeiras e ainda gera um aumento dos gastos com limpeza das praias.

Além disso, as comunidades pesqueiras também são influenciadas pela


presença de lixo marinho através do aumento da mortalidade dos peixes,
diminuindo a quantidade de pescado e conseqüentemente a renda familiar dos
pescadores.

Em relação às comunidades biológicas os animais são afetados pelo


enredamento e a ingestão de plásticos, causando asfixia e ferimentos, podendo
impedir a locomoção e obtenção de alimento.

Varias iniciativas estão sendo adotadas para diminuir o descarte inadequado


de resíduos nas praias, como por exemplo a operação praia limpas organizada
pela CETESB ou ações organizadas pelas prefeituras municipais das cidades
costeiras.

Além disso, eventos internacionais como o “Dia Mundial de Limpeza de Praias”


também ocorrem no estado quando centenas de voluntários se unem para
coletar os resíduos da faixa de areia. Porém apesar desses esforços não existe
um programa que monitore a presença de resíduos e nem as fontes de
dispersão do mesmo no meio ambiente. Este estudo pretende contribuir com
esta necessidade e ainda para a busca de soluções que ao menos minimizem
os impactos que o lixo marinho vem causando em muitas das praias
brasileiras, e as do litoral sul do Estado de São Paulo não fogem a regra.

As praias de estudo (Arpoador e Guaraú) foram escolhidas por apresentarem


condições propícias para a execução do estudo como uma população local
pequena e isolada residente na praia do guaraú, a presença do rio guaraú que
deságua na praia carreando boa parte dos resíduos deixados por essa
população, que no verão tende a aumentar significativamente maximizando
ainda mais a quantidade de resíduos no local. A praia do Arpoador por ser
restrita a visitação pelo núcleo gestor da estação ecológica deveria ter uma
quantidade de resíduos menor, e por estar sob as mesmas condições
oceanográficas da praia do Guaraú, proporciona uma boa comparação, para
determinar as fontes dos resíduos nesse local.

Dessa forma procura-se através da caracterização espaço-temporal do lixo


marinho nas praias do Guaraú e Arpoador no litoral sul de São Paulo,
estabelecer dados que ajudem na gestão de resíduos sólidos no litoral sul,
fornecendo informações como quantidade e fonte do lixo marinho presente nas
praias com a finalidade de mitigar o impacto causado pela deposição do
mesmo no meio ambiente.

Revisão de Literatura

O lixo marinho é definido como qualquer resíduo sólido que tenha sido
introduzido no ambiente marinho por qualquer fonte (Coe & Rogers, 1997) e é
resultado do lançamento proposital, manipulação ou eliminação descuidada,
tendo origem na maioria das vezes em locais distantes da costa. Entre os
fatores que influenciam sua produção estão o número de habitantes no
território, seu nível educacional e poder aquisitivo, a área de produção, além
da freqüência e eficiência do sistema de coleta. (Araujo & Costa, 2003)

Os resíduos que atingem as áreas costeiras e oceânicas também podem ser


de fontes terrestres, que incluem aqueles deixados pelos freqüentadores das
praias, os provenientes de drenagem de rios e lançamento de esgotos e a
própria geração de resíduos nas cidades costeiras, ou de fontes marinhas
representadas por navios e barcos de pesca e pelas plataformas oceânicas.
(Ivar do Sul, 2005)

Em uma escala global, há fortes evidências de que as principais fontes de lixo


marinho são terrestres, representando cerca de 80% do lixo presente nos
oceanos. A geração diária de resíduos sólidos pelas cidades costeiras,
associada às técnicas inadequadas de eliminação e sistemas deficientes, e
até mesmo inexistentes de coleta, ajudam a explicar este fato (Nollkaemper,
1994).

Os freqüentadores das praias também contribuem às vezes de forma


alarmante, ao deixar os próprios resíduos na areia. A dinâmica costeira
(ventos, ondas e marés) transfere o lixo para a água, tornando sua coleta
muito mais difícil (Araujo e Costa, 2003)

A deposição de resíduos no mar por embarcações ou plataformas foi


reconhecida como de grande importância ambiental na década de 1970 com
a adoção da International Convention for Prevention of Pollution from Ships
(MARPOL, 1973/78), que tem o intuito de minimizar o impacto causado pelo
descarte de resíduos e óleo, por navios e barcos mercantes.

Em 1988 o Anexo V da MARPOL foi promulgado, proibindo o descarte de


plásticos e regulamentando o descarte dos outros resíduos. Porém, a
eliminação irregular no mar de resíduos produzidos em navios agrava esse
quadro. No mar, o lixo espalha-se rapidamente , dependendo das condições
oceanográficas, atingindo locais aparentemente improváveis, como praias
desertas, ilhas oceânicas ou recifes costeiros. (Araujo e Costa, 2003).

A navegação de pesca e as diversas atividades marítimas, mesmo em menor


escala, possuem parcela significativa na poluição marinha. Linhas, redes e os
inúmeros artefatos de pesca são perdidos diariamente no mar, contaminando
o ambiente e trazendo sérios riscos para peixes, aves, golfinhos e
baleias.(Araujo e Costa, 2003).

A “ghost fishing” ou pesca fantasma é um dos principais impactos gerados


pela atividade pesqueira, que ocorre quando partes de redes de pesca são
abandonadas ou perdidas ficando à deriva e capturando peixes e outros
animais marinhos, provocando muitas mortes (Matsuoka et al., 2005)

São inúmeros os impactos causados pelo lixo existente nos ambientes


costeiros, sendo os principais, prejuízo ao turismo, atividades de lazer e
recreação; perda estética; riscos para a saúde; toxicidade ecológica e
química; danos aos pescadores e riscos à navegação; aprisionamento de
animais e perigos de ingestão; e dispersão (inclusive transoceânica) de
organismos exóticos de um local para outro (Gregory, 1999b).
As maiores prejudicadas com a contaminação por lixo marinho são as
comunidades costeiras, pois ocorre perda do valor estético e turístico das
praias, quando a presença de resíduos na água ou na areia afeta a saúde dos
freqüentadores ou quando gastam recursos públicos na limpeza de praias.
(Guia didático sobre o lixo no mar, 1997).

No que diz respeito à comunidade biológica do mar, os problemas são ainda


maiores, principalmente o enredamento, e a ingestão de plásticos. O
enredamento causa asfixia, estrangulamento e ferimentos, normalmente
dificultando a locomoção do animal, impedindo a alimentação e a defesa de
predadores. Já a ingestão do plástico pode causar obstrução do trato
gastrintestinal, redução da assimilação do alimento, e intoxicação (Gregory,
1999b; Laist, 1997; Laist et al. 1999; Balazs, 1985).

Estudo de tartarugas da costa da Flórida revelou a ocorrência de lixo


antropogênico em 25 de 51 das carcaças de tartarugas, incluindo
principalmente plástico, linhas de pesca, borracha e arpões, estando
localizado principalmente na boca, esôfago, estômago e intestino (Bjorndal et
al. 1994).

Segundo Beck & Barros (1991) 64 de 439 peixes-boi estudados na costa da


Flórida estavam contaminados com lixo marinho, sendo que 4 deles tiveram
como causa direta da morte a ingestão desses resíduos.

No Estado de São Paulo várias são as iniciativas de conscientização para


turistas nas cidades litorâneas, com o Verão Limpo 2008 realizado pela
Secretaria de Meio Ambiente ou a Operação praia limpa promovida pela
CETESB, onde são distribuídas sacolas para a coleta de lixo e “folders”
institucionais promovendo a educação ambiental.

Os estudos sobre lixo marinho no Brasil são poucos, principalmente os que


caracterizam quali-quantitativamente a composição, tamanho e local de
ocorrência e fonte dos resíduos. A maioria dos estudos foram realizados no
litoral Nordeste e Sul do país. Wetzel et al. (2004) realizaram uma
caracterização espaço-temporal dos resíduos em praias do rio grande do sul,
e indica o turismo na praia do Cassino como principal responsável pelo aporte
de lixo na praia, evidencia esta corroborada por Santos et al. (2003) que
estima a geração diária de 3,09 itens por metro linear, no verão na mesma
praia.

Na região Nordeste Araújo & Costa (2003a; 2003b) desenvolveram uma


pesquisa sobre a geração de resíduos sólidos pelos usuários das praias do
litoral sul de Pernambuco, sendo que 8,3 kg de lixo foram recolhidos em 1960
m², sendo que 85% do total correspondem a resíduos plásticos.
Na região sudeste Baptista-Neto et al. (2001) e Figueiredo et al. (2001)
identificaram, em seus estudos sobre resíduos flutuantes e e na orla, na Baía
de Guanabara, tendo o plástico como maioria dos resíduos e a presença de
rios nas praias mais contaminadas.

Através da caracterização do lixo marinho é possível a obtenção de diversos


dados como quantidade de resíduos nas praias, a composição dos resíduos e
as principais fontes de emissão. Esses dados em conjunto com informações
locais podem servir como guia para as políticas ambientais e de gestão de
resíduos sólidos no local.

O litoral sul de São Paulo, mais especificamente a região das praias do


Guaraú e Arpoador, é muito carente em relação a estudos sobre lixo marinho
e por ser um local relativamente preservado, é bastante procurado por turistas
que fornecem grande parte da renda do município mais também são os
maiores geradores de resíduos nas praias.

Além disso a proximidade com a Estação Ecológica Juréia-Itatins torna ainda


mais importante as pesquisas nessa área, visto que o lixo marinho é
facilmente dispersado no ambiente podendo ser carregado por grandes
distancias afetando a flora e a fauna objetos de preservação pela unidade de
conservação.

Objetivos

Caracterização espaço-temporal do lixo marinho nas praias do Guaraú e


Arpoador no litoral sul do estado de São Paulo.

4. Objetivos específicos

1. Comparar a quantidade de lixo nas praias com e sem acesso turístico

2. Identificar a categoria de resíduo mais presente em cada praia

3. Identificar prováveis fontes dos resíduos encontrados

4. Analisar o tempo de recomposição dos itens de lixo marinho nas praias


de estudo.
Metodologia

1. Descrição do local de estudo

A praia do Guaraú se localiza no município de Peruíbe, litoral sul do estado de


São Paulo, sendo a praia mais próxima à Estação Ecologica Juréia Itatins
(Figura 1). Esta praia possui uma população de cerca de 8.000 habitantes
fixos, e recebe cerca de 12.000 pessoas por dia em alta temporada (IBGE,
2000), levando ao aumento da especulação imobiliária, mesmo em áreas de
preservação, maximizando o número de loteamentos no local.

Figura 1 - Localização espacial das áreas de estudo: praia do Guaraú e Arpoador


no litoral sul do Estado de São Paulo.

É encontrada também nos arredores da praia do Guaraú uma pequena área de


mangue, rodeado por vegetação de restinga e loteamentos imobiliários (Figura
2). Mais ao sul da praia deságua o Rio Guaraú, que corre paralelo a toda a
área de loteamento e devido à ausência de coleta de esgoto e a uma coleta de
lixo deficiente, muitos resíduos são despejados no rio, que por sua vez são
conduzidos até a praia.
Figura 2– Loteamentos imobiliários ao redor de área de restinga e de mangue na
praia do Guaraú

Na praia do Guaraú as correntes de deriva são para NE e SW (Figura 3) e, na


porção central ocorre uma zona de divergência onde há fortes processos
erosivos (Souza & Souza, 2004), fazendo com que os resíduos despejados no
mar se dispersem de acordo com esse modelo.
Figura 3 - Células de deriva litorânea atuantes nas praias da Estação Ecológica
Juréia – Itatins (Fonte: Adaptado de Souza, 1997).

A Praia do Arpoador, sendo o outro local de estudo, situa-se mais ao Sul da


praia do Guaraú. O seu e o acesso é feito pela praia do Guarauzinho, após a
travessia do Rio Guaraú, por uma trilha de aproximadamente 15 minutos. Por
estar dentro dos limites da Estação Ecológica Juréia-Itatins esta praia tem o
seu acesso restrito ao turismo, sendo permitida a entrada somente de
pesquisadores e da população tradicional residente.

2. Descrição da área de estudo para aspectos históricos, fauna, flora,


clima e geomorfologia

Através de revisão bibliográfica foi possível uma descrição mais detalhada


sobre os aspectos físicos, biológicos e climáticos da área de estudo. Essa
caracterização é importante, pois é possível estabelecer relações entre os
impactos na fauna e flora da região com o lixo marinho, ou de condições
climáticas e físicas que podem influenciar a distribuição de resíduos nas praias.
O local de estudo, praia do Guaraú e praia do Arpoador localizam-se no litoral
sul do estado de São Paulo, no município de Peruíbe, Estação Ecológica
Juréia-Itatins, criada pelo decreto 24.686/86 e Lei Estadual 5.649/87. A praia do
Guaraú situa-se entre as coordenadas geográficas 24º22`02.60”S
47º00`39.74”O e 24º 22`42.73”S 47º01`09.51”O, e a praia do arpoador entre
as coordenadas 24º23`22.71”S 47º00`41.71” O e 24º23`50.98”S 47º00`34.46”O

Desde o inicio do século a área da Estação Ecológica Juréia-Itatins é


considerada um grande refugio natural, praticamente intacto. Nessa época o
grande botânico Pio Correa adquiriu a área e essas terras passaram para o seu
neto Carlos Telles Correa, que juntamente com uma empresa decidiu implantar
um loteamento para abrigar cerca de 40.000 pessoas (Nogueira-Neto,2004).

Em busca da proteção do local, pesquisadores começaram a exercer pressão


sobre o governo estadual, que por meio do CONDEPHAT em 1977 tombou o
maciço da Juréia. Porém, por falta de recursos a fiscalização não era feita,
tornando a área novamente alvo de posseiros e mineradores e pouco tempo
depois, cerca de 2000 hectares foram cedidos em comodato à SEMA
(Secretaria Especial do Meio Ambiente). Porém, o comodato seria cancelado
caso fosse construída uma usina nuclear no local.

Em 1980 o governo federal decretou a construção de duas usinas nucleares e


uma estação ecológica ao seu entorno, nesse período o local foi alvo de vários
conflitos entre posseiros, sociedade civil, ambientalistas, governos e
empreendedores, até que em meados de 1985 o programa nuclear brasileiro
perdeu força, devido aos altos custos e da opinião publica contraria.

Em 1986, o então governador Franco Montoro assinou o decreto 24.646


criando a Estação Ecológica Jureia-Itatins com quase 80.000 hectares e em
1987 ela foi implantada através da Lei Estadual 5.649.

Em 2006, devido à grande dificuldade de gerir o local, por se inserirem dentro


da Estação Ecológica comunidades tradicionais, o local foi transformado num
grande mosaico de unidades de conservação, cada qual com sua característica
específica.

Em 2009 uma ação direta de inconstitucionalidade suspendeu as atividades do


mosaico, retornando assim à sua administração principal com a antiga
configuração territorial.
2.1 - Clima

A estação ecológica Jureia Itatins, localizada na fachada Atlântica Sul Oriental


do Brasil confere-lhe características climáticas zonais típicas dos climas
controlados por massas tropicais e polares (Monteiro,1993 apud Tarifa, 2004).

Esse critério foi definido através da atuação das massas de ar polares e


atlânticas, mostrando que a parte meridional do litoral paulista recebe uma
atuação maior de sistemas extratropicais como anticiclone e frente polar em
comparação com o litoral norte do estado, caracterizando assim um clima
regional subtropical permanentemente úmido, controlado por massas tropicais
e polares marítimas (Monteiro, 1993 apud Tarifa, 2004).

As médias anuais de temperatura variam entre 21 e 23ºC nas planícies e áreas


elevadas das serras as médias ficam entre 17 e 19ºC, onde se verifica uma
amplitude térmica em torno de 7ºC entre o mês de Fevereiro (mais quente) e
Julho (mais frio), sendo principalmente influenciado pela umidade oceânica,
essa umidade também é responsável pelos altos níveis pluviométricos sendo
que os oceanos são a maior fonte de água para a atmosfera. Nos mês mais
chuvoso (janeiro) a pluviosidade varia de 220 a 360 mm e no mês mais seco
(agosto) de 40 a 100 mm, apresentando uma variação anual de 2800 a 2900
mm.

O relevo é outra variável da pluviosidade, visto que no litoral sul paulista a serra
do mar se distancia da costa, permitindo uma maior distribuição das chuvas
pelas planícies litorâneas, e havendo uma maior concentração nas áreas
serranas expostas ao mar.

2.2 - Geomorfologia e Dinâmica Sedimentar

De acordo com a compartimentação morfodinâmica proposta por Souza &


Suguio (1996) as praias de estudo estão inseridas no setor morfodinâmico II,
caracterizado por praias presentes entre promontórios rochosos, formando
praias pequenas e abrigadas, segundo Souza & Souza (2004). As Praias do
Guarau e Arpoador possuem características de praias dissipativas de baixa
energia, por serem menores, mais abrigadas e com baixa inclinação (inferiores
a 2º), constituída por areias muito finas e não apresentam barra submersa bem
desenvolvida.

O clima e ondas é o condicionante principal na alteração da dinâmica costeira a


curto e médio prazo, atuando no transporte de sedimentos tanto longitudinal
quanto transversal à linha da costa.
As ondulações que atingem essa porção do litoral paulista são originadas no
Atlântico Sul, por três sistemas atmosféricos, A Zona de convergência
Intertropical (ZVIC), mais influente na porção norte do litoral brasileiro; o
Anticicline tropical do Atlantico Sul (ATAS) geram centros de alta pressão
responsáveis pelos ventos alísios e os Anticiclones polares migratórios (APM),
áreas de alta pressão responsável pelo surgimento dos sistemas frontais.
Esses sistemas produzem ondas com maior capacidade de transporte
sedimentar costeiro, apesar da maior recorrência das ondulações produzidas
por ventos alísios (ATAS).

As ondulações produzidas pelos sistemas incidentes dos quadrantes Sul e


Sudeste, apresentam período de 10 a 16 segundos em média e atingem altura
de 1 a 4 metros.

As correntes de deriva litorânea atuam basicamente na direção NE, porem


Souza & Souza afirmam que na praia do Guaraú os transporte são para NE e
SW, ocorrendo uma zona de divergência em sua porção central causando
intensos processos erosivos.

As marés também são responsáveis pela variação sedimentar, principalmente


pela velocidade das correntes relacionadas a ela. No local de estudo as marés
são do tipo semidiurno, com duas preamares e duas baixamares diárias com
alturas equivalentes, com amplitudes abaixo de 2 metros

O Rio Guarau é pequeno com cerca de 12 Km e é considerado como um dos


maiores estuários de águas claras da região (Por, 1986). As nacentes são
dendriticas, passando na direção do mar por cascatas e corredeiras de alta
inclinação, até se agregar em dois braços principais nos rios Tequetera e
Pereque, sendo que devido à sua pequena inclinação, durante a maré cheia o
fluxo do rio se inverte podendo levar águas salinas até a região de corredeiras
(Lopes, 1989).

2.3 - Vegetação e Fauna Terrestre

A vegetação que compõe a Estação Ecológica Juréia- Itatins é um complexo de


biomas e fisionomias nos mais variados graus de conservação, sendo
elemento único no Estado de São Paulo. É uma das poucas regiões que
apresenta zonação desde a praia até as serras costeiras, conseqüência de
uma ampla heterogeneidade de relevo, solo e clima que permitem a existência
de formações vegetacionais específicas ao longo do gradiente de variações.
No ambiente de estudo, predominam as fisionomias vegetacionais de Dunas e
Restingas.

2.4 - Dunas e Restingas

Esse tipo de cobertura vegetal corresponde a cerca de 0,49% da área de


Estação Ecológica Jureia- Itatins. Contudo, estas formações são as maiores
áreas contínuas remanescentes de formação de jundu conservadas na mata
atlântica(Fundação Florestal, 2009).

Na praia do Guaraú e Guarauzinho a área de dunas e restinga é muito


reduzida, devido ao intenso fluxo turístico na década de 80, culminado na
construção de uma barreira para desviar a desembocadura do rio guaraú que
acabou acarretando na erosão de uma extensa faixa de praia.Dessa forma
pode-se afirmar que é uma das áreas com vegetação mais descaracterizada.

Mesmo assim existe ainda uma faixa de aproximadamente 750 metros de


extensão de restinga desde a praia até a divisa com uma área de mangue num
afluente do Rio Guaraú, espécies típicas encontradas nesse local também são
comuns em locais perturbados, são elas Hisbiscus pernambucensis, Syagrus
rommanzoffianus, Cecropia paschystachya, também são encontradas espécies
exóticas como Terminalia cattappa e Pinus elliottii.(Souza, & Capellari, 2004).

Na praia do Arpoador verifica-se também alterações devido a erosão marinha,


na primeira metade da praia, verifica-se uma pequena área de restinga entre a
mata e a serra fazendo com que essa faixa de vegetação possua forte
influencia da mata atlântica com trechos alagáveis e córregos temporários,
nessa área encontra-se espécies como Eugenia neoglomerata, Rapanea
umbellata, Matayba elaeagnoides Dendropanax sp. e Ficus sp. (Souza &
Capellari,2004), na segunda metade da praia a serra do mar se extende até o
oceano formando costões rochosos, nesse local a área de restinga e dunas é
inexistente, encontrando-se espécies típicas da mata atlântica, que raramente
são vistas próximas ao mar.

2.5 - Fauna marinha

São poucos os repteis marinhos encontrados no litoral sul. Segundo Olmos &
Matruscelli (2004), os únicos répteis verdadeiramente marinhos do litoral sul
são as cinco espécies cosmopolitas de tartarugas marinhas, sendo que
nenhuma delas se reproduz regularmente no litoral de São Paulo, apenas
utilizam sua costa como área de alimentação.
Encontra-se principalmente na região a tartaruga verde (Celonia mydas), que
se alimenta de algas nos costões rochosos e nas margens do mangue.
Verifica-se também a presença da tartaruga cabeçuda (caretta caretta),
encontradas geralmente mortas nas praias após serem capturadas por redes
de arrasto. A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriácea) é uma espécie
adaptada a mergulhos em grandes profundidades, alimentando-se de
tunicatos, medusas e outros organismos gelatinosos. Ela costuma ser atraída
pela grande presença desses animais em alguns verões na costa paulista,
onde é grande a mortalidade dessa espécie vitima de obstrução intestinal,
devido à ingestão de plásticos confundidos com seu alimento (Fundação
Florestal, 2009)

Entre os mamíferos, o boto-cinza (Sotalia fluviatilis) é o mais comum no litoral


sul paulista, sendo facilmente avistado na Estação Ecológica Juréia-Itatins,
variam de 1,5 a 1,9 m e representam cerca de 58% dos cetáceos encontrados,
segundo Matruscelli et al.(1996).São encontrados também golfinhos do gênero
Tursiops, possuem de 1,9 a 3,8m de comprimento e frequentam, no sul de são
Paulo, principalemente a região da Jureia durante o inverno, seguindo
cardumes de tainhas e parati.Grupos de dois a dez golfinhos são regularmente
observados em Peruíbe, especialmente próximo à foz do Rio
Guaraú(Fundação Florestal,2009).

São Também encontradas espécies de baleias como a baleia-


franca(Eubalaena australis) o maior representante dos grande cetáceos no
litoral sul paulista, atingem até 16,5m e até 80 toneladas e foram observadas
mais recentemente em pares mãe-cria em Peruíbe nos dias 29 de agosto,13 de
setembro de 1997, e 10 de setembro de 1998.(Fundação Florestal , 2009).

3. Determinação do tamanho de transecto ideal

Pelo fato de não haver um padrão universal de transecto ideal, um trabalho de


caracterização de lixo marinho em praias pode determinar, considerando as
características locais, este tamanho ideal.

Neste trabalho, a definição do tamanho ideal de transecto foi feito de acordo


com a metodologia de Araújo e Costa (2006), que estabelece a definição de 4
espaços amostrais ou transectos com 50 m cada. Devido ao tempo excessivo
utilizado para a divisão e demarcação dos transectos e sub-transectos, não foi
possível coletar 4 transectos no mesmo dia. Assim, foram delimitados dois
transectos de 50 metros de largura, subdivido em oito intervalos de 0–2.5 m;
2.5–5 m; 5–10 m; 10–15 m; 15– 20 m; 20–30 m; 30–40 m; 40–50 m. Os
transectos foram demarcados com um barbante de 50 metros subdividido de
acordo com o tamanho dos subtransectos e em seguida foram coletados todos
os resíduos presentes em cada sub-transectos separadamente.

Os itens foram contabilizados e classificados de acordo com a sua principal


fonte de emissão (pesca, embalagens de comida e utensílios descartáveis,
resíduos perigosos, esgoto e higiene pessoal, usuários de praia e produtos da
casa) conforme Araújo e Costa (2006).

Dessa forma, identificou-se a quantidade de itens em cada sub-transecto e


através de análise estatística buscou-se identificar o tamanho de transecto
mais representativo, tanto em quantidade de itens como em quantidade de
classes presentes.

Para determinar se havia variação significativa de número de itens por


transecto, foi aplicado o teste de Friedman´s e a posteriori foi aplicado o teste
de Turkey´s para determinar os grupos homogêneos, todos eles com nível de
significância de 0,01%.

Esses testes revelaram que a quantidade de transectos coletados (2) foi


insuficiente para determinar se havia variação significativa entre o número de
itens dos diversos transectos demarcados, sendo necessário no mínimo 3
transectos. Dessa forma, foi utilizado o tamanho de transecto ideal sugerido por
Araújo e Costa (2006), de 20m de largura e com comprimento variando entre a
linha d’ água e a área de restinga ou ocupação urbana, de acordo com o local
do transecto.

4. Caracterização espaço-temporal do lixo marinho nas praias do


Guaraú e Arpoador no litoral sul do estado de São Paulo

Para realizar a coleta de dados na praia do Arpoador, que pertence à Estação


Ecológica Juréia- Itatins foi necessário obter anuência para a pesquisa junto à
Comissão Técnico Científica (COTEC) do Instituto Florestal. Esta autorização
foi obtida através do envio do projeto de pesquisa, acompanhado de
formulários, conforme solicitado pelo COTEC. , O projeto enviado referiu-se ao
mesmo avaliado na disciplina Projeto de Formatura I, do curso de Gestão
Ambiental da Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de
São Paulo (EACH/USP).Após avaliação do projeto foi emitida a autorização
para o acesso à praia (Apêndice I ).

Na praia do guaraú, com cerca de 1900m de comprimento, foram demarcados


quatro transectos, numerados de 1 a 4 , localizados em áreas da praia com
características especiais como a maior presença de turistas, ocupação
imobiliária na divisa da praia, área de restinga e proximidade com o rio Guaraú.
O transecto denominado G1 (24º22'07,16"S; 47º00'42,52" O) foi localizado na
extremidade noroeste da praia onde se encontra o comércio e o acesso
principal, há havendo ali maior quantidade de turistas. O transecto G2
(24º22'14,48"S; 47º00'48,38" O) foi demarcado mais ao centro da praia, em
áreas onde há a presença de residências de veraneio no limite praial (Figura
2).

O transecto G3 (24º21'28,61"S; 47º00'59,31” O) está localizado em uma área


onde há vegetação de restinga, mostrando-se um local mais livre de pressões
antrópicas; e o transecto G4 (24º22'40,30"S; 47º01'08,63"O) está demarcado
no outro extremo da praia, onde deságua o Rio Guaraú, e com a presença de
uma marina de onde saem passeios de barco pelos rios e praias da estação
ecológica (Figura 2).

Na praia do Arpoador, com cerca de 900m de comprimento, foram demarcados


2 transectos, O transecto A1 (24º23'41,71" S; 47º00'41,75"O) está localizado no
canto esquerdo da praia, próximo à entrada da trilha que leva a praia de
Parnapuã, e o transecto A2 (24º23'25,30"S; 47º00'44,49"O) se localiza na
extrema direita da praia, próximo à trilha de entrada da praia(Figura 2)

Figura 4– Localização dos transectos nas praias do Guaraú e Arpoador

Os transectos foram demarcados com um barbante de 20 metros (Figura3),


que delimita a largura e o comprimento. O comprimento se estende por toda a
faixa de areia, desde o limite com a área antrópica ou de restinga até a linha
d’água onde foram coletados todos os resíduos com tamanho superior a 1 cm,
estimando – se a quantidade (itens/m) e o peso (g/m) dos itens encontrados.

Figura 5– Foto demarcação dos transectos

Foram feitas sete coletas de lixo marinho ao todo, sendo a primeira a fim de
delimitar o tamanho do transecto, efetuada no dia 28/08/2010, a segunda
coleta, já utilizando o tamanho de transecto definido no dia 07/09/2010, a
terceira coleta foi realizada no dia 18/09/2010, a quarta coleta foi realizada no
dia 12/10/2010, a quinta coleta no dia 23/10/2010, a sexta coleta no dia
02/11/2010 e a sétima coleta foi realizada no dia 27/11/2010. As coletas foram
realizadas a partir das 10h da manhã, se estendendo por todo o dia, até
aproximadamente as 16:30h.

As datas foram escolhidas mantendo uma distancia uniforme de


aproximadamente duas semanas, intercalando entre feriados e fins de semana
e procurando saber se a maior presença de turistas afeta diretamente a
quantidade de resíduos.

Assim, foi feita uma comparação da quantidade de lixo marinho nas praias do
Guaraú e Arpoador a fim de verificar se a presença de turistas influi
diretamente na quantidade de resíduos encontrados.
5. Análise dos dados de caracterização

5.1 - Determinação do número de itens por transecto e a densidade


(Itens/m)

A análise da densidade de itens por transecto é uma forma mais apurada de


descrever os diversos padrões de distribuição dos resíduos na praia,
proporcionando assim uma comparação da quantidade de resíduos em
diversas praias e condições.

Essa análise foi feita com a construção de tabelas e gráficos, informando a


quantidade de itens, o peso, e a densidade de itens (itens/m) em cada
transecto e em cada data de coleta.

5.2 - Identificação das fontes geradoras

Os resíduos foram classificados de acordo com a tabela utilizada pelo “The


Ocean Conservancy” para o “Dia Mundial da Limpeza de Praias” (Apêndice II)
que organiza os resíduos com base nas atividades a qual estão relacionados.

A classificação de itens por atividade tem a finalidade de indicar as fontes


geradoras de resíduos, permitindo assim um trabalho especifico na mitigação
desse impacto.

As atividades consideradas pela tabela são: Atividades à beira-mar e


recreativas, Atividades aquáticas, Atividades poluidoras, Atividades
relacionadas ao hábito de fumar, Higiene pessoal e resíduos hospitalares e
Lixo típico do local.

Os gráficos foram elaborados por transecto, por coleta e por suas respectivas
atividades, apresentando a distribuição dos resíduos coletados.

Após a classificação das atividades, os itens foram separados segundo a sua


principal constituição, como, papel, plástico, vidro, metal e outros quando não
se encaixam em nenhuma das categorias anteriores. Com os resultados, foram
confeccionados gráficos de barra evidenciando as diferenças de porcentagens
de materiais constituintes em cada período e praia de coleta.
5.3 - Análise do tempo de recomposição dos itens de lixo marinho nas
praias de estudo

Para determinar o tempo necessário para que a quantidade de itens de lixo


marinho volte a ser igual à inicial, observou-se o número de itens por transecto
na coleta do dia 07/09/2010, coleta esta considerada o ponto inicial para o
processo de análise da recomposição.

Nas demais coletas que se sucederam após a do dia 07/09/2010, observou-se


o número de itens e o tempo necessário para que a quantidade de itens
voltasse a ser igual à inicial, podendo assim analisar a velocidade com que os
resíduos foram depositados na praia.

As coletas foram realizadas com intervalos de aproximadamente duas


semanas, intercalando feriados e fins de semana.

Resultados

1. Determinação do tamanho ideal de transecto

No transecto A, da praia do Guaraú, foi coletado um total de 324 itens, em uma


área de 7500m², distribuídos nos sub-transectos de acordo com a Tabela 1.
Além disso, foi contabilizado também o número de categorias de resíduo
(pesca, embalagens de comida e utensílios descartáveis, resíduos perigosos,
esgoto e higiene pessoal, usuários de praia e produtos da casa) presentes em
cada sub-transecto.

Transecto A (50x150) 2,5m 5m 10m 15m 20m 30m 40m 50m Total

Número de Itens 9 11 25 34 25 66 96 58 324

Número de Categorias 2 3 5 5 4 5 5 6

Tabela 1– Número de Itens coletados na praia do Guaraú para o transecto A, em


função do tamanho dos sub-transectos.
No transecto B, foi coletado um total de 342 itens, em uma área de 2500m²
distribuídos nos sub-transectos de acordo com a Tabela 2.

Transecto B(50x50) 2,5m 5m 10m 15m 20m 30m 40m 50m Total

Número de Itens 21 15 35 41 39 63 66 62 342

Número de categorias 4 5 4 5 5 6 5 5

Tabela 2– Número de Itens coletados na praia do Guaraú para o transecto A, em


função do tamanho dos sub-transectos.

Quando efetuado o teste de Friedman, com o intuito de determinar se havia


diferença significativa entre o número de itens coletados em relação ao
tamanho do transecto, verificou-se que não houve diferença significativa,
considerando uma margem de erro de 5%. Além disso, como foi possível
coletar resíduos de apenas dois transectos, devido a imprevistos no trabalho de
campo, os resultados obtidos com a análise estatística mostraram que seria
necessário pelo menos 3 transectos para se ter um grupo de dados adequados
de análise.

Dessa forma, foi adotado o tamanho de 20 metros para os transectos,


conforme o estudo feito por Araújo e Costa (2006), já que as análises
realizadas foram insuficientes para se determinar o tamanho ideal na praia em
estudo.

2. Caracterização do lixo marinho nas praias do Guaraú e


Arpoador

Durante as 6 coletas, recolheu-se na praia do Arpoador 1283 itens com um


peso de 23,7 kg.

Na praia do Guaraú foram encontrados 3390 itens, pesando 37,2 Kg, retirando
um total de 4673 itens durante as seis coletas, com um peso total de 60,955
Kg.

Na praia do Arpoador, considerada uma praia com pouca freqüência de


turistas, os dois transectos demarcados, apresentaram uma significativa
quantidade de resíduos, muitas vezes igual ou superior a outros transectos da
praia do Guaraú. Na coleta do dia 27/11/2010, por exemplo, o transecto A1
apresentou 241 itens, superior aos coletados nos transectos G2, G3 e G4 da
praia do Guaraú.
O gráfico 1 mostra a distribuição do numero de itens coletados nas praias do
Arpoador e Guaraú em função dos transectos e datas de coleta.

Gráfico 1 – Nº de itens por data e por transecto

Isso pode estar ocorrendo devido ao grande número de resíduos carregados


pelo mar que se depositam naquela região através das correntes e marés.
Além disso, por ser um fim de semana normal, a quantidade de turistas é
menor na praia do Guaraú resultando num menor número de itens
encontrados.

Por se tratar de uma praia sem acesso turístico e dentro de uma unidade de
conservação, os dados obtidos para a praia do Arpoador são alarmantes,
mostrando uma quantidade de itens semelhante a praias antropizada, o que
dificulta a preservação do ecossistema objetivada pela Estação-Ecológica
Jureia-Itatins.

Na praia do Guaraú podemos observar que os transectos 1 e 2 possuem uma


maior quantidade de resíduos em praticamente todas as coletas e isso
acontece pois há uma maior concentração de turistas nessa área da praia.
Destaque para a coletas do dia 07/09/2010 onde o transecto 1 da praia do
Guaraú obteve 381 itens coletados pesando 6,15Kg a maior quantidade de
itens coletados em todo o trabalho(Figura 6).
Figura 6 - Resíduos no transecto 1 da praia do Guaraú no dia 07/09/2010.

Para uma melhor comparação do número de itens de lixo marinho entre as


praias, utiliza-se o fator densidade, que mostra o número de itens por metro
quadrado (m2), possibilitando uma melhor análise da distribuição dos resíduos
ao longo da praia.

Percebe-se pelo Gráfico 2 uma grande concentração de itens na praia do


Guaraú, principalmente no transecto 1 , com maior densidade em praticamente
todas as coletas, devido à grande concentração de turistas nessa área.

Verifica-se também que nas coletas dos dias 07/09/2010, 12/10/2010 e


02/11/2010 a distribuição dos resíduos segue praticamente o mesmo padrão
com maior densidade na praia do Guaraú em relação à praia do Arpoador
sendo os transectos 1 e 2 da praia do Guaraú os que apresentam maior
quantidade de itens por m2. Este fato está ligado a concentração de turistas
nessas áreas, principalmente nos feriados onde a praia recebe uma maior
concentração de pessoas e conseqüentemente de lixo.

Percebe-se também que nos transectos 3 e 4 da praia do Guaraú essa


diferença da concentração de resíduos nos feriados e fins de semana não
ocorre, mantendo aproximadamente o mesmo nível de resíduos, exceto na
coleta do dia 07/09/2010 ,que por se tratar da primeira coleta possui uma
quantidade de itens que se acumulou por um tempo indeterminado, havendo
assim uma quantidade maior de itens em todos os transectos nessa data.
Na praia do Arpoador, da mesma forma que nos transectos 3 e 4 da praia do
Guaraú a variação da densidade é pequena entre as datas (fins de semana e
feriados) evidenciando assim que ao contrário dos transectos 1 e 2 da praia do
Guaraú, a maior presença de turistas não influencia diretamente na quantidade
de resíduos nesses transectos.

O gráfico 2 mostra a distribuição dos itens/m2, em cada transecto por coleta.

Gráfico 2- Densidade de lixo marinho por transecto e por data de coleta,


nas praias do Arpoador e Guaraú.
Em relação a outras praias, tanto do Brasil como do mundo, ainda faltam
metodologias de classificação padronizadas para permitir a comparação entre
diferentes praias e regiões (CHESHIRE & ADLER, 2009)

Para minimizar esse problema ALKALAY et al. (2007) com o apoio do


Ministério do Meio Ambiente de Israel, elaboraram um índice afim de indicar o
grau de limpeza das praias denominado Clean Coast Index (Índice de Limpeza
da Costa)ou CCI. Este índice considera a quantidade de plásticos amostrados
por metro quadrado de praia, visto que os itens plásticos correspondem à maior
parte dos resíduos encontrados.
Dessa forma, ALKALAY et al. (2007) propõe a seguinte classificação:

0 – 0,1 itens/m² - Muito Limpa

0,1 – 0,25 itens/m² - Limpa

0,25 – 1,5 itens/m² - Moderada

0,5 -1 itens/m² - Suja

Mais de 1 item/m² - Extremamente suja

Dessa forma, percebe-se que a praia do Arpoador em praticamente todas as


coletas apresentou uma densidade baixa, abaixo de 0,25 itens/m² podendo ser
considerada uma praia limpa.

Na praia do Guaraú os transectos G4 e G3 apresentam densidades baixas na


maioria das coletas, com exceção ao dia 07/09/2010. Nesses transectos as
densidades são próximas às da praia do Arpoador, também podendo ser
classificadas como praias limpas.

Os transectos G2 e G1 na praia do Guaraú possuem uma densidade maior,


principalmente nos feriados, o transecto G2 atinge densidades superiores a 0,4
itens/m² podendo ser classificado coma área moderada. Já o transecto G1 é o
que possui a maior densidade de itens em praticamente todas as coletas,
sendo que no dia 07/09/2010 atingiu quase 1 itens/m², sendo assim podemos
classificar esse transecto como uma área suja. Ressalta-se que há que mesmo
que a praia fosse considerada limpa, este índice não mede o grau de
periculosidade dos itens ali presentes, que mesmo com pouca quantidade de
resíduos, há itens que podem comprometer a saúde das pessoas e da própria
fauna marinha.

3. Tempo de recomposição

O tempo de recomposição é uma forma de estimar o tempo necessário para


que a quantidade de itens volte a ser igual á quantidade inicial em cada
transecto. Dessa forma, considera-se a quantidade de itens em cada transecto
na primeira coleta realizada no dia 07/09/2010 como a quantidade inicial e
busca-se verificar nas demais coletas, quanto tempo é necessário para se
obter o mesmo número de itens da primeira coleta.

O estudo realizado mostrou que em praticamente todos os transectos o número


de itens de lixo marinho se recompuseram em menos de 11 dias, sendo que os
transectos Guarau 2 e 3, em 11 dias a quantidade de itens de lixo marinho
praticamente dobrou. No transecto Guaraú 1, não houve reposição total dos
itens em 11 dias, devido à quantidade muito elevada de itens coletados no
feriado do dia 07/09/2010 como explicado acima (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Tempo de recomposição dos itens de lixo marinho nas praias do


Guaraú e Arpoador em função do tempo.

Com o passar do tempo percebe-se uma tendencia de crescimento estável nos


transectos Arpoador 2, Guaraú 4, Guaraú 3, enquanto nos transectos Guarau 1
e 2 há um crescimento mais abrupto devido principalmente à alta concentração
de itens provenientes dos turistas nos feriados.

De acordo com o gráfico 3, consegue-se também estabelecer um perfil de


crescimento da quantidade de resíduos em 2 tipos de praias.

Percebe-se que os transectos menos influenciados pelo turismo (Arpoador 1, 2


e Guarau 4, 3) possuem um padrão de crescimento linear, ou seja os resíduos
se depositam praticamente numa velocidade constante, enquanto nas áreas
mais influenciadas pelo turismo, esse crescimento ocorre de forma mais
abrupta, evidenciando uma maior velocidade de deposição dos resíduos.

O pouco tempo necessário para a recomposição dos itens faz com que os
impactos do lixo marinho sejam ainda mais graves, pois acarreta um maior
gasto com a limpeza da praia, aumentando a periodicidade de limpeza e a
quantidade de itens coletados, que gera uma dificuldade de transporte e
deposição final desses resíduos.
Na praia do Arpoador, segundo informações dos funcionários locais, a limpeza
é feita semestralmente, quando é fornecido o material necessário como
grandes sacos de lixo e combustível para o transporte dos resíduos por barco.
(Figura 7)

Figura 7 - Barco utilizado para a transportar os resíduos coletados na limpeza da


Praia do Arpoador.

Na praia do Guaraú a limpeza é de responsabilidade da prefeitura e acontece


diariamente, onde os resíduos são transportados por caminhões e destinados
em conjunto com os outros resíduos da cidade para lixões e aterros sanitários.

Extrapolando os dados obtidos, em um ano teremos um total de 5.202 itens


acumulados na praia do Arpoador e 14.188 itens na praia do Guaraú. Isso faz
com que a coleta dos resíduos seja dificultada, gerando um aumento de gastos
com a limpeza das praias, além disso, o turismo tende a diminuir pela perda do
valor estético das praias causando ainda uma diminuição da fonte de renda do
município.

4. Identificação das fontes geradoras e constituição dos resíduos

A constituição dos resíduos é importante tanto para verificar o tempo de


decomposição dos resíduos como também a gravidade para a saúde e para o
meio ambiente.
Verifica-se através dos dados obtidos, que o plástico é o principal resíduo
presente nas praias, com mais de 70% dos itens em todas as coletas. Isto
ocorre, pois é o tipo de material mais produzido no mundo e serve como
embalagem descartável para os mais diversos produtos.

Além disso, o plástico demora mais de 100 anos para se decompor (Franchetti,
2006) e pode ser confundido com alimentos por diversas aves e animais
marinhos, causando grandes impactos na comunidade costeira.

Em seguida a categoria mais presente é “outros”, que é composta por


principalmente bitucas de cigarro assim como materiais de construção civil,
tecidos, calçados entre outros. Essa alta porcentagem de itens se da
principalmente pela grande quantidade de bitucas de cigarro presentes nas
praias, e mantém praticamente a mesma distribuição durante todas as coletas.

Segundo o gráfico 4, a distribuição dos materiais é praticamente constante em


todas as coletas. Porém, deve-se dar uma maior importância aos itens de metal
e vidro, que apesar de aparecerem com pouca freqüência, causam um grande
impacto, não só ao meio ambiente, mas também à saúde dos freqüentadores.

Esses itens podem estar quebrados ou rasgados, com partes pontiagudas e


cortantes, que podem causar ferimentos sérios aos banhistas, principalmente
se estiverem cobertos por água ou areia, dificultando a visualização dos
resíduos.

Gráfico 4 - Composição dos resíduos sólidos das praias do Guaraú e Arpoador


em função das datas de coleta e quantidade (%) coletada.

** A categoria outros se refere a bitucas de cigarro, materiais de construção,


tecidos etc.
A madeira e o papel aparecem com pouca freqüência também, porém a
presença desses itens causa uma degradação na aparência da praia,
causando uma perda do potencial turístico da praia.

Há que se considerar também que não só a constituição do material é


importante para uma eficiente gestão dos resíduos sólidos, mas é necessário
também que se identifique as fontes emissoras dos resíduos com a finalidade
de se caracterizar e criar campanhas específicas para a diminuição dos
resíduos sólidos nas praias.

Na coleta do dia 07/09/2010, conforme exposto no gráfico 5 , verifica-se uma


maior quantidade de itens relacionados a atividades beira mar e recreativas, ou
seja, todos os resíduos ligados à atividades na praia, nessa categoria se
encontram resíduos como copos, colheres facas, garrafas pet, tampinhas de
garrafa, embalagens de alimentos, sacolas plásticas entre outros.

Na praia do arpoador, percebe-se uma distribuição diferente em comparação


com a praia do Guaraú. No transecto 1, apesar da predominância de resíduos
relacionados à atividade beira mar e recreativas, essa deposição não ocorre
por via direta do turista, visto que a maioria dos itens encontrados são garrafas
pet e tampinhas de garrafas e potes, itens que podem ser carregados pelo mar
por longas distancias. Além disso, verifica-se uma presença relevante de itens
relacionas a atividades aquáticas, principalmente a pesca, sendo
predominantes itens como isopor, linhas de nylon e redes de pesca.

A grande quantidade de lixo locais existentes no transecto 1 da praia do


arpoador ocorre principalmente pela alta quantidade de pequenos fragmentos
de plástico, além disso encontram-se nessa categoria itens como chinelos e
calçados, espumas e itens domésticos.

Nesta coleta também vale ressalta a presença de resíduos perigosos, que


apesar de aparecerem em porcentagens ínfimas, causam grandes impactos no
meio ambiente e também à saúde. No transecto 1 da praia do arpoador foi
encontrado 1 tonel de produto para limpeza de tanques de combustível de
navios (Figura 8).
Figura 8- Foto do Rótulo do tonel encontrado no transecto 1 da praia do
Arpoador em 07/09/2010.

Dessa forma percebe-se a influencia da marinha mercante no despejo de


resíduos sólidos, que apesar das regulamentações da MARPOL, ainda são
fontes poluidoras. No transecto 2 da praia do Arpoador observa-se um maior
equilíbrio entre as categorias mas com uma predominância de resíduos
relacionados a atividade aquáticas. Nessa categoria foram encontrados
resíduos como pedaços de isopor, bóias, redes de pesca, linhas de pesca,
lâmpadas e até embalagens de óleo lubrificante.

Nas praias do Guaraú, conforme o gráfico 5 , na coleta do dia 07/09/2010


percebe-se um perfil interessante de distribuição das fontes de resíduos. Os
resíduos relacionados às atividades a beira mar e recreativas são
predominantes em todos os transectos. Porém, nos transectos 4 e 3 da praia
do Guaraú há uma maior quantidade de itens relacionados a atividades
aquáticas, que vai decaindo conforme avançamos em direção ao transecto 1,
onde não se verifica nenhuma ocorrência desse tipo de resíduo.
Gráfico 5- Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do Arpoador e Guaraú
em 07/09/2010.

Além disso, aparecem resíduos relacionados ao hábito de fumar, constituído


principalmente por bitucas de cigarro, isqueiros, maços e embalagens de
cigarros.

Nos transectos 3, 2 e 1 da praia do Guaraú a ocorrência desse tipo de resíduo


foi de aproximadamente 20%, evidenciando o grande impacto que esse hábito
causa(Figura 9), não só à saúde mas também ao meio ambiente. Além disso,
atividades de educação ambiental deveriam ser estimuladas, principalmente
tendo os fumantes como público alvo e alertando para as conseqüências do
despejo inadequado das bitucas de cigarro no ambiente praial.
Figura 9- Bitucas de cigarro coletadas no transecto Guaraú 1 no dia 07/09/2010.

No transecto Guaraú 1 observa-se que mais que 98% dos resíduos são
relacionados as atividades a beira mar e recreativas e ao hábito de fumar,
evidenciando o alto impacto do turismo nessa área da praia.

Na coleta do dia 18/09/2010, percebe-se uma distribuição um pouco


diferenciada das fontes de resíduos em relação à coleta anterior.

Na praia do Arpoador verifica-se uma distribuição mais homogenea das fontes


de emissão, com predominancia de resíduos relacionados a atividades beira
mar e recreativas, atividades aquaticas e lixos locais (composto principalmente
por pequenos fragmentos plásticos).

Já nos transectos da praia do Guaraú , conforme o gráfico 6, os itens


relacionados a atividade a beira mar e recreativas continuam predominantes,
porém em segundo lugar se destacam os resíduos relacionados a atividades
aquáticas nos transectos 4 e 3. Já nos transectos 2 e 1 as atividades
relacionadas ao hábito de fumar se destacam e inclusivem ultrapassam a
quantidade de resíduos de atividade a beira mar e recreativas.
Gráfico 6 - Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do Arpoador e Guaraú
obtidos na coleta do dia 18/09/2010

Em 12/10/2010, o perfil de distribuição dos resíduos permanece praticamente o


mesmo que na coleta anterior. Na praia do arpoador, no transecto 1,
predominam os resíduos relacionados a atividades aquáticas e pequenos
fragmentos de plástico, classificados como lixo local., No transecto número 2,
da referida praia, a maioria dos itens coletados pertence a atividades beira mar
e recreativas, seguido pelos lixos locais composto principalmente por pequenos
fragmentos de plástico.

Os itens relacionados à higiene pessoal representam cerca de 10% dos


coletados nesta data na praia do arpoador e englobam principalmente
embalagens de produtos de higiene pessoal e hastes de cotonete.

Na praia do Guaraú, conforme exposto no gráfico 7, observa-se uma grande


quantidade de itens relacionados a atividades aquáticas nos transectos 4 e 3.
Já nos transectos 2 e 1 são predominantes os resíduos de atividades a beira
mar e recreativas e relacionadas ao hábito de fumar.
Gráfico 7 - Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do Arpoador e Guaraú
em 12/10/2010

Nesta coleta têm destaque os itens coletados do transecto 2 do Guaraú,


classificados como resíduos perigosos. Foram encontrados 2 itens de material
de construção e uma câmara de pneu, esses resíduos além de terem uma
decomposição muito demorada, podem causar ferimentos nos freqüentadores
das praias.

Outro destaque foram embalagens de cocaína encontradas no transecto 1 da


praia do Guaraú e no transecto 2 da praia do Arpoador, mostrando também
que as autoridades devem ficar alerta quanto à segurança das praias e de seus
freqüentadores.

Na praia do Arpoador, no dia 23/10/2010 os resíduos relacionados às


atividades beira mar e recreativas são predominantes, seguidos pelas
atividades aquáticas, em ambos os transectos.

Os lixos locais representam cerca de 20% dos resíduos coletados na praia dor
arpoador, e são formados principalmente por fragmentos de plástico, chinelos e
calçados e itens domésticos.

Na praia do Guaraú os resíduos relacionados às atividades beira mar e


recreativas também foram predominantes, porém é interessante ressaltar o
comportamento dos resíduos relacionados a atividades aquáticas e atividades
relacionadas ao hábito de fumar.

Conforme o gráfico 8, as atividades aquáticas diminuem do transecto 4 até o


transecto 1, enquanto as atividades relacionadas ao hábito de fumar aumentam
, demonstrando que nas partes menos urbanizadas da praia, onde predominam
atividades pesqueiras e náuticas, há uma maior quantidade de resíduos
relacionados a essas atividades, enquanto na área mais urbanizada,
predominam atividades de turismo, e uma grande concentração de pessoas,
fazendo com que se acumulem resíduos como por exemplo bitucas de cigarro.

Gráfico 8- Fontes de Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do Arpoador


e Guaraú em 23/10/2010

Na coleta do dia 02/11/2010, os padrões de distribuição das fontes de resíduos


permanece semelhante.

Na praia do Arpoador, os resíduos predominantes no transecto 1 foram as


atividades aquáticas e lixo locais, esses constituidos por pequenos fragmentos
de plástico, tampas de caneta, itens domésticos, luvas plásticas, e novamente
embalagens de drogas.
De acordo com o gráfico 9, no transecto 2, os resíduos predominantes são
relacionados as atividades beira mar e recreativas, seguidos pelos lixos locais,
aqui constituidos por pequenos fragmentos de plástico e tampas de caneta.

Gráfico 9 - Fontes de Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do


Arpoador e Guaraú em 02/11/2010
Vale a pena ressaltar também o aumento da quantidade de itens de higiene
pessoal na praia do Arpoador, com aproximadamente 15% dos resíduos da
praia do arpoador pertencendo a essa categoria. Esses resíduos são
compostos principalmente por hastes de cotonetes e embalagens plásticas de
produtos de higiene pessoal, como desodorantes, preservativos entre outros.

Na praia do Guaraú , os padrões permanecem os mesmos da coleta anterior,


prevalecendo os resíduos relacionados a atividades a beira mar e recreativas,
seguidos pelas atividades aquáticas nos transectos 4 e 3 e por atividades
relacionadas ao habito de fumar nos transectos 1 e 2.

É interessante atentar também para uma maior quantidade de itens


relacionados as atividades beira mar e recreativas em todos os transectos da
praia do guaraú, isso se deve principalmente pela maior presença de banhistas
em toda a praia, ocasionado pelo feriado prologado.

No dia 27/11/2010, na praia do Arpoador, percebe-se uma mudança no perfil


de distribuição das fontes de resíduos. , Nesta coleta os resíduos relacionados
as atividades beira mar e recreativas foram predominantes, com mais de 40%
no transecto 1 e mais de 50% no transecto 2. Isso ocorreu devido a alta
concentração de tampas de garrafas e potes recolhidas em ambos os
transectos, conforme o gráfico 10.

Gráfico 10 - Fontes de Emissão de lixo marinho nas praias do Arpoador e


Guaraú em 27/11/2010
Os lixos locais compostos por principalmente por pequenos fragmentos de
plástico é a segunda classe mais presentes de itens.

Já nos transectos da praia do Guaraú os resíduos relacionados a atividades


beira mar e recreativas são predominantes em todos os transectos, com
exceção do numero 3 que teve uma maior concentração de resíduos
relacionados a atividades aquáticas, principalmente pelo alto números de
fragmentos de isopor encontrados.

Nos transectos 1 e 2 continuam predominantes itens relacionados às atividades


beira mar e recreativas e relacionadas ao hábito de fumar, principalmente no
transecto 1 onde praticamente todos os resíduos encontrados pertencem a
essas categorias.
Conclusão

Através da análise de dados efetuada, conclui-se que as praias estudadas


possuem uma quantidade significativa de resíduos coletados, explicitando o
grave problema gerado pela coleta deficiente dos resíduos e pela falta de
cidadania dos turistas que as freqüentam.

Além disso, percebeu-se também que a praia do Arpoador, por estar dentro de
uma unidade de conservação recebe uma grande quantidade de resíduos, se
equiparando à praia do Guaraú nos locais menos antropizados, como o acesso
turístico é restrito nessas praias a maioria do lixo é resultante da deriva praial,
ou seja, é transportado pelas correntes e marés e depositado na areia.

Percebeu-se ainda que durante nos feriados há uma grande variação na


quantidade de resíduos encontrados em relação aos finais de semana, para
alguns transectos da praia do Guaraú. Dessa forma verifica-se a grande
importância do turismo na geração de resíduos nas praias, indicando a
necessidade de programas tanto de limpeza quanto de
conscientização/educação dos banhistas pela prefeitura de Peruíbe,
principalmente no que diz respeito à deposição inadequada dos resíduos.

Observou-se também que a recomposição dos itens ocorreu muito


rapidamente, em menos de 11 dias toda a quantidade de resíduos removida
durante a primeira coleta já havia sido depositada novamente nas praias. Isso
demonstra uma situação de alerta aos gestores municipais da região e de
preocupação com os impactos destes resíduos tanto sobre a fauna quanto a
saúde das pessoas que estarão expostas a estes resíduos. De todos os
resíduos coletados, o plástico compõe a grande maioria dos itens, conforme
evidenciado em diversos estudos citados. Além deste, foram encontrados
resíduos perigosos, que embora em pequena quantidade, é motivo de atenção
pelas autoridades locais.

Em relação às fontes, percebe-se que medidas devem ser tomadas de forma


emergencial, pois foram encontrados resíduos de todas as fontes, em especial
resíduos relacionados a atividades beira mar e recreativas, que representam a
grande maioria dos itens em praticamente todos os transectos e coletas.

Os resíduos relacionados as atividades aquáticas também foram muito


recorrentes, principalmente redes de pesca, linhas de pesca e fragmentos de
isopor, presentes em praticamente todos os transectos e coletas, evidenciando
um descaso de pescadores na deposição de seus resíduos. Para minimizar
esse problema é necessário que haja uma educação ambiental voltada para
essas comunidades pesqueiras, com a finalidade mostrar a eles a relação
direta entre a poluição nas praias e os ganhos financeiros.
Em relação aos itens de higiene pessoal, percebe-se que boa parte deles
provém dos rios e drenagens próximos, mostrando novamente a importância
de um bom nível de saneamento básico e coleta de lixo nessa região, visto que
com o descarte adequado grande parte desses itens não seriam encontrados
nas praias.

Dessa forma para minimizar os efeitos, devem ser efetuadas medidas de


limpeza constante, tanto na praia do Guaraú como do Arpoador, além de
educação e conscientização dos freqüentadores a fim de mantermos as praias
em condições de serem usufruídas pelas gerações futuras e iniciar programas
que possam minimizar a deposição de lixo marinho nas praias estudadas, que
provavelmente seja um reflexo do que acontece em outras praias do litoral Sul
do Estado de São Paulo.

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Apêndice I

Autorização para pesquisa na Estação Ecológica Juréia- Itatins.


Apêndice II

Ficha de classificação de resíduos sólidos, baseado na tabela do “Dia Mundial


de Limpeza de Praias” da The Ocean Conservancy.

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