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Conflitos se dão quando há duas ou mais

reivindicações mutuamente excludentes.

Solucionar um conflito, do ponto de vista da


Ética, significa declarar, dentre as vontades
mutuamente excludentes, qual é a correta de
prevalecer. Essa é a Premissa da Solução.

Uma norma que, se seguida, impeça o


surgimento de conflitos é superior a uma que
soluciona os conflitos mas continue os suscitando
mesmo se for seguida. Essa é a Premissa da
Evitação.

A Premissa da Evitação pode parecer uma


novidade, mas já está presente no raciocínio
libertário:

Há VÁRIAS normas que solucionam


conflitos conforme apenas a Premissa da
Solução: a regra de que o "primeiro usuário" seja
o dono, por exemplo, permite declarar uma única
vontade a prevalecer tanto quanto a regra de que
seja, digamos, o "segundo usuário" ou ainda que
deve prevalecer a vontade do "solicitante atual"
do uso;

Uma premissa auxiliar levantada para a


solução de conflitos envolve a mitigação de sua
ocorrência futura. A norma citada do "usuário
atual" seria inferior pois suscitaria conflitos
adicionais constantemente: dois indivíduos A e B
poderiam impedir infinitamente o uso de um
bem entre si tornando-se, alternadamente, o
"solicitante atual" assim que o outro assumisse a
propriedade por ter sido o solicitante atual no
momento anterior. A norma do "segundo
usuário" (ou de qualquer enésimo usuário)
enfrentaria problema similar, ficando na prática o
uso suspenso até se alcançar a enésima
ocorrência do conflito. A norma do primeiro
usuário, por outro lado, já alcança a solução
definitiva do conflito desde a primeira ocorrência
e evita contendas futuras se for seguida.
Porém, as reivindicações mutuamente
excludentes que estão presentes num conflito,
enquanto Ações (praxeologia), são produzidas a
partir de estados de menor satisfação;

Tendo isso em vista, ma ética que resolva


conflitos apenas declarando a prevalência da
reivindicação do primeiro usuário de um bem
não é tão eficiente para a evitação de conflitos
quanto uma que leve em conta também a
ocorrência de estados de menor satisfação
geradas com o uso destes bens, vedando-os. Uma
ética que vede tais usos implementa a Premissa
da Evitação, pois previne a causação dos estados
de menor satisfação que geram as reivindicações
mutuamente excludentes, conflituosas.

A ponderação do elemento da satisfação volta a


incluir o aspecto consequencial e pragmático na
Ética, sem que no entanto ela incorra nos
problemas tipicamente levantados contra
o utilitarismo,enquanto a mantém embasada em
termos lógicos e praxeológicos.
O argumento deste post pode ser exposto da
seguinte forma:
1- Conflitos ocorrem quando há
reivindicações mutuamente excludentes;
O que causa conflitos é a existência de duas
vontades mutuamente excludentes sobre algo, ou
seja, quando dois ou mais indivíduos agentes
esperam obter maior satisfação de forma
mutuamente excludente entre si (i.e., se um fica
mais satisfeito, outro fica menos e vice-versa).

2- Reivindicações se dão por meio de


ações, e o axioma da ação já nos ensina que
toda ação é motivada por um desconforto,
um estado de menor satisfação;

3- O que vai eliminar conflitos,


portanto, não é a mera atribuição de direitos
de propriedade, mas sim regras que
proporcionem a convivência com a menor
ocorrência de estados de menor satisfação,
que é o que motiva os conflitos;
OBJEÇÕES
Uma objeção imediata à conclusão é que a
vedação de certos usos causaria estados de menor
satisfação naquele que teve seu uso frustrado.
Embora isto seja verdadeiro, esta insatisfação ou
discordância em relação a uma norma ética em si
não se trata de um conflito entre partes como
aqueles que são objeto da ética, (Por exemplo, a
insatisfação ou discordância de um ladrão frente
à norma ética de não roubar não configura
conflito adicional).

Outra objeção é que a Premissa da Evitação


seria impossível de cumprir na prática, pois seria
requerido, antes de qualquer uso, uma
investigação de se ele causaria menor satisfação
em qualquer outro indivíduo do mundo. Mas esta
barreira só parece intransponível supondo as
limitações atuais de nossa tecnologia
comunicativa. É perfeitamente factível
uma tecnologia futura que, permitindo a
comunicação diretamente entre as mentes,
tornasse essa consulta algo trivial e praticamente
instantâneo. Não é válido balizar conclusões de
uma Ética a priori com base em limitações
contingentes da tecnologia presente. Outro
ponto é que os usos de algum bem, em geral, não
têm sequer potencial de afetar todos os
indivíduos: ninguém deseja todos os fins a ponto
de o uso de todos os meios o impactar. A
conclusão mais correta de acordo com esta
objeção não é de que a Ética não deve levar em
conta o impacto na satisfação alheia, mas sim
uma discussão sobre como proceder nos casos em
que seria impossível, circunstancialmente, a
consulta àqueles afetáveis pelo uso.

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