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Estilos de Aprendizagem e Desempenho Acadêmico: um estudo com discentes


dos cursos de Administração e Ciências Contábeis

Conference Paper · October 2019

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Grasiele Cabral Pereira Sidnei Vieira Marinho


Universidade do Vale do Itajaí (Univali) Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
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Helena Wollinger Ana Paula Pereira dos Passos


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XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro

Estilos de Aprendizagem e Desempenho Acadêmico: um estudo com discentes dos


cursos de Administração e Ciências Contábeis

Autoria
Grasiele Cabral Pereira - grasicp@hotmail.com
Prog de Pós-Grad em Admin/Cursos de Mestr Acad em Admin e Dout em Admin e Turismo/UNIVALI - Universidade do
Vale do Itajaí

Sidnei Vieira Marinho - sidnei@univali.br


Prog de Pós-Grad em Admin/Cursos de Mestr Acad em Admin e Dout em Admin e Turismo/UNIVALI - Universidade do
Vale do Itajaí

Helena Wollinger - helena_wollinger@hotmail.com


Prog de Pós-Grad em Admin/Cursos de Mestr Acad em Admin e Dout em Admin e Turismo/UNIVALI - Universidade do
Vale do Itajaí

Ana Paula Pereira dos Passos - passosapp@gmail.com


Prog de Pós-Grad em Admin/Cursos de Mestr Acad em Admin e Dout em Admin e Turismo/UNIVALI - Universidade do
Vale do Itajaí

Resumo
Na literatura existente, os estilos de aprendizagem são considerados um fator determinante
do desempenho acadêmico. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi analisar a relação
entre os estilos de aprendizagem e o desempenho acadêmico dos discentes dos cursos de
Administração e Ciências Contábeis. Em relação aos procedimentos metodológicos, este
estudo é classificado como quantitativo descritivo, com aplicação de questionários e
pesquisa documental e como instrumento de coleta de dados utilizou-se o inventário de
estilos de aprendizagem de Kolb, desenvolvido em 1979, revisado em 1985 e 1993,
traduzido e validado no Brasil por Cerqueira (2000). A população deste estudo foi de 336
discentes dos cursos de Administração e Ciências Contábeis, resultando em uma amostra de
207 respondentes. Para análise dos dados, utilizou-se a estatística descritiva e a análise de
variância (ANOVA). Nos resultados identificou-se pequenas oscilações entre as médias de
desempenho acadêmico nos períodos de ambos os cursos. Também se verificou que os
estilos de aprendizagem predominantes entre os discentes são o assimiliador e o
convergente. Ainda se constatou que os estilos de aprendizagem não influenciaram o
desempenho acadêmico obtido pelos estudantes estudados.
XLIII Encontro da ANPAD - EnANPAD 2019
São Paulo/SP - 02 a 05 de outubro

Estilos de Aprendizagem e Desempenho Acadêmico: um estudo com discentes dos cursos


de Administração e Ciências Contábeis

Resumo

Na literatura existente, os estilos de aprendizagem são considerados um fator determinante do


desempenho acadêmico. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi analisar a relação entre os
estilos de aprendizagem e o desempenho acadêmico dos discentes dos cursos de Administração
e Ciências Contábeis. Em relação aos procedimentos metodológicos, este estudo é classificado
como quantitativo descritivo, com aplicação de questionários e pesquisa documental e como
instrumento de coleta de dados utilizou-se o inventário de estilos de aprendizagem de Kolb,
desenvolvido em 1979, revisado em 1985 e 1993, traduzido e validado no Brasil por Cerqueira
(2000). A população deste estudo foi de 336 discentes dos cursos de Administração e Ciências
Contábeis, resultando em uma amostra de 207 respondentes. Para análise dos dados, utilizou-
se a estatística descritiva e a análise de variância (ANOVA). Nos resultados identificou-se
pequenas oscilações entre as médias de desempenho acadêmico nos períodos de ambos os
cursos. Também se verificou que os estilos de aprendizagem predominantes entre os discentes
são o assimiliador e o convergente. Ainda se constatou que os estilos de aprendizagem não
influenciaram o desempenho acadêmico obtido pelos estudantes estudados.

Palavras-chave: Estilos de Aprendizagem. Desempenho Acadêmico. Discentes.


Administração. Ciências Contábeis.

1 Introdução

O sistema de ensino superior brasileiro tem passado por profundas transformações ao


longo dos últimos anos (AMARANTE; CRUBELLATE; JUNIOR, 2017), com a
democratização da educação universitária e o aumento dos ingressos e das novas instituições
de ensino superior (IES), que resultaram a baixa qualidade do ensino e instituíram a necessidade
de adaptação dos métodos de ensino dos docentes aos modelos de aprendizagem dos discentes
(ARAÚJO et al., 2013; VARGAS, 2014).
Estudos sobre aprendizagem tiveram início na teoria comportamental, passando
posteriormente para a teoria experiencial até serem tratados como estilos de aprendizagem
(CERQUEIRA, 2000). O estilo de aprendizagem de cada discente é uma variável para a
elaboração de técnicas do processo de ensino e aprendizagem, que possibilitam o maior
aproveitamento nos estudos (CERQUEIRA, 2000; CORDEIRO; SILVA, 2012). Segundo
Srichanyachon (2011), os estilos são associados a maneira que o discente estabelece suas
conexões para a assimilação do conhecimento, contemplando as características pessoais
relacionadas à estruturação mental de aprendizagem, orientação de ensino, compreensão do
mundo e processamento de determinada informação.
Na literatura existente, os estilos de aprendizagem são apresentados por meio de
modelos com diferentes abordagens que visam a identificação dos tipos específicos de estilos,
os mais empregados são o modelo de Kolb, modelo de Felder e Silverman e modelo de Fleming
e Mills (VALASKI; MALUCELLI; REINEHR, 2011). Esses modelos evidenciam que o
reconhecimento dos estilos de aprendizagem tem um valor educacional, que influencia o
docente na sua maneira de ensinar e o discente na sua forma de aprender, refletindo na interação
do processo de ensino e aprendizagem (MESSICK, 1984; ARAÚJO et al., 2013; CRUZ;
BRUNI; BATISTA, 2016). Sendo assim, para Cordeiro e Silva (2012) compreender a

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existência dos diferentes estilos, proporciona a melhora do desempenho acadêmico dos


discentes.
Segundo Corbucci (2007), a investigação dos fatores que afetam o desempenho
acadêmico, permite o estabelecimento de políticas de ensino que ocasionem um melhor
desempenho do discente. Os fatores determinantes do desempenho acadêmico são relevantes
para as instituições de ensino superior (CERQUEIRA, 2000; GUNEY, 2009), pois propicia
uma base para a formulação de novas metodologias de ensino e um processo de ensino e
aprendizagem mais eficiente (ARAÚJO et al., 2013; CRUZ; BRUNI; BATISTA, 2016).
Trabalhos como de Silva e Oliveira Neto (2011), Reis, Paton e Nogueira (2012),
Sonaglio, Godoi e Silva (2013), Castro (2015), Truong (2016), Balakrishnan e Gan (2016) e
Muller (2018), apresentam a importância dos estudos sobre os temas estilos de aprendizagem e
desempenho acadêmico no âmbito universitário, em especial na área de Administração e
Ciências Contábeis. A relação entre as temáticas são destacadas em estudos internacionais,
como Snyder (1999), Cano-Garcia e Hughes (2000), Abidin et al. (2011) e Komarraju et al.
(2011), entretanto no cenário nacional ainda são poucos que abordam essa relação, aponta-se
Leite Filho et al. (2008), Cordeiro e Silva (2012) e Nogueira et al. (2012).
Cabe ressaltar, que o conhecimento do desempenho acadêmico e dos estilos de
aprendizagem contribuiu para a qualidade de ensino nas IES (ARAÚJO et al., 2013;
MIRANDA; MIRANDA; COSTA, 2011). Os estilos favorecem os docentes na adequação das
estratégias de ensino e aprendizagem ao perfil dos discentes, o que reflete no desempenho
acadêmico e faz com que a instituição possua notas mais elevadas em sistemas de avaliações
externos (CORDEIRO; SILVA, 2012; CERQUEIRA, 2000; PEREIRA et al., 2015).
Diante desse contexto, torna-se oportuno abordar a relação entre os temas e
compreender se os estilos de aprendizagem são um dos fatores determinantes do desempenho
acadêmico. Para tanto, apresenta-se a seguinte pergunta de pesquisa: qual a relação entre os
estilos de aprendizagem e o desempenho acadêmico dos discentes dos Cursos de Administração
e de Ciências Contábeis? Para responder a este questionamento, o presente estudo visa analisar
a relação entre os Estilos de Aprendizagem e o Desempenho Acadêmico dos discentes dos
Cursos de Administração e de Ciências Contábeis.

2 Fundamentação Teórica

Neste tópico são abordados os principais conceitos e os fatores que influenciam o


desempenho acadêmico, bem como, as definições e modelos mais empregados no estudo de
estilos de aprendizagem.

2.1 Desempenho Acadêmico

Com o aumento e progresso do ensino superior no país, os processos de avaliação da


educação universitária têm recebido atenção dos pesquisadores em diferentes aspectos
(VIANNA, 2000; ARAÚJO et al., 2013). Em especial, quanto aos fatores determinantes do
desempenho acadêmico (GUNEY, 2009; VARGAS, 2014), pois acredita-se que a avaliação do
desempenho e o conhecimento dos fatores pode ser um referencial para as IES identificarem
suas potencialidades e debilidades (BRITO, 2008), e melhorarem a qualidade do ensino
(URBINA, 2014).
De acordo com Rocha, Leles e Queiroz (2018), o estudo do desempenho acadêmico tem
contemplado diversos aspectos teóricos e metodológicos, sendo reiterado como um fenômeno
complexo e multicausal. As contribuições sobre as várias causas do desempenho de estudantes
universitários aumentaram, com um consenso que os fatores se associam a determinantes
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pessoais e sociais, incluindo as habilidades, o gênero, o ambiente familiar, o contexto


socioeconômico e a escolaridade dos pais (URBINA, 2014).
Vargas (2014) destaca como fatores os aspectos psicossociais, sociodemográficos,
pedagógicos, socioeconômicos e institucionais, que interagem entre si. Além desses, Rocha,
Leles, Queiroz (2018) apontam os atributos dos discentes como renda familiar, horas de estudo
e o tipo de escola em que concluíram o ensino fundamental e médio (pública ou privada) como
elementos que inferem no rendimento e afetam o sucesso ou insucesso dos discentes.
Dessa forma, Duggal e Mehta (2015) ressaltam que múltiplos fatores determinam o
desempenho acadêmico. Para melhor compreensão, o quadro 1 apresenta um resumo dos
principais fatores identificados na literatura, desde formação do quadro docente, qualidade do
acervo da biblioteca, acesso à internet, modo de organização do ensino a formação de base,
dedicação ao curso e natureza da disciplina (ARAÚJO et al., 2013; MIRANDA et al., 2015).

Quadro 1. Fatores que influenciam o Desempenho Acadêmico


Fatores Características
Formação acadêmica Baseia-se nas estratégias de ensino utilizadas pelos professores, em suas titulações
do corpo docente e publicações, assim como a jornada de trabalho exercida pelos mesmos.
Formação profissional É composta pela formação profissional e pelas credenciais dos profissionais do
do corpo docente corpo docente.
Infraestrutura escolar Referente ao ambiente de estudo.
Relacionada ao tamanho da turma, a carga horária das disciplinas, a carga horária
Organização escolar do período cursado, aos horários das disciplinas, e a quantidade de professores
existentes por disciplina.
Baseia-se no gênero, idade, status socioeconômico, estado civil e até mesmo a
Demográficas
escolaridade dos pais dos discentes.
Relacionada ao absenteísmo apresentado pelo discente, ao seu desempenho escolar
Acadêmicas
anterior, a um conhecimento prévio do assunto, e a sua área de especialização.
Se o discente trabalha ou não, a sua jornada de trabalho, assim como o tempo que
Uso do tempo
reserva para estudar e para descansar.
Quais os fatores que motivam os discentes, qual o nível de aptidão o mesmo
Comportamentais apresenta para a área que está cursando, qual seu nível de ansiedade e qual o seu
tipo de aprendizagem.
Fonte: Elaborado pelos autores com base em Miranda et al. (2015).

Considerando essa multiplicidade de fatores, Corbucci (2007) e Glewwe et al. (2011)


propõe agrupar os determinantes em três grandes grupos a fim de facilitar a análise e
metodologias em estudo, a saber: i) fatores relacionados ao corpo discente, ii) fatores associados
ao corpo docente e iii) fatores inerentes à instituição. O processo de aprender e o desempenho
envolvem a inter-relação desses fatores e se determinam mutualmente inferindo o desempenho
individual de cada discente (SUEHIRO, 2006).
Nesse sentido, Miranda et al. (2015) explicam que o estabelecimento de uma medida
exata para a avaliação do desempenho de cada discente é complexo, faz-se necessário uma base
que alicerce a análise, a definição dessa base depende do objetivo do pesquisador. As avaliações
tradicionais verificam a absorção do conhecimento e não abrange em profundidade os aspectos
que facilitam ou dificultam a aprendizagem (LUCKESI, 2002). Assim, conforme Munhoz
(2004) compreende-se que o desempenho pode ser melhor identificado mediante outros
métodos, como a observação dos indivíduos na realização dos trabalhos acadêmicos, avaliando
a eficiência e o rendimento de cada um, para assim conseguir apontar o nível de habilidade.
Para Leite Filho et al. (2008), o desempenho seria o rendimento alcançado pelo discente
na atuação e execução das tarefas avaliadas. Esse rendimento seria influenciado pelos fatores
dos três grupos, incluindo a forma que o discente aprende e o seu convívio com as condições
de aprendizagem, dado que aspectos cognitivos, afetivos, físicos e ambientais afetam o
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processamento do conhecimento (CERQUEIRA, 2008), por isso a relevância em identificar a


relação entre o estilo de aprendizagem e o desempenho.
Vale destacar, que a compreensão sobre os fatores determinantes do desempenho e a
maneira que estes se relacionam permite a definição de políticas públicas para maior qualidade
na formação dos discentes universitários, que posteriormente serão profissionais mais
preparados e colaborarão com o desenvolvimento econômico e social do país (VARGAS, 2014;
URBINA, 2014). Nesse contexto, de acordo com Rocha, Leles e Queiroz (2018) ao traçar
políticas compatíveis com a realidade se fomenta progressivamente processos de aprendizagem
mais significativos.

2.2 Estilos de Aprendizagem

O conceito de estilos de aprendizagem foi originado no início da década de 1960, em


consequência aos debates acerca das diferenças individuais no processo de aprendizagem
(CURRY, 1983; SILVA; OLIVEIRA NETO, 2011). Os estilos de aprendizagem podem ser
definidos como uma evolução interligada e interdependente das diferentes características do
indivíduo, contemplando a personalidade, a maneira de processar as informações recebidas, as
interações sociais e o modo como se concentra, entende e retêm as novas informações (CURRY,
1983; REIS; PATON; NOGUEIRA, 2012; NOGUEIRA et al., 2012).
Assim, segundo Sadler-Smith (1996) os estilos são como distintos modos de aquisição
de conhecimentos, habilidades e atitudes, desenvolvidos pelos indivíduos por meio do estudo
ou das experiências. Trata-se da maneira que cada um se comporta durante o processo de
aprendizado (REIS; PATON; NOGUEIRA, 2012), decorre das características pessoais
(MADKUR; MRTVI; LOPES, 2008), e das perspectivas cognitivas, afetivas, físicas e
ambientais (BORDENAVE; PEREIRA, 2001).
Nesse sentido, conforme Bordenave e Pereira (2001) o estudo dos estilos de
aprendizagem é relevante dentro das IES, para a geração de técnicas educacionais que sejam o
diferencial entre um desempenho acadêmico satisfatório ou insatisfatório. Detendo as
informações dos estilos, os professores podem refletir sobre a maneira mais adequada de
lecionar, empregando diversos métodos para repassar o conhecimento para o máximo de alunos
e proporcionar um modo mais fácil de aprendizagem (PEREIRA, 2005; ZAPALSKA;
BROZIK, 2006; MIRANDA; MIRANDA; COSTA, 2011).
A compreensão dos diferentes estilos facilita que os docentes adaptem o ambiente de
aprendizado para que haja uma transmissão de conhecimento com mais qualidade (VALENTE;
ABID; KUSNIK, 2007). De acordo com Pereira (2005), se a maneira de ensinar do docente for
diferente da maneira de aprender dos discentes, os discentes podem apresentar falta de vontade
e desinteresse com os conteúdos ministrados nas aulas, que consequentemente provocará um
baixo desempenho. Assim, respeitar os estilos dos discentes de uma classe é uma ferramenta
poderosa para os docentes (CERQUEIRA, 2000; LEITE FILHO et al., 2008).
Na literatura existente, identifica-se diferentes modelos para a determinação dos estilos
de aprendizagem, dentre estes, os mais empregados são o modelo de Kolb, modelo de Felder e
Silverman (continuado por Felder e Soloman, em 1991, com o Index of Learning Styles) e
modelo de Fleming e Mills (VALASKI; MALUCELLI; REINEHR, 2011). Esses modelos,
apresentados na figura 1, evidenciam propostas distintas de identificar os estilos dos indivíduos,
considerando a importância de determinar o perfil para o aprimoramento das práticas de ensino.

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Figura 1. Modelos de Kolb, Felder e Soloman e Fleming e Mills

Fonte: Butzke e Alberton (2017).

O modelo de Kolb (1984) foi desenvolvido em 1979, revisado em 1985 e 1993,


traduzido e validado no Brasil por Cerqueira (2000). David Kolb iniciou seus estudos acerca
dos estilos de aprendizagem em 1971, com alunos de universidades (TANNER; MORGAN,
2007). Para Kolb (1984), os estilos de aprendizagem são uma condição duradoura e invariável,
na qual os indivíduos compreendem, entendem, assimilam e processam informações (FELDER,
1996).
O estilo de cada indivíduo é definido por meio dos comportamentos, interesses,
aptidões, métodos de situações de aprendizagem e pelas dimensões da personalidade
(MIRANDA; MORAIS, 2008). Para organizar os diferentes estilos, Kolb (1997) propôs um
modelo de aprendizagem vivencial, em que a aprendizagem depende de quatro habilidades: a
experiência concreta, observação reflexiva, conceituação abstrata e experimentação ativa,
conforme o quadro 2.

Quadro 2. Estágios do Ciclo de aprendizagem de Kolb (1984)


Estágio Descrição
Experiência concreta (EC) Aprendizagem por meio da experimentação, situações práticas;
Observação reflexiva (OR) Aprendizagem por meio da observação de situações, e da reflexão do objeto
de estudo por diferentes ângulos;
Conceituação abstrata (CA) Aprendizagem por meio do pensamento, da estruturação dos fatos em teoria
lógica;
Experimentação Ativa (EA) Aprendizagem por meio da ação, execução de conhecimentos, onde se
aprende fazendo e testando as hipóteses.
Fonte: Elaborado pelos autores com base em Kolb (1984).

O processo inicia na Experiência Concreta (EC), na qual o indivíduo se envolve por


completo em uma determinada situação, em seguida na Observação Reflexiva (OR) ocorre à
observação e reflexão sobre aquela experiência, após na Conceituação Abstrata (CA) a pessoa
assimila as observações como uma teoria e pensa nas implicações para ação, por fim, na
Experimentação Ativa (EA), ocorre a ação, este ciclo é continuo, retornando ao início para
novas experiências (KOLB, 1984).
Os indivíduos aprendem melhor quando percorrem as quatro fases do ciclo, podendo
optar pela maneira que consideram mais confortável de aprender e assim iniciá-lo. No caso de
o indivíduo optar em iniciar o processo através por exemplo da ação, na Experimentação Ativa,
ele sentirá o que foi produzido e realizará um parecer a si próprio, após dará continuidade no

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ciclo, criando generalizações sobre a experiência obtida e ligações com a realidade, na


Experiência Concreta (KOLB; BOYATZIS; MAINEMELIS, 2001; CORBETT, 2005).
Ainda no que concerne o ciclo de aprendizagem, Kolb (1984) identificou que a partir da
combinação de duas habilidades se origina os estilos de aprendizagem, como apresentado no
quadro 3.

Quadro 3. Estilos de Aprendizagem


Estilo Habilidades Predominantes Características
Domina a capacidade de imaginação, possui melhor
Divergente Experiência Concreta e
desempenho em situações de gerações de ideias, pois
(Reflexivos) Observação Reflexiva
tendem a ser mais emotivos e imaginativos.
Assimilador Conceituação Abstrata e Possui raciocínio indutivo, com grande capacidade de
(Teóricos) Observação Reflexiva criar modelos teóricos.
Convergente Conceituação Abstrata e Dispõe de um raciocínio hipotético-dedutivo, no qual tem
(Pragmáticos) Experimentação Ativa sua concentração em problemas específicos.
Acomodador Experiência Concreta e Visa à execução dos experimentos e planos, é flexível, e
(Ativos) Experimentação Ativa adapta-se imediatamente em circunstâncias distintas.
Fonte: Adaptado de Cordeiro e Silva (2012).

O estilo divergente reúne a experiência concreta e a observação reflexiva, apresentando


capacidade de observar diferentes perspectivas de um acontecimento, sua ênfase é na adaptação
por meio da observação, os indivíduos com este estilo tem bom desempenho em situações que
exigem a geração de ideias alternativas e implicações (KOLB, 1984). Eles aceitam facilmente
a opinião e o questionamento de outros, admiram a discussão de dilemas e a resolução destes
em trabalhos grupais (SOUZA et al., 2014).
O estilo convergente baseia-se nas habilidades de conceituação abstrata e
experimentação ativa. Os indivíduos buscam resolver problemas, são bons tomadores de
decisões e usam sua aprendizagem para a aplicação prática de ideias (SOUZA et al., 2014). O
estilo denota o pensamento extrovertido, em geral os convergentes preferem tarefas técnicas,
menos relacionadas a aspectos sociais e interpessoais (KOLB, 1984).
No que se refere ao perfil assimilador, as habilidades dominantes são a conceituação
abstrata e a observação reflexiva. Os indivíduos captam a informação por meio da conceituação
e processam mediante a observação (TREVELIN, 2011). Esse estilo caracteriza-se por
competências de pensamento, tem como enfoque as ideias e os conceitos abstratos, propõe
raciocínio indutivo e capacidade na criação de modelos teóricos, os indivíduos orientados pelo
estilo se atraem por teorias com embasamento lógico (KOLB, 1984).
Ainda, tem-se o estilo acomodador que envolve fazer e sentir, as capacidades
dominantes de aprendizagem são a experiência concreta e a experimentação ativa (NEVES,
2015). Os indivíduos orientados pelo estilo de acordo com Kolb (1984) se atraem para a
realização de planos e para a busca de oportunidades e experiências, bem como costumam
correr riscos e se adaptam facilmente a frequentes mudanças.
O próximo modelo apresentado na figura 1 é o de Felder e Soloman (1991), que por
meio dos pressupostos do modelo de Felder e Silverman, determinam as preferências de
aprendizagem em quatro dimensões: a Sensorial/Intuitivo, que se refere à forma como a
informação é percebida; a Visual/Verbal, que indica o modo de retenção da informação;
Ativo/Reflexivo, que revela a maneira de processar a informação e o Sequencial/Global, que
apresenta a forma de organização da informação.
Por fim, o modelo de estilo de aprendizagem VARK desenvolvido por Fleming e Mills
(1992), contempla: o estilo Visual com preferência por imagens gráficas e simbólicas; o estilo
Leitura e Escrita com facilidade com informações escritas e formalização dos conhecimentos
adquiridos para o papel; o estilo Auditivo caracterizado pela obtenção de informações e
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explicações que são transmitidas por meio de falas; e o estilo Sinestésico com preferência pela
experiência e prática, pela vivência sobre o objeto de estudo.

3 Metodologia

Este estudo é classificado como quantitativo em função da utilização de técnicas


estatísticas e como descritivo por conta do objetivo geral que trata de analisar a relação entre
os estilos de aprendizagem e o desempenho acadêmico obtido pelos discentes dos cursos de
Administração e de Ciências Contábeis. Em relação aos procedimentos de pesquisa, classifica-
se como pesquisa documental pela utilização de documentos como fonte de coleta de dados e
como levantamento pela aplicação de um questionário.
Como população desta pesquisa, considerou-se os 336 discentes do segundo ao oitavo
período dos cursos de Administração e Ciências Contábeis, matriculados no segundo semestre
de 2017 de uma universidade comunitária do estado de Santa Catarina. Destes, obteve-se uma
amostra estratificada de 207 respondentes, com 48,79% do curso de Administração e 51,21%
do curso de Ciências Contábeis. Destaca-se que a escolha da universidade se deu, pelo fato da
mesma ser considerada a melhor universidade comunitária do estado e a sétima melhor
universidade não pública do Brasil.
Para a coleta de dados, a pesquisa se dividiu quanto ao procedimento técnico de
levantamento e documental. A pesquisa documental ocorreu por meio do acesso ao sistema
acadêmico da instituição pesquisada para a coleta dos índices de aproveitamento acadêmico
(IAA) dos discentes participantes da pesquisa, como forma de mensuração da variável de
desempenho acadêmico.
A pesquisa de levantamento se deu por meio da aplicação do inventário dos estilos de
aprendizagem de Kolb criado em 1979, revisado em 1985 e 1993, traduzido e validado no Brasil
por Cerqueira (2000). Optou-se por esse instrumento por possuir vasta difusão e aplicação nos
estudos sobre estilos de aprendizagem (TANNER; MORGAN, 2007), e por determinar
corretamente o estilo de cada indivíduo, dado que os respondentes normalmente se identificam
com as características inerentes ao estilo percebido (CERQUEIRA, 2000; SOUZA et al., 2013).
Como exemplo de estudos que utilizaram o inventário dos estilos de aprendizagem de
Kolb, cita-se Lima e Kishimoto (2017), Wollinger (2017), Souza et al. (2014), Dalfovo (2013),
Sonaglio, Godoi e Silva (2013), Sonaglio (2012) e Motta, Melo e Paixão (2012). Este inventário
é constituído por doze fatores, cada fator possui quatro sentenças, e a classificação destas
sentenças se dá de 1 (um) a 4 (quatro), em que um corresponde a forma menos provável do
aluno aprender e o quatro a melhor maneira de aprender.
Para a análise dos dados, organizou-se as informações obtidas nas pesquisas de
levantamento e documental no software Microsoft Excel®. A técnica empregada para medir a
confiabilidade do instrumento foi o coeficiente Alfa de Cronbach. Para a averiguação da relação
de significância entre os temas estilos de aprendizagem e o desempenho acadêmico, utilizou-se
a análise de variância (ANOVA), em que se testou a hipótese H0 que não há diferença nas
médias e H1 que pelo menos uma das médias é diferente. Se aceita H0 caso a significância for
maior que 0,05, se o valor da significância for menor que 0,05 rejeita-se H0 e realiza-se novos
testes para identificar qual(is) da(s) média(s) é(são) diferente(s). Quanto as técnicas de análises,
estas foram realizadas por meio do Software Statistical Package for the Social Science – SPSS.

4 Análise dos Dados

Iniciou-se a análise dos dados com a descrição das características dos respondentes, a
amostra pesquisada foi composta por 56% discentes do gênero feminino e 44% do gênero
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masculino. A predominância do gênero feminino se observa também no estudo de Cerqueira


(2000), Tan e Laswad (2011), Sonaglio (2012) e Polat et al. (2015), essa informação reforça a
asserção sobre o aumento de mulheres no ensino superior brasileiro.
Referente a faixa etária dos discentes pesquisados, verificou-se que tanto o curso de
Administração (75,3%) quanto o de Ciências Contábeis (68,8%) apresentam uma maior
concentração de discentes entre 20 a 29 anos, corroborando com os resultados de Sonaglio
(2012), Santos et al. (2014), Cruz, Bruni e Batista (2016) e Wollinger (2017).
Sobre o exercício de atividade profissional, constatou-se que no curso de Administração
81,2% dos discentes trabalham e no curso de Ciências Contábeis 82% dos discentes. Já quanto
a distribuição dos respondentes por curso e o período em que estão matriculados, apresenta-se
na tabela 1, em que se observa oscilações entre os períodos.

Tabela 1. Proporção de respondentes em cada período de Administração e Ciências Contábeis


Administração Ciências Contábeis
Período Frequência Percentual Frequência Percentual
2º período 11 10,9 9 8,5
3º período 16 15,8 13 12,3
4º período 17 16,8 11 10,4
5º período 16 15,8 14 13,2
6º período 15 14,9 19 17,9
7º período 9 9,0 7 6,6
8º período 17 16,8 33 31,1
Total 101 100 106 100
Fonte: Dados da pesquisa (2019).

Após a identificação do perfil dos respondentes, analisou-se a variável de desempenho


acadêmico, a mensuração se respalda na média do índice de aproveitamento acadêmico
individual de cada indivíduo. A tabela 2 apresenta a média geral dos discentes por período e
curso pesquisado.

Tabela 2. Índice de aproveitamento acadêmico por período


Administração Ciências contábeis
Período Média Período Média
2ª período 8,43 2ª período 7,49
3ª período 7,98 3ª período 7,61
4ª período 7,94 4ª período 7,69
5ª período 8,09 5ª período 7,68
6º período 8,34 6º período 7,55
7º período 8,08 7º período 7,47
8º período 8,17 8º período 7,37
Fonte: Dados da pesquisa (2019).

Conforme a tabela 2, verifica-se paridade entre as médias dos períodos pesquisados do


curso de Ciências Contábeis, sendo assim, o fato de o discente estar no início ou no fim do
curso não influenciou o índice de aproveitamento do acadêmico, o que reafirma as conclusões
de Martins (2017). Entretanto, no curso de Administração identifica-se diferenças entre as
médias dos períodos, logo o período do discente influencia moderadamente o aproveitamento
do acadêmico.
Em relação ao inventário de estilos de aprendizagem de Kolb, identificou-se os estilos
dos discentes de cada curso e sua distribuição por gênero, conforme a tabela 3.

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Tabela 3. Distribuição dos Estilos de Aprendizagem por gênero


Administração Ciências Contábeis
Estilos de Aprendizagem
F Percentual M Percentual F Percentual M Percentual
Assimilador 27 48 20 46 25 40 25 58
Convergente 16 28 18 41 34 54 12 28
Acomodador 7 12 1 2 3 5 3 7
Divergente 7 12 5 11 1 1 3 7
Total 57 100 44 100 63 100 43 100
Fonte: Dados da pesquisa (2019).

Observou-se que no curso de Administração, o estilo de aprendizagem assimilador


representou 48% da amostra de discentes do gênero feminino e 46% do gênero masculino. A
predominância desse estilo entre os discentes também foi identificada no estudo de Neves
(2015) na área da gestão, no de Lima (2007) em odontologia e no de Garcia e Conde (2003) em
diferentes cursos da Universidade de Salamanca.
No curso de Ciências Contábeis houve a concentração em dois estilos, nos discentes do
gênero masculino prevaleceu o estilo assimilador (58%) e no gênero feminino predominou o
estilo convergente (54%). A concentração de discentes convergentes do gênero feminino deste
curso também foi encontrada por Santos et al. (2014). Além disso, o estilo convergente se
apresenta com percentuais altos em ambos os gêneros e nos dois cursos.
A figura 2 apresenta a proporção de cada estilo de aprendizagem em relação aos
períodos dos discentes participantes dos cursos de Administração e de Ciências Contábeis.

Figura 2. Distribuição de Estilos de Aprendizagem em Administração e Ciências Contábeis

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

Verifica-se que ambos os cursos obtêm maior concentração de discentes com o estilo de
aprendizagem assimilador. A predominância de assimiladores nas IES brasileira, relaciona-se
com o sistema de educação do país que contempla metodologias de ensino que favorecem estes
indivíduos (GARCIA; CONDE, 2003), como estudos dirigidos, aulas expositivas, estudos de
textos e mapas conceitual (WOLLINGER, 2017). Sendo assim, pode-se entender os indivíduos
dos cursos estudados são mais teóricos, possuem um raciocínio indutivo e tem capacidade de
criar modelos.
Além disso, se observa que os convergentes são o segundo estilo mais presente entre os
discentes da amostra dos dois cursos, conforme supracitado. Esses resultados corroboram com
alguns estudos no curso de Administração, como o de Dalfovo (2013), Souza et al. (2013) e
Cordeiro e Silva (2012) e no curso de Ciências Contábeis, como o de Lima Filho, Bezerra e
Silva (2016), Souza et al. (2013), Santos et al. (2013) e Nogueira et al. (2012).
No que concerne o grau de dependência entre a variável estilos de aprendizagem e
desempenho acadêmico, realizou-se uma análise de variância (ANOVA), conforme a tabela 4.
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Tabela 4. ANOVA dos Estilos de Aprendizagem em relação ao Desempenho Acadêmico


Administração
Soma dos quadrados df Quadrado médio F Sig.
Entre Grupos 0,346 3 0,115 0,269 0,847
Nos Grupos 41,568 97 0,429
Total 41,914 100
Ciências Contábeis
Soma dos quadrados df Quadrado Médio F Sig.
Entre Grupos 0,503 3 0,168 0,474 0,701
Nos Grupos 35,404 100 0,354
Total 35,908 103
Fonte: Dados da pesquisa (2019).

Considerando as significâncias de 0,847 do curso de Administração e de 0,701 do curso


de Ciências Contábeis, não existem diferenças estatisticamente relevantes para o desempenho
dos estilos de aprendizagem, pois os valores de significância foram maiores que 0,05,
aceitando-se a H0. Sendo assim, o desempenho acadêmico não tem relação com o estilo de cada
discente. Leite Filho et al. (2008), Cordeiro e Silva (2012) e Nogueira et al. (2012) também
identificaram que os estilos não influenciam o desempenho acadêmico dos discentes
pesquisados em seus estudos.

5 Considerações Finais

As discussões sobre o aumento de IES e de ingressantes nos cursos de graduação e o


decréscimo da qualidade do ensino superior, demandou análises sobre os fatores que
influenciam o desempenho acadêmico. Dentre os fatores, os estilos de aprendizagem do
discente são considerados uma das influências, visto que cada estilo possui peculiaridades no
processo de aprendizagem. Nesse sentido, o estudo teve como objetivo analisar a relação entre
os estilos de aprendizagem e o desempenho acadêmico dos discentes dos cursos de
Administração e Ciências Contábeis.
Os resultados apontaram que o estilo predominante do curso de Administração e de
Ciências Contábeis foi o estilo assimilador, corroborando com estudos anteriores, como de
Dalfovo (2013), Souza et al. (2013), Cordeiro e Silva (2012), Lima Filho, Bezerra e Silva
(2016), Santos et al. (2013) e Nogueira et al. (2012). Ainda se verificou oscilações no
desempenho acadêmico dos discentes do curso de Administração, porém sem diferenças
expressivas, o maior índice foi 8,43 e o menor foi 7,94. Já no curso de Ciências Contábeis se
observou paridade entre as médias, o maior índice foi de 7,69 e o menor foi 7,37.
No que concerne o grau de dependência entre a variável estilos de aprendizagem e
desempenho acadêmico, apesar da literatura entender que existe uma relação (CERQUEIRA,
2000; CORDEIRO; SILVA, 2012; PEREIRA et al., 2015), os dados mostraram que o
desempenho acadêmico não tem relação com o estilo de aprendizagem. Leite Filho et al. (2008),
Cordeiro e Silva (2012) e Nogueira et al. (2012) também identificaram em seus respectivos
estudos que os estilos não influenciam o desempenho acadêmico dos discentes pesquisados.
Como limitação do estudo, destaca-se o emprego apenas do índice de aproveitamento
acadêmico para mensurar o desempenho acadêmico. Embora tenha sido feito em estudos
correlatos, a literatura indica a utilização de outros fatores relacionadas ao corpo docente,
discente e a IES. Para futuras pesquisas, sugere-se a aplicação desta pesquisa em cursos de
graduação de outras áreas, em disciplinas específicas e em outras IES. Em especial, seria
relevante estudos longitudinais para acompanhar a evolução do estilo e do desempenho
acadêmico e a incorporação de novos fatores para mensurar o desempenho dos discentes.

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