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Claudio Luiz Chiusoli

Organizador

ADMINISTRAÇÃO EM FOCO
estudos multidisciplinares
Claudio Luiz Chiusoli
Organizador

Administração em foco: estudos mul disciplinares

1ª edição

Guarapuava
Apprehendere
2020
Organização: Claudio Luiz Chiusoli

Conselho editorial
Prof. Aleksander Roncon – Mestre Administração UNISAL
Prof. Alexandre Borges – Mestre Administração UEL
Prof. Luciano Munck – Doutor Administração FEA/USP
Prof. Saulo Fabiano Amâncio Vieira – Doutor Administração pela Universidade
Nove de Julho

FICHA TÉCNICA
Capa e diagramação: Luciano Or z
Revisão: Suellen Fernanda de Quadros Soares
Editores: Isis Lenoah Or z e Luciano Or z
Foto da capa: Pixabay

2020
APPREHENDERE
(42) 3304-0263
Rua Marechal Floriano Peixoto, 1795
Sala 02 - Centro - Guarapuava - PR
www.apprehendereeditora.com
Todos os direitos reservados
prefácio
Escrever um ar go e relato de pesquisa não é tarefa fácil e muito menos organizar uma obra,
pois ela deve ser redigida com critério metodológico e rigor cien fico.
A proposta da organização do livro é des nar aos acadêmicos e professores pesquisadores da
área de ciências sociais aplicadas, para aqueles que desejam navegar na seara da produção
cien fica, por meio da leitura desses relatos de pesquisa que foram estruturados no formato
de capítulos, como proposta da busca da mul disciplinaridade.
Essa obra é desdobramento de muito trabalho, pesquisa e dedicação dos autores envolvidos
que laboram na área acadêmica que estão sempre na busca de aprimoramento constante no
ensino, nas orientações e publicações.
Então, estes relatos de pesquisas são uma coletânea de estudos mul disciplinares que não
foram encaminhados para as revistas e periódicos. Englobam, dessa forma, a variedade de
áreas da administração e torna-se desejo que possa haver uma sequência organizada por
áreas temá cas como marke ng, finanças, produção, recursos humanos e meio ambiente,
bem como outras áreas afins.
Para propor a estruturação do livro, idealizou-se conforme as divisões acadêmicas definida
pela ANPAD (Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Administração), quais
são:
ADI – Administração da Informação
APB – Administração Pública
CON – Contabilidade
EOR – Estudos Organizacionais
EPQ – Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade ()
ESO – Estratégia em Organizações
FIN – Finanças
ITE – Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo
GOL – Gestão de Operações e Logís ca
GPR – Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
MKT – Marke ng

Assim, os 11 relatos de pesquisa estão adequados em capítulos e seus respec vos resumos
para uma melhor compreensão dos estudos de interesse, na seguinte forma:

Administração Pública - APB (1 capítulo)

Os autores Marcio Alexandre Facini e Joceliane Antunes Araujo Camargo publicam o assunto
“Programa bom negócio Paraná: ação governamental estratégica de fomento ao
empreendedorismo”, com o obje vo de apresentar como o Programa Bom Negócio Paraná
foi executado pelo Núcleo de Apoio ao Empreendedorismo (NAE) da Unicentro de
Guarapuava, de 2012 a 2019.

Resumo:
Diante das transformações do mercado e das mudanças que as empresas enfrentam, a
realização de ações de fomento às Micro e Pequenas Empresas (MPE), torna-se relevante
iden ficar quais são e como estão sendo desenvolvidas ações de fomento às Micro e
Pequenas Empresas (MPE). Portanto, este trabalho obje va apresentar como o Programa
Bom Negócio Paraná foi executado pelo Núcleo de Apoio ao Empreendedorismo (NAE) da
Unicentro de Guarapuava, de 2012 a 2019. Para tanto, foi realizada uma pesquisa teórica bem
como de um estudo descri vo documental dos resultados alcançados pelo NAE desde 2012,
no município de Guarapuava/PR. O estudo permite concluir que o obje vo, quanto ao
público-alvo visado, está sendo alcançado, o que contribui para o alcance do obje vo geral do
Programa. Tais dados podem auxiliar na compreensão de como é composto o perfil dos
concluintes, para planejamento e organização do curso. Por fim, vale salientar que futuros
podem pesquisar o impacto que a par cipação no Programa causaram efe vamente nos
empreendimentos, para atestar a eficiência da ação.

Palavras-chave: Sustentabilidade econômica, Parcerias, Capacitação gerencial.

Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade – EPQ (1 capítulo)

O autor Márcio Luiz Bernardim com o manuscrito in tulado “Os estudantes da educação
profissional: caracterização e relações com a escola”, com o obje vo de conhecer as
caracterís cas sociais e laborais dos estudantes, além de captar suas percepções sobre a
escola e o trabalho.

Resumo
Este texto apresenta o resultado de uma pesquisa de campo realizada em uma escola pública
estadual de oferta noturna, localizada em um município de médio porte do interior do Estado
do Paraná, com o obje vo de conhecer as caracterís cas sociais e laborais dos estudantes,
além de captar suas percepções sobre a escola e o trabalho. Os dados empíricos foram
ob dos mediante a aplicação de um ques onário semiestruturado aos estudantes da oferta
noturna. Para o aporte teórico foram u lizados pesquisadores brasileiros que estudam as
relações entre a educação e o trabalho (KUENZER, 2000, 2006; FRIGOTTO, CHIAVATTA &
RAMOS, 2005; FERRETI & SILVA, 2017, entre outros), e que estudam a(s) juventude(s)
(SPOSITO, 2005; CARRANO & DAYRELL, 2013, entre outros). Também foi u lizada a legislação
e indicadores referentes ao ensino médio e à educação profissional. Os resultados mostram
que a educação profissional de oferta noturna atende a um público menos jovem, mais
feminino, cujas famílias têm um histórico de inserção profissional precária. Seus estudantes
veem no ensino técnico a oportunidade de con nuar na escola, buscando com isso a melhora
das suas condições de trabalho e renda. Tais dados permitem ra ficar a importância da
educação profissional e da sua oferta noturna para atender às expecta vas educacionais e
profissionais de um público que, caso contrário, estaria marginalizado do processo educa vo.

Palavras-chave: ensino médio, educação profissional, juventude(s), estudantes.

Estratégia em Organizações – ESO (2 capítulos)

Os autores Thiago Spiri Ferreira e Eliseu Aguiar de Gouveia com relato de pesquisa “Balanced
scorecard (BSC) como ferramenta de gestão estratégica”, com o obje vo de destacar as
principais vantagens na u lização do Balanced scorecard como instrumento para a melhoria
financeira para uma organização.

Resumo
O Balanced scorecard pode ser considerado como indicadores balanceados de perfomance,
pois é uma ferramenta de gestão estratégica, baseada em índices financeiros e não
financeiros, divididos em quatro dimensões, são elas: financeiro, clientes, processos
internos, aprendizado e crescimento. O obje vo do estudo é destacar as principais vantagens
na u lização do Balanced scorecard como instrumento para a melhoria financeira para uma
organização. Este trabalho permeou-se de uma revisão bibliográfica para trazer a luz do
conhecimento, seus aspectos introdutórios desta ferramenta. Começando pela sua história,
conceitos, ferramentas com suas principais vantagens e suas principais causas que auxiliam
na elevação do resultado financeiro.

Palavras Chave: Balanced Scorecard, bene cios, estratégia, resultados financeiros

Os autores Sandro Rolak e Sebas ão Sérgio Prestes de Lima com o tema “Gestão ambiental:
estudo de caso nos postos de combus veis do estado do Paraná”, com o obje vo de
compreender a realidade da gestão dos postos de combus veis no que tange à trata va e
consciência nas decisões para minimização dos impactos ambientais, de acordo com o que
prevê a legislação.

Resumo
Nas úl mas décadas, observa-se que temá cas como meio ambiente, sustentabilidade e
logís ca reversa estão em voga nas mais diversas discussões desde as conversas do dia a dia,
nos no ciários e documentários televisivos, nas empresas e anuentes e de grande expansão e
relevância como disciplina ou conteúdo programá co nos mais diversos cursos no ensino
superior. Neste sen do, o propósito deste estudo é compreender a realidade da gestão dos
postos de combus veis no que tange à trata va e consciência nas decisões para minimização
dos impactos ambientais, de acordo com o que prevê a legislação. É uma pesquisa descri va
que u liza como abordagem metodológica o estudo de caso de cunho qualita vo. Desta
forma, a técnica principal u lizada na coleta de dados centra-se no roteiro de entrevista
semiestruturado com os gestores dos postos de abastecimento de combus veis da cidade de
guarapuava no estado do paraná. Os principais resultados demonstram que a efe vidade da
gestão e dos gestores é primordial para o negócio e para o atendimento das exigências legais
de funcionamento e da gestão ambiental aplicável, entretanto, pouca relevância se dá aos
canais de distribuição reversos a não ser pela disponibilização dos produtos u lizados e
outros, para outra empresa, mediante pagamento ou parceria para a apropriação de
comprovantes que as isentem se possíveis problemas futuros.

Palavras-chave: Óleo lubrificante. Soluções. Gestão. Sustentabilidade. Meio ambiente.

Estudos Organizacionais – EOR (1 capítulo)

A autora Julie Cris ni Dias publica a obra in tulada “Estudos recentes do comportamento
organizacional (C.O.) conforme semead (2016-2018): algumas definições
cons tu vas/operacionais preliminares”, com o obje vo de levantar estudos mais
recorrentes do comportamento organizacional (C.O.) publicados no Seminários de
Administração (SEMEAD/USP) entre os anos de 2016 a 2018.

Resumo
O obje vo deste relato de pesquisa é enunciar estudos mais recorrentes do comportamento
organizacional (C.O.) publicados no Seminários de Administração (SEMEAD/USP) entre os
anos de 2016 a 2018. Sua metodologia é de natureza qualita va em nível exploratório com
técnica de pesquisa de documentação indireta por meio de pesquisa bibliográfica ou de
fontes secundárias. A par r das publicações na área de gestão de pessoas das edições do
SEMEAD/USP informadas anteriormente, obteve-se 25 (vinte e cinco) estudos sobre temas
de C.O. mais recorrentes, sendo: competência profissional na subárea de carreiras e
competências, liderança na subárea de gestão de pessoas e equipes, gestão ou administração
de recursos humanos na subárea de polí cas, modelos e prá cas, qualidade de vida no
trabalho (QVT) na subárea significado do trabalho, sa sfação e mecanismos de recompensa e
por fim, mulher no trabalho em temas emergentes e modismos.

Palavras-chave: gestão de pessoas, comportamento organizacional, SEMEAD/USP

Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho – GPR (2 capítulos)

Os autores Silvio Roberto Stefano, José Luiz Pinheiro Gomes, Fernanda Almeida da Silva Rosa
e Luís Fernando Lara com o trabalho “Mercado de trabalho e polí cas públicas de emprego e
renda: uma análise no setor de serviços e comércio”, com o obje vo de analisar os principais
indicadores do mercado de trabalho a respeito do emprego e do desemprego nas empresas
prestadoras de serviços e comércio na cidade de Guarapuava-PR, no Brasil.

Resumo
Este capítulo apresenta uma análise dos principais indicadores do mercado de trabalho a
respeito do emprego e do desemprego nas empresas prestadoras de serviços e comércio na
cidade de Guarapuava-PR, no Brasil. Também foram inves gadas quatro possíveis
agências/ins tuições responsáveis pelo desenvolvimento de polí cas públicas para geração
de renda e emprego. A pesquisa qualita va permi u analisar o mercado de trabalho dos
setores de serviços e comércio, mediante entrevistas semiestruturadas com os
representantes da Agência do Empreendedor, da Agência do Trabalhador, do Sindicato dos
Bancários e do Sindicato Municipal dos Professores e servidores públicos de Guarapuava. Foi
realizada ainda uma pesquisa quan ta va com 100 trabalhadores, abordando aspectos de
empregabilidade e coletando suas opiniões sobre o mercado de trabalho. O estudo revela a
insuficiência e inadequação das polí cas públicas em relação às necessidades do mercado de
trabalho e empregabilidade, além de constatar que os trabalhadores percebem a
necessidade de atualização e capacitação.

Palavras-chave: Força de trabalho e Empregabilidade; Capital humano; Mercado de trabalho;


Polí ca Pública.

Os autores Márcio Luiz Bernardim, Rafael Czuy Ba sta e Juliano Miranda publicam o
manuscrito in tulado “A liderança nas organizações: o que dizem os ar gos publicados em
revistas listadas no qualis/capes”, com o obje vo de inventariar os ar gos publicados nas
revistas de administração, ciências contábeis e turismo, listadas nos estratos B1, B2 e B3 do
Qualis/CAPES.

Resumo
Este texto apresenta os resultados de uma pesquisa a respeito da liderança nas organizações.
O obje vo foi inventariar os ar gos publicados nas revistas de administração, ciências
contábeis e turismo, listadas nos estratos B1, B2 e B3 do Qualis/CAPES. Dentre os ar gos
encontrados mediante o uso de palavras-chave, foram selecionados e analisados aqueles que
abordavam a liderança a par r de uma perspec va organizacional e de gestão de pessoas, o
que permi u iden ficar as revistas que mais abrem espaço para divulgação de estudos sobre
esse tema, os autores que mais publicam e as fontes teóricas mais u lizadas para esse estudo.

Palavras-chave: liderança, gestão de pessoas, ar gos sobre liderança.


Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo – ITE (3 capítulos)

Os autores Sandra Mara de Andrade, Julie Cris ni Dias e Marcelo Fernando Viante com o
manuscrito “Presença de caracterís cas empreendedoras nos funcionários da agência do
empreendedor de Guarapuava/PR”, com o obje vo de iden ficar a presença de
caracterís cas empreendedoras nos funcionários da Agência do Empreendedor na cidade de
Guarapuava/PR.

Resumo
A fundamentação de polí cas públicas que visam a saúde econômica de empresas é
fundamental para o desenvolvimento de regiões e municípios. Atrair empresas de grande
porte é uma obrigação da gestão pública, porém também é necessário que a administração
pública crie um sistema econômico capaz de suportar as micro e pequenas empresas,
também responsáveis pela geração de emprego e renda. A gestão pública deve estar
preocupada com todo o sistema que pode auxiliar esses pequenos empreendedores da
melhor maneira possível, seja com a desburocra zação de processos ou até com trabalhos
mais específicos. O obje vo do presente estudo foi iden ficar a presença de caracterís cas
empreendedoras nos funcionários da Agência do Empreendedor na cidade de
Guarapuava/PR. No referencial teórico foram abordados temas como empreendedorismo e
as caracterís cas empreendedoras. A abordagem foi qualita va e descri va realizou uma
entrevista semi estruturada com os 7 funcionários que compunham o quadro laboral no ano
de 2017, buscando evidenciar oito caracterís cas empreendedoras listadas no referencial. Os
resultados apresentados demonstram que os funcionários possuem pelo menos uma das
oito caracterís cas pesquisadas, podendo assim prestar um melhor serviço de atendimento
aos empreendedores da região. As principais contribuições do estudo são a evidenciar a
presença de caracterís cas empreendedoras em funcionários do setor público e auxiliar na
seleção de funcionários para o desenvolvimento de polí cas públicas empreendedoras em
outros municípios.

Palavras-chave: gestão pública, empreendedorismo, caracterís cas empreendedoras.

Os autores Ana Flávia da Cruz, Andressa Moraes de Lima, Matheus Cezimbra Lima e o Rafael
Henrique Mainardes Ferreira com o capítulo “Obsolescência programada como caráter de
inovação de processos e produtos nas Hamburguerias de Guarapuava–Pr”, com o obje vo
de analisar se os empresários desse ramo conhecem esse conceito e, além disso, de que
forma estão o aplicando dentro das hamburguerias como forma de inovação.

Resumo
As relações de consumo sempre pautaram a sociedade, especialmente na pós-modernidade,
onde o cenário tecnológico tomou um caráter de regulação de anseios mercadológicos.
Nesse contexto, o legado das modificações industriais, a globalização e a realidade
socioeconômica da população proporcionaram fatores importantes que permitem definir o
modo de consumo. O conceito de obsolescência programada expõe que todos os produtos
teriam um ciclo de vida programado, obrigando os consumidores a voltarem as compras,
gerando fim à crise. Nesse contexto, o obje vo do presente trabalho consiste em analisar se
os empresários desse ramo conhecem esse conceito e, além disso, de que forma estão o
aplicando dentro das hamburguerias como forma de inovação. Como métodos de pesquisa,
obteve-se a pesquisa qualita va, diante de perguntas específicas direcionadas a alguns
par cipantes apontados como gestores das principais hamburguerias da cidade. Foram
realizadas entrevistas abertas semiestruturadas com gestores dentro das principais
hamburguerias da cidade de Guarapuava-PR, as quais foram apontadas como favoritas pela
população através de pesquisa Top Of Mind realizada anteriormente. Diante das respostas
percebeu-se que todos os gestores desconhecem os conceitos de Obsolescência
Programada, mas quando ques onados sobre a morte programada dos produtos trazem
alguns exemplos daquilo que foi re rado do cardápio como forma de estratégia de negócios.
A obsolescência programada - pelo referencial teórico estudado - pode de fato ser
considerada uma estratégia de inovação, especialmente dentro das empresas de ramos
alimen cios que tem na inovação um trunfo importante na conquista e fidelização do seu
público.

Palavras-chave: Obsolescência Programada, Hamburgueria, Inovação, Consumidor.

Os autores Renata Santos Ribas, Deivid Lucas Orchanheski Pires, Bianka Antoniely Pacheco
Mariano, Rafael Henrique Mainarde Ferreira e Rosmeiri Aparecida Ribeiro Ferras com o relato
de pesquisa “Acepção e concepção de inovações tecnológicas no setor moveleiro: um estudo
de caso no município de Guarapuava-Pr”, com o obje vo de demonstrar as novas tendências
no ramo moveleiro e a adaptabilidade dos profissionais da área através de um estudo de caso
na cidade de Guarapuava-PR.

Resumo
A presente pesquisa tem por obje vo a discussão da importância da inovação no setor
moveleiro, terá como intenção entender como os gestores estão se adaptando a um
avanço tecnológico no cenário atual, essa pesquisa será aplicada na cidade de
Guarapuava, Paraná. O método de pesquisa u lizado foi a exploratória com caráter
qualita vo, realizado com uma amostra de quatro empresas do ramo sendo divididas em
grandes e micro empresas. A entrevista foi estruturada com perguntas abertas acerca da
acepção e concepção das tecnologias no setor moveleiro para os gestores das
organizações. Com base nos resultados, foi possível iden ficar o entendimento e
conhecimento por parte dos gestores sobre as novas tecnologias do setor, percebeu-se
então que possuem pouco conhecimento sobre o assunto, porém compreendem a
importância de se adequarem às novas tendências.

Palavras-chave: Inovação. Acepção. Concepção. Marcenarias.

Marke ng – MKT (1 capítulo)

Os autores Evandro Albino Meurer e Claudio Luiz Chiusoli, cuja obra é denominada “Geração
z: uso das redes sociais e comportamento em relação aos tecnologias”, com o obje vo de
compreender como os indivíduos da Geração Z comportam-se diante do uso dos recursos
tecnológicos e como a tecnologia os afeta.

Resumo
A geração Z que engloba os indivíduos entre 15 a 20 anos nunca viu o mundo sem internet e
está sempre conectada, recebendo e propagando diversas informações simultaneamente.
Dessa forma, os hábitos de consumo e o comportamento diante da tecnologia e da
globalização desenfreada vem mudando e, assim, as empresas devem dar devida atenção à
esses indivíduos, pois estes possuem cada vez mais poder de compra. O referencial teórico
buscou abordar o conceito das diferentes gerações e a evolução das mesmas ao longo do
tempo, bem como os hábitos de consumo da geração em questão e a influências das mídias
sociais no comportamento e na vida dessas pessoas. Desse modo, este estudo teve como
obje vo principal compreender como os indivíduos da Geração Z comportam-se diante do
uso dos recursos tecnológicos e como a tecnologia os afeta. Além disso, buscou iden ficar o
que mo va os indivíduos dessa geração pela u lização constante da tecnologia, bem como
entender como as pessoas dessa geração usam a tecnologia como forma de comunicação e os
hábitos de consumo que norteiam a geração Z e também analisar como as mídias e redes
sociais interferem no comportamento desses indivíduos. Os procedimentos metodológicos
fundamentam-se em pesquisa bibliográfica e exploratória com enfoque quan ta vo com
amostragem não probabilís ca por conveniência, onde foram aplicados 100 ques onários
em escolas e universidades na cidade de Pitanga/PR. Como resultados ob dos, observou-se
que a geração Z está cada vez mais antenada no que diz respeito aos recursos tecnológicos e
os usam para fazer pra camente tudo, seja para se comunicar ou até mesmo para trabalhar.
Além disso, esses indivíduos possuem um poder de consumo constantemente maior e
procuram sempre por mais opções que atendam às suas necessidades e desejos.

Palavras-chave: Geração Z, tecnologia, comportamento, mídias sociais.

Assim, espera-se que seja proveitosa a leitura e também ú l como fonte de consulta
bibliográfica, inclusive nas próprias referências u lizadas pelos autores em seus manuscritos
as literaturas referenciadas.

Também desejo expressar um agradecimento especial aos professores que par ciparam do
conselho editorial que ra ficaram e deram respaldo a essa obra.

Desejo uma ó ma leitura!

Prof. Cláudio Luiz Chiusoli, Dr.


prof.claudio.unicentro@gmail.com
Professor Adjunto do Curso de Administração da
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
Sumário

Capítulo 1 – Programa bom negócio Paraná: ação governamental estratégica de


fomento ao empreendedorismo........................................................................15
(Marcio Alexandre Facini e Joceliane Antunes Araújo Camargo)

Capítulo 2 – Os estudantes da educação profissional: caracterização e relações com a


escola...............................................................................................................27
(Márcio Luiz Bernardim)

Capítulo 3 – Balanced scorecard (BSC) como ferramenta de gestão estratégica.....47


(Thiago Spiri Ferreira e Eliseu Aguiar de Gouveia)

Capítulo 4 – Gestão ambiental: estudo de caso nos postos de combus veis do


estado do Paraná...............................................................................................59
(Sandro Rolak e Sebas ão Sérgio Prestes de Lima)

Capítulo 5 – Estudos recentes do comportamento organizacional (C.O.) conforme


semead (2016-2018): algumas definições cons tu vas/operacionais
preliminares......................................................................................................73
(Julie Cris ni Dias)

Capítulo 6 – Mercado de trabalho e polí cas públicas de emprego e renda: uma


análise no setor de serviços e comércio...............................................................93
(Silvio Roberto Stefano, José Luiz Pinheiro Gomes, Fernanda Almeida da Silva Rosa e
Luís Fernando Lara)

Capítulo 7 – A liderança nas organizações: o que dizem os ar gos publicados em


revistas listadas no qualis/capes.......................................................................111
(Márcio Luiz Bernardim, Rafael Czuy Ba sta e Juliano Miranda)
Capítulo 8 – Presença de caracterís cas empreendedoras nos funcionários da
agência do empreendedor de Guarapuava/Pr...................................................123
(Sandra Mara de Andrade, Julie Cris ni Dias e Marcelo Fernando Viante)

Capítulo 9 – Obsolescência programada como caráter de inovação de processos e


produtos nas Hamburguerias de Guarapuava–Pr..............................................137
(Ana Flávia da Cruz, Andressa Moraes de Lima, Matheus Cezimbra Lima e Rafael
Henrique Mainardes Ferreira)

Capítulo 10 – Acepção e concepção de inovações tecnológicas no setor moveleiro:


um estudo de caso no município de Guarapuava-Pr...........................................151
(Renata Santos Ribas, Deivid Lucas Orchanheski Pires, Bianka Antoniely Pacheco
Mariano, Rafael Henrique Mainarde Ferreira e Rosmeiri Aparecida Ribeiro Ferras)

Capítulo 11 – Geração Z: uso das redes sociais e comportamento em relação aos


tecnologias......................................................................................................163
(Evandro Albino Meurer e Claudio Luiz Chiusoli)
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 1
Programa bom negócio Paraná:
ação governamental estratégica de fomento ao empreendedorismo

Marcio Alexandre Facini


Docente do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
E-mail: mafacini@yahoo.com.br
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-2641-950X

Joceliane Antunes Araújo Camargo


Mestranda em Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
E-mail: jocelianeant@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-3005-1939

13
Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução estratégicas de fomento. Assim surge o


O professor Jeffry Timmons, pioneiro na ques onamento de quais são e como
educação empreendedora nos Estados essas ações estão sendo desenvolvidas. O
Unidos, afirmou, em 1990, que no século Programa Bom Negócio Paraná é um
XXI o empreendedorismo seria uma exemplo, desenvolvido estrategicamente
revolução silenciosa com transformações em um ambiente de parceria, oferecendo
mais relevantes do que a Revolução cursos de capacitação gerencial e
Industrial proporcionou no século XX orientações gratuitas e facilidades no
(ESPEJO; PREVIDELLI, 2006). Essa acesso às linhas de créditos de baixo custo
predição reflete uma realidade na qual os d a Fo m e nto Pa ra n á , p a ra m i c ro,
e m p r e g o s e m g ra n d e s e m p r e s a s pequenos e informais empreendedores.
diminuíram, proporcionando a abertura Assim, o relato de pesquisa caracteriza-se
de inúmeras oportunidades de negócios. como uma pesquisa bibliográfica, que
Mas o que realmente é o contextualiza o tema proposto com dados
empreendedorismo? De acordo com de uma pesquisa descri va documental.
Dornelas (2016) o empreendedorismo Por fim, o estudo obje va caracterizar o
acontece quando pessoas executam Programa Bom Negócio Paraná como
processos, para transformar ideias em uma ação governamental estratégica de
oportunidades e, se tais oportunidades fomento a sustentabilidade do
forem aproveitadas adequadamente, o empreendedorismo, relacionando com
negócio pode ter sucesso. O protagonista sua execução no município de
nesse caso é o empreendedor, que detém Guarapuava, que é uma das 26 cidades
determinadas caracterís cas marcantes, sob responsabilidade do Núcleo de Apoio
como cria vidade, capacidade de ao Empreendedor (NAE) da
estabelecer e a ngir obje vos, visão do Unicentro/Guarapuava, que até 2019
ambiente para detectar oportunidades, obteve 460 concluintes.
tomada de decisão frente a situações de 2 Referencial teórico
risco e inovação (FILION, 1999). 2.1 Empreendedorismo
Nesse contexto, o empreendedorismo O empreendedorismo, que provém da
expresso em formatos organizacionais palavra de origem francesa entrepreneur,
menores, é responsável por significantes ou seja, empreendedor, aquele que
taxas de par cipação na quan dade de assume riscos e começa algo novo, passou
empresas, bem como na geração de por diversas definições no decorrer da
emprego e renda, que contribuem para o história. Assim, o processo
desenvolvimento econômico (SEBRAE, empreendedor pode ser conceituado
2018). Mas é relevante ressaltar que se como aquele que envolve processos e
antes o empreendedor agia pessoas, com foco na percepção de
intui vamente e conseguia sucesso, oportunidades e criação de meios para
atualmente o adequado é administrar o alcançar sucesso ao aproveitá-las
negócio com foco na sustentabilidade do (DORNELAS, 2016).
empreendimento, através da gestão Dolabela (2008, p. 43) considera que o
profissionalizada. Para alcançar essa “empreendedorismo é um neologismo
sustentabilidade, esses derivado da livre tradução da palavra
em p reen d im ento s n ec es s ita m d e entrepreneurship e u lizado para
assistência do poder público. d e s i g n a r o s e st u d o s re l a vo s a o
Reconhecendo o valor do empreendedor, seu perfil, suas origens,
empreendedorismo é de suma seu sistema de a vidades, seu universo
importância estudá-lo, sendo relevante o de atuação”. Diante disso, vale salientar as
enfoque nas ações governamentais palavras de Filion (1999), que cita o fato

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

da sociedade empreendedora ter sofrido as caracterís cas de personalidade


uma ampla transformação, apresentando (DOLABELA, 2008).
o empreendedorismo principalmente em 2.2 Sustentabilidade do ponto de vista
formas organizacionais menores. Para Econômico
Dornelas (2016) isso ocorreu como Considerando a importância do
consequência da globalização, empreendedorismo e do empreendedor,
aumentando o índice de desemprego e é extremamente relevante que esses
sem alterna vas os ex-funcionários negócios sejam sustentáveis. O
começaram a criar novos negócios. desenvolvimento sustentável, segundo
Ainda, o conceito de empreendedorismo, Barbieri e Cajazeira (2009), possui três
segundo Dornelas (2016), tem sido muito dimensões, denominada como modelo
propagado no Brasil nos úl mos anos, triple bo om line (tríplice linha de
devido a preocupação com a criação de resultados líquidos).
empreendimentos em formatos menores Ao pesquisar sobre o assunto, geralmente
duradouros e a necessidade da se encontra textos que focam no quadro
diminuição das altas taxas de socioambiental, já que o conceito de
mortalidade. Assim, instâncias públicas e desenvolvimento sustentável surgiu da
privadas tem criado programas de apoio, degradação do meio ambiente e da
cursos, eventos, etc, para amparar desigualdade social. Assim, no âmbito das
inicia vas empreendedoras. Esse apoio MPEs, “a dimensão do desenvolvimento
considera que o empreendedorismo, no social registrou como aspecto posi vo um
âmbito das MPE's, atua como aliado no forte processo de geração de empregos,
desenvolvimento econômico, já que tem com aumento de salários e diminuição da
dado suporte à inovações que têm d i stâ n c i a e nt re a s re m u n e ra çõ e s
promovido o desenvolvimento pra cadas em pequenos negócios e em
(DORNELAS, 2003). No Brasil a taxa de médias e grandes empresas” (SANTOS,
empreendedorismo, em 2018, foi de 38% 2013, p. 72). Já na ambiental, salienta-se
da população entre brasileiros entre 18 e que esses negócios possuem “estratégias,
64 anos. As MPE's representam 99% do produtos e serviços que vêm ganhando
total de estabelecimentos, os quais mais ênfase na perspec va da eficiência
respondem por 52% dos empregos com energé ca, da reu lização e reciclagem,
carteira assinada no setor privado da extração adequada de resíduos em
(SEBRAE, 2018). efluentes (SANTOS, 2013, p. 74).
Mas o sucesso dos empreendimentos Todavia o desenvolvimento de um
d e p e n d e d a fo r m a d e ge stã o d o empreendimento só será sustentável se
empreendedor. Espejo e Previdelli (2006, fo re m co n s i d e ra d a s a s s u a s t rê s
p. 23) citam que “para uma pessoa ser dimensões. Logo, o obje vo desse
considerada empreendedora, deve trabalho é o enfoque na dimensão
possuir alguma habilidades técnicas, econômica, a qual defende que “uma
gerenciais e algumas caracterís cas empresa precisa gerar lucro e ter seu valor
pessoais”, definindo as habilidades de mercado aumentado gerando riquezas
técnicas como a capacidade de captar para seus acionistas” (BARBIERI e
informações, de trabalhar em equipe e CAJAZEIRA, 2009, p. 75), através da
liderança, etc; as gerenciais consistem em alocação e gestão eficiente dos recursos
saber desenvolver as funções produ vos, bem como um fluxo regular
organizacionais relacionadas ao de inves mentos, enfa zando a tomada
marke ng, finanças, gestão de pessoas, de decisão que considera o futuro a longo
produção, tomada de decisão e prazo.
negociação, entre outras; as pessoais são Contudo, a taxa de mortalidade das

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estudos multidisciplinares

MPE's, ainda é muito significa va, ou seja, um impera vo, existe muito mais do que
diversos empreendimentos não estão visão de futuro e talento individual, pois o
conseguindo ser sustentáveis. Segundo sucesso exige análise, planejamento
especialistas (SEBRAE, 2018), no Brasil os estratégico-operacional e capacidade de
principais fatores limitantes do implementação. Portanto, fica clara a
empreendedorismo são a falta de relevância da busca por capacitação
polí cas governamentais (73,8%), de gerencial, por parte dos
apoio financeiro (42,9%) e de educação e empreendedores, para que um agente
capacitação (40,5%). Ainda, os tão importante para a economia e
especialistas colocam que geralmente o sociedade tenha cada vez mais sucesso.
ensino é focado na formação de mão de 3 Metodologia da pesquisa
obra para o mercado de trabalho ou para Em um primeiro momento esse estudo
o setor público, sem dar ênfase ao caracteriza-se como exploratório, que
empreendedorismo, dificultando assim à segundo Yin (2005) permite ao
lida com os negócios. pesquisador conhecer o assunto, para
Em relação à falta de educação e facilitar o entendimento e criação de
capacitação, Dornelas (2003) defende hipóteses. Assim, o trabalho apresenta
que o empreendedor sempre teve papel uma pesquisa bibliográfica sobre os
fundamental para a sociedade. Então temas abordados, sendo que o
assim como a economia e os meios de levantamento bibliográfico é considerado
produção e serviços se sofis caram, no por Fachin (2002) como a base para as
empreendedorismo também existe a demais pesquisas.
necessidade de se formalizar o No segundo momento, a fim de expor
conhecimento, antes ob dos apenas resultados alcançados e iden ficar o perfil
empiricamente. Na era do conhecimento, do empreendedor que par cipa do
“intensificar e aperfeiçoar o processo de Programa Bom Negócio Paraná, foi
criação de novos produtos, o mizar seu realizada uma pesquisa descri va e
processo produ vo, integrar processos documental, através da coleta de dados
organizacionais, ser rápido na resposta primários e secundários, ob dos
aos clientes, antecipar-se aos u lizando-se as seguintes fontes de
concorrentes” (DORNELAS, 2003, p. 6) evidências apontadas por Yin (2005): a)
são caracterís cas dos novos observação par cipante; b) acesso a
conquistadores de mercado. relatórios e documentos rela vos ao
Então, diversas ações já foram iniciadas programa de extensão Bom Negócio
para superar os fatores limitantes do Paraná; e c) consulta a documentos
empreendedorismo, sendo executada eletrônicos.
pela esfera pública ou privada, sendo que Em seguida foi realizada uma análise dos
“estão em andamento com o propósito de dados ob dos, permi ndo a descrição
trazer cada vez mais bene cios e dos achados mais importantes. De acordo
facilidades para os empreendedores com Oliveira (1997, p. 114) o estudo
brasileiros” (SEBRAE, 2018). Neste descri vo “possibilita o desenvolvimento
sen do, a educação e capacitação, para de um nível de análise em que se permite
obtenção de conhecimento, bem como o iden ficar as diferentes formas dos
apoio governamental, através de ações fenômenos, sua ordenação e
estratégicas, caracterizam-se como classificação”, além de viabilizar a
fatores primordiais para se a ngir a explicação das relações de causa e efeito
sustentabilidade econômica. dos fenômenos e a melhor compreensão
Dornelas (2016) salienta que em uma do comportamento de diversos fatores.
época em que ser empreendedor é quase Ainda, os dados podem ser considerados

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estudos multidisciplinares

tanto qualita vos quanto quan ta vos, que tenham sua sede e administração no
pois com base nas abordagens de Silva País” (GOVERNO FEDERAL, 1988).
(2005), o estudo u liza a análise e Assim, na esfera Federal, a Lei Geral das
interpretação da realidade estudada, Micro e Pequenas Empresas, ins tuída
muitas vezes sem fazer uso de em 2006 por meio da Lei Complementar
amostragem, tabelas ou gráficos, isto é, nº 123, por exemplo, "estabelece normas
procura compreender os fenômenos que gerais rela vas ao tratamento
ocorrem no ambiente que está sendo d i fe r e n c i a d o e f a v o r e c i d o a s e r
pesquisado e fazer a descrição e dispensado às microempresas e
interpretação de tais fenômenos, mas em empresas de pequeno porte no âmbito
alguns momentos também traduz em dos Poderes da União, dos Estados, do
números as caracterís cas do perfil do Distrito Federal e dos Municípios"
empreendedor em questão, para serem (GOVERNO FEDERAL, 2006), no que tange
analisadas. ao recolhimento de tributos e
Para analisar dados mais específicos, se contribuições, através do Simples
considerou como amostra da população o Nacional, um regime especial unificado
total de 460 empreendedores que de arrecadação; acesso ao mercado, com
realizaram o curso de capacitação, a par cipação em licitações públicas e
ofertado na cidade de Guarapuava pelo regime de exportação diferenciado;
Núcleo da UNICENTRO/Guarapuava, acesso a crédito; etc. Já a Lei
entre os anos de 2012 a 2019. Assim, a Complementar nº 128/2008, criou o
a m o st ra é c l a s s i fi ca d a co m o n ã o Micro Empreendedor Individual, rando
probabilís ca por conveniência, tendo em diversos trabalhadores da informalidade
vista a possibilidade de acesso aos (PORTAL DO EMPREENDEDOR, 2008).
documentos, a par r de uma informação Segundo o disposto e tendo em vista os
fornecida pelos empreendedores ao fatores limitantes do empreendedorismo,
iniciar o curso. Os dados foram tabulados supracitados, é notável que todas as
com auxílio do so ware excel, esferas do Governo devem planejar e
possibilitando o inventário das desenvolver ações estratégicas de
caracterís cas rela vas ao perfil dessas fo m e n t o a s u s t e n t a b i l i d a d e d o s
pessoas. empreendimentos de micro e pequeno
4 Resultados e discussão porte. Neste contexto, Dornelas (2016)
4.1 Polí ca de Governo: Programa Bom comenta que, apesar de não aparecerem
Negócio Paraná de forma estruturada, existem diversas
C o m o c o n sta n a C o n s t u i ç ã o d a formas de fomento provenientes dessas
República Federa va do Brasil (1988) esferas. Entre elas, relacionada a
assegurar o exercício dos direitos sociais e educação e capacitação, há intervenções
individuais é dever dos representantes do que buscam proporcionar condições para
p o v o b ra s i l e i ro . C o n s i d e ra n d o a desenvolver o potencial empreendedor e
relevância socioeconômica do capacitá-los, dotando-os de
empreendedorismo, para o conhecimento, técnicas e habilidades,
desenvolvimento local e regional, o Art. auxiliando-os com ferramentas para
17 0 d a L ei d is p õ e q u e “a o rd em elaboração de planos de negócios,
econômica, fundada na valorização do atendendo aos requisitos na busca de
trabalho humano e na livre inicia va, tem inves mentos em organizações
por fim assegurar a todos a existência financeiras, obje vando dar mais
digna”, sendo que garante o “tratamento consistência e longevidade a esses
favorecido para as empresas de pequeno negócios.
porte cons tuídas sob as leis brasileiras e Para atuar neste âmbito, os governantes

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

podem criar uma ação estratégica, que de obje vo de contribuir para o


acordo com Mintzberg e Quinn (2001) é desenvolvimento econômico e social dos
um modelo ou plano que integra os municípios onde atua, por meio da
obje vos, as polí cas e as ações capacitação de micro e pequenos
sequenciais de uma organização, em um empresários, visando o crescimento
todo coeso. A abordagem clássica da destes negócios para a geração de
e st raté g i a d efe n d e a re u n i ã o d e emprego e renda da população local
informações e aplicação de técnicas (SETI, 2019).
apropriadas, com planejamento racional A capacitação teve como público alvo
na u lização dos recursos como meio “micro, pequenos, médios empresários e
para se a ngir um obje vo, sendo que o microempreendedores individuais (MEI),
foco são vantagens que perduram no formalizados ou não. Mas o curso é
longo prazo (WHITTINGTON, 2006). aberto a todo cidadão que tenha
Assim, a administração do Estado do interesse nas áreas ofertadas” (SETI,
Paraná criou o Programa Bom Negócio 2019), sendo ofertado nas modalidades
Paraná, que pode ser classificado como presencial e a distância (EaD), pelas
uma ação estratégica de fomento a Universidades Estaduais do Estado.
sustentabilidade do empreendedorismo. Durante as 66 horas-aula de curso, foram
Ele foi criado em 2005, para a cidade de apresentados aos empreendedores
Curi ba e região metropolitana, sendo conceitos e ferramentas de gestão, um
que 2012 foi ampliado para atender todas conteúdo elaborado e organizado
as cidades do Paraná, sendo coordenado previamente pela SETI, afim de capacitar
pela Universidade Sem Fronteiras (USF). os empreendedores quanto a
Na sua execução, ofereceu-se capacitação administração profissional/formal de
gerencial, orientações gratuitas e negócios, sendo que esse conteúdo
facilidades no acesso às linhas de créditos d i st r i b u i u - s e e m c i n c o m ó d u l o s ,
de baixo custo da Fomento Paraná, com o conforme é demonstrado no Quadro 1.
Quadro 1: Conteúdo do programa de capacitação
Módulo Conteúdo
Gestão de Negócios Importância de Empreender e Capacitar-se para Empreender
E m p re e n d e d o r i s m o e I n o va ç ã o ; E m p re e n d e d o r i s m o e
Sustentabilidade
Iden ficando o Mercado, seus Públicos e Compe dores
Planejamento Estratégico e Plano de Negócios
Gestão Comercial Fundamentos da Gestão Comercial e do Marke ng
Conceitos Básicos de Vendas e Atribuições de Vendas
Definições de Compras
Plano de Marke ng - Segmentação de Mercado e Posicionamento de
Mercado - 4 P's: Produto, Preço, Praça e Promoção
Modalidades de Vendas, Processo de Venda e 3 Diferenciais em
Vendas
Gestão Financeira Finanças Pessoais
Finanças Empresariais – Controles Enfoques Operacionais e
estratégicos
Gestão de Pessoas Estrutura de Cargos e A vidades
Recrutamento e Seleção
Desenvolvimento e Treinamento
Retenção de Pessoas
Avaliação de Desempenho e Feedback
Ambiente de Trabalho
Indicadores de RH
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Gestão Estratégica Ciclo PDCA e Benchmarking


Hábitos, Proa vidade e Gestão do Tempo
Matriz Produto X Mercado
Programa 5S (cinco sensos)
Feira de Negócios
Fonte: Dutra et al. (2013), adaptado pelos autores.
Considerando o caráter estratégico, a Tecnologia e Ensino Superior (SETI),
visão dessa polí ca de Governo era “ser Universidades Estaduais e agentes ligados
reconhecido pelo comprome mento com ao desenvolvimento empresarial, órgão e
o desenvolvimento econômico ins tuições de caráter público como, por
sustentável a par r das comunidades e exemplo, Prefeituras, Secretárias de
posicionando entre os melhores projetos Indústria e Comércio, Associações
contemporâneos, até completar sua C o m e rc i a i s , A g ê n c i a s e S a l a s d o
implantação no Estado”. A missão era Empreendedor, entre outros, além das
“contribuir para o desenvolvimento ins tuições privadas.
econômico da cidade, fomentando a Ainda, para Whi ngton (2006, p. 117) “a
sustentabilidade econômica das noção de estratégia implica que todos os
comunidades através do apoio à micro e inúmeros indivíduos que compõem uma
pequenos empreendimentos”. Os valores organização possam unir-se em torno da
que permearam sua execução foram busca efe va de meta coerente”, assim
“É ca, Espírito Empreendedor, Espírito de nesse esquema de parcerias, cada
Equipe, Comprome mento e Ênfase em envolvido possui responsabilidades. No
Resultados, Credibilidade e Solidez, caso do Bom Negócio a SETI, através da
Desenvolvimento de Parcerias, USF, é responsável pela coordenação e
Produ vidade” (SETI, 2019). suporte dos Núcleos de Apoio ao
Ainda considerando o viés estratégico, Empreendedor (NAE), localizados nas
buscando a melhor forma de se a ngir o Universidades Estaduais do Estado, além
obje vo, o Programa foi executado por de ser o provedor econômico (recursos de
meio de parcerias. Neste sen do, Yoshino logís ca e remuneração das equipes); as
e Rangan (1996) lembram que o mercado Universidades, representadas pelos
está cada vez mais interdependente e há NAEs, são responsáveis pelo contato com
diversos bene cios para organizações que os municípios de seu núcleo e
trabalham em parcerias. Em uma organização pedagógica da capacitação,
parceria, as organizações mantêm ou seja, de preparar metodologicamente
colaboração mútua com relação a um e ministrar o curso, bem como de
obje vo em comum entre elas, sendo que controlar os resultados e repassá-los à
um exemplo de seu bene cio é a mantenedora; já o município fica
possibilidade de se alcançar melhores encarregado de divulgar e controlar as
índices de eficiência e eficácia nas ações, inscrições para formação de turmas e
com troca de conhecimento e melhorias disponibilizar o local para realização das
para toda a sociedade. aulas.
De acordo com a SETI (2019), “a Neste contexto, torna-se interesse
capacitação é viabilizada por meio de conhecer como o Programa está sendo
parcerias com as universidades estaduais, executado, nesse caso especifico, como
agentes ligados ao desenvolvimento ele está sendo desenvolvido pelo NAE da
empresarial, órgão e ins tuições de Unicentro de Guarapuava, analisando os
caráter público ou privado”. Portanto, os resultados alcançados desde 2012 e o
stakeholders do Programa Bom Negócio perfil dos empreendedores que
eram a Secretaria de Estado da Ciência, par cipam da capacitação.
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Administração em foco
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4.2 Execução do Programa Bom Negócio interessados de qualquer localidade).


Paraná em Guarapuava, até 2019. Vale salientar que na modalidade
O Núcleo de Apoio ao Empreendedor presencial não há a vidades avalia vas e
(NAE) da Unicentro de Guarapuava p a ra te r d i re i t o a o c e r fi c a d o o
ofereceu o curso de capacitação Bom empreendedor deve comparecer em 75%
Negócio Paraná de setembro de 2012 a das aulas. Assim, dos municípios que
junho de 2019. Sua equipe estavam sob a responsabilidade do NAE
mul disciplinar era formada por um Guarapuava Unicentro para ministrar as
coordenador, um professor orientador, aulas, 54% ofereceram alguma turma,
três profissionais recém-formados e três sendo eles: Bituruna, Cândido de Abreu,
graduandos. Para a ngir o obje vo Candói, Cantagalo, Chopinzinho, Coronel
proposto pelo Programa, as atribuições Vivida, Guarapuava, Laranjeiras do Sul,
dos profissionais recém-formados Nova Tebas, Palmital, Pinhão, Pitanga,
consis a no contato direto com os Reserva do Iguaçu e Turvo. No total foram
empreendedores; no estudo, 2.591 concluintes, sendo 1.724 formados
planejamento e execução dos através de aulas presenciais e 867 na
treinamentos; acompanhamento e modalidade à distância.
orientação aos interessados em questões Em Guarapuava, por meio das turmas
administra vas; criação de condições presenciais, foram 460 concluintes. Para
para que os par cipantes iden ficassem viabilizar a capacitação, o NAE
potencialidades e deficiências nos estabeleceu parceria com a Prefeitura
empreendimentos; bem como colaborar Municipal e a Agência do Empreendedor,
e propor ações junto ao coordenador do que apoiam a efe vação das turmas com
Programa e orientação dos bolsistas a divulgação e recepção das inscrições,
graduandos, que possuíam funções de bem como sediam a agência local do
suporte aos ministrantes dos cursos. Fomento Paraná, responsável pelo
O curso foi ofertando tanto na suporte ao empreendedor interessado
modalidade presencial (direcionado a 26 nas linhas de crédito. O Quadro 2
municípios da região), quanto na apresenta dados referentes as dezesseis
modalidade à distância (atendendo turmas de Guarapuava.
Quadro 2: Turmas concluídas em Guarapuava, até 2019
Turma Início Fim Inscritos Concluintes Aproveitamento
1ª 26/09/2013 08/11/2013 61 49 80%
2ª 30/10/2013 12/12/2013 40 36 90%
3ª 17/03/2014 29/04/2014 32 30 94%
4ª 22/05/2014 07/08/2014 24 16 67%
5ª 01/09/2014 23/10/2014 39 28 72%
6ª 09/04/2015 08/05/2015 61 51 84%
7ª 18/05/2015 17/06/2015 44 38 86%
8ª 21/03/2016 09/05/2016 37 27 73%
9ª 19/04/2016 06/06/2016 42 34 81%
10ª 15/08/2016 28/09/2016 40 29 73%
11ª 13/06/2017 02/08/2017 25 15 60%
12ª 25/10/2017 07/12/2017 21 19 90%
13ª 14/05/2018 26/06/2018 30 23 77%
14ª 13/08/2018 25/09/2018 35 32 91%
15ª 08/04/2019 21/05/2019 30 16 53%
16ª 23/05/2019 25/06/2019 24 17 71%
Fonte: Controles internos do Programa Bom Negócio Paraná (2019), adaptado pelos autores.
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Administração em foco
estudos multidisciplinares

Nota-se que a média de aproveitamento casos de pessoas que par cipam, mas não
(concluintes em relação ao inscritos) para a n gem o p ercentu al mín imo d e
essas dezesseis turmas concluídas em presença, portanto não são considerados
Guarapuava é 79%. Neste sen do cabe concluintes.
ressaltar que o período que acontece a Para iden ficar o perfil dos concluintes do
maior evasão de empreendedores é no curso, o Quadro 3 demonstra informações
início do curso, sendo que em alguns sócio econômicas extraídas das fichas de
casos as pessoas se inscrevem e não inscrição dos par cipantes.
comparecem em aula alguma além de
Quadro 3: perfil dos concluintes do curso em Guarapuava
Variáveis PBNP
Gênero Masculino 43%
Feminino 57%
Idade De 17 a 24 anos 11%
De 25 a 34 anos 35%
De 35 a 44 anos 29%
De 45 a 54 anos 19%
De 55 a 64 anos 5%
Estado Civil Casado/União Estável 68%
Separado/Divorciado 7%
Solteiro 24%
Viúvo 1%
Escolaridade Fundamental 13%
Médio/2º Grau 43%
Superior 29%
Técnico 6%
Renda Até 3 salários mínimos 63%
Familiar
Entre 4 e 6 salários mínimos 28%
Entre 7 e 10 salários mínimos 6%
Mais de 10 salários mínimos 3%
Fonte: Controles internos do Programa Bom Negócio Paraná (2019), adaptado pelos autores.
Nota-se que não há diferença significa va que possuíam o ensino médio/2º grau
de quan dade entre gêneros, mas que as (43%) ou ensino superior (29%) ao
mulheres se mostram mais par cipa vas concluir o curso, são as mais
no curso oferecido na cidade de representa vas. O percentual que
Guarapuava (57%). A faixa etária merece destaque em relação a renda
predominante dos empreendedores, no familiar dos concluintes, são os 63% que
momento que concluíram o curso, era 25 recebem até 3 salários mínimos mensais.
a 44 anos, com par cipação mais intensa Outrossim, afim de evidenciar como é
de indivíduos com idade entre 25 a 34 composto o público concluinte, o Gráfico
anos (35%), sendo que a par cipação 1 apresenta a ocupação, ou seja, a vidade
decai a par r dos 44 anos. O estado civil profissional desenvolvida no momento da
predominante era de casados/união resposta, desses 460 concluintes do
estável (68%) e em segundo lugar município de Guarapuava.
solteiros (24%). A taxa de par cipação dos

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

Gráfico 1: A vidade Profissional dos concluintes do curso em Guarapuava


Fonte: Controles internos do Programa Bom Negócio Paraná (2019), adaptado.

Ao analisar o Gráfico 1 conclui-se que a 5 Conclusão


maior parte dos par cipantes são pessoas No Paraná, o Bom Negócio se apresenta
que possuem algum empreendimento como polí ca de governo desenvolvida
(66,5%) e podem implementar os estrategicamente por meio de parcerias,
conceitos, processos e ferramentas se cons tuindo como uma alterna va
apresentadas no decorrer do curso para para fomentar a sustentabilidade dos
profissionalizar seus negócios. Desses, há micro e pequenos empreendimentos,
uma taxa significa va de proprietários de proporcionando conhecimento na área
empresas formais (38,3%), autônomos de gestão, através da capacitação, bem
(18,5%) e os informais (9,8%). como facilitando o acesso ao crédito com
Ademais, vale lembrar que o público-alvo juros menos onerosos.
da capacitação caracteriza-se por No que tange a educação e capacitação, o
gestores de micro, pequenas e médias Programa trabalha o desenvolvimento de
empresas e MEI's, formalizados ou não, habilidades técnicas, gerenciais e
todavia o curso poderia ser realizado por pessoais, através do conteúdo
toda pessoa que possuisse interesse no ministrado, dinâmicas de grupo e estudos
conteúdo ministrado. Logo, conclui-se de caso, com base no material da apos la.
que o obje vo do curso, em relação ao Vale salientar que essas habilidades
público-alvo, está sendo alcançado pelo influenciam diretamente na forma de
NAE no município de Guarapuava, o que gestão do empreendimento, resultado
corrobora para com o alcance do obje vo em mais ou menos eficiência no alcance
geral do Programa, pois os par cipantes dos obje vos. Já no que diz respeito ao
podem u lizar o conteúdo ministrado em apoio financeiro, os empreendedores
sua vida profissional, seja realizando a concluintes da capacitação têm acesso a
gestão de um empreendimento ou na financiamentos de baixo custo, para
prestação de serviços como funcionário. manutenção do negócio e/ou

22
Administração em foco
estudos multidisciplinares

inves mentos. melhorar a renda familiar. Ainda,


Em relação as parcerias, é notável que percebe-se a par r da ocupação dos
apenas um ator social pode não ser par cipantes, os resultados do NAE, em
suficiente para causar o impacto que Guarapuava, colaboram com o alcance do
ocorre quando diversos atores se obje vo do Programa, de oferecer
relacionam com um obje vo em comum. capacitação gerencial à micro, pequenos,
Nesse sen do, vale salientar que a médios empresários e MEIs.
Universidade, além de ter a incumbência Por fim, cabe destacar a importância de
de fornecer o ensino, também deve conhecer como outros munícipios do NAE
intervir na sociedade gerando bene cios se comportam, além do impacto que a
e uma forma de a ngir esse obje vo é por capacitação e a facilidade de acesso às
meio de projetos de extensão como, por linhas de crédito causaram aos
exemplo, o Programa Bom Negócio empreendedores concluintes do curso,
Paraná. caracterizando-se como oportunidades
Outrossim, os municípios também devem para futuras pesquisas. Nessas, poderia
buscar para a população soluções que ser avaliado se houve aplicabilidade do
agreguem valor para os empreendimen- conteúdo ministrado, abertura de novos
tos locais, assim percebe-se que o negócios ou mudanças na gestão do
obje vo em comum torna o Programa empreendimento, aumento de renda,
atra vo para todos os stakeholders, e nt re o u t ro s fato re s q u e p o d e m
demonstrando eficiente a escolha de demonstrar a eficiência do Programa,
executá-lo estrategicamente por meio de demonstrando se a capacitação tem
parcerias. Portanto, a parceria firmada transformado o conhecimento repassado
c o m a P re fe i t u ra m u n i c i p a l , p o r e m re s u l t a d o s t a n g í v e i s n a v i d a
intermédio da Agência do Empreendedor, profissional e empreendimentos dos
facilitou o alcance de resultados e par cipantes.
sa sfação, tanto para o NAE, quanto para Referências
a Prefeitura e par cipantes do curso. BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R.
Dessa forma, das principais contribuições Responsabilidade social empresarial e
dessa pesquisa, destaca-se que a equipe empresa sustentável: da teoria à prá ca.
do NAE da Unicentro Guarapuava, de São Paulo: Saraiva, 2009.
2012 a 2019, capacitou 2.591 concluintes, DOLABELA, Fernando. Oficina do empre-
dos quais 1.724 foi por meio de aulas endedor. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
presenciais em quatorze munícipios DORNELAS, J. C. Empreendedorismo
paranaenses e 867 na modalidade à Corpora vo: como ser empreendedor,
distância. Em Guarapuava, foram 460 inovar e se diferenciar em organizações
concluintes através do ensino presencial, estabelecidas. Rio de Janeiro: Elsevier,
que veram acesso a um conteúdo 2003.
profissional, possibilitando por meio da DORNELAS, J. C. Empreendedorismo:
sua implantação no empreendimento, transformando ideias em negócios. 6. ed.
aumento da eficiência na gestão e maior São Paulo: Empreende/Atlas, 2016.
probabilidade de alcance da DUTRA, I. M. et al. Apos la Bom Negócio
sustentabilidade. Paraná. 3. ed. Curi ba - PR: [s.n.], 2013.
Os dados ob dos com o perfil sócio ESPEJO, M. M. S. B.; PREVIDELLI, J. J. Os
demográfico dos cursistas auxiliam a grandes desafios e as estratégias do
compreender qual é a melhor forma de empreendodor no ensino superior
interagir com os alunos, considerando privado. In: PREVIDELLI, J. J.; SELA, V. M.
que é um público jovem, interessado por Empreendedorismo e educação
c o n h e c i m e n t o p a ra a p r i m o ra r o empreendedora. Maringá: Unicorpore,
empreendimento e, consequentemente, 2006.
23
Administração em foco
estudos multidisciplinares

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24
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 2
Os estudantes da educação profissional: caracterização
e relações com a escola

Márcio Luiz Bernardim


Docente do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
Email: marcio.bernardim@gmail.com
ORCID: h p://orcid.org/0000-0003-3639-7938

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução alterar as co n d içõ es d e in s erção


Desde os anos 1970 tem-se observado profissional e de obtenção de renda para
uma série de mudanças significa vas no parte significa va da população.
âmbito das relações de produção e, por Tais condições explicam a importância
conseguinte, das relações sociais mais que uma parte da população pobre e
amplas. É consensual entre os estudiosos t ra b a l h a d o ra a t r i b u i à e d u c a ç ã o
que a sociedade vive hoje uma fase de profissional ar culada ao ensino médio. A
ebulição técnico-cien fica que apresenta ampliação da oferta, o aumento nas
uma série de avanços e, ao mesmo matrículas e a diversidade de cursos e
tempo, muitos novos problemas a serem modalidades asseguram à educação
equacionados para a manutenção ou profissional de nível técnico um novo
melhoria das condições de vida da classe status ao ensino médio e a transição deste
trabalhadora (BRAVERMAN, 1987). para o ingresso na universidade.
Essa nova configuração técnico-cien fica Este texto apresenta o resultado de uma
provoca alterações nas relações sociais e pesquisa realizada com estudantes da
de produção, ocasionando uma nova e d u c a ç ã o p r o fi s s i o n a l d e o fe r t a
relação de forças entre os trabalhadores e subsequente, tendo como obje vo
as empresas e entre os trabalhadores caracterizar esse público e compreender
entre si (TOFFLER, 1980). No sistema as suas relações com a escola.
capitalista as oportunidades de trabalho 2 Referencial teórico
se materializam nas vagas de emprego 2.1 Retrospec va: relações entre
que são disputadas por aqueles que não educação, o trabalho e a organização
dispõem de outra possibilidade de obter cole va
renda a não ser mediante a venda da sua Antes de abordar a educação escolar, é
força de trabalho. preciso considerar que, no intuito de
Da mesma forma, o rearranjo produ vo assegurar a produção e reprodução da
decorrente do uso intensivo de novas vida, a organização familiar e social
máquinas e novas técnicas de produção, sempre se deu a par r de uma
causa descompasso entre os processos determinada divisão do trabalho, o que
forma vos e as demandas produ vas, requeria certo grau de
gerando dispensa e/ou subs tuição do treinamento/educação dos indivíduos
trabalho humano e precarização das para executarem as tarefas e assumirem
condições de trabalho (ANTUNES, 1995). as responsabilidades que lhes cabiam
A educação escolar é incitada a responder nessa forma de organização.
posi vamente nesse contexto, gestando Logo, o processo de educação esteve
um po de cidadão/trabalhador que presente deste o início da organização
atenda às demandas do sistema, mas nem social/familiar, se manifestando nas
sempre de acordo com os interesses dos prá cas individuais e sociais, nas relações
trabalhadores. Logo, a falta de polí cas interpessoais e nos afazeres requeridos
educacionais consistentes, conforme no ambiente domés co ou fora dele para
demonstram os baixos índices de a manutenção das condições materiais
escolarização da população brasileira ( c a ç a , p e s c a , c o l e ta ;
desde o Brasil Colônia até meados do domes cação/criação de rebanhos,
século XX (IPEA, 2006), deixou as classes cul vo da terra; produção e
populares mais vulneráveis ao uso comercialização de produtos ou serviços
predatório da força de trabalho pelas etc.) ou imateriais (relações pessoais,
empresas. A pequena melhora dos expressão ar s ca, manifestação
indicadores educacionais verificada nas religiosa etc.) da vida. (BRAVERMAN,
úl mas décadas não foi suficiente para 1987).

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

Exemplos dessa forma de organização princípios da organização racional do


foram a divisão entre “campo x cidade”, trabalho de Taylor (2010). Todavia, além
“comércio x indústria”, “trabalho manual da questão da alienação do trabalhador
x trabalho intelectual”. Nesse úl mo caso, em relação a sua capacidade de trabalhar
a divisão elevada ao extremo é (aí compreendida a sua capacidade de
representada no filme Tempos Modernos, refle r sobre o trabalho), há o dilema
de Charles Chaplin, que mostra o é co em relação à eventual maior
trabalhador pico da grande indústria do eficiência ob da e à apropriação dos
início do século XX se anulando no ganhos gerados com o trabalho (FARIA,
processo de produção e sendo subsumido 2004).
pela máquina. Um exemplo mais recente dessa divisão e
Nesse período, retratado por Chaplin, e especialização do trabalho no âmbito da
inaugurado por Ford, com a implantação organização empresarial contemporânea
das modernas linhas de montagem pelas é a separação entre o que é considerado
grandes corporações, o protó po do bom essencial e o que é secundário no
trabalhador remete à ideia de um sujeito processo produ vo. Essa úl ma
desqualificado, que desenvolve uma tendência deflagrou estratégias e
f u n çã o m e câ n i ca , q u e n ã o ex i ge arranjos produ vos que incorporam
raciocínio, e que prescinde do livre novas prá cas de relações não mais entre
arbítrio no exercício de suas funções, o empresário e o empregado, mas entre o
segundo o modelo de administração capitalista e o trabalhador, este úl mo
cien fica, a organização cien fica do agora alçado à condição de
trabalho reforça a divisão entre uma “elite empreendedor-capitalista, quando
administra va” e uma “massa de “perde” o status de empregado para se
trabalhadores”: à primeira, apta ao cons tuir em colaborador, parceiro,
comando, é dada a inteligência e, quem terceirizado, com as consequências boas
sabe, a bondade de simplificar o trabalho: e más disso decorrentes. Nesse estágio, o
à segunda, inapta à inteligência, é discurso da empregabilidade, que ganhou
oferecida a “liberdade” de trabalhar ou contornos de necessidade/oportunidade
não naquelas condições (FARIA, 2004). (MINARELLI, 1995) ou de tragédia
Esse modelo de trabalho revela o esforço humana (FORRESTER, 1997) nos anos
de separação e de dis nção entre o ato de 1990, ganha novo enfoque no discurso
pensar e o ato de realizar, sendo dos influenciadores do mercado de
des tuído o trabalhador de chão de trabalho, vindo agora associado a ideia de
fábrica da possibilidade de refle r sobre o empresabilidade (SAVIANI, 1997).
seu trabalho, tarefa que foi delegada a um Nesse contexto, encontra-se em curso no
trabalhador “pensante”, o engenheiro ou Brasil um discurso de flexibilização do
supervisor. trabalho como forma de aumentar a
Embora essa fragmentação das a vidades eficiência das empresas, o que seria bom,
possa levar ao esvaziamento do conteúdo segundo os defensores dessas alterações,
e à perda de sen do para o trabalhador, não somente para as empresas como
como se observa nas ocupações restritas também para os trabalhadores. A
à repe ção de operações básicas e na materialização desse discurso está
linha de produção de Ford, também é fato presente na Lei Federal 13.429 (BRASIL,
q u e a d i v i s ã o e a e s p e c i a l i za çã o 2017), que regulamenta a subcontratação
potencializam o desenvolvimento de de trabalhadores através de empresas
habilidades e contribuem para a terceiras, inclusive para a vidades
obtenção de níveis de eficiência cada vez consideradas essenciais ou que estão
melhores, conforme preconizavam os estreitamente vinculadas à a vidade

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Administração em foco
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principal da empresa contratante. determinam os esforços para o


Outro aspecto a ser levantado nesse atendimento das demandas, conforme se
processo histórico de organização e verifica nos lobbies favoráveis ou
divisão do trabalho refere-se à criação de desfavoráveis ao aumento na oferta de
profissões ou ocupações, muitas delas determinados profissionais (mediante
com status norma vo oficial e reserva de cursos técnicos ou universitários) em uma
mercado, de modo que não poderiam ser dada comunidade.
exercidas ou ocupadas por pessoas sem Essa suposta relação entre educação
cer ficação para tal. No Brasil há, escolar e trabalho mercan l começou a se
atualmente, 68 profissões apresentar a par r dos primórdios do
regulamentadas e mais 30 aguardando capitalismo e, ainda assim, só foi sen da
discussão no Congresso Nacional de forma mais concreta, pelos países de
(MUNDO CARREIRA , 2014). Pelas capitalismo tardio, no âmbito da
caracterís cas dessas profissões, sempre g l o b a l i za çã o e co n ô m i ca re c e nte .
houve uma relação mais ín ma entre as Demonstrações da fraca relação entre
demandas sociais e o provisionamento de nível de escolaridade e emprego são os
meios para atendê-las, como a indicadores, mesmo depois de
organização de i nerários escolares pra camente quinhentos anos desde a
oficiais. chegada dos europeus ao Brasil, de que a
A relação entre vagas de empregos/ escolarização média do trabalhador
ocupações e a educação/formação brasileiro até o ano de 1995 não chegava a
necessária para preenchê-los, todavia, quatro anos, e no início dos anos 2000 não
raramente é exata e universal, conforme ultrapassava seis anos de estudos (IBGE,
já esclarecia Vaizey (1968, p. 107): “os 2017). O que se constata é que o acesso
laços entre educação e suprimento de das classes trabalhadoras à escola só se
habilidades são muito estreitos, porém disseminou, nos países ricos, com os
j a m a i s d ete r m i n a d o s a p e n a s p o r adventos da Revolução Francesa e do
considerações técnicas”. Em relação a industrialismo em larga escala,
esse aspecto, o estudo de Surh (2016) é caracterizando-se ainda como um
esclarecedor, mostrando o ensino médio processo inacabado para os países pobres
como requisito relevante para o ingresso e em desenvolvimento.
nas empresas mais dinâmicas da cadeia De toda sorte, as necessidades
automo va, mas não como o fator determinadas pelas condições concretas
decisivo para tal. Além disso, demonstra de vida requerem, em cada momento
que esse nível de escolaridade funciona histórico de organização das forças
como critério de corte no processo produ vas, novos conhecimentos e novas
sele vo e como ponto de par da para que habilidades, o que se reflete sobre a
os novos empregados possam par cipar organização da força de trabalho para
de treinamentos internos, com vistas ao atender novas e, inicialmente, mais
disciplinamento e à qualificação, de complexas situações. Assim, as relações
acordo com os interesses organizacionais. entre educação e trabalho, ou entre
Dito de outra forma se há uma relação educação escolar e mercado de trabalho
entre habilidades requeridas para a acompanham o ser humano na sua
realização de uma tarefa e a educação/ inserção produ va para além da vida
formação necessária para desenvolvê-la, familiar.
há outros componentes que interferem Isso não significa que a ins tuição escolar
nessa relação, tais como o polí co, o deva se submeter à lógica mercan l, pois
social e o econômico. Dessa forma, os ela não pode ocupar o papel de mera
interesses corpora vos e econômicos formadora de mão-de-obra para os

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s e t o re s p ro d u v o s c o n s i d e ra d o s exercício de profissões técnicas” (ibidem,


prioritários. Seu obje vo central deve ser p. 24).
formar o educando bem como o cidadão, A educação profissional técnica de nível
e não apenas prepará-lo para o exercício médio surgiu, portanto, do interesse de se
de funções produ vas nas empresas, para preparar o indivíduo para o exercício de
ser consumidor competente dos profissões técnicas, tendo como marcos
produtos disponíveis no mercado regulatórios, no âmbito da chamada
(RODRIGUES, 1999). “reforma educacional”, principalmente a
Embora haja registros de variadas Lei Federal nº 9.394/1996, que ins tuiu as
inicia vas escolares, desde as civilizações Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o
an gas e mesmo durante a Idade Média, Decreto Federal nº 2.208/1997, que
também é fato que se des navam a um regulamentou os ar gos da LDB que
público restrito: as classes dominantes e a tratam da educação profissional (depois
elite social que vivia em torno do centro revogado pelo Decreto Federal nº
do poder econômico. Logo, estavam 5.154/2004), e a Resolução CNE/CEB nº
longe de atender às necessidades de 6 / 2 0 1 2 , q u e d efi n e a s D i ret r i ze s
formação ou de preparação das classes Curriculares para a Educação Profissional
populares para a inserção social e Técnica de Nível Médio.
produ va. Quando muito, a par r dos Antes do movimento de retomada da
s é c u l o s X V I e X V I I a s e s co l a s s e educação técnica como polí ca pública,
des navam à nobreza e à burguesia Kuenzer (2000) discorria sobre a
a s c e n d e nte , q u e v i a n a e s co l a a precariedade e falta de efe vidade do
possibilidade de aspirar a fazer parte da ensino médio ofertado, tendo em vista as
classe dirigente (ARANHA, s/d). necessidades dos filhos dos
Assim, a história da educação escolar é, trabalhadores. Para tanto, defendia a
por assim dizer, a história das relações superação da dualidade e do
sociais mediadas pela apropriação do conteudismo que marcavam essa etapa
conhecimento acumulado, que assegura e s c o l a r, e m f a c e d e s u a v e r s ã o
o poder e que se cons tui em privilégio de predominantemente propedêu ca, para
alguns grupos em relação a outros. promover mediações significa vas,
2.2 O ensino médio e a educação ar culando saberes tácitos, experiências
profissional e a tudes, em um mundo em que a falta
A educação escolar no Brasil está de alterna vas de existência digna,
organizada em i nerários forma vos e ar culada à falta de utopia, faz emergir
níveis dis ntos, a saber: a educação entre os jovens o culto do individualismo,
básica, que abrange a educação infan l, o do hedonismo e da violência.
ensino fundamental e o ensino médio; a Ramos (2002) reconhece a educação
educação superior, que se subdivide em profissional como elemento importante
cursos sequenciais, de graduação, de pós- no cenário da reforma, em especial pelo
graduação (aqui compreendidos os restabelecimento do ensino técnico como
cursos lato e stricto sensu) e de extensão parte do ensino médio. Todavia, chama a
(PESSOA , 2005). Esses i nerários atenção para as inúmeras incoerências
compreendem, também, diversas entre o que se pretende e as opções é co-
modalidades ou pos de oferta. Entre tais polí cas, epistemológicas e
possibilidades, no caso do ensino médio, metodológicas presentes nos
está a educação profissional, conforme documentos oficiais, centrando sua maior
disposto no inciso 2º do art. 36: “o ensino crí ca à desconsideração da relação social
médio, atendida a formação geral do da qualificação demandada pelo sistema
educando, poderá prepará-lo para o produ vo, o que viria a comprometer

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todo o trabalho escolar. Assim, nesse período de duas décadas


Passados alguns anos da retomada da deste a retomada do ensino técnico como
educação profissional, Frigo o, Ciava a e polí ca pública na área da educação,
Ramos (2005, p. 1105-6) empreenderam ganharam interesse os estudos buscando
um balanço dos primeiros resultados das compreender os fenômenos do
polí cas educacionais do novo governo, globalismo internacional e das
considerando-as marcadas por um tecnologias de base microeletrônica, os
“percurso histórico controver do”, onde quais se refle am sobre as polí cas e
há avanços e retrocessos. Uma crí ca se prá cas educacionais, conforme os
refere ao caráter conservador do exemplos acima apresentados.
tratamento da educação profissional, seja Independentemente das opções teórico-
pela criação de uma secretaria e estrutura metodológicas, os estudos são
próprias no âmbito do MEC, seja pela consensuais quanto aos impactos dos
intenção de se criar uma lei orgânica novos arranjos organizacionais, produtos
específica para a educação profissional, e serviços sobre os trabalhadores,
ao invés de propor alterações na LDB. enfa zando a necessidade de
Outro estudo, agora confrontando as compreensão do ensino médio e da
polí cas de educação profissional no educação profissional, bem como de suas
segundo mandato de FHC com o primeiro influências sobre as ações dos
mandato de Lula, foi realizado por trabalhadores e sua inserção no mercado
Kuenzer (2006), que também avaliou os de trabalho.
reflexos de tais polí cas sobre a forma de Sintonizados com as queixas dos
inclusão dos trabalhadores no sistema representantes do setor produ vo, alguns
produ vo. Em relação à educação estudiosos apontam uma falha na
profissional, merecem destaque os formação profissional ofertada pelo
seguintes problemas apontados pela sistema público de ensino, em especial de
pesquisadora: a enunciação apenas nível médio. Em uma dessas pesquisas,
formal, na maioria dos projetos, da Araújo e Lima (2014, p. 186) defendem
integração da educação profissional à uma “redefinição do sistema de formação
educação básica; o caráter genérico e profissional da força de trabalho no país,
descomprome do dos projetos de ao mesmo tempo que se avance na
educação profissional em relação à superação de deficiências da educação
efe vidade do acesso ao conhecimento básica”. Segundo eles, como não são
por parte dos trabalhadores; a ênfase no percebidas ações concretas dirigidas a
conhecimento tácito em detrimento do tais propósitos, o país está condenado a
acesso ao conhecimento cien fico- conviver, a médio prazo, “com restrições a
tecnológico e sócio-histórico; a importantes avanços em produ vidade
con nuidade de propostas precárias e do trabalho e compe vidade da
legi madoras do consumo predatório da economia”.
força de trabalho. Também Schwartzman e Castro (2013)
As pesquisas de Frigo o, Ciava a e cri cam o modelo de educação
Ramos (2005) e Kuenzer (2006) sinalizam, profissional brasileiro, tendo em vista não
portanto, que a educação profissional estar associado a uma experiência prá ca
ofertada aos trabalhadores está longe de no setor produ vo, de modo que
atender as suas necessidades de proporcione à pessoa uma vivência com o
formação integral, para a vida e para o mundo real do trabalho, o que de fato
trabalho, o que contribui para o interessa aos empregadores. De acordo
agravamento do desemprego estrutural e com os autores, tal vivência “está ausente
da precariedade social. quando os cursos profissionais são dados

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

de forma isolada, em ambiente escolar ou trabalho manual aos escravos e aos


em organizações sociais filantrópicas ou pobres. Esses autores lembram que a
religiosas” (ibidem, p. 600); mas eles dualidade entre trabalho manual e
fazem uma ressalva ao SENAI, intelectual transita pela educação
considerada uma ins tuição artesanal, industrial e manufatureira e
intermediária que tem escolas que chega ao contexto atual das relações
reproduzem algo mais próximo dos educacionais regidas pelo ideário
ambientes fabris. Essa referência ao neoliberal como reflexo da introdução de
SENAI, uma das ins tuições do conhecido i n o va ç õ e s t e c n o l ó g i c a s n o s e t o r
Sistema S, sinaliza um discurso de produ vo.
desvalorização do ambiente escolar Não parece que o caminho seja, todavia,
convencional e de valorização do desconsiderar o que foi construído até
ambiente forma vo que tenha uma aqui e os resultados ob dos nas úl mas
estreita relação com o ambiente décadas. Além disso, no contexto dessa
empresarial. discussão sobre a per nência ou não da
Estaríamos, então, no limiar de uma nova educação profissional e sobre a sua
configuração para a educação formal, ar culação/integração/subsequência ao
onde não se sabe mais onde termina a ensino médio, surgiu um novo elemento
escola e começa a fábrica, e vice-versa? para complexificar ainda mais a situação
Não parece ser esse o entendimento de da educação profissional: a reforma do
Young (2007) quando nos convida a ensino médio (BRASIL, 2017).
refle r para que servem as escolas, Aprovada em regime de urgência pelo
fazendo uma diferenciação entre o Congresso Nacional, essa alteração teria
conhecimento escolar (chamado por ele sido conduzida de modo a desconsiderar
de poderoso) e o não-escolar. Negar a as discussões anteriores feitas por
especificidade do papel da escola no intelectuais e educadores, e a par r de
manejo desse conhecimento poderia concepções que não contemplam o
significar a submissão do pensamento à interesse da classe trabalhadora (FERRETI
ação ou, no âmbito do sistema capitalista, e SILVA , 2017). Segundo no cias
d a e d u ca çã o e s co l a r à p ro d u çã o veiculadas pelo próprio governo federal,
empresarial. as mudanças preconizadas e aprovadas só
Antes de discu r os problemas da serão sen das por completo em 2019,
educação profissional, um aspecto a ser dependendo também da sintonia entre o
considerado é que o ensino médio ainda sistema federal e os sistemas estaduais de
está longe de se cons tuir em um educação. (UOL NOTÍCIAS, 2017).
processo de universalização e de Para jus ficar a pressa na aprovação da
democra zação, tendo em vista o grande proposta, e como forma de argumentar
número de jovens fora da escola, o sobre a necessidade e oportunidade da
declínio ou estagnação das matrículas e a mudança, o Ministério da Educação, MEC
persistência de altos índices de evasão e (2017) apresentou um rol de ações
reprovação (KRAWCZYK, 2011). realizadas nos úl mos anos, as quais
Em estudo que faz uma retrospec va do apontavam a demanda por ajustes no
ensino médio e da educação profissional, currículo do ensino médio. Segundo os
Lima, Silva e Silva (2017) mostram que a crí cos a essa reforma, todavia, tais
base da dicotomia (separação entre inicia vas e ações elencadas pelo MEC
educação profissional e educação não apresentam relação direta com essa
propedêu ca, presente na Educação recente mudança.
Profissional, encontra-se na formação da Nesta mesma página da internet havia
sociedade brasileira, que des nava o indicação de que a formação técnica e

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

formação técnica e profissional poderia escolares e diminuição no número de


ser uma das opções de i nerário a ser disciplinas; formação técnica integrada ao
cursado pelos estudantes. A vantagem, ensino médio; discurso de valorização do
segundo o MEC (2017), é que a par r projeto de vida dos alunos; expansão dos
desse novo currículo, o estudante canais para parcerias com o setor privado;
poupará tempo, podendo obter tanto o expansão da carga horária e das escolas
diploma do ensino médio quanto a de ensino integral; ênfase em Português e
cer ficação técnica, sem necessidade de Matemá ca.
ampliação da carga horária de estudos. Tangenciando ou não para o interesse do
Ora, tanto a obtenção da cer ficação empresariado, somente o tempo poderá
técnica quanto a promessa de se poupar dizer se tais intenções se materializarão e
tempo conferem ao discurso uma ideia de se os impactos sobre a realidade concreta
atendimento das necessidades dos e sobre a vida dos estudantes-
estudantes, de sensibilidade a um trabalhadores serão posi vos ou não.
problema que afeta aos jovens. Apesar Por enquanto é o que se tem e é sobre
disso, em sua recente pesquisa com essa realidade que atua hoje o ensino
estudantes do ensino médio, Oliveira médio e a educação profissional,
(2018) constata que embora seja discurso incorporando naturalmente as dúvidas,
corrente que o desejado pelos jovens é a limites e potencialidades de um período
entrada imediata no mercado de de transição.
trabalho, pensamento que inclusive 2.3 O ensino noturno
baliza a reforma do EM recentemente Um aspecto que não pode ser
implementada, é importante destacar o desconsiderado quando o assunto é a
fato de que muitos jovens concebem a educação profissional refere-se ao ensino
entrada precoce no mercado de trabalho noturno, haja vista que a maioria dos
como um obstáculo à conquista de um jovens e adultos que permanecem na
trabalho de melhor qualidade. Para eles, escola, ou que a ela retornam depois de
estudar e trabalhar se estabelece como terem concluído os três anos do ensino
uma imposição e não como escolha. Para médio, são estudantes-trabalhadores.
esses jovens, caso fosse possível Embora possa parecer que o ensino
prolongar seu processo de escolarização, noturno é uma experiência rela vamente
os resultados referentes ao futuro recente na história do Brasil, há registros
profissional seriam bem melhores. de que nas décadas finais do Império até o
Além do discurso da cer ficação e da início da República já havia inúmeras
economia de tempo, outro mote da escolas espalhadas pelas províncias, nas
proposta foi a ampliação da permanência quais se ofertava instrução noturna para
dos estudantes na escola, mediante a atender à grande massa de analfabetos
criação de escolas de tempo integral, com impedidos de frequentar a escola devido
a meta de que 25% delas estejam assim a sua condição de trabalhadores
organizadas até 2024. (MEC, 2017). (MOACYR, 1936, 1939; ARCO-VERDE,
De acordo com outro estudo, agora 2006; apud TOGNI e SOARES, 2007).
realizado por Bezerra e Araújo (2017), é Na legislação atual, a menção ao ensino
evidente que o teor da reforma do ensino noturno aparece na Lei Federal
médio já estava sendo sinalizado pelo 9.394/1996 (LDB), art. 4º, inciso VI,
empresariado nacional, estando claras as estabelecendo como dever do Estado a
convergências entre as diretrizes e oferta de educação pública gratuita
proposições dos reformadores mediante a garan a de “oferta de ensino
empresariais no que tange à flexibilização noturno regular, adequado às condições
curricular; ins tuição de percursos do educando”.

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

De acordo com Sposito (2005), estudar à Essa e outras preocupações afloram


noite não é mais uma escolha exclusiva quando se analisa a oferta noturna,
dos alunos que trabalham. Muitos jovens inclusive a que trata da aprendizagem, em
consideram a possibilidade de cursar esse comparação com a oferta diurna. Um
turno para obter certa independência em aspecto normalmente considerado é que
relação à família, mo vação bastante a escola noturna como ins tuição não se
incen vada pela importância que o refere ao seu aluno como trabalhador. E,
consumo representa nas relações sociais. quando faz referência a essa condição de
Além disso, nesse turno o clima escolar trabalhador, fá-lo de certa forma
apresenta-se menos rígido e mais paternalista ou autoritária, pois se
atraente. pretende jus ficar uma diferença de
Em estudo que trata da democra zação e t rata m e nto q u a nto à s e l e çã o d e
da diversidade no ensino médio, Souza e conteúdos e à avaliação ou à carga horária
Oliveira (2008) apresentam as em relação aos cursos diurnos. Esses
diferenciações que se evidenciaram argumentos costumam vir
acerca da clientela do ensino noturno, acompanhados de jus fica vas como: o
destacando entre elas o acolhimento, sob aluno vem cansado, ou não tem interesse
um mesmo i nerário forma vo, de ou ainda não tem responsabilidade
estudantes “não-trabalhadores” e de (atrasos, faltas, desistências) (TOGNI e
“trabalhadores-estudantes” inseridos ou SOARES, 2007).
que buscam inserção imediata no A pesquisa que ora relatamos apresentará
mercado de trabalho. Segundo os alguns elementos que contribuem para
pesquisadores, o entendimento de que a essa discussão. Antes de apresentar o
acolhida de trabalhadores-estudantes percurso da pesquisa e analisar os dados
requer uma abordagem coerente com os ob dos, é necessário lembrar que, do
vínculos frágeis que estes usualmente ponto de vista quan ta vo, desde o final
e s ta b e l e c e m c o m o p ro c e s s o d e dos anos 2000 o ensino médio estagnou
escolarização, pode gerar, por parte da suas matrículas no patamar abaixo de 10
equipe escolar, propostas e prá cas de milhões, conforme o quadro 1, número
ensino 'menos exigentes', embora estas este muito aquém do que seria desejável
se apresentem em nome do compromisso para acolher os que ainda não concluíram
com a permanência desses alunos na a educação básica e que estão fora da
escola (SOUZA e OLIVEIRA, 2008). escola.
Quadro 1 - Número de matrículas no ensino médio em anos selecionados – em milhares.
Tipo de oferta 2005 2010 2017
Ensino Médio 9.031.302 7.776.999 7.376.065
Educação Profissional 707.263 1.140.388 1.831.003
Total 9.738.565 8.917.387 9.207.068
Fonte: Sinopses da Educação Básicas, Ins tuto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2005/2010/2017), com ajustes do Autor.

Não há dados recentes sobre a jovens e adultos trabalhadores. Se


segmentação das matrículas por turno, tomarmos os úl mos dados do ensino
mas se pressupõe que a redução dos médio divulgados, por turno, verificamos
números no ensino médio e o aumento na que as ofertas se dão na ordem de 55% no
educação profissional revelem uma período matu no, 16% no vesper no e
ampliação das matrículas noturnas, em 29% no noturno, conforme o quadro 2:
especial nos cursos técnicos, que abrigam

33
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 2 – Distribuição das matrículas do ensino médio, por turno de oferta – 2012 - em
% do total.
Turno
Rede de Ensino
Matu no Vesper no Noturno Total
Matrículas 4.594.762 1.323.565 2.394.488 8.312.815
% do total 55 16 29 100
Fonte: Elaboração a par r das Sinopses Esta s cas da Educação Básica, tabela 1.23 (INEP,
2013).
Nota: incluídos os dados do ensino médio regular, do Normal/Magistério e do ensino
médio integrado.
D o s q u a d ro s 1 e 2 , p o r ta nto, s e definido para tal. (VERGARA, 1998).
depreende que o ensino noturno não Os dados foram ob dos mediante a
pode ser considerado apenas residual, aplicação de ques onário
visto que representa 29% das matrículas semiestruturado, com questões abertas e
do ensino médio. Além disso, como o fechadas, o qual foi preenchido por 97
público desse turno é menos jovem e está (n oventa e sete) estu d antes q u e
mais inserido no mercado de trabalho, frequentavam diversos cursos de oferta
representa majoritariamente a educação noturna de um estabelecimento escolar
profissional. público de grande porte localizado em um
Logo, enquanto houver um público que município do Estado do Paraná, durante o
d ep en d e d a es co la n o t u r n a p a ra segundo semestre le vo de 2016. Os
con nuar ou concluir os estudos, haverá ques onários foram preenchidos na
necessidade de aparelhar os escola, pelos próprios alunos, com a
estabelecimentos para atender às classes p re s e n ça e a co m p a n h a m e nto d o
populares, que depositam na educação pesquisador. Par ciparam do estudo os
profissional a potencialidade de atender alunos que frequentavam o período mais
aos seus anseios de inserção ou melhora adiantado da oferta (2º, 3º ou 4º
das suas condições no mercado de semestre, conforme o caso) dos cinco
trabalho. cursos em andamento na escola, a saber:
3 Metodologia da pesquisa Técnico em Administração, Técnico em
Quanto aos seus obje vos, esta pesquisa Secretariado, Técnico em Meio Ambiente,
c a ra c t e r i zo u - s e c o m o d e s c r i va , Técnico em Eletromecânica e Técnico em
buscando iden ficar e descrever as Eletrônica, todos de oferta subsequente
caracterís cas dos estudantes da ao ensino médio.
educação profissional, por meio dos O ques onário teve como obje vos obter
dados ob dos com a aplicação de um dados que permi ssem: fazer a
ques onário. Também são considerados caracterização socioeconômica do
descri vos os estudos que visam estudante; a situação de trabalho sua e de
descobrir a existência de associações seus pais; captar suas percepções quanto
entre variáveis de um mesmo grupo (GIL, à escola; compreender suas mo vações
2008). para con nuar estudando; detectar suas
Quanto aos meios, a pesquisa perspec vas profissionais e educacionais
caracterizou-se como bibliográfica, de quando da conclusão do curso.
legislação e de campo. Foi necessário Os dados assim ob dos passaram por um
estudar e estabelecer um quadro teórico trabalho de compilação, tratamento
que permi sse compreender o campo da esta s co e análise, feita à luz da
educação profissional e da juventude, e legislação educacional e de autores que
que subsidiasse a realização da pesquisa tratam da educação básica e da educação
empírica no estabelecimento escolar profissional no Brasil. Para melhor
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Administração em foco
estudos multidisciplinares

demonstrar os resultados ob dos, os médio conta com 51,9% de mulheres e


dados quan ta vos foram tabulados 48,1% de homens. No caso da educação
u lizando o aplica vo excel e profissional, a par cipação feminina é
apresentados mediante a organização de ainda maior, elevando-se para 55,7%,
quadros. contra 44,3% dos homens. No caso da
Por fim, esses achados proporcionaram n o s s a p e s q u i s a , q u e a b o rd o u o s
diversos elementos referentes à situação estudantes da educação profissional
laboral e de renda dos estudantes, além subsequente ofertada no período
de ampliar a compreensão sobre os noturno, essa par cipação revelou-se
fatores que podem levar à maior ainda maior, ou seja, 69,1% de mulheres
vinculação ou ao abandono da escola pelo contra 30,9% de homens. Tais dados
aluno. revelam que a educação profissional é
4 Resultados e discussão preferida pelas mulheres em geral, e
Os dados a seguir apresentados, quando também pelas mulheres que, por algum
não houver informação diferente, mo vo, precisaram retornar aos estudos
resultam da aplicação do ques onário, mais tarde, apresentando, portanto, um
conforme detalhes e procedimentos perfil etário também mais elevado.
descritos na metodologia. Em relação ao estado civil, um terço do
Uma caracterís ca da educação total de alunos são casados ou separados.
profissional é acolher alunos menos Independentemente da condição civil,
jovens, quando comparados com o ensino 21% têm um ou mais filhos. Assim,
médio propedêu co: os estudantes na diferentemente do padrão dos
faixa etária até 20 anos somam 33,3%, estudantes do ensino médio em geral, os
enquanto os que estão na faixa de 21 a 25 alunos da educação profissional se
anos somam 26,9%; 18,3% estão na faixa encontram em uma fase da vida que exige
até 29 anos e 21,5% têm acima de 29 maior responsabilidade econômica.
anos. Levando em consideração que o A escolaridade das mães dos alunos é
Estatuto da Juventude, Lei Federal 12.852 ligeiramente superior à escolaridade dos
(BRASIL, 2013), estabelece como jovem o pais: no nível escolar mais baixo, as mães
indivíduo com idade entre 14 e 29 anos, com escolaridade até as quatro séries do
teríamos então um público atendido pela ensino fundamental equivalem a 52% do
educação profissional, no total, contra 59% dos pais. No nível
estabelecimento pesquisado, escolar mais elevado, compreendendo o
essencialmente jovem (78,5%). Ainda ensino médio e o ensino superior, as mães
assim é significa va a par cipação dos representam 19%, contra 15% dos pais.
não jovens, o que remete à constatação Assim, em relação a esse público
de que o público que abandona a escola pesquisado, cujos pais estão na faixa
por um determinado período da sua vida, etária de 40 a 60 anos, aproximadamente,
quando decide retornar o faz por meio já chegamos a um estágio em que as
dos cursos técnicos, seja porque já está mulheres representam parcela menor em
inserido no mercado de trabalho, seja relação ao público menos escolarizado e
porque precisa se inserir e deposita nesse parcela maior em relação ao público mais
i nerário forma vo expecta vas com escolarizado.
relação ao atendimento dessa Os estudantes pesquisados já têm o
necessidade. ensino médio completo (todos estão
Tradicionalmente o ensino médio acolhe cursando a educação profissional
mais mulheres do que homens. Segundo subsequente ao ensino médio). Se
as Sinopses Esta s cas da Educação fizermos uma comparação da sua
Básica de 2017 (INEP, 2018), o ensino situação com o nível de escolaridade do

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

cônjuge (no caso dos que se declararam estudantes, o que dá uma ideia da sua
casados), percebemos uma relação de inserção profissional e par cipação no
proporcionalidade escolar; em outras mercado de trabalho.
palavras, o aluno da educação Entre as ocupações dos pais dos
profissional pesquisado está estudando estudantes pesquisados, destacam-se as
para acompanhar o nível escolar do a vidades manuais qualificadas, seguidas
cônjuge, ou até sendo incen vado para das ocupações picas das a vidades
concluir o curso técnico e avançar para o administra vas e/ou manuais e das
ensino superior. a vidades manuais de baixa qualificação
Seria interessante, também, inves gar as e pres gio social (Quadro 3):
ocupações ocupadas pelos pais/mães dos
Quadro 3: Ocupações desempenhadas pelos pais dos estudantes da educação profissional
de nível técnico – cursos de oferta subsequente – noturno.
Grupo ocupacional Ocupações declaradas % dos pais dos estudantes
A vidades manuais Armador, carpinteiro, eletricista,
qualificadas mecânico, motorista, motorista de
caminhão, oficial de obras, operador de 28,9
empilhadeira, operador de máquinas,
pedreiro, segurança.
A vidades Autônomo, administrador, empresário,
administra vas ou técnico de contabilidade, vendedor. 13,4
comerciais
A vidades manuais Auxiliar de produção, auxiliar de serviços 13,4
auxiliares gerais, jardineiro, servente, vigilante,
zelador.
Área rural Agricultor. 8,2
A vidades urbanas Fren sta, latoeiro, preparador de massa, 7,2
semiqualificadas tratorista, vidraceiro.
Outras a vidades Outras áreas ou não informado. 28,9
Fonte: Os autores.
Entre as ocupações das mães, destacam- qualificação e baixo pres gio social e as
se as a vidades não-remuneradas a vidades administra vas e/ou
exercidas no próprio domicílio, seguidas comerciais:
das ocupações manuais de baixa
Quadro 4: Ocupações desempenhadas pelas mães dos estudantes da educação
profissional de nível técnico - cursos de oferta subsequente – noturno.
Grupo ocupacional Ocupações declaradas % das
mães dos
estudant
es
Atividades não- Dona de casa, do lar. 45,4
remuneradas em
domicílio
A vidades manuais Auxiliar de produção, auxiliar de serviços 19,6
auxiliares gerais, diarista, domés ca.
A vidades Autônoma, caixa, empresária, secretária. 8,2
administra vas ou
comerciais

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

Área rural Agricultora. 5,2


A vidades manuais Auxiliar de enfermagem, motorista, 4,1
qualificadas operadora de Máquina de produção.
A vidades qualificadas – Educadora infan l, pedagoga, 4,1
outras áreas professora.
Outras a vidades Outras áreas ou não informado. 13,4
Fonte: Os autores.
Dos quadros 4 e 5 é possível inferir que, ensino superior. Em outros termos, os
apesar da melhor escolarização, as mães rendimentos médios das mulheres são
e s t ã o m a i s v u l n e rá v e i s . E m b o ra bastante menores que os rendimentos
desempenhem a vidades de médios dos homens, em todos níveis de
fundamental importância, como os escolaridade que forem tomados como
afazeres domés cos e o referência.
acompanhamento do desenvolvimento Ao traçar o perfil dos estudantes que
dos filhos, con nuam sendo pouco frequentam a educação profissional
valorizadas. Além disso, inserem-se no noturna, precisávamos considerar que,
mercado de trabalho, em maior número, independentemente do turno de oferta, o
mediante ocupações de pouco pres gio ensino médio caracteriza-se como o nível
social e baixa remuneração, como as de ensino em que os jovens perdem o
a vidades manuais auxiliares. entusiasmo pelos estudos. De acordo
As formas mais comuns de inserção com Sposito e Galvão (2004), três estágios
feminina no mercado de trabalho são as marcam esse processo de desencanto: no
a vidades manuais auxiliares. Quando início os jovens se sentem orgulhosos
realizado em casa, inclusive, esse trabalho porque, em certa medida, venceram a
não recebe o status de a vidade laboral barreira da escolaridade de seus pais;
que se possa atribuir valor econômico. logo em seguida aparecem as
A redução ideológica do trabalho a suas dificuldades decorrentes do processo de
formas remuneradas tem reforçado a ensino, surgindo as amizades e a
posição dos homens na relação entre sociabilidade como elementos mais
gêneros, mas tem relegado injustamente importantes; por fim, os alunos se
as donas-de-casa ao limbo da “não- confrontam com barreiras aparente
a vidade”, tem levado a ignorar o intransponíveis, pois o ingresso na
trabalho não-remunerado dos universidade não se configura como uma
trabalhadores remunerados e tem possibilidade para a maioria e o desejo de
suposto uma tergiversação da realidade trabalhar ou melhorar profissionalmente
econômica (ENGUITA, 1989). também se torna de di cil concre zação.
Os levantamentos feitos por Rolim (2018), Apesar disso, de acordo com Carrano e
a par r da Pesquisa Nacional por Amostra Dayrell (2013), o desencaixe entre a
de Domicílios, PNAD, mostram que entre ins tuição escolar e seus estudantes não
a população brasileira ocupada, as deve ser entendido como uma
mulheres apresentam maior incompetência da escola em lidar com
escolarização (33,7% contra 29,4% dos seus jovens estudantes. É, menos ainda,
homens - no caso do ensino médio, e um mero desinteresse dos jovens para
20,4% contra 12,1% dos homens - no caso c o m o m u n d o e s c o l a r. Tr a t a - s e ,
do ensino superior). Mesmo assim, sobretudo, de um quadro muito mais
representam apenas 63,2% dos amplo de transformações que envolve a
rendimentos dos homens, no caso dos ins tuição escolar e seus sujeitos.
que têm ensino fundamental, 62,3% no Questões afetas à marginalidade
caso do ensino médio, e 58,1% no caso do econômica e social, entre outras que têm
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Administração em foco
estudos multidisciplinares

relação com os desafios intergeracionais e com colegas e professores”, parecendo


o apelo da sociedade de consumo, por expressar o diferencial da educação
exemplo, acabam se incorporando ao profissional, tendo em vista o público
ambiente escolar, complexificando o atendido e os docentes: no caso das
trabalho da escola e exigindo novas m atéria s , p o rq u e s ign ifi ca m u m a
abordagens dos atores envolvidos. iden dade maior com a área escolhida e a
Nosso enfoque foram os estudantes que, grade curricular do ensino técnico;
tendo vencido o ensino médio, retornam quanto à convivência, porque remete a
à escola para fazer um curso técnico uma necessidade de formação e de
subsequente. Logo, seria oportuno socialização que explica a função da
inves gar por que, diante de inúmeras escola, que vai além da simples busca da
dificuldades, não desistem de estudar? aprendizagem como sinônimo de
Ou ainda por que, mesmo com a formação/educação cogni va.
conclusão do ensino médio, decidem Uma vez que são inúmeras as
con nuar estudando? A resposta jus fica vas para a permanência na
“concluir os estudos” apareceu em 62,9% escola, buscamos entender o que mo va
das respostas, o que chama a atenção se os alunos em relação a essa permanência,
considerarmos que tais alunos já ou do que eles efe vamente mais gostam
concluíram o ensino médio e estão aptos no ambiente escolar. As respostas
a avançar para o ensino superior, se assim confirmam a escola como espaço de
o desejarem e conseguirem. Embora aprendizagem, mas também de
menos expressivas, houve menção às socialização:
“matérias interessantes” e à “convivência
Quadro 5: Do que os estudantes da educação profissional de nível técnico mais gostam na
escola: principais respostas – questão de múl pla resposta espontânea – em % do total de
respondentes.
Resposta % do total
Convivência com os colegas 56,7
Convivência com os professores 47,4
Aprendizagem 47,4
Matérias interessantes 23,7
Lanche 10,3
Professores dedicados 9,3
Infraestrutura 7,2
Curso técnico gratuito 5,2
Fonte: Os autores.
Quando associamos os aspectos que os recorremos a outros estudos para
estudantes mais dizem gostar na escola entender melhor essa relação de
com as jus fica vas para não desis r de proximidade entre alunos e professores
estudar, fica clara a convivência, tanto da educação profissional.
com colegas quanto com professores, O estudo de Burnier (2007), que se
como a principal mo vação para a debruçou sobre a história de vida de
frequência à educação profissional. professores da educação profissional,
Surpreende o significa vo valor atribuído aponta, entre outras tantas constatações,
à convivência com os professores, em que eles constroem uma autoimagem de
geral dos pelos estudantes como um rela va ascensão social, conferindo um
empecilho ou uma barreira a ser vencida significado todo par cular ao o cio da
para a conclusão dos estudos. Assim, docência, e ainda, que suas histórias de
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Administração em foco
estudos multidisciplinares

vida cons tuem poderosas conexões que professor x aluno.


os aproximam dos alunos. Quando se discute a per nência da escola
Gariglio e Burnier (2012) constatam que, e quando se põe sob suspeição o seu
sob o olhar dos professores da educação papel diante de um mercado altamente
profissional, as experiências profissionais compe vo e da reprovação do sistema
no mercado são importantes para o produ vo ao sistema escolar tal como se
exercício da docência, confirmando o apresenta, tais achados permitem
argumento de que há outros saberes, concluir que a escola con nua sendo
além dos pedagógicos, que cons tuem a importante; se assim não fosse, os
formação docente para o ensino técnico. estudantes que já concluíram o ensino
A pesquisa de Pires e Oliveira (2016) médio não teriam vontade e
demonstra que as experiências ob das determinação de voltar a frequentar a
além da docência permitem ao professor: escola.
compreender que as mudanças no A menção à “aprendizagem” e às
mercado demandam um ensino “matérias interessantes”, conforme
atualizado; ampliar o horizonte e quadro 6, reforçam a iden dade dos
estabelecer relações com a vida co diana estudantes com a especificidade do papel
e com a atuação do técnico, de modo que da escola no âmbito da sociedade
o conteúdo ganha materialidade. Da capitalista: não só os alunos aderem ao
mesma forma, a experiência docente i nerário forma vo proporcionado pela
enriquece sua atuação em outros educação profissional como também se
espaços, permi ndo: produzir e divulgar iden ficam com os professores que
novos conhecimentos por meio de despertam o seu interesse pelos
pesquisas; reconhecer a necessidade de conteúdos trabalhados. Além disso, deve-
capacitação e formação em serviço, se considerar, segundo Sposito e Galvão
propondo ações pedagógicas em função (2004), que a atração ou não dos alunos
das dúvidas do ambiente de trabalho que por uma ou outra disciplina depende da
podem dificultar a execução de uma experiência escolar pregressa com aquele
a vidade; ter outro olhar sobre o conteúdo, dos resultados escolares
relacionamento interpessoal na empresa. ob dos ou ainda da a tude docente
A sensação de proximidade e o desejo de (paciência, capacidade, diálogo).
conviver com os docentes, conforme Se os estudantes se manifestaram sobre o
d e m o n st ra d o n a n o s s a p e s q u i s a , que gostam, também deveria haver
portanto, corroboram a ideia de que, pela espaço para os aspectos da escola que
sua formação e pelo seu histórico não gostam. Perguntados a respeito, os
profissional externo anterior e/ou alunos elencaram, espontaneamente,
simultâneo à docência, os professores se diversos fatores que prejudicam a sua
aproximam dos alunos, gerando uma estada nesse estabelecimento específico
sensação de companheirismo que pode e nesse curso de educação profissional:
u l t ra p a s s a r a t ra d i c i o n a l re l a çã o

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 6 - Do que os estudantes da educação profissional de nível técnico menos gostam


na escola: principais respostas – questão de múl pla resposta espontânea – em % do total
de respondentes.
Resposta % do total
Disciplinas mal ministradas 20,6
Falta de “respeito/educação” dos alunos 10,3
Falta de “respeito/educação” dos professores 9,3
Falta de refeitório 9,3
Infraestrutura da escola 8,2
Falta de interesse dos alunos 7,2
Fonte: Os autores.
Foi interessante descobrir que os precocidade de ingresso no mercado de
aspectos nega vos da escola são menos trabalho. Além desses, outros indicadores
expressivos, ainda que tenham aparecido ajudam a compreender as condições em
em maior número. Dito de outra forma há que se dá a inserção profissional:
maior concordância dos alunos sobre o - apenas 6,2% afirmaram não ter do
que gostam e menos sobre o que não ainda alguma experiência de trabalho
gostam na escola. As respostas sobre o fora de casa;
que menos gostam sinalizam as suas - do total de 97 pesquisados, 41,2% têm
preocupações e frustrações com as emp rego co m C T PS, 23,7% estão
questões pedagógica, disciplinar, de desempregados, 8,2% atuam no mercado
relacionamento e de falta de interesse informal, também 8,2% obtêm alguma
tanto de colegas quanto de professores, renda através de estágio, tendo-se
mas também há crí cas à infraestrutura encontrado ainda um militar, um
des nada aos espaços de aprendizagem e empresário e um funcionário público;
à “falta de refeitório”. - mais da metade dos que trabalham
As respostas contribuem para análise da (54,7%) cumprem carga horária semanal
evasão escola na educação profissional. superior a 40 horas, o que dificulta a
Muitas das causas da evasão nessa conciliação entre estudo e trabalho,
modalidade estão fora do alcance da possivelmente com
escola, mas de acordo com Bene e Villas Os dados também demonstram que, em
Boas (2018), é importante considerar especial no caso dos estudantes menos
como possibilidade de prevenção uma jovens e/ou que estão trabalhando fora,
constante atualização por parte dos as dificuldades de cumprimento de carga-
professores, em especial no que diz horária e, por conseguinte, de
respeito ao uso das novas tecnologias. i n t e g ra l i za ç ã o d e c o n t e ú d o, fi c a
Em relação à inserção profissional, prejudicada em função das condições
descobrimos que 61,9% dos estudantes precárias em que se dá o acesso do
exercem alguma a vidade remunerada. estudante à escola (incompa bilidade de
Entre os que não obtêm renda com o h o rá r i o s , g ra n d e d i stâ n c i a e nt re
trabalho, boa parte são donas de casa. trabalho/escola/residência, transporte
Considerando a totalidade dos público caro e precário etc.).
estudantes, verificamos que 22,7% Nesse ponto é interessante analisar o
começaram a trabalhar até os 14 anos. caráter indutor da escolarização na
Expandindo essa faixa etária, todavia, obtenção de trabalho e renda. Ao realizar
concluímos que 57,8% começaram a pesquisa sobre a desigualdade nas
trabalhar com menos de 19 anos. Esses condições de emprego/desemprego, o
dados caracterizam os estudantes como Ins tuto de Pesquisas Econômicas
trabalhadores marcados pela Aplicadas, IPEA (2009), detectou que os
40
Administração em foco
estudos multidisciplinares

desempregados pobres tendem a ter dos sujeitos individualmente e mais


maior dificuldade de conseguirem uma a s s o c i a d o a u m a t a r e fa c o l e v a
vaga no mercado de trabalho, mesmo necessária à construção de uma nova
tendo mais escolaridade. Disso se sociedade.
concluiu que a educação “é condição 5 Conclusão
necessária para o acesso a um melhor A pesquisa que deu origem a este relato
posto de trabalho, mas não é de pesquisa, feita com estudantes da
necessariamente suficiente para isso”, educação profissional subsequente ao
conforme declarou o presidente do ensino médio, contribuiu para a análise
Ins tuto. Se não é suficiente para o acesso retrospec va das relações entre a
ou melhoria das condições de trabalho, educação e o trabalho, ou entre o sistema
está nas expecta vas dos alunos essa educacional e as condições de inserção
potencialidade, pois além de trabalhar profissional.
muito, eles ganham pouco: 35,5% deles Foi possível perceber que tais inter-
ganham até 1 salário mínimo e 51,6% relações decorrem da forma de
ganham entre 1 e 2 salários mínimos. organização da sociedade e da gestão dos
Esses úl mos dados são corroborados meios de produção. A escola surge como
pelos planos dos estudantes para o futuro um produto desse sistema, que procura
profissional: 19,5% responderam que responder às necessidades de
pretendem conseguir um emprego desenvolvimento pessoal que permita a
melhor, 17,5% esperam obter um sociabilidade dos indivíduos e assegure a
emprego com CTPS, 12,4% pretendem sua integração ao cole vo em todas as
atuar na profissão, 7,2% querem montar suas formas de manifestação (produ va,
um negócio próprio, 6,2% desejam passar comercial, cultural, de lazer, religiosa
em um concurso público ou etc.).
simplesmente con nuar trabalhando Embora tenha avançado nas úl mas
(1,0%). décadas, o Brasil ainda não conseguiu
Se levarmos em conta que o ensino c o n s o l i d a r, q u a n t a v a e
t é c n i c o, a p e s a r d o d i s c u rs o d o s qualita vamente, a sua educação básica.
empresários, é pouco pres giado, e que Esse déficit está marcado por ingressos,
mesmo entre os universitários há uma saídas, retornos e abandonos da escola, o
elevada taxa de desemprego, infere-se que cria uma lacuna no processo de
que trabalham em a vidades realmente escolarização, marcado pelas dificuldades
de baixa valorização, conforme atestam dos trabalhadores de permanecer na
as próprias informações salariais escola, e pelas dificuldades da escola de
fornecidas. manter o aluno interessado pelo estudo,
Pode-se dizer que a dificuldade de o que fica potencializado com as
inserção profissional por parte dos jovens dificuldades que os indivíduos têm de se
e dos estudantes-trabalhadores é o inserir qualita vamente no mercado de
reflexo de um conjunto de fatores, que vai trabalho. Isso tende a se reproduzir no
da questão macroeconômica, passa pelo fenômeno da convivência e transição
descompasso entre procura e oferta, e se entre gerações, revelando um esforço dos
desdobra, inclusive, na incompa bilidade mais jovens (hoje estudantes-
entre as demandas do sistema produ vo trabalhadores) para se afastar tanto
e as oportunidades educacionais, q u a n t o p o s s í v e l d a s
notadamente da educação profissional. ocupações/a vidades laborais pouco
Se, nesse campo da inserção profissional, remuneradas e pouco pres giadas,
os resultados ob dos não coincidem com desempenhadas pelos mais velhos (seus
os projetados, isso está menos ao alcance pais).

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

Nesse contexto, os estudantes da h p://www.scielo.br/scielo.php?script=s


e d u c a ç ã o p r o fi s s i o n a l d e o fe r t a ci_ar ext&pid=S0103-
subsequente e noturna caracterizam-se 40142014000200012&lng=pt&nrm=iso .
por serem trabalhadores precariamente Bene , M., Villas Boas, L. A evasão escolar
inseridos ou em busca de inserção no na educação profissionalizante técnica.
mercado de trabalho, por serem menos Cadernos de Pós-graduação, São Paulo,
jovens que os estudantes tradicionais do 17, 1, 157-168, 2018. Recuperado em 29
ensino médio, por buscarem na escola um d e m a i o, 2 0 1 8 , d e h p : / / w w w 4 .
diferencial para sua inserção profissional, uninove.br/ojs/index.php/cadernosdepo
se iden ficarem com os colegas e s/ar cle/viewFile/7491/3768.
professores e valorizarem a sociabilidade Bezerra, V., Araújo, C. M. A reforma do
no ambiente escolar. ensino médio: priva zação da polí ca
Para as estudantes mulheres, que se educacional. Revista Retratos da Escola,
cons tuem na maioria do público, a B ra s í l i a , 1 1 , 2 1 , 6 0 3 - 6 1 8 . 2 0 1 7 .
escolarização tem um poder compensa- Recuperado em 16 de abril, 2018, de
tório à tradicional discriminação sofrida h p://retratosdaescola.emnuvens.com.
na inserção profissional e, por br/rde/ar cle/view/779/pdf
conseguinte, à vulnerabilidade de suas Brasil. Decreto Federal 2.208/1997.
condições de trabalho e renda. Regulamenta o § 2 º do art. 36 e os arts. 39
Os achados desta pesquisa e a a 42 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
importância do tema sugerem novos de 1996, que estabelece as diretrizes e
estudos com o obje vo de captar as bases da educação nacional. Recuperado
relações entre escola e trabalho, em 10 de junho, 2013, de
formação e inserção profissional, sempre www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/
a par r da realidade concreta em que se D2208.htm
dão os processos forma vos e a inserção Brasil. Decreto Federal 5.154/2004.
profissional da classe trabalhadora. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39
As mudanças preconizadas com o recém- a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
aprovado novo ensino médio (2017) de 1996, que estabelece as diretrizes e
precisam ser acompanhadas e estudadas bases da educação nacional, e dá outras
de modo a avaliar seus impactos sobre a providências. Recuperado em 10 de
atração (e permanência) dos jovens e não junho, 2013, de www.planalto.gov.
jovens à escola e sua efe vidade no br/ccivil_03/_Ato2004-
propósito de proporcionar uma educação 2006/2004/Decreto/ D5154.htm
mais democrá ca e de melhor qualidade Brasil. Lei Federal 9.394/1996. Estabelece
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Antunes, R. Adeus ao trabalho? Ensaio 2017, de www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez Brasil. Lei Federal n. 12.852/2013. Ins tui
/ Universidade de Campinas, 1995. o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os
Aranha, M. L. A. Filosofia da educação. direitos dos jovens, os princípios e
Cap. 7 – A ins tuição escolar. São Paulo: diretrizes das polí cas públicas de
Moderna, s/d. juventude e o Sistema Nacional de
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45
46
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 3
Balanced scorecard (BSC) como ferramenta estratégica para a
gestão das organizações.

Eliseu Aguiar de Gouveia


Especialista em administração
E-mail: eliseu.gouveia275@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0003-0872-0662

Thiago Spiri Ferreira


Professor e mestre em administração pela UEL
E-mail:thiagospiri@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0003-3822-7326

47
Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução formada por índices financeiros e não


N o s ú l m o s a n o s , a co nte c e u u m financeiros. Sua função principal é o
aumento da concorrência, o mercado aumento da receita financeira. Dessa
evoluiu, novos produtos introduzidos no forma a perspec va financeira é u lizada
mercado, novos modelos organizacionais como parâmetro para monitorar o
e a obrigação de estudar a concorrência. andamento da estratégia empresarial
Devido a isso, surgiu nas empresas, uma como um todo, se ela está no caminho
importância muito grande na estratégia certo ou não, garan ndo o retorno sobre
para o mercado, melhoria con nua dos o inves mento e valor econômico
processos e o estudo das necessidades agregado.
dos consumidores. Para isso, a Este estudo foi criado através de estudos
organização investe cada vez mais em de revisão bibliográfica, na tenta va de
planejamento e controle para a sua apresentar um pouco mais sobre o
sobrevivência. SIMONS (1994 apud Balanced Scorecard, destacando os
ROCHA e LAVARDA 2011). pontos principais, se caracterizando
Buscando oferecer soluções para as como uma pesquisa bibliográfica.
necessidades do mercado, onde muitas O BSC é tratado quase sempre como uma
empresas buscavam um instrumento ferramenta estratégica dando muita
capaz de mensurar o desempenho por ênfase nesse assunto, sem destacar suas
meio de de determinados indicadores, principais vantagens e a possibilidade de
que oferecessem uma visão abrangente trazer um retorno financeiro maior
da organização sob várias perspec vas ao mediante sua aplicação.
mesmo tempo. Desenvolveram uma Sendo assim, o obje vo deste relato de
ferramenta de planejamento pesquisa é responder à pergunta: o
organizacional no começo da década de balanced scorecard como ferramenta
1990 chamada Balanced Scorecard. Esta estratégica pode auxiliar os gestores a
ferramenta possui por sua caracterís ca, alcançarem um resultado financeiro
u m co n j u nto d e i n d i ca d o re s q u e melhor? Este trabalho jus fica-se por
p o s s i b i l i tava u m a v i s ã o rá p i d a e trazer a luz do conhecimento os principais
abrangente a organização de forma global conceitos da ferramenta BSC, suas
(KAPLAN e NORTON 2004) vantagens e possíveis impactos sobre o
Pa ra u m a o rga n i za çã o m a nte r- s e retorno financeiro através das relações de
compe va, é indispensável que u lize causa efeito.
métricas e indicadores de desempenho 2 Referencial teórico
no seu processo de gestão e de decisão. O Antes do BSC, nos anos 60 surgiu na
processo de administração pode ser França a ferramenta tableau de bord, que
traduzido como empenho da era um quadro que con nha vários
administração global sobre a decisão a ser rateios, com o obje vo de fazer o controle
tomada, o uso de técnicas, ferramentas do financeiro da organização. Com o
juntamente com a mo vação de grupos decorrer do tempo esta ferramenta
ou indivíduos para a ngir obje vos também passou a incorporar indicadores
específicos. Fica a cargo dos gestores a não financeiros, com o obje vo de fazer a
criação e planejamento, com base em gerencia de outros processos (FREZATTI,
suas experiências profissionais dentro da 2009).
própria organização, averiguações, A ferramenta Tableau de bord não supria
esta s cas, pesquisas de mercados as necessidades das empresas, por que
(WELSCH, 1996; REZENDE, 2003). ela não era eficiente nas estratégias
Como Kaplan e Norton (1997) relatam, o organizacionais. Pesquisas evidenciam
Balanced Scorecard é uma ferramenta que as organizações possuem grandes

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

dificuldades na execução das suas implementar a estratégia que são


estratégias variando entre 70% a 90% de u lizados por uma ampla quan dade de
fracasso (COUTINHO e KALLÁS, 2005, empresas (KAPLAN e NORTON, 1996).
apud Silva e Dias, 2011). Além do ar go original, Kaplan e Norton
Com base nessa necessidade no início dos publicaram várias obras buscando
anos 90 o ins tuto Nolan Norton iniciou defender a u lização da ferramenta do
suas pesquisas em diversas organizações BSC. Os trabalhos publicados,
com o Balanced Scorecard (BSC). Nessa d iferentem ente co m o era n a era
época as empresas buscavam um método industrial onde a empresa baseava-se na
de avaliação de desempenho mais economia de escopo e de escala, na era da
eficientes, pois os que eram informação era necessário inves r
oportunizados no mercado, prejudicavam também nos intangíveis da organização.
a capacidade de criar valor para o futuro, Devido a isso o BSC é considerado uma
por que se baseavam em indicadores opção que oferece dimensões com o
contábeis e financeiros apenas (KAPLAN e obje vo de traduzir a estratégia e a
NORTON, 1996; FREZATTI, 2009). missão da organização em um amplo
As pesquisas foram lideradas pelo conjunto de medidas para medir a
execu vo Nolan Norton e David Norton, performance (KAPLAN e NORTON, 1996).
contando inclusive com a consultoria do No ano de 1996 Kaplan e Norton
Robert Kaplan e também representantes publicaram o livro Balanced scorecard
de várias empresas que auxiliaram a depois de inúmeros ar gos que foram
desenvolver uma nova ferramenta que publicados na Harvard Business Review
explorava aspectos unicamente desde 1989. Este livro foi lançado no brasil
financeiros. Foi verificado dentre várias traduzido um ano depois com o tulo A
empresas, uma que possuía um scorecard estratégia em ação – Balanced Scorecard
que atendia exatamente o que e a par r disso a ferramenta passou a ser
procuravam, pois ela englobava além dos difundida e aplicada no nosso pais (LIMA
fatores econômicos, con nha ainda et al, 2004).
medidas de desempenho em relação a O BSC para medir o desempenho u liza
prazos, qualidade, ciclos dos processos, e quatro dimensões, que são consideradas
outros. U lizando como base o método no estudo como perspec vas, estas
dessa empresa, o grupo de pesquisa perspec vas com direcionamento para
elaborou uma ampliação, incorporando uma visão de estratégias financeiras,
novas ideias e transformando na como clientes, processos internos, e
ferramenta que hoje é conceituada como aprendizado e crescimento. A primeira
Balanced Scorecard. Em resumo essa perspec va tem por obje vo demonstrar
ferramenta busca um equilíbrio entre se a estratégia atual está contribuindo
medidas financeiras e não financeiras, para melhorar os resultados financeiros.
perspec vas internas e externas, e A segunda perspec va tem foco na
obje vos de curto e logo prazo (KAPLAN e segmentação dos clientes, buscando
NORTON, 1996; FREZATTI, 2009). melhorar sua sa sfação e captação de
Baseando nos estudos realizados e no novos e sua lucra vidade. Na terceira
resultado e discussões ob dos, Kaplan e perspec va é a preocupação com novos
Norton desenvolveram o princípio do processos internos visando o a ngimento
Balanced scorecard ou BSC no ar go dos obje vos. A úl ma perspec va busca
in tulado The balanced scorecard – a infraestrutura necessária para a
Measures That Drive Performance que foi melhoria a longo prazo, com foco nas
publicado pela Harvard Business Review pessoas, os sistemas de informação e os
mostrando os mecanismos para procedimentos da empresa (KAPLAN e

49
Administração em foco
estudos multidisciplinares

NORTON, 1997). 2.1 Ferramentas do balanced scorecard


Pa ra P i co l i et a l , ( 2 0 1 2 ) v i s a n d o A ferramenta Balanced scorecard tem por
possibilitar o a ngimento dos obje vos função principal a tradução da estratégia
organizacionais, verificando o retorno do empresarial em medidas que são
inves mento e a rentabilidade, é organizadas por meio de indicadores,
necessário basear as medidas financeiras informando os colaboradores sobre os
na performance organizacional u lizando vetores que garan ram o cumprimento
como um parâmetro da administração dos obje vos atuais e futuros. Dessa
visando o correto uso dos recursos para fo r m a , a o t ra d u z i r o s re s u l ta d o s
possibilitar que os obje vos sejam desejados com seus respec vos vetores,
a ngidos, medindo a rentabilidade e o esperasse que assim, fique mais fácil para
retorno do capital inves do. É necessário os funcionários canalizarem suas
que aconteça uma correta administração energias, habilidades, e seus
dos recursos, u lizando mecanismos de conhecimentos específicos para alcançar
controle de entrada e saída financeiras. os obje vos de longo prazo. Por que é
Kaplan e Norton (1997), reforçam esta importante para a organização que sua
ideia pois, u lizando a perspec va missão faça sen do para a os
financeira, é necessário um modelo de colaboradores e seja possa ser entendida
aplicação de recursos nivelado com a pelo público externo. A missão da
estratégia da organização, com os empresa define a razão da sua existência e
resultados alcançados e verificando o sua função social (KAPLAN e NORTON,
retorno do capital inves do. 1997; TACHIZAWA e REZENDE 2002, SILVA
O BSC integra um conjunto de relações et al, 2011).
causa efeito de índices de desempenho e Segundo Kaplan e Norton (1997) o
os fatores que impulsionam que foram balanced scorecard tem por principal
apontados durante a estratégia, estes são função evidenciar estratégias como a
os dois elementos fundamentais para o missão e visão da organização por meio
modelo. Dessa forma, em novas palavras, de quatro perspec vas: financeira,
o BSC mostra a história da estratégia por processos internos de negócios, cliente e
meio das relações causa-efeito aprendizado e crescimento. As
apresentadas por opções do po se- perspec vas juntas buscam um equilíbrio
então. O obje vo é mostrar quais as entre as metas de curto prazo com os
relações entre os obje vos traçados pela vetores desses resultados, portanto, uma
empresa com os indicadores das estratégia integralizada, consideradas
perspec vas, evidenciando o andamento cada perspec vas como uma ferramenta
das mesmas e possibilitando o para análise, suas caracterís cas e
gerenciamento (KAPLAN e NORTON, detalhamento foram aprofundados nos
1997). próximos capítulos.

50
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Figura 1 – Ferramenta Balanced scorecard e suas perspec vas

Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997)


2.2 Perspec va financeira trabalho estratégico, implementação e
No início do planejamento e execução contribuem para o aumento do
d e s e n v o l v i m e n t o d a p e rs p e c v a resultado financeiro (LIMA et al, 2004).
financeira, os responsáveis devem 2.3 Perspec va dos clientes
iden ficar os parâmetros financeiros A perspec va dos clientes trata de quais
adequados a sua estratégia (SILVA et al, segmentos de clientes e mercado as
2011). Na perspec va financeira deve ser empresas irão compe r. O obje vo desta
a base para as outras perspec vas, perspec va, é o alinhamento das medidas
servindo de foco para as mesmas. Nela de resultado com a perspec va do cliente
deve conter a história da estratégia, em seu segmento de mercado ou
iniciando pelas metas financeiras de especifico (LIMA et al, 2004).
longo prazo e relacionando ela com An gamente, as organizações, se
outras ações pertencentes as quatros concentravam na sua capacidade interna,
perspec vas, para que seus obje vos focando na inovação tecnológica e no
sejam alcançados (KAPLAN e desempenho dos seus produtos. Isso se
NORTON,1997). tornou um problema naquelas empresas
Durante as pesquisas realizadas, Kaplan e que não verificavam a necessidade dos
Norton (1997) constataram que os seus clientes, percebendo que seus
obje vos e medidas financeiras deveriam co n co r re nte s a l ca n çava m ve n d a s
realizar um papel duplo, sendo a definição maiores, por consequência tomando
do desempenho financeiro expectável da mercado, quando seus produtos estavam
estratégia e ser u lizado como a meta mais adequados com as necessidades dos
principal para os obje vos e medidas das clientes (KAPLAN e NORTON,1997).
demais perspec vas dentro do BSC. Os Nessa perspec va o interesse do cliente é
obje vos financeiros simbolizam os muito importante, e as empresas devem
ganhos que a empresa almeja no longo focar nos fatores mais relevantes para
prazo, incluindo o capital inves do, eles, por tendência podemos destacar as
obje vando sempre a lucra vidade e cate go r i a s d e te m p o, q u a l i d a d e ,
aumente da receita. desempenho/atendimento e os custos.
Esta perspec va, por meio das suas Dentro desta perspec va é importante
medidas de performance, mostra se o iden ficar como seu cliente enxerga a
51
Administração em foco
estudos multidisciplinares

organização. (LIMA et al, 2004) um grupo de medidas de causa efeito que


Dentro da perspec va dos clientes, existe estão agrupadas no Quadro 01:
Quadro 1 - Relações de causa e efeito
Causa Efeito
Par cipação de Representa a extensão de negócios num determinado mercado (clientes,
Mercado valores gastos ou volume por unidade vendido).
Captação de Mostra de forma absoluta ou rela va a quan dade ou volume que a empresa
Clientes conquista novos clientes ou negócios.
Retenção de Mostra de forma absoluta ou rela va a quan dade ou volume que a empresa
Clientes retém ou mantém relacionamentos con nuos com seus clientes.
Sa sfação dos Mede o nível de sa sfação dos clientes u lizando os critérios de
Clientes desempenho definidos pela proposta de valor
Lucra vidade dos Mede o lucro real do segmento ou cliente, ou seja, depois de descontar
Clientes todas as despesas para sustentar os mesmos.
Fonte: Kaplan e Norton (1997)
2.4 Perspec va dos processos internos contrario deste método, o BSC
A perspec va de processos internos, trata proporciona com que os par cipantes
de estratégias voltadas para iden ficar internos definam com base nas suas
novos processos de negócios que a expecta vas os requisitos de
organização precisara chegar a desempenho.
excelência, para atender melhor seus U lizando o BSC a organização pode
clientes alvo (KAPLAN e NORTON,1997). constatar que necessita projetar um novo
Kaplan e Norton (1997) em seus estudos, processo para atender seus clientes, ou
chegaram a conclusão que os sistemas desenvolver um novo serviço que gerem
tradicionais u lizados para medir o valor (KAPLAN e NORTON,1997).
desempenho, mostram apenas no Dentro do BSC a cadeia de valor dos
acompanhamento e a melhoria dos processos internos pode ser definido em
indicadores de custo, qualidade e tempo três etapas principais segundo Kaplan e
dos procedimentos que já existem. Ao Norton (1997) descritas no Quadro 2.
Quadro 2 - Etapas da cadeia de valor
Etapas Descrição
É feita uma pesquisa para iden ficar a necessidade dos
Inovação
clientes, desenvolvendo produtos e serviços para supri-las.
Nessa etapa, os produtos e serviços são desenvolvidos e
Operações
entregues ao cliente.
Esta é a úl ma etapa da cadeia de valor, que trata do
Serviços pós-venda
atendimento após a entrega do produto ou serviço.
Fonte adaptado Kaplan e Norton (1997).
A perspec va interna preza que para que competências essenciais e as tecnologias
se atenda as necessidades dos clientes, é que garan rão a conservação da liderança
necessário, é necessário ter foco nos no mercado (LIMA et al, 2004).
p ro c e s s o s , d e c i s õ e s e a çõ e s q u e 2.5 Perspec vas do aprendizado e
acontecem dentro da empresa. Para uma crescimento
o mização dos processos internos, a Na perspec va do aprendizado e
organização deve iden ficar as operações crescimento, o obje vo é desenvolver
crí cas, também, medir as suas soluções para orientar o aprendizado

52
Administração em foco
estudos multidisciplinares

con nuo, e o crescimento na empresa, de a ngir o sucesso mudam o tempo


por meio da criação de uma infraestrutura todo. Devido à intensa compe ção global,
capaz de garan r o sucesso das outras as empresas são obrigadas a aperfeiçoar
três perspec vas. Esta perspec va é permanentemente seus produtos e
muito importante para o sucesso das processos e lançar produtos novos e com
demais (KAPLAN e NORTON,1997). maiores recursos.
A quarta e úl ma perspec va do BSC, Para Kaplan e Norton (1997), a u lização
aprendizado e crescimento, levanta a do balanced scorecard como ferramenta
infraestrutura que a empresa precisa não é apenas um sistema de indicadores,
edificar para gerar crescimento e onde coloca-se os resultados e
melhoria a longo prazo. Para que a posteriomente iden fica-se se teve ou
empresa aprenda e cresça, ela deve focar não sucesso na estratégia, mas sim, um
em três fontes principais: pessoas, sistema que complementa as medidas
sistemas e procedimentos organiza- financeiras do desempenho passado com
cionais (KAPLAN e NORTON, 1997). medidas dos vetores que desempenham
A organização deve inves r em seu o desenvolvimento futuro, ou seja, mais
futuro, onde Kaplan e Norton (1997) d e t a l h a d o s p a ra c o m p r e e n s ã o e
d e sta c a m t rê s c ate g o r i a s p a ra a par cipação dos envolvidos no processo
perspec va de aprendizado e como um todo.
crescimento que são, a capacidade dos As quatro perspec vas estão ligadas pela
colaboradores, dos sistemas de causa-efeito, devido a sua estrutura, que
informação, a mo vação, empowerment é formado o mapa estratégico (Quadro 3).
e alinhamento. Essa construção do mapa estratégico
Portanto o obje vo dessa perspec va é garante que a empresa esclareça a lógica
disponibilizar a infraestrutura necessária de como e para quem ela irá criar valor,
para as demais realizarem seus obje vos. tornando esse processo mais fácil. Porem
Nessa perspec va, a preocupação é na as quatros perspec vas podem não ser
capacitação dos colaboradores, sistemas suficientes, sendo consideradas apenas
e processos organizacionais, já que, se a como um modelo e não regra.
empresa não trabalhar nessa parte, todas Dependendo da realidade da
as demais perspec vas podem estar organização, uma ou mais perspec vas
sujeitas ao fracasso (EDVISSON e podem ser adotadas para complementar
MALONE, 2000 apud LIMA et al, 2011) a demanda da empresa (KAPLAN e
Conforme Lima et al (2011) destaca a NORTON, 2004).
importância desta perspec va: As formas

Quadro 3 - Síntese das perspec vas de indicadores essenciais do BSC


Medidas de aprendizado Medidas dos
Indicadores Financeiros Medidas dos Clientes
e crescimento processos Internos
Retorno sobre o Retenção dos clientes; Satisfação dos Apuração do custo do
investimento e valor Satisfação dos clientes; funcionários; processo;
econô mico agregado. Participação de mercado; Retenção de Apuração do tempo de
Aquisição de novos funcionários; processamento de
clientes. Lucratividade por transações;
funcionário. Apuração da qualidade
do processo.
Fonte: Marques e Oliveira, (2008)

53
Administração em foco
estudos multidisciplinares

2.6 Vantagens do uso do BSC trabalhando em conjunto para o alcance


Elucidar e traduzir a visão da organização das mesmas.
e sua estratégia: O BSC auxilia na tradução Planejamento para criar metas e
e esclarecimento da missão estratégica, alinhando com as inicia vas estratégicas:
por intermédio de um conjunto de uma outra possibilidade que BSC ajuda é
indicadores e obje vos, desde que sejam em transformar as estratégias
autorizados por todos os gestores das o r ga n i za c i o n a i s e m i n d i c a d o r e s ,
divisões. Este procedimento tem início na tornando mais fácil a sua compreensão e
alta administração, onde estão medição. A definição das metas deve ser
incumbidos de traduzir a estratégia da feita por altos execu vos (SILVA e DIAS,
organização em obje vos estratégicos. 2011).
Esses obje vos, devem ser arranjados no Aprimorar o aprendizado e o feedback
diagrama para evidenciar a relação causa através da perspec va de aprendizado e
efeito nas diferentes perspec vas de crescimento, oferece a organização um
negócio da empresa gerando o mapa processo de revisão de foco, avaliando o
estratégico. Cada obje vo que foi criado, desempenho dos departamentos, ou dos
deve ser definido os indicadores de empregados de forma isolada, se
desempenho do mesmo, para que assim, a l ca n ça ra m a s m e ta s fi n a n c e i ra s
se possa medir o desempenho em todos (PADOVEZE, 2007). A própria construção
os níveis e que esta analise se torne do Balanced Scorecard, com seu foco nas
menos subje va (KALLAS e RIBEIRO, 2008 causas e efeitos, provoca o raciocínio
apud SILVA e DIAS, 2011). dinâmico e sistêmico. Colaboradores de
Transmi r e relacionar os obje vos e as diferentes setores da empresa começam
medidas estratégicas, segundo Padoveze, a entender como tudo se encaixa, e a
(2007) informa que a ferramenta fornece importância desde os seus papeis até a
aos gestores uma forma garan ndo que empresa como um todo (KAPLAN e
todos os níveis da empresa NORTON,1997).
compreendam as estratégias da empresa Dentre das análises apontadas, segue um
de longo prazo o que as metas de todos os quadro geral com os beneficios trazidos
departamentos estão alinhados, (Quadro 4).
Quadro 4 - Pontos posi vos do Balanced Scorecard
Melhora o feedback e o aprendizado estratégico
Promove a gestão estratégica organizacional
Facilita a criação de sistemas de medição mais abrangentes
Melhora o aprendizado estratégico
Melhora o processo de comunicação e o alinhamento da estratégia
Facilita a execução da estratégia
Integra a gestão estratégica
Quan fica o desempenho
Facilita a compreensão da Missão, da Visão e das estratégias
Facilita a criação de indicadores de desempenho
Visualização dos obje vos por meio dos mapas estratégicos
Agente de integração entre o capital intelectual à estratégia
Melhora no desempenho quando integrado aos critérios do PNQ
Monitora a estratégia de longo prazo
Integra o planejamento de curto, médio e longo prazo
U liza métodos de desdobramento de obje vos
Fonte: COSTA FILHO e COSTA, (2009).
54
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Ao contrário das ferramentas que não, através de medidas de custo, receita,


antecederam o BSC onde u lizavam e lucra vidade. Lermen (2005) acrescenta
apenas indicadores financeiros, o que as medidas financeiras servem para
balanced scorecard acrescenta outros medir os resultados finais de todo o
indicadores não financeiros, dentre as esforço da organização.
melhorias destacadas acima, podemos O Balanced scorecard é uma metodologia
destacar a maior facilidade em traduzir as de quatro dimensões que se relacionam
estratégias em medidas, métricas e umas com as outras criando uma cadeia
indicadores com o obje vo de traduzir de causa e efeito, portanto, as ações
melhor os obje vos e facilitar assimilação r e a l i za d a s e m u m a d e t e r m i n a d a
pelos colaboradores, e com essas perspec va pode refle r nas demais,
mesmas medidas, métricas e indicadores como relata (WERKEMA, 1995, apud
fazer o acompanhamento do AHLERT E KRONMEYER FILHO, 2004).
desempenho da organização. O diagrama de causa e efeito é uma
2.7 BSC como uma ferramenta para o ferramenta u lizada para apresentar a
aumento do retorno financeiro relação existente entre um resultado de
Como Kaplan e Norton (1997) relatam, o um processo (efeito) e os fatores (causas)
balanced scorecard é uma ferramenta do processo que, por razões técnicas,
formada por índices financeiros e não possam afetar o resultado considerado
financeiros. Sua função principal é o ( WA LT O N 1 9 8 9 , a p u d A H L E R T e
aumento da receita financeira. Dessa KRONMEYER FILHO, 2004) acrescenta
forma a pespec va financeira é u lizada que efeito é uma situação, condição ou
como paramentro para monitorar o e v e n t o d e s e j áv e l o u i n d e s e j áv e l
andamento da estratégia empresarial provocado por um sistema de causas.
como um todo, se ela está no caminho O BSC é formado por quatro perspec vas
certo ou não, garan ndo o retorno sobre que conectam-se umas com as outras
o inves mento e valor econômico formando uma cadeia de causa e efeito.
agregado. Um exemplo per nente é a melhoria para
BSC se apoia em quatro perspec vas atender as necessidades dos clientes que
equilibradas, sendo: financeira; cliente; ocasionara um impacto nas vendas,
processos internos; e aprendizado e resultando um retorno do capital
crescimento. (LERMEN, 2005, KAPLAN E inves do superior (SILVA et al, 2011).
NORTON, 1997). Dessa forma é possível Sendo assim o balanced scorecard se
concluir que todas as perspec vas são torna uma ferramenta onde qualquer
importantes. perspec va pode aumentar o retorno
Para que a ferramenta seja executada financeiro da organização.
com excelência, é possível presumir que a 3 Metodologia da pesquisa
organização u lize no mínimo todas as Para este trabalho, foi conceituado como
quatros perspec vas propostas. Em pesquisa descri va pois as pesquisas
nenhum momento os autores descri vas tem por obje vo descrever as
pesquisados citam que o BSC pode ser caracterís cas de uma população ou
implementado com sucesso sem o uso de fenômeno, ou demonstrar correlações
algumas destas perspec vas. entre variáveis. Dentro deste conceito,
Dessa forma, segundo os autores Kaplan e inúmeros estudos podem ser definidos
Norton (2004) de todas as perspec vas, a como pesquisa descri va. É possível
financeira é a que melhor retrata a defini-la como o uso de técnicas
explicação tangível de valor. Esta padronizadas de coleta de dados,
perspec va mostra-se a estratégia da evidenciando apenas o cenário de uma
empresa está sendo bem sucedida ou situação, exprimir-se em números e que a

55
Administração em foco
estudos multidisciplinares

natureza entre as variáveis (CASTRO, u lizavam anteriormente ferramentas de


1976, GIL, 1999). gestão focadas em resultados financeiros.
Esta pesquisa teve como estrutura a 4 Resultados e discussão
revisão bibliográfica, referente ao Este ar go apresentou uma revisão
u n i ve rs o d o B a l a n c e d s co re ca rd . bibliográfica acerca das principais
Apresentando parte da história, acerca do vantagens do Balanced scorecard e seu
contexto das organizações e suas impacto no resultado financeiro. No
necessidades refle ndo na criação da referencial teórico, foi percorrido desde a
ferramenta BSC, seu surgimento, história da ferramenta, o contexto no qual
principais aspectos, atributos e seu ela surgiu, suas caracterís cas, principais
impacto no retorno financeiro. Hedges, vantagens e o impacto que ela pode
(1994) destaca que as revisões de causar no resultado financeiro.
literatura podem ser definidas como o O surgimento ocorreu por uma
estudo e pela condensação da informação insa sfação dos gestores que u lizavam a
proporcionada por todos os assuntos tableau de bord que não era eficiente na
publicados que são relevantes referente a execução das estratégias organizacionais.
um determinado tema, com o obje vo de Dessa forma o Balanced scorecard surgiu
sinte zar o conteúdo do conhecimento para tentar resolver esta necessidade. A
existente e proporcionar a conclusão ferramenta Balanced scorecard tem por
referente ao assunto que está sendo principal finalidade a a tradução da
estudado. estratégia da organização em medidas,
Ainda dentro da revisão bibliográfica, foi métricas e indicadores para facilitar para
u lizado o método de revisão integra va, que todos os níveis da organização
que se trata de uma união de dados da t e n h a m a c e s s o e p a ra a v a l i a r o
literatura empírica e teórica com o desempenho da empresa (KAPLAN e
obje vo de explicar conceitos, descobrir NORTON, 1997).
lacunas, revisão de teorias e o exame Segundo Kaplan e Norton (1997) BSC é
metodológico dos estudos referente a um uma de planejamento estratégico que
tópico qualquer. A junção de pesquisas atua nas principais áreas da empresa,
u lizando métodos dis ntos aumentam como financeiro; cliente; processos
as possibilidades no estudo da literatura internos e aprendizado e crescimento
(MENDES et al, 2008). ligadas através das relações de causa
É necessário incluir a pesquisa efeito. A relação causa efeito pode ser
documental, sendo semelhante a definida como uma ferramenta usada
pesquisa bibliográfica. Nela é evidenciado para demonstrar qual é a relação de um
as diferenças do po das fontes, por que resultado de um processo ou efeito e seus
em alguns dados pode ser refeito fatores ou causas do mesmo, que podem
conforme o estudo, os demais afetar o resultado que está sendo
documentos podem ser interpretados de considerado (WERKEMA, 1995, apud
outras formas (GIL, 1999). AHLERT e KRONMEYER FILHO, 2004).
Este estudo teve o cunho acadêmico com Por conta disso onde a alteração de uma
um trabalho de pós graduação vinculado das perspec vas pode impactar na
a revisão da literatura para oportunizar demais. Dessa forma quando uma
aos leitores aplicações prá cas e o organização melhora seu relacionamento
bene cio de uma ferramenta de gestão com o cliente, ou melhora seus processos
para as organizações, de forma prá ca e internos, isso pode gerar impacto no
possível sua implantação, conhecendo retorno financeiro como redução de
sua história, seus conceitos e o mo vo custos, aumento das vendas,
que seus autores a desenvolveram, faturamento e lucra vidade por exemplo.
buscando auxiliar gestores que só A aplicação da ferramenta BSC dentro de
56
Administração em foco
estudos multidisciplinares

uma organização deve ser u lizado todas Sendo assim, quando a organização
as ferramentas e técnicas propostas por decide implantar o modelo ela precisa
Kaplan e Norton (1997) para o seu inicialmente definir a perspec va
sucesso. Aplicando a perspec va financeira que é definir o desempenho
financeira segundo o modelo financeiro esperado no longo prazo. Essas
desenvolvido pelos seus criadores, a novas medidas de desempenho serão
organização deve traçar os obje vos usadas como a meta principal para a
financeiros a longo prazo incluindo o definição dos obje vos e medidas das
capital inves do, aumento de receita e o outras perspec vas, assim, as demais
lucro. Estes obje vos serão usados como perspec vas trabalham com o obje vo de
a referência para definir os obje vos das fazer a meta financeira ser cumprida.
outras perspec vas. Dessa forma é possível que o BSC é uma
Dessa forma, a organização precisa traçar ferramenta estratégica com o obje vo
obje vos mais ambiciosos para que a final de aumentar o retorno financeiro da
implementação do BSC seja jus ficada. organização.
Um aumento no retorno financeiro, seja O trabalho apresenta limitações de
lucro ou faturamento bruto. Implica em pesquisas quanto aos pos ao
mudanças organizacionais. As demais aprofundamento maior das relações
perspec vas que serão usadas como base causa efeito, a escassez de literatura
essa nova meta no seu planejamento para sobre o tema e o número baixo de
a ngi-la. Mais que uma ferramenta publicações cien ficas por conta do foco
estratégica, o BSC pode trazer retorno em dado a ferramenta em planejamento
financeiro para a organização. estratégico.
5 Conclusão Como sugestões para trabalhos futuros a
O desenvolvimento do presente estudo ampliação ou inves gação com um
possibilitou uma análise de como o aprofundamento desta revisão
modelo Balanced scorecard surgiu, seus bibliográfica; e, a quan ficação ou
conceitos, ferramentas e principais validação deste trabalho com novos
vantagens, e por fim como esta trabalhos compara vos ou
ferramenta voltada para a gestão complementares, para que as riquezas
estratégica pode contribuir também para das informações tenham liberdade de
o aumento o aumento financeiro por acesso aos curiosos sobre esta
meio da relação causa efeito de suas ferramenta que busca um caráter
perspec vas. Dessa forma por meio de estratégico para as organizações que
u m a fe r ra m e n t a d e e s t ra t é g i a a aplicam em busca de um
organização poderá ter maior desenvolvimento con nuo.
desempenho no mercado e também Referências
rendimento superior. AHLERT, F. C.; KRONMEYER FILHO, O. R.
Analisando a pesquisa realizada é possível Relações de causa e efeito no diagrama
verificar a importância do balanced da estratégia do Balanced Scorecard.
scorecard para o planejamento 2004. (Apresentação de
estratégico da empresa, sua metodologia Trabalho/Congresso).
que u liza indicadores financeiros e não CASTRO, C. M. Estrutura e apresentação
financeiros que abrange a organização de publicações cien ficas. São
como um todo, proporciona resultados Paulo:McGraw-Hill, 1976.
mais fáceis de serem interpretados e COSTA FILHO, Jair Croce. COSTA, Helder
precisos. Gomes Balanced scorecard (BSC) e seus
Observa-se que para a organização aplicar efeitos posi vos e nega vos Disponível
o BSC de forma adequada, precisa seguir em: h p://re.granbery.edu.br/ar gos/
as regras impostas pelos seus criadores. MzQy.pdf acessado em 05/04/2018.
57
Administração em foco
estudos multidisciplinares

FREZATTI, F. Orcamento Empresarial: Aplicável às Bibliotecas. Revista Brasileira


Planejamento e Controle Empresarial. de Biblioteconomia e Documentação
São Paulo: Atlas, 2009. (Impresso), v. 4, p. 105-115, 2008.
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Estratégicos: Convertendo a vos planejamento e controle nas empresas.
intangíveis em resultados tangíveis. Rio Revista de Contabilidade do Mestrado em
de Janeiro: Elsevier, 2004b. Ciências Contábeis da UERJ (Online), v. 16,
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Onda da Gestão da Qualidade a uma EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA -
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Mudanças. Revista Contabilidade & SEGeT, 2011.
Finanças USP, São Paulo-SP, p. 79 - 94, 30 TACHIZAWA, T.; REZENDE, W. Estratégia
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MARQUES, E. S.; Oliveira, Maria Luzia enfoque na realidade brasileira. São
Alexandre de. Balanced Scorecard: Paulo. Makron Books, 2002, p. 39-40.
Ferramenta Estratégica e Compe va

58
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 4
Gestão ambiental:
estudo de caso nos postos de combustíveis do estado do Paraná

Sandro Rolak
Docente do curso de administração
Universidade estadual do centro-oeste – Unicentro/Pr
E-mail: sandro.rolak2090@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7758-6850

Sebastião Sérgio Prestes de Lima


Docente do curso de administração
Universidade estadual do centro-oeste – unicentro/pr
E-mail: sbrayan2003@yahoo.com.br
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1227-6077

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1 Introdução ações realizadas para a minimização dos


Dentre as mais diversas preocupações da impactos ambientais que as a vidades
sociedade em geral, notoriamente o meio empresariais geram. O que poucos sabem
ambiente e seu estado já estão presentes é que esta a vidade comercial de
a l o n go te m p o n a s m a i s d i s nta s prestação de serviços, classificada, entre
discussões, embates e proposições. tantos instrumentos técnicos, pela
Portanto não é uma temá ca nova. Mas, a Associação Brasileira de Normas Técnicas
par r da década de setenta do século XX, (ABNT) como Posto de Serviço e pela
a questão destaca-se nos mais diversos Agência Nacional de Petróleo (ANP),
segmentos da sociedade, principalmente através da Portaria n° 116 de 05/07/2000
pelas evidências, algumas com como Posto Revendedor, representa um
dimensões planetárias de problemas 'empreendimento potencialmente ou
ambientais que direta ou indiretamente parcialmente poluidor', como menciona a
sinalizam que o planeta Terra está no Resolução n° 273 de 29/1/2000 do
limite de suas capacidades no que tangem Conselho Nacional do Meio Ambiente
a sobrevivência de espécies vivas. (CONAMA, 2000) (SANTOS, 2005).
Conforme Barbieri (2007, p. 5) “[...] na Traduzindo em números, esta a vidade
atualidade, o meio ambiente é um tema comercial ou postos revendedores de
que ganhou as ruas, os auditórios, a combus veis (PRC), segundo o bole m
imprensa e faz parte do vocabulário de gerencial da ANP, conta com 41.014
polí cos, empresários, administradores, revendedores varejistas de combus veis
líderes sindicais, dirigentes de ONGs e líquidos no país, em 2016. A resolução nº
cidadão de um modo geral.” 273 do Conselho Nacional do Meio
Estes problemas ambientais decorrem, Ambiente (CONAMA) regulamenta e
principalmente, pela re rada de recursos considera “[...] que toda instalação e
do meio ambiente mediante necessidade sistemas de armazenamento de
ou desejo, que após consumo ou derivados de petróleo e outros
u lização são devolvidos ao ambiente. No combus veis, configuram-se como
que se refere ao ambiente natural, as empreendimentos potencialmente ou
sobras de um organismo tende a se parcialmente poluidores e geradores de
decompor, devolvendo ao ambiente acidentes ambientais.” (2016) Neste
elementos químicos e outros u lizados sen do, a percepção e a conformidade
ou absorvidos posteriormente por outros destes estabelecimentos com a legislação
seres vivos. O mesmo não ocorre com os vigente e suas prá cas são observadas
resíduos das a vidades humanas mediante a aplicação de um roteiro de
nominadas, genericamente, de poluição entrevista semiestruturado com os
(BARBIERI, 2007). gestores de postos, prospectando as
No que concerne às fontes possíveis indagações e asser vas sobre o
a nt ro p o gê n i ca s d e p o l u i çã o, s ã o arqué po do negócio frente à legislação.
iden ficadas a par r das a vidades Notoriamente os postos de combus veis
humanas nas mais variadas ocupações contemporâneos expandiram
que, neste contexto, são categorizadas significa vamente suas a vidades nas
p o r s eto re s co m o : a g ro p e c u á r i a , operações de oferta aos clientes. O
mineração, transportes, indústria, arcabouço de serviços é flexível nas
serviços de saúde etc. seguintes ações, tradicionalmente:
Como proposição de estudo, este relato abastecimento de veículos (leves e
de pesquisa versa sobre as trata vas e pesados), lavagem de veículos (leves e
conscien zação dos gestores de postos de pesados), serviço de troca de óleo, filtros
combus veis, indagando-se sobre as e lubrificação (leves pesados) e loja de

60
Administração em foco
estudos multidisciplinares

conveniência. Para o SEBRAE (2016) as impactos ambientais?


novas concepções são tendências que a Além da introdução, este estudo
abertura de lojas combinadas se tornou configura-se da seguinte maneira: a)
tendência nos úl mos anos, permi ndo referencial teórico; b) metodologia da
que as empresas sobrevivessem em meio pesquisa; c) resultado e discussão e d)
à concorrência. No segmento de postos conclusão.
d e co m b u s ve i s , a l g u n s s e r v i ço s 1 Referencial teórico
apresentam sinergia, e esses serão 2.1 Gestão ambiental
listados a seguir: lojas de conveniência, Diante dos diversos problemas
franquias na área de alimentação, café, ambientais globais, evidencia-se uma
c h av e i ro, a r g o s p a ra p r e s e n t e , factual ordem ambiental internacional
floricultura; máquinas automá cas para a cujo obje vo é apontar respostas globais
venda de refrigerantes e sorvetes, caixas para este cenário. Nesse sen do, Barbieri
eletrônicos 24 horas por dia, (2007) revela que as soluções para os
minimercado, hotel e churrascaria. A problemas ambientais ou sua
formação do mix de produtos também é minimização requerem uma nova
importante nesse segmento, e também concepção e a tude dos empresários e
existem oportunidades para acrescentar administradores. Nesta noção, o meio
outros produtos e serviços no mix do ambiente é es mado como um princípio
posto, que tenham sinergia com o nas decisões empresariais, permeando as
negócio principal, são eles: máquinas concepções administra vas e
para a lavagem de carros, autoelétrica, tecnológicas colaborando e cooperando
troca de óleo e lubrificação, venda de para a ampliação da capacidade de
reparos para pneus e câmaras de ar, suporte do planeta. Em si, espera-se das
venda de mapas e maior oferta de empresas que deixem de gerar problemas
lubrificantes e óleos. e assumam o papel de par cipantes nas
Contudo, os resíduos poluentes que soluções.
resultam da a vidade dos postos de Kraemer (2002) assinala que para que as
combus veis, não aparecem somente nas organizações equacionem seu
concepções do armazenamento dos envolvimento com a questão ambiental,
combus veis, óleos de motores e óleos precisam incorporar no seu planejamento
lubrificantes e filtros. Por isso, a estratégico e operacional um adequado
compreensão dos canais de distribuição programa de gestão ambiental,
diretos e reversos destes serviços e compa bilizando os obje vos ambientais
produtos são relevantes para a com os demais obje vos da organização.
completude da cadeia de suprimentos e D e ste m o d o, a ge stã o a m b i e nta l
as possíveis e aplicáveis noções de cons tui-se na agregação de a vidades
logís ca reversa. administra vas e operacionais, que
Para tanto, este relato de pesquisa tem abrangem as funções de planejamento,
como obje vo geral compreender a o rga n i za çã o, d i re çã o e co nt ro l e ,
realidade da gestão dos postos de obje vando, interna e externamente, as
combus veis quanto à trata va e melhores ações sobre o meio ambiente.
consciência nas decisões para Por isso, a eficiência na redução ou
minimização dos impactos ambientais, e r ra d i c a ç ã o d o s d a n o s p o d e s e r
em consenso com o que prevê a alcançada, independente da atuação em
legislação. Mediante a interroga va um mercado verde ou não, destacando-se
mo vadora: como procede a prá ca e a como basilares para as empresas a
consciência dos gestores dos postos em cria vidade e condições internas que
estudo, no que tange à gestão ambiental e oportunizem a transformação das
suas ações para minimização dos ameaças ou restrições (gargalos) em
61
Administração em foco
estudos multidisciplinares

oportunidades de negócios, por grandes conjuntos de forças que


intermédio de uma postura dirigente à interagem reciprocamente: o governo, a
questão ambiental. (BARBIERI, 2007; sociedade e o mercado. Se não houvesse
DONAIRE, 1995; KRAEMER, 2002; pressões da sociedade e medidas
O'DONOVAN, 2002). governamentais, não se observaria o
Essas decisões e posteriormente ações, crescente envolvimentos das empresas
dependem não somente dos em matéria ambiental. As legislações
empresários, mas de um conjunto de ambientais geralmente resultam da
agentes que direta ou indiretamente percepção de problemas ambientais por
interagem para a realização ou geração de parte de segmentos da sociedade que
possibilidades para as a tudes. pressionam os agentes estatais para vê-
A s p re o c u p a çõ e s a m b i e nta i s d o s los solucionados (BARBIERI, 2007)
empresários são influenciadas por três
Figura1- Gestão Ambiental Empresarial (Influências)

Fonte: (BARBIERI, 2007 p. 113).


Como parâmetro internacional para a são:
gestão ambiental pelas organizações, em 1. considerar a gestão ambiental com uma
1991 na Segunda Conferência Mundial da prioridade na empresa; 2. gerenciamento
Indústria sobre a Gestão do Meio integrado; 3. processo de
Ambiente (WICEM II), foi oficialmente aperfeiçoamento; 4. formação do
divulgada e assinada a Carta Empresarial pessoal; 5. avaliação prévia; 6. produtos e
para o Desenvolvimento Sustentável, com serviço; 7. conselho e consumidores; 8.
a proposição de auxiliar as empresas no instalações e a vidades; 9. pesquisas; 10.
cumprimento, de forma ampla, das medidas preven vas; 11. empreiteiros e
obrigações no que tange à gestão do fornecedores; 12. planos de emergência;
ambiente. 13. transferência de tecnologias e
Observa-se na Carta Empresarial que as métodos de gestão; 14. contribuição para
organizações par lham do entendimento o esforço comum; 15.
de que deve haver um obje vo comum, e abertura ao diálogo; 16. cumprimento de
não um conflito, entre desenvolvimento regulamentos e informação (ABNT NBR
econômico e proteção ambiental, tanto 10004, 2004).
para o momento presente como para as 2.1 Sustentabilidade
gerações futuras. Assim, o documento Segundo Elkington (2001, p. 21) a
mune-se de dezesseis princípios para a sustentabilidade pode ser definida como
gestão, com voga nas responsabilidades o “[...] princípio que assegura que nossas
assumidas na implantação de um sistema ações de hoje não limitarão a gama de
de gestão ambiental (SGA). (ANDRADE, opções econômicas, sociais e ambientais
CARVALHO E TACHIZAWA, 2002). disponíveis para as futuras gerações”.
Conforme ra ficado na Carta O termo da palavra sustentável tem
Empresarial, os princípios norteadores origem do la m “sustentare”, que

62
Administração em foco
estudos multidisciplinares

significa sustentar, apoiar e conservar. produto. Impõe responsabilidade,


Como ra ficado no Dicionário Houaiss conforme Lei nº. 12.305 de 2010, na
(Houaiss et al., 2009, p. 1866) é “[...] gestão dos resíduos sólidos não somente
caracterís ca ou condição do que é até a etapa de produção, mas também no
sustentável, ou seja, daquilo que é consumo e disposição final ou
passível de sustentação, que, por sua vez, reaproveitamento, reuso ou reciclagem
é sinônimo de conservação e (PERREIRA et al., 2012).
m a n u t e n ç ã o ”. P o r t a n t o , a Notoriamente Guarnieri (2011) preconiza
sustentabilidade ambiental trabalha com que a sustentabilidade efe va, nos
o ideal do desenvolvimento em todos os negócios, requer inovações
campos sem que isso interfira no meio indispensáveis na perspec va do
ambiente ou que os danos possam ser o processo produ vo pleno. Uma delas é a
mínimo possível. logís ca reversa mediante a qual há que
Nas úl mas décadas a sociedade está repensar sobre o intercurso dos resíduos
atônita com a velocidade e com o sólidos, mediante inovações e alterações
crescimento das novas tecnologias, que agregam melhor controle e finalidade
assim, diversificados produtos ocupam aos resíduos, custos, cadeia de
lu gares n o mercad o, imp actan d o suprimentos e outros.
diretamente na obsolescência e produtos 3 Metodologia da pesquisa
com a diminuição do seu ciclo de vida, Pelos obje vos desta pesquisa, opta-se
gerando milhões de toneladas de lixo, por pela abordagem qualita va com voga na
conseguinte, contribuindo para a pesquisa descri va que, conforme
intensificação de efe vos problemas Vergara (2010 p. 47) é a pesquisa que
ambientais contemporâneos. evidencia as propriedades de uma
O obje vo de qualquer empresa não população ou fenômeno, "[...] não têm o
importando seu tamanho, diante da compromisso de explicar os fenômenos
realidade ecológica global remete à que descreve, embora sirva de base para
a p l i ca çã o d a s u ste nta b i l i d a d e . A tal explicação.”
sustentabilidade ambiental é a Valendo-se de duas etapas fundamentais
capacidade do meio ambiental se manter de pesquisa: a) pesquisa bibliográfica
natural e viável às condições de vida per nente, realizando consultas em
humana e de outras espécies. Contudo resoluções, normas, legislações, ar gos,
Cairncross (1992) afirma que se a atual livros e sites governamentais; b) pesquisa
tendência mundial de crescimento da de campo mediante entrevista
população, industrialização, poluição e semiestruturada em profundidade, numa
escassez de recursos con nuarem amostra de três empresas escolhidas não
inalterados nos próximos anos o planeta aleatoriamente. O foco para a escolha das
chegará ao limite. empresas são postos de combus veis,
Assim, a visão sustentável no ambiente de sediados na cidade de Guarapuava, no
negócios introduz outra realidade, na Estado do Paraná, com os seguintes
qual se faz necessário reconsiderar a quesitos: i) empresa com poucos anos de
u lização dos recursos naturais e os atuação ou recém-inaugurada; ii)
interesses da comunidade, e extrair empresa há muito estabelecida com
proveito compe vo dessa situação, histórico significa vo de práxis e iii) um
através da u lização de tecnologias mais grupo de postos de combus veis (rede)
efe vas a favor da sustentabilidade. Outra também com histórico relevante, sobre a
tendência é a aplicação da legislação abordagem em estudo.
ambiental que es pula sobre mudanças As entrevistas foram realizadas com os
no papel das empresas no ciclo de vida do principais gestores, administradores ou

63
Administração em foco
estudos multidisciplinares

proprietários das empresas, no mês de exposições e categorizados conforme


julho de 2016, com duração média de d i s p o s i ç ã o a n t e r i o r. Pa ra t a n t o ,
uma hora e vinte minutos cada uma, empregou-se a análise do conteúdo
depois transcritas na íntegra. caracterizada como um conjunto de
As perguntas foram dispostas em técnicas de análise de comunicações,
categorias de análise conforme as servindo-se de procedimentos
seguintes disposições: (i) os dados gerais sistemá cos e obje vos de descrição do
da empresa; (ii) as caracterís cas sicas conteúdo das mensagens, indicadores
da estrutura do posto e a descrição dos (quan ta vos ou não) que acordem a
procedimentos realizados pela inferência de conhecimentos rela vos às
organização quanto à gestão ambiental e condições de produção/recepção dessas
à legislação; (iii) descrição das a vidades mensagens (BARDIN, 1994). Assim, as
desenvolvidas no posto como lavagem de relações das respostas com os
veículos, troca de óleo, borracharia fundamentos teóricos foram instauradas,
lanchonete, loja de conveniência e outros valendo-se da triangulação de dados.
e (iv) a ra ficação das ações ou inicia vas 1 Resultados e discussão
que os gestores com suas equipes tomam Munidos dos dados oriundos do roteiro
para minimização dos impactos de entrevista anteriormente elaborado,
ambientais. inicialmente categoriza-se os dados
Posteriormente à coleta, os dados, foram básicos das empresas, coletados na
analisados qualita vamente mediante pesquisa de campo, conforme quadro.
Quadro 1 – Dados básicos das empresas
Nº de Mudanças de
Nome Nº de Nº. de Bandeira / Inauguração
Funcionário direção /
Fic cio Sócios Postos Qual? do Posto
s por Posto Reinaugurações
SIM /
ALFA 1 1 12 RodOil 1982 2014
Mazp
Grupo de SIM -
BETA 5 15 1975 2008
Sócios Ipiranga
A par r de
Petrobrás
GAMA 1 1 12 1993 2010
e Branca
(Reinauguração)
Fonte: Elaborado pelos autores baseado nos dados coletados na pesquisa em campo.
As empresas foram inauguradas entre (a vidade), já pautados nas novas
1975 e 1993. As estruturas sicas têm exigências legais. O número de
aproximadamente, 32 anos. Já as funcionários é quase igual, assim como a
reinaugurações, mudanças de direção e similaridade pela opção do emprego de
upgrades apresentam pouco intervalo de bandeiras. Entretanto, pelos históricos
tempo, em média 5 anos. Percebe-se que, relatados, verifica-se a discrepância na
por mais que as primeiras estruturas concepção da estrutura existente nas
tenham três décadas, as mudanças de empresas e suas implicações:
direção e reinaugurações levam os postos
a realização de atualizações Comecei a empresa do zero (2014), pois a
(aperfeiçoamento) de acordo com as estrutura que nha aqui era velha, não
legislações per nentes a cada época. aproveitamos quase nada, só os pilares.
Todos os postos, em análise, encontram- Após meses de negociações com o
se em conformidade de operação proprietário, fi nalmente recebi a

64
Administração em foco
estudos multidisciplinares

informação que a concessão do espaço ajuda nas coletas e na qualidade do


seria minha por trinta anos. A par r daí produto que estamos vendemos. Assim,
comecei o projeto de licenciamento com sempre estamos revitalizando,
ajuda de uma empresa especializada, de melhorando e revisando nossas
fora. Do que nha, não deu para instalações e as prá cas em função da
aproveitar quase nada [...] posso dizer gestão ambiental. As reinaugurações
que tudo, que cada canto da empresa tem estão acontecendo nesse sen do.
minha personalidade, porque sempre (GESTOR DA EMPRESA GAMA)
observei nas minhas viagens, isso aqui é
bom e poderá ser aplicado em meu sonho. a.CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA
(PROPRIETÁRIO DA EMPRESA ALFA) ESTRUTURA DO POSTO E DESCRIÇÃO DOS
PROCEDIMENTOS REALIZADOS PELA
Este posto é do grupo XXXX hoje, foi ORGANIZAÇÃO NO QUE TANGE À GESTÃO
arrendado da Ipiranga que é dona do AMBIENTAL E A LEGISLAÇÃO.
terreno e do posto. A estrutura é da
década de 70/80, foram feitas mudanças Este eixo visa a iden ficação minuciosa
(adaptações) com ajuda de um das caracterís cas da estrutura sica dos
engenheiro ambiental da cidade para as postos e das ações ou procedimentos
formalidades e outra parte a franquia realizados pela gestão, neste aspecto.
(Ipiranga) ajuda e cobra para que esteja N e sta a n á l i s e , a s d e s c r i çõ e s d a s
conforme os outros modelos de postos e caracterís cas relacionam-se com a
que siga a legislação. (GESTOR DA legislação, com o ponto de vista
EMPRESA BETA) (perspec va) e a concepção da relevância
da aplicação das norma vas e exigência
As primeiras ações foram há vinte e três de ações sobre os possíveis impactos
anos, com poucos postos atuantes e ambientais. Por isso a indagação sobre os
algumas liberdades para a venda. Hoje pos de tanques que estão sendo
todos os postos e nós estamos e u lizados, o ano de instalação dos
precisamos nos adequar às diversas tanques, se foram feitos testes de
exigências. Assim, todos os nossos postos estanqueidade e se os tanques
devem seguir à risca as exigências tanto apresentaram algum vazamento. Os
da legislação, e recorremos às empresas gestores responderam:
especializadas como com a franquia que
Quatro 2 – Caracterís ca sicas dos postos
[...] u lizamos tanques não compar mentados com paredes duplas de
Alfa
Quais os pos de 15.000 litros cada.
tanques que estão [...] tanques com paredes duplas com capacidades diferentes, todos
Beta
sendo u lizados seguindo a ANP [...]
[...] tanques novos com o que tem de mais moderno [...] Gama
[...] como o posto é novo, todos os tanques foram trocados em 2014. Alfa
Qual o ano de [...] os tanques foram trocados quando o grupo conseguiu a concessão da
Beta
instalação dos Ipiranga em 2002, mas já vamos trocar em 2017.
tanques [...] todos os postos estão adequados às normas, é uma sequência de
Gama
melhorias que começou em 2010.
[...] fazemos sim, é sério, a empresa que nós contratamos averigua e fornece
Alfa
os laudos que precisamos ter.
Foram feitos testes [...] sim, é uma medida importante senão o posto não estaria em
Beta
de estanqueidade funcionamento.
[...] acredito que todos os postos de Guarapuava devem fazer os testes, nós
Gama
não somos diferentes [...]

65
Administração em foco
estudos multidisciplinares

[...] sabemos que a estrutura an ga nha vazamentos e adulteração das


bombas, tanto que veram problemas. A par r do novo projeto e dos novos
equipamentos monitoramos tudo, realmente não há vazamento algum Alfa
tanto nos tanques, como trabalhamos para que toda as operações sejam
Os tanques sem a possibilidade de vazamento.
apresentaram algum [...] não sei se antes teve vazamento, mas no tempo que gerencio (2002)
vazamento nunca aconteceu. Em nenhuma parte do posto. Aparece que sempre somos Beta
premiados com vistorias de surpresa [...]
[...] vazamentos nos tanques an gos poderiam acontecer, hoje com estes
novos tanques que o nível de segurança é al ssimo não vemos nenhum Gama
caso e nem podemos ter.
Fonte: Elaborado pelos autores baseado nos dados coletados na pesquisa em campo.
De acordo com o quadro 2, sobre problema não fosse nosso. Assim quem
estrutura de abastecimento, as empresas paga somos todos nós com os problemas
atribuem suas perspec vas de ambientais. (PROPRIETÁRIO DA EMPRESA
capacidade e adequação aos requisitos ALFA)
legais, que se fazem valer pelas exigências
desde o ponto de abertura de um posto. [...] nosso posto hoje é referências para os
Percebe-se que tanto na estrutura, com demais da mesma franquia, pois somos o
nos testes e análises requeridas todas as posto mais bem equipado e bem instalado
empresas e gestores visam respondem da franquia, isso gera legi midade. Tenho
sobre a situação das operações que estão muitos projetos a fazer principalmente na
coerentes com os parâmetros exigidos. lavagem de veículos, que é um projeto de
Conforme fragmentos destacados abaixo, futuro. (PROPRIETÁRIO DA EMPRESA
evidencia-se na empresa Alfa elementos ALFA)
da concepção ambiental do proprietário.
No que concerne às caracterís cas sicas
[...] inves bastante em projetos bem segue quadro 3 é elucida vo da estrutura
feitos, que asseguram as exigências, mas de abastecimento e a descrição dos
que se antecipam as possíveis mudanças procedimentos realizados pelas
na legislação. Acho que precisamos cuidar empresas, com as asser vas dos gestores
de tudo, não ficar esperam os outros sobre a capacidade instalada dos postos,
falarem, quando não sabemos alguns dados per nentes aos testes e de
precisamos buscar a informação melhor e operações.
não se fazermos de ignorantes como se o

Quadro 3 – Detalhamento da estrutura sica de abastecimento

EMPRESA ALFA
Volume do Teste de Foi verificado Em
Tanque Tipo de Ano de operação?
Tanque (em Estanqu vazamento
(Nº) Combus vel Instalação
litros) eidade no taque? Sim Não
1 GASOLINA 15.000 2014 SIM Não X
2 GASOLINA 15.000 2014 SIM Não X
GASOLINA
3 15.000 2014 SIM Não X
ADITIVADA
4 ETANOL 15.000 2014 SIM Não X
5 DIESEL 15.000 2014 SIM Não X

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

EMPRESA BETA
Volume do Teste de Foi verificado Em
Tanque Tipo de Ano de operação?
Tanque (em Estanqu vazamento
(Nº) Combus vel Instalação
litros) eidade no taque? Sim Não
1 GASOLINA 20.000 2002 SIM Não X
GASOLINA
2 10.000 2002 SIM Não X
ADITIVADA
3 ETANOL 20.000 2002 SIM Não X
4 DIESEL 10.000 2002 SIM Não X
EMPRESA GAMA (REDE)
Volume do Teste de Foi verificado Em
Tanque Tipo de Ano de operação?
Tanque (em Estanqu vazamento
(Nº) Combus vel Instalação
litros) eidade no taque? Sim Não
1 GASOLINA 10.000 2010 SIM Não X
2 GASOLINA 10.000 2010 SIM Não X
ADITIVADA
3 ETANOL 10.000 2010 SIM Não X
4 DIESEL S50 10.000 2010 SIM Não X
DIESEL
5 10.000 2010 SIM Não X
COMUM
Fonte: Adaptado pelos autores segundo anexo I da resolução 273:2000 (CONAMA).
Além das evidências citadas, quando e combus veis sobre os procedimentos de
ques onado sobre a existência de operação, é um passo a passo, como se
vazamentos nos tanques, em nenhum fosse um check-list. (GESTOR DA EMPRESA
momento foram citados problemas, GAMA)
mesmo que por erro operacional,
vazamentos mínimos, erro de projeto, De acordo com os respondentes, as
aspectos climá cos (pressão nos tanques) empresas atribuem tanto pela mediação
e outros. da bandeira como por empresas terceiras
a realização rigorosa de qualidade tanto
Precisamos seguir à risca a NBR 15.594 dos produtos (combus veis), de poços de
(2008) que fala sobre os procedimentos monitoramento das águas subterrâneas e
de armazenagem de líquidos inflamáveis outros.
Quadro 4 – Agentes influenciadores do funcionamento dos postos
[...] no meu caso a franquia que demonstrou alguns
requisitos e exigências, já em contrapar da exigi e tenho um
contrato de cer ficação de qualidade do produto que
Alfa
disponibilizarei na bomba e a empresas que contrato para
Quem colabora assessoria nos projetos e laudos necessários. As experiências
diretamente destes profissionais impactam nas nossas decisões [...]
para o [...] a Ipiranga pede alguma coisa, como somos franquiados
funcionamento não temos como não seguir, buscamos o apoio de um
Beta
do posto engenheiro ambiental que tem uma empresa nesse ramo
que nos orienta.
[...] a franquia da Petrobrás realmente nos guiou para um
formato de posto diferente, hoje sabemos fazer, assim Gama
iniciamos nosso primeiro posto sem bandeira.
Fonte: Elaborado pelos autores baseado nos dados coletados na pesquisa de campo.
67
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Conforme observações realizadas em especializadas em gestão ambiental,


campo, as diversas empresas salientam a instaurar um posto modelo para a
importância e as dificuldades na franquia, tanto em esté ca, como no
obtenção do registro de revendedor e dos atendimento às regulamentações
cuidados com as estruturas de prá cas das legislações per nentes e com
abastecimento, relatórios e sobre a vistas às possíveis (futuras) reivindicações
necessidade de averiguação com diversos dos concedentes. A concepção ambiental
testes como: de estanqueidade, ra fica-se nos demais postos novos,
monitoramento de águas subterrâneas, mediante as exigências dos órgãos
recuperação dos gases dos tanques e responsáveis para a concessão: do
outros. registro do revendedor varejista (ANP),
licenciamento junto ao IBAMA, alvará
Nunca vi um processo tão burocrá co municipal, alvará do corpo de bombeiros
como este, tudo precisa estar e de outros órgãos fiscalizadores.
documentado, tenho sempre em mãos A par r dos depoimentos, entende-se
desde o projeto do posto, o cadastro como imprescindível, para as empresas
sempre atualizado na ANP, Alvará que atuam ou que querem atuar no
Municipal, CNPJ, Licença Ambiental, s e g m e nto a co n s o n â n c i a co m a s
Laudos e muitos outros, você não faz nem legislações. A ins tucionalização desta
ideia da quan dade de documentos e concepção e trata va realmente é
informações que lidamos [...] (GESTOR DA presente na estrutura desta a vidade.
EMPRESA BETA) Assim, o procedimento coerci vo dos
órgãos outorgantes e da sociedade gera a
A gestão interna ambiental de um posto, obrigatoriedade de ações que se voltam
passa pela comprovação diária de todas para a gestão ambiental e para a
as ações que são realizadas, desde o minimização dos impactos ambientais
combus vel até o copinho, tudo é enquanto estrutura e procedimentos.
guardado (recibos, laudos e outros) para
comprovação quando a fiscalização vem. a. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E
(GESTOR DA EMPRESA GAMA) ESPECIFICAÇÕES DOS PROCESSOS

Nota-se que a principal diferença não está Este eixo visa a iden ficação das
nos procedimentos ou ações que a vidades desenvolvidas pelos postos
necessitam ser executadas, mas na a l é m d o a b a ste c i m e nto ve i c u l a r,
concepção do valor ambiental enquanto denotando-se o entendimento do fluxo
premissa para a tomada de decisão, pois dos processos e suas especificidades. No
conforme exposto pelo proprietário do que se refere às a vidades desenvolvidas,
posto Alfa, a estrutura é oriunda de um não há homogeneidade, mas
posto da década de 80. Conforme diversificação de possibilidade de atuação
i nv e s m e n t o s e i d e a l i za ç õ e s fo i que impactam diretamente nas ações de
totalmente refeito, visando, com con nuidade dos processos conforme
consultorias pagas, com empresas apresentado no quadro 5
Quadro 5 – A vidades desenvolvidas
Empresa Abastecimento Lavagem de Troca de Loja de
Veículos Óleos e Filtros Conveniência Cafeteria
Alfa X X X X
Beta X X X
Gama X X X X
Fonte: Elaborado pelos autores baseado nos dados coletados na pesquisa de campo.
68
Administração em foco
estudos multidisciplinares

De acordo com os respondentes, as con nuidade do posto no mercado e


a vidades de maior porte encontram-se consequentemente sua sobrevivência.
no abastecimento veicular, na troca de Para isso, um dos elos de desafio para os
óleos lubrificantes e filtros e na loja de gestores são as parcerias com outras
conveniência. No caso da empresa Alfa, empresas da cadeia de suprimentos, que
ela se diferencia na introdução da ra ficam a aplicação da logís ca reversa
cafeteria especializada, e a empresa nos diversos resíduos e demais efluentes
Gama que oferece lavagem de veículos na (LEITE, 2009)
modalidade lavagem rápida. Quando Para o óleo lubrificante, todas as
perguntado sobre a controle e a empresas salientam a u lização de caixas
des nação dos resíduos oriundos das separadoras específicas com coleta
a vidades desenvolvidas responderam periódica, para posterior realização do
da seguinte maneira: rerrefino pelas empresas responsáveis.
Nossa preocupação não está somente no Os demais resíduos de embalagens de
abastecimento dos veículos e nas óleos-lubrificantes, filtros, flanelas,
descargas dos caminhões tanques. Um xampus, limpa-vidros são coletados tanto
exemplo: o óleo queimado precisa de por empresas especializadas sendo pagas
caixa separadora específica, o chão ou gratuitas, como por coletores
precisa ser impermeável, a bacia de ecológicos do município. Assim, a gestão
contenção precisa ser averiguada, dos resíduos está diretamente ligada ao
precisamos do comprovante de des no do treinamento conforme fragmentos
óleo queimado e das embalagens, assim destacados:
também dos filtros de óleo-combus vel
usados, estopas, panos sujos e do barro Sempre precisamos melhorar alguma
da caixa separadora. Nada deve escapar coisa, neste caso, a des nação correta
do nosso controle. (GESTOR DA EMPRESA passa a ser uma exigência da empresa
GAMA) para os funcionários, eles podem até não
fazer em casa, mas aqui é primordial,
Preciso estar antenado aos prazos de sempre sentamos e discu mos sobre a
coleta dos materiais que são nocivos ao disposição dos resíduos. (GESTOR DA
meio ambiente em geral, além da EMPRESA BETA)
comprovação, a responsabilidade da
des nação correta é nossa. Se não fossem Desde a chegada de um novo funcionário
n o s s a s p a r ce r i a s , p r o v a v e l m e nte explicamos e demonstramos a forma
teríamos problemas. Os coletores correta de fazer as coisas (des nação),
ecológicos fazem a parte eles, nós acredito que hoje a maioria das pessoas já
fazemos a nossa, cada um precisa do possuem esta conscien zação da
outro, mas sempre temos que lembrar. reciclagem como algo importante e que
Quando não temos parcerias gratuitas, deve ser realizada. Nós realmente
precisamos buscar o fornecedor correto incen vamos. (GESTOR DA EMPRESA
como é o caso dos óleos-lubrificantes. GAMA)
(PROPRIETÁRIO DA EMPRESA ALFA)
Quando perguntados sobre o
Esta asser va reflete diretamente a falas conhecimento sobre as a vidades ou o
dos demais gestores que fortalecem a fim dos diversos resíduos, responderam
gestão em todos os processos também da seguinte forma:
como uma ins tucionalização para a

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 6 – Conhecimento e compreensão da logís ca reversa


[...] sobre os óleos lubrificantes sei que ele é
reu lizado por uma empresa de Curi ba, que é o
Descrição do rerrefino do óleo queimado que volta a ser vendido Alfa
conhecimento sobre novamente com o óleo normal. Os demais resíduos
as a vidades ou o fim somente disponibilizamos.
dos diversos resíduos [...] não sei como funcionam as demais a vidades dos
Beta
u lizados nos resíduos.
processos [...] acredito que todos os processos são importantes,
principalmente quando se fala em meio ambiente. O Gama
óleo lubrificante é um exemplo de reu lização.
Fonte: Elaborado pelos autores baseado nos dados coletados na pesquisa de campo.
Percebe-se, no entanto que o conforme pedido. (PROPRIETÁRIO DA
conhecimento e a compreensão da EMPRESA ALFA)
con nuidade dos resíduos para os
gestores limitam-se ao produto óleo Realizamos inspeções diariamente,
lubrificante, pois as respostas dos semanal, mensal, bimestral, semestral e
entrevistados imperam sobre a anual. Ela é visual com anotações que
des nação e o rerrefino. Nenhum podem ajudar a minimização de falhas e
comentário foi realizado sobre a problemas ambientais. Todos precisam
u lização dos demais materiais anotar no diário de manutenção o que
novamente na cadeia de suprimentos e fizeram e o que visualizaram. (GESTOR DA
seus possíveis bene cios, além do EMPRESA GAMA)
amparo as questões ambientais.
Desde uma trinca no piso que não pode
a. AÇÕES OU INICIATIVAS QUE OS ficar assim, enfa zamos as a tudes.
GESTORES COM SUAS EQUIPES TOMAM Neste caso, as fissuras precisam ser
PARA MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS fechadas, não podemos deixar para
AMBIENTAIS. depois, a comunicação precisa fluir.
(GESTOR DA EMPRESA BETA)
O quarto e úl mo eixo visa a iden ficação
de ações ou inicia vas que são tomadas Os demais discursos dos entrevistados
pelos gestores e suas equipes para confirmam a u lização e o inves mento
minimizar os impactos ambientais. em equipamentos e sistemas de controle
Notoriamente as diversas ações são automá cos como: controle de estoques,
exequíveis, conforme afirmações: monitoramento intersetorial, poços de
monitoramento de água subterrâneas,
Quando iniciamos as obras, esperávamos válvulas, proteção contra derramamento
a instalação dos novos tanques no mesmo e outros, que passam a imperar como o
lugar que os an gos, mas as instruções, modelo para a minimização de problemas
devido ao arroio aqui perto, foi a inversão ambientais e eficiência no processo.
dos tanques para o outro lado das Por fim, quando interpelados sobre a
bombas, só isso encareceu em aplicação da legislação e sua importância,
R$60.000,00 o projeto. Mas não ficou todos os respondentes foram unânimes
nisso, os tanques eram para ser de 20.000 em afirmar que a legislação realmente
litros, pela presença de pedras de di cil deve ser seguida e aplicada em todos os
remoção e alto custo, conseguimos contextos, em função dos fatores
somente os de 15.000. Mas tudo certo, ambientais, do controle da própria

70
Administração em foco
estudos multidisciplinares

empresa e suas operações e para o bem posto com combus veis, os óleos
comum de todos e das gerações futuras. lubrificantes, filtros e outros designam
No tocante aos órgãos fiscalizadores, para todos o dever de fazer alguma coisa.
credita-se ao pequeno número de As inicia vas e parcerias para o fim ou
pessoas para a efe va fiscalização posto a des no correto são sabidas e cobradas,
posto ou bomba a bomba as falhas mas pouco, atenção tem a logís ca
existentes. Na região de estudo se faz reversa como agregadora de valor, pela
presente e atuante nas decisões que possibilidade do incremento deste ou de
re p e rc u te m n a co n n u i d a d e d o s outro produto novamente no fluxo direto.
negócios. Dentre as diversas ações e Os poucos comentários realmente
inicia vas para a minimização dos abrangem o rerrefino do óleo lubrificante
impactos ambientais conclui-se que a pelas empresas especializadas que
legislação é fundamental para esta retornam ao ciclo produ vo como outro
realidade e para a conscien zação de produto de caracterís ca similar ou em
todos sobre o papel que exercem na outro derivado.
sociedade. Assim, as legislações per nentes, as
5 Conclusão fiscalizações e as dificuldades para as
Pela interpelação e reflexão atual das liberações dos diversos documentos
ações humanas em função do necessários para a regulamentação e
crescimento da população mundial, da atuação dos postos de combus veis pelas
necessidade de mais recursos, a u lização diversas exigências, fazem com que a
de muitos recursos não renováveis e ins tucionalização de métodos, prá cas e
diante dos mais diversos problemas controle de gestão ambiental sejam
ambientais como efeito estufa, camada executadas pelos gestores e suas equipes,
de ozônio e outros, demonstra-se na antes da implantação de um posto,
análise da ação da gestão dos postos de durante e depois da prestação de serviços
combus veis no contexto de ou quando aa venda de um produto
Guarapuava/PR, a trata va e consciência direto.
nas decisões para minimização dos Referências
impactos ambientais. Portanto, as três AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO GÁS
empresas que englobam sete postos, NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Balanço
apresentam suas par cularidades. de produção e coleta de óleos
P r i m e i ra m e nte , p e l o e nt u s i a s m o lubrificantes por região. Disponível em:
presente na empresa Alfa sobre a <h ps:// www.anp.gov.br>. Data de
temá ca, suas prá cas e projeções sobre acesso 03 de Julho de 2016.
o que é feito e pode ser realizado a médio ______. Sistema da ANP. Disponível em:
e longo prazo. Neste caso, a h p://www.anp.gov.br/?id=478. Data de
conscien zação não soa pela necessidade acesso 11 de agosto de 2016.
diante das exigências legais, mas pelos ______. Car lha do posto revendedor de
valores, pela prá ca pautada nos combus veis: inclui procedimentos para
pequenos detalhes para fazer alguma testes de qualidade de combus veis e
d i fe re n ça . N o s d e m a i s ca s o s , a normas para comercialização da mistura
conscien zação, trata vas e a diesel-biodiesel. Rio de Janeiro: ANP,
conformidade estão explícitas tanto nos 2011.
fatos como nos atos, entretanto a ANDRADE, R. O. B., CARVALHO, A. B.,
presença se faz no cumprimento da lei e TACHIZAWA, T. Gestão ambiental -
suas inferências. enfoque estratégico aplicado ao
O conhecimento do fluxo direto dos desenvolvimento sustentável. 2.ed. São
produtos nos diversos relatos, desde o Paulo: Makron Books, 2002.
abastecimento da estrutura sica do
71
Administração em foco
estudos multidisciplinares

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS M. Dicionário Houaiss da língua


TÉCNICAS, NBR 10004, Resíduos Sólidos: portuguesa. Rio de Janeiro: Obje va,
Classificação, Rio de Janeiro. ABNT, versão 2009.
2004. KRAEMER T. H. Modelo econômico de
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental gestão ambiental. Tese de Doutorado –
Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007. Curso de Pós-Graduação em Engenharia
BARDIN, I. Análise de conteúdo. Lisboa: de Produção. Universidade Federal de
Edições Setenta, 1994. Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
BRASIL, A. Acordo setorial para a LEITE, P. R. Logís ca Reversa: meio
implantação de sistema de logís ca ambiente e compe vidade. 2. ed. São
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72
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 5
Programa bom negócio Paraná:
ação governamental estratégica de fomento ao empreendedorismo

Julie Cris ni Dias


Docente do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Pr
e-mail: julie.cris.dias@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-8412-0063

73
Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução Mesmo os estudos recentes do C.O.


São os temas do comportamento cons tuem também um modelo teórico
organizacional (C.O.) responsáveis pela de gestão eficaz (ROBBINS, JUDGE e
ampliação das habilidades de formação SOBRAL, 2010; VECCHIO, 2012; GRIFFIN e
curricular dos administradores. O C.O. MOORHEAD, 2006). Já aos indivíduos
como “o estudo e a aplicação do trabalhadores o C.O. pode promover
conhecimento sobre como as pessoas autoconhecimento laboral crí co a par r
agem dentro das organizações (DAVIS e da experiência de trabalho permi ndo
NEWSTROM, 1992, p. 5)”, propõem o análises entre ambientes de trabalho
aperfeiçoamento das habilidades (VECCHIO, 2012, p. 4-7).
humanas. Como campo de estudos, o C.O. Nesse âmbito, o problema de pesquisa
proporciona a mul disciplinariedade deste relato de pesquisa concentra-se em
entre áreas do conhecimento cien fico responder quais são os estudos mais
quando congrega as ciências sociais e recorrentes do C.O. publicados no
comportamentais sendo: psicologia, Seminários de Administração
psicologia social, sociologia, (SEMEAD/USP) entre os anos de 2016 a
antropologia, ciência polí ca e 2018? Logo, o obje vo deste estudo é
administração (ROBBINS, JUDGE e enunciar estudos mais recorrentes do
SOBRAL, 2010, p. 10-11; VECCHIO, 2012, C.O. publicados no Seminários de
p. 4). Lembrando que, ainda como campo Administração (SEMEAD/USP) entre os
de estudos da gestão de pessoas, uma das anos de 2016 a 2018. Além da introdução,
grandes áreas de estudos na ciência da este relato de pesquisa apresenta na
Administração, o C.O. está presente no sequência a fundamentação teórica, a
Encontro da Associação Nacional de Pós- metodologia da pesquisa, resultados e
graduação e Pesquisa em Administração discussão, conclusão e referências.
(ENANPAD), no Encontro de Estudos 2 Referencial teórico
Organizacionais (ENEO), no Encontro de 2.1 Estudos sobre comportamento
Gestão de Pessoas e Relações do Trabalho organizacional: alguns antecedentes
(EnGPR) promovidos pela Associação histórico-administra vos
Nacional de Pós-graduação e pesquisa em O comportamento do indivíduo em
Administração(ANPAD) e nos Seminários organizações ou de grupos de
de Administração (SEMEAD) promovidos indivíduos nas organizações não é
pela Faculdade de Economia e uma preocupação recente das áreas
Administração da Universidade de São de conhecimento cien fico e dos
Paulo (USP), todos principais congressos administradores (BOWDITCH e
de Administração. BUONO, 2014; DAVIS e NEWSTROM,
Ademais, para as organizações em seu 1992; VECCHIO, 2012; GRIFFIN e
co diano tratar bem seus indivíduos MOORHEAD, 2006; WAGNER e
trabalhadores evitam subs tuições que HOLLENBECK, 2003). Mesmo antes da
podem ser onerosas custando de uma a Revolução Industrial, e mesmo sem
uma vez e meia o salário de uma pessoa que o indivíduo ou grupos de
além das perdas na produ vidade indivíduos da organização fossem o
(VECCHIO, 2012, p. 3). principal foco de atenção dos
Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 11), pesquisadores – era pré-cien fica
reconhece que desde a década de 1930 para Bowditch e Buono (2014) - uma
houve uma percepção significa va da das primeiras preocupações com o
gestão sobre a relação entre as pessoas e “caos” revelado no ambiente interno
o ambiente de trabalho apontando assim de trabalho das indústrias do início do
quase um século de estudos sobre C.O. século passado, origina-se quando

74
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Adam Smith tenta resolver a falta de existe uma melhor máquina para o
c o o r d e n a ç ã o e n t r e trabalho, também existem maneiras
produção/distribuição de produtos e a melhores das pessoas executarem suas
relação entre os níveis funcionais nas a vidades (DAVIS e NEWSTROM, 1992, p.
indústrias; esta tenta va cons tui o 7).” Respec vamente, a análise do
começo da Administração Sistemá ca em trabalho (decomposição de tarefas), o
1890, cujo foco de estudos foi o ambiente estudo de tempos e movimentos, estudo
interno de trabalho caó co das primeiras da fadiga humana, divisão do trabalho e
indústrias do século passado especificado especialização do operário, desenho de
por Cotrim (1990). cargos e tarefas, incen vos salariais,
“Em diversas indústrias, a jornada de prêmios de produção, conceito de “homo
trabalho ultrapassava quinze horas economicus”, condições ambientais de
diárias. Os salários pagos eram tão trabalho, padronização e supervisão
reduzidos que mal davam para assegurar funcional integram as orientações da
a alimentação mínima de uma única O.R.T. para os administradores da época
pessoa. Para sobreviver, toda a família (ANDRADE e AMBONI, 2007, p. 22).
proletária era obrigada a trabalhar, Uma decorrência administra va
inclusive mulheres e crianças de até seis importante da O.R.T. centraliza-se na
anos.” (...) Para agravar o quadro de popularização do automóvel Ford “T”
miséria representado pelos salários de ou “Ford bigode” por razões de preço
fome, as fábricas nham instalações baixo, salários elevados pagos aos
péssimas, contrárias a todas as normas de funcionários e facilidades de crédito
higiene e de saúde pública. Num relatório (JACOBSEN e MORETTO NETO, 2009).
apresentado ao Parlamento Britânico, em Todavia, a apreciação crí ca à O.R.T.
1833, apurou-se, por exemplo, que nas dirige-se em apontar o determinismo
fábricas an gas e pequenas o ambiente é exacerbado com relação ao
de sujeira, pouca ven lação, falta de tratamento do indivíduo dentro da
banheiros e de vestuário, ausência de organização, não dis nguindo-o de
exaustores e poeira. Alguns tetos são tão máquinas, equipamentos ou matéria-
baixos que se torna di cil permanecer em prima. Por conseguinte, a limitação
pé. Nessas fábricas existem crianças sobre o entendimento da dimensão
trabalhando o mesmo número de horas humana e social das indústrias da
que os adultos. Os efeitos provocados por época se caracterizou como principal
essa longa jornada de trabalho são: mo vo para o surgimento de estudos
deformação permanente da cons tuição que fundamentaram a Teoria das
sica, aquisição de doenças incuráveis, ...” Relações Humanas (CHIAVENATO,
(COTRIM, 1990, p. 172-173) 2000; ANDRADE e AMBONI, 2007),
Pode-se afirmar que, uma das formas de um marco teórico-administra vo na
expansão da Administração Sistemá ca ciência da Administração.
ocorreu com a Organização Racional do O fundamento cien fico, segundo
Trabalho (O.R.T.) de Frederick Winslow Griffin e Moorhead (2006), de que os
Taylor, que também foi ins gado com a a d m i n i s t ra d o r e s d e v e r i a m s e
mesma preocupação inicial de Adam preocupar com os indivíduos e grupos
Smith. Dentre tantas contribuições - de indivíduos nas organizações veio
teóricas e prá cas - a O.R.T inicialmente, com a Experiência de Hawthorne,
determina a separação das a vidades de coordenada pelo psicólogo Elton
planejamento (trabalho administra vo) Mayo que liderou uma equipe de
de a vidades de execução (trabalho pesquisadores na busca pela
operário) destacando que “assim como iden ficação de possível relação entre

75
Administração em foco
estudos multidisciplinares

fatores ambientais e a eficiência dos ao indivíduo trabalhador, desmis ficando


trabalhadores, medida pelos níveis de que o indivíduo trabalhador é mo vado
produção alcançados; esta experiência apenas por recompensas financeiras,
desenvolveu-se na fábrica da Western possui necessidades relacionadas
Eletric Company, uma fábrica norte- somente ao fator fisiológico
americana de equipamentos para (alimentação, descanso, entre outras),
empresas telefônicas, localizada em condiciona-se apenas por interações
Hawthorne, distrito de Chicago; a formais, não é digno de confiança, não
pesquisa ocorreu durante o período de tem comportamento influenciado por
1927 a 1932 sendo dividida em quatro forças afe vas, age isoladamente e não é
etapas: na primeira etapa a experiência influenciado por normas sociais e grupos
constata que fatores psicológicos existem sociais, conforme Chiavenato (2000). O
dentro do ambiente de trabalho e mesmo autor lembra que, a compreensão
prevalecem sobre fatores fisiológicos; já a dessas relações humanas e iden ficação
segunda etapa afirma que as condições da liderança exercida no grupo permite ao
de trabalho (intervalos de descanso, administrador melhores resultados de
salário, jornada de trabalho) não são mais seus subordinados.
importantes que as relações de trabalho Estes antecedentes histórico-
(interpessoais, em grupos, com o líder); administra vos, entre outros, colaboram
na terceira etapa, por meio de com o acréscimo de estudos mais
entrevistas, conclui-se que os frequentes sobre os indivíduos e grupos
trabalhadores são seres sociais também de indivíduos dentro da organização. A
fazendo parte de grupos informais com seguir, discute-se considerações em torno
respec vas lideranças dentro das do significado do C.O.
organizações; quanto a quarta etapa não 2.2 Considerações sobre o significado do
houve finalização pois ocorreu a crise de C.O.
1929 mas, nha como obje vo a Como visto, o C.O. é uma das
caracterização destes grupos informais principais decorrências da teoria das
( C H I AV E N ATO, 2 0 0 0 ; A N D R A D E e relações humanas representando
AMBONI, 2007; MONTANA e CHARNOV, evolução do pensamento administra vo
2010). e c o n t r a p o s i ç ã o à Te o r i a d a
A experiência de Hawthorne confirma Administração Cien fica. Entretanto,
que dentro das organizações a presença outros significados estão em torno do
de indivíduos, a interação entre os C.O. como aquele indispensável à gestão
indivíduos e formação de grupos do ambiente interno de trabalho das
informais são também variáveis a serem organizações “um campo de estudo que
co n s i d e ra d a s p e l a a d m i n i st ra çã o obje va prever, explicar e compreender o
influenciando predominantemente, a comportamento humano nas
eficiência e a eficácia administra va organizações (BERGUE, 2010, p. 13).”
devendo os administradores em suas Vecchio (2012, p. 7), ressalta o aspecto
tomadas de decisão considerar o social do C.O. devendo concentrar suas
indivíduo ou grupos de indivíduos na pesquisas não só no comportamento do
organização que até então, eram indivíduo trabalhador mas, de seus
negligenciados pelas teorias grupos “é um estudo sistemá co dos
administra vas anteriores. comportamento e a tudes de pessoas e
Dis nções entre a Teoria das Relações grupos em organizações.”
Humanas e Teoria das Administração Quase em consonância com Bergue
Cien fica estão em torno do tratamento (2010), Wagner e Hollenbeck (1999),
que a administração deve proporcionar é mais abrangente quando considera

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

que o C.O. deve transmutar o elemento conhecimento e as habilidades e outros


“humano” no ambiente interno de diferenciais dos colaboradores. A
trabalho, é um campo de estudo voltado a administração do C.O. nesse contexto se
prever, explicar, compreender e modificar apresenta como fator fundamental de
o campo humano no contexto das garan a à vantagem compe va por
empresas. Em Hi (2007), a meio da gestão de pessoas.
administração de comportamento Bowditch e Buono (2014), interpreta a
organizacional se concentra em administração do C.O. não como uma
conquistar, desenvolver e aplicar o técnica determinista e sim uma ação
conhecimento e as competências das probabilís ca e con ngencial onde é mais
p e s s o a s .” P a r e c e c o n s e n s u a l o frequente se dar atenção aos papéis,
entendimento do C.O. entre Wagner e comportamentos e habilidades
Hollenbeck (1999) e Hi (2007) quando necessárias para um bom desempenho
interpretam que não está relacionado gerencial eficaz. Limongi França (2006),
apenas a administração da provisão ou resume a complexidade que envolve o
manutenção de recursos humanos em significado do C.O. é o estudo do conjunto
uma organização ou empresa e sim, a de ações, a tudes e expecta vas
a vidade de desenvolvimento destes humanas dentro do ambiente de
recursos. trabalho. A mesma autora, lembra que o
Considerando os elementos-chave do espectro deste estudo pressupõe
C.O. pessoas, estrutura, tecnologia e questões psicológicas, sociais, biológicas
ambiente (DAVIS e NEWSTROM, 1992), e organizacionais sob 03 (três) níveis de
alguns autores acreditam que a entendimento sendo o pessoal, grupal e
psicodinâmica entre eles [natural e não- ins tucional.
es mulada pela gestão ou administração Para finalizar, Newstrom (2008), alerta
de recursos humanos] aproxima à eficácia que o significado contemporâneo do C.O.
da organização sendo “um campo de permite a atualização rápida da base
estudos que inves ga o impacto que teórica “a velocidade das atualizações dos
indivíduos, grupos e estrutura estudos constantemente, promovem a
organizacional tem sobre o adição de novos elementos à sua base
comportamento das pessoas dentro das conceitual/operacional”, ou seja,
organizações, com o propósito de u lizar “embarcam” muitas novidades – estudos
esse conhecimento para melhorar a focados - promovidas naturalmente,
eficácia organizacional (ROBBINS, JUDGE pelos próprios ambientes internos de
e SOBRAL, 2010). trabalho o que gera muita especulação
Para Robbins (1999, p. 6), o C.O. estuda o para explorar estes novos conceitos e
que as pessoas fazem nas organizações e rápida disseminação destes para demais
como isso afeta o desempenho da organizações. A seguir, é apresentada a
empresa sendo “um campo de estudo metodologia da pesquisa.
que inves ga o impacto que indivíduos, 3 Metodologia da pesquisa
grupos e a estrutura tem sobre o Esta é uma pesquisa de natureza
comportamento dentro das organizações qualita va com o sen do de
co m o p ro p ó s i to d e a p l i ca r e ste “compreender a perspec va dos
conhecimento em prol do par cipantes sobre os fenômenos
aprimoramento da eficácia de uma que os rodeiam, aprofundar suas
organização. Wagner III e Hollenbeck experiências, pontos de vista,
(2003), corroboram com Robbins (1999), opiniões e significados, isto é, a forma
quando acreditam que garan r vantagem como os par cipantes percebem
compe va é aproveitar ao máximo o s u b j e va m e n t e s u a re a l i d a d e

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

(SAMPIERI, COLLADO e LUCIO, 2013, p. composta por 05 (cinco) subáreas, sendo:


376).” Seu obje vo é enunciar estudos carreiras e competências; gestão de
mais recorrentes do comportamento pessoas e equipes; polí cas, modelos e
organizacional (C.O.) publicados no prá cas; significado do trabalho,
Seminários de Administração sa sfação e mecanismos de recompensa;
(SEMEAD/USP) entre os anos de 2016 a e temas emergentes e modismos em
2018. A escolha por ar gos publicados no gestão de pessoas; após ocorreu a
SEMEAD/USP jus fica-se pela gratuidade avaliação – pontuação dos temas mais
de acesso. Sua natureza qualita va é recorrentes, iden ficação das definições
recomendável devido ao “tema do estudo cons tu vas preliminares e iden ficação
ser pouco explorado, ou que não tenha dos elementos cons tu vos/
sido realizada pesquisa sobre ele em operacionais aplicados nestes estudos.
algum grupo social específico (SAMPIERI, Seus resultados e discussões são
COLLADO e LUCIO, 2013, p. 376)” é uma apresentados a seguir.
pesquisa qualita va de nível exploratório. 4 Resultados e discussão
O nível exploratório visa desenvolver, Foram selecionados na área temá ca
esclarecer e modificar conceitos e ideias, de gestão de pessoas, considerando
te n d o e m v i sta a fo r m u l a çã o d e as edições do SEMEAD/USP de 2016
problemas mais precisos ou hipóteses a 2018, o total de 25 (vinte e cinco)
pesquisáveis para estudos posteriores e estudos. A subárea de carreiras e
está apresenta menor rigidez no competências totalizou 05 (cinco)
planejamento. Habitualmente, envolve estudos. Na subárea de gestão de
levantamento bibliográfico e pessoas e equipes os estudos
documental, entrevistas não- totalizaram 06 (seis). Os estudos de
padronizadas e estudos de caso (GIL, polí ca, modismos e prá cas somaram
2009). 06 (seis). Com relação à subárea
Quanto a técnica de pesquisa u lizou-se a significado do trabalho, sa sfação e
documentação indireta por meio de mecanismos de recompensa os estudos
pesquisa bibliográfica ou de fontes totalizaram (06) seis. Por fim, a subárea
secundárias oriundos do idioma temas emergentes e modismos em
português. Esta técnica abrange toda gestão de pessoas somaram 02 (dois)
bibliografia já tornada pública em relação estudos.
ao tema de estudo, desde publicações Foi realizada a leitura, pontuação e
avulsas, bole ns, jornais, revistas, livros, avaliação destes estudos com o obje vo
pesquisas, monografias, teses, material de iden ficar definições cons tu vas
cartográfico, etc., até meios de preliminares e elementos
comunicação oral (MARCONI e LAKATOS, cons tu vos/operacionais aplicados
201,). A operacionalização desta pesquisa nestes estudos. Na área carreiras e
ocorreu entre julho e novembro de 2019. competências o estudo mais recorrente é
Foram realizadas consultas aos estudos competência profissional, suas definições
mais recorrentes de C.O. acessando a área cons tu vas preliminares e elementos
de gestão de pessoas das edições do cons tu vos/operacionais encontram-se
SEMEAD/USP entre os anos de 2016 a sinte zados no Quadro 1.
2018. A área de gestão de pessoas é

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 1 – área temá ca: gestão de pessoas – subárea: carreiras e competências


ESTUDO: competência profissional
diretrizes curriculares nacionais (DCN -CGN) conforme Resolução nº 5 de
07/11/2001; e competência: “um saber agir responsável e reconhecido, que
implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades,
que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo
(MELO, LUZ e BARROS, 2017, p. 1-5)”
“técnica ou funcional está relacionada a entregas esperadas de cada uma das
áreas ou processos da organização (PERRET, HIPÓLITO e MIYAHIRA, 2017, p.
1) trata -se de um referencial meso entre a competência organizacional e
individual/gerencial (PERRET, HIPÓLITO e MIYAHIRA, 2017 apud RUAS, 2003,
p. 4)”
“as maneiras como os trabalhadores concebem [experienciam] seu trabalho,
criam e dão forma ao contexto em que os atributos [individuais e
ambientais] adquirem significados específicos para o desempenho
competente do trabalho [por meio da abordagem fenomenografia]
DEFINIÇÃO (SANDENBERG e TARGAMA apud AMARO, 2017, p. 4)”
CONSTITUTIVA a competência profissional sustentável é considerada pelo sen do “no
PRELIMINAR ambito educacional as competências envolvem não apenas um saber -fazer,
mais avança para um saber -fazer-transmi r, referenciado em estraté gias
pedagógicas resolu vas. Além do ato de ensinar, outras a vidades cercam
esse profissional, seja no âmbito da pesquisa, da extensão, seja no âmbito da
gestão (FAÇANHA et al, 2017, p. 2)”
“duas noções dis ntas tem hegemonizado o debate sobre a dimens ão
individual de competências (…) a primeira, reflete o pensamento de autores
americanos, considera a competência como um estoque de recursos que o
indivíduo detém, ou seja, as qualificações da pessoa em termos dos
conhecimentos, habilidades e a tudes ex igidas para o desempenho do
cargo (as variáveis input). A segunda, construída por autores europeus, foca
o conteúdo, a noção de agregação de valor e os resultados ob dos em face
dos recursos que a pessoa mobiliza (as variáveis output) (ARAÚJO, 2017, p.
3)”
- diretrizes curriculares nacionais (DCN -CGN) conforme Resolução nº 5 de
07/11/2001; saberes (agir; mobilizar recursos; comunicar; aprender; engajar -
se e comprometer -se; assumir responsabilidades e ter visão estraté gica)
(MELO, LUZ e BARROS, 2017, p. 1;9)
- missão geral da área técnica; competência técnica; detalhamento da
competência; requisitos obrigatórios [qualificação técnica]; e conhecimentos
essenciais[abordagens] (PERRET, HIPÓLITO e MIYAHIRA, 2017, p. 6)
ELEMENTOS
- não informados (SANDENBERG e TARGAMA apud AMARO, 2017, p. 4)
CONSTITUTIVOS/
- domínio da área do conhecimento; didá co -pedagógica; metodologia
OPERACIONAIS
cien fica; relacionamento interpessoal; trabalho em equipe; cria vidade;
visão sistêmica; comunicação; liderança; planejamento ; comprome mento;
é ca; proa vidade; empa a; flexibilidade (FAÇANHA et al, 2017, p. 5)
- conhecimentos, habilidades e a tudes; e saber agir com per nência;
mobilizar e integrar recursos; saberes múl plos e heterôgeneos; saber
aprender e envolver -se em um determinado contexto profissional (ARAÚJO,
2017, p. 4)
Fonte: pesquisa de campo (2019)

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

A par r do Quadro 1 a competência TARGAMA apud AMARO, 2017, p. 4); d)


profissional é caracterizada a) um autor para a maioria dos autores a competência
associa ao modelo teórico francês de profissional está predominantemente,
competência individual as diretrizes relacionada à competência individual
curriculares nacionais (DCN) dos cursos prescrita pela escola francesa (MELO, LUZ
de graduação e resoluções dos conselhos e BARROS, 2017, p. 1-5; FAÇANHA et al,
profissionais (MELO, LUZ e BARROS, 2017, 2017, p. 2; ARAÚJO, 2017, p. 4) com o
p. 1-5); b) um autor trata sobre as sen do do indivíduo trabalhador saber
competências “meso” ou competência mobilizar recursos com consequente
técnica ou funcional que encontram-se agregação de valor ao indivíduo e à
entre as competências organizacionais e organização. Na subárea gestão de
individual/gerencial (PERRET, HIPÓLITO e pessoas e equipes o estudo mais
MIYAHIRA, 2017, p. 1); c) um autor recorrente é liderança, suas definições
destaca que a competência profissional é cons tu vas preliminares e elementos
resultante de atributos individuais cons tu vos/operacionais encontram-se
somados aos ambientais (SANDENBERG e sinte zados no Quadro 2.
Quadro 2 – área temá ca: gestão de pessoas – subárea: gestão de pessoas e equipes
ESTUDO: liderança
A liderança é considerada [uma demanda emergente das novas formas
de trabalho] “a exemplo das equipes virtuais e distribuídas, que
modificam as relações tradicionais do líder com seus colaboradores e
necessitam de um novo po de liderança à distância e com delegação de
função (BUCATER e KUNIYOSHI, 2017, p. 4)”
A liderança é considerada “tóxica quando se exibe determinados
comportamentos destru vos, que contribuem para diminuir a moral, a
mo vação e a autoes ma dos liderados,” (PELLETIER, 2010 apud
ANDREOLI et al, 2017, p. 2) “inflingindo, assim, um mal sério e duradouro
a eles (LIPMAN-BLUMEN, 2005 apud ANDREOLI et al, 2017, p. 2)”
“transacional [consiste] no esforço dos líderes em perceber as
necessidades individuais dos liderados, com o obje vo de recompensá-
los por desenvolverem as tarefas (BURNS, 1978 apud VERSIANI e
DEFINIÇÃO
CARVALHO NETO, p. 2)” “transformacional [quando] o líder é visto como
CONSTITUTIVA agente de mudança, capaz de inspirar, ensinar e mo var os liderados
PRELIMINAR (BURNS, 1978 apud VERSIANI e CARVALHO NETO, p. 3; BASS, 1978 apud
VERSIANI e CARVALHO NETO, p. 3)”
leader-member exchange (LME) “baseia-se na troca [social formal
evoluindo para social informal] entre líder e liderado para atender os
interesses mútuos (VERSIANI e CARVALHO NETO, 2017, p. 4)”
“orienta os líderes a aplicarem três comportamentos principais: carisma,
consideração individualizada e es mulação intelectual (BASS e AVOLIO,
1994 apud KRAUSE et al, 2018, p. 2) [este líder] mo va aumentando a
confiança e dando valor aos resultados ob dos com o trabalho de seus
subordinados (KRAUSE et al, 2018, p. 2)”
“na perspec va de que o líder servidor é aquele que serve primeiro (DIAS
e MORAES FILHO, 2018, p. 2)”
não é informado pelos autores (PRA et al, 2018)

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

- gestão de equipes virtuais cujos os integrantes podem trabalhar em


locais e horários diferenciados; os indivíduos e grupos estão
geograficamente dispersos (FONSECA et al, 2014, p. 295 apud BUCATER e
KUNIYOSHI, 2017, p. 4; SAMARTINHO, 2013 apud AVOLIO et al, 2001, p.
59 apud BUCATER e KUNIYOSHI, 2017, p. 4); liderar pessoas de diferentes
departamentos, organizações, países e algumas vezes até organizações
concorrentes; c)as interações são mediadas por tecnologias
(SAMARTINHO, 2013 apud AVOLIO et al, 2001, p. 59 apud BUCATER e
KUNIYOSHI, 2017, p. 4)
- megalomaníaco; instabilidade e assédio; e autoridade abusiva: forma
autoritária com que os líderes se relacionam com os liderados (ANDREOLI
et al, 2017, p.10)
- amor ágape: humildade, altruísmo, visão, confiança, empowement e
serviço (DIAS e MORAES FILHO, 2018, p. 4)
- orientação para buscar oportunidades; visão dos obje vos; mo vação
dos colaboradores; liderança eficiente e mo vadora; efeito na moral dos
colaboradores (KRAUSE et al, 2018, p. 6)
- demonstra compaixão independente do status; é auten co; é uma
pessoa humilde; alinha sua visão com os valores dos integrantes da
comunidade; é habil para para perdoar; defende alguém sendo
injus çado; permanece calmo no meio das turbulencias; conversa com
os integrantes sobre suas esperanças e sonhos; possui convicções morais
fortes; fazem o que dizem; oferece escolhas para seus seguidores; não é
ELEMENTOS focado em si mesmo mas, nos integrantes da comunidade; possui tato
CONSTITUTIVOS/ quando confrontado com ira; comportamento servidor inspira liderados;
OPERACIONAIS defende em público o direito das pessoas; procura ajuda de outras
pessoas na comunidade caso necessário; aceita crí cas apropriadas; é
compassivo; ajuda os outros mesmo sem ganho pessoal; é gen l;
compreende o serviço como a função primária da lidernça; confia poder
a outros na comunidade; me enxerga como uma pessoa viável e digna no
meu futuro na comunidade; ajuda os outros mesmo com sacrificio
pessoa; consulta os outros quando não tem todas as respostas;
confiabiliade do líder é determinada pela confiança dada aos seguidores;
corre o risco de uma falha para permi r alguém tentar nova ideia;
demostra atenção por seus seguidores sempre fazendo as coisas certas,
propositalmente, encoraja seus seguidores; cer fica-se que os
integrantes tem imagem ideal; escuta o que os seguidores tem para dizer
com respeito; enfa za a importância da visão compar lhada para
entender como os seguidores se encaixam na comunidade; acredita que
todas as pessoas são dignas de respeito; cede poder a outros; entende o
serviço como centro de liderança servidora; permanece tranquilo no
meio da agitação; não se gaba das suas realizações; quer que eu tenha a
autorização que eu preciso para cumprir os devere que tenho e
compreende que servir aos outros é mais importante (PATTERSON, 2003
apud DIAS e MORAES FILHO, 2018, p. 6-7; DENNIS, 2004 apud DIAS e
MORAES FILHO, 2018, p. 10)
- empa a, mul funcionalidade, harmonia e trabalho em equipe,
racionalidade e independênica (MARTINS et al, 2017 apud PRA et
al, 2018, p. 5); capacidade mais desenvolvida para lidar com uma
81
Administração em foco
estudos multidisciplinares

variedade de informações simultaneamente, possui visão holis ca da


realidade, mais flexíveis que os homens, percebem as pessoas de forma
integrada vendo o lado profissional apenas como uma das partes que as
compõe (FLEURY, 2013, apud PRA et al, 2018, p.6) capacidade de se
colocar no lugar do outro com postura mais energica e firme,
possibilidade de equilibrar vida pessoal e profissional, dedicação,
capacidade de realizar diferentes tarefas simultaneamente e bom
tratamento dos pares (ABREU e RIPOLL, 2013 apud PRA et al, 2018, p.6);
Fonte: Pesquisa de campo (2019)
A par r do Quadro 2 a liderança é meio de trocas formais e informais -
caracterizada a) um autor aponta para a leader-member exchange - entre os
necessidade da liderança adaptar-se ao mesmos com vistas a atender interesses
contexto de gestão de equipes virtuais mútuos (VERSIANI e CARVALHO NETO,
(BUCATER e KUNIYOSHI, 2017, p. 4); b) um 2017, p. 2-4; KRAUSE et al, 2018, p. 2) com
autor destaca o viés da liderança que é a o sen do de que a liderança deve priorizar
liderança “tóxica” ou o “não-líder” a proximidade – presencial e virtual - a
(ANDREOLI et al, 2017, p. 2); c) um autor seus liderados. Na subárea polí ca,
ressalta que o principal papel da liderança modismos e prá cas o estudo mais
é servir (DIAS e MORAES FILHO, 2018, p. recorrente é gestão de recursos humanos
2); d) Pra et al (2018), não caracteriza a ou administração de recursos humanos,
liderança; e) para a maioria dos autores a suas definições cons tu vas preliminares
liderança tem consideração e elementos cons tu vos/ operacionais
individualizada de seus liderados por encontram-se sinte zados no Quadro 3.
Quadro 3 – área temá ca: gestão de pessoas – subárea: polí ca, modismos e prá cas
ESTUDO: gestão de recursos humanos ou administração de recursos humanos
“A administração de recursos humanos é considerada “polí cas e
prá cas de emprego (LIMA e FISCHER, 2017, p. 1)”
“coordenação e efe va u lização da mão-de-obra das pesssoas para a
produção de bens e serviços para as organizações, independentes de
modelos econômicos (LATHAM, SULSKY e MACDONALD, 2008 apud
TRINDADE e ALBUQUERQUE, 2018, p. 4)” “estuda como as relações de
trabalho são gerenciadas pela organização de forma a alcançar suas
metas. Tais relações de trabalho formalizam-se por meio de polí cas e
prá cas, sendo que as polí cas de gestão de pessoas devem ser
integradas ao planejamento estratégico da organização e u lizadas para
DEFINIÇÃO reforçar a cultura organizacional (LEGGE, 2005 apud TRINDADE e
CONSTITUTIVA ALBUQUERQUE, 2018, p. 4)”
PRELIMINAR “aquela que, além da visão gerencialista e pragmá ca dos recursos
humanos, da produ vidade e da qualidade dos serviços prestados
(OLTRAMARI, FRIDERICHS e GRZYBOVSKI, 2014 apud GOETTEMS,
GRZYBOVSKI e PEREIRA, 2017, p. 2) assegura as pessoas o direito à
liberdade da palavra, à equidade, a maior autonomia, ao
autodesenvolvimento e à autodeterminação.(GOETTEMS, GRZYBOVSKI
e PEREIRA, 2017, p. 2)”
há “relação entre ARH e GL [gerentes de linha], a premissa de
corresponsabilidade entre ambos, ou seja, a responsabilidade primária
pela estratégia de pessoas permanece aos execu vos de primeira linha,
contudo, mediante o papel de parceiro estratégico de negócios atribuído
82
Administração em foco
estudos multidisciplinares

a ARH. Na prá ca, significando que os execu vos das unidades


corpora vas e devisionais de negócios, bem como os gestores de
recursos humanos devem assumir posições de igualdade (DYER e
KOCHAN, 1994 apud ROSA e BOTTER, 2017, p. 2)”
[contemporaneamente] “dentro da perspe va sistêmica e
evolucionária, com as estruturas de GRH descentralizadas, flexíveis,
informais, fluídas, não-lineares e em processo de mudança con nua.
Nessas organizações a responsabilidade pela GRH é de todos os
gestores, todos os empregados, toda a organização, inclui conceitos
como autogestão, o networking e competências mui culturais e está
integrada ao planejamento estratégico (AHRES, OGLIARA e FISCHER,
2017, p. 3-4)”
“gestão estratégica de pessoas [que é] a conexão ver cal das prá cas de
GP [gestão de pessoas] com a estratégia organizacional e,
horizontalmente, a congruência entre as várias prá cas de gestão de
pessoas (WRIGHT & McMAHAN, 1992 apud CASTRO et al, 2018, p. 2) ou,
ainda, como a GP [gestão de pessoas] integrada à estratégia da
organização, aliada a polí cas de GP coerentes tanto entre as diferentes
unidades de GP, quanto nos vários níveis hierárquicos, sendo aceitas e
u lizadas por gerentes de linha e funcionários (SCHULER, 1992 apud
CASTRO et al, 2018, p. 2)”

- a vidades de recrutamento, seleção, avaliação, desenvolvimento e


retenção de empregados, processos de contratação, consulta e
negociação com indivíduos (BOXALL e PURCELL, 2011 apud LIMA e
FISCHER, 2017, p. 1)
- polí cas de RH: são desdobramentos da estratégia, buscando
coordenar as prá cas através de um conjunto de regras e procedimentos
para que tenham coerência e sigam na mesma direção. São quatro as
áreas-chaves para a determinação de polí cas de ARH: grau de influência
do empregado (par cipação); o fluxo de ARH (recrutamento, u lização e
demissão); o sistema de recompensas; e os sistemas de trabalho
(organização do trabalho) (STAEHLE, 1990 apud TRINDADE e
ALBUQUERQUE, 2018, p. 6); MARTÍN-ALCAZAR et al, 2015 apud
ELEMENTOS
TRINDADE e ALBUQUERQUE, 2018, p. 6)
CONSTITUTIVOS/
- prá cas de RH: compreendem os programas, processos e técnicas
OPERACIONAIS
operacionalizados em uma organização com o obje vo de atender às
polí cas de gestão de pessoas. Alinhadas, portanto, às polí cas da ARH,
representam as ações de fato (LEPAK e SHAW, 2008 apud TRINDADE e
ALBUQUERQUE, 2018, p. 4); (MARTÍN-ALCAZAR et al, 2015 apud
TRINDADE e ALBUQUERQUE, 2018, p. 4)
- reconhece o trabalho que faço e os resultados que apresento;
preocupa-se em me oferecer remuneração compa vel com a oferecida
no mercado; fornece os materiais, equipamentos e tecnologia
adequados; as minhas sugestões/reclamações são consideradas; oferece
remuneração compa vel com as minhas competências e formação/
escolaridade; costuma me tratar com respeito e atenção; preocupa-se
com a minha saúde e com o meu bem-estar no trabalho, procura

83
Administração em foco
estudos multidisciplinares

conhecer minhas expecta vas para definir minhas a vidades; possui um


plano de carreira claramente definido e conhecido por todos; es mula a
minha par cipação nas tomadas de decisão resolução de problemas;
recebo incen vos; preocupa-se em divulgar informações importantes
para o bom desempenho da minha função; investe no meu
desenvolvimento viabilizando a minha par cipação em eventos
externos; investe em patrocínio parcial ou total em cursos de línguas;
investe em patrocínio parcial ou total de graduações e/ou pós-
geaduações; oferece facilidades no local de trabalho; oferece bene cios;
plano flexível de bene cios; promove eventos sociais para integrar seus
empregados; possui canais de comunicação; procura conhecer minhas
competências para definir minhas a vidades; preocupa-se com a minha
segurança no trabalho; par cipação de treinamentos externos e
palestras; investe em treinamentos internos no local de trabalho (FIUZA,
2008 apud GOETTEMS, GRZYBOVSKI e PEREIRA, 2017, p. 8)
- operacionalizam prá cas e processos de pessoas dentro do negócio.
Apoiam e par cipam da discussão da estratégia de negócios.
Representam os interesses dos empregados e implicações da mudança.
Fazem medição e acompanham o desempenho da área e dos
profissionais.(ROSA e BOTTER, 2017, p. 3)
- recrutamento e seleção: recrutamento é o início do processo, quando se
buscam candidatos para preencher uma vaga na organização, e a seleção
está relacionada com a escolha do candidato adequado para a vaga em
aberto (FRANÇA, 2009 apud AHRES, OGLIARA e FISCHER, 2017, p. 4);
- treinamento e desenvolvimento: o treinamento está relacionado com a
aquisição de conhecimentos, habilidades ou a tudes para que um
funcionário desempenhe melhor o seu papel atual. Já o desenvolvimento
foca no aperfeiçoamento do funcionário para a vidades ou posições
futuras (FRANÇA, 2009 apud AHRES, OGLIARA e FISCHER, 2017, p. 4;
BOHLANDER, SNELL, & SHERMAN, 2009 apud AHRES, OGLIARA e
FISCHER, 2017, p. 4);
- pagamentos e bene cios: pagamentos são as quan as que serão pagas
para um empregado executar um determinado trabalho. Estão
relacionados com as caracterís cas da função e com as habilidades do
empregado (BOHLANDER, SNELL, & SHERMAN, 2009 apud AHRES,
OGLIARA e FISCHER, 2017, p. 4-5). São o retorno financeiro ou econômico
que um funcionário recebe em troca da execução do seu trabalho e estão
relacionados com o cumprimento de obrigações legais, com a atração e
retenção dos colaboradores, e também com o controle de custos da
organização (FRANÇA, 2009 apud AHRES, OGLIARA e FISCHER, 2017, p. 4-
5). Expansão e redução do quadro de funcionários: o planejamento de
recursos humanos está relacionado com a antecipação da
movimentação de pessoas, definindo expansão ou redução do quadro de
funcionários, por consequência de admissão, demissão, promoção e
transferência (BOHLANDER, SNELL, & SHERMAN, 2009 apud AHRES,
OGLIARA e FISCHER, 2017, p. 4-5). Relações de trabalho: cons tuem a
forma como os agentes envolvidos no processo de produção econômica
se relacionam. Envolve não apenas empregados e empregadores, mas
também os sindicatos (FRANÇA, 2009 apud AHRES, OGLIARA e FISCHER,
84
Administração em foco
estudos multidisciplinares

2017, p. 4-5). O obje vo dos recursos humanos nesta área é permi r que
estas relações humanas apresentem uma melhor qualidade de
convivência. (AHRES, OGLIARA e FISCHER, 2017, p. 4-5)
- Não informadas pelos autores (SCHULER, 1992 apud CASTRO et al,
2018, p. 2).
Fonte: pesquisa de campo (2019)
A par r do Quadro 3 a gestão de recursos incumbida tanto de prá cas de recursos
humanos ou administração de recursos h u m a n o s - re l a ç õ e s d e t ra b a l h o
humanos é caracterizada a) um ator burocrá cas – bem como, das polí cas de
ressalta a corresponsabilidade dos recursos humanos – relações de trabalho
gerente de linha e administração de não-burocrá cas alinhadas ao
re c u rs o s h u m a n o s p e l o re c u rs o s planejamento estratégico das
humanos (ROSA e BOTTER, 2017, p. 2); b) organizações (LIMA e FISCHER, 2017, p. 1;
dois autores informam que a gestão ou TRINDADE e ALBUQUERQUE, 2018, p. 4;
administração de recursos humanos CASTRO et al, 2018, p. 2). Na subárea
realiza além da, provisão e manutenção significado do trabalho, sa sfação e
de recursos humanos, o desenvolvimento mecanismos de recompensa o estudo
dos mesmos (GOETTEMS, GRZYBOVSKI e mais recorrente é qualidade de vida no
PEREIRA, 2017, p. 8; AHRES, OGLIARA e trabalho (QVT), suas definições
FISCHER, 2017, p. 4-5); c) a maioria dos cons tu vas preliminares e elementos
autores apontam a gestão ou cons tu vos/operacionais encontram-se
administração de recursos humanos sinte zados no Quadro 4.
Quadro 4 – área temá ca: gestão de pessoas – subárea: significado do trabalho, sa sfação e
mecanismos de recompensa
ESTUDO: qualidade de vida no trabalho (QVT)
A QVT é considerada “como a relação da sa sfação dos trabalhadores em
seu ambiente de trabalho (...) (DAUBERMANN e TONETE, 2012 apud
BORGES et al, 2017, p. 2)” “Está ligado também aos fatores sicos do
ambiente de trabalho que demonstrem a valorização humana (BORGES
et al, 2017, p. 2).” “A qualidade de vida está também ligada à sa sfação
do profissional com as suas a vidades e seu desempenho (BORGES et al,
2017, p. 2).” “Um estado emocional resultante da interação de
profissionais, suas caracterís cas pessoais, valores e expecta vas com o
ambiente e a organização do trabalho (REBOUÇAS, LEGAY e ABELHA,
2007 apud BORGES et al, 2017, p. 2)”
DEFINIÇÃO “como a incorporação das necessidades e aspirações humanas no
CONSTITUTIVA ambiente laboral em si (PALMA e VILLARDI, 2018, p. 4). Assim, o conceito
PRELIMINAR de QVT é abrangente, envolvendo não somente as condições sicas, mas
também um conjunto de condições psicológicas e sociais do ambiente de
trabalho nas organizações. Nesse sen do, indicadores e fatores que
podem ajudar a determinar a QVT em uma ins tuição ou organização e
assim medir mediante análise sistêmica, o estado de global de bem-estar
no ambiente laboral (PALMA e VILLARDI, 2018, p. 4)”
“resposta individual ao ambiente e a tarefa em si, com noções de
controle, sa sfação, envolvimento, compromisso, work-life balance e
bem-estar (HAMMER e ZIMMERMAN apud MANSANO et al, 2017, p. 3)”
“procura abranger, para além de atos legisla vos, o atendimento às
necessidades e aspirações humanas, propondo a humanização do
85
Administração em foco
estudos multidisciplinares

(PIMENTEL, 2003 apud ROTHEBARTH e WATANUKI, 2018, p. 2; KANESIRO,


DURIGAN e KANESIRO, 2004 apud ROTHEBARTH e WATANUKI, 2018, p.
2). Essencialmente, o tema possui enfoque mul disciplinar humanista.
Obje va atender necessidades básicas do sujeito visando elevar o
potencial dos colaboradores e, por consequência, aumentar a
produ vidade empresarial (PIMENTEL, 2003 apud ROTHEBARTH e
WATANUKI, 2018, p. 2); (KANESIRO, DURIGAN e KANESIRO, 2004 apud
ROTHEBARTH e WATANUKI, 2018, p. 2)”
“tem sido u lizado com maior frequência para descrever certos valores
ambientais e humanís cos negligenciados pelas sociedades industriais
em favor do avanço tecnológico, da produ vidade industrial e do
crescimento econômico (WALTON, 1973, p. 11 apud CARVALHO et al,
2018, p.5-6).” “Posto isto, a QVT é uma gestão dinâmica e con ngencial
de fatores sicos, tecnológicos e sócio-psicológicos que influenciam a
cultura e renovam o clima organizacional, espelhando-se como
consequência no bem estar do trabalhador e na produ vidade das
empresas (FERNANDES, 1996 apud CARVALHO et al, 2018, p. 5-6)”
“trata de questões relacionadas ao bem-estar humano nos âmbitos da
saúde, das condições do ambiente de trabalho e de fatores que possam
influenciá-lo (OLIVEIRA; LIMONGI-FRANÇA, 2005 apud REZENDE,
BARBOSA e ASSIS, 2018, p. 2)”, “levando em consideração os níveis de
sa sfação e felicidade que o indivíduo tem em relação ao seu trabalho e
sua carreira (BARBOSA, 2016 apud REZENDE, BARBOSA e ASSIS, 2018, p.
2)”
- sen r seguro; terem bons relacionamentos com os demais envolvidos
na organização; perceberem oportunidades de mostrarem o seu
trabalho (DAUBERMANN e TONETE, 2012 apud BORGES et al, 2017, p. 2)
fatores sicos do ambiente de trabalho (BORGES et al, 2017, p. 2)
sa sfação com suas a vidades e desempenho (BORGES et al, 2017, p. 2)
interação de profissionais; caracterís cas pessoais; valores e
expecta vas com o ambiente e a organização do trabalho (REBOUÇAS,
LEGAY e ABELHA, 2007 apud BORGES et al, 2017, p. 2)”
- fator de estrutura sica; fator de riscos à saúde; fator estresse sico e
pscilógico; fator prá cas ergonômicas adotadas; sa sfação no trabalho
(PALMA e VILLARDI, 2017, p. 9)
ELEMENTOS - esfera biológica/fisiológica: disposição sica e mental, capacidade de
CONSTITUTIVOS/ trabalho, serviços de saúde e assistência social, e tempo de repouso;
OPERACIONAIS psicológica/comportamental: autoes ma, significância da tarefa,
feedback, e desenvolvimento pessoal e profissional; sociológica/
relacional: liberdade de expressão, relações interpessoais, autonomia e
tempo de lazer; econômica/polí ca: recursos financeiros, bene cios
ex t ra s , j o r n a d a d e t ra b a l h o e s e g u ra n ça d e e m p re g o ; e
ambiental/organizacional: [não informado]. (PEDROSO, 2010 apud
MANSANO et al, 2017, p. 6-7).
- polí cos: não informado; econômicos: não informado; sociais:
par cipação nas decisões, autonomia, relacionamento interpessoal,
grau de responsabilidade, valor pessoal; e psicológicos: realização
potencial, nível de desafio, desenvolvimento pessoal e profissional,
cria vidade, autoavaliação, variedade de tarefa, iden dade com a tarefa
(WETLEY, 1979 apud ROTHEBARTH e WATANUKI, 2018, p.2;6)
86
Administração em foco
estudos multidisciplinares

- estados psicológicos crí cos: conhecimento dos resultados,


responsabilidade pelos resultados e significado do trabalho (HACKMAN
& OLDHAM, 1974, 1975 apud CARVALHO et al, 2018, p. 6) No que
concerne à qualidade de vida no trabalho, existem duas perspec vas que
se opõem. A que trata a QVT como uma prá ca que se caracteriza por um
cardápio de a vidades do po an -estresse, tais como dança de salão,
ioga, massagens terapêu cas. A outra perspec va aborda a QVT como
preven va, que consiste numa polí ca focalizada na mudanças das
condições, da organização e das relações sócioprofissionais. Esta é a
perspec va que deve estar presente no panorama das organizações
(FERREIRA, 2012 apud CARVALHO et al, 2018, p. 5-6).”
- mobilização, o comprome mento do indivíduo com a empresa, a
par cipação em decisões e a vidades e com o bem-estar do funcionário
quando executa o seu trabalho na organização (FREITAS e SOUZA, 2009
apud REZENDE, BARBOSA e ASSIS, 2018, p. 2; DECHAWATANAPAISAL,
2017 apud REZENDE, BARBOSA e ASSIS, 2018, p. 2; HASSAN, 2014 apud
REZENDE, BARBOSA e ASSIS, 2018, p. 2); condições de trabalho, as
relações humanas, o suporte organizacional e a compensação (PHAN e
VO, 2016 apud REZENDE, BARBOSA e ASSIS, 2018, p. 2); remuneração
adequada, à saúde, à segurança, à capacidade de crescimento no
emprego e às relações de trabalho (SAMPAIO, 2012 apud REZENDE,
BARBOSA e ASSIS, 2018, p. 2); e sa sfação no trabalho, condições de
trabalho, bem-estar, expecta vas, comprome mento com [a
organização] e remuneração. (REZENDE, BARBOSA e ASSIS, 2018, p. 7-8)
Fonte: pesquisa de campo (2019)
A par r do Quadro 4 a QVT é caracterizada et al, 2017, p. 3; ROTHEBARTH e
a) todos os autores indicam que somados WATANUKI, 2018, p. 2; CARVALHO et al,
aos aspectos de legislatura estão aqueles 2018, p. 5-6; REZENDE, BARBOSA e ASSIS,
de humanização sendo sicos, 2018, p. 2). Na subárea temas emergentes
tecnológicos, psicológicos, sociais, e modismos em gestão de pessoas o
emocionais com vistas a atender o bem- estudo mais recorrente é mulheres no
estar dos indivíduos trabalhadores, a trabalho, suas definições cons tu vas
produ vidade das empresas bem como, a preliminares e elementos
sa sfação profissional e na carreira cons tu vos/operacionais encontram-se
profissional (BORGES et al, 2017, p. 2; sinte zados no Quadro 5.
PALMA e VILLARDI, 2018, p. 4; MANSANO

Quadro 5 – área temá ca: gestão de pessoas – subárea: temas emergentes e modismos em
gestão de pessoas
ESTUDO: mulheres no trabalho
“Assim, desde muito cedo, os meninos têm o trabalho como
representação de masculinidade. Ter uma agenda cheia de
compromissos e preocupações laborais dão sen do à existência do
DEFINIÇÃO homem de classe-média, e garante-lhe certo bem-estar psíquico. Em
contrapar da, a não realização desses apelos gera profundo sen mento
CONSTITUTIVA
de mal-estar e fracasso (NOLASCO, 1993 apud ANTUNES et al, 2018, p. 5).
PRELIMINAR A mulher, por outro lado, foi retratada historicamente como mãe, esposa
dedicada e 'rainha do lar'. “Assim, os limites das representações do
feminino se atêm ao espaço maternal e domés co. Aos homens, foi
des nado o espaço público; às mulheres, o privado (COLLING, 2004 apud
ANTUNES et al, 2018, p. 5).”
87
Administração em foco
estudos multidisciplinares

- as mulheres execu vas, embora tenham galgado considerável ascensão


no ambiente de trabalho, con nuam a ser representadas pelo papel de
mãe e esposa, visto que possuem respaldo social para fracassar na
organização e voltar ao lar. (BETIOL e TONELLI, 1991 apud ANTUNES et al,
2018, p. 5-6); a vida profissional da mulher concorre com a vida privada
(ANDRADE et al, 2002 apud ANTUNES et al, 2018, p. 5-6); CAPELLE et al,
2002 apud ANTUNES et al, 2018, p. 5-6; CRAMER, NETO & SILVA, 2002
apud ANTUNES et al, 2018, p. 5-6); encontrou representações de que
mulheres possuem menos poder de decisão, cabendo aos homens
assumir este papel. Os autores sugerem que essa representação limita o
espaço da mulher a cargos e funções que envolvem menor poder ou
par cipação no processo decisório (ANDRADE et al, 2002 pud ANTUNES
et al, 2018, p. 5-6); as mulheres são excessivamente cautelosas,
encontrada na pesquisa realizada por Be ol e Tonelli (1991), também
pode ter implicações para a ascensão profissional na mulher. Afinal, a
ELEMENTOS cautela em excesso pode inibir a disposição para assumir riscos e,
CONSTITUTIVOS/ consequentemente, prejudicar a habilidade de tomar decisões (BETIOL e
OPERACIONAIS TONELLI, 1991 apud ANTUNES et al, 2018, p. 5-6); é a representação de
que o ambiente organizacional é marcado por preconceito e ce cismo
em relação à competência da mulher (ANDRADE et al, 2002 apud
ANTUNES et al, 2018, p. 5-6; BETIOLl & TONELLI, 1991 apud ANTUNES et
al, 2018, p. 5-6; CAPELLE et al, 2002 apud ANTUNES et al, 2018, p. 5-6;
CRAMER, NETO & SILVA, 2002 apud ANTUNES et al, 2018, p. 5-6)
enquanto as representações masculinas tornam os homens aptos para o
trabalho, as representações femininas produzem sérias restrições ao
trabalho da mulher nas organizações. (ACKER, 1990 apud ANTUNES et al,
2018, p. 5-6); as mulheres, muitas vezes, têm que se comportar como
homens para se manterem no trabalho e alcançarem cargos mais altos
(CARVALHO NETO et al, 2014 apud ANTUNES et al, 2018, p. 5-6)
- melhor escolaridade em relação ao homem (IBGE, 2011 apud DIAS,
SANTOS e PACHECO, 2018, p. 2); capacidade de flexibilidade e ampla
visão sobre o sistema gerencial (FLEURY, 2013 apud DIAS, SANTOS e
PACHECO, 2018, p. 2)
Fonte: pesquisa de campo (2019)
A par r do Quadro 5 mulheres no metodologia de pesquisa é de natureza
trabalho são caracterizada a) um autor qualita va de nível exploratório com
indica que historicamente, o mercado de técnica de pesquisa de documentação
trabalho é des nado a homens (ANTUNES indireta por meio de pesquisa
et al, 2018, p. 5), as mulheres são bibliográfica ou de fontes secundárias no
representadas inicialmente, no espaço idioma português.
domés co e maternal. A seguir, é Foi pesquisada a área de gestão de
apresentada a conclusão. pessoas das edições do SEMEAD/USP do
5 Conclusão anos de 2016 a 2018, obtendo na subárea
Este relato de pesquisa tem por obje vo de carreiras e competências 05 (cinco)
enunciar estudos mais recorrentes do estudos; a subárea de gestão de pessoas e
C.O. publicados no Seminários de equipes 06 (seis) estudos; na subárea de
Administração (SEMEAD/USP) entre os polí cas, modelos e prá cas 06 (seis)
anos de 2016 a 2018. Para tanto, sua estudos; significado do trabalho,

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

sa sfação e mecanismos de recompensa sendo sicos, tecnológicos, psicológicos,


totalizou 06 (seis); e temas emergentes e sociais, emocionais com vistas a atender o
modismos foram encontrados 02 (dois) bem-estar dos indivíduos trabalhadores,
estudos, seguem as conclusões: a produ vidade das empresas bem como,
i) na subárea carreiras e competências o a sa sfação profissional e na carreira
tema mais recorrente foi competência profissional (BORGES et al, 2017; PALMA e
profissional a qual para a maioria dos VILLARDI, 2018; MANSANO et al, 2017;
autores está predominantemente, ROTHEBARTH e WATANUKI, 2018;
relacionada à competência individual CARVALHO et al, 2018; REZENDE,
prescrita pela escola francesa (MELO, LUZ BARBOSA e ASSIS, 2018); e
e BARROS, 2017, p. 1-5; FAÇANHA et al, v) na subárea temas emergentes e
2017, p. 2; ARAÚJO, 2017, p. 4) com o modismos em gestão de pessoas,
sen do do indivíduo trabalhador saber mulheres no trabalho é o estudo mais
mobilizar recursos com consequente recorrente onde um autor indica que
agregação de valor ao indivíduo e à historicamente, o mercado de trabalho é
organização; des nado a homens (ANTUNES et al,
ii) na subárea gestão de pessoas e equipes 2018, p. 5), as mulheres são
o tema mais recorrente foi liderança representadas inicialmente, no espaço
caracterizada para a maioria dos autores domés co e maternal. Apenas
como aquela que deve exercer complementando, Dias, Santos e Pacheco
consideração individualizada dos (2018, p. 1), a par r do Ins tuto Brasileiro
liderados por meio de trocas formais e de Geografia e Esta s ca (IBGE, 2011),
informais - leader-member exchange - que a mulheres no mercado de trabalho
entre os mesmos com vistas a atender estão em sua maioria presentes no setor
interesses mútuos (VERSIANI e de serviços prestados à empresas
CARVALHO NETO, 2017, p. 2-4; KRAUSE et realizando serviços administra vos com
al, 2018, p. 2) com o sen do de que a carteira assinada.
liderança deve priorizar a proximidade – A principal limitação deste ar go
presencial e virtual - a seus liderados; concentra-se em consultar apenas um
iii) na subárea de polí ca, modismos e grande congresso cien fico da área de
prá cas teve recorrência o tema gestão Administração, o SEMEAD/USP. No
ou administração de recursos humanos entanto, a não-gratuidade de acesso a
onde a maioria dos autores afirma a outros congressos limitou o número de
incumbência tanto das prá cas de estudos de C.O. consultados. Sua
recursos humanos - relações de trabalho contribuição maior concentra-se em
burocrá cas – bem como, das polí cas de iden ficar interesses recorrentes de
recursos humanos – relações de trabalho pesquisa relacionadas ao C.O. publicados
não-burocrá cas alinhadas ao na área gestão de pessoas do
planejamento estratégico das SEMEAD/USP. Novos i nerários de
organizações (LIMA e FISCHER, 2017, p. 1; pesquisa poderiam a) ampliar o período
TRINDADE e ALBUQUERQUE, 2018, p. 4; de pesquisa dos estudos sobre C.O. no
CASTRO et al, 2018, p. 2); SEMEAD/USP; e b) operacionalizar esta
iv) na subárea de significado do trabalho, pesquisa em outro importante congresso
sa sfação e mecanismos de recompensa na área de gestão de pessoas que é uma
estudos sobre QVT foram os mais d a s g ra n d e s á re a s d e e st u d o d a
recorrentes onde todos os autores Administração.
indicam que somados aos aspectos de
legislatura estão aqueles de humanização

89
Administração em foco
estudos multidisciplinares

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92
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 6
Mercado de trabalho e políticas públicas de emprego e renda:
uma análise no setor de serviços e comércio

Silvio Roberto Stefano


Docente do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
Email: professor-silvio@hotmail.com
ORCID: h p://orcid.org/0000-0002-5871-8686

José Luiz Pinheiro Gomes


Egresso do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
Email: joseluizgomes1805@gmail.com
ORCID: h p://orcid.org/0000-0002-8223-2571

Fernanda Almeida da Silva Rosa
Egresso do curso de Administração
Email: fer_almeida-silva@hotmail.com
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
ORCID: h p://orcid.org/0000-0002-5601-3535

Luiz Fernando Lara


Docente do curso de Administração
Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG/Pr
Email: lflara2010@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-1258-7019

93
Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução comerciais e prestadoras de serviços e as


Nas úl mas três décadas, o Brasil passou polí cas públicas de emprego e
por um processo de globalização e qualificação em um município do interior
modernização da sua cadeia produ va do estado do Paraná? E o obje vo
com a introdução de novas tecnologias, principal dessa pesquisa foi analisar os
tornando- se mais exigente em relação à principais indicadores do mercado de
qualificação dos trabalhadores. Nesse trabalho envolvendo as empresas
sen do, a tecnologia reduziu os postos de comerciais e prestadoras de serviços e as
trabalhos e as vagas que permaneceram polí cas públicas de emprego e
são cada vez mais complexas, u lizam qualificação em um município do interior
novas técnicas e exigem do trabalhador do estado do Paraná. Foram pesquisados
maior capacitação. q u at ro ó rgã o s re s p o n s áve i s p e l o
Segundo Fernandes et al. (2019), nas desenvolvimento de polí cas públicas
configurações atuais, o mercado de para geração de renda e emprego e cem
trabalho tem exigido um maior nível de trabalhadores quanto a sua
escolaridade, qualificação, capacitação, empregabilidade e percepções sobre o
constante atualização e compreensão em mercado de trabalho no município. A
relação às novas tecnologias, sem isso fica seguir apresenta-se a fundamentação
comprome da a rápida inserção do teórica do estudo.
trabalhador em um mercado altamente 2 Referencial teórico
compe vo, o que se reflete sobre as 2.1 Panorama do mercado de trabalho
chances de se obter sucesso profissional. brasileiro
Essas mudanças nas relações de trabalho, O termo mercado de trabalho pode ser
somadas com as crises econômicas, interpretado de diferentes formas, de
tornaram o mercado de trabalho mais acordo com a vertente teórica u lizada.
dinâmico e compe vo, na medida que Porém, há uma compreensão
ocorre um aumento desproporcional da predominante de que este é um “lugar”
demanda em relação a oferta de trabalho, (eventualmente abstrato) onde a
ocasionando a elevação do desemprego. demanda e oferta de emprego se
Assim, surgem no governo, no meio confrontam, essas quan dades de
acadêmico e na sociedade em geral, demanda e oferta se ajustam em função
preocupações sociais e econômicas do “preço” (salários) pra cado (OLIVEIRA
decorrentes dos altos e crescentes índices e PICCININI, 2011).
de desemprego. No Brasil, o mercado de trabalho
De um lado o governo procura amenizar começou a surgir efe vamente somente
as consequências do desemprego por após 1930, visto que nas décadas
meio da elaboração de polí cas públicas anteriores o país estava passando por um
para geração de trabalho e renda; por processo de reestruturação, desde o fim
outro, o meio acadêmico contribui com os da escravidão. O surgimento deste
resultados de seus estudos tentando mercado foi marcado pela migração dos
inves gar e compreender essas nordes nos para alimentar o processo de
complexas relações capitalistas de industrialização, concentrado na Região
trabalho, que dão origem a novas teorias Sudeste, em especial na cidade de São
e termos, como a da recente Paulo (DEDECCA, 2005).
empregabilidade. Nas décadas seguintes, entre 1940 e
Nesse contexto, este estudo teve como 1960, houve um grande aumento,
questão norteadora de pesquisa: quais principalmente no mercado de trabalho
são os principais indicadores do mercado urbano, que gerou 5,1 milhões de
de trabalho envolvendo as empresas empregos, enquanto o rural gerou 2,5

94
Administração em foco
estudos multidisciplinares

período, fica ainda mais evidente a a vidade produ va (ROSANDISKI, 2016).


intensificação da urbanização no Brasil, Para Marinho e Freitas (2019), com as
proveniente da industrialização (CANO, mudanças tecnológicas, a intensificação
2016). da compe ção, as crises econômicas e os
Segundo Barbosa (2016), nos anos de altos índices de desemprego causados
1960-1970 esse processo de pelo processo de globalização da
industrialização já nha a ngido estados economia, surge a necessidade por parte
brasileiros, inclusive do Norte e Nordeste. do governo (a par r dos anos 1990 e com
Nesse período, já haviam sido mais ênfase nas décadas seguintes), de
estabelecidos alguns direitos trabalhistas, formular polí cas públicas para a
como o salário mínimo, e algumas diminuição do desemprego.
ocupações ou categorias profissionais Ainda segundo Rosandiski (2016), foi
nham conseguido se organizar em nesses anos que o mercado de trabalho
sindicatos e conquistar outras vantagens. começou a ganhar os contornos que tem
Entre as décadas de 1970 e 1980, segundo até os dias atuais, passando a ser mais
Dedecca (2005), o país foi marcado por sele vo, no qual as empresas passam a
importantes acontecimentos, como a dar preferência para aqueles
perda da legi midade do projeto militar trabalhadores mais instruídos, enquanto
autoritário e a ascensão de movimentos aqueles com menores escolaridade
sindicais, abrindo a porta do país para e n co nt ra m d i fi c u l d a d e s p a ra s u a
grandes mudanças polí cas. Nesse inserção. Isso tudo ocorre pela
período, o crescimento do movimento necessidade de adequação das novas
s i n d i ca l fo i a co m p a n h a d o co m a técnicas de produção e devido ao
reinvindicação do desenvolvimento processo organizacional, que incita a
econômico atrelado ao movimento social. concorrência entre trabalhadores por
Entre os anos 1980 e 1990 as empresas uma vaga.
brasileiras começaram um processo de 2.2 Empregabilidade
modernização, com o advento das novas O termo empregabilidade é
tecnologias, surgindo a necessidade de rela vamente novo e muito dinâmico,
uma força de trabalho mais capacitada. estando relacionado com a capacidade de
Para Fogaça e Salm (2006), nesse período um indivíduo de conquistar o seu sucesso
a situação do cenário brasileiro foi de no mercado de trabalho. Para isso, o
adequação dos seus recursos humanos às trabalhador deve preocupar-se com o
novas exigências e tecnologias do desenvolvimento de diversas
mercado de trabalho: a centralidade da competências e diferenciais, as quais
educação, seja para maior podem torná-lo mais empregável
compe vidade, seja pela difusão das (FONZAR e MARCANTONIO, 2014).
novas formas de produzir. N e s s e s e n d o, s e g u n d o L e m o s e
Na década de 1990 o Brasil foi marcado Rodriguez (2008), sob a perspec va da
por uma recessão econômica em que as empregabilidade cabe ao trabalhador
organizações veram que reestruturar o mostrar-se atraente aos olhos dos
seu quadro de funcionários, eliminando empregadores e comprome do
postos de trabalho. Diante de uma grande ininterruptamente com a melhoria de sua
oferta de mão de obra e do processo de capacitação profissional, que deixa de ser
modernização, os beneficiados foram apenas uma a vidade em um tempo
aqueles trabalhadores que possuíam específico da vida do trabalhador, para
maiores níveis de escolaridade, pois essa torna-se uma preocupação constante
força de trabalho representava maior visando a atualização de suas
contribuição para a manutenção da capacidades, almejando o seu

95
Administração em foco
estudos multidisciplinares

desenvolvimento individual e qualita va e quan ta va. A coleta


profissional. qualita va de dados, abrangeu
Para Balassiano et al. (2005), a teoria da entrevistas semiestruturadas com os
e m p r e ga b i l i d a d e é h e r d e i ra d o s representantes da Agência do
pressupostos da teoria do capital Empreendedor, Agência do trabalhador,
humano, uma vez que relaciona a Sindicato dos bancários e Sindicato
educação e a qualificação profissional Municipal dos Professores e Servidores
como aspectos fundamentais para se Públicos de Guarapuava. Esses órgãos
enfrentar os desafios impostos pela nova foram selecionados devido as suas
conjuntura do mercado de trabalho. possíveis par cipações em relação às
Segundo Minarelli (1995, p. 49), a polí cas públicas de qualificação em
empregabilidade pode ser estruturada Guarapuava.
em seis pilares: a competência Na segunda etapa foi realizada uma
profissional, idoneidade, saúde sica e abordagem quan ta va com análises de
mental, reserva financeira e fontes informações sobre o mercado de trabalho
alterna vas de relacionamento. Nesse dos setores de serviços e comércio pelo
contexto, Fonzar e Marcantonio (2014, portal do Cadastro Geral de Empregados e
p.127) afirmam que “se todos os pilares Desempregados e uma pesquisa de
da sustentabilidade es verem unidos e campo por conveniência com 100
sustentados, mesmo que uma pessoa trabalhadores na Agência do Trabalhador
perca seu emprego, ela consegue em Guarapuava. Assim como nas
s u stentar s u a emp regab ilid ad e e entrevistas, essa pesquisa foi realizada
conquistar um novo trabalho”. durante o mês de novembro de 2018, por
A par r desse raciocínio, fica claro que a meio de um ques onário com 25
qualificação profissional surge como uma questões fechadas, a respeito dos pilares
condição indispensável para que o da empregabilidade e das percepções dos
trabalhador possa atender as exigências trabalhadores sobre o mercado de
no atual modelo econômico, bem como trabalho em Guarapuava. O ques onário
para manter seu emprego, em uma era na foi adaptado de uma pesquisa realizada
qual a compe vidade e as novas p e l o g r u p o d e p e s q u i s a d o re s d a
tecnologias demandam pessoas cada vez Universidade de Brasília (MARINHO, et
mais capacitadas (FERNANDES et al, al., 2010) sobre o mercado de trabalho e
2019). de Minarelli (1995) sobre uma
3 Metodologia da pesquisa autoavaliação de Empregabilidade para
Esse estudo é de caráter descri vo e atender os obje vos da pesquisa.
procurou pesquisar os principais órgãos 4 Resultados e discussão
responsáveis por polí cas públicas de 4.1 Análise dos indicadores de
qualificação, bem como as condições de emprego/desemprego de guarapuava
empregabilidade dos trabalhadores de no setor de serviços, comércio e
Guarapuava. Segundo Hair et al. (2005, p. indústria
86) “os estudos descri vos podem dar ao Inicialmente foram inves gados os
usuário um panorama ou uma descrição indicadores de emprego (admissões) e
dos elementos administra vos em um desemprego (demissões) formais do
dado ponto no tempo”. Para Flick (2009), município de Guarapuava no período de
esses estudos são importantes para 2014 a 2018. Os dados u lizados foram
apresentar com precisão os ângulos ou ob dos no portal do Cadastro Geral de
dimensões de um fenômeno, Empregados e Desempregados (CAGED,
acontecimento, contexto ou situação. 2019) e correspondem aos empregos com
O estudo é inicialmente classificado como carteira assinada.
misto, pois teve uma abordagem
96
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 1: Número de admissões e demissões por setor econômico em Guarapuava.


Ano/vagas
2014 2015 2016 2017 2018 Total
Serviço 410 -41 -103 163 437 866
Comércio 162 -231 -66 96 471 432
Indústria -55 -518 -440 139 -53 -927
Total 517 -790 -609 398 855 371
Fonte: CAGED (2019).
Os dados do quadro 1 mostram que a con nua.
par r de 2015 o município começou a A recuperação na geração de empregos
perder postos de trabalho, ou seja, o retorna apenas em 2017 no município,
número de desligamentos passou a ser quando os setores de comércio e serviços
maior que o de admissões. Tal fenômeno foram responsáveis juntos por 259 novos
p o d e te r ex p l i ca çã o n a re c e s s ã o postos gerados; essa recuperação é ainda
econômica que decorreu da crise mais visível em 2018, quando esses dois
econômica, social e polí ca que se setores geraram mais que o triplo de
instalou no país nos úl mos anos. emprego verificado no ano anterior.
Conforme Rossi e Melo (2017), a par r do O comércio pode ser dividido em dois
primeiro trimestre de 2015 o Brasil subsetores, de acordo com as
começou a sofrer uma recessão caracterís cas do negócio, sendo
econômica, quando não só o Produto classificado em comércio varejista e
Interno Bruto – PIB começou a registrar atacadista. O quadro 2 apresenta os
sequências de queda, como também o dados de emprego e desemprego do
consumo das famílias, os empregos e a comércio de acordo com a caracterís ca
renda começaram a despencar de forma do negócio.
Quadro 2: Postos (admissões e demissões) no comércio de acordo com po de a vidade.
Postos gerados pela classificação do negócio (comércio)
2014 2015 2016 2017 2018 Total
Comercio Varejista 209 -256 -178 -24 368 119
Comércio Atacadista -47 31 112 120 103 313
Fonte: CAGED (2019).
De acordo com o quadro 2, pode-se setor de serviços, dividido em seis
observar no município que o comércio subsetores, de acordo com as
atacadista só não gerou empregos no ano caracterís cas do negócio: Ins tuições de
de 2014, em contrapar da ao comércio c ré d i to, s e g u ro s e ca p i ta l i za çã o ;
varejista, que só gerou empregos em dois Comercialização e administração de
dos cinco anos analisados: 2014 e 2018. imóveis, valores mobiliários; Transportes
Entre 2015 e 2018 o comércio varejista e comunicações; Serviço de alojamento,
mostrou sua importância na geração de alimentação, reparação, manutenção;
empregos em Guarapuava. Serviços médicos, odontológicos e
Também foram analisados os dados do veterinários; Serviços de Ensino.

97
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 3: Admissões e Demissões no setor de serviços de acordo com po de a vidade.


Postos gerados pela classificação do serviço
2014 2015 2016 2017 2018 Total
Ins tuições de crédito, seguros e capitalização -2 -17 -7 -12 16 -22
Comercialização e administração de imóveis... 151 70 -66 36 87 278
Transporte e comunicações 24 -64 -5 -10 113
- 58
Alojamento, alimentação, reparação... 113 -120 -102 85 119 95
Médicos, odontológicos, veterinários 20 54 54 59 50 237
Ensino 104 36 23 5 52 220
Fonte: CAGED (2019).
Conforme o Quadro 3, dos seis subsetores fechou 22 postos de emprego formal no
analisados apenas dois se man veram período de análise, possivelmente devido
gerando emprego durante os cinco anos ao próprio número de desempregos
analisados: aqueles relacionados com a nesse período, acarretando em menor
saúde e com o ensino. O subsetor de confiança no mercado pelas empresas
alojamento, alimentação e reparação que prestam esse po de serviços.
destacou-se nega vamente entre 2015 e 4.2 Delineamento das polí cas públicas
2015, perdendo 222 postos de emprego, de emprego e renda: atribuições dos
porém nos outros três anos (2013, 2017, órgãos intermediadores
2018) teve um ó mo desempenho, A pesquisa inves gou os órgãos que são
gerando 317 postos de empregos, o que responsáveis ou estão envolvidos com as
determinou um saldo para o período de polí cas públicas voltadas à geração de
95 vagas. emprego e qualificação no mercado de
O subsetor que mais gerou empregos no trabalho de Guarapuava. Dessa forma,
período analisado foi o de foram realizadas entrevistas
comercialização e administração de semiestruturadas com os dirigentes
imóveis e valores mobiliários, que gerou desses órgãos, com o obje vo de
278 empregos formais, seguido do setor entender quais são essas polí cas e quais
de saúde, com 237 empregos, e do de as contribuições, atribuições e
ensino, com 210 empregos. responsabilidades desses órgãos na
O subsetor que congrega as ins tuições geração de qualificação e empregos no
de crédito, seguros e capitalização foi o município. O quadro 4 apresenta os
único que gerou saldo nega vo no órgãos entrevistados.
decorrer dos 5 anos analisados, visto que
Quadro 4: Iden ficação de Órgãos responsáveis ou envolvidos com polí cas públicas de
emprego e renda.
Órgãos Pesquisados
Categoria Agência do Sindicato dos
Agência do trabalhador SISPPMUG
empreendedor bancários
- Parceria com a
Prefeitura e Senac na - Cursos para - Parceria com a
oferta de cursos de os Secretaria de ciência - Órgão não é
Polí cas Públicas qualificação colaboradores e tecnologia e a responsável
de emprego e - Oferta de cursos na do sindicato, Unicentro. por nenhuma
renda área de confeitaria, na área de - Oferta de cursos polí ca
panificação, hotelaria, sindicato. para empresários na pública.
balconista, atendente, área de gestão.
fiscal, entre outros.

98
Administração em foco
estudos multidisciplinares

- Par cipação - Par cipação


- Intermediação da mão
nas decisões nas decisões
de obra;
da da
- Habilitação do seguro -Criação de polí cas
administração administração
Responsabilidade desemprego; públicas para o
pública pública
-Captação de vagas microempreendedor.
quanto a quanto a
diretamente na
polí cas polí cas
empresa.
públicas. públicas.
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Conforme o Quadro 4, foram pesquisadas duas públicas, a Agência do Trabalhador e
quatro ins tuições, sendo duas do ramo a Agência do Empreendedor. O quadro 5
sindical, o Sindicato dos Bancários e o traz o perfil dos entrevistados que
Sindicato dos Servidores Públicos e representaram esses órgãos.
Profissionais de Guarapuava, e outras
Quadro 5: Perfil dos entrevistados.
Nome Sexo Idade Tempo de Formação Função
fic cio (anos) trabalho (anos)
A Masculino 56 1,5 Ensino Médio Gerente
B Feminino 41 10 Pós-graduada em Ed. Física Presidente
Feminino Encarregada
C 39 5 Graduada em Eng. Alimentos o órgão
D Masculino 43 12 Graduado em Administração Presidente
Fonte: dados da pesquisa de campo.
De acordo com o quadro 5, foram para o público feminino nas áreas de
entrevistados dois homens e duas confeitaria, panificação e outros.
mulheres, com idade de 39 a 56 anos, com O gerente da empresa (Entrevistado A)
tempo de trabalho de 1,5 a 12 anos, com relatou a importância da prefeitura no
formação de ensino médio até pós- custeio total de alguns cursos que são
graduação, e respondendo pelos cargos o fe r ta d o s g rat u i ta m e nte p a ra o s
de encarregado, gerente e presidente da trabalhadores, por meio do SENAC
en dade. (Serviço nacional de Aprendizagem
O primeiro órgão foi a Agência do Comercial) e da Agência do Trabalhador.
Trabalhador, onde o Entrevistado A Para o entrevistado A, “a falta de
ocupava o cargo de gerente e nha 10 qualificação de mão de obra é o maior
trabalhadores sob sua responsabilidade. empecilho para o trabalhador se colocar
Os cursos de qualificação do órgão no mercado de trabalho”. Portanto,
geralmente são feitos em parceria com procurou-se valorizar os cursos de
outras ins tuições, sejam elas privadas ou qualificação para que o trabalhador
públicas. consiga emprego e a empresa consiga
Nas ins tuições privadas, o gerente citou encontrar a mão de obra qualificada.
como exemplo a abertura do Shopping Segundo Mar ns e Oliveira (2017), ao
Cidade dos Lagos, ocasião em que a longo das úl mas décadas um importante
agência foi responsável pela capacitação desafio vem se apresentando aos
e encaminhamento de parte da mão de trabalhadores que buscam se inserir no
obra necessária para a abertura do mercado de trabalho: a questão da
empreendimento, oferecendo cursos qualificação profissional, compreendida
como balconista, atendente, fiscal de como requisito para a empregabilidade.
caixa e outros. Já nas parcerias com a A Agência do Trabalhador não u liza
ins tuição pública foi citada, como nenhum indicador específico para
exemplo, a parceria com a Secretaria mensurar a avaliação desses resultados,
Municipal da Mulher, oferecendo cursos porém o Entrevistado A avalia que os
99
Administração em foco
estudos multidisciplinares

resultados são bons, alegando que “as geradoras de postos de trabalho no Brasil,
pessoas com qualificação têm a maior merecendo assim uma atenção da
chance de se colocar no mercado de administração pública.
trabalho”. Segundo o SEBRAE (2018), entre janeiro e
O Entrevistado A também ressaltou a setembro de 2018, as MPEs foram
importância de buscar novas parcerias responsáveis pela geração de 575 mil
com outras ins tuições, com o obje vo de postos de empregos com carteira
melhorar e aumentar o número de cursos assinada, sendo quase 5 vezes maior que
para que mais trabalhadores possam ser a quan dade gerada pelas empresas de
qualificados. grande porte, que contabilizaram 130,4
Para Alves e Alberto (1995), terá que mil empregos no país.
ocorrer um enorme esforço do governo Para a Entrevistada “B”, essa segunda
e m p a rc e r i a c o m i n s t u i ç õ e s d e polí ca “pode acabar gerando mais
qualificação profissional, empresas e empregos dentro daquele trabalho que
universidades, para se desenvolver um ela está ofertando naquele momento”. A
po de metodologia que capacite os entrevistada concluiu assim
trabalhadores, de forma a obter os manifestando a sua opinião sobre os
resultados desejados, ou seja, a rápida resultados dessas polí cas públicas: “As
inserção do trabalhador. da secretaria de polí cas públicas para as
A representante do Sindicado dos mulheres está tendo um bom êxito, que
Servidores (funcionários públicos e as mulheres estão conseguindo ser
professores municipais de Guarapuava - encaminhadas para o mercado de
Entrevistada B), ocupa o cargo há 10 anos trabalho, e por parte da agência do
e possui 15 pessoas sob sua coordenação. trabalhador foi posi va, pois regularizou a
Ela falou que o órgão em si não é questão da informalidade”.
responsável direto por nenhuma polí ca A preocupação com a formalização do
de qualificação para os afiliados ou para a trabalhador tem uma razão, pois sem a
s o c i e d a d e e s i m a p e n a s p a ra o s formalidade os trabalhadores não têm
trabalhadores do órgão na área sindical. assegurados os seus direitos e bene cios,
A Entrevistada B, assim como o como aposentaria, licença maternidade,
entrevistado A, relatou que o que se pode licença por acidente de trabalho, entre
observar de polí cas públicas para outros (ESTUMAN; SANTOS, 2017).
geração de emprego em Guarapuava vem A próxima entrevistada, iden ficada
da Prefeitura, através das suas como “C”, foi a encarregada responsável
secretarias, como a da Mulher, que oferta pela a Agência do Empreendedor de
cursos para que as mulheres ví mas de Guarapuava. Segundo ela:
violência domés ca possam obter O órgão tem como essência a
a u to n o m i a fi n a n c e i ra at ravé s d a formalização e a emissão de alvará do
capacitação de alguns cursos como de microempreendedor individual, mas que
azulejista e pintura automo va. também oferece outros serviços como
Outras duas polí cas públicas que a crédito em parceria com a fomenta
entrevistada percebe em Guarapuava paraná, cursos em parceria com a
ocorrem por meio da Agência do Unicentro, o curso do bom negócio em
Empreendedor, que oferece estrutura parceria forte com o SEBRAE,
para quem quer empreender, e suporte desenvolvimento de oficinas, orientações
para a par cipação das Micro e Pequenas para par cipar de oficinas tudo com foco
Empresas (MPEs) locais nos processos no pequeno empresário.
l i c i ta t ó r i o s m u n i c i p a i s . A s M P E s A entrevistada C declarou que atualmente
a p re s e n ta m - s e c o m o a s m a i o re s o órgão é responsável por algumas

100
Administração em foco
estudos multidisciplinares

polí cas públicas de qualificação, como o para esses cursos de qualificação, a


curso do Bom Negócio de Gestão Entrevistada C respondeu:
Empresarial, feito em parceria com a O empresário já tomou a agência do
Secretaria de Ciência e Tecnologia do empreendedor como referência na
Estado e a UNICENTRO. Para a abertura de empresas e no curso de
Entrevistada é muito comum que o qualificação, então ele vem até nós para
empreendedor saiba executar um rar dúvidas ou quando ele precisa de
trabalho com muito sucesso, porém não dinheiro, portanto já está se tornando
possui muito conhecimento sobre gerir referência no município nos meios dos
um negócio e esse curso permite ao empreendedores, mas claro que a gente
empreendedor aperfeiçoar a gestão de tem estratégia de divulgação, vai para a
sua empresa. rádio, pelo site da prefeitura e pelo nossos
O microempreendedor é ó mo no que ele eventos.
faz, por exemplo, uma confeiteira vem e Para ela os obje vos da essência da
abre um MEI, ela sabe fazer bolo, mas e a Agência do Empreendedor estão sendo
gestão da empresa como fica? então alcançados, porém ainda há muitas coisas
nesses 14 encontros do curso bom a serem feitas no munícipio, como a
negócio vão ter feira, vão tratar da gestão conscien zação dos empresários da
comercial, financeira, de pessoas, de importância de se fazer o curso e não
todos os recursos (Entrevistado C). como uma obrigação para com a Agência.
O curso Bom Negócio Paraná promove o Outro indicador que mostra a efe vidade
desenvolvimento de municípios e da agência do empreendedor é que antes
comunidades, através da capacitação de demorava 120 dias em média para
micro e pequenos empreendedores para abertura do registro do Micro
gerir e administrar o seu negócio, mesmo Empreendedor Individual (MEI) e agora
que ele ainda não exista. Tal capacitação é demora entre 2 a 15 dias, dependendo do
responsável pelo crescimento dos po de empresa.
negócios, além de induzir à geração de O entrevistado D representa o Sindicatos
emprego, renda, melhorando, assim, a dos Bancários da região de Guarapuava,
qualidade de vida da população (PARANÁ, ocupa o cargo de presidente e tem 24
2019). pessoas sob sua supervisão. O órgão não
Ao contrário dos entrevistados é responsável por nenhuma polí ca
anteriores, envolvidos com as polí cas pública de qualificação nem para seus
públicas para geração de emprego de filiados, nem para a sociedade. Ele relatou
origem totalmente municipal, as da que é importante o Estado par cipar no
Agência do Empreendedor emanam do desenvolvimento de polí cas públicas de
Governo Estadual. geração de emprego e renda,
Sobre as responsabilidades da Agência do principalmente em momentos de crise,
Empreendedor na geração de polí cas de para que os trabalhadores possam
emprego e renda, a Entrevistada C conseguir emprego.
ressaltou que o órgão possui várias O Sindicato também par cipa
premiações, que são o reconhecimento representando os trabalhadores nos
por parte de outras ins tuições e da conselhos municipais como o da Cidade,
sociedade, de que o órgão executa bem as do Trânsito, da Mulher, da Saúde. Assim,
polí cas públicas voltadas para o pode par cipar nas decisões que de
microempreendedor. alguma forma afetam os empregos e os
Quando perguntada sobre as estratégias trabalhadores. O entrevistado D entende
que a Agência do Empreendedor que as ações do órgão não geram
desenvolve para atrair os empresários diretamente emprego, porém eles

101
Administração em foco
estudos multidisciplinares

par cipam de forma indireta através de potencialidades locais e, assim, traçar


crí cas sobre as decisões da diretrizes e prioridades para as polí cas
administração pública. públicas de emprego, trabalho e renda.
Foi lembrado pelo entrevistado a Cabe aos conselheiros a importante
desa vação do Conselho Municipal do tarefa de exercer o papel polí co de
Tr a b a l h o d e G u a r a p u a v a , p o r gestores da polí ca do trabalho, emprego
desinteresse do poder público local e renda no seu município par cipando das
nessas a vidades. Segundo a Secretaria ações mais relevantes.
da Jus ça, Trabalho e Direitos Humanos Por fim, o quadro 6 apresenta uma síntese
do Estado do Paraná (PARANÁ, 2019b), das polí cas públicas voltadas para a
por meio de uma car lha, os obje vos qualificação e geração de empregos
desse conselho são: citadas durante as entrevistas com os
Iden ficar as reais necessidades e representantes dos órgãos pesquisados.
Quadro 6: Síntese das polí cas públicas desenvolvidas no município de acordo com os
órgãos pesquisados.
Categorias (Polí cas) Subcategorias
Órgão: Agência do Trabalhador
Intermediação de mão de
Origem: Estadual
Obra
Obje vo: Intermediar o trabalhador com a empresa.
Órgão: Agência do Trabalhador
Atendimento do Seguro
Origem: Estadual
Desemprego
Obje vo: Serviços relacionados ao seguro desemprego.
Órgão: Agência do Trabalhador, Secretaria da Mulher e SENAI
Ofertas de cursos gratuitos
Origem: Municipal
de qualificação para os
Obje vo: Capacitar e facilitar a inserção do trabalhador no mercado de
trabalhadores.
trabalho
Cursos de Qualificação ao Órgão: SISPPMUG
pessoal do SISSPMUG na Origem: municipal
área Sindical. Obje vo: aprendizagem de conteúdo que envolve a área sindical.
Órgão: Agência do empreendedor
Bom Negócio Paraná Origem: Estadual
Obje vo: Capacitação do empreendedor na parte de gestão empresarial.
Órgão: Agência do empreendedor
Oferta de eventos, palestras
Origem: Estadual
para os Micro e Pequenos
Obje vo: Aprendizagem do empreendedor na parte de gestão
empreendedores.
empresarial.
Órgão: Secretária da Mulher
Cursos de qualificação
Origem: Municipal
profissional gratuitos para a
Obje vo: Dar autonomia financeira e inserção do público feminino no
população feminina.
mercado de trabalho.
Fonte: dados da pesquisa de campo.
No total foram encontradas 7 polí cas Nesta seção são apresentadas as análises
públicas desenvolvidas pelos órgãos do levantamento realizado com os 100
inves gados, destacando-se a Agência do trabalhadores pesquisados na Agência do
Empreendedor, a Agência do Trabalhador Trabalhador de Guarapuava durante o
e a Secretaria Municipal da Mulher na mês de novembro de 2018. Os dados
elaboração de polí cas efe vas para a foram divididos em seis tabelas: a
geração de empregos e qualificação. primeira trata sobre os perfis
4.3 Polí cas públicas de emprego: socioeconômicos do pesquisados, a
qualificação e visão dos usuários segunda e terceira demonstram fatores
102
Administração em foco
estudos multidisciplinares

ligados à empregabilidade individual, a formação até o ensino fundamental.


quarta apresenta dados a respeito da O estado civil dos respondentes se
qualificação dos trabalhadores e as duas concentrou em solteiro e
úl mas reúnem informações quanto à casado/morando junto, sendo que essas
opinião dos trabalhadores referentes à duas opções representaram 92% dos
empregabilidade e à qualificação de uma respondentes. Quanto à renda dos
maneira geral. entrevistados foi observado que a maioria
Observa-se que 79% dos trabalhadores não possuía renda, o que se deve à
estão na faixa etária entre 18 a 40 anos. Já condição de desempregado da maior
na questão quanto a raça e cor 88% dos parcela dos pesquisados, que estavam na
respondentes se caracterizaram como de Agência do Trabalhador justamente em
pele branca ou parda/morena. No quesito busca de uma oportunidade de emprego.
escolaridade metade dos entrevistados A Tabela 1 apresenta questões referentes
possuem o ensino médio completo ou à empregabilidade e às condições de
incompleto e 37% assinalaram ter emprego e desemprego do pesquisado.
Tabela 1: Dados quanto à situação de emprego/desemprego e empregabilidade.
Variável Tipo Frequência (n)
Sim 80
Já ficou desempregado alguma vez? Não 10
Nunca trabalhou 10
Está trabalhando no momento Sim 16
Não 84
Média do tempo desempregado Em meses 7,2 meses
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Conforme a Tabela 1, pode-se observar Confederação Nacional de Dirigentes
que 80% dos pesquisados já ficaram Lojistas (2018), leva-se aproximadamente
desempregados enquanto 20% nunca 14 meses para que uma pessoa que esteja
fi ca ra m d e s e m p re ga d o o u n u n ca desempregada no Brasil consiga sua
trabalharam. Quanto a estar trabalhando, recolocação no mercado de trabalho.
no momento 84 dos 100 respondentes Portanto, através uma análise
afirmaram estar sem emprego e apenas compara va entre a pesquisa local e a da
16% estavam trabalhando. Em relação CNDL, ambas realizadas em 2018, há
aqueles que estão trabalhando, pode ser indícios de que os trabalhadores locais
que se encontravam na Agência do têm menor dificuldade para conseguir
Trabalhador a procura de qualificação sair da situação de desemprego.
profissional, emprego em outra área ou A Tabela 2 apresenta um cruzamento dos
até mesmo trabalho com uma dados das questões “está trabalhando no
remuneração maior. O tempo médio em momento” e a “ocupação atual ou
que os pesquisados se encontravam anterior”, permi ndo observar o po de
desempregado foi de 7 meses e 6 dias. trabalho das que estão ocupadas o po de
Segundo a pesquisa realizada pela trabalho das que estão sem trabalho.
Tabela 2: Dados sobre o úl mo ou o atual emprego do entrevistado.
Ocupação principal atual (para quem está trabalhando) ou do Está trabalhando no momento
úl mo emprego (para quem está desempregado) Sim (%) Não (%) Total (%)
Trabalho eventual ou bico 5 17 22
Conta própria 6 10 16
Empregado sem carteira assinada - 10 10
Empregado com carteira assinada 2 24 26
Empregador/empresário 1 - 1
Funcionário publico 1 - 1
Funcionário público terceirizado ou temporário - 1 1

103
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Pensionista ou aposentado - 1 1
Do lar - 9 9
Estagiário remunerado ou bolsista 1 - 1
Não remunerado/voluntario - - 0
Outros - 2 2
Nunca trabalhou* - 10 10
Fonte: dados da pesquisa de campo.
*Nunca trabalhou – representa os 10 dos 100 respondentes que nunca trabalharam.
Conforme o cruzamento da Tabela 2, dos eventual/bico ou emprego com carteira
16 respondentes que estão trabalhando, assinada. Já 29% relataram que veram
11 trabalham por conta própria ou como úl mo emprego trabalho por conta
possuem trabalho eventual ou bico, os própria, emprego sem carteira assinada,
outros trabalhavam em emprego com dona de casa.
carteira assinada, como empregador, A Tabela 3 traz uma das partes mais
funcionário público e estagiário/bolsista importantes da pesquisa, que trata da
remunerado. qualificação dos respondentes,
Já quanto aqueles que estão sem apresentando a percepção dos
emprego, 41% relataram que veram respondentes quanto à par cipação em
como úl mo emprego trabalho cursos de qualificação.

Tabela 3: Dados sobre a qualificação e as percepções dos trabalhadores.


Descrição N Tipo Frequência (n)
Você já fez curso de Sim 76
100
qualificação Não 24
Ganhar cer ficado 7
Qual foi o principal Aperfeiçoar 18
mo vo de ter Aprender novos conteúdos 18
76
escolhido este Ter mais oportunidades 23
curso?* Interesses pessoais 7
Outros 3
Melhorar o salário/ganhar mais dinheiro 7
Melhorar minha forma de trabalhar 15
Conseguir emprego melhor na própria área 14
Pensando sobre Ter mais oportunidades na própria área de trabalho 5
trabalho, o que o(a) Ter mais oportunidades de trabalho em geral 10
sr(a) esperava que trabalhar por conta própria 7
76
acontecesse em sua Atualizar os conhecimentos 8
vida depois do Mudar de emprego, mudar da área de trabalho -
curso* Sa sfação pessoal 3
Para aproveitar uma oportunidade 3
Ser promovido 2
Outros -
Nada mudou 11
Melhorou o salário/ ganhou mais dinheiro 9
Dessas coisas que Melhorou minha forma de trabalhar 15
o(a) sr(a) esperava, o Conseguiu emprego/trabalho melhor na própria
que realmente 10
área
aconteceu em sua
Aumentou as opções na própria área 6
vida após o curso?*
76 Está trabalhando por conta própria 4
Atualizou os conhecimentos 15
104
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Mudou de emprego/trabalho, mudou de área de


2
trabalho
Obteve sa sfação pessoas 3
Foi promovido 1
Outros -
Sen u-se mais bem-preparado para trabalhar
60
sozinho na área do curso
Após o final do curso
76 Sen u-se mais bem-preparado para trabalhar, mas
sen u-se?...* 13
sob supervisão de alguém
Não se sen u preparado para trabalhar 3
Gostaria de fazer Sim 87
mais um curso 100 Talvez 9
qualificação Não 4
Fonte: dados da pesquisa de campo.
* Essas questões foram respondidas somente pelos pesquisados que assinalaram “Sim” na
questão: Você já fez curso de qualificação?

De acordo com a Tabela 3, apenas 76 dos curso responderam que nada mudou, o
100 pesquisados par ciparam de algum que pode significar que o curso realizado
po de curso de qualificação. Entre os pode ter sido de baixa qualidade ou que a
mo vos mais comuns que levaram esses pessoa não encontrou oportunidade na
pesquisados a par ciparem desses área do curso.
cursos, estão: ter mais oportunidades, Após o final do curso, 21% dos
aprender novos conteúdos e aperfeiçoar entrevistados relatam que não se
o trabalho que executa; esses três sen ram preparados para trabalhar ou
mo vos representam 59 dos 76. que só se sen am seguros sob a
J á n a p e rg u nta q u a nto a o q u e o supervisão de outra pessoa; o restante
trabalhador esperava depois do curso de dos respondentes disseram que se
qualificação, as respostas mais comuns sen ram seguros para trabalhar sozinhos
foram melhorar a forma de trabalhar, na área do curso. Dos 100 entrevistados,
conseguir emprego na própria área e ter 96 relataram que teriam o interesse de
mais oportunidades de emprego de fa ze r o p r i m e i ro /o u t ro c u rs o d e
maneira geral; juntas essas três respostas qualificação.
representaram uma frequência de 39, Para Mar ns e Oliveira (2017), as
mostrando que uma dessas expecta vas questões rela vas à educação e polí cas
se encontravam na maior parte dos públicas de qualificação estão sendo
entrevistas. Quanto ao que realmente tratadas, no Brasil, diante da crise do
aconteceu após o curso nota-se que as desemprego, como uma forma de
respostas mais comuns foram melhorou a integração do trabalhador ao mercado de
fo r m a d e t ra b a l h a r, at u a l i zo u o s trabalho e como forma de desenvolver
conhecimentos, conseguiu trabalho competências que lhes permita lutar
melhor na própria área; essas três pelos poucos empregos existentes nesse
respostas representaram 46% dos mercado altamente compe vo. A Tabela
respondentes. 4 apresenta as respostas sobre a questões
Observa-se que 14% daqueles que pessoais quanto à empregabilidade dos
fizeram o curso de qualificação após o par cipantes da pesquisa.

105
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Tabela 4: Questões pessoais – Empregabilidade.


Tipo Porcentagem (%)
falta de opção 33
a falta de emprego 13
a necessidade de ganhar mais
Mo vo que levou a buscar emprego em
dinheiro 25
determinada área.
a exigência da empresa 3
a sua competência 26
Outros -
Sim 41
Nos úl mos 12 meses, foi ao médico fazer um
Não lembra 17
check-up
Não 43
Nos úl mos 12 meses, par cipou de alguma Sim 40
palestra, seminário, congresso... Não 60
Sim 44
Possui alguma restrição de crédito
Não 56
Possui uma rede de contatos que possam Sim 45
auxiliar na recolocação no mercado de
trabalho Não 55
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Nota-se que os mo vos mais respondidos de 84% dos respondentes. Não possuir
pelos entrevistados que procuram uma rede de contatos para a auxiliar na
emprego naquela área foi a falta de recolocação no mercado de trabalho é
opção, seguido da competência e da uma situação comum na maioria dos
necessidade de ganhar mais dinheiro; pesquisados.
essas três respostas representam a A restrição de crédito apresenta-se como
situação de 91% dos pesquisados. uma dificuldade a mais para a recolocação
Quanto a ter feito ou não um check-up no dos trabalhadores no mercado de
m é d i c o a s r e s p o s t a s fo ra m b e m trabalho. Esse é um dos pilares da
equilibradas entre sim e não. Conforme empregabilidade, pois segundo Stefano
Stefano et al. (2006, p. 124), o mo vo das et al. (2006), ele sustenta a
pessoas não procurarem o auxílio médico, empregabilidade, estando relacionado
é “possivelmente por não ter acesso a um com a idoneidade e a credibilidade
plano de saúde por estar desempregado, Em uma pesquisa com as mesmas
sendo um dos pressupostos da caracterís cas da atualmente relatada,
empregabilidade”. realizada em Guarapuava em 2006, por
Maior parte dos respondentes não Stefano, Nogueira e Costa (2006)
par ciparam de nenhum po de palestra, mostraram que 34% dos pesquisados
seminário ou algo do gênero, o que pode possuíam alguma restrição de crédito.
ser um indica vo da necessidade de Percebe-se que essa situação desde 2006
maior inves mento por parte dos órgãos até 2018 piorou, mostrando uma
públicos para trazer esse po de evento precarização em um dos pilares da
para treinamento dos indivíduos que empregabilidade. A Tabela 5 apresenta
buscam empregos. questões pessoais quanto à opinião dos
No que diz respeito à restrição de crédito, respondentes em questões relacionadas
44% relataram que possuem algum po à e m p re ga b i l i d a d e n a c i d a d e d e
de restrição, índice que pode estar Guarapuava.
relacionado à condição de desempregado

106
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Tabela 5: Empregabilidade- Opiniões.


Opinião Tipo Porcentagem (%)
Sempre 68
Na sua opinião, a falta de qualificação é
Talvez 29
um empecilho pra arrumar um trabalho
Nunca 4
Falta de candidatos capacitados 29
A grande exigência das empresas 37
Na sua opinião, quais as causas do grande
O alto custo de contratação devido a impostos 17
número de desempregados em
A falta de uma Polí ca onde o governo
Guarapuava
disponibilize qualificação para os candidatos de 17
baixa renda
Idade 11
Baixo crescimento das empresas 27
Na sua opinião, o que mais dificulta a
Salários e bene cios 9
contratação de um novo empregado no
Polí cas salariais 29
mercado de trabalho
A falta de qualificação profissional 19
Outros 4
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Nota-se que 97% dos respondentes trabalho de Guarapuava. Dessa forma,
demonstraram que a falta de qualificação passados 13 anos, o resultado se repe u e
é ou talvez seja um empecilho para 37% dos respondentes assinalaram a
arrumar um trabalho, o que pode grande exigência das empresas como
significar que os trabalhadores têm causadora do alto desemprego.
consciência da importância de par cipar Na opinião dos pesquisados, o que mais
de programas de qualificação. Quanto à dificulta a contratação de um novo
causa do elevado número de empregado no mercado de trabalho são
desempregados em Guarapuava, 66% dos respec vamente as polí cas salariais, o
respondentes acha que esse fato se deve baixo crescimento das empresas e a falta
à grande exigência das empresas e à falta de qualificação profissional, que juntas
de candidatos capacitados. representam 75% das opiniões dos
A pesquisa realizada por Stefano et al. respondentes. Em relação as causas de
(2006) mostrou que 39% dos desemprego ob veram-se diferenças
respondentes assinalaram a grande significa va conforme apresenta-se a
exigência da empresa como dificuldade seguir na Tabela 6:
para que consiga se inserir no mercado de
Tabela 6: Causas de Desemprego em relação a Sexo dos pesquisados.
A B C D Total p-valor
Masculino 23 17 12 10 62 -
Feminino 6 20 5 7 38 -
Total 29 37 17 17 100 0,039
Fonte: dados da pesquisa de campo.
Legenda: A – Falta de candidatos; B – A grande exigência das empresas; C – O
alto custo para a contratação de funcionários devido aos impostos; D – A
falta de uma polí ca onde o governo disponibilize sem nenhum custo para os
candidatos de baixa renda, cursos, palestras e outros programas de qualificação
profissional.

107
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Na análise do Qui-Quadrado a Hipótese elaboração de currículos e alimentação


nula (H0) era que há diferenças de de um banco de dados que permite o
opiniões entre os segmentos estudados e encaminhamento de candidatos quando
a Hipótese alterna va (H1) era que há da abertura de vagas pelas empresas.
d i fe r e n ç a s d e o p i n i õ e s e n t r e o s Em Guarapuava percebe-se um conjunto
segmentos estudados. Foi adotado o nível de polí cas públicas ainda incipiente no
de significância de 5%, portanto rejeita-se sen do de melhorar a qualificação e
a Hipótese Nula. ampliar a empregabilidade. Isso fica ainda
Pode-se observar, na Tabela 6, que essa mais evidente com a desa vação do
diferença significa va se encontra nas Conselho Municipal do Trabalho, que
opiniões divergentes entre sexos quanto desempenhava grande papel no
às causas apontadas para o grande monitoramento e geração de polí cas
número de desempregados em públicas com vistas à criação de
Guarapuava, sendo apontada a “falta de empregos. Sabe-se que nos municípios
candidatos”, segundo os homens, e a que mantém esse Conselho, os resultados
“grande exigências das empresas”, tendem a ser interessantes, com o
segundo as mulheres. envolvimento de representantes do
5 Conclusão poder público, empresas e empregados
Os setores de serviço, comércio e (sindicatos de trabalhadores).
indústria em Guarapuava apresentaram Essa pesquisa demonstrou que os
fechamentos de postos de trabalhos nos trabalhadores percebem a necessidade
anos de 2015 e 2016, possivelmente pela da qualificação como requisito principal
crise polí ca e econômica que o país para a sua colocação no mercado de
passa e que foi mais grave nesses anos. No trabalho. Portanto, é necessária uma
comércio destaca-se o comércio varejista maior atenção da administração pública
como gerador de postos de trabalho e no na oferta de cursos que proporcionem
setor de serviços destacam-se a vidades treinamento para esses trabalhadores.
relacionadas ao mercado imobiliário, Além disso, é preciso uma discussão mais
saúde e ensino. aprofundada desse tema no meio
Dos órgãos inves gados como possíveis acadêmico, de modo a mul plicar
responsáveis por polí cas públicas para estudos que tenham como foco a
geração de emprego em Guarapuava, compreensão das questões afetas ao
observa-se a forte atuação da Agência do desemprego, contribuindo para o seu
Empreendedor e também do Programa enfrentamento pelos atores sociais
Bom Negócio da SETI em parceria com a envolvidos.
Unicentro, por meio de polí cas de O estudo realizado apresentou limitações
qualificação para os micro e pequenos quanto ao número de ins tuições
empreendedores, já que são esses entrevistadas e de trabalhadores
responsáveis pela maior parte dos pesquisados. Em relação às ins tuições
empregos no Brasil. pesquisadas, a maior limitação foi o fato
Também há forte atuação da Agência do de que apenas duas delas têm
Trabalhador mediante parceria com par cipação direta nas polí cas públicas
outras ins tuições para a qualificação de de oferta de qualificação e geração de
mão de obra. Entre esses parceiros estão emprego em Guarapuava.
a Prefeitura Municipal, o SENAC e grandes Portanto, para estudos futuros sugere-se,
ins tuições privadas como o recém- principalmente, uma pesquisa com os
inaugurado Shopping Cidade dos Lagos. responsáveis do setor de recursos
Além disso, foi verificado outras atuações humanos de empresas industriais,
da Agência do Trabalhador, como na comerciais e serviços, bem como com

108
Administração em foco
estudos multidisciplinares

públicas em Guarapuava, como por jovens universitários. Revista FFbusiness.


exemplo com as secretarias municipais v. 12, n. 14, p. 125 -140, 2014.
cuja atuação tenha alguma influência HAIR J.J.F. et al. Fundamentos de
sobre a questão do emprego. métodos de pesquisa em administração.
Referências Porto Alegre, RS: Bookman, 2007.
ALVES, E.L.G; VIEIRA, C.A.S. Qualificação MARINHO, P.; FREITAS, M. Sociedade sem
profissional: uma proposta de polí ca empregos: culpabilizar para flexibilizar (o
pública. Revista planejamento e polí cas sujeito). Revista Brasileira de educação
públicas. n.12, p. 117-146, 1995. de jovens e adultos. v. 6, p. 41-52, 2018.
BALASSIANO, M.; SEABRA, A.A.; LEMOS, MARINHO, D.; BALESTRO, M.; WALTER, M.
A.H. Escolaridade, salários e I. (org.). Polí cas Públicas de Emprego no
empregabilidade: tem razão a teoria do Brasil: avaliação externa do Programa de
capital humano? Revista de Seguro Desemprego. Brasília: Verbis,
administração contemporânea. v. 9, n. 4, 2010.
p. 31-51, 2005. MARTINS, B.V; OLIVEIRA, S.R. Qualificação
BARBOSA, A.F. O mercado de trabalho: profissional, mercado de trabalho e
uma perspec va de longa duração. mobilidade social. Revista sociedade,
Revista estudos avançados. v. 30, n. 87, p. contabilidade e gestão. v. 12, n.2, p. 21-
7-28, 2016. 45, 2017.
CAGED. Perfil dos municípios. 2019. MINARELLI, J. A. Empregabilidade: o
Disponível em: h p://bi.mte.gov.br/ caminho das pedras. 13.ed. Sao Paulo:
bgcaged/caged_perfil_municipio/index.p Gente, 1995.
hp. Acesso em: 24 jun 2019. MIRANDA, F.S.M.P. A mudança do
CANO, W. Questão regional e urbanização paradigma econômico, a revolução
no desenvolvimento econômico industrial e a posi vação do direito do
brasileiro pós 1930. Anais do congresso trabalho. Revista Direito Brasil. v. 6, n.1,
ABEP. 2016. p. 1-24, 2012.
CNDL. Desemprego e a busca por OLIVEIRA, S. R. de; PICCININI, V. C.
recolocação profissional no Brasil. 2018. Mercado de trabalho: múl plos
Disponível em: h ps://www.spcbrasil. (des)entendimentos. Revista
org.br/. Acesso em: 24 Jun 2019. Administração Pública. v. 45, n. 5, p.
DEDECCA, C.S. Notas sobre a evolução do 1517-1538, 2011.
mercado de trabalho no Brasil. Revista de PARANÁ. Bom negócio Paraná. s/d.
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FERNADES, D.L.S; et al. A qualificação eudo/conteudo.php?conteudo=246 .
profissional e a empregabilidade: um Acesso em: 24 Jun 2019b.
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Belo Vale. Revista informa vo técnico do trabalho. s/d. Disponível em:
semiárido. v. 12, n.1, p. 27-33, 2018. h p://www.trabalho.pr.gov.br/modules/
F L I C K , U. I nt ro d u çã o à p e s q u i s a conteudo/conteudo.php?conteudo=139
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2009. ROSANDISKI, E. N. Panorama das
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43, 2006. 2 0 1 6 . D i s p o n í v e l e m :
FONZAR, A.Q.; MARCANTONIO, M.S. h p://www.abep.org.br/~abeporgb/pub
Empregabilidade: o networking como licacoes/index.php/anais/ar cle/viewFil
diferencial compe vo e a percepção dos e/1019/983. Acesso em: 24 Jun 2019.

109
Administração em foco
estudos multidisciplinares

ROSSI, P; MELLO, G. Choque recessivo e a Catariana, 2018. Disponível em:


maior crise da história: A economia h p://www.sebrae.com.br/sites/PortalS
brasileira em marcha à ré. Centro de ebrae/ufs/sc/no cias/pequenosnegocios
estudos de conjuntura e polí ca respondempor82dasnovasvagasnosul m
econômica. n.1, p. 1-5, 2017. SEBRAE. osmeses,caaa6ddceeca6610VgnVCM100
Pequenos negócios respondem por 82% 0004c00210aRCRD?origem=tema&codT
das novas vagas nos úl mos meses. Santa ema=2. Acesso em: 24 Jun 2019.

110
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 7
A liderança nas organizações: o que dizem os artigos publicados em
revistas listadas no qualis/capes

Márcio Luiz Bernardim


Docente do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
e-mail: marcio.bernardim@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0003-3639-7938

Rafael Czuy Ba sta


Egresso do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
e-mail: rafaelczuy@yahoo.com.br
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0001-9943-114X

Juliano Miranda
Discente do curso de Engenharia Civil
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPr
e-mail: admjulianomiranda@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0003-1551-3098

111
Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução mecanicista nas indústrias, as grandes


Os desafios organizacionais decorrentes mudanças que caracterizaram o início da
da segunda revolução industrial, quando revolução industrial impulsionaram o
as empresas passaram a trabalhar em crescimento do número de funcionários
larga escala com máquinas e trabalhando em série no chão de fábrica,
equipamentos de produção, se ampliando a necessidade de se trabalhar
ampliaram com a necessidade de em grandes grupos nas organizações, o
conciliar tecnologia com recursos que reforçou a necessidade do
humanos. O quadro de funcionários das desenvolvimento da liderança.
organizações foi distribuído em equipes, Nesse mesmo sen do, o processo de
de acordo com a necessidade, as quais produção em massa do início do século
passaram a ser coordenadas por líderes 20, fez com que cada linha de produção
que nha como função organizar um possuísse um líder apto a controlar e
trabalho cole vo em prol dos obje vos dirigir a produção. Tais líderes possuíam
organizacionais. caracterís cas próprias que deveriam
O estudo da administração tem observar, também, as exigências das
despertado para o processo áreas específicas de trabalho.
administra vo das empresas De acordo com Robbins (2002), as
contemporâneas, estando as relações organizações a ngem seus obje vos por
pessoais entre funcionários e gestores ou meio do trabalho executado por outras
líderes entre um dos aspectos mais pessoas. Os execu vos passam a tomar
importantes. A influência dos decisões que assegurem a perseguição
líderes/gestores sobre os dos obje vos previamente traçados.
liderados/funcionários é sem dúvida um Segundo Bergamini (1994), o processo de
aspecto importante da gestão e do liderança normalmente envolve um
sucesso de qualquer empreendimento. relacionamento de influência em duplo
Assim entendido, o estudo da liderança sen do, orientado principalmente para o
sempre foi um desafio para a gestão das atendimento de obje vos mútuos, tais
empresas. No caso das empresas e como aqueles de um grupo, organização
organizações de maior porte, em especial, ou sociedade. Portanto, a liderança não
a liderança reveste-se de importância recai exclusivamente sobre aquele que
fundamental, uma vez que o sucesso exerce um cargo de líder, mas também
empresarial passa pelas diversas requer esforços de cooperação por parte
instâncias de gestão e liderança; se o de outras pessoas em busca de um
trabalho que se faz sob a liderança de obje vo comum.
alguém é bem conduzido, as chances de Andrade (2011), com base nos estudos de
que os resultados sejam alcançados se Tannembaum (1972), defende que
ampliam consideravelmente. O estudo do liderança é a influência interpessoal
processo de liderança ganha ainda mais exercida em uma situação, por
importância quando as empresas se intermédio do processo de comunicação,
inserem em um mercado global e para que seja a ngida uma meta ou metas
altamente compe vo. específicas. Basicamente, o papel do líder
Este relato de pesquisa tem como é conduzir, entender, influenciar seu
obje vo apresentar o resultado de uma funcionário, persuadindo-o e mo vando-
pesquisa a respeito da liderança e da sua o para o a ngimento dos obje vos
importância enquanto temá ca de organizacionais.
estudo no âmbito da Gestão de Pessoas. A busca de líderes com caracterís cas
2 Referencial teórico dis ntas passa a ser o grande desafio das
Com o desenvolvimento do processo organizações. A existência de bons líderes

112
Administração em foco
estudos multidisciplinares

dentro da empresa diminui o risco de entre os mais importantes, estão o amor,


problemas no processo de produção, uma a integridade e o sen do".
vez que sua competência estará a seu O líder precisa agir é ca e moralmente,
serviço no sen do de assegurar o alcance presando sempre pela forma de interação
dos obje vos das equipes sob sua com os indivíduos, conhecendo seu
responsabilidade. grupo, estabelecendo um ambiente com
Conforme Maximiano (2009), a va l o re s co m o re s p e i to, a m i za d e ,
habilidade no uso da autoridade é outro hones dade, humildade, e criando um
foco importante no estudo da liderança. diferencial para a organização e um
Os termos autocracia e democracia, ambiente agradável de trabalho para seus
transpostos do terreno da polí ca para o colaboradores.
da administração, são empregados para Em um ambiente dinâmico e altamente
definir duas formas de usar a autoridade, compe vo, como o que enfrentamos no
tanto a autoridade formal, quanto a século XXI, a prosperidade das empresas
autoridade produzida pelo depende do surgimento de novas
consen mento dos liderados. lideranças. Conforme Ko er (2000), uma
O líder deve saber conduzir seu grupo, das caracterís cas da liderança é saber
desenvolvendo a melhor forma de liderar, lidar com a mudança, mo vo pelo qual ela
mesclando uma liderança autocrá ca e é ainda mais importante nesses períodos
democrá ca, se adaptando a situações do de instabilidade.
dia a dia, sem perder o foco dos obje vos. O líder precisa saber administrar seu
Uma autoridade formal é apenas uma risco, trabalhando com as variáveis
forma de tornar uma pessoa um chefe, microambientais, que estão geralmente
mas só isso não garante a formação de um sob o controle da organização, e com as
l í d e r. A l é m d a f o r m a l i d a d e , h á variáveis macroambientais, que por
necessidade de se inves r fortemente no estarem fora do alcance da empresa são
seu capital humano. de di cil controle. Entretanto, mesmo em
A maior parte dos autores conceitua condições adversas, o líder precisa se
liderança como o processo de influência adaptar, estando aberto a mudanças e
de um indivíduo sobre outro indivíduo ou disposto a aprender con nuamente.
grupo, com vistas a alcançar os obje vos Covey (1994, p. 259) faz uma interessante
estratégicos, tá cos e operacionais discussão sobre as diferenças entre
es pulados pela organização. gerenciamento e liderança, dizendo que o
(BERGAMINI, 1994). É preciso gerenciamento trabalha dentro dos
compreender, todavia, que a liderança sistemas para fazê-los funcionar,
não pode se limitar à tarefa de influenciar enquanto a liderança trabalha “os
um indivíduo ou grupo, devendo criar um sistemas”. Segundo esse pesquisador, a
ambiente que leve à mo vação com o liderança se preocupa com a formação, a
obje vo de gerar resultados individuais e criação de uma mentalidade, o
cole vos. enriquecimento emocional. Tem seu foco
Para Bergamini (1982), o líder é o na direção, na visão, nos obje vos e nos
indivíduo a quem é dada a tarefa de dirigir princípios, preocupando-se com o a vo
e coordenar tarefas relevantes nas organizacional, enquanto o
inicia vas grupais, em condições de ge re n c i a m e nto s e co n c e nt ra n o s
ro na ou quando da subs tuição daquele resultados.
a quem isso havia sido designado. A liderança deve considerar que o
Segundo Oliveira (2006, p. 27) "do líder gerenciamento, a eficiência e eficácia
são cobradas determinadas formas e precisam estar em coesão, pois são
a tudes para lidar com valores básicos; e, fatores essenciais para o sucesso de uma

113
Administração em foco
estudos multidisciplinares

a vidade. O líder não pode deixar passar interpessoal entre líder e liderado.
nenhum dos fatores sem antes verificar se O processo de tomada de decisão é outro
estão todos coesos e sincronizados para aspecto importante a ser observado pelo
assim conseguir a ngir aos obje vos líder, de modo a evitar que as decisões
organizacionais de maneira correta. tomadas estejam pautadas
Segundo Wagner III (2000, p. 350), “uma exclusivamente pelos interesses da
liderança forte com uma administração empresa, sem considerar as necessidades
fraca, na maioria dos casos, é pior do que e mo vações dos trabalhadores. Nesse
o contrário. O real desafio é combinar aspecto, as decisões servem como um
uma liderança forte com uma mecanismo para que sejam promovidas
administração forte e usar cada uma para mudanças, alocando da melhor forma os
equilibrar a outra”. recursos e melhorando os processos na
As organizações estão interessadas em busca de evolução con nua, da empresa
profissionais cria vos, que consigam e dos seus colaboradores.
trabalhar em grupo, que consigam 3 Metodologia da pesquisa
trabalhar as relações humanas com o Para a ngir os obje vos de estudar a
obje vo de se obter melhorias nas tarefas liderança nas empresas e nos processos
realizadas em equipe. Entretanto, muitas de trabalho contemporâneos, foi feita
vezes os profissionais saem da uma pesquisa visando inventariar a
universidade com uma carência de produção cien fica sobre o tema
habilidades interpessoais e publicada em periódicos listados no
despreparados para o mercado de Qualis/Capes.
trabalho. Qualis/Capes é um conjunto de
Conforme Ulrich (2004), se a liderança procedimentos u lizados para qualificar
não produz resultados, então falta as publicações de produção intelectual
eficiência no que se faz. Precisa-se dos programas de pós-graduação. É uma
e sta b e l e c e r r u m o s , fo r ta l e c e r a s estra ficação de forma indireta, sendo
habilidades interpessoais, contando com uma avaliação com processo anual de
profissionais mo vados e que queiram atualização; os indica vos de qualidades
fazer a diferença. estão divididos em: A1- mais elevado; A2,
O líder geralmente precisa ter facilidade B1, B2, B3, B4, B5 e C- com peso zero.
de se relacionar com as pessoas, ter uma (CAPES, 2014).
postura firme, princípios claros e saber Do ponto de vista dos procedimentos
enfrentar os conflitos. Deverá estabelecer metodológicos, na primeira fase da
uma visão global, influenciando e pesquisa, optou-se por fazer um
transmi ndo todo seu conhecimento diagnós co dos ar gos cien ficos
para seus colaboradores contribuam na c l a s s i fi ca d o s n o B a n co d e d a d o s
di cil tarefa de conduzir as ações e Qualis/Capes. A classificação é
a vidades da empresa. estabelecida pela importância dos
O líder também deve iden ficar a periódicos nas análises trienais, sendo a
liderança como uma responsabilidade e úl ma disponível referente a 2013.
não simplesmente como um status. Um Este estudo levou em consideração os
fator essencialmente importante para periódicos classificados na área de
uma liderança eficiente é seus Administração, Ciências Contábeis e
colaboradores confiarem na sua forma de Turismo, referentes às classificações B1,
gestão, de outro modo será muito di cil B2 e B3. Dessa classificação inicial
influenciar e ter seguidores, pois a chegou-se aos seguintes resultados
confiança é a base do relacionamento quan ta vos:

114
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Tabela 1 - Distribuição das Revistas da área de Administração, Ciências Contábeis e Turismo,


segundo estra ficação mais elevada do Qualis/Capes, forma de divulgação e abrangências -
Ref. 09/2015 a 04/2016.
Estrato Total Impresso Online Nacional Internacional
B1 276 241 35 131 145
B2 146 24 28 82 64
B3 165 7 22 116 43
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Dado que os estratos B1, B2 e B3 Qualis/CAPES apresentou um número
apresentam expressivo número de considerável de materiais úteis para a
revistas, optou-se por pesquisar aquelas discussão da liderança de acordo com o
disponibilizadas online nos úl mos 10 enfoque do estudo.
anos (a par r de 2006). O obje vo era pré- A tabela 2 apresenta os ar gos
selecionar as que vessem como escopo a encontrados e selecionados no estrato
temá ca da liderança nas organizações. QUALIS/CAPES-B1. De um total de 55
Os resultados ob dos a par r dessa ar gos previamente selecionados, de
m eto d o l o g i a s ã o a p re s e nta d o s e acordo com os critérios estabelecidos, 16
analisados no tópico a seguir. se mostraram úteis aos propósitos da
Análise dos dados pesquisa, sendo selecionados, lidos e
A pesquisa realizada na Plataforma analisados.

Estrato Total Impresso Online Nacional Internacional


B1 276 241 35 131 145
B2 146 24 28 82 64
B3 165 7 22 116 43
Tabela 2 - Ar gos sobre liderança encontrados nos periódicos do Estrato B1 Qualis/Capes -
Ref. 09/2015 a 04/2016
Ar gos
Periódicos Pré-
selecionados descartados de interesse para leitura ou aprofundamento Autores dos Ar gos
A influência da liderança, cultura, estrutura e KICH, Juliane I.D.
comunicação organizacional no processo de
implantação do planejamento estratégico PEREIRA, Maurício F.
Cadernos
EBAPE.BR 6 4
O impacto da liderança, gestão e o poder em BJORKLUND, Senni A.
uma organização internacional intensica em ELORANTA, Meri-Maaria
conhecimento LAAKSO, Miko
Desenvolvimento Os Limites e Possibilidades de Desenvolvimento DURANTE, Daniela G.
2 1 TEIXEIRA, Enis e B
em Questão Humano nas Teorias Organizacionais
Contribuições da liderança espiritual para o MARTINS, Gisely J. T.
desempenho organizacional sustentável PEREIRA, Maurício F.
SILVEIRA-MARTINS, Elvis
A arte imita a vida? Cultura, valores, poder e
JUNIOR, Deosir F.L.C.
Faces: Revista liderança nas organizações
RIBEIRO MARTINS, Clarissa
de 10 6 ABBADE, Eduardo B.
Perfil da liderança e tomada de decisão
Administração BRENNERB, Fabio
VASCONCELOS, Ka a C.A.
Cultura, liderança e compar lhamento do MERHI, Danielle Q.
conhecimento organizacional JUNIOR, Annor S.
SILVA, Priscilla O.M.
RAI: Revista de SOUZA, Maria Tereza S.
É ca e liderança: sua influência na cultura
Administração 10 9 PEREIRA, Raquel S.
e Inovação organizacional da empresa
MAFFEI, Paulo A. J.

115
Administração em foco
estudos multidisciplinares

MUNIZ, Maria Aparecida


GUIMARÃES, Renata S.
Es los de liderança e desempenho de equipes
MARQUES, Antônio L.
no setor público
BERTUCCI, Janete L.O.
REA d. Revista
NETO, Mário Teixeira R.
Eletrônica da 6 4
MERHI, Danielle Q.
Administração VASCONCELOS, Ka a C. A.
Cultura, poder e liderança nas organizações: um
FERNANDES, Maria G. E.
estudo de caso no setor de celulose
LOPES, Vania Maria G.
SILVA, Alfredo R.L.
Liderança e gestão estratégica de pessoas: duas ALMEIDA, Mar nho I.R.
Revista de faces da mesma moeda NOVAES, Marcos B.C.
Administração 10 YAMAGUITI, Celso L.
7
A u lização da liderança situacional como DUARTE, Giselle A.
da UFSM
diferencial estratégico para as organizações
PAPA, Adriana C.
contemporâneas
O processo de liderança e a gestão do GINARDI, Dante M.
conhecimento organizacional as prá cas das SOUZA, Irineu M.
maiores intústrias catarinenses GIRANDI, Júlia F.
Liderança em gestão de projetos: um estudo PALÁCIOS, Sérgio M.
bibliométrico e bibliográfico para compreensao SERRA, Fernando
Revista de
do campo de estudo SERRA, Cláudia K.B.
Ciências da 11 7
Administração NETO, Antonio C.
Execu vos brasileiros: na contramão do perfil TANURE, Betania
deificado da liderança transformacional SANTOS, Carolina M.
LIMA, Gustavo S.
Poder e liderança: as contribuições de AMORIM, Maria Cris na S.
Maquiavel, Gramsci, Hayek e Foucault PEREZ, Regina H.M.
Total 55 38 16
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
A tabela 3 apresenta os ar gos encontrados e selecionados no estrato QUALIS/CAPES-B2:
Ar gos
Periódicos Pré-
selecionados descartados de interesse para leitura ou aprofundamento Autores dos Ar gos
Liderança no setor público: Uma análise em SANTANNA, Anderson S.
p ro c e s s o s d e re co nve rs ã o d e f u n çõ e s OLIVEIRSA, Fá ma B.
econômicas de cidades MARTINS, Daniela D.
Contribuições de liderança espiritual para o MARTINS, Gisely J.T.
Faces: Revista desempenho organizacional sustentá vel PEREIRA, Maurício F.
de
Administração 11 7
(Belo Horizonte Cultura, Liderança e compar lhamento do VASCONCELOS, Ka a C.A.
conhecimento organizacional MERHI, Danielle Q.
Online) JUNIOR, Annor S.
SILVA, Priscilla O.
ABBADE, Eduardo B.A.
Perfil de liderança e tomada de decisão
BRENNER, Fábio
Total 11 7 4
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
De um total de 11 previamente selecionados, de acordo com os critérios estabelecidos, 7 se
mostraram úteis aos propósitos da pesquisa, sendo selecionados, lidos e analisados.
A tabela 4 apresenta os ar gos encontrados e selecionados no estrato CAPES-B3.
De um total de 128 previamente selecionados, de acordo com os critérios estabelecidos, 116
foram descartados e 12 foram lidos e analisados.

116
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Tabela 4 – Artigos sobre liderança encontrados nos periódicos do Estrato B3 Qualis/Capes – Ref. 09/2015 a 04/2016

Artigos
pré-
Periódico descartados de interesse para leitura ou aprofundamento Autores dos artigos
selecionados
Estudos e
A influência dos estilos de liderança sobre SILVA, Neilda S. O.
pesquisas em 19 18
os resultados de treinamento MOURÃO, Luciana
Psicologia
Líder da manutenção: proposição de perfil
AGUSTI, Alisson L.
GEPROS. Gestão com base em um estudo bibliográfico
da Produção, Humanização da produção: gestão, MARASEA, Daniela C. C.
8 6
Operações e competências e desafios na relação líder- CASTRO, Gisele,
Sistemas (Online) liderado para a obtenção da qualidade de
vida no trabalho JUNQUEIRA, Lílian

Nucleus ARAÚJO, Thiago C.


Do chefe ao líder: A evolução do fenômeno KANESIRO, Lidiane A.
(Ituverava) 3 2
da liderança
online FIDELIS, Priscila C. B.
Aprendizagem organizacional, liderança, LEITE, Nildes R. P.,
Pretexto (Belo
5 4 responsabilidade: Fatores propulsores e
Horizonte. Online)
inibidores AQUINO, Luz M. A. P.
RACE - Revista NOGUEIRA, Maria L. O.
de Administração, COSTA, Luciano V.
Relação entre estilo de liderança e
Contabilidade e 15 14 CLARO, José A. C. S.
comprometimento organizacional afetivo
Economia
(Online)
Uma metodologia para analisar as práticas ROLOW, Rafael
percebidas de liderança: Um estudo de caso
no setor bancário OLIVEIRA, Jean C.
Revista Alcance
6 4 Encontros e desencontros entre a
(Online) CADORI, Aluizia A.
organização industrial e a organização
desportiva: Analisando o relacionamento de
DAZZI, Márcia Cristina S.
líderes e liderados
Estilos de liderança: Um estudo nas agências MACHADO, Denise D. N.
de um banco de varejo público em Santa
Revista de Catarina ANTUNES, Acilão G.
5 3
Negócios (Online)
Liderança e programas de recompensas: GOMES, Dione F. N.
Limites e possibilidades AMORIM, Maria Cristina S.
Cultura, liderança e recrutamento em
organizações religiosas – O caso da Igreja CAMPOS, Leonildo S.
Revista
Universal do Reino de Deus
Organizações em 67 65
Stakeholders Relevantes no perfil do MELO, Paulo T. N. B.
Contexto (Online)
gestores dos pontos de Cultura no Grande
Recife RÉGIS, Helder P.
Total 128 116 12
Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Tomando-se o conjunto dos textos do Qualis/Capes B2 e 12 ar gos no


selecionados nos estratos B1, B2 e B3, Qualis/Capes B3, demonstrando ser um
chegou-se a um total de 32 ar gos que tema de interesse entre os pesquisadores
tratam da liderança na perspec va das áreas de administração, ciências
organizacional, objeto da pesquisa. contábeis e economia.
Os resultados mostram que a liderança é Outro aspecto interessante é que a
um tema recorrente nos estudos da área liderança é abordada na sua inter-relação
de Administração, pois foram com outros fatores importantes à gestão
encontrados 16 ar gos que abordam o organizacional contemporânea, como:
tema tão somente nos periódicos do cultura, comunicação, valores,
Qualis/Capes B1, 4 ar gos nos periódicos sustentabilidade, poder, tomada de
117
Administração em foco
estudos multidisciplinares

decisão, compar lhamento de pré-selecionados entre os listados no


conhecimento, trabalho ou equipe, Qualis/Capes B1, dos quais 4 foram
gestão estratégica, mo vação, entre selecionados, demonstrando uma
outros. representa vidade semelhante à da
Chama a atenção, ainda, a tomada da Revista Faces nos periódicos B1.
liderança a par r de novas possibilidades, Em relação aos autores relacionados nos
como é o caso da “liderança espiritual”, periódicos, é possível encontrar autores
como estratégia a ser considerada para o que deram sua contribuição para mais de
desempenho nas organizações religiosas. um ar go e periódico selecionado, como
A R e v i s t a Fa c e s , p u b l i c a d a p e l a é o caso de Maria Cris na Sanches
Universidade FUMEC/FACE de Belo Amorim (Doutora em Ciências Sociais
Horizonte e que busca atender um amplo pela Pon cia Universidade Católica de
leque de conhecimentos, perspec vas e São Paulo), Priscilla de Oliveira Mar ns da
questões em Administração, foi a que Silva (Doutora em Psicologia pela
mais apresentou ar gos relacionados à Universidade Federal do Espírito Santo),
temá ca da liderança, apresentando 10 Maurício Fernandes Pereira (Doutor em
no estrato B1, sendo 4 selecionados, e 11 Engenharia de Produção pela UFSC) e
n o e s t ra t o B 2 , t a m b é m s e n d o 4 Danielle Quintanilha Merhi (mestra em
selecionados. Assim, se apresenta como administração pela Fucape Business
um periódico importante para todos que School).
se interessem pelo tema. Dentre os autores estrangeiros mais
Também a Revista de Ciências da u lizados como fonte de pesquisa para o
Administração editada pela Universidade estudo da liderança, e que despontaram
Federal de Santa Catarina (UFSC) surgiu como referências para os ar gos
como destaque, apresentando 11 ar gos selecionados, destacam-se os seguintes:

Tabe la 5 – Autores estrangeiros mais citados nos artigos sobre liderança


listados nos estratos B1, B2 e B3 Qualis/Capes - Ref. 09/2015 a 04/2016

Autores citados Numero de vezes % do total

ROBBINS, Stephen P . 16 50,0

SCHEIN, Edgar H. 16 50,0

BASS, Bernard M. 16 50,0

CHANLAT, Jean F. 14 43,8

NONAKA, Ikujiro 11 34,4

SENGE, P eter M. 10 31,3

FRY, Louis W. 10 31,3

BLANCHARD, Olivier 10 31,3

MINTZBERG, Henry 9 28,1

HERSEY, P aul 9 28,1

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

118
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Dentre os autores estrangeiros mais estuda liderança nas organizações em


citados, Robbins aparece em destaque âmbito nacional e internacional.
com sua obra Comportamento Também teve grande representa vidade
Organizacional, sendo u lizada 8 das 16 o autor Bernard M. Bass, com suas
vezes em que o autor foi citado, diferentes obras, sendo u lizadas em 11
demonstrando que é um livro das 16 vezes em que foi citado, também
indispensável para quem estuda a significando que é um autor indispensável
liderança nas organizações. para quem estuda o tema da liderança.
Outro autor que teve grande Dentre os autores brasileiros mais
representa vidade foi Schein, com sua u lizados como fonte de pesquisa para o
o b ra O r g a n i za o n a l C u l t u r e a n d estudo de liderança, que despontaram
Leadership, sendo u lizada em 6 das 16 como referências para os ar gos
vezes em que foi citado, demonstrando selecionados, os mais citados são os
que é um livro muito u lizado para quem seguintes:

Tabela 6 – Autores brasileiros mais citados nos artigos sobre liderança listados
nos estratos B1, B2 e B3 do Qualis/Capes - Ref. 09/2015 a 04/2016.
Autores citados Numero de vezes % do total

BERGAMINI, Cecília W. 14 43,8

FLEURY, Maria T. 13 40,6

CAMPOS, Leonildo S. 11 34,4

MOTTA, Fernando C. 8 25,0

ANDRADE, Jairo E. Borges 8 25,0

MOURÃO, Luciana 8 25,0

GIL, Antônio C. 7 21,9

VERGARA, Sylvia C. 5 15,6

MELO, Paulette A. 5 15,6

LIMONGI-FRANÇA, Ana C. 5 15,6

Fonte: Dados da pesquisa (2016).


Dentre os autores brasileiros mais Outra autora bastante u lizada foi Fleury,
u lizados, Bergamini aparece em não especificamente em função de uma
destaque com sua obra “Liderança: a obra, mas pelo conjunto dos seus escritos,
administração do sen do”, sendo apresentando fontes variadas nas 13
u lizada em 11 das 14 vezes em que a vezes em que foi citada, demonstrando
autora foi citada, demonstrando ser um que quem estuda liderança nas
livro indispensável para quem estuda a organizações u liza suas diversas obras,
liderança organizacional. dependendo do foco de estudo.
119
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Campos, doutor em Ciência da Religião, papel de ar culação de um trabalho


apresenta uma linha de pesquisa cole vo para que o esforço de todos
interessante estudando as relações entre permita a ngir os resultados esperados.
negócio e religião ao longo da história e na Logo, tais resultados ob dos dentro de
atualidade, apresentando-se como uma uma organização são reflexos das
referência importante quanto à liderança a tudes tomadas pelos coordenadores
espiritual nas organizações. dos grupos de a vidades.
M o a ta m b é m a p re s e nta g ra n d e Este estudo se propôs a estudar a
contribuição, com seu livro Teoria Geral liderança e sua contribuição para o
da Administração, aparecendo também processo de gestão nas organizações. Se
como referência importante a todos que da administração se requer o
se interessam pelos temas no campo da desempenho de uma função primordial
administração e, em especial, no caso para que os obje vos organizacionais
deste estudo, em relação à liderança. sejam a ngidos, a liderança também é
Em relação aos autores mais citados, importante para que a tarefa, as
tanto estrangeiros quanto brasileiros, de responsabilidades e as metas sejam
uma maneira geral há um equilíbrio no corretamente realizadas e cumpridas.
uso dessas fontes por quem estuda a Neste estudo, ainda preliminar, foi feita
temá ca de liderança organizacional. Há uma pesquisa teórica inicial e um
uma pequena vantagem para os autores levantamento de ar gos cien ficos
estrangeiros mais citados, que veram nacionais que abordam o tema da
uma par cipação de 53,3% em relação ao liderança organizacional. Foram u lizadas
total, enquanto os autores brasileiros as revistas da Área de Administração,
veram uma par cipação de 46,7% nesse Ciências Contábeis e Turismo, que
total. Embora os autores estrangeiros vessem seus ar gos disponíveis on line e
tenham a vantagem do pioneirismo dos es vessem listadas nos estratos B1, B2 e
estudos da administração e da liderança, B3 do Qualis/Capes.
e por conseguinte da publicação, os Os dados apurados mostram que há um
autores brasileiros também passam a ser grande número de ar gos que tratam da
fonte segura de pesquisa nesse campo. liderança, mas não é tão significa vo o
Outro aspecto interessante é que Luciana número de ar gos que abordam a
Mourão, doutora em Psicologia pela UnB, liderança do ponto de vista
mestre em Administração pela UFMG, organizacional. Também se verificou que
graduada em Comunicação Social pela são u lizados tanto autores estrangeiros
UFMG e em Administração pela FAAC, e quanto brasileiros como fontes de
pós-graduada em Comunicação referência para estudos sobre o tema.
Organizacional pela USP, teve um ar go Entre eles, destacam-se Robbins entre os
entre os selecionados do estrato B3 e estrangeiros e Bergamini entre os
também foi uma das dez autoras brasileiros.
brasileiras mais citadas, demonstrando A intenção é dar con nuidade à pesquisa,
ser uma nova fonte de pesquisa que se aprofundando os estudos no sen do de
destaca no estudo da liderança analisar a produção selecionada e
organizacional no cenário nacional. compreender em que aspectos o estudo
Considerações finais da liderança tem avançado, descobrindo
Conduzir equipes na atualidade passou a as tendências recentes no estudo da
ser um trabalho que exige liderança nas organizações, bem como as
profissionalização administra va, lacunas para novas pesquisas sobre essa
conhecimentos específicos e domínio de temá ca.
responsabilidades, cabendo ao líder o

120
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Referências 1994.
ANDRADE, Rui O. B.; AMBONI, Nério. KOTTER, John P. Afinal, o que fazem os
Teoria Geral da Administração. 2. ed. Rio líderes: a Nova Face do Poder e da
de Janeiro: Elsevier, 2011. Estratégia. São Paulo: Campus, 2000.
BERGAMINI, Cecília W. Liderança: A MAXIMIANO, Antonio C. A. Introdução a
administração do sen do, São Paulo: Administração, São Paulo: Atlas, 2009.
Revista de Administração de Empresas, OLIVEIRA, Jayr Figueiredo. Profissão líder:
1994. Desafios e perspec vas. São Paulo:
CAPES- MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Saraiva. 2006.
Classificação da produção intelectual. ROBBINS, Stephen Paul. Comportamento
2 0 1 4 . D i s p o n í v e l e m : Organizacional, 9 ed. São Paulo: Pra ce
h p://www.capes.gov.br/avaliacao/instr Hall, 2002.
umentos-de-apoio/classificacao-da- U L R I C H , D. L i d e r a n ça q u e l ev a a
producao-intelectual. Acesso em: 07 set. resultados. HSM Management, São Paulo,
2015. v. 1, n. 42, p. 152-158, jan/fev. 2004.
COVEY, Stephen R. Liderança baseada em WAGNER III, J.A. Comportamento
princípios. Tradução de Astrid Beatriz de Organizacional. São Paulo: Saraiva, 2000.
Figueiredo. São Paulo: Editora Campus,

121
122
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 8
Presença de características empreendedoras nos funcionários da
agência do empreendedor de Guarapuava/pr

Sandra Mara de Andrade


Docente do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
e-mail: prof.sandraandrade@hotmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0003-1671-3761

Julie Cris ni Dias


Docente do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
e-mail: julie.cris.dias@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-8412-0063

Marcelo Fernando Viante


Docente do curso de Gestão Pública (modalidade à distância)
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
e-mail: mrcloviante@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-8750-4433

123
Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução para os seus municípios. Assim, a escolha


A criação de novos negócios e novas do presente obje vo se deve aos serviços
formas de trabalho fazem com que os prestados pelo departamento em estudo
meios de produção e prestação de aos microempreendedores da região,
serviços sejam inovados constantemente. uma vez que, muitos deles buscam na
Grande parte dessas mudanças se deve Agência do Empreendedor, dicas e
ao empreendedorismo, conceituado por conselhos de como es mular seus
Hisrich e Peters (2004) apud Machado e negócios e como proceder diante de
Espinha (2010) como o ato de criar algo a l g u m a s q u e stõ e s b u ro c rá ca s e
novo com valor agregado, dedicando tributárias. Pretende-se observar se os
tempo, esforços, assumindo riscos e funcionários do departamento em estudo
como consequência recebendo as possuem caracterís cas
recompensas como independência empreendedoras, uma vez que trabalham
financeira e realização pessoal. diretamente com um público que busca o
Determinado conjunto de caracterís cas auto-emprego e a independência
estão presentes em empreendedores, financeira.
para Lezana e Tonelli (1998) apud O presente trabalho está estruturado em
Grappegia et al (2011) fatores como suas quatro seções, além desta introdução. A
necessidades, conhecimentos, p r i m e i ra s e ç ã o é c o m p o sta p e l o
habilidades e valores estão muito Referencial Teórico: Empreendedorismo
presentes na criação e desenvolvimento e Caracterís cas Empreendedoras. Na
dos empreendimentos. As caracterís cas sequência é detalhada a metodologia:
empreendedoras podem ser encontradas descri va e qualita va. Na terceira seção
não apenas em empresários, mas são discu dos os resultados coletados
também em funcionários de organizações através da aplicação da entrevista. Na
públicas e privadas. Cunningham e úl ma seção as considerações finais são
Lischeron (1991) apud Moraes, expostas, sinte zando os resultados
Hashimoto e Alber ni (2013) salientam encontrados, limitações e algumas
que o processo empreendedor não sugestões para futuras pesquisas da área.
acontece sem a figura central do 2 Referencial teórico
empreendedor. 2.1 Empreendedorismo
O obje vo geral desse trabalho cien fico Os aspectos da modernidade nos meios
foi iden ficar a presença de de produções acabam influenciando os
caracterís cas empreendedoras nos p ro c e s s o s p ro d u v o s e c o m o a s
funcionários da Agência do organizações se relacionam com seus
Empreendedor da Prefeitura Municipal funcionários e o sistema que estão
de Guarapuava/Pr. Serão estudados os inseridas. Para Sertek (2011, p.24) esse
sete funcionários que compõem o quadro sistema diz respeito a “especialização
funcional do ano de 2017. das pessoas em serviços se dá de
O desenvolvimento econômico e social de forma lenta, o que provoca o
cidades e regiões deve ser incen vado descompasso entre o trabalho e a
através da formulação con nua de tecnologia”. Essa questão pode
polí cas públicas de curto e longo prazo. fomentar discussões sobre o
Dentro desse contexto de desenvolvimento social e econômico
desenvolvimento socioeconômico, pode- at ravé s d a d i s p o n i b i l i d a d e d e
se observar a presença de pequenos emprego para a população, porém
empreendedores que geram o seu uma pequena parcela da mesma não
próprio emprego e são responsáveis por se contenta em apenas trabalhar.
sustentar suas famílias, gerando renda Nesse contexto, temos o conceito de

124
Administração em foco
estudos multidisciplinares

empreendedorismo, dado por importância do empreendedorismo


Schumpeter (1942) apud Degen (1989) dentro da gestão pública.
como um impulso que gera novos Degen (1989) ilustra a importância do
mercados e produtos movimentando o empreendedorismo para a sociedade,
sistema capitalista, sobrepondo os porém também enfa za os três principais
an gos métodos menos eficientes e fatores que podem impedir a proliferação
geradores de maiores custos. A definição de empreendedores dentro de uma
de empreendedorismo também é dada nação, sendo eles: a acomodação de
por Souza et al (2017, p. 325) como uma empregados assalariados, a disposição de
“axioma central do fenômeno assumir riscos e os conhecimentos
empresarial como processo herdados de famílias e da sociedade a
socioeconômico e comportamental à qual estamos inseridos. Para o autor, a
abertura de novos negócios”. Ainda para associação desses três fatores pode
Venkataraman (1997, p. 120) apud impedir que um grande número de
Zampier e Takahashi (2011, p. 566) o empreendedores se desenvolva
conceito de empreendedorismo é dado prejudicando estados e municípios.
pelo “campo de estudo que procura O processo de empreendedorismo e a
compreender as oportunidades que abertura de negócios podem influenciar a
geram novos produtos e serviços são renda de famílias inteiras. Existem
descobertas, criadas e exploradas, por estudos que evidenciam a importância de
quem e com que consequências”. um fator associa vo ao
Segundo Moraes, Hashimoto e Alber ni empreendedorismo: a inovação. Para
(2013) inves gações sobre as Sertek (2011) as competências de
caracterís cas pessoais que movem os cria vidade e inovação caminham junto
empreendedores têm sido pesquisadas com o empreendedorismo, o
ao longo dos anos. Assim para Zampier e desenvolvimento das empresas. Assim as
Ta k a h a s h i ( 2 0 1 1 ) o e s t u d o d o organizações buscam programas internos
empreendedorismo vem sendo realizado para desenvolvimento de caracterís cas
pelas áreas de conhecimento sociais e como confiança, liderança e a própria
humanas, compreendendo a economia, a confiança entre seus funcionários.
psicologia, a sociologia e a administração. Dentro da elaboração do planejamento
Tendo em vista a importância do tema de desenvolvimento socioeconômico de
para o desenvolvimento regional, estados e municípios os gestores devem
pretende-se estudar o tema dentro dos estar cientes da presença dos
estudos da gestão pública. empreendedores em potencial, definidos
Para Thai e Turkina (2014) apud Pinho e por Sertek (2011, p.81) como a
Thompson (2016) o empreendedorismo “capacidade da pessoa em desenvolver
na criação de novos negócios é competências que enriqueçam o seu
considerado como um fator essencial repertório de ações, para aproveitar
para o crescimento econômico e de dar oportunidades, a fim de sa sfazer as
poder para pessoas e para as empresas. necessidades dos clientes”. Conhecendo
Complementando tal definição, Degen esse fator essencial os gestores públicos
(1989) afirma que a riqueza de uma nação podem estruturar polí cas públicas que
se constrói diante da cria vidade e favoreçam os potenciais
liberdade de seu povo, um incen vo a empreendedores para que os mesmos
esses métodos pode fazer com que gerem emprego e renda para a região
problemas socioeconômicos sejam onde estão inseridos.
solucionados, produzindo melhores bens Dentro do foco desse trabalho busca-
e serviços, notando-se assim a se enaltecer a importância do

125
Administração em foco
estudos multidisciplinares

empreendedorismo para a gestão pública desenvolvimento social.


dos municípios assim para Salusse e Apresentados os conceitos de
Andreassi (2016, p. 307) “os gestores empreendedorismo e como o mesmo é
públicos vislumbram no fundamental para o desenvolvimento de
empreendedorismo uma alterna va para cidades dentro da gestão pública, agora
o desenvolvimento regional”. serão abordadas caracterís cas
Ainda busca-se apresentar um conceito empreendedoras que serão estudadas
dado por Pinchot (1978) apud Moraes, sobre os funcionários da Agência do
Hashimoto e Alber ni (2013) como sendo Empreendedor que atuam diretamente
o intraempreendedor onde um com uma população empreendedora e de
funcionário que através de es mulos potenciais empreendedores da região.
interno e externos é capaz de usar os 2.2 Caracterís cas Empreendedoras
recursos da empresa que está inserido e Para Oliveira, Silva e Araújo (2014) são
através deles gerar um serviço ou produto realizados muitos estudos sobre as causas
de sucesso. O foco do presente trabalho das empresas fecharem no início de sua
são funcionários públicos que podem a vidade, nesse campo, se faz necessário
apresentar caracterís cas um estudo sobre as caracterís cas dos
empreendedoras prestando um serviço empreendedores que fazem com que
de excelência para a sociedade. Nesse alguns negócios perdurem por mais
aspecto são geradas polí cas públicas tempo que outros. Através dos estudos
que buscam dar novas alterna vas e realizados dentro do campo do
desburocra zando o sistema para comportamento organizacional é possível
a t u a ç ã o d e e m p re e n d e d o re s e m observar quais caracterís cas são vitais
potencial. Assim, nasceu a inicia va da para a sobrevivência das organizações.
gestão do município de Guarapuava/Pr na Nesses estudos sobre o tema nota-se que
fundação da Agência do Empreendedor, o meio em que as pessoas estão inseridas
departamento vinculado a Secretária de influência diretamente no
Desenvolvimento Econômico e Inovação desenvolvimento de determinadas
que busca facilitar a formalização de caracterís cas empreendedoras, Pinho e
Microempreendedores Individuais (MEI) Thompson (2016) destacam aspectos
da região para que os mesmos tenham culturais que influenciam diretamente na
acesso a serviços básicos e possam formação de caracterís cas e traços de
exercer a sua a vidade dentro das normas personalidade que mo vam os
do município e dentro das leis impostas empreendedores a agir e pensar de
pela Receita Federal. maneira empreendedora.
Com a aplicação do programa nota-se a Já para Souza et al (2017) que descrevem
sua importância em números para o que os estudos sobre empreendedorismo
município e todos aqueles que são estão se voltando para a figura central do
beneficiados pela Agência do empreendedor, são evidenciadas as
Empreendedor, nesse contexto Pinho e caracterís cas comportamentais que
Thompson (2016, p.167) afirmam que “os influenciam não apenas na abertura de
governos atuais e respec vos atores negócios mas também nos traços de
polí cos estão cada vez mais atentos aos personalidade dos mesmos como
bene cios sociais e econômicos que a tudes, valores, interesses e questões
resultam da criação e promoção de novos emocionais.
negócios”. A formação de novos negócios As caracterís cas empreendedoras
beneficia todo um ciclo de produção, estão diretamente ligadas aos
onde para pequenos municípios auxiliam aspectos de comportamento, assim
na implantação de novos programas de segundo McClelland (1972) apud

126
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Oliveira, Silva e Araújo (2014) a mo vação caracterís cas apresentadas os


das pessoas surge por três necessidades, empreendedores de sucesso apresentam
sendo elas: realização, poder ou afiliação; o mínimo dessas qualidades
a capacidade de empreender pode surgir apresentadas. Assim pode-se observar
por mo vos de realização de um sonho ou que alguns conjuntos de
meta, poder realizar suas a vidades empreendedores podem possuir uma
quando julgarem necessário e quando determinada combinação de
colocam o interesse cole vo acima do caracterís cas enquanto outros
individual. Para Hirisch, Peters e Shepherd empreendedores podem apresentar uma
(2009) apud Oliveira, Silva e Araújo (2013) combinação diferente, sendo ambas
além dessas três caracterís cas básicas determinantes para o sucesso de seus
também se faz presente outras empreendimentos. Ainda segundo o
caracterís cas que são vitais para um mesmo pensamento dos autores Oliveira,
empreendedor de sucesso, sendo elas: a Silva e Araújo (2014) iden ficadas as
inovação, o conhecimento para correr o caracterís cas de sucesso dos
mínimo de risco possível, a realização empreendedores, novos estudos foram
pessoal e sua autoconfiança em relação sendo realizados para iden ficar e
ao seu conhecimento e o desempenho do analisar essas caracterís cas, chegando a
seu negócio. conclusão de que algumas dessas
Na concepção das caracterís cas caracterís cas podem ser adquiridas
empreendedoras, os estudos de Nassif et através do estudo e ou da experiência
al (2010) apud Moraes, Hashimoto e prá ca.
Alber ni (2013) destacam a presença de Assim para Mamede e Moreira (2005, p.
caracterís cas afe vas como coragem, 4) apud Zampier e Takahashi (2011, p.
perseverança e mo vação nos primeiros 569) “a competência empreendedora
momentos do negócio, assim logo essas pode ser tratada tanto como competência
caracterís cas vão sendo subs tuídas por do indivíduo, quando relacionada à
aspectos cogni vos. As caracterís cas p rá ca a d m i n i st ra va , d ev i d o à s
comportamentais empreendedoras são diferentes tarefas que desempenham”.
dadas por McClelland (1972) apud Dessa definição podemos associar as
Oliveira, Silva e Araújo (2013) como caracterís cas empreendedoras para
sendo: busca de oportunidade, inicia va, aqueles que decidem realizar a abertura
persistência, exigência de qualidade, de um novo negócio quanto para
eficiência, independência, autoconfiança, funcionários que trabalham dentro das
correr riscos calculados, estabelecimento organizações.
d e m e ta s , b u s c a d e i n fo r m a ç ã o, Em seus estudos Oliveira, Silva e Araújo
planejamento, monitoramento (2014) os autores que estudaram as
sistemá cos, persuasão e rede de caracterís cas dos empreendedores
contatos e por fim comprome mento. como: inovação, correr riscos calculados,
Segundo os autores junto a essas a necessidade de realização e
caracterís cas ainda é possível adicionar autoconfiança, foram evidenciadas em
mais duas sendo elas: necessidade de um maior número de obras e autores
realização e liderança. Essas diferentes. Nota-se assim uma
caracterís cas são determinantes para importância maior dada pelos autores
con nuidade de empresas e para para esses tópicos.
abertura de novos negócios. A seguir está representado no Quadro 1
Ainda segundo Hisrich, Peters e Shepherd uma síntese com as caracterís cas
(2009) apud Oliveira, Silva e Araújo (2014) empreendedoras apresentadas no
definem que além de todas as referencial teórico do presente estudo.

127
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 1 – Caracterís as empreendedoras para cada autor


Autores Caracterís cas empreendedoras
Hisrich, Peters e Shepherd Inovação, conhecimento para correr o mínimo
(2009) apud Oliveira, Silva e de risco possível, realização pessoal e sua
Araújo (2013) autoconfiança em relação ao seu conhecimento
e o desempenho do seu negócio.
Nassif et al. (2010) apud Coragem, perseverança e mo vação nos
Moraes, Hashimoto e primeiros momentos do negócio.
Alber ni (2013)
Busca de oportunidade, inicia va, persistência,
exigência de qualidade, eficiência,
McClelland (1972) apud
independência, autoconfiança, correr riscos
Oliveira, Silva e Araújo
calculados, estabelecimento de metas, busca de
(2013)
informação, planejamento, monitoramento
sistemá cos, persuasão, rede de contatos,
comprome mento, necessidade de realização e
liderança.
Fonte: Elaborado pelos autores (2018)
Apresentadas as caracterís cas segue o uso de um roteiro
empreendedoras e os conceitos de preestabelecido, porém permite que o
empreendedorismo no seu referencial entrevistador possa incluir novos
teórico, agora será apresentada a ques onamentos sem perder o foco da
metodologia que compõe o trabalho, o pesquisa.
planejamento de coleta das informações Tendo em vista a natureza da pesquisa
e apresentação dos dados. qualita va o mesmo fez uso de dados
3 Metodologia da pesquisa descri vos, Zanella (2009, p. 76)
O presente estudo buscou evidenciar a define a pesquisa descri va como
presença de caracterís cas aquela que “se preocupa com
empreendedoras nos funcionários da descrever os fenômenos por meio dos
Agência do Empreendedor, sendo significados que o ambiente
classificada como um estudo qualita vo, manifesta”. A definição de pesquisa
Zanella (2009) define pesquisa qualita va qualita va é dada por Silva (2005, p.
como um modelo de pesquisa que não faz 20) como sendo “relação dinâmica
uso de instrumentos esta s cos. Tendo entre o mundo real e o sujeito, isto é,
em vista que o presente trabalho vai um vínculo indissociável entre o
abordar caracterís cas comportamentais mundo obje vo e a subje vidade do
busca-se evidenciar os mesmos através sujeito que não pode ser traduzido em
da aplicação de uma entrevista, definida números”. Complementando Triviños
por Lakatos e Marconi (1991) apud (1987) apud Zanella (2009) apresentam as
Zanella (2009) como um encontro de duas principais caracterís cas da pesquisa
pessoas para comunicação de qualita va que são: o ambiente como
informações sobre determinado assunto. fonte dos dados e o pesquisador como
Para coleta dos dados foi u lizada uma elemento chave, pesquisa descri va,
entrevista semi estruturada, Zanella preocupação dos pesquisadores com o
(2009) define a entrevista semi processo, análise dos dados feita de
estruturada como uma entrevista que maneira indu va e compreensão dos

128
Administração em foco
estudos multidisciplinares

fenômenos do ponto de vista dos seguir apresentam-se as informações


par cipantes da pesquisa. coletadas com a aplicação da entrevista
Os dados foram coletados por meio da aos funcionários do departamento em
aplicação de uma entrevista semi estudo.
e s t r u t u ra d a , a s s i m p r e t e n d i a - s e 4 Resultados e discussão
entrevistar os funcionários durante seu Nesta seção serão apresentados os
período de a vidade laboral e dentro do resultados coletados através da aplicação
seu ambiente de trabalho. Esperava-se da entrevista aos sete funcionários do
que todos os funcionários sejam departamento em estudo. Devido a
entrevistados no mesmo dia. disponibilidade dos funcionários para
Na elaboração do roteiro da entrevista responder a entrevista os mesmos
foram abordadas as caracterís cas acabaram sendo entrevistados em dois
empreendedoras dos entrevistados, para dias diferentes, no primeiro dia foram
tanto, dentre todas as caracterís cas entrevistados cinco funcionários e no
empreendedoras apresentadas em segundo dia os dois restantes. Os
síntese no Quadro 1, oito delas foram entrevistados que concordaram em
selecionadas para formulação do roteiro terem sua entrevista gravada assinaram
da entrevista sendo: perseverança, um termo de consen mento para a não
inicia va, estabelecimentos de metas, revelação de seus nomes e dados
busca de informação, planejamento, rede pessoais. Dos sete entrevistados dois
de contatos, liderança e deles não permi ram a gravação em
comprome mento. Na primeira questão áudio da entrevista e suas respostas
da entrevista solicitou-se que os fo ra m a n o ta d a s n o d e co r re r d a s
entrevistados colocassem em ordem de indagações.
importância as oito caracterís cas Na primeira etapa da entrevista solicitou-
abordadas e em seguida foram aplicadas se que os entrevistados colocassem em
oito perguntas cada uma sobre uma ordem de importância as oito
caracterís ca específica. O roteiro da caracterís cas abordadas na pesquisa,
entrevista semi estruturada encontra-se enumerando-as de 1 a 8, sendo 1 para a
no Apêndice 1 do presente trabalho. mais importante e 8 para a menos
Apresentados os aspectos metodológicos importante. Os resultados encontrados
que norteiam o presente trabalho, a são apresentados no Quadro 2 a seguir.

Quadro 2 – Ordem de importância das caracterís cas para os entrevistados


Ordem Caracterís cas
1º Perseverança, Inicia va e Comprome mento
2º Estabelecimento de Metas e Busca de Informação
3º Planejamento
4º Perseverança, Inicia va e Planejamento

5º Estabelecimento de Metas e Comprome mento

6º Perseverança, Busca de Informação e Rede de Contatos

7º Busca de Informação e Liderança

8º Rede de Contatos
Fonte: Dados da pesquisa
129
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Perseverança, inicia va e diferente da faculdade”. Nota-se que na


comprome mento foram as fala do entrevistado 6 que além de uma
caracterís cas mais vezes marcadas como busca de conhecimentos em fontes como
a caracterís ca mais importante. livros e internet, uma experiência prá ca
Estabelecimento de metas e busca de também é uma fonte vital de informação.
informação foram as caracterís cas mais No estudo realizado por Oliveira, Silva e
marcados como opção de número dois. Araújo (2014) a presença da caracterís ca
Na terceira posição de importância, de busca de informação também foi
planejamento foi o mais marcado. Na evidenciada no seu público pesquisado,
quarta posição, perseverança, inicia va e principalmente na coleta de informações
planejamento foram os mais marcados, antes de iniciar um negócio ou dar
duas vezes cada. Na quinta posição, con nuidade ao mesmo. Os autores
estabelecimento de metas e também associaram a busca de
comprome mento foram ambas informações ao processo de inovação.
marcadas três vezes pelos entrevistados. O que diz respeito ao planejamento, para
Na sexta posição, perseverança, busca de McClelland (1972) apud Oliveira, Silva e
informação e rede de contatos foram os Araújo (2013, p. 109) o planejamento é
mais marcados. Na sé ma posição, busca definido por “divide as tarefas de grande
de informação e liderança foram as mais porte em subtarefas com prazo definido”.
selecionadas, duas vezes cada. Na oitava A elaboração de um planejamento é
posição, rede de contatos foi a fundamental para o início de um
caracterís ca marcada quatro vezes como empreendimento e para sua
a menos importante. perpetuidade. A formulação de um
Em relação a busca de novos planejamento pode ser evidenciado
conhecimentos, McClelland (1972) apud através da descrição do entrevistado 7
Oliveira, Silva e Araújo (2013, p. 109) onde ele diz que “defino o obje vo
definem a busca de informações como pretendido, descrevo quais as etapas que
“ p ro c u ra p e s s o a l m e n te to d a s a s devo seguir para alcançá-lo e qual a
informações possíveis sobre o ambiente melhor maneira para executá-las”. Ainda
em que está inserido; busca auxílio de na mesma questão na fala do
especialistas para obter acessória técnica entrevistado 3 nota-se o futuro desejo de
o u c o m e r c i a l ”. A p r o c u r a d e empreender em um negócio, onde ele
conhecimentos é uma caracterís ca vital cita que “a minha mãe ta abrindo uma
para os empreendedores que devem empresa agora então eu quero abrir a
buscar informações sobre o mercado e minha e quero ser uma empresária de
produtos para aplicação em seus sucesso”. No estudo de Oliveira, Silva e
negócios. A busca por novos Araújo (2014) os respondentes possuem
conhecimentos fica evidente na fala do uma caracterís ca de planejamento,
entrevistado 1, onde ele descreve que onde buscam uma análise criteriosa de
“ge ra l m e nte e u p ro c u ro n o vo s suas ações levando em consideração suas
conhecimentos através da leitura de vantagens e desvantagens, também a
livros, pela internet, jornais e também troca de métodos caso não tenham
sempre que possível com trabalhos ob do os resultados necessários.
acadêmicos”. Já para o entrevistado 6 a Em relação a caracterís ca
busca de novos conhecimentos também empreendedora da persistência, para
se dá no ambiente de trabalho “eu acho McClelland (1972) apud Oliveira, Silva
que através de pesquisas e leitura, até e Araújo (2013, p. 109) a persistência
mesmo aqui (Agência do Empreendedor) é entendida como “enfrenta os
a gente adquire bastante conhecimento desafios das mais variadas formas e

130
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estudos multidisciplinares

quantas vezes forem necessárias para a fi r m a ra m q u e n ã o s e i m a g i n a m


superar os obstáculos”. A persistência é desempenhando um papel de liderança,
uma caracterís ca que pode fazer com nota-se que a caracterís ca de liderança
que o empreendedor não se abale diante foi marcada três vezes como de menor
das dificuldades que seu negócio possa importância. No estudo de Oliveira, Silva e
enfrentar. A persistência pode ser Araújo (2014) a liderança foi evidenciada
evidenciada através do relato do como uma caracterís ca muito presente
entrevistado 2, onde ele cita que “quando entre os pesquisados, assim como no
e u q u e ro m u i t o e u n ã o d e s i s t o . estudo de Marques et al (2017) onde
Independentemente do que eu vou liderança apareceu com frequência nos
enfrentar eu não desisto” e também no entrevistados.
entrevistado 3 “eu costumo tentar até Para McClelland (1972) apud Oliveira,
quando chega no meu limite, quando eu Silva e Araújo (2013, p. 109) a rede de
vejo que não dá mais que eu não vou relacionamentos pode ser
conseguir levar para frente daí que compreendida como “u liza-se de
desisto, mas não é uma coisa que eu p e s s o a s - c h ave p a ra a n g i r o s
começo e já paro. Eu costumo insis r”. próprios obje vos; está sempre
Nenhum dos entrevistados respondeu desenvolvendo e mantendo relações
e s s a q u e stã o d e fo r m a n e ga va , comerciais”. A rede de contatos é
demonstrando por que a caracterís cas f u n d a m e n t a l p a r a o
da perseverança foi uma das mais empreendimento, uma vez que essa
marcada dentre as oito selecionadas. No rede de relacionamentos pode trazer
estudo de Marques et al (2017) a futuros clientes ou negócios para o
ca ra c te r í s ca d a p e rs i stê n c i a fo i empreendimento. Em relação a
encontrada com frequência nos formação de uma rede de contatos os
pesquisados do setor público, assim como entrevistados a definem como “eu
na pesquisa de Oliveira, Silva e Araújo mantenho rede de relacionamentos
(2014) onde os pesquisados afirmaram não só no próprio trabalho, mas
con nuar em suas a vidades mesmo também com professores, com
diante de limitações. profissionais de outras áreas que eu
A l i d e ra n ça é u m a ca ra c te r í s ca sei que um dia podem vir a me servir
importante no processo de empreender, também profissionalmente e
uma vez que através da liderança muitas pessoalmente” (Entrevistado 1). A
ações serão tomadas para dar rumo ao importância da rede também é
empreendimento. Em relação a liderança notada na fala do entrevistado 7,
e como os entrevistados se imaginam na onde ele cita que “penso que na
liderança, nota-se a caracterís ca atualidade todos precisam manter
empreendedora associada a formação uma rede de contatos, para obter e
acadêmica no relato do entrevistado 3 “eu r e p a s s a r i n f o r m a ç õ e s ”. J á o s
acho que como administradores a gente entrevistados 2, 4 e 6 afirmaram não
sempre tenta, a gente tem o ar de líder, a possuírem uma rede de contatos,
gente já se forma para isso”. Já o assim percebe-se por que a
entrevistado 4 enaltece sua experiência caracterís ca da rede de contatos foi
na liderança, “já assumi um cargo de marcada como a caracterís ca menos
liderança em uma empresa, faz uns três importante dentre as oito
anos. Assim até é complicado de selecionadas. No estudo de Marques
descrever, eu gostava, até o feedback que et al (2017) sobre a as caracterís cas
eu nha do pessoal era de que eu era uma empreendedoras dentro da gestão
boa líder”. Já os entrevistados 2, 6 e 7 pública, não foi abordada a

131
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caracterís ca de rede de contatos. Já na desafiantes e têm um significado pessoal;


pesquisa realizada por Oliveira, Silva e as metas são claras, obje vas e definidas a
Araújo (2014) a rede de contatos possui longo prazo; as metas de curto prazo são
uma forte presença nos respondentes, mensuráveis”. Assim perguntou-se aos
onde se mantém contato com outros entrevistados se os mesmos estabeleciam
empresários e um bom relacionamento metas e como faziam para realizá-las, o
com empresários da região. entrevistado 2 afirma estabelecer metas
Em relação a caracterís ca da inicia va, em seu relato, onde “sim, coloco as
conceituada por McClelland (1972) apud principais (metas) as que eu quero muito
Oliveira, Silva e Araújo (2013, p. 109) e vou agindo. As que tem importância,
como sendo “o indivíduo faz as coisas mas não tanta relevância no momento eu
antes de ter sido solicitado, ou antes de vou deixando para depois”. No relato do
ser forçado pelas circunstâncias”. A entrevistado 3 e 4 nota-se um paralelo
inicia va é fundamental tanto na entre o estabelecimento de metas e o
abertura do empreendimento ou até planejamento, o entrevistado 3 alegou
mesmo nas mudanças que o negócio que “eu acho que o planejamento é
venha a sofrer durante sua a vidade. prioridade, o início de tudo, mas eu
Assim perguntou-se aos entrevistados se geralmente costumo assim estabelecer
eles possuem inicia va, ficou evidenciado minhas metas, vejo o que eu preciso para
na fala do entrevistado 3 a presença de concluir elas e vou atrás das coisas que eu
uma postura inicia va, “eu tento ser preciso para elas”, já o entrevistado 4
proa va sempre, tento tomar a inicia va alegou que “que nem eu te contei do
quanto vejo estou aberta a isso quando eu planejamento eu faço isso todo dia a todo
tenho oportunidade de ter inicia va momento. E todo ano eu procuro ver o
sempre tento ter inicia va”. No relato do que eu planejei, o que eu fiz e o que eu
entrevistado 1 nota-se que a inicia va não fiz, por que não fiz”. O entrevistado 1
também é usada dentro do ambiente de alegou que não estabelece metas tanto
trabalho, onde ele descreve que “eu profissionais quanto pessoais. No estudo
possuo pro a vidade eu procuro sempre de Oliveira, Silva e Araújo (2014) o
atender as necessidades tento ajudar aos estabelecimento de metas se mostra
colegas no trabalho nessa área e tento como uma caracterís ca muito presente e
sempre solucionar problemas diversos no ar go de Marques et al (2017) a
que não concerne diretamente a mim, caracterís cas foi evidenciada com
m a s q u e e stã o d e n t ro d a m i n h a frequência entre os pesquisados.
capacidade”. Já na fala do entrevistado 7, Para McClelland (1972) apud Oliveira,
observou-se uma relação entre a Silva e Araújo (2013, p. 109) definem
inicia va e tomar alguma a tude um comprome mento como “sacrifica-se
pouco tarde, onde ele fala que “às vezes e faz qualquer esforço para completar
tomo inicia va um pouco tarde, sinto uma tarefa; está sempre colaborando
receio e medo de arriscar e tomar com os empregados para que o
inicia vas erradas”. A inicia va foi uma t r a b a l h o s e j a t e r m i n a d o ”. O
caracterís ca evidenciada na pesquisa de comprome mento do empreendedor
Oliveira, Silva e Araújo (2014), onde os com seu projeto pode ser
respondentes afirmaram buscar novas f u n d a m e n t a l p a ra q u e e l e s e
oportunidades para suas ações. estabeleça no mercado e cresça. Em
No que diz respeito ao estabelecimento relação ao comprome mento no
de metas, McClelland (1972) apud relato do entrevistado 7 evidencia a
Oliveira, Silva e Araújo (2013, p. 109) presença da caracterís ca com seus
definem que “os obje vos e metas são projetos “tenho um grande

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estudos multidisciplinares

comprome mento com meus projetos as caracterís cas pesquisadas em comum


quando os almejo muito, faço tudo o que com o ar go de Marques et al (2017)
for necessário e cumpro com todas as perseverança, estabelecimento de metas
metas estabelecidas para alcançar o que e liderança foram evidenciadas nos dois
desejo”. O entrevistado 5 em seu relato estudos. Nota-se assim uma similaridade
alegou que “sempre começo e finalizo os de caracterís cas empreendedoras
projetos, sem abandonar no meio e dentro setor público. Na pesquisa de
independente de haver contrapar da”. Oliveira, Silva e Araújo (2014) destaca-se
Já o entrevistado 1 alegou em sua fala que que seus pesquisados atribuíram um
“eu me comprometo de modo que eu sei a grande valor a rede de contatos, já no
importância de um projeto ou obje vo e presente estudo, rede de contatos foi a
tenha sua importância e meu caracterís ca considerada menos
comprome mento vai ser de acordo com presente nos entrevistados. Assim as três
essa importância”. No ar go de Oliveira, caracterís cas mais evidenciadas nesse
Silva e Araújo (2014) o comprome mento estudo também foram percep veis no
teve um retorno posi vo nos ar go de Oliveira, Silva e Araújo (2014).
pesquisados, sendo uma caracterís ca Com a aplicação do roteiro da entrevista
presente nos mesmos. nota-se a presença das caracterís cas
Assim é possível evidenciar que das oito empreendedoras nos funcionários da
caracterís cas listadas, três delas veram Agência do Empreendedor. Assim
maior destaque nas falas dos apresentaram-se seus dados sobre as
entrevistados, sendo elas: perseverança, caracterís cas e em algumas vezes como
inicia va e comprome mento. Tais elas são desenvolvidas. Em seguida serão
caracterís cas são fundamentais para o apresentadas as conclusões finais do
desempenho de a vidades voltadas aos presente ar go.
empreendedores da região, uma vez que 5 Conclusão
alguns deles também podem apresentar O presente estudo buscou evidenciar
essas mesmas caracterís cas. Todos os a p r e s e n ç a d e c a ra c t e r í s c a s
funcionários entrevistados apresentaram empreendedoras nos funcionários da
em seus relatos evidências de pelo menos A gê n c i a d o E m p re e n d e d o r d a
uma das caracterís cas listadas. Sendo Prefeitura Municipal de
que a caracterís ca de formação de uma Guarapuava/PR, assim o presente
rede de contatos sendo a menos obje vo desse trabalho foi
percep vel pelos entrevistados. fundamentado sobre a principal
O presente estudo buscou evidenciar as questão: os funcionários da Agência
caracterís cas empreendedoras em do Empreendedor possuem
funcionários de um departamento caracterís cas empreendedoras?
público, comparando seus resultados Através de um roteiro de entrevista
com o estudo realizado por Marques et al semi-estruturado foram levantadas
(2017) que realizou uma pesquisa para questões sobre oito caracterís cas
iden ficar o intraempreendedorismo no empreendedoras, assim comprovou-
setor público fazendo a aplicação do se que os funcionários apresentaram
estudo em uma ins tuição de ensino pelo menos uma das caracterís cas
superior e também com o trabalho de em estudo, sendo que alguns deles
Oliveira, Silva e Araújo (2014) que buscou apresentaram um conjunto de
evidenciar as caracterís cas caracterís cas diferente dos demais.
empreendedoras em empresários de Nota-se no estudo, que com a
micro e pequenas empresas de uma presença dessas caracterís cas é
região do estado de Minas Gerais. Dentre possível que esses funcionários

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

desempenhem seu papel nos mesmo dia, fato que pode ter
atendimentos dos empreendedores da influenciado as respostas de outros
região. entrevistados.
Com o estudo das caracterís cas Na possibilidade de trabalhos futuros,
empreendedoras junto a funcionários sugere-se a evidência de mais
que trabalham diretamente com um caracterís cas empreendedoras além das
público que busca o auto-emprego, oito abordadas nesse trabalho. Assim
buscam a formalização de sua empresa e como a aplicação do trabalho em outros
também informações sobre questões municípios para evidenciar se existem
tributárias, financeiras e jurídicas, é caracterís cas comuns entre os
fundamental que esses funcionários funcionários que trabalham com esse
tenham ou desenvolvam as público empreendedor em outros órgãos
caracterís cas estudadas para melhor públicos.
desempenharem sua função no Referências
desenvolvimento da região. Para a DEGEN, R. J.; O empreendedor:
sociedade, a presente pesquisa pode fundamentos da inicia va empresarial.
auxiliar outros órgãos públicos dentro do São Paulo: McGraw-Hill, 1989.
estado que também trabalham com esse GRAPPEGGIA, M.; LEZANA, A. G. R.;
público empreendedor. Para a gestão ORTIGARA, A. A; SANTOS, P. da C. F. dos.
pública, o presente estudo pode ajudar Fatores condicionantes de sucesso e/ou
gestores que trabalham com um público mortalidade de micro e pequenas
empreendedor a conhecer melhor seus empresas em Santa Catarina. Produção. v.
funcionários e saber quais caracterís cas 21, n. 3, p. 444-455, jul./set. 2011.
desenvolver para que eles ofertem um MACHADO, H. V.; ESPINHA, P. G.;
m e l h o r t ra b a l h o d e n t ro d e s e u s Empreendedorismo e franchising: uma
municípios. combinação que garante a sobrevivência?
As contribuições teóricas do presente Revista de Administração da Mackenzie.
estudo incluem a evidência de São Paulo, v. 11, n. 4, jul./ago. 2010.
caracterís cas empreendedoras em MARQUES, S. B. V.; RASOTO, V. I.;
funcionários do setor público, além da ISHIKAWA, G.; BOCCHINO, L. de O.;
coleta de dados ser executado pela Intraempreendedorismo no setor
entrevista demais dados também podem público: caracterís cas relacionadas ao
ser coletados através da observação empreendedorismo em ins tuição
diária desses funcionários. Em relação as pública de ensino superior, na visão de
contribuições prá cas, o presente relato seus gestores – estudo de caso na
de pesquisa pode auxiliar ins tuições Universidade Tecnológica Federal do
públicas que buscam fomentar os Paraná. Empreendedorismo, Gestão e
empreendedores em suas regiões. A Negócios. v.6, n.6, p. 91-108, Mar. 2017.
aplicação da presente pesquisa pode MORAES, M. J.; HASHIMOTO, M.;
selecionar quais funcionários estão mais ALBERTINI, T. Z.; Perfil empreendedor:
aptos a desempenhar esse estudo sobre caracterís cas
acompanhamento dos empreendedores. empreendedoras de motoristas
As principais limitações do trabalho funcionários, agregados e autônomos do
ocorreram em relação a aplicação da transporte rodoviário de cargas. A Revista
entrevista, tendo em vista que dois da ANEGEPE, Revista de
entrevistados recusaram-se a gravar suas E m p re e n d e d o r i s m o e G e stã o d e
respostas. Outra limitação ocorreu ao não Pequenas Empresas. v.2, n.1, p. 132-157,
entrevistar todos os funcionários no Jan./Abr. 2013.

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

OLIVEIRA, J. R. C. de; SILVA, W. A. C.; Revista de Administração


ARAÚJO, E. A. T.; Business longevity and Contemporânea. Rio de Janeiro, v.20, n.3,
entrepreneurial characteris cs: MSE's p. 305-327, Mai./Jun. 2016.
analysis of the Teófilo Otoni/Minas SERTEK, P.; Empreendedorismo. Curi ba:
Gerais/Brazil microregion. Tourism & Ibpex. 2011.
management studies. v.9, n.2, p. 107- SILVA, E. L. da.; Metodologia de Pesquisa
117, 2013. e elaboração de dissertação.
OLIVEIRA, J. R. C. de; SILVA, W. A. C.; Florianópolis: UFSC, 2005.
A R AÚJ O, E . A . T. ; C a ra c te r í s ca s SOUZA, G. H. S. de; SANTOS, P. da C. F. dos;
comportamentais empreendedoras em LIMA, N. C.; CRUZ, N. J. T. da; LEZANA, A.
proprietários de MPEs longevas do Vale G. R.; COELHO, J. A. P. de M.; Escala de
do Mucuri e Jequi nhonha/MG. Revista potencial empreendedor: evidências de
Administração Mackenzie. São Paulo, validade fatorial confirmatória, estrutura
v.15, n.5, p.102-139, Set./Out., 2014. dimensional e eficácia predi va. Gestão &
PINHO, J. C.; THOMPSON, D.; Condições Produção. São Carlos, v.24, n.2, p.324-
estruturais empreendedoras na criação 337, 2017.
de novos negócios: a visão de ZAMPIER, M. A.; TAKAHASHI, A. R. W.;
especialistas. Revista de Administração Competências empreendedoras e
de Empresas. São Paulo, v.56, n.2, p. 166- processos de aprendizagem
181, Mar./Abr. 2016. empreendedora: o modelo conceitual de
P R E F E I T U R A M U N I C I PA L D E pesquisa. Cadernos EBAPE.BR. Rio de
GUARAPUAVA. Disponível Janeiro, v.9, edição especial, ar go 6, p.
em:<h p://www.guarapuava.pr.gov.br/a 564-585, Jul./2011.
gencia-do-empreendedor/>. Acesso em: ZANELLA, L. C. H.; Metodologia de estudo
02 jun. 2018. e de pesquisa em administração.
SALUSSE, M. A. Y.; ANDREASSI, T.; O Florianópolis: Departamento de Ciências
ensino de empreendedorismo com da Administração/UFSC. UAB, 2009.
Fundamento na teoria effectua on .

135
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Administração em foco
estudos multidisciplinares

Ana Flávia da Cruz


Egresso do curso de Administração pelo Centro Universitário Campo Real
e-mail: adm-anacruz@camporeal.edu.br
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-9615-6098

Andressa Moraes de Lima


Egresso do curso de Administração pelo Centro Universitário Campo Real.
e-mail: adm-andressamatos@camporeal.edu.br
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-4602-6682

Matheus Cezimbra Lima


Egresso do curso de Administração pelo Centro Universitário Campo Real
e-mail: adm-matheuslima@camporeal.edu.br
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0003-0660-3710

Rafael Henrique Mainardes Ferreira


Professor Orientador Mestre em Desenvolvimento Regional
e-mail: prof_rafaelferreira@camporeal.edu.br
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0001-9007-1942

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Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução (FRANZOLIN, 2017). 


A s re l a ç õ e s d e c o n s u m o s e m p re Além de ser um desafio para todos os
pautaram a sociedade, especialmente na setores, seja de ordem industrial ou
pós-modernidade, onde o cenário comercial, a obsolescência também pode
tecnológico tomou um caráter de ser usada como uma estratégia de
regulação de anseios mercadológicos, mercado para es mular ainda mais o
novas entradas de mercados e fatores consumo, caracterizada como
determinantes para o desenvolvimento obsolescência programada.
econômico (COSTA, 2017). Segundo Conceição e Conceição (2014) o
Segundo Becker (2018) diversas situações conceito de obsolescência programada
ao longo da história, em especial as surgiu em 1932 através do americano
revoluções industriais, trouxeram Bernard London em seu folheto Ending
impactos no desenvolvimento da The Depression Through Planned
sociedade e ocasionaram inovações Obsolescence – em tradução literal:
dentro das organizações. acabando com a depressão através da
Nesse contexto, o legado das obsolescência programada. Onde fala
modificações industriais, a globalização e que todos os produtos teriam um ciclo de
a realidade socioeconômica da população vida programado, obrigando os
proporcionaram fatores importantes que consumidores a voltarem as compras,
permitem definir o modo de consumo e, gerando fim à crise.
por conseguinte, a produção industrial e o Por isso será aprofundado o tema neste
desenvolvimento comercial em níveis estudo observando se existe a aplicação
locais a globais (RAMALHO, 2012). Nesse desse conceito como uma forma de
sen do, um dos principais desafios inovação dentro do setor alimen cio,
mundo mercadológico é fazer com que os m a i s e s p e c i fi ca m e nte a n a l i s a n d o
seus produtos atendam às necessidades e hamburguerias na cidade de Guarapuava,
anseios atuais dos respec vos públicos no interior do Paraná.
(COSTA, 2017). Levando-se em conta esse panorama, o
O desafio se torna ainda maior ao se presente relato de pesquisa tem por
relacionar o dinamismo do mercado, do obje vo central analisar se os
público e do cenário que tecnológico, que empresários desse ramo conhecem esse
cada vez alcançam novas velocidades, conceito e, além disso, de que forma
obrigando as empresas a acompanharem estão o aplicando dentro das
essa evolução e mudarem seus produtos hamburguerias como forma de inovação.
para atender as novas demandas. A esse Da mesma forma buscará ser
processo, denomina-se o conceito de demonstrado se as consequências dessa
obsolescência conforme explica Franzolin inovação são posi vas ou nega vas para
(2017). O consumo sempre teve sua as organizações inves gadas.
realização na história no intuito de que os A par r desse contexto, o presente
membros da cole vidade pudessem estudo baseia-se em uma única questão
suprir suas necessidades. Só que a norteadora: como a u lização, consciente
sociedade de consumo es mulou o ato de ou não, do conceito de obsolescência
consumir e intensificaram-se programada pode impactar as
lançamentos de novos produtos de forma organizações no ramo de hamburguerias?
abundante e com reduzido ciclo de vida, Dessa forma tem como hipótese de
como estratégia para serem mais pesquisa que os gestores de
ra p i d a m e nte s u b s t u í d o s . N e s s e hamburguerias u lizam sem
contexto, a estratégia para esse modelo conhecimento em seus processos os
de consumo passou a ser reconhecida conceitos da obsolescência programada,
como obsolescência planejada
138
Administração em foco
estudos multidisciplinares

sem saber também os seus reais efeitos. produto não será mais usado (PADILHA,
2 Referencial teórico 2016).
Segundo relato de Gonçalves Junior e O termo obsolescência segundo o
Ferreira (2009) o mercado está cada vez dicionário (MICHAELIS, 2020) é a redução
mais compe vo no quesito preço. grada va e consequentemente
Produtos atualizados com alta tecnologia desaparecimento de alguma coisa. O
possuem preços mais acessíveis a verbete também é definido como o
diversas classes o que favorece a processo de redução e vida ú l de um
obsolescência programada dos produtos, produto, devido ao surgimento de outros,
a o b s o l e s c ê n c i a e stá to ta l m e nte isso quando abordado em uma questão
relacionada com a inovação e esta se de cunho econômico. Nesse panorama, é
enquadra em estratégia de mercado. justamente a estratégia de reduzir o ciclo
2.1 Obsolescência programada e o de vida de um produto de forma
ciclo de vida dos produtos organizada para que outro novo produto
Quando um produto envelhece ou deixa ocupe seu lugar no mercado que é o
de ser usado torna-se obsoleto. Portanto principal conceito de obsolescência
a t rav é s d e s s a d e fi n i ç ã o, s u rg e a programada.
Obsolescência Programada que significa Pode-se analisar melhor esse conceito,
criar um produto com prazo de duração, pelo conceito de CPV (Ciclo de vida do
ou seja, ditar quando determinado Produto), na figura 1 abaixo:

Figura 1 – Ciclo de vida do produto


volume de vendas

Tempo
1. Introdução 2. Crescimento 3. Maturidade 4. Declínio
Fases do cliclo de vida do produto
Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2007).

Em geral, o ciclo de vida apresenta quatro fica obsoleto e não tem mais procura
estágios: introdução, crescimento, (KAYO et. al. 2006).
maturidade e declínio (KAYO et. al. 2006). 2.2 Obsolescência programada e as
Dessa forma, os princípios de usabilidade relações de consumo, ambientais e
podem ser mensurados, de forma a tecnológicas
interpretar os dados de mercado e A obsolescência programada em uma
anseios de seus consumidores. sociedade consumista induz e convence o
Onde a Introdução é a fase onde é lançado usuário a comprar novos produtos e
o produto no mercado; o crescimento é descartar aqueles que ainda estão em
aumento das vendas no decorrer do boas condições de uso (PADILHA, 2016).
período; já a maturidade é o auge, onde o Ao longo dos anos, muitos autores de
produto a nge o ápice no mercado; o renome desenvolveram tratados e
declínio é a perda de interesse pelo conceitos sobre o tema, como pode-se
produto; e por fim a morte, é quando ele ver no Quadro 1 abaixo:

139
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 1 – Conceitos de Obsolescência


AUTORES DEFINIÇÃO
Existem diferentes pos de obsolescência. Sendo a funcional, sistêmica,
de es lo, e por no ficação. Funcional é onde as empresas lançam novas
Slade apud tecnologias para subs tuir as anteriores. A sistémica traz um produto
Correa et. al obsoleto, onde não terá o uso con nuo. De es lo é onde o mercado
(2015) influencia a subs tuição de produtos através de um ciclo de moda. De
no ficação, onde o cliente é informado quando o produto já possui um
subs tuto
A obsolescência se aplica quando o produto se torna ultrapassado
Layrargues apud mesmo podendo ainda ser u lizado. Ela induz a subs tuição desses
Correa et. al produtos quando estes ainda são u lizáveis, gerando assim uma
(2015) necessidade de consumo.
Define-se por uma estratégia adotada pelas empresas onde estas
programam o ciclo de vida dos seus produtos. Estes se tornam
Garcia (2014) ultrapassados em um curto prazo e os consumidores desta forma ficam
induzidos a adquirirem produtos em novas versões.
Marchesini Trata-se da fabricação de produtos com uma vida ú l de curto
(2010) prazo, onde sua durabilidade ocorre de forma curta, ocasionando
um descarte precoce e um aumento de consumo.
Corresponde a deterioração consciente ou intencional da
Andrade (2007) mercadoria pelo fabricante com o intuito de colocar o produto
em uma maior e veloz circulação dentro do mercado.
O conceito de obsolescência programada condiz com reduzir
Vio (2004) ar ficialmente a durabilidade de um bem, colocando os
consumidores em uma posição de adquirir novos produtos para
subs tuir outros sem uma real necessidade, trazendo muitas das
vezes um consumo induzido, com isso deverá haver um poder
econômico de compra por parte do consumidor.
Fonte: Dados da pesquisa (2020).
Outros autores estudaram os efeitos e não se trata de inovação. Subs tuição e
consequências da obsolescência e sua inovação geram consumismo,
relação trazendo o conceito de uma consumismo gera descartes de resíduos e
forma em que afeta outros segmentos o direcionamento destes devem ser
como o meio ambiente, desenvolvimento planejados desde o momento em que a
tecnológico e consumo. inovação surge.
Hoch (2016) coloca a obsolescência 2.3 Caracterização da inovação
programada como uma estratégia de Nas úl mas décadas o mundo está em
consumo, com visão voltada para o lucro uma constante transformação social,
através da compra incen vando a econômica e cultural, portanto, é ní da a
aquisição de novos produtos. necessidade de adaptação quanto às
Zambon et al. (2015) propõem que a transformações, criando estratégias de
obsolescência e a inovação caminham inovação que supram as necessidades e
juntas pois nos meios eletrônicos a expecta vas dos clientes (ARANTES et.al.,
inovação é constante o que tornam os
2008). No entanto, as empresas precisam
produtos obsoletos em um curto período.
O autor demonstra em sua pesquisa que a estar sempre atualizadas com as
obsolescência quando direcionada de mudanças e em sintonia com os novos
forma específica em eletrônicos precisa conceitos do mercado (PAULA, 2014).
estar relacionada com a sustentabilidade Para Schumpeter uma inovação, no
e que dessa forma produtos inovadores sen do econômico somente é completa
precisam ser sustentáveis, do contrário quando há uma transação comercial

140
Administração em foco
estudos multidisciplinares

envolvendo uma invenção e assim projetos.


gerando riqueza (SANTOS et al. 2011). Scherer (2012) aponta que é um erro
Inovação refere-se à criação de um novo comum das pessoas associarem inovação
método, ideia ou redefinição criada para apenas a produtos, pois vai muito além do
solucionar um problema, algo diferente elemento que está visível na empresa,
dos padrões anteriores (SALVIANO; muitas vezes o sucesso ou fracasso se dá
BILAC; 2019). Embora inovação esteja pelo modo como o empreendedor monta
relacionada a algo novo, a empresa não o modelo do produto a ser negociado.
necessita criar algo a pico para ser De acordo com o Manual de Oslo (2006), a
inovação, mas sim, reinventar algo que já inovação consiste na implementação de
é existente dentro da empresa (SELA et um produto (bem ou serviço) novo ou
al., 2008). significa vamente melhorado, ou um
Inovar é “introduzir algo novo à existência processo, ou um novo método de
e à ordem das coisas” (CARAYANNIS et al. marke ng ou um novo método
2003, p. 115). Ainda segundo Tidd, organizacional nas prá cas de negócios,
Bessant e Pavi (2005), inovação é um na organização do local de trabalho ou nas
processo e não um evento, que, portanto, relações externas.
necessita de um bom planejamento para Além disso, na tabela abaixo pode-se
que haja êxito, ou seja, criação de níveis observar os 10 pontos que o SEBRAE
hierárquicos e de conhecimento dentro (2010), elenca como caracterís cas
da empresa para validação de ideias e importantes na inovação:

Tabela 1 – Caracterís cas da inovação


O risco de insucesso está sempre presente quando se busca inovar: quando rar ideias do
1.
papel, é preciso decidir pelos melhores métodos, a fim de solucionar o problema;
Pessoas cria vas são a matéria -prima básica do processo de geração de inovações: estas
2. pessoas devem estar à frente dos projetos inovadores para que o mesmo ganhe força e
aperfeiçoamento;
Ambientes adequados geram transbordamentos favoráveis cap azes de gerar insights cria vos e
3. inovações: importante criar estratégias que es mulem a cria vidade de novas ideias para algo
novo;
A inovação é um processo aberto: ou seja, são aceitos todos os pos de opiniões a fim de
4.
beneficiar a empresa;
A inovação pode ser ob da de formas dis ntas, inclusive por meio do uso de métodos
5.
estruturados;
Inovação é um fenômeno que acontece em todas as áreas do conhecimento, inclusive nos
6.
negócios: o consumidor almeja por inovação e o empreendedor deve sab er administrá-las;
A inovação deve estar alinhada à estratégia, para que se tenha bons resultados e inves mentos
7. para alavancar a compe vidade: uma gestão completa dentro da empresa, trará bons
resultados;
A maioria das inovações vem de três fo ntes básicas: clientes, concorrentes e funcionários.
8. Sabendo entender a necessidade do público alvo, entende-se também aonde deve haver
inovação;
9. A inovação é um fenômeno que acontece no mercado: a fim de trazer lucros para o mesmo;
10. Inovar é criar valor para a empresa.
Fonte: Adaptado de Sebrae (2010).

141
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estudos multidisciplinares

De forma simplificada, entende-se que a porém, isso está se tornando cada vez
inovação está mais presente no dia a dia mais di cil para os empreendedores, pois
das pessoas do que elas possam imaginar, o mercado alimen cio está cada vez mais
e também pode ser aplicada de variadas compe vo e consequentemente
formas obtendo-se ó mos resultados. tornando o produto obsoleto (WILLE,
2.4 Inovações no ramo alimen cio 2004).
Em uma empresa alimen cia, a inovação Dentro de uma empresa alimen cia
está no lançamento de novos produtos i n o va r n ã o d e p e n d e s o m e nte d a
que atendam a necessidade e gostos dos cria vidade do gestor, mas sim de uma
consumidores, como produtos mais equipe mul disciplinar que entende o
agradáveis, saborosos e com custos consumidor e o trata na sua
bene cios bons. E com tudo isso, a missão individualidade, traçando sempre uma
da empresa está em unir a diversidade de estratégia a fim de a ngir o obje vo,
produtos no mercado com o um valor porém, isso envolve riscos e incertezas
acessível para atender a demanda (FIGUEIREDO, 2006).
esperada (BRAGANTE, 2014). É possível definir alguns fatores de
O lançamento de um novo produto é inovação no ramo alimen cio, conforme
essencial para o bom andamento e explicita a Figura 2, a seguir:
fidelização de clientes na empresa,
Figura 2 – Fatores da inovação

Fonte: Adaptado de Lemos (2018).

De acordo com dados divulgados pela Gastronômico, esse setor cresceu 575%
Abrasel (2017), de cada 100 nos úl mos dez anos.
estabelecimentos abertos nesse setor, 35 A necessidade de inovação vem
fecham em até dois anos. Deste modo, aumentando cada vez mais, nos úl mos
compreende-se a exigência e anos a tendência gourmet se destaca com
par cularidade do consumidor, os fatores ingredientes mais sofis cados como
envolvidos na criação de um novo m o l h o s e s p e c i a i s , h a m b ú rg u e re s
produto alimen cio e a corrida contra o artesanais e com design diferenciado,
tempo da inovação para se manter visível batata frita como acompanhamento do
no mercado. hambúrguer, entre outros (SILVA, 2016).
2.5 Inovação no ramo de hamburguerias A Tabela 2, a seguir, representa alguns
Os empreendimentos alimen cios, em conceitos sobre inovação no ramo de
especial as hamburguerias, fazem parte restaurantes, especificamente no
do Brasil desde a década de 50 e, segundo ramo de hamburguerias, de acordo
o levantamento do Ins tuto com análise da literatura:
142
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Tabela 2 – Conceitos de inovação


Autores Definição
Inovação é ter o cuidado na restauração, para que os consumidores
Gagić (2016) con nuem desejando os produtos que os menus proporcionam,
sempre atendendo a necessidades.

Feltenstein (1986) Para inovar e crescer no setor alimen cio é necessário a criação de
novos produtos e ingredientes para serem adicionados aos menus.
O que torna um ambiente atra vo para os consumidores é a constante
O enbacher mudança nos menus, ingredientes, ambiente do estabelecimento, que
& Gnoth (2005) por consequência atrai mais clientes e obtém um maior retorno
financeiro.
Fonte: Adaptado de Lemos (2018).
Observam-se vários pontos citados pelos um processo cons tuído de várias fases,
autores com relação à inovação dentro do desde a formulação do problema até a
ramo alimen cio, porém um ponto que se apresentação e discussão dos resultados.
pode correlacionar é o desejo do Na definição desses roteiros esbarra-se
consumidor. Dentro desse ramo a em outra questão conceitual importante
inovação está muito ligada a manter a que permeia quase todas as pesquisas,
sa sfação do cliente. em especial essa: qual método de
Outro ponto que se nota é que, na pesquisa usar, considerando os métodos
discussão bibliográfica ilustrada no qualita vo ou quan ta vo (GUNTHER,
quadro acima, os autores afirmam que 2006).
um dos momentos em que a inovação No método quan ta vo os resultados são
está mais presente é quando se criam apontados através de dados mensuráveis,
n o vo s p ro d u to s e a m u d a n ça d e dados numéricos, esta s cas colhidas
cardápios, afim de que o consumidor através de ques onários, pesquisas e
sempre tenha algo novo para consumir. outros. Segundo Gunther (2006, p.2) o
2 Metodologia da pesquisa grande problema da pesquisa
A metodologia possui caráter quan ta va é não levar em conta alguns
fundamental para se alcançar os obje vos fatores no momento da coleta de dados
propostos em ar gos cien ficos. Segundo “uma inclusão de acontecimentos e
Gerhardt e Silveira (2009) é através do conhecimentos co dianos na
método cien fico - composto por dados interpretação de dados depende, no caso
iniciais e um sistema de operações pré- da pesquisa quan ta va, da audiência e
definidos -, que é possível chegar as do meio de divulgação”.
conclusões dos obje vos propostos. Já o método qualita vo, traz o indivíduo e
Ou seja, a metodologia é o marco inicial suas como ponto principal do bem como o
para o desenvolvimento de uma pesquisa, estudo de caso. Minayo e Gomes (2015)
pois é nesse ponto que se define o roteiro asseveram que “seu foco é
do que deve ser realizado. Gil (2007) principalmente a exploração do conjunto
reforça que nesta parte descrevem-se os de opiniões e representações sociais
procedimentos a serem seguidos na sobre o tema que pretende inves gar”.
realização da pesquisa. Ainda segundo Gil Considerando a visão dos autores e
(2007) pesquisa é definida como o seguindo a literatura, a presente pesquisa
procedimento racional e sistemá co que está classificada como qualita va, pois
te m co m o o b j e vo p ro p o rc i o n a r leva para sua conclusão análise de dados,
respostas aos problemas que são estudos de objetos através inclusive de
propostos. A pesquisa desenvolve-se por perguntas especificas direcionadas a

143
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estudos multidisciplinares

alguns par cipantes apontados como mesmos pensam e entendem sobre


gestores das principais hamburguerias da obsolescência programada e outros
cidade. conceitos relacionados, diante da análise
Trazendo a pesquisa para o segmento de das entrevistas e respec vas transcrições
alimentação, foram realizadas entrevistas e, por conseguinte, análise dos resultados
abertas semiestruturadas com gestores encontrados.
dentro das principais hamburguerias da 2 Resultados e Discussão
cidade de Guarapuava-PR, as quais foram A pesquisa em questão foi desenvolvida
apontadas como favoritas pela população dentro de quatro estabelecimentos do
através de pesquisa Top Of Mind realizada ramo alimen cio na cidade de
anteriormente. Guarapuava-PR, que foram apontadas
A ferramenta de Top Of Mind foi escolhida pelos consumidores da cidade como
pois Segundo Kotler (2007) no momento principais e mais lembradas quando se
da compra o consumidor traz em sua fala em hambúrguer, dados esses ob dos
mente várias empresas e a escolhida por através de abordagem de lembrança de
ele será a que traz maior porcentagem de marca e relevância, com Top Of Mind.
lembrança Share Of Mind (parte da Algo em comum entre os quatro
mente), e essa experiência pode ser estabelecimentos é que todos estão
demonstrada através de pesquisa situados na região central da cidade e
chamada de Top of Mind (topo da mente) atendem majoritariamente público
onde a empresa que se destacar através jovem com faixa etária de 18 a 30 anos e
dos resultados será a mais recomendada pertencentes a diversas classes sociais.
pelo consumidor dentro da concorrência. O estabelecimento classificado no quadro
Ferreira e Gadonski (2018) demonstram abaixo como D é o que está a mais tempo
at ravé s d e re s u l ta d o s j á o b d o s no mercado, tendo 15 anos de atuação. As
anteriormente que é possível através da demais veram o início de sua atuação na
pesquisa retratar qual a primeira marca úl ma década, percebe-se assim que o
que o consumidor lembra quando se fala ramo de hambúrguer segue crescendo
de determinado produto, e que dessa com o passar dos anos.
forma, a primeira marca lembrada A estas empresas foram direcionadas três
consequentemente será a escolhida. perguntas com o intuito de iden ficar se
Conforme a pesquisa Top of Mind existe a prá ca da obsolescência
realizada no ano de 2019, foram programada dentro dos
elencadas cinco empresas consideradas estabelecimentos e entender quais as
como as principais e mais importantes estratégias de mercado que as empresas
hamburguerias da cidade. Com gestores adotam. As respostas destes
destes empreendimento foi realizada ques onamentos estão dispostas no
uma pesquisa para iden ficar o que os Quadro 2, abaixo:

144
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Quadro 2 – Ques onário aplicado aos indivíduos de pesquisa

Conceito de Morte Programada De Produtos Que Não


Entrevistados
Obsolescência Produtos Deram Certo
Uma costela suína que
Criamos alguns produtos lançamos nha o
com edição limitada, formato do corte
mas na maioria das vezes diferente, acabamos
Uma coisa
Hamburgueria demos con nuidade subs tuindo por outro
única,
A porque deram certo, po de corte, então foi
exclusiva.
hambúrgueres novos de mais o po de corte
costela barbecue, por mesmo que mudamos
exemplo. do que o cardápio em
si.
Tivemos a porção de
Rã, não teve muita
saída as p essoas
procuravam mais por
Sempre lançamos
curiosidade o produto
Hamburgueria Não sei o que produtos e se tem saída
ficava na geladeira
B é. adicionamos no
nhamos que
cardápio.
descartar e é um
produto caro,
acabamos rando do
cardápio.

Já vemos edições
limitadas que deram
certo e acabamos
adicionando em n osso
cardápio. Lançamos os
Não tenho Não temos nenhum
Hamburgueria produtos por trinta dias
conhecimento produto que não deu
C e como foi um sucesso
. certo.
adicionamos depois ao
cardápio, o Brisket, por
exemplo, foi uma edição
limitada que teve venda
espetacular e colocamos
no cardápio.
Quando mudamos o
Coisas novas que
Já ouvi falar cardápio é na intenção
trouxemos, sanduiche
sim, só não de colocar coisas novas
Hamburgueria de pastrami, por
tenho pois alimentação é uma
D exemplo, batata com
conhecimento coisa que enjoa, as
pastrami que não saiu,
profundo. trocas de cardápio são
as pessoas ficaram com
baseadas nisso.
medo.
Fonte: Dados da pesquisa (2020).

145
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Diante das respostas percebe-se que produtos para subs tuir outros sem uma
todos os gestores desconhecem os real necessidade. Ou seja, o fim do
conceitos de Obsolescência Programada, produto é ar ficial, pensado para
mas quando ques onados sobre a morte aumentar o consumo e não por conta de
programada dos produtos eles trazem outros fatores como na edição limitada.
alguns exemplos daquilo que foi re rado Da mesma forma os gestores também
do cardápio como forma de estratégia de comentam sobre a re rada de alguns
negócios. produtos do cardápio por não terem saída
Os gestores das empresas A, B e C, suficiente e não terem caído no gosto do
afirmaram que adicionaram em seus público. O gestor da empresa D por
ca rd á p i o s p ro d u to s co m e d i çõ e s exemplo, citou que adicionou em seu
limitadas, ou seja, alimentos limitados a cardápio o lanche sanduíche de pastrami,
uma certa quan dade ou a um prazo mas que posteriormente precisou re rá-
específico de duração. Contudo, devido lo do menu pois este não teve saída como
ao sucesso dessas receitas, esses afirma o gerente. Segundo ele o fato
produtos acabaram sendo incorporados ocorreu certamente por se tratar de uma
de forma defini va no cardápio e iguaria, pois seus clientes são atraídos por
con nuam nos dias atuais tendo grande pratos mais habituais como o
procura por parte de seus clientes. hambúrguer.
Segundo Selau e Tone o (2016) edições O caso se repe u na empresa B, quando
limitadas podem ter um impacto sobre o não obteve sucesso com seus clientes ao
consumidor, que pode ser influenciado a incorporar a porção de rã em seu
comprar o produto antes que acabe, mas cardápio, sendo feita a exclusão do prato
segundo os autores a finitude dos posteriormente pela falta de procura.
produtos está mais relacionada a escassez Vale novamente salientar que essa prá ca
por abastecimento limitado, do que pela não se trata de obsolescência
alta demanda. Segundo relatos dos programada, pois a decisão da re rada
gestores das empresas citadas acima, a desses produtos não foi planejada, mas
edição limita tem efeito posi vo sobre as sim decorrente de uma reação nega va
vendas atraindo os consumidores, como do público.
se pode observar as empresas ob veram Outro ponto que se observa diante das
ó mos resultados com a experiência de respostas é que as empresas estão
pra car as edições limitadas dentro dos sempre inserindo novos produtos e
estabelecimentos. pratos em seus menus, a fim de inovar e
Sendo assim, percebe-se que os mo vos tornar-se diferenciados. A empresa D
para o fim desse produto estão ligados à salienta esse fato onde coloca que a
sua escassez ou a capacidade de não mudança de cardápio no
atender a demanda por tempo estabelecimento acontece com
indeterminado, o que difere do conceito frequência e o gestor evidencia que essa
de obsolescência programada que decisão é tomada para que os clientes não
assevera que o fim do produto é algo tenham que repe r sempre os mesmos
pensado, organizado e programado. lanches e a experiência seja mais
Nesse sen do, vale relembrar que os desagradável.
preceitos de Vio (2004) quanto a Wille (2004) confirma que a ideia de
obsolescência programada. Segundo o lançar novos produtos é fundamental
autor, a obsolescência programada está para bom andamento da empresa que
ligada a redução ar ficial da durabilidade atua no ramo alimen cio, sobretudo
de um bem, colocando os consumidores diante do mercado atual cada vez mais
em uma posição de adquirir novos compe vo.

146
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Segundo Bragante (2014) a inovação estratégia para empresas a fim de inovar e


também é importante para que sa sfaça ganhar espaço em um mercado tão
os diferentes desejos dos seus clientes co m p e vo q u e é o a l i m e n c i o,
que sempre esperam novidades dos tornando-o ainda mais interessante.
estabelecimentos que frequentam. Referências
5 Conclusão ANDRADE, Vanessa Ba sta de. Esté ca da
Diante de todo o arcabouço teórico mercadoria e obsolescência: um estudo
trazido nesse estudo pode-se concluir da indução ao consumo no capitalismo
que a obsolescência programada - pelo atual. 2007. 119 f. Tese (Doutorado) -
referencial teórico estudado - pode de Curso de Sociologia, Programada de Pós
fato ser considerada uma estratégia de Graduação da Faculdade de Ciências e
inovação, especialmente dentro das Letras, Universidade Estadual de São
empresas de ramos alimen cios que tem Paulo, Araraquara, 2007. Disponível em:
na inovação um trunfo importante na h p://wwws.fclar.unesp.br/agenda-
conquista e fidelização do seu público. pos/ciencias_sociais/1187.pdf. Acesso
Contudo, pelas pesquisas realizadas em: 06 abr. 2020.
percebe-se que os gestores das principais ARANTES, E.; ANSELMO, J.; SENSE, L.;
hamburguerias de Guarapuava SIBINELLI, P. Gerenciamento de Projetos.
desconhecem os efeitos da obsolescência Rio de Janeiro: Promom Business &
e não a u lizam como estratégia de Technology, 2008.
negócio. Portanto, a hipótese levantada BARBIERI, J.C; SIMANTOB, M.
no presente relato de pesquisa Organizações inovadoras sustentáveis.
comprova-se como sendo falsa. Organizações inovadoras sustentáveis:
Sendo assim, os obje vos da pesquisa u m a refl exã o s o b re o f u t u ro d a s
foram alcançados na medida em que a organizações. São Paulo, Atlas, 2007.
inves gação realizada demonstrou que a BECKER, Adriano et al. Os conceitos da
obsolescência pode-se caracterizar como indústria 4.0 associados a abordagem da
uma importante estratégia para o capacidade dinâmica. Anais da
empresariado, principalmente em Engenharia de Produção, [S.l.], v. 2, n. 1, p.
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As dificuldades encontradas se h ps://uceff.edu.br/anais/index.php/en
relacionam em um primeiro momento, no gprod/ar cle/view/203/194. Acesso em:
próprio instrumento de pesquisa que 07 março de 2020.
deveria ser mais abrangente para dar BRAGANTE, A.I.G. Desenvolvendo
conta de uma discussão mais densa. Produto Alimen cio – Conceitos e
Acredita-se também que se houvesse um Metodologia. São Paulo, Brasil, 2014
número maior de respondentes, com CARAYANNIS, E. G.; GONZALEZ. E.
empresas maiores, que não é caso dessa Crea vity and innova on
pesquisa, que se estruturou no município compe veness? When, how and why.
de Guarapuava, teríamos um universo Oxford: Elsevier Science. Parte VIII, cap. 3,
maior para análise e de discussão. p. 587- 606, 2003.
N e s t e s e n d o, c o n s i d e ra - s e q u e CONCEIÇÃO, Joelma Telese Pacheco;
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especial, com empresas da área de Paulo Sérgio Lopes de. OBSOLESCÊNCIA
alimentação, se cons tuem como ponto PROGRAMADA – TECNOLOGIA A SERVIÇO
importante para novas inves gações que DO CAPITAL. Journal Of Engineering And
auxiliam a entender o mercado e suas Technology Innova on. São Paulo, p. 90-
diferentes dimensões. 105. jan. 2014. Disponível em:
Sendo assim, entende-se possível o uso h p://www.revistaseletronicas.fmu.br/i
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149
Administração em foco
estudos multidisciplinares

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abr. 2020.

150
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 10
Ž Ž ġ

Ž Ė Ž Ž Ž ŽjØ

Renata Santos Ribas


Egresso do curso de Administração pelo Centro Universitário Campo Real.
e-mail: adm-renataribas@camporeal.edu.br
ORCID: 0000-0002-0254-9449
Deivid Lucas Orchanheski Pires
Egresso do curso de Administração pelo Centro Universitário Campo Real.
e-mail: adm-deividpires@camporeal.edu.br
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0003-2963-0949
Bianka Antoniely Pacheco Mariano
Egresso do curso de Administração pelo Centro Universitário Campo Real.
e-mail: arq-biankamariano@camporeal.edu.br
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-4239-8980
Rafael Henrique Mainarde Ferreira
Professor orientador pela UTFPR de Ponta Grossa
e-mail: prof_rafaelferreira@camporeal.edu.br
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0001-9007-1942
Rosmeiri Aparecida Ribeiro Ferras
Professora orientadora Mestre em Administração pela UNICENTRO
e-mail: rribeiroferras@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-8241-3110

151
Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução adaptabilidade dos profissionais da área


Desde os primeiros indícios de vida através de um estudo de caso na cidade
humana, o homem buscando seu social, de Guarapuava-PR. Adotou-se como
experimentou várias fases e mudanças, hipótese que as empresas do ramo
fazendo com que interferisse no meio moveleiro reconheceriam, a importância
em que vivia, contribuindo assim para a de se adaptar às novas tecnologias,
evolução e consequentemente no porém ainda não possuiriam tanto
progresso tecnológico da vida humana acesso às informações e não inves riam
(HAYSE; WYSE, 2018). Logo, um dos muito em inovações no setor.
principais marcos da tecnologia ao longo 2 Referencial teórico
dos anos foi a revolução industrial com o 2.1 Histórico produ vo do setor
surgimento da máquina a vapor, moveleiro
ferrovias e ascensão dos processos Segundo o relatório de acompanhamento
comerciais em larga escala, que s e t o r i a l d a i n d ú s t r i a m o v e l e i ra ,
possibilitaram o comércio e apresentada pela Unicamp e Agência
desenvolvimento da indústria com a Brasileira de Desenvolvimento Industrial
produção em série (HOBSBAWM, 2014). (ABDI) (2008), observam-se a existência
Esse desenvolvimento tecnológico tem de diferentes pos de segmentos da
influenciado todos os processos, tanto indústria moveleira: po de material
mercadológicos, quanto sociais. Segundo predominante no processo produ vo;
Kohn e De Moraes (2007), a sociedade uso ao qual se des na; forma
p a s s o u a d a r m a i s re l evâ n c i a a o organizacional u lizada no processo
conhecimento, pois a riqueza do país seria produ vo; e design u lizado.
m e n s u ra d a p e l a c a p a c i d a d e d e A respeito da estrutura de mercado, o
desenvolvimento e acesso à tecnologia. relatório diz que a maioria dos fatores
Diante desse cenário, percebe-se a determinantes para o setor é externo, ou
necessidade de se buscar inovações no seja, máquinas e equipamentos são
mercado, para que a empresa se adeque fornecidos por bens de capitais e matérias
às novas exigências de seus clientes, primas fornecidos pelas indústrias
promova o seu crescimento e assim madeireiras, petroquímicas e siderúrgicas
busque um destaque no âmbito (ABDI, 2008).
compe vo. De acordo com Possolli, Outro dado mais recente, realizado pela
(2012) o ato de inovar permite que Federação das Indústrias do Estado do
determinado negócio seja reinventado, Paraná (FIEP, 2017), mostra que esse
tornando-o mais adequado para o segmento tem um significa vo aspecto
consumidor final e, consequentemente, econômico para o estado, e que já existem
mais compe vo. empresas que são referências em
No ramo moveleiro não é diferente, os estruturas organizacionais, o que faz
processos produ vos foram mudando alavancar ainda mais a parceria de novos
e novas tendências de mercado foram associados.
s e n d o i n co r p o ra d a s . A l é m d i s s o, Conforme Da Rosa et al. (2007) a
conforme EJEP (2017), o mercado produção moveleira do Estado do
moveleiro vive hoje um excesso de Paraná concentra-se no polo de
oferta, demonstrando que os Arapongas, voltado para o mercado de
profissionais devem procurar um móveis populares, com destaque para o
diferencial em seus produtos. segmento de estofados. Existem algumas
Considerando esse panorama, portanto, empresas médias e grandes que possuem
o obje vo desse ar go é demonstrar as maquinário mais avançado e exportam
novas tendências no ramo moveleiro e a parte da produção, o que torna a região

152
Administração em foco
estudos multidisciplinares

responsável por 9% das exportações localizada no centro dos três grandes


totais de móveis do país. polos produ vos do Paraná que são a
De acordo com um estudo realizado por região de Ponta Grossa, Curi ba e
Grzeszczeszyn, Bulgacov e Machado Paranaguá, a região de Londrina,
(2009) a cidade de Guarapuava e Apucarana e Maringá e a região de
região possuem grande quan dade de Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu como é
madeira, que é considerada a matéria- possível observar no mapa, a seguir,
prima principal para a produção de dos principais polos demográficos e
móveis, tornando a cidade alvo de produ vos conforme os Planos
inicia vas públicas de es mulo ao setor Re g i o n a i s d e D e s e nvo l v i m e nto
moveleiro desde a década de 1980. Estratégico do Estado do Paraná (PRDE,
Além disso, a cidade de Guarapuava fica 2005).

Figura 1 - Principais polos demográficos e produ vos do Paraná

Fonte: Adaptado de Ipardes (2005)


Na região de Guarapuava de acordo com de móveis devido à procura por casas
Grzeszczeszy, Bulcagov e Machado (2009, pequenas, pois, conforme SEBRAE (2018),
p. 119), “há 44 indústrias de acordo “a oferta por terrenos urbanos está
com listagem da Prefeitura Municipal, ficando escassa e o número de pessoas
e a grande maioria é de micro e que compõem uma família está
pequenas empresas familiares e são diminuindo, alterando a necessidade de
caracterizadas como microempresas de grandes espaços”. Com essa modificação
marcenaria”. os móveis também devem ser adaptados
3 PRINCIPAIS TENDÊNCIAS NO SETOR com medidas específicas e apresentar
MOVELEIRO mul funções a fim de dar pra cidade ao
De acordo com a Revista ForMobile Digital ambiente.
(2019), as principais inovações do setor No Brasil, existem alguns eventos
moveleiro estão na montagem de móveis voltados a novas tendências do setor de
que se torna mais prá ca com novas móveis, os principais conhecidos são:
tecnologias no processo produ vo, na ABIMAD (Feira Brasileira de Móveis e
incrementação dos móveis com luz de Acessórios de Alta decoração);
led, portas USB e capacidade de Congresso Nacional Moveleiro;
carregamento. Outra tendência está na FeiMobili (Feira Nacional da Indústria
conscien zação ecológica, algo muito Moveleira); ForMóbili (Feira
procurado pelos clientes. Internacional da Indústria de Móveis e
Outra inovação está ligada à construção Madeiras); MóvelSul. Esses eventos
civil, que influencia diretamente na oferta resultam em uma entrada de recursos
153
Administração em foco
estudos multidisciplinares

financeiros significa vos na economia, técnicas, equipamentos e/ou so wares.


pois atendem lojistas, designers, As inovações de Marke ng são aquelas
arquitetos, imprensa, decoradores, mudanças referente aos 4ps: praça,
distribuidores e outros profissionais do preço, promoção e produto e tem por
setor. obje vo o aumento das vendas através
Com isso, a divulgação do por ólio está de estratégias de mudança no
relacionada a tendências do mercado, posicionamento do produto,
máquinas, equipamentos, matérias- incrementação do produto ou
primas, insumos, acessórios e embalagem, mudanças nos preços. E por
componentes, ferragens, entre outros, fim, as inovações organizacionais que
buscando novos modelos de gestão, segundo o Manual de Oslo (2006), é a
t re i n a m e nto s , n ovo s s o wa re s e implementação de um novo método
hardwares voltados à sistemas gerenciais organizacional nas prá cas de negócios
de produção, melhores resultados em da empresa, na organização do seu
tempos, como aproveitar melhor o local de trabalho ou em suas relações
espaço, etc. (PROMOB, 2019). externas.
2.3 Processos produ vos voltados à Para mensurar a inovação é necessário
inovação que a empresa adote indicadores que
O conceito de inovação é bastante podem ser através de questões
u lizado no ambiente empresarial, qualita vas ou medido através do
segundo Rogers e Shoemaker (1971). indicador financeiro, ou seja, pode-se
Uma inovação pode ser uma nova ideia, acompanhar o resultado da inovação
uma nova prá ca ou também um novo pela porcentagem da venda de um
material a ser u lizado em determinado determinado produto.
processo. Dessa forma, as organizações 2.4 Capacidade de absorção e inovação
podem procurar desenvolver uma forma A capacidade de absorção está
de posicionamento no mercado gerando relacionada às habilidades per nentes à
um crescimento organizacional. aquisição, assimilação, transformação e
As inovações também podem estar desenvolvimento de conhecimentos com
vinculadas a novas modelagens de o obje vo de adaptar e manter os
negócio, a novos mercados, métodos, negócios em ambientes de rápidas
processos organizacionais e a novos pos mudanças (ZAHRA; GEORGE, 2002). A
e fontes de suprimentos (POSSOLLI, capacidade de absorção também está
2012). ligada com a acepção, ou seja, com o ato
Conforme o Manual de Oslo (2006), de receber, acolher ou adaptar a uma
existem quatro pos de inovações, nova ideia.
classificadas de acordo com as mudanças Já na capacidade de inovação segundo
das a vidades empresariais sendo elas: a definição de Lawson e Samson (2011)
Inovações de produto, Inovações de está associada a habilidade que uma
processo, Inovações de Marke ng e empresa tem de captar de forma
Inovações organizacionais. As Inovações equilibrada conhecimento entre a
de produto são aqueles que permitem um exploração e a explotação, a diferença
melhoramento tecnológico ou funcional entre esses dois termos é que a
de bens e serviços. Já as inovações de exploração é o processo de busca de um
processo segundo o Manual de Oslo novo recurso ou informação e já a
(2006) é a implementação de um explotação é o uso dessa informação para
método de produção ou distribuição obter vantagens. Outro termo que pode
novo ou significa vamente melhorado, ser empregado para o ato de inovar é a
incluem-se mudanças significa vas em concepção, pois parte do princípio da

154
Administração em foco
estudos multidisciplinares

transformação, onde uma ideia pode ser faz necessário obter total conhecimento
aprimorada gerando assim coisas novas. do macro processo relacionado a sua
Para Cohen e Levinthal (1989) definem a estrutura, também buscar informações
capacidade de uma empresa absorver externamente são importantes para
informações e conhecimentos, assimilar saber se relacionar com os clientes,
e aplicar para ins comerciais. Com isso se fornecedores, e toda a cadeia produ va.
Figura 2 – Capacidade de Absorção

Fonte: Adaptado de Zahra e George (2002, p. 192)


Na figura acima pode-se evidenciar um que têm o conhecimento dos pontos
esquema relacionado ao processo de fortes e fracos de sua empresa se torna
absorção. Início o ciclo, condiz a empresa mais fácil de solucionar problemas.
absorver informações relevantes ao seu 5.2 CAPACIDADE DE INOVAÇÃO
mercado com base nas experiências A capacidade de inovação conforme
p a s s a d a s e b u s c a n d o a l g o n o v o, Valladares (2012, p. 19) “é a força ou a
posteriormente integrar essas proficiência de um conjunto de prá cas
informações assimilando, organizacionais para a melhoria ou
transformando-as para desenvolver um desenvolvimento denovos
novo bene cio. Nesse sen do trará produtos/processos”. Portanto, é saber
aperfeiçoamento, flexibilidade para gerenciar os recursos da empresa, ter
melhor gerir o negócio, estratégias, variedade de canais para financiamento
inovações e melhor desempenho das e apoio dos indivíduos durante o
a vidades ro neiras. processo de inovação e contar com
Portanto, é preciso pensar também, na recursos tecnológicos voltado aos
sa sfação dos clientes que é fundamental negócios.
para organização obter sucesso, e com a Para definir o posicionamento e as
absorção do conhecimento ela poderá decisões estratégicas dos negócios
u lizar estratégias que supere as mercadológicos, os principais
expecta vas dos clientes. Para Kotler interessados, como gerentes,
(2003, p.133) se relacionar com as pessoas microempresários, analistas setoriais,
de fora da empresa, reterão estão buscando por novas oportunidades
conhecimentos e experiências que que surgem diariamente no mercado.
poderão trazer bene cios, e os gestores
155
Administração em foco
estudos multidisciplinares

6. METODOLOGIA categorias em geral reexaminado e


O conhecimento cien fico, conforme modificado sucessivamente, com vista
estruturado pelo método aristotélico, em obter ideais mais abrangentes e
v i s a a o b s e r va ç ã o e a n á l i s e d o s significa vos.” Define-se, portanto,
fenômenos naturais e sociais para, a como um estudo de caso e pesquisa
par r disso, postular seus princípios descri va (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
universais concatenados de forma lógica. Para tanto, foram entrevistados os
Assim, a ciência busca a produção de um gestores de duas empresas do setor
conhecimento que retrata a realidade moveleiro, da cidade de Guarapuava,
observável (KÖCHE, 2016). nominadas por “I”, “II” e duas micro
Dessa forma, a produção sistemá ca do empresas de marcenaria “I”, “II”, a fim de
conhecimento cien fico deve seguir preser var a iden dade das tais,
m é t o d o s e p rá c a s a c e i t a s p a ra configurand uma pesquisa de natureza
elaboração do tal. Para tanto, vê-se a aplicada, uma vez que concentra-se em
imprescindível função da metodologia torno de problemas presentes em
cien fica. Assim, conforme Minayo a vidades de ins tuições. A entrevista foi
(2001), a metodologia é o caminho do estruturada com perguntas abertas
pensamento e a prá ca exercida na acerca da acepção e concepção das
abordagem da realidade, no qual se tecnologias no setor moveleiro. A seguir,
u liza o conhecimento dos idealizadores foram compiladas as entrevistas e
da pesquisa com base na observação da analisados os dados ob dos. Para
realidade associada aos conhecimentos observação, segue anexado ao final do
teóricos do método cien fico. ar go o escopo da entrevista u lizada
A metodologia dá-se como instrumento a (THIOLLENT, 2009).
serviço da pesquisa, sendo entendida Para elaboração da entrevista e do texto
como o conhecimento a par r do qual do presente ar go, foi realizada pesquisa
estrutura-se o processo cien fico. Não se bibliográfica em bases de dados online
limita, contudo, a meras discussões com os seguintes descritores: inovações
sobre técnicas de pesquisa, mas sim no setor moveleiro, capacidade de
sobre a maneira pela qual se dá a absorção e inovação no setor moveleiro,
produção de conhecimento cien fico. tendências do setor moveleiro,
(MARTINS, 2004). processos produ vos. Foram, então,
O presente trabalho u lizou-se de selecionados os ar gos e livros conforme
método qualita vo, com caráter adequação ao tema (PIZZANI et al., 2012).
exploratório, definido por Gil (2002, p.
134), “como o conjunto inicial de

156
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Figura 3 - Fases da pesquisa


1-Fase: Elaboração da entrevista
Para elaboração do roteiro da entrevista, foram abordados principais temas
apresentados no trabalho focando na capacidade de absorção e concepção.

2-Fase: Verificação das Empresas e Marcenarias


Foi escolhido duas empresas no setor moveleiro Foram escolhidas duas marcenarias para serem
para obter duas visões sobre o assunto. entrevistadas.

3-Fase: Aplicação da Pesquisa

A pesquisa foi realizada através de uma entrevista

4-Fase: Tabulação dos Resultados


Verificação das respostas, definição do nível de entendimento
e conhecimento por parte dos gestores
Fonte: Dados da pesquisa (2020)
Desse modo, conforme esquema acima, 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
sumariamente a pesquisa foi organizada Os resultados a seguir apontam as
em quatro etapas. Nesse sen do, principais respostas dadas durante as
elaborou-se a entrevista com questões entrevistas com os gestores das
abertas, visto que “são aquelas que empresas do ramo Moveleiro da
permitem liberdade ilimitada de cidade de Guarapuava. Esses resultados
respostas” para, então, ser aplicada demonstram o entendimento que eles
aos gestores das empresas do setor possuem sobre a importância da acepção
moveleiro de modo a entender suas e concepção de novas tecnologias em
acepções e concepções respeito das seus negócios.
inovações no setor. A maioria das empresas entrevistadas
Em seguida, definiram-se quais seriam inseriu seu negócio em Guarapuava
as empresas e marcenarias da região para explorar o mercado, pois encontra-
que estariam envolvidas na pesquisa se em uma região que u liza bastante o
com base na representa vidade das comércio local, possuindo fornecedores
tais no nicho econômico na cidade de próximos. A cidade se destaca no
Guarapuava-PR. segmento agrícola, madeireiro e de
Após, foi feita a aplicação da pesquisa e produção de grãos, especialmente o
posterior tabulação e análise de dados em milho. (PMG, 2013).
um esquema de tabelas de respostas
(CHAER, 2011).

157
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Tabela 1 - Depoimento dos gestores das empresas entrevistadas


Depoimento dos gestores
Perguntas Empresa Respostas
Sim, pois a empresa sempre está antenada nas novidades principalmente
na área fabril onde são feitos investimentos em máquinas importadas.
Gestor I
Novidades em acessórios, novas Cores e texturas, Sistemas (Manager) de
projeção de móveis e Máquinas em 3d.
A empresa investe Sim, observamos a procura dos produtos pelos clientes e através disso,
em inovações? Se compramos algumas unidades para venda. Máquina de corte, essa
Gestor II
sim que tipo de máquina auxilia no corte do tamanho exato, evitando perdas e maior
inovações aproveitamento de material.
tecnológicas você Sim, à medida que possuir recursos financeiros disponíveis. Programas
possui na sua Marceneiro I atuais de projetos, programas de mapeamento de materiais e máquinas de
empresa? corte.
Ainda não conseguimos investir em ferramentas que facilitam nosso
trabalho, assim que as coisas melhorarem vamos investir em uma máquina
Marceneiro II
de corte. No momento ainda não conseguimos investir, mas temos a serra
que ajuda no corte dos compensados.
Temos dois profissionais capacita dos que trabalham na procura por novas
Gestor I tecnologias através de feiras e eventos, que posteriormente aplicam um
treinamento para implantar essas inovações.
Todo mês recebemos a revista do nosso fornecedor apresenta as
Você sabe onde
Gestor II inovações no setor, analisamos e realizamos os pedidos. Além disso, a
encontrar inovações cada seis meses os fornecedores nos visitam e mostram as novidades.
para seu negócio? Marceneiro I De maneira limitada sabemos onde encontrar novas tecnologias.
Sim, sites, feiras e revistas. Os próprios clientes mostram ideias, sugestões
Marceneiro II através de revistas, fotos da internet. Anotamos as ideias e entramos em
contato com a empresa.
Podemos utilizar as novas tecnologias como um diferencial no mercado que
Gestor I
estamos inseridos.
A procura produtos de itens mais completos e modernos pelos clientes.
Em sua opinião, o Quando surge um novo produto o mercado, procuramos analisar se temos
Gestor II
que incentiva/auxilia público para aquele item antes de realizar a aquisição para evitar perda de
na absorção das mercadoria no futuro.
novas tecnologias? Através de informações a respeito dessas tecnologias que irá auxiliar no
Marceneiro I
conhecimento para alcance dessas inovações.
Primeiramente ter um capital para realizar a compra e a procura desses
Marceneiro II
produtos pelos clientes.
Acredito que a principal dificuldade de implementação de uma inovação
está na disponibilização de recursos financeiros pois “os clientes não estão
Gestor I
dispostos a pagar pela inovação, ou seja, eles querem algo novo mais não
Qual a principal querem pagar a mais por isso.
dificuldade A principal dificuldade durante a implementação foi a resistência dos
encontrada para a Gestor II funcionários as mudanças, mas com treinamentos eles foram se
implementação de encaixando com a nova máquina.
uma inovação? Marceneiro I A dificuldade de adaptação ao novo processo.
A dificuldade se deu por conta de um investimento financeiro para comprar
Marceneiro II uma serra isso fez com que os preços aumentassem e os clientes
reclamassem.
Fonte: Dados da pesquisa realizada pelos autores (2020).
Em relação às principais inovações afirmou o gestor I durante a entrevista:
tecnológicas u lizadas, as empresas “os clientes não estão dispostos a pagar
se mostraram bem atualizadas às pela inovação, ou seja, eles querem algo
tendências de mercado, demonstrando novo mais não querem pagar mais por
seu diferencial de mercado. Com base isso”. Isso, por conseguinte, corrobora
em relatos ob dos através das com a ideia de Kotler (2003, p. 44) de que
entrevistas, fora percebido que as [...] “à medida que as empresas elevam
empresas u lizam recursos como feiras, o preço de seu produto ampliado,
eventos, revistas e parceiros para se alguns concorrentes podem oferecer
atualizarem as novas tendências do setor, uma versão mais simples, a um preço
exemplos são a CasaCor®, Revista mais baixo”.
Formóbile®, Rede Green, Expo Reves r, Considerando os depoimentos traçados
entre outros. p e l o s re s p o n d e nte s , fo i p o s s í ve l
Quanto às dificuldades enfrentadas estabelecer a confecção de um mapa
para a aplicação de algumas inovações, conceitual, que correspondem a
a principal dificuldade apontada foi diagramas que mostram a organização e
com relação à questão financeira e a concatenação entre diversos conceitos.
adaptabilidade às inovações Como (Amore , 2001).
158
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Figura 4 - Mapa conceitual dos entrevistados

Fonte: Dados da pesquisa (2020)


Com base nesse mapa conceitual, foi novas tecnologias do setor moveleiro
possível iden ficar o entendimento dos da cidade de Guarapuava. Através da
gestores em relação à acepção e entrevista pode-se notar a compreensão
concepção de novas tecnologias desse assunto por parte dos gestores e
demostrando que os mesmos possuem micro empreendedores.
consciência de sua importância e que as É percep vel que os obje vos do
empresas sempre devem estar atenta as presente trabalho foram alcançados uma
tendências de mercado, pois, conforme vez que através das entrevistas foi
Porter (1985), a inovação tecnológica tem possível perceber o entendimento por
um papel importante no sucesso ou no parte dos gestores com relação a
fracasso de uma empresa, pois as acepção e concepção de novas
inovações tecnológicas têm tecnologias em seus negócios obtendo
significantes implicações estratégicas duas visões as de grandes empresas e
para as empresas e podem microempresas do ramo.
influenciar a empresa como um As principais dificuldades encontradas
nesse trabalho foram a disponibilidade
todo; a mudança tecnológica é um
de horário e o período de quarentena,
dos principais direcionadores da
também vemos dificuldades pela falta
compe ção mercadológica.
de conhecimento dos entrevistados
5 Conclusão
sobre o assunto e respostas vagas. A
Conforme o Manual de Oslo (2006), a hipótese do trabalho se torna
inovação deve ser a ideia central para verdadeira com base nos resultados
o crescimento do produto e demonstrados pois foi comprovado a
produ vidade da empresa. Essa dificuldade de inves mentos para
inovação pode ser u lizada também implantar novas tecnologias porém se
como aspectos crí cos no processo de torna falsa na questão de que os
implantação de novas tecnologias. profissionais não possuem muito acesso
O obje vo geral do estudo está às informações, diante disso ficou
relacionado a acepção e concepção de comprovado que os gestores têm
159
Administração em foco
estudos multidisciplinares

consciência da importância de aderir GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos


novas tecnologias, porém possuem de Pesquisa. Porto Alegre: Editora da
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161
162
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Capítulo 11
Geração z: uso das redes sociais e comportamento em relação aos
tecnologias

Evandro Albino Meurer


Egresso do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
e-mail: evandromeurer15@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0003-1610-3234

Claudio Luiz Chiusoli


Docente do curso de Administração
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Pr
e-mail: prof.claudio.unicentro@gmail.com
ORCID: h ps://orcid.org/0000-0002-7844-3632

163
Administração em foco
estudos multidisciplinares

1 Introdução 2016).
Quando se fala em gerações X e Y, verifica- Por isso, a jus fica va desse estudo é
se que a Y é conhecida por estarem conhecer esse novo comportamento
ligados à tecnologia e adeptas das novas dessa geração frente às gerações
mídias (nascidos a par r de 1980), estão anteriores e diante desses dados, a
em constante busca por conhecimentos questão problema de pesquisa é saber,
técnicos e capacitação profissional, como a geração Z se comporta em relação
almejam novidades e não hesitam em a meio se comporta em relação aos
fazer mudanças, tomar decisões e recursos tecnológicos?
enfrentar desafios, constantemente Como obje vo principal é verificar a
ingressam em projetos e em múl plas e a tude e comportamento da geração Z da
diferentes a vidades. Vivem em um ritmo cidade de Pitanga em relação a hábito de
acelerado, privilegiam o resultado e, por consumo de uso de recursos tecnológicos
vezes, não consideram o caminho que e como obje vos específicos, tem-se: i)
deverá ser percorrido para a ngi-lo e por iden ficar as mo vações de consumo da
isso, compreender as diferenças dessas geração Z; ii) levantar a aceitação da
gerações é interessante, já que a geração geração Z na compra de produtos e
X são pessoas nascidas entre 1964 a 1980 serviços tecnológicos; iii) levantar os
(RIBEIRO e CHIUSOLI, 2016). recursos mais u lizados por essa geração;
A cada nova tecnologia que surge, os e iv) levantar os principais produtos e
consumidores precisam de tempo para serviços adquiridos.
adaptação e aprendizado em relação à 2 Referencial teórico
inovação e a priori, a estratégia criada em Neste item são expostos os principais
relação a tecnologia foca na inovação, o conceitos e definições da geração Z, bem
que gera enormes expecta vas, que logo como os aspectos relevantes que irão
esclarecido chega-se ao entendimento compor o estudo em questão. Os
cujo momento que os produtos chegam à principais fatores abordados serão: as
maturidade (VALENTE, 1993). diferentes gerações ao longo do tempo, o
Além dessas gerações, surge uma nova conceito de geração Z, os hábitos de
que é a Geração Z, que figura entre 18 e consumo dessa geração e o uso das
20, estudo da consultoria americana mídias sociais da geração Z.
Accneture sobre comportamento de 2.1 As diferentes gerações
consumo dessa geração chegou a dados De acordo com Forquim (2003) a
que ainda essa geração 56% compra em formação de uma geração não se dá
lojas sica, muito provável por não ter apenas pela faixa etária em que cada
cartão de crédito e ver resenha no indivíduo está inserido, mas também pela
Youtube tem influência na decisão de personalidade de cada pessoa ou até
compra para 28% dessa geração (REVISTA mesmo pela influência educa va, cultural
EXAME, 2017). ou polí ca, fazendo com que se crie o que
Estudo exploratório em um projeto de IC pode ser chamado de sen mento ou
no campus avançado de Pitanga aponta consciência de geração.
que a geração Y, 76,7% acessa a internet Vários autores adotam a divisão das
em casa, e na geração X esse número gerações a par r da segunda guerra
diminui para 47,8%. O principal meio de mundial e, assim, quatro grupos de
acesso à internet, predomina o uso do gerações foram criadas, sendo estes os
celular para a geração X em 39,1% e 63,3% Baby Boommers, geração X, geração Y e
para a Y. Da mesma forma o uso de redes geração Z. Entretanto, não há um
sociais, na geração X é de 69,9% e na consenso geral sobre o início e o término
geração Y de 93,3% (RIBEIRO; CHIUSOLI, de cada uma. Com o grande índice de

164
Administração em foco
estudos multidisciplinares

natalidade após a guerra, a geração que parentes o tempo todo, quando, ao


veio com esse fato foi chamada de Baby mesmo tempo estão vendo tevê ou
Boommers e finalizou-se no final da ouvindo música.
década de 1960 (BALIAN, 2009). Diante disso, Souza (2011) afirma que
Tapsco (2010) que afirma as pessoas que algumas caracterís cas comportamentais
nasceram entre 1960 e 1980 representam desses indivíduos são diretamente
a geração X ou também chamada de influenciadas pelo intensivo uso das
geração Baby Bust, onde estes inúmeras ferramentas tecnológicas que
a co m p a n h a ra m a c h e ga d a à l u a , circundam o mundo globalizado, onde o
vivenciaram o surgimento do fluxo rápido de informações permite a
videocassete e do computador pessoal, esses jovens realizar várias tarefas ao
enquanto a geração Y é formada pelos mesmo tempo usando um ou mais
que nasceram após 1980 até o fim da equipamentos.
década de 90, com TV e computador 2.3 Hábitos de consumo da geração Z
dentro de casa. Gunter e Furnham (1998) afirmam que as
Já a geração Z, segundo Cere a e jovens dessa geração estão cada vez mais
Froemming (2011) é cons tuída pelas ricos e muito mais informados que as
pessoas nascidas após 1990. Esses gerações anteriores e, com a ascensão da
autores ainda definem que é o verbo globalização e dos meios de comunicação,
“z”apear que dá nome a essa geração e esses indivíduos merecem total atenção
que é u lizado para designar o ato de do mercado. Assim, Schiffman e Kanuk
mudar constantemente o canal de TV, (2000) apontam seis razões principais
uma vez que esse ato é caracterís co pelas quais os jovens merecem a atenção
dessa geração. dos estrategistas de marke ng: gastam
2.2 A geração Z muito dinheiro; gastam o dinheiro da
Também conhecida como geração família; influenciam o que a família
silenciosa, uma vez que seus integrantes compra; fixam tendências; são um
estão sempre com fones nos ouvidos; as mercado em crescimento e; são os
t rê s p a l av ra s q u e a d efi n e m s ã o futuros consumidores.
velocidade, conexão e intera vidade. Em De acordo com Cere a e Froemming
seus domínios existem sempre um ( 2 0 1 1 ) , b u s ca r e nte n d e r co m o o
celular, um iPod e um fone de ouvido. Para consumidor se comporta é uma tarefa
se comunicar, o autor diz usarem o di cil que exige muita complexidade,
“internetês”, a fim de possibilitar uma principalmente quando se trata de um
comunicação mais rápida (JUBILATO, público jovem, uma vez que estes são
2009; CIRIACO, 2009). consumidores exigentes em potencial,
Menezes, Morais e Rassi (2016) afirmam pois estão sempre ligados às novidades
que os indivíduos que compõe essa que possam lhes garan r determinado
geração têm sua concentração voltada status perante seu grupo.
em diversas a vidades simultaneamente, Na visão de Feldmann (2008), a inter-
sendo que estes jovens detêm de um relação entre os indivíduos englobados na
potencial de consumo inimaginável, geração Z (os adolescentes), e as demais
nascidos na era da alta tecnologia, onde a gerações deixa evidente a sua
interação com o mundo tornou-se algo importância enquanto consumidor. Isso
totalmente acessível. porque transforma essas pessoas em
Estar conectado é algo essencial para as agente com poder de influência de
pessoas dessa geração e, diante disso modas, o que impacta nos desejos de
Tapsco (2010) afirma que eles se consumo das famílias e
u lizam de diferentes tecnologias e meios consequentemente a produção de bens e
para pode se comunicar com amigos e serviços.
165
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Na visão de Feldmann (2008), a inter- mais diversos meios de comunicação em


relação entre os indivíduos englobados na massa a fim de a ngir o público jovem e,
geração Z (os adolescentes), e as demais então, induzi-los a comprar seus
gerações deixa evidente a sua produtos. Entretanto, é necessário
importância enquanto consumidor. Isso conhecer as necessidades e desejos desse
porque transforma essas pessoas em nicho de mercado e o que os influencia na
agente com poder de influência de decisão de compra.
modas, o que impacta nos desejos de Portanto, Solomon (2002) afirma que é
consumo das famílias e preciso fazer um estudo sobre todos os
consequentemente a produção de bens e hábitos individuais e de grupo de uma
serviços. pessoa para, então sa sfazer suas
A s s i m , o m e rca d o j ove m ve m s e necessidades e desejos. Além disso, as
transformando em um segmento com empresas devem estar atentas aos
grande potencial para o consumo, onde diferentes pos de consumidores, seja
seus padrões comportamentais estão em por faixa etária, classe, dentre outros
constante evolução, o que tem dado a fatores.
esses jovens voz a va no processo de 2.4 A geração Z e as mídias sociais
decisão de consumo próprio e das De acordo com Recuero (2009) as mídias
famílias. Dessa forma, as empresas sociais são ferramentas de suporte que
precisam desenvolver suas estratégias possibilitam a interação entre as pessoas
com base em um mercado-alvo, formado através do compar lhamento de diversos
por indivíduos que se comportam de conteúdos e informações.
maneira semelhante, direcionando seus No que diz respeito aos pos de mídias
esforços para um segmento específico de sociais digitais, Goulart (2014) elenca
mercado (BLACKWELL e MINIARD; que, são formados por: redes sociais,
ENGEL, 2008). blogs, comunidades de conteúdos, chats,
Hoje, uma base de fãs e seguidores não se Facebook, etc. Descreve ainda que as
restringe ao simples papel de consumidor redes sociais virtuais são espaços que
passional, frente a um conteúdo atrelado facilitam a interação entre pessoas, com o
a lógica da mídia tradicional. Eles têm obje vo de compar lhar questões
p ro a v i d a d e , d i s c u t e m , re a g e m , pessoais ou profissionais de cunho
espalham seus interesses e crí cas pelas restrito entre usuários ou ainda em
diferentes modalidades midiá cas. grupos.
Querem ser ouvidos, atendidos e muitas Redes sociais são serviços baseados na
vezes recompensados pelo engajamento web que permitem aos indivíduos
(JENKINS, FORD e GREEN, 2014). construir um perfil público ou semi-
Diante disso Calligaris (2000) argumenta público em um sistema limitado. Estes
que o marke ng possui uma função sites permitem ainda, a ar culação de
determinante quanto ao foco nesses uma lista de outros usuários dos quais
consumidores, já que estes detêm cada compar lham de uma conexão,
vez mais de poder de compra e, além visualizando e atravessando a lista de
disso, o mercado busca compreender a conexões destes e de outros que u lizem
influência que esses indivíduos têm sobre o sistema. Sendo capaz de mudar o
as novas tendências, fazendo com que o comportamento e a maneira como as
co n s u m o d e m u i to s a d u l to s s e j a pessoas se relacionam umas com as
determinado por modas estabelecidas outras, as redes sociais digitais são
pelos jovens da geração Z. descritas como um dos meios de
Dessa forma, Cere a e Froemming (2011) comunicação em maior ascendência ao
apontam que as empresas u lizam-se dos redor do mundo. Expõe em sua definição,

166
Administração em foco
estudos multidisciplinares

uma estrutura social composta por no autoconceito dos adolescentes. O


pessoas ou empresas, interligadas por estudo de Chou e Edge (2012) revelou que
dependências mútuas de parentesco, essas pessoas que u lizam o Facebook e
afinidade, amizade, entre outras ligações acompanham as postagens e fotos de
(GABRIEL, 2010) seus contatos na rede acreditam que os
Ba sta (2011) define redes sociais e a outros são melhores e possuem uma vida
dis ngue de comunidades virtuais e mais feliz que a sua.
mídias sociais, pois apesar de serem 3 Metodologia da pesquisa
parecidos seus conceitos são diferentes: A pesquisa foi quan ta va, que segundo
i) Redes sociais: são representações Malhotra (2001), procura quan ficar os
estabelecidas na internet das relações e dados e aplicar alguma forma de análise
contatos de indivíduos de um grupo. esta s ca de caráter exploratório, que
ii) Comunidades virtuais: são grupos tem como obje vo proporcionar maior
formados por pessoas que compreendem familiaridade com o problema, além de
e possuem um compromisso de valores, levantamento bibliográfico, que segundo
crenças e convenções compar lhadas Cervo, Bervian e Silva (2007) é um meio de
entre si e que estabelecem uma relação formação por excelência, cons tui
que vai além do obje vo prá co de uma geralmente o primeiro passo de qualquer
relação, sem haver, necessariamente, pesquisa cien fica, acerca do tema e
uma comunicação face a face. outros que possibilitem sua
iii) Mídias sociais: são ambientes virtuais compreensão.
inseridos na internet que permitem aos Ainda a pesquisa bibliográfica segundo
indivíduos compar lhar opiniões, ideias, Rampazzo (2005), tem a finalidade de
experiências e perspec vas com os outras ampliar o conhecimento na área, de
pessoas. Essas mídias podem permi r dominar o conhecimento para depois
tanto a construção das redes sociais como u lizá-lo como modelo teórico que dará
a construção de comunidades virtuais. sustentação a outros problemas de
Dessa forma, Indalécio (2015) salienta pesquisa e para descrever e sistema zar o
que a geração Z está muito familiarizada estado da arte na área estudada. A coleta
com a rede mundial, com o de dados foi realizada por meio de
compar lhamento de arquivos, com os entrevista pessoal com a população que
aparelhos móveis de comunicação e estão tem o perfil de geração Z, ou seja, com
sempre conectadas. É a geração que idade entre 15 a 20 anos.
evoluiu juntamente com o Quanto às variáveis, foram u lizadas 12
desenvolvimento da Web 2.0, isto é, questões, sendo 2 perfis (gênero, faixa
jovens e crianças que nunca viram o etária). As questões abordadas avaliavam
mundo sem computador. quesitos sobre: forma de acesso a
Shapiro e Margolin (2013) afirmam que o internet, acesso a rede social (Facebook,
que mo va os adolescentes para a Instagram, Whatsapp, Snapchat), tempo
u lização das redes sociais são bastante diária na web, o que costuma fazer
semelhantes ao modo mais tradicional de quando está on line, período que costuma
comunicação para ficar em contato com troca de celular, frequência de compra on
amigos, fazer planos, conhecer melhor as line e o que compra.
pessoas e apresentar-se aos outros. Os Quanto à amostra, foi u lizada
autores ainda salientam que as redes amostragem não probabilís ca, aquela
sociais são frequentemente u lizadas em que a seleção dos elementos da
pelos adolescentes para compararem a si população para compor a amostra
próprios com os seus pares. Tais d e p e n d e a o m e n o s e m p a r te d o
comparações possuem grande impacto julgamento do pesquisador ou do

167
Administração em foco
estudos multidisciplinares

entrevistador no campo, por dados consis u em análises uni variadas e


co nven iên cia p o r meio d e d a d o s bivariadas com base em frequências
primários em um total previsto de 100 absolutas e rela vas. As medidas de
entrevistas (MATTAR, 2001). Deste modo, associação foram testadas por meio do
para uma melhor qualidade na coleta de teste não paramétrico, o Qui-Quadrado
dados não foram u lizadas questões (SIEGEL e CASTELLAN, 2017), cuja
complexas. E para obter a cooperação dos hipótese da pesquisa é:
entrevistados foi aplicado ques onário H0: Não há diferença significa va a
por conveniência de maneira que deixe o respeito de comportamento quanto ao
entrevistado à vontade, a fim de garan r uso de recursos tecnológicos segmentado
que seja feita de modo preciso (HAIR, por gênero e faixa etária.
2005). 4 Resultados e discussão
Quanto ao obje vo da pesquisa foi N e ste i te m s ã o a p re s e n ta d o s o s
classificada como descri va, o qual, exige resultados ob dos a par r da pesquisa
do inves gador uma série de informações aplicada para analisar o comportamento
sobre o que se deseja pesquisar, uma vez dos indivíduos da geração Z em relação ao
que, esse po de estudo pretende uso dos recursos tecnológicos nos
descrever os fatos e fenômenos de diferentes aspectos expostos neste
determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987). estudo.
Quanto à coleta de dados, foi realizada A análise e discussão dos resultados estão
em escolas e universidades da cidade de compostos por meio de 13 Quadros,
P i ta n ga at ravé s d e q u e s o n á r i o s sendo que os Quadros 1 apresenta-se o
estruturados, não disfarçados, com perfil dos entrevistados (gênero e faixa
perguntas fechadas e o instrumento de etária). As análises realizadas são
coleta de dados haverá antes o pré-teste referente aos Quadros 2 a 12 que estão
em torno de 10 entrevistas. Depois de segmentados pelo perfil dos
obtenção dos dados coletados, foram e n t r e v i s t a d o s : s e xo ( fe m i n i n o e
armazenados e processados masculino) e faixa etária (15/16 anos,
eletronicamente no excel. 17/18 anos e 19/20 anos).
A análise dos dados consis tui-se em O Quadro 13 apresenta o teste esta s co
análises univariadas com base em não paramétrico Qui-Quadrado para
frequências absolutas e rela vas, verificar se há divergências de opiniões
conforme a conveniência. em relação às categorias estudadas.
Quanto a técnica esta s ca, a análise dos
Quadro 1 – Perfil do amostra: faixa etária e gênero
Faixa etária % Gênero %
15/16 anos 30% Feminino 53%
17/18 anos 36% Masculino 47%
19/20 anos 34% Total 100%
Total 100%
Fonte: pesquisa 2018

No Quadro 1, observa-se um equilíbrio no feminino ser maior, há também um


que diz respeito a faixa etária dos equilíbrio em relação ao sexo dos
entrevistados e, portanto, é possível entrevistados, não dando preferência a
analisar os dados de todas as idades de nenhum gênero.
forma pra camente igualitária. Apesar da
porcentagem de pessoas do sexo

168
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 2 – Forma de acesso à internet: gênero e faixa etária


Acessa 15/16 17/18 19/20
internet Feminino Masculino anos anos anos Total
Celular 83,0% 48,9% 80,0% 77,8% 44,1% 67,0%
Computador/
notebook 7,5% 31,9% 13,3% 11,1% 32,4% 19,0%
Tablete 9,4% 19,1% 6,7% 11,1% 23,5% 14,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018
Em relação ao po de aparelho mais aumento no uso de outros aparelhos
u lizado, é possível observar que o celular como o computador e/ou notebook.
é o aparelho mais usado tanto quanto a Além disso, o aumento no uso do
faixa etária quanto ao sexo, com 67% notebook ou computador por jovens de
(Quadro 2). Além disso, observa-se que a 19 a 20 anos (32,4%) está relacionado
mulheres são as que mais u lizam-se muitas vezes à essas pessoas estarem
desse aparelho (83%), enquanto as frequentando as universidades. Nessa
pessoas do sexo masculino u lizam esse perspec va, Levinson (2004) comenta
meio em menor proporção (48%). que o celular é hoje em dia é muito
No que diz respeito a faixa etária, u lizado na comunicação, uma vez que
observa-se que os mais jovens (15 a 16 ele permite tanto a recepção quanto a
anos) são os que mais u lizam o aparelho produção de conteúdo e, além disso,
celular (80%) e há um decréscimo no uso proporciona que isso ocorra
desse meio pelos mais velhos e um imediatamente e a longa distância.

Quadro 3 - U lização de redes sociais: gênero e faixa etária


Rede social Feminino Masculino 15/16 anos 17/18 anos 19/20 anos Total
Tem e u liza 83,0% 63,8% 70,0% 77,8% 73,5% 74,0%
Tem e u liza
pouco 17,0% 31,9% 30,0% 19,4% 23,5% 24,0%
Não tem 0,0% 4,3% 0,0% 2,8% 2,9% 2,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018
No Quadro 3, pode-se observar que a estratégias de marke ng voltadas às
maior parte dos entrevistados (74%) tem redes sociais vêm crescendo nos úl mos
e u liza as redes sociais e apenas 2% não anos.
possuem rede social, sendo que a maior E Souza e Sousa (2010) sustentam que a
parte do público que u liza as redes internet é uma ferramenta relevante no
sociais são as mulheres (83%) e a geração marke ng empresarial contemporâneo e
com faixa etária entre 17 a 18 anos a u lização da tecnologia digital e das
(77,8%). redes sociais permi u criar uma forma
Mediante essa informação, isso reforça muito eficaz de marke ng. E, Mangol e
que as redes sociais passaram a ser não Faulds (2009) incen vam as empresas
apenas um meio de comunicação, mas para que adentrem estas plataformas
também uma oportunidade para as digitais e as administrem de modo a gerar
empresas venderem seus produtos e/ou uma comunidade virtual, capaz de reunir
serviços por meio dessas plataformas. usuários de interesses e gostos em
Com isso, é possível perceber que comum.

169
Administração em foco
estudos multidisciplinares

Quadro 4 - U lização do Facebook: gênero e faixa etária


15/16 17/18 19/20
Facebook Feminino Masculino anos anos anos Total
U liza 98,1% 87,2% 96,7% 91,7% 91,2% 93,0%
Já u lizou 1,9% 8,5% 3,3% 5,6% 5,9% 5,0%
Não u liza 0,0% 4,3% 0,0% 2,8% 2,9% 2,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018
Em relação ao uso do facebook é possível melhorando as já existentes.
notar que a maioria dos entrevistados se Nesse sen do, Panteli (2009) elenca que o
u liza dessa rede (93%) e apenas 2% não Facebook é uma rede social com
u lizam. Observa-se também que as par cipação massiva, que tem uma
mulheres (98,1%) e os mais jovens entre caracterís ca relevante: o grande número
15 e 16 anos (96,7%) são os que mais se de membros registrados, onde estes
u lizam dessa rede (Quadro 4). O fato tendem a agir de uma forma conjunta e
dessa rede social ainda ser u lizada por consistente. Diante disso, muitas
grande parte das pessoas é que os empresas u lizam-se de programações
desenvolvedores do Facebook estão para gerar anúncios des nados para cada
s e m p re at u a l i za n d o o a p l i ca vo, po de indivíduo a fim de a ngir um maior
introduzindo novas funcionalidades e número possível de pessoas.
Quadro 5 - U lização do WhatsApp: gênero e faixa etária
15/16 17/18 19/20
Whatsapp Feminino Masculino anos anos anos Total
U liza 96,2% 91,5% 93,3% 94,4% 94,1% 94,0%
Já u lizou 1,9% 2,1% 3,3% 0,0% 2,9% 2,0%
Não u liza 1,9% 6,4% 3,3% 5,6% 2,9% 4,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018
No Quadro 5, observa-se que o uso do organizações como um meio de trabalho.
aplica vo de mensagens WhatsApp Esse grande percentual do uso dessa rede
também é intenso, pois 94% dos deve-se a sua facilidade, pois esse
entrevistados u lizam-se desse meio para aplica vo disponibiliza diversos recursos
as diversas tarefas do dia-a-dia, não interessantes de comunicação como o
apenas para se comunicar com amigos e a envio de texto, fotos, áudios, vídeos e
família, mas também é uma ferramenta recentemente passou a disponibilizar a
u lizada cada vez mais dentro das opção de efetuar ligações.
Quadro 5 - U lização do WhatsApp: gênero e faixa etária
15/16 17/18 19/20
Instagram Feminino Masculino anos anos anos Total
U liza 62,3% 36,2% 53,3% 52,8% 44,1% 50,0%
Já u lizou 18,9% 27,7% 30,0% 13,9% 26,5% 23,0%
Não
u liza 18,9% 36,2% 16,7% 33,3% 29,4% 27,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018
170
Administração em foco
estudos multidisciplinares

O Quadro 6 mostra a informação quanto muito para aspecto comercial de


ao uso do Instagram e é possível observar divulgação dos produtos e serviços.
que metade dos entrevistados u lizam Por isso, Shimp (2002) afirma que deve
essa rede (50%), sendo que as mulheres haver uma adequação de um produto ou
(62,3%) são as que mais usam e os serviço à maneira como uma pessoa
homens (36,2%) os que menos usam. O c o s t u m a a d q u i r i r, p o i s e s s e
I n s t a g ra m é u m a r e d e s o c i a l d e produto/serviços é mais compa vel à
relacionamento e têm como obje vo medida que se adapta os valores e
principal unir pessoas e fomentar a necessidades do consumidor em relação
produção e o compar lhamento de a um novo canal de comunicação.
conteúdo, e hoje está sendo u lizado
Quadro 7 - U lização do Snapchat: gênero e faixa etária
15/16 17/18 19/20
Snapchat Feminino Masculino anos anos anos Total
U liza 64,2% 38,3% 56,7% 55,6% 44,1% 52,0%
Já u lizou 18,9% 17,0% 13,3% 19,4% 20,6% 18,0%
Não u liza 17,0% 44,7% 30,0% 25,0% 35,3% 30,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018
No Quadro 7, é possível notar que a mensagens baseados em imagens, e após
maioria dos entrevistados (52%) u liza a aberto, a imagem ou vídeo somente
rede Snapchat, sendo que o maior uso poderá ser vista pelo tempo escolhido
está centrado nas mulheres (64,2%) e nas pelo remetente. Reforçado por Lacerda e
pessoas da faixa etária entre 15 e 16 anos Sousa (2016) o Snapchat possui no geral,
(56,7%), enquanto os homens (38,3%) quase as mesmas caracterís cas das
u lizam pouco essa rede. Entretanto, outras redes sociais, no entanto, o grande
houve uma diminuição do uso dessa rede, diferencial, e quando é enviado o arquivo
uma vez que outras redes sociais já só poderá ser visto somente uma única
possuem a função de stories, como o vez, o que garante um maior controle na
Facebook, o Instagram e o WhatsApp. O privacidade e confidencialidade das
Snapchat, diferentemente de outras informações repassadas.
re d e s s o c i a i s é u m a p l i ca vo d e
Quadro 8 - Tempo por dia na web ou em redes sociais: gênero e faixa etária
Tempo diário 15/16 17/18 19/20
na web Feminino Masculino anos anos anos Total
Menos de
uma hora 9,4% 14,9% 13,3% 11,1% 11,8% 12,0%
De uma a duas
horas 18,9% 40,4% 30,0% 22,2% 35,3% 29,0%
De duas a
quatro horas 28,3% 17,0% 13,3% 36,1% 17,6% 23,0%
Mais de 4
horas 43,4% 27,7% 43,3% 30,6% 35,3% 36,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018

171
Administração em foco
estudos multidisciplinares

No Quadro 8, percebe-se que um pouco rápida e sem interferências, facilitando a


mais que 1/3 dos entrevistados (36%) vida das pessoas em todos os sen dos. É
u liza a web ou redes sociais por mais de de acordo com Linhares (2013), afirma
quatro horas diárias e apenas 12% dos que a u lização da Internet modificou
entrevistados u liza menos de uma hora. totalmente o comportamento humano
As mulheres ficam mais tempo – acima de trazendo inúmeros bene cios para o
4 horas (43,4%) em relação aos homens mundo inteiro, facilitando
que aparece com 27,7%. essencialmente a comunicação e a
Isso porque, atualmente, tudo pode ser difusão da informação entre indivíduos
feito pela internet, uma vez que as de todas as idades.
informações transitam pela web de forma
Quadro 9 - Principal a vidade quando está conectado: gênero e faixa etária
O que faz
quando 15/16 17/18 19/20
conectado Feminino Masculino anos anos anos Total
Redes sociais 86,8% 34,0% 80,0% 77,8% 29,4% 62,0%
Trabalho 1,9% 36,2% 6,7% 8,3% 38,2% 18,0%
Pesquisas 11,3% 12,8% 10,0% 5,6% 20,6% 12,0%
Jogos online 0,0% 17,0% 3,3% 8,3% 11,8% 8,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018
O Quadro 9 mostra que a principal que as redes sociais virtuais são um meio
a vidade realizada quando as pessoas de comunicação que possui diversas
estão conectadas são o uso das redes direções e se difunde de forma rápida,
sociais (62%), onde o maior uso está entre uma vez que seu usuário não é apenas um
as mulheres (86,8%) e os jovens entre 15 e mero espectador, passa a ser também
16 anos (80%). autor, produtor e promotor de textos ou
Diante disso, Ba sta (2011) afirma que a outros materiais. Portanto, é possível
redes sociais são sites par cipa vos para sugerir que as redes sociais são, hoje em
a expressão na Internet, as quais dia, muito mais do que um simples meio e
permitem a construção de perfis de forma comunicação ou objeto de lazer, mas
pública e viabilizam a construção de também é u lizado para diversos fins,
interações por meio deles. inclusive para trabalhar.
Além disso, Silva (2011) aponta também
Quadro 10 – Período de aquisição de um novo celular: gênero e faixa etária
Período de 15/16 17/18 19/20
troca Feminino Masculino anos anos anos Total
A cada 6 meses 1,9% 12,8% 6,7% 0,0% 14,7% 7,0%
A cada um ano 64,2% 40,4% 46,7% 58,3% 52,9% 53,0%
A cada dois anos 18,9% 25,5% 36,7% 13,9% 17,6% 22,0%
Acima de dois
anos 15,1% 21,3% 10,0% 27,8% 14,7% 18,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018

172
Administração em foco
estudos multidisciplinares

No Quadro 10, é possível analisar que a (2007) o telefone celular é um disposi vo


aquisição de um novo aparelho celular se tecnológico híbrido, isto é, concentra
dá a cada um ano pela maioria dos várias funções de telefone, computador,
entrevistados (53%) e apenas 7% máquina fotográfica, câmera de
compram um novo aparelho a cada 6 vídeo, processador de texto, GPS, entre
meses. Isso ocorre porque todos os anos outras e, além disso, é portá l e
novos aparelhos são lançados e, com eles, conectado em mobilidade funcionando
novas funcionalidades, fazendo com que por redes sem fio digitais, possuindo
as pessoas da geração Z comprem esses conexão ilimitada com o mundo todo.
lançamentos. E corroborado por Lemos
Quadro 11 – Frequência que compra Online: gênero e faixa etária
Frequência de 15/16 17/18 19/20
compra Feminino Masculino anos anos anos Total
Não compra 50,9% 21,3% 43,3% 47,2% 20,6% 37,0%
Compra
Regularmente 7,5% 21,3% 13,3% 5,6% 23,5% 13,0%
Compra
esporadicamente 41,5% 57,4% 43,3% 47,2% 55,9% 49,0%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018
No Quadro 11, observa-se que quase oportunidade para as empresas.
metade dos entrevistados (49%) compra Dessa forma, Cunha (2007) elenca que as
esporadicamente pela internet e apenas inovações tecnológicas de informação e
13% compram regulamente, o que comunicação sustentam as novas formas
totaliza 62%. Entre as mulheres (50,9%) de organização das empresas, e, nesse
são as que menos compram quando contexto, são elementos importantes
comparado aos homens (21,3%) e para a compe ção e globalização. Essas
atualmente o e-commerce vem crescendo tecnologias também servem de base para
constantemente, uma vez que há o comércio eletrônico, porque tornam as
inúmeras facilidades para os empresas muito mais dinâmicas.
consumidores, bem como uma
Quadro 12 – Produtos que mais compra: gênero e faixa etária
15/16 17/18 19/20
O que mais compra Feminino Masculino anos anos anos Total
Roupas e acessórios 73,1% 27,0% 70,6% 73,7% 11,1% 46,0%
Eletrônicos e
eletrodomés cos 7,7% 37,8% 23,5% 15,8% 33,3% 25,4%
Livros e assinaturas 7,7% 35,1% 0,0% 10,5% 48,1% 23,8%
Cosmé cos 11,5% 0,0% 5,9% 0,0% 7,4% 4,8%
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Fonte: pesquisa 2018

173
Administração em foco
estudos multidisciplinares

No Quadro 12, o que se pode notar é que que certos grupos apresentam, onde, na
46% das pessoas compram mais roupas e visão de Mowen e Minor (2003), os
acessórios e esse indicador é maior entre fatores individuais compreendem uma
as (73,1%) e as pessoas na faixa etária séria de variáveis comportamentais,
e n t re 1 7 e 1 8 a n o s ( 7 3 , 7 % ) . E m quando se considera o gênero e faixa
contrapar da, os homens compram mais etária, como por exemplo, a geração com
eletrônicos/eletrodomés cos (37%) e idade de 19 e 20 anos, já estão em fase
quanto a faixa etária de 19 e 20 anos universitária e por isso suas demandas
compram mais livros e assinaturas. Essa são outras quanto ao comportamento e
diferença ocorre pelas par cularidades tomada de decisão.
Quadro 13 – Resumo do teste esta s co não paramétrico: Qui Quadrado
Teste Teste
P-valor hipótese P-valor hipótese
Gênero Faixa etária
Quadro 2 – Forma de acesso à
0,001*
internet Rejeitar H0 0,014* Rejeitar H0
Quadro 3 – U lização de redes Não rejeitar Não rejeitar
0,093
sociais H0 0,885 H0
Quadro 4 – U lização do Facebook Não rejeitar Não rejeitar
0,157
H0 0,967 H0
Quadro 5 – U lização do WhatsApp Não rejeitar Não rejeitar
0,515
H0 0,943 H0
Quadro 6 – U lização do Instagram Não rejeitar
0,030*
Rejeitar H0 0,371 H0
Quadro 7 – U lização do Snapchat Não rejeitar
0,008*
Rejeitar H0 0,778 H0
Quadro 8 – Tempo por dia na web ou Não rejeitar Não rejeitar
0,053
em redes sociais H0 0,401 H0
Quadro 9 – Principal a vidade
0,000*
quando está conectado Rejeitar H0 0,000* Rejeitar H0
Quadro 10 – Período de aquisição de Não rejeitar
0,048*
um novo celular Rejeitar H0 0,095 H0
Quadro 11 – Frequência que compra Não rejeitar
0,005*
Online Rejeitar H0 0,078 H0
Quadro 12 – Produtos que mais
0,000*
compra Rejeitar H0 0,001* Rejeitar H0
Fonte: autores (2018) - significa vo a 5% (p<0,05) *
Conforme o Quadro 13, tem-se a análise etária, gênero e ins tuição
do teste esta s co, o Qui-Quadrado, no público/privado.
qual deve ter a hipótese H0 rejeitada para Realizando-se assim as seguintes
as variáveis de significância de 5%. considerações para as variáveis no qual se
Conforme Hipótese postulada deve rejeitar a hipótese H0, no qual se
inicialmente na metodologia: apontam onde estão as diferenças:
H0: Não há diferença significa va a i) Quadro 2 (Forma de acesso à internet):
respeito de comportamento de compra em relação ao gênero (p-valor: 0,001) em
compulsiva em relação às variáveis que as acessam a internet mais pelo
pesquisadas (8) segmentado por faixa celular (83%) e entre os homens apenas
174
Administração em foco
estudos multidisciplinares

48,9%. Em relação a faixa etária (p-valor: a hábito de consumo de uso de recursos


0,014), os mais jovens de 15 e 16 anos, tecnológicos. Além disso, visou iden ficar
acessam a internet pelo celular com 80% o que mo va os indivíduos dessa geração
e os de 19 e 20 anos o índice de acesso é pela u lização constante da tecnologia,
de 44,1%. bem como como as pessoas dessa
ii) Quadro 6 (U lização do Instagram): em geração usam a tecnologia como forma
relação ao gênero (p-valor: 0,030) o uso é de comunicação. Buscou também
maior entre as mulheres (62,3%) em compreender os hábitos de consumo que
comparação aos homens (36,2%). norteiam a geração Z e analisar como as
iii) Quadro 7 (U lização do Snapchat): em mídias e redes sociais interferem no
relação ao gênero (p-valor: 0,008) o uso é comportamento desses indivíduos.
maior entre as mulheres (64,2%) em Com a aplicação da pesquisa e
comparação aos homens (38,3%). posteriormente a análise dos resultados
iv) Quadro 9 (Principal a vidade quando foi possível atender aos obje vos acima
está conectado): em relação ao gênero (p- mencionados e, dessa forma, foi possível
valor: 0,000) as mulheres se declaram entender que a geração Z está cada vez
estar mais nas redes sociais (86,8%) e já mais atenta em relação aos recursos
entre os homens o índice é de 34%. Em tecnológicos e os usam constantemente
relação a faixa etária (p-valor: 0,000), os para realizar diversas a vidades, seja para
mais jovens de 15 e 16 anos u lizam mais se comunicar ou até mesmo para estudar
as redes sociais (80%) e os de idade entre ou trabalhar.
19 e 20 anos o índice é de 29,4%. Além disso, esses indivíduos possuem um
v) Quadro 10 (Período de aquisição de um poder de consumo enorme e estão
novo celular): em relação ao gênero (p- sempre a procura por mais opções, pois
valor: 0,048) as mulheres trocam de nunca estão sa sfeitos com os produtos
celular a cada um ano (64,2%) e entre os que possuem e querem sempre mais. Por
homens o indicador é de 40,4%. isso, as empresas precisam estar em
vi) Quadro 11 (Frequência que compra constante evolução e atualização para
Online): em relação ao gênero (p-valor: atender a esse novo nicho de mercado
0,005) as mulheres declaram que não que cresce a cada dia e possui maiores
compram com 50,9% e entre os homens o exigências por produtos e serviços
índice é menor, com 21,3%. melhores que venham a atendar às suas
vii) Quadro 12 (Produtos que mais necessidades e desejos.
compra): em relação ao gênero (p-valor: Dessa forma, considerando que houve
0,000) as mulheres compram mais roupa diferenças significa va ao aplicar o teste
e acessórios (73,1%) e entre os homens Qui Quadrado entre os entrevistados
configura mais eletrônicos e dessa geração quanto ao gênero e faixa
eletrodomés cos (378%). Em relação a etária, os principais achados foram:
faixa etária (p-valor: 0,001), o mais jovens, · 67% costuma acessar a internet pelo
15 e 16 anos e 17 e 18 anos, compram celular;
mais roupas e acessórios · 74% tem e u lizam as redes sociais;
(respec vamente, 70,6% e 73,7%) e a · 97% possuem Facebook; 94% u lizam o
geração com idade de 19 e 20 anos Whatsapp; 50% u lizam o Instagran e
preferem mais livros e assinaturas 52% u lizam o Snapchat;
(48,1%). · 36% ficam mais de 4 horas diárias
5 Conclusão navegando na internet;
Este estudo teve como obje vo principal · 62% ficam u lizando as redes sociais
verificar a a tude e comportamento da quando estão navegando na internet;
geração Z da cidade de Pitanga em relação

175
Administração em foco
estudos multidisciplinares

· 53% dessa geração troca de celular pelo and having be er lives than I am: The
menos uma vez por ano; impact of using Facebook on percep ons
· 62% costumam compra on line; e of others' lives. Cyberpsychology,
· 46% dos produtos quando comprados on Behavior and Social Networking, v. 15, n.
line são roupas e acessórios. 2, p. 117–120, 2012.
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diversas a vidades. suporte ao comércio electrónico Entre
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embora, esse público pode demonstrar Revista de Estudos Politécnicos; Vol V, nº
comportamento e a tude muito 8 . D i s p o n í v e l e m :
semelhante e que o estudo foi realizado www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/tek/n8/v
em uma única cidade e a amostra foi não 5n8a03.pdf. Acesso em: 04 nov 2017.
probabilís ca, o que deve ser limitado a FELDMANN,Henrique.O comportamento
análise a amostra, não permi ndo de consumo do adolescente e a teoria do
inferências esta s cas para toda a consumidor. 2008. Dissertação
população dessa idade. (Mestrado em Economia) – Universidade
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aprofundada sobre essa geração e o FORQUIN, J. C. Relações entre gerações e
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