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A Princesa Sapa
Russo
Há muito muito tempo havia um rei que tinha três filhos. Quando eles chegaram a uma
certa idade, o rei chamou-os e disse: "Meus queridos jovens, quero que
vocês casem para que possa ver meus netos antes de morrer." E seus filhos replicaram:
"Muito bem, Pai, dê-nos sua bênção. Com quem devemos casar?"
"Cada um de vocês deve tomar uma flecha, ir até a campina e atirá-la. Quando a flecha
cair, ali estará seu destino."
Então os filhos se curvaram diante do pai, e cada um tomou uma flecha e foi a campina
executar o que tinha sido determinado.
A flecha do mais velho caiu nos domínios de um nobre, e a sua filha apanhou-a. A flecha
do filho do meio caiu no quintal de um mercador, e a sua filha apanhou-a.
Mas a flecha do mais jovem, príncipe Ivan, voou e foi-se para lugar desconhecido. Ele
caminhou em sua busca, e já estava quase desistindo quando encontrou
um sapo sentado com a flecha em sua boca. O príncipe Ivan disse: "Sapo, sapo, devolva
minha flecha."
E o sapo replicou: "Case comigo!"
"Como eu posso casar com um sapo?"
"Case comigo, este é o seu destino."
Príncipe Ivan estava muito desapontando, mas o que ele poderia fazer? Ele juntou o sapo
e encaminhou-se para casa. O Rei celebrou os três casamentos: seu
filho mais velho com a filha do nobre, seu filho do meio com a filha do mercador e o
pobre príncipe Ivan com o sapo.
Um dia o Rei chamou os filhos e disse: "Quero ver qual de minhas noras é mais hábil com
a agulha. Deixe que cada uma me faça uma camisa."
Os filhos se curvaram em direção ao pai e saíram. Príncipe Ivan foi para casa e sentou-se
numa poltrona, muito desconsolado. O sapo apareceu pulando no
chão e disse-lhe: "Por que está tão triste, Príncipe Ivan? Está com algum problema?"
"Meu pai quer que você lhe faça uma camisa para amanhã de manhã."
Disse a sapa: "Não desanime, príncipe Ivan. Vá para a cama; a noite é mãe dos
conselhos." Então príncipe Ivan foi para a cama e o sapo esperou que ele fechasse
a porta, tirou sua pele de sapo e transformou-se em Vasilisa a sábia, uma donzela com
formosura além de qualquer comparação. Ela bateu suas mãos e exclamou:
"Criadas e amas, estejam prontas para trabalhar! Amanhã de manhã quero uma camisa
como meu próprio pai usaria!"
Quando Príncipe Ivan levantou-se na manhã seguinte, o sapo estava novamente no chão, e
numa mesa, enrolada numa fina toalha, a camisa. Príncipe Ivan ficou
encantado. Ele apanhou a camisa e levou-a ao seu pai. Ele encontrou o Rei recebendo os
presentes de seus outros filhos. Quando o mais velho entregou a
camisa o Rei disse: "Essa camisa será de um dos meus empregados"; quando o do meio
entregou o Rei disse: "Esta é boa somente para o banho". Príncipe Ivan
entregou sua camisa, finamente bordada em ouro e prata. O Rei tomou-a, olhou e disse:
"Agora esta sim é a camisa! Eu a vestirei nas melhores ocasiões!"
Os dois irmãos mais velhos foram para casa e disseram um ao outro: "Parece que rimos
antes da hora da esposa de Ivan - ela não é um sapo, e sim uma feiticeira."
Novamente o Rei chamou seus filhos: "Que suas mulheres me façam um pão para amanhã
de manhã" ele disse. Quero saber qual delas cozinha melhor.
Príncipe Ivan retornou à sua casa muito triste. A sapa perguntou-lhe: "Por que está tão
triste, príncipe?"
"O Rei quer que você lhe faça um pão para amanhã de manhã" replicou seu marido.
"Não se apoquente, Príncipe Ivan. Vá para a cama; a noite é a mãe de todos os conselhos."
As outras noras do rei que tinham rido da sapa na primeira vez, enviaram um velho criado
para ver como a sapa fazia seu pão. . Mas a sapa era astuciosa
e adivinhou o que elas queriam. Elas misturou a massa, quebrou os ovos, colocou água,
fez uma meleca e colocou no forno. O velho criado correu de volta
para as outras esposas e disse-lhes o que tinha visto a sapa fazer.
Então a sapa esperou que todos se afastassem e se transformou em Vasilisa a Feiticeira,
bateu palmas e gritou: "Criadas e amas, estejam prontas, trabalhem
logo! Amanhã pela manha quero um pão tão leve e branco como jamais nenhum ser
humano tenha experimentado."
Príncipe Ivan acordou pela manhã e encontrou sobre a mesa um pão que lhe pareceu o
melhor que já tivesse provado, todo enfeitado com belas figuras, que
ele levou imediatamente ao seu pai. O rei, ao experimentar o pão levado por Ivan,
exclamou: "Isso é o que chamo de pão! É tão bom que só serve para ser
comido nos feriados!"
E o Rei determinou que seus filhos trouxessem, no dia seguinte, suas esposas para um
banquete. Príncipe Ivan tornou-se sombrio novamente. A sapa, vendo-o
assim, perguntou: "Por que a tristeza, príncipe Ivan? Seu pai foi grosseiro com você?"
"Sapa, minha sapinha, como você poderia me ajudar? Meu pai quer que eu leve você ao
banquete, mas como pode você aparecer diante do povo como minha esposa?"
"Não se amofine, Ivan," disse a sapa. "Vá para a festa sozinho que eu vou depois. Quando
você ouvir uma batida e um estouro, não tenha medo. Se lhe perguntarem,
diga que somente é sua Sapinha pulando na caixa."
Então foi o príncipe Ivan, sozinho. Seus irmãos mais velhos levaram as esposas,
maquiadas e vestidas com roupas finíssimas. Eles aproveitaram para gozar
de Ivan: "E então, Ivan, não trouxe a sua esposa? Você poderia tê-la embrulhado num
lenço. Você não deveria deixá-la sozinha por aí, com tanta beleza.
Deve procurá-la no pântano!"
O Rei e seus filhos e noras e todos os convidados começaram o banquete. De repente,
houve uma batida e um estouro que foi ouvido em todo o palácio. Então
o príncipe Ivan disse: “Não tenham medo, boa gente, é apenas minha sapinha passeando
em sua caixa.”
Foi quando uma carruagem dourada, puxada por seis cavalos brancos parou em frente ao
palácio e Vasilisa, a Feiticeira, num vestido azul-turquesa clamado
de estrelas e com uma lua sobre sua cabeça, tomou Ivan pela mão e levou-o até a mesa do
banquete.
Os convidados começaram a comer, beber e se divertir. Vasilisa bebeu de seu copo e
derramou as sobras em sua luva esquerda. Então comeu e colocou os ossos
na luva direita. As esposas dos príncipes mais velhos viram-na fazendo isso e imitaram
seus gestos.
Quando a comilança acabou, era hora da dançar. Vasilisa convidou Ivan,e ambos
dançaram e rodopiaram, sob os olhares admirados de todos. Ela sacudiu então
sua luva esquerda e... apareceu um lago! Ela sacudiu a luva direita e cisnes começaram a
nadar no lago. O Rei e seus convidados ficaram impressionados
com tal maravilha.
Então as noras do rei foram dançar. Elas sacudiram uma das luvas, mas apenas vinho caiu
sobre os convidados; sacudiram a outra, mas apenas ossos roídos
caíram, sendo o Rei atingido na testa por um.
Enquanto isso, Ivan correu de volta para casa. Ele encontrou a pele do sapo e jogou-a no
fogo. Quando Vasilisa voltou para casa, procurou a pele mas não
conseguiu achá-la. Triste, falou a Ivan: “O que você fez? Tivesse esperado mais alguns
dias, eu seria sua para sempre. Mas agora, adeus. Procure-me além
das Trinta e Nove Terras, no Décimo Reino, onde Koshchei, o Imortal, vive.” Dizendo
isso, transformou-se num cuco cinza e voou pela janela. Príncipe Ivan,
desesperado, partiu em busca de sua esposa, Vasilisa. Caminhou, caminhou, que os seus
sapatos perderam as solas, e sua túnica se rasgou, e sua capa não
mais o protegia da chuva. No caminho, encontrou um homenzinho, muito muito velho.
"Bom dia, meu rapaz”, disse o velhinho. "Onde estás indo e qual a tua missão?”
Príncipe Ivan contou-lhe o acontecido.
"Ah, por que queimaste a pele, Ivan?" disse o velho. "Ela não era sua nem era seu direito
fazê-lo. Vasilisa ficou tão sábia quando seu pai, e por isso
ele se enraiveceu e transformou-a em sapo por três anos. Ah, bom, mas não vai ajudá-lo
agora. Pegue esse rolo de barbante e siga para o local que ele desenrolar.”
Ivan agradeceu ao homenzinho e seguiu a bola de barbante. Num campo aberto, ele
encontrou um urso. Ivan estava pronto a matá-lo quando ouviu-o falar em
voz humana: “Não me mate, príncipe Ivan, pois talvez precises de mim um dia."
Ivan então deixou o urso partir. Subitamente ele viu um marreco voando sobre sua cabeça.
Pegou sua arma e, quando foi atirar, ouviu o marreco falar com
voz humana: “Não me mate, Ivan, pois talvez precises de mim um dia.”
Ele poupou o pato e se foi. O mesmo aconteceu em seguida, só que com uma lebre e mais
uma vez ele poupou a vida do animal.
Caminhando ainda, Ivan chegou ao mar e viu um lúcio debatendo-se na areia. “Ah,
príncipe Ivan”, disse o peixe, “jogue-me de volta ao mar.”
Então, ele jogou o peixe de volta na água e continuou seguindo a bola de barbante, indo
parar numa floresta, onde encontrou uma cabana de madeira. Lá, estava
sentada Baba-Yaga, a bruxa, com uma vassoura na mão. Quando ela viu Ivan, disse:
"Ugh, ugh, sangue russo, nunca encontrado por mim, agora eu sinto cheiro
na minha porta. Quem é? ? Onde está?”
"Você poderia me dar comida e bebida e um banho de vapor antes," retorquiu Ivan. Então
Baba-Yaga deu-lhe um banho de vapor, alimentou-o e colocou-o na
cama. Então o Príncipe Ivan perguntou-lhe sobre sua mulher, Vasilisa a sábia.
"Eu sei, eu sei,"disse Baba Yaga. "Sua esposa está agora sob o poder de Koshchei, o
Imortal. Vai ser duro trazê-la de volta. Koshchei não é páreo para você.
As morte está na ponta de uma agulha. A agulha está num ovo. O ovo está num pato. O
pato está numa lebre; a lebre num cofre; o cofre no topo do mais alto
carvalho que Koshchei, o Imortal, s guarda como olhos de águia."
Ivan passou a noite com Baba-Yaga, e, pela manhã, ela mostrou o caminho até o
carvalho. Ele caminhou, caminhou, e chegou até carvalho, onde viu o cofre
de pedra n topo. Mas era muito difícil de atingir.
De repente, surgiu um urso e, jogando-se sobre a árvore, sacudiu-a de tal forma que o
cofre caiu, quebrou e se abriu. Do cofre saiu uma lebre que partiu
numa corrida. A outra lebre, cuja vida o príncipe havia poupado, disparou atrás da
primeira e capturou-a. De dentro dela saiu um pato, que partiu como
uma flecha pelo ar. Mas em seguida o pato, cuja vida Ivan havia poupado, partiu em sua
perseguição, e o fez soltar o ovo, que caiu no mar.
Ivan caiu em prantos. Como poderia achar o ovo no mar? Neste momento o lúcio, salvo
por Ivan, nadou até a borda da praia com o peixe em sua boca. Ivan quebrou
o ovo, pegou a agulha e quebrou sua ponta. Não demorou muito para Koshchei curvar-se
e gritar, mas tudo em vão. Caiu morto.
Ivan correu até o castelo de pedras brancas. Vasilisa correu em sua direção, abraçando-o,
beijou-o. E príncipe Ivan e Vasilisa voltaram para sua própria
casa e viveram em paz e felicidade até a velhice.
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O Caçador
Palestino
Era uma vez um homem quem era caçador, e seu nome era Caçador, também. Um dia, ele
estava caçando quando encontrou um cervo. Quando mirou no animal, o cervo
desapareceu. Ele mirou novamente e de repente o cervo se transformou num homem.
Caçador ficou apavorado. O homem chegou perto dele e disse: "Por que você
sempre caça cervos e pássaros? Você não sabe que eles têm um dono?" "Eu tenho que
alimentar minha família, e esta é sua única forma", replicou Caçador.
"Qual o tamanho de sua família?" Perguntou o homem. "Dois meninos, uma menina,
minha mulher e eu", respondeu Caçador, "e isso é o que nos mantêm vivos".
"Bem", disse o homem, "se eu lhe der dinheiro, você pára com isso?" "É claro", disse
Caçador, "assim que eu tiver dinheiro, nunca mais caçarei". Neste
momento, o homem pegou cinqüenta dinares e deu-os a Caçador. "Antes que você vá,
qual é seu nome?" o homem perguntou. "Sou Caçador, e você?" disse Caçador.
"Chamo-me Abdala", respondeu o homem, "e eu tenho uma família, como você".
Caçador chegou em casa, limpou sua arma e encostou-a na parede. Ele disse a sua mulher
que nunca mais iria caçar e que Deus lhe tinha dado uma fonte de
dinheiro. Porém, não muito depois, o dinheiro acabou, e Caçador pegou novamente sua
arma e saiu para caçar. Quando ele chegou na mata, encontrou o cervo
no mesmo lugar e na mesma hora. Ele mirou, e imediatamente o animal transformou-se
em Abdala. "Não tínhamos um acordo?" perguntou Abdala. "Mas o dinheiro
acabou", disse Caçador, "e nós quase morremos de fome". "Você vê aquela rocha?" disse
Abdala, "Sempre que você precisar de mim, apenas vá até ela e diga
'Ó irmão Abdala', e virei imediatamente." Então ele deu ao caçador outros cinqüenta
dinares.
Caçador voltou feliz para casa. Quando ele deu o dinheiro a sua esposa, ela exigiu saber
onde ele o tinha conseguido. Ele disse que tinha encontrado um
amigo que lhe prometera ajuda todas as vezes que necessitasse; Caçador somente tinha
que ir à rocha e chamá-lo. "Você é um homem pão-duro!" disse a esposa
de Caçador, "Você deveria convidá-lo a vir a nossa casa, nós poderíamos comer juntos e
reforçar essa amizade." Então Caçador voltou a rocha e chamou Abdala.
Após se desculpar por não convidá-lo, Abdala insistiu para que primeiro a família de
Caçador fosse a sua casa. Após combinarem para às oito da manhã, Caçador
voltou para casa para contar à esposa as novidades.
Caçador e sua família compraram um presente e se dirigiram à rocha com as crianças.
Quando eles lá chegaram, encontraram Abdala e sua família esperando.
Cada um da família Abdala deu boas-vindas a um membro da família Caçador e eles
sacudiram as mãos. Num piscar de olhos, eles estavam num mundo diferente.
A família Abdala preparou um banquete e convidou todos os vizinhos que trouxeram
presentes e dinheiro para Caçador e sua família. Após ficarem algum tempo,
Caçador e sua família juntaram os presentes e o dinheiro e foram para casa. Eles tinham
dinheiro suficiente para construir uma boa casa. Poucos meses depois,
num feriado, Caçador foi visitar seu amigo. Quando Abdala apareceu, ele segurou a mão
de Caçador e num piscar de olhos, eles estavam um lugar diferente.
Abdala deu mil dinares a Caçador.
Caçador pegou o dinheiro e foi para casa. Sua esposa disse que eles tinham o suficiente
para casar seu filho mais velho. Eles encontraram uma boa garota
para ele e marcaram a data do casamento. É claro que Caçador convidou Abdala e sua
família. Abdala disse a Caçador que preparasse uma sala separado para
ele e outras vinte pessoas e não deixar ninguém se aproximar deles. No dia do casamento,
todos da cidade foram convidados e Caçador fez o que Abdala pediu.
As pessoas podiam ver Caçador entrar na sala separada com bandejas cheias e sair com
elas vazias, sem no entanto poderem ver o que estava lá dentro.
Após todos irem embora, Abdala perguntou a Caçador se eles poderiam dar o presente da
noiva, e cada um deu um linda jóia. Antes de Abdala ir, ele disse
a Caçador que todos estavam convidados para sua casa a semana toda.
Uma dupla de ladrões da cidade sabiam onde a noiva tinha colocado sua caixa de jóias,
então entraram na casa e levaram. Quando Caçador e sua família voltaram
para casa, descobriram o roubo. Todos os Caçadores pediram ajuda a Abdala, que os
confortou e lhes disse que abrissem novamente a caixa das jóias. Eles
encontraram o dobro de jóias que havia inicialmente. Abdala virou-se para Caçador e
disse: "Na próxima vez, meu irmão, quando você for nos visitar, nós
protegeremos sua casa".
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A história da caveira
Celta
Era uma vez um granjeiro que tinha apenas um filho. Este filho morreu e o pai não quis ir
ao enterro porque antes houve uma briga entre eles. Passado um
tempo, morreu um vizinho e ele foi ao seu enterro. Depois da cerimônia e ainda estando o
granjeiro no cemitério, olhando distraído ao redor viu uma caveira.
Juntou-a e disse, pensativo:
- Gostaria de saber alguma coisa sobre ti...
E a caveira falou:
- Amanhã irei passar a noite contigo, se vieres passar outra noite comigo.
-Assim farei - disse o granjeiro.
No caminho de volta, encontrou um sacerdote e comentou o que tinha ocorrido. O
sacerdote lhe disse que deveria ter sonhado, posto que as caveiras não falam.
O granjeiro lhe contou que na noite seguinte seria visitado pela caveira, e o sacerdote
concordou em ir.
Assim, na noite seguinte, estavam o granjeiro e o sacerdote conversando quando, em
seguida, chamaram à porta e apareceu a caveira. Ela subiu à mesa e comeu
tudo que nela havia. Depois, saiu e desapareceu.
- Por que não falaste nada? inquiriu o granjeiro ao sacerdote.
-Por que TU não falaste?. respondeu o outro.
Na noite seguinte, como dia combinado com a caveira, o granjeiro foi até o cemitério e,
não vendo nada, desceu os três degraus que estavam junto à Igreja.
De pronto se encontrou no meio de um campo, cheio de homens que lutavam entre si. Ao
ver o granjeiro, perguntaram-lhe se procurava o crânio. Ao assentir,
eles disseram:
- Acaba de ir para o campo ao lado.
No outro campo viu homens e mulheres que lutavam entre si. - Estás procurando um
crânio? - perguntaram. Pois bem, acaba se ir ao campo do lado.
O granjeiro se foi ao campo do lado e viu uma grande casa. Ao entrar viu que era a
habitação de uma dama e uma criada. A dama caminhava de um lado a outro
da casa, e cada vez que chegava perto do fogo para se aquecer, a criada a empurrava.
Também lhe perguntaram se buscava um crânio e que se era isso, que
saira pela porta esquerda da casa e por ali saiu o granjeiro.
Ao entrar na casa contígua, encontrou a caveira e esta lhe perguntou se queria cear, com o
que assentiu o granjeiro. A caveira o conduziu a cozinha onde
estavam três mulheres. A caveira pediu a uma delas que servisse a ceia, e esta serviu pão
preto e uma jarra d’água, o que ele não conseguiu comer. Em seguida
pediu à segunda mulher que fizesse o mesmo, e ela serviu pior ao granjeiro do que a
primeira. Por fim a caveira pediu à terceira mulher, e esta serviu
uma deliciosa refeição, com uma profusão de pratos e excelentes vinhos.
Depois de comer, perguntou ao crânio o que tinha sido aquilo.
- Os homens que viste no primeiro campo se dedicavam a lutar entre si enquanto estavam
vivos, porque tinham terras próximas e se acostumavam a mover as
estacas e agora precisam lutar entre si para sempre. Os homens e mulheres que viste eram
casais casados que viviam a brigar e agora devem seguir eternamente
em brigas. A senhora que viste na casa e que a criada não deixava se aquecer fez o mesmo
com a criada, que um dia chegou molhada e com frio, e agora a
criada faz o mesmo com ela, até o dia do Juízo Final. As três mulheres na cozinha foram
minhas três esposas. Quando pedia à primeira que me preparasse
a ceia, me oferecia pão preto e água, a segunda ainda coisa pior mas a terceira me servia o
banquete que ceiaste.
A caveira então olhou lugubremente o lavrador e disse:
-E quanto a ti, foste trazido a este lugar por não querer ir ao funeral do teu filho, apesar de
teres ido ao de um vizinho. Assim, sugiro que, se queres
te salvar, vá onde enterraram teu filho e pede-lhe perdão e, caso o obtenhas, saiba que
desde o dia que saíste de casa até chegar aqui se passaram 700
anos.
O lavrador ficou petrificado e, como despertando de um sonho, se viu caminhando pelos
campos, por lugares que antes ele havia passado mas que haviam mudado
de forma pelo tempo transcorrido. Ao fim chegou ao cemitério e conseguiu localizar a
tumba do filho . Ali se ajoelhou e pediu perdão. O perdão a seu filho.
Por fim surgiu uma mão da tumba, que tomou a sua e ambos, pai e filho, subiram juntos
ao céu.
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A Moura Torta
Espanhol
Havia um rei que tinha um filho, e quando este chegou à idade de casar, disse a seus pais:
- Quero me casar com a mulher mais formosa do mundo. Assim, vou
percorrer o mundo até encontrá-la.
Saiu do palácio e caminhou até chegar a uma fonte, onde parou para tomar água. Ao
inclinar-se para beber, viu que se refletiam três laranjas. Ergueu os
olhos e viu que de uma frondosa laranjeira pendiam três grandes e belas laranjas.
- Que saborosas devem ser, disse o príncipe, e dizendo isso, subiu na árvore e cortou as
três preciosas laranjas.
Partiu a primeira e, como por encanto, saiu dela uma jovem muito linda que, ao ver o
príncipe, lhe disse:
- Dá-me pão.
- Não posso, disse ele, porque não tenho.
- Então volto para minha laranja, disse a jovem, e desaparecendo, deixou a laranja intacta.
Partiu o príncipe a segunda laranja e da fruta saiu outra jovem, muito mais bela que a
primeira.
- Dá-me pão, disse ao príncipe.
- Não posso, pois não tenho, ele falou.
- Então volto para minha laranja. A laranja se fechou e ficou como antes.
O príncipe ficou pensativo e, decidiu conseguir pão, a fim de dar à ultima jovem da
laranja.
Assim pensava o jovem, quando coincidiu de passar por ali um cigano em seu coche.
- Amigo, gritou o príncipe - te darei uma moeda de ouro por um pedaço de pão.
Rapidamente o cigano desceu da carruagem e correu a levar o pão ao príncipe.
O príncipe ficou muito contente e satisfeito. Partiu a terceira laranja e, como havia
imaginado, do coração da fruta saltou uma jovem muito mais formosa
que as anteriores.
- Dê-me pão, ela disse.
O príncipe alegremente deu o pão à jovem, que em seguida falou: - Agora te pertenço,
podes fazer de mim o que quiseres.
- Contigo me caso, lhe disse o príncipe.
Como a jovem estava nua, o príncipe queria antes vesti-la para leva-la ao palácio. Deu
uma olhada na roupa do cigano que ainda permanecia ali, porem notou
que estavam muito sujas.
O príncipe então disse à jovem: - Espera aqui com este cigano até que eu volte com uma
roupa.
O cigano tinha uma filha que viajava com ele no coche, porem tinha dormido durante todo
o tempo em que a história das laranjas ocorria. Ao despertar no
momento em que o príncipe subia no cavalo, caiu de amores por ele.
Desceu logo do coche e foi perguntar ao seu pai o que estava acontecendo. Ele lhe contou
o ocorrido.
A cigana, vendo a jovem, lhe disse: - Deixa-me te pentear para que fiques mais bonita
para o regresso do príncipe.
A jovem consentiu, e enquanto a cigana penteava sua formosa cabeleira, sentiu que lhe
cravavam um alfinete na cabeça. No momento a dama da laranja se transformou
numa pomba. A cigana então tirou a roupa e se colocou no lugar onde estava a jovem.
O príncipe voltou e quando viu a cigana, disse: - Senhora! Como escureceste!
A cigana respondeu: - É que demoraste e acabou me queimando o sol.
O príncipe, acreditando ser a mesma jovem da laranja, levou a cigana ao palácio e se
casou com ela.
Um dia chegou uma pombinha ao jardim do rei e disse ao jardineiro: Jardineirinho do rei,
como está o príncipe com sua mulher?
- Umas vezes canta, porem mais vezes chora - disse o jardineiro. Todos os dias chegava a
pombinha e fazia a mesma pergunta ao jardineiro, até que este contou
ao príncipe.
O príncipe deu ordem ao jardineiro para que prendesse a pombinha. O jardineiro untou de
visgo a árvore onde diariamente pousava a pombinha e, quando esta
chegou para sua visita diária, ao querer voar, ficou presa à árvore, podendo apanha-la o
jardineiro e leva-la ao príncipe.
O príncipe se enamorou da pombinha. Colheu-a com carinho e ao acariciar-lhe a cabeça,
encontrou o alfinete que tinha sido cravado e retirou-o. Imediatamente
a pombinha se transformou na bela dama da laranja.
A formosa jovem contou sua aventura ao príncipe e, entrando os dois no palácio,
comunicaram o ocorrido ao rei.]
O rei, indignado, deu ordens para que imediatamente matassem a cigana, e o príncipe e a
dama da laranja se casaram e foram felizes para sempre.
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A luta de sabres
Japão
Essa história transcorre no século 17, no Japão, durante um período de fome.
Um camponês não tinha com o que alimentar sua família e se recorda do costume que
promete forte recompensa àquele que seja capaz de desafiar e vencer o
mestre de uma escola de sabre.
Ainda que nunca houvesse tocado numa arma em sua vida, o camponês desafia o mestre
mais famoso da região. No dia fixado, diante de público numeroso, os
dois homens se enfrenta. O camponês, sem se mostrar impressionado pela reputação do
adversário, o espera com firmeza, enquanto o mestre de sabre estava
um pouco perturbado por tal determinação. Quem será este homem?, pensa. Jamais
nenhum vilão teria coragem de me desafiar. Não será uma armadilha de meus
inimigos?
O camponês, acuado pela fome, se adianta resolutamente até seu rival. O mestre vacila,
desconsertado pela total ausência de técnica de seu adversário. Finalmente,
retrocede movido pelo medo. Antes do primeiro assalto, o mestre sente que será vencido.
Baixa seu sabre e diz:
- Você é o vencedor. Pela primeira vez na vida seria abatido. Entre todas as escolas de
sabre, a minha é a mais renomada. É conhecida com o nome de "A que
num só gesto dá dez mil golpes". Posso perguntar-lhe, respeitosamente, o nome de sua
escola?
- A escola da fome. - responde o camponês.