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IFRS Campus Rio Grande

Curso: Fabricação mecânica


Disciplina: Geografia II
Professor: Jefferson Santos

Análise de cartografia temática: espaço agrário brasileiro

Eduardo Rodrigues e Maria Emanoelle C. Mota - 3F

Introdução
Neste texto, iremos fazer a análise dos cartogramas que retratam assuntos do espaço
agrário brasileiro, nestes em especifico, os assuntos são, respectivamente: ameaças de morte e
tentativas de assassinato.

Análise do Cartograma 1

Figura 1: Ameaças de Morte - 2007


Fonte: (IBGE, 2018)
Podemos enxergar um cartograma desse tipo como um tipo de variável espacial, um
jeito diferente de enxergar o mundo ou nosso país. Neste caso específico, vemos nosso país a
partir das ameaças de morte que os camponeses e trabalhadores rurais sofreram no ano de
2007, que são representadas por círculos e proporcionalmente distribuídas.
Comparando este cartograma com o do ano anterior, conseguimos perceber mudanças
extremas, que variam a cada região. Podemos dizer que nas regiões sudeste e centro-oeste, os
casos tiveram uma diminuição significativa, passando da média de 10 e 11 casos, para uma
média de 4 e 6 casos, isso nos mostra que houveram quedas nos conflitos por terras, que é
uma das principais causas de ameaça de morte, assim como a disputa por oportunidades de
emprego, em que os trabalhadores precisam das vagas para sustentar suas famílias e
conseguir botar comida para dentro de casa.
Já no sul, vemos que o número de ameaças é maior do que o das regiões citadas
acima, e devemos analisar um possível motivo para isso, visto que nos anos que antecedem
2007, o número de ameaças é muito menor ou até nulo. Talvez, neste ano, a região sul do país
possa ter sofrido com os problemas que já existiam antes e que só vieram à tona, problemas
esses que são um "câncer" para o campo. Temos a má distribuição de terras, em que poucos
têm muitas extensões de territórios e muitos têm poucas dessas extensões, assim como a
ocupação predatória da terra, temos também a falta de regularização fundiária e a não
implementação de uma reforma agrária, que acarreta nesses conflitos e consequentemente em
ameaças.
Falando sobre norte e nordeste, que são regiões bem interessantes de serem
analisadas, pois levantam alguns bons questionamentos, vemos algumas situações bem
específicas. Tanto neste cartograma, quanto nos dos outros anos (que antecedem e precedem
o do cartograma em análise), vemos uma vasta concentração de ameaças bem na divisão
entre as duas regiões.
Aparentemente, essa concentração de ameaças ao longo dos anos, que ocorre na
fronteira entre as duas regiões, pode ter como principal motivo a disputa por território, visto
que, sempre ocorre na divisão das regiões, e sempre em grandes quantidades, principalmente
entre Maranhão, Pará e Tocantins, que é a área onde mais tem essa junção de ameaças.
É possível ver que cada dado que o cartograma nos oferece pode ser interpretativo,
mudando os motivos de acordo com a quantidade de casos e regiões. Essas foram nossas
conclusões de acordo com a análise que fizemos.
Análise do Cartograma 2

Figura 2: Trabalho escravo - denúncias à CPT - 2016


Fonte: (IBGE, 2018)

Ao longo dos anos, conseguimos analisar um padrão de denúncias de trabalhadores


rurais escravizados, onde a maior concentração se encontra na divisão entre as regiões norte,
nordeste e centro-oeste, com a diferença de que em cada ano, existe uma diferente
distribuição, mas em 95% das vezes, mantendo essa mesma concentração. Neste cartograma
de 2016, vemos os casos bem espalhados (principalmente se comparado ao ano anterior, que
teve sua maior concentração na região sudeste), ainda assim, mantém a concentração
“padrão” citada anteriormente, com o diferencial de que é mais distribuído ao longo de todo o
país, com casos em todas regiões e quase em todos os estados também.
Já sobre o assunto mencionado no cartograma (trabalho escravo rural), podemos
caracterizá-lo por qualquer ação que viole os direitos do trabalhador, ações essas que nos
impressionam ao pararmos para pensar na quantidade de vezes que aconteceram em 2016,
principalmente pelo fato de sabermos que a extensão da legislação trabalhista no meio rural
aconteceu há mais de 45 anos, logo o conhecimento sobre o que é obrigação do empregador
em termos de direitos trabalhistas e o que é considerado um crime não é algo novo.
Podemos analisar que todas as regiões do Brasil tem casos de denúncias de
trabalhadores rurais escravizados, fato que se compararmos com um cartograma de 20 anos
atrás, veremos que os casos eram mais concentrados em uma região específica e não em todas
como atualmente. Isso pode ser explicado pelo fato do agronegócio vir crescendo cada vez
mais por conta de sua importância para o crescimento e desenvolvimento de diversos setores
no Brasil, os quais estão interligados ao plantio e à criação de animais para consumo, gerando
então mais demanda de trabalho rural. Com isso, muitos trabalhadores são submetidos a
condições desonrosas de trabalho, não importando quais serão suas consequências, ou os
custos implicados pelos crimes, pois a dignidade humana não estará em pilares semelhantes
aos do lucro empresarial.
Infelizmente, o trabalho escravo rural esteve muito presente no ano de 2016,
acreditamos que por conta da falta de conhecimento por parte da sociedade em relação ao
modo como são produzidos os produtos consumidos, isolando então os crimes cometidos
para que as necessidades sociais sejam atendidas. O isolamento desses crimes permite que os
mesmos sejam recorrentes e impuníveis, de modo que se tornam exemplos de grande
faturamento a baixos custos. Outro fator que acredito que contribuiu bastante para a
quantidade de casos de trabalho escravo rural é o isolamento geográfico, uma vez que a
distância das grandes cidades dificulta a fiscalização e impede que os trabalhadores consigam
se libertar.

Considerações finais
Achamos que esse foi um trabalho muito interessante de ser feito, que nos leva a
pensar além do que nossos olhos vêem no mapa/cartograma, nos fazendo ter a necessidade de
ter uma análise interpretativa mais aguçada do que teríamos normalmente, nos permitindo
adquirir mais conhecimento e noção dos assuntos tratados.

Referências bibliográficas
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/27802/1/Escravid%C3%A3oContempor%C3
%A2neaZona.pdf
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&ved=2ahUKEwi
sxNPk_oP5AhUIupUCHWeRA0AQFnoECAgQAQ&url=https%3A%2F%2Frevista.fct.unes
p.br%2Findex.php%2Fnera%2Farticle%2Fdownload%2F6611%2F5065&usg=AOvVaw2Ea
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