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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - UESPI

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL


COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA
DISCIPLINA: GEOGRAFIA AGRÁRIA
PROFESSORA: MARIA TEREZA
ESTUDANTES: FRANCISCO JANDERSON DE SOUSA SILVA E LONARDO
RAFAEL SANTOS COELHO

TERCEIRA AVALIAÇÃO - ANÁLISE DE DADOS RELATÓRIO DATA LUTA

OCUPAÇÕES DE TERRA

Quando observamos os números de ocupações de terra no Brasil, constatamos uma


queda vertiginosa. De 2019 ocupações no ano de 2016, passamos para apenas 43 ocupações
no ano de 2019. A política austera mais recente no nosso país inibe manifestações de luta por
direitos e isso reverberou nas ocupações de terra pelo nosso país.

Ademais, a queda nos números não se deu apenas nas ocupações de terra, mas também
no número de famílias. Se em 2016 eram 24. 116 famílias, em 2019 eram 3.476 famílias. As
lutas cada vez mais marginalizadas pela sociedade que está influenciada por líderes ditatoriais
na política do medo tem participação nessa queda.

E, quando olhamos para a escala das macrorregiões, algumas informações se


destacam, por exemplo: na região Norte, o estado do Pará é o que apresenta maior número de
ocupações
(14) e de famílias (1052); no Nordeste, a Bahia se destaca com 13 ocupações e 1.145 famílias;
no Cetro-Oeste, Mato Grosso se destaca, porém, com apenas 6 ocupações e 852 famílias; no
Sudeste, Espírito Santo com 5 ocupações e 302 famílias; no Sul, com 5 ocupações e 125
pessoas; e, quando vamos pra escala de Brasil, apresentam os dados: 43 ocupações e 3.476
famílias.

Acreditamos, isso também é reflexo de um processo histórico no nosso país, onde


sempre predominou o latifúndio, os grandes proprietários de terra. Mas também, essa
diminuição dos números de ocupações é uma derrota, pois essa forma de luta sempre foi uma
das principais estratégias utilizadas
No Brasil, a ocupação é a principal estratégia de luta pela terra realizada pelos
movimentos socioterritoriais camponeses. Os dados do Banco de Dados da Luta Pela
Terra (DATALUTA) 7 em 2006 mostram que no país, entre 2000 e 2006, foram
registradas ocupações de terra realizadas por 86 diferentes movimentos
socioterritoriais. As áreas ocupadas são principalmente latifúndios, terras devolutas e
imóveis rurais onde leis ambientais e trabalhistas foram desrespeitadas. (GIRARDI,
2008, p. 77).

Desta forma, isso reitera a importância da ocupação nessa forma de luta e a qualifica,
afinal, geralmente as ocupações se dão em terras onde uso de ocupação apresentam
irregularidades, ou seja, onde deixaram de cumprir sua função social da terra. Ademais, a luta
através das ocupações transcende seus próprios interesses, pois, por vezes ocupam áreas
economicamente ativas apenas como forma de protesto contra a territorialização do
agronegócio.

ASSENTAMENTOS RURAIS

É sabido que, a partir do governo luta, houve uma diminuição da criminalização da


luta pela terra e houve sim um aumento das ocupações e, consequentemente, dos
assentamentos, apesar de ainda ficar aquém da demanda real do país. No governo Lula,
aconteceu o auge das ocupações de terra em 2004 e de assentamentos em 2005.

Quando analisamos os números de 2016 a 2019, entretanto, há um decréscimo


gigantesco, de 28 em 2016 (número já bem baixo), para apenas 2 em 2019. E, lógico, os
números de famílias assentadas também cai de 1002 em 2016 para 533 em 2019. Em escalas
regionais, os estados que se destacam são: PA, MA, MT, MG e RS. Mas, no Nordeste, por
exemplo, ode até 2006 havia uma tradição na luta pela terra, em 2019, teve um total de apenas
1 assentamento criado e com 140 famílias e, ainda assim, foi o 2º maior do Brasil, nesse
quesito. Parece que a esperança se esvaiu, devido desprezo e falta de sensibilidade do atual
governo.

Mas, reiteramos a importância de tal movimento/luta, e de não se perderem o tocante à


sua política de valorizar a terra, fazendo-a gerar renda. Tendo consciência que a luta não
termina com o assentamento, ela prossegue, na luta pela permanência, pelo direito a produzir
nela, por exemplo.

ESTRUTURA FUNDIÁRIA

É nítido, pelo processo histórico brasileiro que o latifúndio predominou e suas raízes
continuam intrínsecas no nosso país. As maiores porções de terras estão nas mãos de poucos e
a grande maioria de tem uma concentração de terras de poucos hectares.
Quando analisamos os dados de 2019, constatamos que na região Norte, o Pará se
destaca com maior número de imóveis e de hectare, e o Pará tem o maior índice GINI da
região; no Nordeste, a Bahia é o protagonista em todos os números, tanto de número de
imóveis quanto de hectare e maior índice GINI; no Centro-Oeste, Goiás tem maior número de
imóveis, Matogrosso, maior número de hectare e o Distrito Federal com maior índice GINI;
no Sudeste temos Minas Gerais com maiores números de imóveis e de hectare, e maior índice
GINI e no Sul, o protagonista é o Rio Grande do Sul com maiores úmeros nos três
indicativos.

E são importantes esses indicadores, sobretudo o de GINI, pois ele é indicador de


desigualdade utilizado para medir o grau de concentração da terra e da renda – revela quanto
conservadora é a estrutura fundiária do Brasil. O índice varia de zero a um: quanto mais
próximo de um, maior a desigualdade na distribuição de terras. A partir disso, podemos dizer
Pará, Bahia, Distrito Federal, Mias Gerais e Rio Grande do Sul têm as maiores desigualdades
na distribuição de terras no Brasil.

MANIFESTAÇÃO DO CAMPO

As manifestações em prol da luta ao direito a terra sempre foi algo muito importante e
que sempre esteve presente na sociedade. É claro que o direito a terra é garantido por lei na
nossa constituição Federal, segundo o Estatuto da Terra – Lei No. 4.504/64 em seu artigo
2º afirma: "é assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra,
condicionada pela sua função social, na forma prevista na lei.” Porém, mesmo com essa
lei não acontece a distribuição de terras para todos o que provoca que muitas dessas famílias
passem a fazer manifestações pelo seu direito.

Segundo dados da data luta de 2017, que consta com os dados coletados no ano
anterior, em 2016 houve cerca de 1000 manifestações em defesa ao direito à terra. Os dados
apontam também que nelas estavam presentes pouco mais de 315.590 pessoas manifestando
pela causa. Podemos perceber o grande número de pessoas e manifestações nesses anos em
questão. Acontece que as condições favoráveis colaboraram para esse número tão positivo.

Estás condições, que são principalmente a relação boa com o governo federal, quando
a presidente era a Dilma Rousseff, ajuda bastante para que essas famílias protestem sem
medo. Ao contrário do que passou a acontecer nos anos seguintes, em 2017 os dados
apontaram 650
manifestações e em 2018 esse número é pior com apenas 350 manifestações. Os pensamentos
não alinhados do governo federal e dos movimentos de terra corroboram para esse declínio.

O número de pessoas nas manifestações pelo direito à terra caiu bastante, como vimos
em 2016 tinha 315.590 pessoas nos protestos já em 2018 esses dígitos vão cair bruscamente,
indo para apenas 174.089 pessoas. Além do governo do presidente Bolsonaro ser contra essas
pautas, esses manifestantes deixaram de ir para esses movimentos, pois no governo atual
houve a facilitação para que a população tenha acesso as armas, principalmente os
fazendeiros, donos de muitas terras e onde acontecem muitos acampamentos e manifestações
dos movimentos pelo direito à terra.

Apesar de todo esse receio, os grupos voltaram a se manifestar pelo seu direito à terra,
os números subiram para cerca de 1300 manifestações e o número de gente nelas passou para
234.712 um aumento de quase 70 mil pessoas. Talvez com o fim do mandato do atual
presidente essas pessoas conseguem ver esperança de dias melhores. O que podemos perceber
é que os movimentos não aguentam mais serem deixado de lado e que mesmo com todas as
circunstâncias atuais eles decidiram enfrentá-las para garantir sua propriedade.

TTERRITORIALIZAÇÃO DAS JORNADAS UNIVERSITÁRIAS EM DEFESA DA


REFORMA AGRÁRIA

A luta pela reforma agrária é algo que estar presente na sociedade brasileira por muitos
anos, embora se tenha muito apelo para que seja feito uma reforma agrária que seja bom para
todos os lados, principalmente para os sem terras, isso nunca foi feito. Para que esse assunto
seja mais debatido e compreendido por todos, grupos nas universidades brasileiras em defesa
a reforma agrária tem se reunidos.

Esses grupos vão estar em um primeiro momento muito concentrados em um mesmo


eixo. Com os dados analisados pelo data luta, podemos observar que em 2017 os Estados com
mais encontros para discutir tais ideias era a Bahia com 11, vindo seguida pelo Rio de Janeiro
com 10. Já os Estados que não tiveram nenhum encontro nesse período foram 9, AM, CE, SC,
AL, SE, AP, RR, AC, e MS. Ao analisarmos isto, fica visível que no norte do país essa ideia
não foi colocada em prática e talvez deveria, pois com a expansão da fronteira agrícola mais
grandes proprietários estão de olho naquelas áreas.
Nos dados do ano de 2019, podemos ver que o Estado do Rio de Janeiro assumiu o
protagonismo e passou a somar 20 debates sobre essas questões vindo atrás logo de São Paulo
com 10. Outro Estado do nordeste que passou a ter mais debates sobre o tema nas
universidades foi o Ceará que com 10 palestras se iguala à São Paulo. Fica bem claro que
esses movimentos nos últimos anos conseguiram debater mais sobre o assunto. Quem saiba
que com o atual governo Bolsonaro se tornou ainda mais necessário discutir essas pautas da
reforma agrária.

O único problema nos dados atuais é que as universidades dos Estados do norte
continuam sem se mobilizarem para discutir assuntos tão pertinentes. E que acaba se tornando
necessário que alguém se mobilizem para palestrar sobre esses assuntos nessa região para que
possa acontecer um grande compartilhamento de informações.

ESTRANGEIRIZAÇÃO DA TERRA

As terras brasileiras tem sido passadas nos últimos tempos a muitas empresas de outros
países e que buscam investir nessas áreas para expandir suas riquezas, além de procurarem
mão de obra barata e conseguir tudo isso aqui no Brasil. Com a boa relação que o país tem
com os
E.U.A muitas dessas empresas norte-americanas vem buscar aqui o que precisam.

O número de proprietários doas E.U.A aumentou considerável no Brasil. Em 2016 eles


somavam 35 empresas instaladas em nossas terras, já em 2019 esse número vai para 42. Os
norte-americanas, segundos dados do data luta, são os que estão se fixando nos terrenos
brasileiros, talvez você considere um número não muito grande, mas a diferença para o Japão
que fica em segundo lugar é muito grande. O país asiático fica apenas com 12 propriedades
dessas e o seu número não sofreu alteração nos últimos 4 anos.

O Estado que mais tem abrigados esses estrangeiros tem sido Minas Gerais,
aumentando a cada ano o número de terras para eles. No ano de 2016 o Estado tinha 36
terrenos comprados por esses “Grigos”. No ano de 2019 houve um aumento para 41 terrenos
adquiridos. Isso mostra que eles estão se mostrando muito interessados em nossas terras e
leva os debates que tem mais estrangeiros com terras do que muitos brasileiros nascidos
nessas terras, sem.

Nos dados obtidos mostra que a produção de grãos é a que mais tem chamado atenção
a eles e que é isso que eles têm produzidos em suas terras. Nos dados dos anos de 2019
mostra que entre os estrangeiros, 42 deles escolheram cultivar grãos em suas terras. Um
aumento de 6 em relação ao ano de 2016. Outro uso que eles têm dado a terra é com a cana
de açúcar, nos
dados atuais de 2019 pouco mais e 36 proprietários relataram está trabalhando com isso, uma
diferença de 6 em relação ao ano de 2016.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após analisarmos todos os dados do data luta, nesse recorte de 4 anos, podemos
perceber muitas alterações nos territórios nacionais e em todos os seus movimentos por luta
pelo direito à terra. Foi possível perceber também a importância dessas pesquisas, pois só
quando se tem informações como essas é que podemos nos aprofundar ainda mais na causa
dessas famílias e pessoas que lutam pelo que está garantido na constituição.

Como os anos de 2016 a 2019 houve muitas mudanças no governo federal, contendo
nesse período 3 presidentes que tem 3 visões e atitudes diferentes para esse tipo de
movimento é até fácil compreender as mudanças e variações nos dados obtidos. No atual
governo fica bem evidente que ele não valoriza em nada o movimento por terra, e
privilegiando os grandes latifundiários e empresários que vem de fora do Brasil para adquirir
terra por aqui, principalmente os norte-americanos, completamente contra a sua política
nacionalista que prega.

O que podemos esperar nas próximas pesquisas do data luta são uma nova variação de
dados, pois como é ano de eleição e o ano de 2023 provavelmente vai ocorrer mais uma
mudança de posicionamento em relação a esse tipo de movimento. Esperamos mais políticas
que beneficiem aos sem-terra e que não esteja apenas do lado dos grandes e poderosos desse
país. E o que de fato esperamos são dados que sejam positivos para essas famílias e grupos
que lutam pelo o básico que precisam para viver que é sua terra.

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