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Nilo Peçanha

O Homem,
o Político

Homenagem a Nilo Peçanha


MESA DIRETORA 2015/2016

Presidente - Edson Batista


1º Vice Presidente- Thiago Virgílio Teixeira de Souza
2º Vice-Presidente - Maria Auxiliadora Freitas de Souza
1º Secretário - Abdu Neme Jorge Makhluf Neto
2º Secretário - Miguel Ribeiro Machado

VEREADORES
LEGISLATURA 2013/2016

Abdu Neme Jorge Makhluf Neto


Alexandre Tadeu Barros Esteves de Araújo
Alvaro César Gomes Faria
Carlos Alberto “Albertinho” Marques Nogueira
Carlos Frederico Machado dos Santos
Dayvison Silva Miranda
Edson Batista
Fábio Ribeiro
Gil Manhães Vianna Junior
Jorge Rangel
Jorge “Magal” Santana de Azeredo
José Carlos Gonçalves Monteiro
Luiz Alberto “Nenem” Oliveira de Menezes
Marcus Welber Gomes da Silva
Maria Auxiliadora Freitas de Souza
Maria Cecília Lysandro de Albernaz Gomes
Maria da Penha de Oliveira Martins
Mauro José da Silva
Miguel “Miguelito” Ribeiro Machado
Nildo Nunes Cardoso
Ozéias Azeredo Martins
Paulo César Genásio de Souza
Paulo Roberto Hirano
Rafael Paes Barbosa Diniz Nogueira
Thiago Virgílio Teixeira de Souza
NILO PEÇANHA

O HOMEM,
O POLÍTICO

HOMENAGEM A NILO PEÇANHA


Copyright by 2016 Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes/RJ

Pesquisa e texto
Avelino Ferreira

Diagramação
Milena Pereira

Capa
Milena Pereira

Impressão
Zax Empreendimentos

Campos dos Goytacazes/RJ, 05 de outubro de 2016


NILO PEÇANHA NO
CENTENÁRIO DAS
OBRAS DE
MELHORAMENTOS
DE CAMPOS
Nilo Peçanha nasceu em 2 de
outubro de 1867 em Campos dos
Goytacazes, Estado do Rio de
Janeiro, cuja capital, até 1975, era
Niterói. Nilo era filho de Sebastião
de Sousa Peçanha, padeiro, e de
Joaquina Anália de Sá Freire,
descendente de uma família
importante na política do norte
fluminense.
Teve quatro irmãos e duas irmãs.
A família vivia pobremente em um
sítio no atual distrito de Morro do
Coco, em sua cidade natal, até que
se mudou para o centro da cidade,
quando Nilo chegou na idade
escolar. Seu pai ficou conhecido
na cidade como “Sebastião da
Pós Presidência: Nilo posa Padaria”.
para foto em um jardim na Nilo cursou o primeiro grau
cidade de Vichy, na França. em Campos e cursou o secundário
Foto: Museu da República
ou segundo grau, em Niterói,
ACIMA: Casa em Morro
do Coco, Campos dos capital fluminense. Passou para
Goytacazes, onde Nilo nasceu.
ABAIXO: Nilo em sua
a Faculdade de Direito de Recife,
juventude, ao lado do pai. Pernambuco, onde se formou
Fonte: Museu do Ingá advogado, retornando a Campos,
onde atuou como advogado e
iniciou sua carreira política.
No dia 06 de dezembro de 1895,
na igreja de São João Batista da
Lagoa, no Rio de Janeiro, casou-
se com Ana de Castro Belisário
Soares de Sousa, conhecida como
Anita, filha do advogado João
Belizário Soares de Sousa, que era
primo do Visconde do Uruguai e
filho de Bernardo Belizário Soares
de Sousa, conselheiro do Império e
de D. Anna Rachel Netto Ribeiro
de Castro, que era filha de José
Ribeiro de Castro, Visconde de
Santa Rita, sendo, portanto, neta
paterna do primeiro Barão de
Santa Rita e materna do Barão e da encantada com o talento do
Viscondessa do Muriaé. cozinheiro campista Luís Cipriano
O casamento de Nilo e Anita foi Gomes, que trabalhava na casa de
considerado um escândalo social, uma prima sua, em Macaé. Levou-o
pois ela deixou a casa paterna para para o Rio de Janeiro. Luís Cipriano
viver com uma tia e, assim, poder se serviu ao casal Nilo e Anita no Palácio
casar com Nilo Peçanha, um sujeito do Catete durante seu mandato
pobre e mulato. Anita e Nilo tiveram presidencial. O cozinheiro vem a ser
três filhos: Nilo, Zulma e Mário. avô materno de Angenor de Oliveira,
Fato curioso anotado pelos o célebre compositor Cartola.
biógrafos de Anita é que ela ficou

NILO,
“O MULATO”
Os problemas causados ao casal
continuaram incomodando Anita
mesmo depois da morte de Nilo.
A família de Anita nunca aceitou o
fato dela casar-se com um “mulato”
e pobre, embora um político de
renome no Estado do Rio, pois
elegera-se em 1890, aos 21 anos de
idade, para a Constituinte. Outro
fato inaceitável para a família de
aristocratas era o de Nilo Peçanha
ter sido abolicionista.
Nilo Peçanha foi descrito como
sendo mulato e, frequentemente,
era ridicularizado na imprensa em
charges e anedotas que se referiam Nilo, em uma mesa de escritório,
à cor da sua pele. Durante sua conferindo alguns documentos.
Fonte: Museu da República/ Ibram
juventude, a elite social de Campos
chamava-o de “o mestiço de Morro
do Coco”, fazendo alusão à sua
cor, devida a mistura de etnias,
sendo “negro claro” ou “mulato” e,
portanto, “mestiço”.
Abdias do Nascimento, ex-
senador, historiador e ativista em
prol da etnia negra, afirma que,
apesar de sua tez escura, Nilo
Peçanha escondeu suas origens
africanas e que seus descendentes
e família sempre negaram que ele
fosse mulato. LADO DIREITO: Nilo e um grupo
de pessoas, tendo à sua direita o então
A biografia de Nilo, escrita prefeito de Campos, Luiz Caetano
por seu sobrinho (o ex-deputado Guimarães Sobral. Fonte: Museu
federal e ex-governador Celso da República/ Ibram
Peçanha (1961-1962) que morreu
em 13 de agosto deste ano de 2016, ABAIXO: Recepção à Nilo
Peçanha, já Presidente na Estação
aos 99 anos) nada menciona sobre Ferroviária de Campos dos
suas origens raciais. Goytacazes.
Fonte: Museu da República/Ibram

NILO,
O POLÍTICO
Participou das campanhas de café fosse desencorajada, que
abolicionista e republicana. Iniciou fosse melhorada a propaganda
a carreira política ao ser eleito para no exterior, que se estimulasse
a Assembleia Constituinte em 1890. o consumo interno e que se
Em 1903 foi eleito sucessivamente restringisse a expansão das
senador e presidente do estado do lavouras.
Rio de Janeiro, permanecendo no Quatro dias após o Convênio
cargo até 1906, quando foi eleito de Taubaté, em 1º de março de
vice-presidente da República na 1906, foi eleito vice-presidente
chapa de Afonso Pena. da república (na época, os vices
Como presidente do estado do eram eleitos separadamente), com
Rio de Janeiro, assinou, em 26 de 272.529 votos contra apenas 618
fevereiro de 1906, o Convênio de votos dados a Alfredo Varela. Seus
Taubaté (foi um acordo firmado seguidores eram chamados de
entre os governadores dos estados nilistas.
de São Paulo (Jorge Tibiriçá), Com a morte de Afonso Pena,
Minas Gerais (Francisco Sales) e em 1909, Nilo Peçanha assume
Rio de Janeiro (Nilo Peçanha) para a Presidência da República.
proteger a produção brasileira Seu governo foi marcado pela
de café, que passava por um agitação política em razão de
momento crítico, de preços baixos suas divergências com Pinheiro
e prevendo a colheita de uma safra Machado, que era líder do Partido
recorde. O convênio estabelecia Republicano Conservador.
preços mínimos para a compra Durante seu governo
do excedente pelos governos, que presidencial, Nilo Peçanha criou
a exportação de tipos inferiores o Ministério da Agricultura,
Comércio e Indústria, o Serviço de e, atualmente, é universidade
Proteção ao Índio, no qual colocou com o nome de Instituto Federal
para dirigir o Marechal Rondon, Fluminense (IFF).
e inaugurou o ensino técnico no Em 1910, Nilo Peçanha apoiou
Brasil, com as “escolas aprendizes o candidato Hermes da Fonseca à
artífices” implantando-as em sua sucessão, contra Rui Barbosa
diversos estados brasileiros. e o presidente do estado de
Uma das principais escolas foi São Paulo, Albuquerque Lins,
a de Campos (onde hoje funciona candidatos de oposição que fizeram
a Faculdade de Direito de Campos a “campanha civilista. O candidato
e, antes, era a estação de trens da de Nilo, Hermes da Fonseca,
Estrada de Ferro Campos/São venceu as eleições. Os conflitos
Sebastião, empresa criada por entre as oligarquias estaduais
empresários campistas). A escola se intensificaram, sobretudo em
Aprendizes Artífices tornou-se Minas Gerais e São Paulo. Minas
Escola Técnica Federal de Campos Gerais apoiou Hermes e São Paulo
(ETFC) depois, Centro Federal de apoiou Rui Barbosa.
Educação Tecnológica (CEFET)

Nilo, em uma passagem por Vitória, no


Espírito Santo, enquanto Presidente.
Fonte: Museu da República/ Ibram
OBRAS DE
melhoramento da cidade.
O pedido dos usineiros foi
discutido na Assembleia Fluminense

MELHORAMENTOS
em 12 de outubro de 1911, sendo
aprovado no dia 31, tornando-se lei
em 11 de novembro do mesmo ano.

EM CAMPOS
As obras de saneamento ficaram
sob a reponsabilidade do sanitarista
campista Francisco Saturnino
Rodrigues de Brito, que atendeu
Ainda em 1910, Nilo Peçanha, convite do governador Oliveira
mais uma vez, mostrou força política Botelho. Em 1913, Oliveira Botelho
ao eleger Francisco Chaves de encampa o serviço de águas e esgoto
Oliveira Botelho para a presidência da empresa Campos Syndicate
do Estado do Rio de Janeiro. Nessa Limited e nomeia uma comissão para
época Campos vivia uma ascensão acompanhar as obras que têm início
econômica. A indústria açucareira naquele ano.
estava no auge da produção e o preço Nilo Peçanha retorna ao Governo
do produto enriquecia a aristocracia do Estado em 1914 e conclui as obras
campista. Em contrapartida, as iniciadas por seu antecessor. Dois
péssimas condições higiênicas, anos depois, em 05 de novembro de
sanitárias e urbanas da Cidade se 1916, acompanhado do Presidente da
contrapunham a realidade de grande República, Venceslau Brás, e grande
riqueza gerada pelo setor açucareiro. comitiva, inaugura, tendo ao lado o
As reclamações da população prefeito de Campos, Luís Sobral, as
geraram notícias de jornal. obras de melhoramento, que incluía,
Em junho 1911, o governador entre tantas outras benfeitorias,
Oliveira Botelho fez visita as usinas o calçamento da Avenida Alberto
de açúcar de Campos, constatando Torres; a construção do cais à margem
o contraponto entre a riqueza direita do Paraíba; o calçamento,
proporcionada pelas indústrias alargamento e arborização da
açucareiras e as condições precárias Avenida XV de Novembro; a
do município. Três meses depois construção do Obelisco; ampliação
aconteceu na cidade a 4ª Conferência da estação central de águas e esgotos;
Açucareira Nacional. Nessa reunião construção de duas subestações de
foi aprovada a criação de uma taxa esgoto; construção do Parque Nilo
de 2,5% sobre a arrecadação das Peçanha e nele, uma escola ao ar livre
exportações da cana de açúcar (que, anos depois, tornou-se sede da
para o financiamento das obras de Academia Campista de Letras).
Nilo junto de membros de uma loja maçônica.
Fonte: Museu da República/ Ibram

NILO E A REAÇÃO
REPUBLICANA
Em maio de 1917, Nilo Peçanha positivos na esfera jurídica, a mãe
renunciou ao cargo de presidente de Zeca, Maria Henriqueta Sena,
do Estado para assumir o Ministério a Dona Bibi, apelou ao amigo Nilo
das Relações Exteriores. Neste Peçanha que, usando a diplomacia,
cargo, envidou esforços para conseguiu libertar o filho de seu
libertar e extraditar o filho de amigo e conterrâneo, José do
José do Patrocínio, o também Patrocínio, que havia falecido em
jornalista José do Patrocínio Filho, 1905.
conhecido como Zeca, que foi Em 1918, Nilo Peçanha
preso em Londres, acusado de ser elege-se Senador, mais uma vez.
espião nazista. Durante a I Guerra Nessa época, Nilo Peçanha, que
Mundial, diplomata em Amsterdã, era maçom, exerceu o cargo de
Zeca Patrocínio decidiu se demitir Grão-Mestre do Grande Oriente
e voltar ao Brasil. Resolveu fazer do Brasil, de 23 de junho de 1917
baldeação na Inglaterra, onde foi a 24 de setembro de 1919, quando
preso pela polícia inglesa, acusado renunciou. Em 1921 foi candidato
espionagem. Julgado, Zeca foi à presidência da República pelo
condenado à morte. Após uma Movimento Reação Republicana,
angustiante espera de resultados que tinha como objetivo contrapor
o liberalismo político contra a
política das oligarquias estaduais.
Embora apoiado pelas lideranças
situacionistas de Pernambuco, da
Bahia, do Rio Grande do Sul e do
Rio de Janeiro, e por boa parte dos
militares, foi derrotado pelo mineiro
Arthur Bernardes nas eleições de 1º
de março de 1922.
Nilo Procópio Peçanha, já
afastado da vida pública, faleceu
em 1924, no Rio de Janeiro, e foi
sepultado no Cemitério São João
Batista.
Nilo Peçanha deixou sua marca
no país e foi homenageado em
vários Estados e municípios
brasileiros. Em Campos, além
da Avenida Nilo Peçanha, uma
das principais vias públicas, tem
a homenageá-lo o tradicional
Colégio Estadual Nilo Peçanha, a
centenária biblioteca municipal,
o Centro Integrado de Educação
Pública da Lapa e a Câmara
Municipal que, em 2014,
inaugurou uma estátua em
tamanho natural em frente ao
Palácio que leva seu nome e que
é um dos cartões postais da cidade.

REFERÊNCIAS
Arquivo Geral do Estado do Rio de
Janeiro

Wikipedia - https://pt.wikipedia.org/
wiki/Lista_de_governadores_do_
Rio_de_Janeiro
Fonte Imagem: Museu da República NILO PROCÓPIO PEÇANHA
FOI O 7º PRESIDENTE DO
BRASIL
MANDATO
14 de junho de 1909 a 15 de
novembro de 1910
Antecessor: Afonso Pena
Sucessor: Hermes da Fonseca

VICE-PRESIDENTE DO
BRASIL
MANDATO
15 de novembro de 1906 a 14 de
julho de 1909
Antecessor: Afonso Pena
Sucessor: Venceslau Brás

PRESIDENTE DO RIO DE
JANEIRO
MANDATO
31 de dezembro de 1914 a 7 de
maio de 1917
Antecessor: Francisco Chaves
de Oliveira Botelho
Sucessor: Francisco Xavier da
Silva Guimarães
MANDATO
31 de dezembro de 1903 a 1º de
novembro de 1906
Antecessor: Quintino Bocaiúva
Sucessor: Alfredo Augusto
Guimarães Backer

CONSTITUINTE
Aos 21 anos foi eleito deputado
constituinte, em 1890.

DEPUTADO FEDERAL

VIDA
Eleito deputado federal de
1891 a 1903, quando deixou a
Câmara para ser presidente do
Estado do Rio de Janeiro pela

PÚBLICA primeira vez.

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