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Série automotiva

FUNDAMENTOS
DE ELETRICIDADE
AUTOMOTIVA
Série automotiva

FUNDAMENTOS
DE ELETRICIDADE
AUTOMOTIVA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série automotiva

FUNDAMENTOS
DE ELETRICIDADE
AUTOMOTIVA
© 2014. SENAI – Departamento Nacional

© 2014. SENAI – Departamento Regional de Santa Catarina

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SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Santa Catarina


Gerência de Educação – GEDUC

FICHA CATALOGRÁFICA

S491f

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Fundamentos de eletricidade automotiva / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional de Santa Catarina. Brasília : SENAI/DN, 2014.
114 p. il. (Série Automotiva).

ISBN 978-85-7519-819-3

1. Automóveis – Equipamento elétrico I. Serviço Nacional de Aprendizagem


Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título III. Série

CDU: 629.3.064

SENAI Sede

Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto


Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-
Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Tensão elétrica.................................................................................................................................................14
Figura 2 - Movimento dos elétrons..............................................................................................................................16
Figura 3 - Corrente alternada e corrente contínua.................................................................................................17
Figura 4 - Leis de Ohm......................................................................................................................................................19
Figura 5 - Lei dos nós e das correntes.........................................................................................................................20
Figura 6 - Magnetismo......................................................................................................................................................24
Figura 7 - Eletromagnetismo. ........................................................................................................................................25
Figura 8 - Resistores...........................................................................................................................................................32
Figura 9 - Capacitor............................................................................................................................................................33
Figura 10 - Indutor.............................................................................................................................................................34
Figura 11 - Condutor elétrico.........................................................................................................................................35
Figura 12 - Fusíveis.............................................................................................................................................................36
Figura 13 - Relé universal.................................................................................................................................................37
Figura 14 - Diodos LED.....................................................................................................................................................39
Figura 15 - Transistor.........................................................................................................................................................39
Figura 16 - Simbologia elétrica veicular.....................................................................................................................44
Figura 17 - Ligação em série...........................................................................................................................................45
Figura 18 - Circuito em paralelo....................................................................................................................................46
Figura 19 - Circuito misto................................................................................................................................................47
Figura 20 - Critérios técnicos de dimensionamento de condutores................................................................55
Figura 21 - Funções do multímetro..............................................................................................................................60
Figura 22 - Multímetro digital........................................................................................................................................61
Figura 23 - Amperímetro digital....................................................................................................................................63
Figura 24 - Simbologia internacional..........................................................................................................................63
Figura 25 - Osciloscópio automotivo..........................................................................................................................64
Figura 26 - Esquema elétrico .........................................................................................................................................68
Figura 27 - Esquema técnico codificado....................................................................................................................69
Figura 28 - Esquema elétrico automotivo.................................................................................................................71
Figura 29 - Caneta de teste.............................................................................................................................................72
Figura 30 - Rede bus de dados......................................................................................................................................80
Figura 31 - Quadro de dados CAN 2.0A......................................................................................................................81
Figura 32 - Quadro de dados CAN 2.0B......................................................................................................................81
Figura 33 - Valor de tensão de comunicação protocolo CAN.............................................................................82
Figura 34 - Funcionamento do Gateway....................................................................................................................83
Figura 35 - Tipos de conflito...........................................................................................................................................98
Figura 36 - Estratégias para resolução de conflitos................................................................................................99
Figura 37 - Reflexões sobre conflitos........................................................................................................................ 100

Quadro 1 - Diferenças entre o trabalho em grupo e trabalho em equipe.....................................................97


Sumário
1 Introdução...........................................................................................................................................................................9

2 Grandezas de Unidades Elétricas..............................................................................................................................13


2.1 Tensão elétrica...............................................................................................................................................14
2.2 Corrente...........................................................................................................................................................16
2.3 Resistência......................................................................................................................................................18
2.4 Potência...........................................................................................................................................................18
2.5 Leis de ohm....................................................................................................................................................19
2.6 Leis de kirchoff..............................................................................................................................................20

3 Magnetismo e Eletromagnetismo............................................................................................................................23
3.1 Princípios.........................................................................................................................................................24
3.2 Características................................................................................................................................................25
3.3 Aplicações.......................................................................................................................................................26

4 Componentes Elétricos e Eletrônicos......................................................................................................................31


4.1 Resistores........................................................................................................................................................32
4.2 Capacitor.........................................................................................................................................................33
4.3 Indutor..............................................................................................................................................................34
4.4 Condutores.....................................................................................................................................................34
4.5 Fusíveis.............................................................................................................................................................36
4.6 Relés..................................................................................................................................................................37
4.7 Diodos..............................................................................................................................................................38
4.8 Transistor.........................................................................................................................................................39

5 Circuitos Elétricos...........................................................................................................................................................43
5.1 Simbologia......................................................................................................................................................44
5.2 Circuitos em série.........................................................................................................................................44
5.3 Circuito paralelo............................................................................................................................................46
5.4 Circuito misto.................................................................................................................................................47

6 Cabeamento.....................................................................................................................................................................51
6.1 Características................................................................................................................................................52
6.2 Dimensionamento.......................................................................................................................................53
6.3 Instalação........................................................................................................................................................55

7 Instrumentos de Medição............................................................................................................................................59
7.4 Multímetro......................................................................................................................................................60
7.5 Amperímetro.................................................................................................................................................62
7.6 Osciloscópio...................................................................................................................................................64
8 Esquemas Elétricos.........................................................................................................................................................67
8.1 Leitura...............................................................................................................................................................68
8.2 Utilização.........................................................................................................................................................70
8.3 Diagnóstico de Falhas.................................................................................................................................73

9 Rede CAN...........................................................................................................................................................................77
9.1 Tipos e Características.................................................................................................................................78
9.2 Função..............................................................................................................................................................78
9.3 Funcionamento.............................................................................................................................................79
9.4 Componentes................................................................................................................................................82

10 Ordem de Serviço.........................................................................................................................................................87
10.1 Elaboração....................................................................................................................................................88
10.2 Coleta, interpretação e registro de informações............................................................................89
10.3 Tempo padrão de mão de obra (tpmo)..............................................................................................89
10.4 Orçamento de mão de obra...................................................................................................................90

11 Trabalho em Equipe e Administração de Conflitos..........................................................................................93


11.1 Responsabilidades individuais e coletivas no trabalho...............................................................94
11.2 Trabalho coletivo .......................................................................................................................................95
11.3 Tipos e características de conflitos .....................................................................................................98
11.4 Conceitos de organização e disciplina no trabalho .................................................................. 102

Referências......................................................................................................................................................................... 105

Minicurrículo dos autores............................................................................................................................................ 109

Índice................................................................................................................................................................................... 111
Introdução

Seja bem-vindo à Unidade Curricular Fundamentos de Eletricidade Automotiva que ver-


sará sobre os princípios que regem a eletricidade automotiva e seus sistemas, visando a uma
aprendizagem autônoma.
Nesta unidade curricular você estudará o que são grandezas elétricas, como tensão, cor-
rente, resistência e potência. Você também aprenderá sobre os princípios de magnetismo e
eletromagnetismo, e poderá perceber que esses fenômenos estão muito mais presentes em
seu cotidiano do que você pode perceber. Em seguida, você conhecerá os principais compo-
nentes elétricos dos sistemas elétricos automotivos, e assim poderá compreender a função e o
funcionamento de cada um deles.
Na sequência, você conhecerá o funcionamento dos circuitos elétricos e suas variações
construtivas. Além disso, você também aprenderá sobre o cabeamento, instrumentos de me-
dição e esquemas elétricos. Você estudará, ainda, as características de cada item e como são
aplicados na prática no dia a dia de uma empresa de reparação automotiva.
Aprofundando ainda mais o nível de conhecimento, você aprenderá sobre as redes de co-
municação de protocolo CAN, estudando suas características e aplicações. Visando, ainda, a
eficácia e produtividade em uma empresa automotiva, você estudará sobre ordens de serviço,
para que possa interpretá-las corretamente, além de entender o trabalho em equipe e a admi-
nistração de conflitos.
Dessa maneira, ao final dos seus estudos nesta unidade curricular, você terá desenvolvido
fundamentos técnicos e capacidades sociais, organizativas e metodológicas que lhe permi-
tirão:
a) identificar e aplicar grandezas elétricas;
b) reconhecer e aplicar os princípios eletroeletrônicos;
c) identificar, analisar, substituir e reparar componentes e circuitos eletroeletrônicos auto-
motivos;
d) realizar medições, reparações e diagnósticos com qualidade e eficiência;
e) realizar seus trabalhos com qualidade, confiança, responsabilidade, respeito e coopera-
ção com sua equipe de trabalho.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
10

Aproveite seus estudos, não se limitando apenas ao material disponibilizado,


busque informações e conhecimento em outras fontes como revistas, livros, ma-
nuais e outras publicações pertinentes.
Bons estudos!
1 Introdução
11

Anotações:
Grandezas de Unidades Elétricas

Para que você compreenda, de fato, o que é eletricidade, é preciso inicialmente conhecer
alguns conceitos básicos referentes aos princípios físicos que fundamentam essa ciência. A ele-
tricidade automotiva trabalha com os princípios elétricos aplicados nos mais diversos sistemas
eletroeletrônicos. Seja um sistema de construção simples, ou um sistema mais complexo, os
princípios elétricos sempre estarão presentes.
Você estudará, neste capítulo, alguns desses princípios, o que possibilitará a realização de
reparações nos sistemas eletroeletrônicos automotivos. Assim, você aprenderá sobre tensão
elétrica, conhecendo suas características e aplicações. Conhecerá, também, a corrente e a resis-
tência elétrica, identificando suas características, aplicações e correlações.
Em seguida, aprenderá sobre potência elétrica e suas particularidades. Além disso, conhece-
rá as leis de Ohm e de Kirchoff, que são a base das leis da eletricidade.
Dessa maneira, ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) identificar os princípios elétricos automotivos;
b) aplicar os conceitos de tensão, corrente, resistência e potência elétrica;
c) realizar manutenção, reparações e diagnósticos nos sistemas eletroeletrônicos automo-
tivos;
d) interpretar as leis de Ohm e de Kirchoff.
Bons estudos!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
14

2.1 Tensão Elétrica

A tensão elétrica é a diferença de potencial entre dois pontos, também co-


nhecida como ddp (diferença de potencial). Isso quer dizer que, quando há uma
carga elétrica em um ponto, e no outro uma carga menor ou maior, existe uma
diferença de potencial elétrico entre esses dois pontos. As cargas elétricas têm a
tendência de se equilibrar; então, sempre que um ponto estiver com pouca car-
ga, o de maior carga enviará elétrons para esse ponto. Ao ligar uma lâmpada,
por exemplo, nos polos da bateria, ela ascenderá. Isso ocorre porque os elétrons
livres do polo negativo se deslocarão para o polo positivo. Como em um polo há
excesso de elétrons e no outro falta, há, então, uma diferença de potencial, que é
a tensão elétrica. A unidade de medida de tensão elétrica é o Volt.
Para verificar qual o valor da tensão elétrica é preciso utilizar um instrumento
específico, que é chamado de voltímetro. Esse instrumento possibilita ao repara-
dor verificar qual a tensão elétrica em dois pontos, por exemplo, a tensão elétrica
nos polos da bateria.

Lâmpada

Fio condutor

Partícula eletrizada
saindo da pilha

Partícula eletrizada

+ Pilha
voltando para a pilha
Paulo Cordeiro (2014)

Fio condutor

Figura 1 - Tensão elétrica


Fonte: Infoescola (2014)
2 Grandezas de Unidades Elétricas
15

CASOS E RELATOS

Verificando a tensão da bateria


Luiz começou a trabalhar em uma oficina mecânica muito conceituada
em sua cidade. Ele é jovem e nunca trabalhou com mecânica automotiva,
mas sempre se interessou pelo assunto. Com muita vontade de aprender,
Luiz sempre faz diversos questionamentos aos mecânicos que auxilia, ou
ainda para seu superior, o Pedro.
Certo dia, Pedro pediu para Luiz verificar a tensão da bateria de um veícu-
lo, utilizando o multímetro na escala de tensão elétrica. Luiz perguntou o
motivo pelo qual deveria realizar esse teste. O Sr. Pedro então lhe expli-
cou sobre o relato do cliente de que o veículo está com dificuldade em
dar a partida. O primeiro passo, nesse caso específico, é testar a tensão
da bateria.
Pedro explicou ainda que se a tensão da bateria estiver muito baixa, a ba-
teria não poderá enviar uma corrente elétrica adequada aos componen-
tes do veículo. Isso acontece por que se há pouca diferença de potencial
entre os polos da bateria, há pouca energia elétrica para impulsionar a
corrente elétrica.
Nesse dia, Pedro aprendeu a importância da tensão elétrica nos sistemas
eletroeletrônicos automotivos.

Como você pode observar, sempre que há uma diferença de potencial entre
dois polos, existe a capacidade de transferência de energia. Mas para que os elé-
trons possam se deslocar de um ponto a outro, é necessária a existência de um
fluxo. Continue seus estudos, e veja a seguir como a energia elétrica é enviada de
um ponto a outro.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
16

2.2 Corrente

A corrente elétrica é o movimento ordenado de elétrons por meio de um cor-


po, que é chamado de condutor elétrico. Segundo Gussow (1997), os campos elé-
tricos são criados, possibilitando uma diferença de potencial elétrico, chamada
também de tensão, como você estudou anteriormente. Essa diferença é o que
provoca a movimentação de elétrons.
A corrente elétrica é amplamente usada no cotidiano. As torneiras elétricas,
por exemplo, pela ação de resistores aquecem a água. Outro exemplo é o relâm-
pago. Ele é uma corrente elétrica que “passa” de uma parte a outra da atmosfera,
pela grande diferença de potencial entre dois pontos.

-
+

Paulo Cordeiro (2014)

Movimento dos elétrons através do condutor


Figura 2 - Movimento dos elétrons
Fonte: Brasil Escola (2014)

De acordo com a disposição e a característica das ondas elétricas, pode-se di-


zer que há dois tipos de corrente elétrica: a corrente contínua e a corrente alter-
nada.
Corrente contínua, cujo símbolo é CC (Corrente Contínua) ou DC (do inglês di-
rect current), é o fluxo ordenado de cargas elétricas no mesmo sentido. A corrente
contínua trabalha com polos definidos, mantendo assim sempre o mesmo tipo
de carga. Dessa forma, o polo positivo da bateria sempre fornecerá uma energia
positiva, e o polo negativo sempre apresentará uma energia negativa. Em termos
simples, pode-se dizer que a corrente contínua é apenas meia onda da corrente
alternada. A corrente contínua é utilizada na linha automotiva, e por suas caracte-
rísticas não provoca choque elétrico.
2 Grandezas de Unidades Elétricas
17

A corrente alternada tem como símbolo a sigla CA ou AC (do inglês alternating


current). Diferente da corrente contínua, a alternada apresenta uma variação em
onda no fluxo da energia elétrica. Veja, na figura a seguir, que a corrente alterna-
da começa de um ponto zero, subindo a um pico de tensão positiva, e descendo
a um pico de tensão negativa. Por alternar a tensão em sua onda é que a corrente
alternada é assim chamada. Ela é o tipo de energia utilizada nas residências.

+ volts

Gerador AC
- volts

+ volts

+
0
Paulo Cordeiro (2014)

Bateria - volts
Figura 3 - Corrente alternada e corrente contínua
Fonte: Manutenção & Suprimentos (2011)

A unidade de medida da corrente elétrica é o Ampère, que é representado


pela letra A.

FIQUE Por possuir picos de tensão que variam de polo, como ne-
gativo e positivo, a corrente alternada pode dar choques
ALERTA elétricos, que podem prejudicar sua saúde.

A corrente elétrica representa o fluxo de elétrons por um condutor, mas ela


precisa ser controlada para que certos sistemas funcionem, e para isso existem
componentes eletroeletrônicos que apresentam uma oposição controlada a essa
corrente. A partir disso, veja a seguir do que se trata a resistência elétrica.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
18

2.3 Resistência

Resistência elétrica  pode ser definida como a capacidade que um condutor


apresenta em se opor à passagem da corrente elétrica, mesmo havendo uma di-
ferença de potencial aplicada. Sua medida é dada em Ohms e o símbolo de sua
unidade de medida é a letra grega ômega (Ω).
A resistência apresentada pelo condutor varia conforme o tipo de material uti-
lizado na sua fabricação. O diâmetro da sua seção transversal e o comprimento do
condutor também são fatores que alteram o valor de resistência elétrica.
A resistência elétrica pode ser medida e os fatores que implicam nesse valor
podem ser conhecidos, por isso é possível manipular o valor da resistência em
componentes eletroeletrônicos e controlar a corrente elétrica em circuitos.
Alguns materiais apresentam resistências elétricas tão elevadas que são con-
siderados isolantes elétricos, enquanto outros apresentam uma quantidade de
resistência variável e são considerados semicondutores.

A resistência de um condutor elétrico varia de


acordo com seu comprimento, assim, quanto mais
comprido, maior é a resistência do condutor. Além
CURIOSIDADE disso, cada emenda que um condutor elétrico rece-
be também afeta sua resistência, mesmo que seja
quase imperceptível.

Após conhecer a resistência, entenda, a seguir, o conceito de potência elétrica.

2.4 Potência

Potência elétrica é o resultado da energia gasta para transpassar a oposição


encontrada pela corrente ao tentar circular por meio de uma carga, um resistor ou
uma lâmpada, por exemplo. Pode-se dizer ainda que é um gasto de energia de-
vido a uma resistência. Também pode-se afirmar que potência elétrica é a quan-
tidade de energia liberada em certo intervalo de tempo. Assim, quanto maior a
energia liberada em curto intervalo de tempo, maior será a potência. 
A potência elétrica, que é representada pela letra (P) e tem como unidade o
watt (W), é a multiplicação da tensão (V) pela intensidade da corrente (I), ou seja,
P = V x I.
A lei de Ohm demonstra como a potência tem seu valor alterado de acordo com
os valores de outras duas grandezas, podendo ser tensão, corrente ou resistência.
Para você compreender como isso é possível, veja a seguir o que diz a lei de Ohm.
2 Grandezas de Unidades Elétricas
19

2.5 Leis de Ohm

George Simon Ohm, a partir de seus estudos, “definiu uma relação entre cor-
rente, tensão e resistência elétricas em um circuito” (CAPELLI, 2010, p. 35). A partir
dessas descobertas foi formulada a lei de Ohm.
A lei de Ohm estabelece que a tensão sobre um resistor é diretamente pro-
porcional à corrente que o atravessa. Então, constante de proporcionalidade é o
valor da resistência do resistor em ohms. Existem duas leis de Ohm:

Primeira lei de Ohm

Em determinados condutores, principalmente condutores


não metálicos, a razão entre a ddp aplicada e a intensidade
de corrente elétrica é sempre a mesma, a resistência
elétrica do condutor permanece constante quando a ddp
aplicada varia.

Segunda lei de Ohm

A resistência elétrica de um resistor é uma característica


do condutor, dependendo do material de que ele é feito,
Paulo Cordeiro (2014)

de sua forma, dimensões e também da temperatura a


que está submetido.

Figura 4 - Leis de Ohm


Fonte: do Autor (2014)

SAIBA Você pode saber um pouco mais sobre as leis de Ohm pes-
quisando no site: <http://educacao.globo.com/fisica/assun-
MAIS to/eletromagnetismo.html>

Na eletricidade, além das leis de Ohm, existem as leis de Kirchoff, que você
conhecerá a seguir.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
20

2.6 Leis de Kirchoff

As  Leis de Kirchoff  são empregadas em circuitos elétricos mais complexos,


como circuitos com mais de uma fonte de resistores,  estando em série ou em
paralelo.
Para entender as leis de Kirchoff, é necessário que você conheça dois concei-
tos importantes:
• nó: é um ponto onde três (ou mais) condutores são ligados.
• malha: é uma poligonal onde os lados são constituídos de ramos.
Agora conheça as leis de Kirchoff, segundo Gussow (1997):
• primeira lei de Kirchoff (lei dos nós): em qualquer nó, a soma das corren-
tes que o deixam é igual à soma das correntes que chegam até ele. A Lei é
uma consequência da conservação da carga total existente no circuito. Isso é
uma confirmação de que não há acumulação de cargas nos nós.
• segunda lei de Kirchoff (lei das malhas): a soma das forças eletromotrizes,
em qualquer malha, é igual à soma das quedas de potencial ou dos produtos
contidos na malha.

i4
i1

i2
Paulo Cordeiro (2014)

i3

Figura 5 - Lei dos nós e das correntes


Fonte: Nerd Elétrico (2011)
2 Grandezas de Unidades Elétricas
21

Recapitulando

A partir do estudo desse capítulo, a eletricidade certamente lhe parece


mais familiar. Isto acontece porque nele você conheceu as grandezas elé-
tricas, estudou que a tensão elétrica se trata da diferença de potencial
entre dois pontos, e, também, que somente a tensão elétrica não é capaz
de enviar energia elétrica a um componente. Para isso, é necessária a cor-
rente elétrica, que representa o fluxo de elétrons por um condutor, em
um circuito fechado.
Você viu ainda que a resistência elétrica é a oposição às passagens dos
elétrons pelos condutores e que a potência elétrica é o trabalho necessá-
rio para vencer uma resistência.
Em seguida, você estudou as principais leis da eletricidade, como os as-
pectos e as características das leis de Ohm e de Kirchoff.
Para que possa compreender ainda melhor os sistemas elétricos automo-
tivos, você aprenderá a seguir sobre magnetismo e eletromagnetismo.
Continue seus estudos utilizando seu material e também outras fontes de
pesquisa, como revistas e livros.
Magnetismo e Eletromagnetismo

Diariamente você se depara com sistemas eletroeletrônicos e, muitas vezes, não percebe
a presença do magnetismo. Certamente, cada equipamento elétrico a sua volta possui algum
tipo de componente eletroeletrônico que trabalha com magnetismo ou eletromagnetismo.
Essa força de atração é amplamente utilizada nas diversas áreas da eletricidade, assim, também,
na área automotiva. Por isso, neste capítulo você vai conhecer os conceitos de magnetismo,
estudando seus princípios, características e aplicação.
Ao concluir os estudos deste capítulo, você estará apto a:
a) identificar conceitos eletroeletrônicos e suas correlações;
b) interpretar os conceitos de magnetismo e sua aplicação.
Siga em frente!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
24

3.1 Princípios

Conheça a seguir o conceito e os princípios do magnetismo:


Magnetismo é o nome dado ao fenômeno ou conjunto de fenômenos rela-
cionados à atração ou repulsão observada entre objetos ou materiais portadores
de carga elétrica em movimento, e entre tais materiais e condutores de correntes
elétricos.  É importante ressaltar que o fato de haver atração ou repulsão entre
dois objetos não é suficiente para caracterizar essa interação entre os dois como
sendo de origem magnética.

iStock ([20--?])

Figura 6 - Magnetismo

Eletromagnetismo é o nome dado à relação entre o magnetismo e a corren-


te elétrica. Uma corrente elétrica ao atravessar um condutor produz um campo
magnético em torno dele (GUSSOW, 1997).
O campo magnético é resultado do movimento de cargas elétricas, ou ainda o
de uma corrente elétrica. Ele pode resultar em uma força eletromagnética, quan-
do associada à ímãs. A magnitude desse campo em torno do condutor que con-
duz uma corrente varia de acordo com a intensidade da corrente (FUJITAKI, 2009).
A variação do fluxo magnético resulta em um campo elétrico e esse fenômeno
é conhecido como indução eletromagnética. Este é um mecanismo utilizado em
geradores e motores elétricos. Dessa forma, a variação de um campo elétrico gera
um campo magnético.
3 Magnetismo e eletromagnetismo
25

Lâmpada

Linhas de indução
do campo magnético

Paulo Cordeiro (2015)


Elétrons

Figura 7 - Eletromagnetismo.
Fonte: adaptado de Souza e Kirner (2012)

Você pode conhecer um pouco mais sobre magnetismo pes-


quisando em livros como:

SAIBA • LANG, Johannes G. SIEMENS AG. O campo magnético. 2.


ed. São Paulo, SP: Edgard Blücher, 1977. 62 p. (Ensino pro-
MAIS gramado Siemens, 04).
• FUJITAKI, Kazuhiro; TREND-PRO CO. Guia mangá: de eletri-
cidade. São Paulo (SP): Novatec, 2009. 206 p. (Guia mangá).

Com os estudos realizados até aqui é possível definir o princípio físico do mag-
netismo, mas ainda é preciso saber suas características, para então compreender
a ampla aplicação desse fenômeno.

3.2 Características

Todos os ímãs são compostos de dois polos, sendo um o polo norte (N) e o
outro, o polo sul (S). Estes polos são chamados de polos magnéticos.
Os ímãs são materiais ferromagnéticos que possuem a propriedade de atrair ou
repelir outros ímãs. Esse tipo de material tem a característica de se imantar quando
são submetidos a um campo magnético. Dessa forma, é possível fabricar ímãs.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
26

Devido à grande possibilidade de fabricação, e a variedade de produtos lan-


çados no mercado, os ímãs podem ser encontrados nas mais diversas formas e
possibilidades de aplicação e utilização.

Apesar de os ímãs terem um aspecto supostamente resis-


FIQUE tente e robusto, certos cuidados devem ser tomados para
ALERTA garantir sua vida útil, por isso evite gerar impactos sobre
eles.

Se você comparar um ímã a uma carga elétrica, verá que eles se comportam da
mesma forma: polos com as mesmas características se repelem e polos de carac-
terísticas contrárias se atraem.
A inseparabilidade dos polos é outra característica importante dos ímãs. Se-
gundo ela, não é possível encontrar um ímã só com polo norte ou só com polo
sul, pois, se um ímã for dividido, ele dará origem a dois novos ímãs e a polaridade
deles dependerá de como foi feita sua divisão.
Os polos dos ímãs são denominados de polo norte ou polo sul porque se um
ímã se mover livremente, um de seus polos se alinhará com o polo Norte da Terra,
este será o polo norte do ímã, e o outro polo se alinhará com o polo Sul da Terra,
sendo assim denominado polo sul do ímã.
Agora compreendendo os princípios e características dos ímãs, veja a aplica-
ção desses materiais magnetizados.

3.3 Aplicações

Há uma infinidade de aplicações possíveis de ímãs em todas as áreas tecnoló-


gicas. Uma bússola é o exemplo mais antigo do uso das propriedades magnéticas
a serviço do homem. Eles são amplamente usados em dispositivos elétricos. Uma
das aplicações mais comuns é nos relés. “Os relés são comutadores eletromagné-
ticos que possibilitam estabelecer ou suprimir um ou vários circuitos. Há diversos
tipos em cada um deles com sua forma de funcionamento bem determinada.”
(CHOLLET, 1981, p. 316).

O magnetismo é um fenômeno tão forte que já


existe até mesmo um trem que não toca nos tri-
lhos, contando com ímãs nos trilhos para isso. No
CURIOSIDADE trem há ímãs e nos trilhos também. Colocando
todos com os polos iguais posicionados um para o
outro o trem acaba “flutuando”.
3 Magnetismo e eletromagnetismo
27

Os ímãs são amplamente utilizados em sistemas de som, principalmente na


construção de alto falantes. De forma geral, quanto maior ou mais potente o ímã,
maior é a potência do alto falante. O fenômeno do magnetismo também é usa-
do em outros sistemas automotivos, como o sistema de carga que basicamente
transforma um campo eletromagnético em eletricidade.
Além disso, alguns sensores que interpretam a posição de eixos do motor tra-
balham com princípios magnéticos, interpretando a variação no campo magné-
tico.

CASOS E RELATOS

As luzes do ABS
Carlos é um experiente mecânico de uma oficina de reparação automo-
tiva. Certo dia recebeu um cliente que relatou que o veículo ascendeu a
luz do ABS e não desligou mais. Após instalar o scanner de diagnósticos,
Carlos constatou que seria necessário substituir o sensor do freio ABS.
Nesse momento, Carlos ficou curioso em saber exatamente como fun-
ciona o sensor do freio ABS. Após pesquisar um pouco, descobriu que se
trata de um componente com ímã na ponta. Como ele emite um campo
magnético, cada vez que algo metálico passa por perto seu campo é alte-
rado. Ele percebeu que uma roda dentada, chamada roda fônica, passava
perto do sensor, e cada vez que passava um dente gerava um sinal ao
módulo de controle.
Após o diagnóstico, Carlos trocou o sensor do freio ABS, o que resolveu o
problema do veículo e deixou o cliente satisfeito.

A partir do exemplo apresentado no Casos e relatos anterior, é possível ob-


servar como o fenômeno de magnetismo é aplicável em diversos sistemas e o
campo magnético permite uma grande precisão nos sinais.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
28

Recapitulando

Nesse capítulo, você estudou os princípios do magnetismo e eletromag-


netismo. E viu que se trata de um fenômeno com ampla aplicação.
Aprendeu, também, as características do magnetismo e dos ímãs. Assim,
pode perceber que os ímãs podem ser naturais ou fabricados, a partir de
materiais magnetizáveis.
Por fim, você viu algumas aplicações dos ímãs e do magnetismo, perce-
bendo que esse fenômeno além de ser amplamente utilizado, a cada dia
avança ainda mais em estudos e experimentos científicos.
3 Magnetismo e eletromagnetismo
29

Anotações:
Componentes Elétricos e Eletrônicos

Você já observou a quantidade de componentes elétricos e eletrônicos que existem em um


automóvel? É de fato muito difícil precisar o número exato. Cada vez mais os fabricantes de
automóveis adotam sistemas eletroeletrônicos que ofertam mais conforto e segurança ao con-
dutor e passageiros do veículo.
Neste capítulo você conhecerá alguns dos principais componentes elétricos e eletrônicos,
como resistores, capacitores, indutores, condutores, fusíveis, relés, diodos e transistores. Há
uma infinidade de componentes, por isso, os que serão apresentados a seguir são os principais,
que servem de base para muitos outros.
Ao concluir os estudos deste capítulo, você estará apto a:
a) identificar componentes eletroeletrônicos automotivos;
b) realizar a manutenção de sistemas eletroeletrônicos;
c) interpretar o funcionamento de componentes e sistemas eletroeletrônicos automotivos.
Bons estudos.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
32

4.1 Resistores

O resistor elétrico é um dispositivo eletrônico que tem duas funções bási-


cas: ora transforma energia elétrica em energia térmica (efeito joule), ora limita
a quantidade de corrente elétrica em um circuito, ou seja, oferece resistência à
passagem de elétrons. Os resistores são componentes comuns na maioria dos
dispositivos elétricos e eletrônicos (GUSSOW, 1997).
Os resistores podem apresentar resistência fixa ou variável. Quando apresen-
tam resistência variável, passam a ser chamados de potenciômetros ou reosta-
tos. Os de resistência fixa são chamados pelo mesmo nome: resistores fixos.

Seubsai ([20--?])

Figura 8 - Resistores

Outro componente essencial para o sistema eletroeletrônico de um veículo é


o capacitor. Conheça-o, a seguir.
4 Componentes Elétricos e Eletrônicos
33

4.2 Capacitor

O capacitor é um dispositivo de circuito elétrico capaz de armazenar cargas


elétricas. Também é chamado de condensador. É constituído de duas placas de
material condutor: as armaduras. Entre elas existe um material isolante que pos-
sui alta capacidade de resistência ao fluxo de corrente elétrica. A esse material é
dado o nome de dielétrico (CAPELLI, 2010).
Utilizar os dielétricos apresenta várias vantagens, dentre elas a de permitir
uma maior aproximação das placas do condutor sem o risco de que elas entrem
em contato.

SAIBA Você pode saber um pouco mais sobre este e outros compo-
nentes elétricos e eletrônicos pesquisando no site <http://
MAIS www.brasilescola.com/>.

Os capacitores são utilizados nos mais variados tipos de circuitos elétricos,


como, por exemplo, nos módulos do som de um automóvel. Eles podem ter o
formato cilíndrico ou plano, dependendo do circuito no qual ele está sendo em-
pregado.
knotsmaster ([20--?])

Figura 9 - Capacitor

Como você pode perceber o capacitor também é um componente muito im-


portante para os sistemas elétricos automotivos, assim como o indutor, que você
estudará a seguir.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
34

4.3 Indutor

Segundo Gussow (1997), a capacidade que um condutor tem de induzir a ten-


são em si mesmo quando a corrente varia é chamada de indutância. O indutor é o
componente mais básico do eletromagnetismo. É também conhecido como bo-
bina, enrolamento e solenoide. Trata-se de um componente elétrico muito usado
em circuitos elétricos, eletrônicos e digitais, ou seja, o mais comum de um auto-
móvel, pois é utilizado em buzinas, travas elétricas, relés, etc. Tem a função de
acumular energia por meio de um campo magnético, além de servir para impedir
variações na corrente elétrica (CAPELLI, 2010).

thanarat27 ([20--?])

Figura 10 - Indutor

Você viu que os indutores são componentes muito complexos. Alguns dos
principais componentes têm essa característica, assim como os condutores, que
você estudará a seguir.

4.4 Condutores

Os condutores de eletricidade são materiais que possuem muitos elétrons li-


vres. Os metais em geral, são bons condutores, por exemplo, o alumínio, o cobre
e a prata. O cobre é o material mais utilizado como condutor. Alguns gases como
o gás neon, o vapor de mercúrio e o vapor de sódio também são usados como
condutores sob determinadas condições, por exemplo, em lâmpadas. O que ca-
racteriza um material como condutor é sua baixa resistência (GUSSOW, 1997). Os
4 Componentes Elétricos e Eletrônicos
35

condutores têm algumas características importantes, tendo em vista a sua utiliza-


ção como: “a capacidade de isolamento de tensão da sua “capa [...], a resistividade
e sua capacidade de condução de corrente elétrica dada pela seção transversal”
(CAPELLI, 2010, p. 125).
Ao aplicá-los na área automotiva, é necessário observar sua capacidade de
condução como fator mais relevante, pois exceto os cabos de vela, todos os ou-
tros operam em baixa tensão, além de não exigirem cálculos de tensão por obe-
deceram a tabelas específicas (CAPELLI, 2010).

Condutor

Cobertura

Isolação

Separador
procobre ([20--?])

Figura 11 - Condutor elétrico


Fonte: Lipperfil (2014)

Os materiais que apresentam maior poder de con-


dução são o ouro e a prata, porém não são utiliza-
CURIOSIDADE dos em condutores elétricos por causa do valor e
custo de produção.

O condutor elétrico é um componente muito utilizado nos automóveis, porém


uma sobrecarga ou excesso de corrente pode superaquecer, o que pode levar a
prejuízos e riscos maiores, uma vez que sua isolação pode até mesmo incendiar
devido ao elevado aquecimento. Para a proteção desse e outros componentes,
há o fusível, que você estudará na sequência.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
36

4.5 Fusíveis

“O fusível é um componente destinado à proteção da instalação elétrica” (CA-


PELLI, 2010, p. 127). Seu funcionamento é simples: ele tem um componente cali-
brado para suportar a carga máxima e, em caso de exceder o valor nominal, ele se
funde e interrompe a corrente.
Há vários tipos de fusíveis, porém os mais utilizados são os do tipo lâmina.
Estes se dividem em três tipos: o mini, o mid e o maxi. Este último, geralmente,
opera em correntes maiores e podem ser encontrados no compartimento do mo-
tor (CAPELLI, 2010).

ajt ([20--?])
Figura 12 - Fusíveis

Jamais substitua um fusível queimado por outro de maior


FIQUE valor, ou ainda por um condutor elétrico. O valor do fusível
é determinado com o intuito de proteger, e se esse valor
ALERTA não for respeitado podem surgir problemas maiores, como
queimar o chicote elétrico todo.

Para dimensionar um fusível, é necessário que você conheça o valor de cor-


rente elétrica em que o circuito trabalha. Assim, após saber o valor da corrente,
basta acrescentar mais 10% como faixa de segurança. Todo circuito que já possui
fusível de proteção deve ter seu valor preservado, portanto sempre que for neces-
sário realizar a substituição de um fusível é necessário respeitar o valor do fusível
original. Se um fusível queima após pouco tempo de uso significa que há um
componente gerando sobre carga no sistema. Para evitar algumas sobre cargas,
há um componente chamado relé, que você conhecerá melhor a seguir.
4 Componentes Elétricos e Eletrônicos
37

4.6 Relés

Relés, conforme você já estudou, são dispositivos formados por um magne-


to móvel, que se desloca unindo dois contatos metálicos. Há dois tipos de relés:
os eletrodinâmicos e os eletrônicos. O primeiro tem contatos móveis e funciona
como chave. O segundo, além de seu estado ser sólido, engloba funções extras
como a temporização (CAPELLI, 2010). Algumas aplicações de relés são: indica-
dores de direção (seta), de advertência (pisca alerta) e controle da potência do ar
condicionado.

Induzido
Núcleo

Bobina

A B
Paulo Cordeiro (2014)

Contatos bobina
Contatos
elétricos
Figura 13 - Relé universal
Fonte: Electrónica (2014)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
38

CASOS E RELATOS

Substituindo o relé
Ricardo trabalha em uma oficina mecânica como eletricista. Certo dia
atendeu um cliente que relatou que seu veículo apresentava problemas
nas setas indicadoras de direção. Ao analisar a falha, Ricardo constatou
que seria necessário substituir o relé das setas.
Para conhecer a causa da falha, Ricardo desmontou o relé. Dessa forma,
ele conseguiu identificar que os contatos internos sofreram um supera-
quecimento, fazendo com que se unissem. A corrente elétrica, por sua
vez, passava direto pelo relé, e ao invés de piscar, as luzes de direção fica-
vam acessas constantemente.
Após efetuar a substituição do relé danificado, as setas de direção volta-
ram a funcionar normalmente.

Agora que você já aprendeu sobre os relés, que tal conhecer os diodos? Siga
em frente.

4.7 Diodos

O diodo se constitui da junção de duas pastilhas de material semicondutor: as


pastilhas de Cristal P e de Cristal N. Elas se unem a partir de um aquecimento, por
esse motivo, esse diodo é chamado também de diodo de junção.
A função do diodo é comportar-se como um condutor ou isolante elétrico,
dependendo de como a tensão é aplicada aos seus terminais (CAPELLI, 2010).
Dentre suas aplicações mais comuns pode-se citar a transformação de corren-
te alternada em corrente contínua, além dos diodos que emitem luz, ou LED.
4 Componentes Elétricos e Eletrônicos
39

Stockbyte ([20--?])
Figura 14 - Diodos LED

Conheça a seguir os transistores que, assim como os diodos, são muito utiliza-
dos em equipamentos de som, imagem, controles industriais, máquinas, calcula-
doras e computadores.

4.8 Transistor

A palavra transistor deriva do termo inglês “transfer resistor” que significa resis-
tor de transferência. “Os transistores são dispositivos semicondutores que ampli-
ficam sinais ou agem como interruptores pelo controle da corrente ou da tensão
que é aplicada em um eletrodo” (FUJITAKI, 2009, p. 176).
Sebalos ([20--?])

Figura 15 - Transistor
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
40

O transistor é um componente muito aplicado em módulos de controle, pois


suas características contribuem para o bom funcionamento dos sistemas auto-
motivos.

Recapitulando

Nesse capítulo, você estudou os principais componentes usados nos sis-


temas eletroeletrônicos automotivos. Assim, conheceu os resistores, que
são componentes que oferecem determinadas resistências aos circuitos
elétricos e eletrônicos. Em seguida, explorou os capacitores, indutores e
condutores, suas características e aplicações.
Viu, também, que os fusíveis são componentes que protegem outros
componentes, ou ainda, todo o circuito do sistema. Além de estudar as
características dos relés e suas aplicações, teve a oportunidade de enten-
der o que são os diodos e os transistores.
A partir desse estudo, você está preparado para entender os circuitos elé-
tricos, tema do próximo capítulo.
Bons estudos!
4 Componentes Elétricos e Eletrônicos
41

Anotações:
Circuitos Elétricos

Você já se imaginou capaz de resolver o problema elétrico de uma das sinaleiras do seu veí-
culo ou do veículo de alguma pessoa próxima a você, tendo em mãos um circuito elétrico? Pois
isso será possível a partir do estudo deste capítulo.
Nele você estudará a importância da simbologia dos circuitos elétricos e eletrônicos, apren-
derá como o sistema elétrico funciona, além de aprender a identificar seus componentes e en-
tender as diferenças básicas entre os três tipos de circuitos fundamentais no sistema elétrico
automotivo.
Ao concluir os estudos deste capítulo, você estará apto a:
a) identificar e interpretar a simbologia dos diagramas elétricos;
b) identificar e aplicar os circuitos em série, paralelo e misto.
Você poderá, também, realizar serviços de testes e substituições de qualquer componente
do sistema elétrico de veículos automotores. Siga em frente!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
44

5.1 Simbologia

A simbologia de arquitetura de elementos elétricos e eletrônicos serve para


que o profissional possa identificar e se situar no momento da manutenção e
substituição de peças do sistema elétrico veicular.
Nesse momento, ele deve estar atento aos detalhes que esses símbolos in-
formam. Veja, na figura a seguir, um exemplo de diagrama de componentes do
sistema elétrico veicular, mas preste atenção quanto a algumas diferenças.

Resistor Capacitor Indutores Transistores Diodo Lâmpada Fusistor

Zener

Bateria
Potenciômetro Variável +

Alto-falante

Pilha
Terra Massa +
TRIMPOT Trimmer
Transformador LED Chaves

Paulo Cordeiro (2014)


Figura 16 - Simbologia elétrica veicular
Fonte: Eletrônica (2014)

Observe, na figura anterior, a diferença entre as imagens de “Terra” e “Massa”,


respectivamente, dando a entender que são símbolos diferentes. Apesar de o ter-
mo aterramento ser utilizado popularmente na área automotiva, este se aplica à
eletricidade residencial e industrial. No caso dos automóveis o termo adequado é
massa, pois o negativo do sistema é conectado à massa do veículo.
A seguir, você continuará estudando os circuitos em série presentes no siste-
ma de som automotivo.

5.2 Circuitos em série

Para que um circuito em série, ou circuito simples, funcione perfeitamente,


são necessários três elementos fundamentais: uma fonte de energia (bateria), um
condutor de corrente elétrica (fio) e um consumidor que demonstre alguma resis-
tência à passagem dessa corrente (lâmpada).
5 Circuitos Elétricos
45

A invenção da bateria - capaz de produzir um fluxo


contínuo de corrente - tornou possível o desenvol-
vimento dos primeiros circuitos elétricos. Alessan-
dro Volta inventou a primeira bateria, a pilha voltai-
CURIOSIDADE ca, em 1800. Os primeiros circuitos utilizavam uma
bateria e eletrodos imersos em um recipiente cheio
de água. O fluxo da corrente pela água produzia
hidrogênio e oxigênio.

Quando esse circuito se fecha, o sentido em que os elétrons se deslocam orde-


nadamente flui do polo negativo (-) para o positivo (+) por meio do condutor elé-
trico, passando pela lâmpada, fazendo-a incandescer e novamente retornando ao
polo negativo (-), em uma sequência lógica e contínua.

Fusível Aparafusado
no chassi

Bateria
Chave de luz

58
Farol direito
Aparecido Oliveira ([20--?])

Aparafusado
no chassi

Figura 17 - Ligação em série


Fonte: Eletroeletrônica automotiva (2014)

Componentes elétricos e eletrônicos não devem ser sol-


FIQUE dados e dessoldados de placas do circuito elétrico, pois
ALERTA quanto mais modificações essas placas sofrerem, menos
elas duram.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
46

Como você pode observar na figura anterior, todos os componentes estão dis-
postos um após o outro. Desse jeito, se remover um dos componentes, o circuito
ficará aberto e nenhum dos outros componentes receberá corrente elétrica.
Na sequência, você estudará o funcionamento do circuito paralelo, e notará
que é semelhante ao funcionamento do circuito em série. A principal diferença é
o sentido da corrente.

5.3 Circuito Paralelo

Se você prestar atenção no esquema elétrico de um circuito em paralelo, verá


que as diferenças se restringem ao sentido e fluxo da corrente de elétrons. Num
circuito em paralelo, a corrente de elétrons percorre sempre o caminho mais fácil
para alcançar seu objetivo.
No esquema, a seguir, existem duas lâmpadas ligadas em paralelo, se por
algum motivo uma delas queimar ou for retirada do soquete ou bocal, a outra
não se desligará, pelo fato de a corrente conseguir chegar até a outra lâmpada
por outro caminho. Preste atenção na figura a seguir, as setas dentro do quadro
mostram o sentido da corrente no circuito, obedecendo ao sentido real que é do
negativo para o positivo.

2 1

+
Bateria
-
Paulo Cordeiro (2014)

1 2
As setas indicam o sentido da
corrente elétrica
Figura 18 - Circuito em paralelo
Fonte: do Autor (2014)
5 Circuitos Elétricos
47

Para saber como funcionam os circuitos elétricos em série e


em paralelo assista ao vídeo disponível no site: <http://www.
SAIBA youtube.com/watch?v=6c4PTdrZNsg/>
MAIS Preste atenção na ordem em que as lâmpadas são ligadas e o
que é feito para que não ocorram problemas, como queima
de componentes e lâmpadas.

Você estudará, a seguir, o circuito misto, que agrega funções dos dois circuitos
estudados até agora, ou seja, uma mescla dos dois.

5.4 Circuito Misto

Um circuito misto nada mais é que dois circuitos (em série e paralelo) ligados
em si, para uma melhor resolução elétrica, em uma única fonte de tensão. A essa
associação dá-se o nome de Circuito Misto.
Observe, no diagrama a seguir, que o caminho da corrente não é apenas um,
caracterizando o circuito em paralelo. Por outro lado, esse circuito necessita de
apenas uma fonte de energia comum aos dois circuitos, caracterizando o circuito
em série (simples).
Luiz Meneghel (2014)

+ -

12V
Figura 19 - Circuito misto
Fonte: adaptado de Brasil Escola (2014)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
48

CASOS E RELATOS

Montando um circuito
João, em uma aula do curso técnico, estudou sobre circuitos elétricos,
o que despertou nele a curiosidade em realizar uma experiência caseira
para praticar o que aprendeu.
Pesquisou, então, em livros e na internet quais componentes necessitaria
e, após reunir uma placa gravada, alguns resistores, uma fonte (bateria 12
v), fios condutores, uma máquina de solda, um rolo de fio de estanho e
algumas lâmpadas, percebeu que necessitaria definir qual circuito mon-
taria.
Decidido de que montaria um circuito misto básico, conectou as lâm-
padas aos demais componentes e, quando tudo estava conectado João
verificou que havia, de fato, aprendido sobre circuitos elétricos, tema da
aula daquele dia.

Recapitulando

Nesse capítulo, você estudou as diferenças entre os circuitos elétricos


automotivos, em série, paralelo e misto, bem como a simbologia elétri-
ca. Viu, também, como as lâmpadas são ligadas nos três tipos básicos de
circuitos e os caminhos que a corrente elétrica faz, de acordo com cada
circuito. Você deve ter percebido, ainda, que todos os equipamentos elé-
tricos e eletrônicos fazem uso dos princípios básicos da eletricidade, nos
quais a corrente sai para percorrer seu destino e, obviamente, retornar ao
seu polo oposto.
5 Circuitos Elétricos
49

Anotações:
Cabeamento

Você já parou para pensar em como funciona o cabeamento dos sistemas elétricos auto-
motivos? Esse é o tema deste capítulo. Nele, você estudará o cabeamento conhecido como
“chicote elétrico” de alguns sistemas elétricos de automóvel, desde a instalação de um simples
rádio automotivo até a manutenção dos fios da rede CAN que, a partir de 2009, é o caminho
mais curto entre o homem e a tecnologia veicular.
Após concluir os estudos deste capítulo, você estará apto a:
a) identificar as caraterísticas do cabeamento eletroeletrônico automotivo;
b) realizar o dimensionamento dos cabos e condutores elétricos;
c) realizar a instalação de cabos e condutores elétricos automotivos.
Bons estudos!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
52

6.1 Características

As características de cabeamento variam muito de sistema para sistema. Por


exemplo, o cabeamento de um rádio não será o mesmo de uma rede CAN (você
estudará a Rede CAN mais detalhadamente no capítulo 9). O chicote elétrico de
um rádio deve ter muitos fios pelo fato dele ter inúmeras funções e se comunicar
muitas vezes com vários alto-falantes e módulos de potência, tanto que, quem
o comanda é uma central eletrônica. Por isso, é muito comum em uma conversa
técnica a expressão central do rádio. Essa central também possui muitos fios e
cabos condutores de energia elétrica, dados e informação.
Já a rede CAN necessita de apenas dois fios para mandar a informação e re-
cebê-la, além de manter todo sistema de informação alimentado com energia
elétrica.
Você sabe a diferença entre fio e cabo?
• Fio condutor: é apenas um único filete de fio.
• Cabo condutor: são vários fios dentro de um enrolado de plástico.
A maioria dos cabos e fios condutores automotivos são de ligas de cobre e alu-
mínio, excelentes condutores de corrente elétrica e têm, praticamente, a mesma
composição; o que muda são apenas suas dimensões.
Esse cabeamento possibilita que um determinado dispositivo automotivo
possa funcionar de forma correta e sem problemas de alimentação, tanto de
energia quanto de informação.

Nos veículos antigos, era possível escutar o zunido


que o rádio do veículo apresentava quando estava
em funcionamento, isso pode ocorrer devido à pro-
CURIOSIDADE blemas dos cabos de vela do veículo. Isso acontece
quando os cabos de vela estão fracos e a camada
de proteção externa já acabou.

O cabeamento de uma rede CAN possibilita a intercomunicação das centrais


de comunicação umas com as outras. Levando-se em conta que são dois fios ape-
nas, você encontrará a seguinte disposição dos fios nesse tipo de cabeamento:
• prioridade das mensagens
• menor tempo entre uma mensagem e outra
• muita flexibilidade nas comunicações
• recepção de informação no sistema multinodo com ressincronização
6 Cabeamento
53

• maior consistência dos dados


• centrais multimestre
• detecção e sinalização de erros
• distinção entre erros temporários e erros permanentes
A rede CAN de alta velocidade pode conter uma quantidade maior de con-
dutores, mas os sistemas mais comuns contam com dois condutores de comu-
nicação. Como você observou, há diferença de informação de um sistema con-
vencional e da rede CAN; então, os cabos de comunicação não podem ter as
mesmas condições de aplicação, mudando sua instalação e isolação. Uma rede
CAN é responsável por gerenciar informações, tais como ações dos sistemas de
ABS e AIRBAG. Portanto, a dimensão desses fios e cabos tem que ser otimizada,
bem como sua isolação precisa evitar ruídos oriundos de campos magnéticos de
outros condutores.

Tenha muito cuidado quando for fazer algum tipo de ma-


nutenção nos fios da rede CAN. Além de serem trançados
FIQUE para não sofrerem interferência de outros sistemas eletrô-
ALERTA nicos, os fabricantes de veículos orientam a fazer cortes e
emendas nos fios com distância de pelo menos 10 centí-
metros uma da outra.

Depois que você estudou as características construtivas dos fios e cabos de ve-
ículos automotores, conhecerá a dimensão que esses aparatos tecnológicos têm,
facilitando a vida do proprietário e do técnico em mecânica.

6.2 Dimensionamento

Quando o engenheiro automobilístico cria um equipamento de intercomu-


nicação, como uma rede CAN ou um sistema de multimídia automotivo, se faz
necessário a determinação das características dos sistemas elétricos utilizados.
Dependendo do equipamento projetado, uma central multimídia, um rádio com
funções mais aprimoradas, um sistema de alarme, será possível dimensionar a
quantidade e o tipo de fios que serão utilizados.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
54

Wolfsburg1984 [(20--?])
Essa demanda desafia os fabricantes de sistemas de intercomunicação a lan-
çarem novas tecnologias de atualização e, consequentemente, tecnologias mais
avançadas do que as de seus concorrentes. Como centrais multimídias que cada
vez mais interagem com os ocupantes do veículo, até sistemas de segurança
como ABS e AIRBAG, que preparam os ocupantes para uma possível colisão.
Um cabo de rede CAN é dimensionado conforme normas vigentes em acordos
internacionais, assinados por todos os países detentores de tecnologias automo-
tivas (formando um padrão), além de ser projetado com cabos e fios adequados
para sustentar as condições de uso e manuseio desse sistema.

Conheça mais sobre Sistemas Eletrônicos do Automóvel len-


SAIBA do o artigo Como funcionam os Sistemas Eletrônicos do Au-
MAIS tomóvel, disponível no site: http://www.newtoncbraga.com.
br/index.php/como-funciona/4142-art567

O dimensionamento técnico de um circuito é a aplicação das diversas pres-


crições da NBR 5410, relativas à escolha da seção de um condutor e do seu res-
pectivo dispositivo de proteção. Para que se considere um circuito completo e
corretamente dimensionado, são necessários seis cálculos. Cada um deles poderá
resultar numa seção diferente. E a seção, a ser finalmente adotada, é a maior den-
tre todas as seções obtidas (GUIA EM, 2002).
6 Cabeamento
55

Segundo o Guia EM (2002, p. 187), os seis critérios técnicos de dimensiona-


mento são:

seção mínima

capacidade de condução de corrente

queda de tensão

proteção contra sobrecargas

proteção contra curtos-circuitos

Luiz Meneghel (2014)


proteção contra contatos indiretos (aplicável apenas quando se usam
dispositivos a sobrecorrente na função de seccionamento automático)

Figura 20 - Critérios técnicos de dimensionamento de condutores


Fonte: do Autor (2014)

Se você aplicar a primeira lei de Ohm ao dimensionamento de condutores,


perceberá que a força que impede a passagem dos elétrons de um material con-
dutor, uniforme de seção transversal, é exatamente simétrico ao seu comprimen-
to e é exatamente oposto à área de sua seção transversal.
Após ter estudado o dimensionamento dos cabos e fios do sistema elétrico
dos automóveis, conheça, a seguir, como se faz a instalação desses fios e cabos,
fundamentais em qualquer tipo de conexão elétrica.

6.3 Instalação

A instalação de qualquer tipo de fio ou cabo em um automóvel é uma tarefa


muito mais fácil do que na década de 60 ou 70. Naquela época, um automóvel ti-
nha aproximadamente 2.000 metros de fios em seu interior (isso para um veículo
luxuoso), aumentando o peso e o custo de fabricação. Esse comprimento de fios
está muito menor, entre 500 e 1.000 metros. Com essas dimensões, a indústria
automobilística se deu conta de que não era mais necessário usar tanto fio nem
cabo de comunicação.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
56

Foram criadas as redes de comunicação, como a rede CAN. Comparando com


os modelos sem essa tecnologia, o custo de cabos e fios caiu consideravelmente,
levando-se em conta os cabos de fibra ótica e os cabos de barramento, que fazem
a comunicação entre uma central e outra. Os fios e cabos são instalados no auto-
móvel, de modo que não fiquem visíveis e também não ocupem muito espaço.
Um cabo ou fio desse sistema de comunicação é conectado sem o uso de soldas
nem emendas.
Cabos e conexões são apenas plugados em seus lugares de destino, quando há
a necessidade de solda em algum lugar do chicote elétrico. Nesse caso, é necessá-
rio mais cuidado por parte do profissional que executar o serviço, pois emendas
com solda necessitam de cuidados inerentes e delicados, além do emprego do
material correto. A qualidade da solda é de grande importância, pois, uma solda
mal feita pode danificar um equipamento eletrônico.

CASOS E RELATOS

Trocando o som
Fred, um jovem que recém havia adquirido seu primeiro automóvel “zero
km”, buscou uma empresa especializada em instalação de acessórios au-
tomotivos para a instalação de um novo equipamento de som.
O instalador realizou todo o trabalho, porém, quando Fred voltou para
buscar seu automóvel, verificou que não era possível ligá-lo. Ele simples-
mente não funcionava e o instalador não conseguia explicar o motivo,
pois tinha pouca experiência devido o modelo ter sido lançado recente-
mente.
O cliente e o instalador buscaram então, um profissional mais experiente
para identificar o problema. Este verificou que o instalador, na hora de
trocar o aparelho original, cortou alguns fios que julgava não serem im-
portantes para o funcionamento do som. Ao fazer a ligação destes com o
novo aparelho, por serem fios muito finos e desconhecer sua importância
e função, o instalador não se preocupou em separá-los e prosseguiu com
a instalação.
Os fios cortados faziam a comunicação da central do painel de controle
(painel de instrumentos nos veículos atuais também são centrais de co-
mando eletrônico), com a central mestra do sistema de comunicação mul-
tiplexado. O rompimento deles ocasionou o não funcionamento do veí-
culo e a insatisfação do cliente, que perdeu compromissos importantes.
6 Cabeamento
57

Com orientação do profissional mais experiente, o instalador corrigiu o


problema do automóvel e aprendeu como instalar aparelhos de som em
veículos novos.

Recapitulando

Esse capítulo versou sobre cabeamento, conhecido nos veículos como


chicote elétrico, item de constante discussão entre mecânicos eletricis-
tas. Após a compreensão dos assuntos tratados até agora, a simbologia
referente à eletricidade em mãos e os conhecimentos técnicos adquiri-
dos, você poderá montar seu diagrama elétrico. Apenas tenha atenção
no que faz para não se machucar e tomar choques.
Percebeu quantas oportunidades existem para desenvolver novas com-
petências? Isso é aprendizado, e você está no caminho certo para se tor-
nar um grande profissional na área de eletricidade veicular.
Instrumentos de Medição

Você já se imaginou trabalhando em uma oficina sem nenhum tipo de instrumento de me-
dição? E na hora em que precisar fazer um teste ou a troca de algum componente elétrico?
Como seria? Você acha que conseguiria? Teria mais alguma forma de fazer um teste sem um
instrumento desses?
Neste capítulo, você conhecerá os instrumentos de medição mais utilizados em oficinas me-
cânicas, pois sem eles seria impossível realizar as medições e testes necessários aos diagnósti-
cos e reparos automotivos.
Os instrumentos de medição são classificados como instrumentos/equipamentos, divididos
em tipos, características e formas de utilização. Esses equipamentos são capazes de medir mui-
tas grandezas elétricas, desde que sejam utilizados de maneira correta.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) interpretar e utilizar um multímetro;
b) identificar os tipos, características e utilização dos multímetros;
c) aplicar o amperímetro nos processos de manutenção automotiva;
d) identificar e utilizar um osciloscópio automotivo.
Bons estudos!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
60

7.4 Multímetro

O multímetro automotivo foi criado pela necessidade de ter um instrumento


de medição e referência em medições, pois ele agrega muitas funções em um
único aparelho.
O multímetro digital possui grande precisão e agilidade nas leituras efetuadas,
além de ter incorporado como funções, filtros para uma ampla gama de aplica-
ções, sem a necessidade de utilizar diversos equipamentos diferentes, por isso
também é chamado de multímetro multiteste.
Segundo Minipa (2014), com o multímetro pode-se usar funções como:

Escala de medição usada para medir amperagem de baterias e


Amperímetro
acumuladores de carga.

Escala de medição usada para medir a corrente de uma bateria automotiva,


Voltímetro
por exemplo.

Esta escala é usada para medir grandezas como o Ohm, unidade de


Ohmímetro referência de capacidade de um equipamento elétrico, como lâmpadas,
fusíveis, �os, etc.

Esta escala é usada para checar a continuidade de um condutor, como por


Continuidade
exemplo, um �o, um diodo, um capacitor, etc, ou qualquer elemento
audível
�ltrante de corrente elétrica.

A vida útil da ponta de prova de temperatura é reduzida quando submetida


Temperatura a temperaturas muito altas �faixa de operação�, podendo também dani�car
o equipamento excedendo o limite de -50 ° C a 1100°C.

Esta escala mede as frequências em Mega hertz, que são frequências muito
Frequência altas, geralmente usadas em sistemas de som automotivo ou qualquer tipo
de aparelho que emita som, faixa de uso dessa escala é de 6 Mh a 60Mh.

Esta escala utilizada para medir a rotação de motores, como os conta-giros,


Rotação (10x)
dos painéis dos veículos.

Corrente Quando fabricante expõem a tolerância máxima do instrumento, ele quer


até 20A dizer que essa tolerância não pode ser excedida.

Corrente Nessa escala pode-se testar e aferir qualquer tipo de equipamento que
alternada tenha corrente alternada, sem dani�car o instrumento.
Luiz Meneghel (2014)

Corrente Nessa escala pode-se testar e aferir qualquer tipo de equipamento que
contínua tenha corrente contínua, sem dani�car o instrumento.

Figura 21 - Funções do multímetro


Fonte: Minipa (2014)
7 Instrumentos de Medição
61

Os multímetros dividem-se em digitais e analógicos. Estes últimos não são


muito confiáveis, por isso, os digitais são usados em larga escala.

Volodymyr Krasyuk ([20--?])

Figura 22 - Multímetro digital

Existem no mercado multímetros com os mais va-


riados modelos e recursos, o que permite a adoção
CURIOSIDADE do instrumento mais adequado às atividades que
se executa. Desta forma, é primordial ter cuidado e
zelo no uso de equipamentos de medição.

Como o próprio nome indica, multímetros automotivos possuem uma utiliza-


ção mais voltada para as funções automotivas, possibilitando a medição de gran-
dezas específicas dessa área.
Em um multímetro existem dois tipos de pontas de prova: vermelha, que ca-
racteriza o polo positivo, e a ponta de prova preta, simbolizando o polo negativo.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
62

CASOS E RELATOS

Usando o multímetro
Maria, uma estudante do curso técnico em manutenção automotiva
do SENAI, que era muito curiosa e buscava sempre experimentar o que
aprendia no curso, certo dia, ouviu seu professor informar que na próxi-
ma aula explicaria o uso do multímetro.
No intuito de se preparar para a próxima aula, comprou um multímetro
e foi logo medindo todos os equipamentos que encontrava: consumo
da bateria, consumo de energia das lâmpadas e integridade dos fusíveis
do sistema elétrico do veículo do seu pai. Também verificou a tensão da
tomada de sua casa, porém não sabia em qual escala de medição regular
o equipamento e acabou danificando seu multímetro novo.
No dia da aula levou o aparelho danificado e após a aula foi conversar
com seu professor e mostrar o multímetro danificado. O professor a
orientou a não realizar mais experiências sem o devido conhecimento
e planejamento, visto que ela correu o risco de receber uma descarga
elétrica ao verificar a tensão da corrente elétrica de sua residência. Além
dessas orientações, o professor ainda a ajudou a encontrar uma assistên-
cia técnica para resolver o problema do aparelho.

Após compreender o multímetro, seus tipos, características e formas de utili-


zação, conheça outro equipamento específico para medição de grandezas elétri-
cas, o amperímetro.

7.5 Amperímetro

O amperímetro é um instrumento responsável por medir a intensidade da cor-


rente elétrica que passa por um condutor. Essa grandeza elétrica pode também
ser medida por um multímetro automotivo, utilizando a função de amperímetro
do equipamento.
A forma mais comum de um amperímetro automotivo é a de alicate, sendo um
recurso do multímetro que dispensa o uso das pontas de prova.
7 Instrumentos de Medição
63

Aleksandr Ugorenkov, )
Figura 23 - Amperímetro digital

A principal vantagem do amperímetro de alicate é que a medição é realizada


pelo lado de fora do condutor, sem a necessidade de ter que desencapar o con-
dutor.
Conheça, a seguir, alguns símbolos elétricos internacionais para norteamento
da medição, existentes nos multímetros:

Terra

! Consulte o manual de instruções

Risco de choque elétrico

Medida de tensão AC – Corrente Alternada


Luiz Meneghel (2014)

Medida de tensão DC – Corrente Contínua

Equipamento protegido por duplo isolamento

Figura 24 - Simbologia internacional


Fonte: do Autor (2014)

Ao utilizar um alicate amperímetro, você deve estudar o


FIQUE circuito que vai medir, sempre verificando qual instru-
mento vai usar, uma vez que, se tentar medir a corrente
ALERTA com o amperímetro errado, você certamente queimará o
aparelho.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
64

Ao utilizar qualquer instrumento de medição ou de teste, tenha sempre muito


cuidado e zelo, pois alguns equipamentos podem ter seu fusível interno queima-
do, ou até mesmo o aparelho todo.
O estudo de equipamentos de medição é fundamental para evitar erros em
leituras de medidas. Sendo assim, conheça, a seguir, outro equipamento, indis-
pensável em uma oficina mecânica: o osciloscópio.

7.6 Osciloscópio

O osciloscópio é um dos equipamentos de medição mais versáteis que exis-


tem. Apesar de permitir a análise e visualização apenas de grandezas elétricas,
ele não se limita a esse tipo de grandezas. É possível analisar também, grandezas
como temperatura, pressão, luminosidade, etc.
O osciloscópio automotivo pode ser utilizado para analisar o funcionamento
das unidades eletrônicas de controle dos automóveis, as vibrações de um motor,
etc. Ele reproduz as medições em gráficos na sua tela, usando como referência os
padrões de tempo e distância.

Do autor (2014)

Figura 25 - Osciloscópio automotivo


Fonte: Machado (2014)

Segundo Bonfim [2014], as principais características técnicas do osciloscópio


digital são:
• banda passante (BW): define a frequência máxima de operação do osciloscó-
pio (dezenas de MHz até dezenas de GHz);
7 Instrumentos de Medição
65

• faixa de tensão de entrada: define os valores máximos e mínimos de tensão


que podem ser medidos corretamente com o instrumento (de mV a kV);
• impedância de entrada: associação paralela das resistências e capacitâncias
do circuito de entrada. Tipicamente Ri=1MΩ e Cip≈20pF. A impedância de
entrada pode introduzir erros consideráveis na medida de circuitos de alta
impedância, principalmente em se tratando de sinais de alta frequência;
• canais de entrada: normalmente possuem dois canais independentes de en-
trada.

Você sabia que existem osciloscópios com até quatro canais?


SAIBA Acesse o site indicado a seguir e entenda como fun-
MAIS ciona o osciloscópio: <https://www.youtube.com/
watch?v=pB0qUWdPQ8s/>

Recapitulando

Nesse capítulo, que versou sobre os instrumentos de medição, como


multímetro, amperímetro e osciloscópio, você teve um incremento téc-
nico para sua futura profissão.
Você estudou as funções, os tipos e características construtivas e funcio-
nais dos instrumentos de medição para equipamentos eletroeletrônicos
automotivos. Além disso, viu que sem certos instrumentos de medição
seria impossível um profissional desempenhar seu papel, que é o de re-
solver os problemas do dia a dia.
Esse capítulo também lhe oportunizou o desenvolvimento de competên-
cias que lhe permitam: medir a resistência de lâmpadas e fusíveis; verificar
a continuidade de condutores com o multímetro; fazer testes de corrente
e consumo de equipamentos, tais como alto-falantes; verificar a corrente
passante de fios e cabos condutores com o amperímetro, anotando e ve-
rificando as qualidades de medição e amplitude de informação que um
osciloscópio oferece. O próximo capítulo lhe apresentará os esquemas
elétricos, fundamentais para o trabalho de reparação automotiva.
Esquemas Elétricos

Você acha que seria capaz de diagnosticar a(s) falha(s) de um sistema elétrico sem as infor-
mações técnicas? Talvez sim, mas quanta dor de cabeça essas tentativas iriam lhe causar! Quan-
tas dúvidas iria ter! O maior problema seria o tempo que gastaria para analisar o circuito elétrico
do veículo até chegar às possíveis causas e falhas, antes de conseguir resolver o problema sem
auxílio do mapeamento elétrico do sistema de injeção.
Por causa dos riscos que se corre ao trabalhar sem um diagrama elétrico, neste capítulo você
estudará a razão pela qual você precisa de um diagrama elétrico no dia a dia na oficina. Você
entenderá por que ele é vital para o diagnóstico automotivo uma vez que o diagrama no papel
ajuda a visualizar e a interpretar o esquema como um todo, permitindo que na prática você
possa diferenciar os componentes e esquemas dos mais diversos tipos de circuito e ligações.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) identificar a construção de esquemas elétricos;
b) reconhecer a disposição de componentes nos esquemas elétricos;
c) interpretar esquemas elétricos automotivos;
d) diagnosticar anomalias nos sistemas eletroeletrônicos automotivos.
Siga em frente!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
68

8.1 Leitura

Interpretar um esquema elétrico exige concentração, além de capacidade de


compreender os símbolos e os padrões de construção dos esquemas elétricos.
Para fazer a montagem de algum componente eletrônico, hidráulico ou me-
cânico é necessário ter como base informações técnicas fidedignas; especifica-
mente, nos diagramas elétricos de circuitos dos diversos modelos de veículos.
Por mais que você, como reparador técnico ou mecânico, tenha adquirido expe-
riência e conhecimento sobre circuitos elétricos, na prática é indispensável que
conheça os princípios elétricos e de forma a fazer:
a) a leitura da simbologia padrão;
b) a interpretação exata dos dados que constam destes esquemas.

A fim de diagnosticar as falhas e instalar ou consertar


FIQUE com competência os componentes que comprometem
o funcionamento do(s) circuito(s) que está(ão) causando
ALERTA problemas ao carro, é seu dever saber usar e interpretar
diagramas elétricos.

Munidos das informações no diagrama, você saberia tomar decisões mais


acertadas sobre a espessura dos fios, a condução correta da corrente elétrica, e
tudo mais que precisasse saber sobre o circuito para fazer um bom trabalho. Por
outro lado, sem essas informações, seu trabalho e a qualidade final estariam com-
prometidos.
Luiz Meneghel (2014)

12 Volts 21 Watts

Figura 26 - Esquema elétrico


Fonte: do Autor (2014)

Como pôde perceber no exemplo apresentado pela figura anterior, o esque-


ma elétrico, é comumente utilizado na elétrica automotiva há bastante tempo.
Mas, com o passar dos anos, o desenvolvimento da engenharia eletroeletrônica,
em função das novas demandas dos usuários, incentivou o aumento em número
e complexidade dos sistemas veiculares, e os diagramas começaram a ficar visu-
almente com muita informação relevante se encontrando ao longo de páginas
e mais páginas de esboços de circuitos elétricos, um dependendo do outro para
funcionar.
8 Esquemas Elétricos
69

Utiliza-se cada vez mais os dados técnicos impres-


sos nos manuais do proprietário, como localização
e utilização dos fusíveis e relés, dados técnicos,
CURIOSIDADE capacidades e especificações como o tipo de lubri-
ficante, entre outros, além de orientações relacio-
nadas à manutenção elétrica e mecânica.

Em circuitos mais aplicados você encontra um esquema elétrico complexo,


com a identificação dos componentes por símbolos padronizados, com as des-
crições correspondentes e com os códigos para decifrar a nomenclatura de cada
componente. Depois que o reparador analisa os dados demarcados no diagra-
ma, seus detalhes podem ser interpretados de acordo com a chave dos códigos
que correspondem à nomenclatura e à simbologia dos componentes do circuito,
como:

B
I2
31
50 15 30

I1
1
Luiz Meneghel (2014)

L1
2
0,75 BK/WH
Figura 27 - Esquema técnico codificado
Fonte: do Autor (2014)

• B = bateria 12 Volts.
• L1 = iluminação interna (Lâmpada 12 Watts).
• I1 = interruptor da iluminação interna.
• I2 = comutador de ignição.
• 0,75 = espessura do fio.
• BK/WH = cor do fio (Preto com branco).
• 1 e 2 = terminais de ligação da lâmpada.
• 50 = positivo durante a partida.
• 31 = aterramento.
• 15 = positivo pós-chave.
• 30 = positivo direto da bateria.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
70

Mas, atenção, os símbolos e códigos podem variar de uma montadora a outra.


Por isso, confira sempre a simbologia e os códigos de cada esquema elétrico que
for utilizar.
No que diz respeito à leitura dos esquemas elétricos, todos aqueles fios, que
mais parecem um emaranhado confuso desenhado em uma folha de papel, são
de extrema importância. Se você não lhes der a devida atenção, e se não conferir
cada um minuciosamente no diagrama, acabará se perdendo na interpretação.
Por isso, atente-se para esta dica de leitura e compreensão do esquema elétri-
co: sempre comece a ler um esquema elétrico pela sua alimentação positiva,
pois seu trabalho ficará bem mais fácil. Importante ressaltar que, quando houver
uma junção de condutores, haverá um ponto de conexão entre os condutores.
Conforme você estudou, o esquema elétrico é fundamental para reparos au-
tomotivos; por isso, compreenda melhor a utilização desses esquemas a seguir.

8.2 Utilização

Nos veículos que demandam reparos no cotidiano das oficinas, a utilização do


esquema elétrico é imprescindível na realização dos consertos, pois um veículo
pode ter mais de cem centrais eletrônicas distribuídas pela carroceria e cada uma
com a sua função específica, isso sem falar nas dezenas de sensores e atuadores
implantados nas diversas linhas de veículos automotores.
Você deve estar pensando: e agora, com todas essas informações em mãos,
como utilizo um esquema elétrico?
Todos esses componentes possuem uma dada ligação com a central de geren-
ciamento, e, somente identificando e interpretando corretamente os símbolos,
você pode fazer cada um dos sistemas funcionar.

Qualquer verificação de resistência de um circuito esbo-


FIQUE çado em um esquema elétrico deve ser feita em paralelo
com o fio ou o componente a ser testado, e sempre com
ALERTA tudo desligado, ou seja, desenergizado, caso contrário, a
leitura e o diagnóstico de falha serão incorretos.

O que você, enquanto profissional, às vezes pode nem perceber é que tem
contato diário com esses diversos esquemas elétricos; eles podem ser dos mais
variados tipos e modelos. Além dos originais, desenvolvidos pelas fábricas para a
utilização em concessionárias, há também os diagramas elaborados por empre-
sas nacionais de apoio aos reparadores terceirizados. A seguir, você pode conferir
um exemplo de esquema elétrico automotivo.
CBA CVM COMUT. IGNIÇÃO ALAVANCAS DE COMANDO NQS INT. EMERGÊNCIA

F-71
F-03 F-14 F-15
70A

R02
20A 7,5A 7,5A

INT

30
50
MODE

INT-A

15/54
MODE-

INT
A

CAN-A
+30
CAN-B
MODE +
A B D
1 31 12 30 22 25 2 1 3 1 2 3 4 6 5 4 3 2 1 6 5 5 2 6 3 8 7 16 13 1 2 3 4 1
X A A B B C

PQ AB PM PF
18 14 12 CPL A 11 X Y 28 4 2 10 33 7 30 5 3 6 34 19 9 29 31 36
18 18
9 9 B
4 2 11
F-12 F-13 F-37 F-53 F-49

R01
7,5A 7,5A 7,5A 10A 5A 19 19

BATERIA
13 13
MODE -

G033
MODE +/MODE

8 8
NBC
1 12 2 3 50 52 51 39 12 5 28 9 8 18 6 12 INTERR. DO
AH AV LN PAINEL CENTRAL

Fonte: Fiat Group Automobiles (2014)


Figura 28 - Esquema elétrico automotivo
G002 G012

POSTERIOR 4 3
PARA-CHOQUE 4 3X

U061

U060X

6 9 4 14 2 1 13 3 1 4 2 2 4 1 3 6 9 4 14 2 1 13
STOP STOP
1 2 1 2 1 2 1 2

M M

G001 FAROL ESQUERDO LANTERNA G041 LANTERNA G022 G001 FAROL DIREITO LUZ DE PLACA LUZ DE PLACA LUZ DIREÇÃO LUZ DIREÇÃO
ESQUERDA DIREITA ESQ. DIR. LATERAL ESQ. LATERAL DIR.
Luiz Meneghel (2014)
8 Esquemas Elétricos
71
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
72

Agora imagine como pode se tornar difícil realizar um diagnóstico, ou mesmo


a reparação de um sistema sem a utilização do um esquema elétrico apropria-
do. Seria necessário veririficar diversos componentes, e ainda checar por onde os
condutores passam para saber qual é a ligação existente entre os componentes.
Os circuitos estão interligados e ao mexer em um deles você poderá compro-
meter o funcionamento de outro. Sem um esquema elétrico do sistema para lhe
orientar, mesmo a substituição ou conserto de uma lâmpada pode ser confuso,
pois os circuitos são todos bastante complexos, e poderia ser bem difícil chegar a
uma conclusão sobre o que causou o problema.

Para ter mais informações sobre as codificações dos esquemas


elétricos veiculares, faça uma busca da palavra-chave na inter-
SAIBA net, por exemplo: norma DIN 72552. Lá você descobrirá que as
MAIS normas DIN orientam sobre o cálculo de cabos para sistemas
elétricos de veículos, por exemplo. Não fique com dúvidas.
Busque informações em manuais técnicos, livros ou em sites.

É muito útil checar o esquema elétrico para verificar vários outros detalhes
de instalação em um veículo, como saber, onde encontrar uma alimentação po-
sitiva para realizar a instalação de um rádio ou de um vidro elétrico, ou, ainda, a
inspeção do circuito de um sistema de injeção com falha no seu funcionamento.
Jamais deve-se esquecer de verificar de onde se está pegando determinado pon-
to de massa, de onde se está analisando um sinal específico, para que no futuro
não haja problemas com o restante da eletrônica embarcada do veículo. Uma
manutenção feita superfluamente, sem análise dos diagramas, pode acarretar em
muitos problemas posteriores.
Bao (2014)

Figura 29 - Caneta de teste


Fonte: Bao (2014)
8 Esquemas Elétricos
73

Se os diagramas elétricos forem checados a cada serviço, ganha-se tempo e


evita-se muitos transtornos para checar, instalar ou entender o funcionamento de
determinados componentes.
Na eletroeletrônica automotiva, o esquema elétrico de qualquer circuito equi-
vale a uma das ferramentas que será utilizada para fazer o conserto.

8.3 Diagnóstico de Falhas

Com a leitura e a aplicação de esquemas elétricos, é possível diagnosticar um


problema de ordem eletroeletrônica em uma determinado circuito do veículo,
como luzes internas e externas, sistema de injeção entre sensores e atuadores, e
centrais de conforto, por exemplo.
Com o diagrama elétrico do veículo em mãos, você pode analisar vários deta-
lhes e fazer um diagnóstico da falha somente interpretando o diagrama. A partir
dele, você pode testar as alimentações positivas, confirmar se os pontos de massa
estão adequados e funcionais e pode ver quais são os componentes instalados
nos sistemas.

CASOS E RELATOS

O carro de Pedro
Pedro, reparador na Oficina Dois Irmãos, recebeu um veículo que, segun-
do o relato do dono, quando passava por um buraco ou trafegava por
uma via que causava muita trepidação, o carro ficava sem aceleração e
até chegava a desligar.
Pedro suspeitou que o problema poderia ser de mau contato no chicote
do veículo. Também levantou a hipótese de que poderia ser o sensor de
rotação, alguma falha na bomba de combustível, ou até mesmo falha nas
alimentações da central de injeção eletrônica.
Com o diagrama elétrico do carro em mãos, Pedro iniciou a análise do
sensor de rotação e com o carro ligado, mexeu no chicote do sensor para
ver se apresentava mau contato, mas não apresentou problema. Na se-
gunda análise checou as alimentações do módulo de injeção eletrôni-
ca e ao analisar o diagrama, Pedro, verificou as alimentações positivas
e negativas da central e encontrou o defeito: ao mexer o chicote, notou
que havia um mau contato em um dos pontos de massa que chegavam
à central de injeção.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
74

E foi a partir do problema apresentado por este carro, que Pedro se deu
conta de quão importante era o diagrama elétrico. Pois, com o diagrama
nas mãos, pode visualizar os circuitos como um todo e, finalmente con-
seguiu descobrir onde estava o problema.

Recapitulando

Você estudou nesse capítulo, a importância de aprender a ler e interpre-


tar corretamente o diagrama elétrico para fazer uma manutenção da par-
te eletroeletrônica do veículo. Viu, também, como é importante conhecer
a simbologia e a linguagem aplicada aos circuitos elétricos, assim como
as formas de utilização do esquema elétrico, que deve ser usado não ape-
nas para lidar com casos mais complexos de diagnóstico, mas até com
casos de falhas aparentemente mais simples.
Você aprendeu, ainda, que um diagrama elétrico não é último recurso e
sim uma ferramenta básica, para utilizar toda vez que vai fazer um reparo
na parte elétrica do veículo. Por fim, compreendeu que o profissional que
soma seu conhecimento e experiência com a informação técnica - neste
caso específico, com os diagramas elétricos – consegue chegar, de forma
mais simples, rápida e objetiva, a um diagnóstico seguro e preciso, dos
problemas eletroeletrônicos do veículo.
Não vale a pena ficar horas tentando “traçar” um esquema elétrico men-
tal para resolver um problema, e ainda correr o risco de não conseguir
resolver com sucesso o problema, se há diagramas elétricos específicos
à disposição para os circuitos e sistemas elétricos de todos os carros no
mercado. Ao utilizar um diagrama elétrico, você otimiza seu trabalho.
8 Esquemas Elétricos
75

Anotações:
Rede CAN

A rede CAN, aplicada a um veículo, pode passar diversas informações na rede de várias cen-
trais diferentes, tais como: temperatura do motor, velocidade do veículo, pressão do óleo, tem-
peratura externa do veículo. Mas como ela faz isso somente utilizando dois fios?
Essa é uma pergunta que acaba confundindo muito profissional da área de manutenção
automotiva. As perguntas são muitas: Como funcionam os sistemas? Como se testa um com-
ponente? Por isso, neste capítulo relacionado à Rede CAN, você estudará seu funcionamento,
entenderá como é feita a comunicação entre as centrais eletrônicas do veículo em seus dois
fios, denominados, respectivamente, linha CAN High e linha CAN Low, ou seja, linha CAN alta e
linha CAN baixa, que ainda pode levar nomenclaturas diferentes, conforme a aplicação da rede
de dados pela montadora e tipo de velocidade da rede aplicada como; CAN Bus, CAN, VAN,
Ve.N.I.C.E., Ve.N.I.C.E Plus, Nano Florence, entre outras.
Além disso, você aprenderá a analisar um circuito da linha CAN testando sua tensão durante
a transmissão de dados para saber se a linha é CAN_H ou CAN_L, e checar as prioridades de
velocidade de cada uma delas e as possíveis falhas no seu funcionamento.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) identificar os tipos e características da Rede CAN;
b) compreender a função e o funcionamento da Rede CAN;
c) correlacionar os componentes e seu funcionamento na Rede CAN.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
78

9.1 Tipos e Características

A Rede CAN pode ser aplicada aos mais diversos circuitos, desde circuitos de
máquinas industriais até circuitos de automóveis, aviões, navios e tudo mais que
adotar o conceito de eletrônica embarcada e de centrais de controle eletrônico.
A comunicação entre as centrais pode ter diferença de velocidade. Uma central
de conforto, como o acionamento dos vidros elétricos, do rádio e da iluminação
interna pode, por exemplo, ser operado com um barramento CAN de baixa velo-
cidade de comunicação, com base na norma ISO11519-2 em torno de 10Kbps a
125Kbps. Por outro lado, uma central do ABS, de gerenciamento do motor, air-
bag que precisa se comunicar com outras centrais com maior velocidade, exige
muito mais prioridade na comunicação e, por fazer parte de um gerenciamento
de extrema importância para a segurança do condutor, tem que funcionar em
uma velocidade muito mais elevada que vai de 125Kbps a 1Mbps junto à norma
ISO11898.
Esse sistema de comunicação e entrelaçamento de dados tem por objetivo
transferir informações de uma central eletrônica para outra por meio de dados
binários usando protocolo CAN.
Existem ainda outras redes de comunicação de dados que utilizam
protocolos CAN, ISO e LIN, responsáveis por comunicações de baixa ve-
locidade e, principalmente, de diagnóstico entre centrais, via conector de
diagnósticos, com a utilização de um aparelho de diagnóstico, na grande
maioria aplicada aos veículos, conhecida como linha K. A linha LIN leva um
custo barato para implementação e velocidade de no máximo 20Kbps, mas
não é usada em grande escala como a linha K.

Você sabia que os veículos a Diesel mais atuais, que


utilizam padrões de emissões denominados “Euro
05”, possuem sensor de NOX que faz a verificação
CURIOSIDADE dos gases na queima? E que essa comunicação se
dá somente através de linha CAN com a central ele-
trônica de controle de combustível?

9.2 Função

Como você deve imaginar, a função da Rede CAN é eliminar aquele emaranha-
do de fios que atravessa o veículo de ponta a ponta. Sem a linha CAN, um veículo
com várias centrais de gerenciamento poderia levar em sua carroceria até 4 mil
metros de condutores, sendo que hoje o mesmo veículo, até com mais opcionais,
9 Rede CAN
79

leva em torno de 1,5 mil metro. A partir da criação e desenvolvimento da Rede


CAN, um veículo com uma central de controle tem apenas os dois fios - Can High
e Can Low interligando essas centrais eletrônicas. Essas duas linhas de comunica-
ção da Rede CAN transferem informações como controle da lâmpada da bateria,
lâmpada de injeção, temperatura do motor, rotação, velocidade, e muito mais,
como falhas do sistemas.
Vale ressaltar que em alguns veículos há mais de um tipo de Rede CAN: a de
alta velocidade e a de baixa velocidade, como já citado anteriormente. A Rede
CAN tem a função específica de transmitir as informações de central para central,
indiferente do tipo de informação para atuação de determinado sistema, diag-
nóstico ou leitura.
Conheça, a seguir, o funcionamento da Rede CAN, parte do seu protocolo de
comunicação e outras particularidades.

9.3 Funcionamento

Os dados são repassados por uma tensão de referência específica que conse-
gue identificar os bits dominantes e recessivos, os bits 0 e 1 são enviados a cada
central para o barramento da linha CAN. Estes sinais possuem intervalos de tem-
po regulares e conhecidos, para que não haja confusão na informação.
Não há como negar que o sistema de Rede CAN é um sistema inteligente. O
ponto mais forte desse sistema de transmissão de dados CAN é a capacidade que
ele tem de verificar qual é a informação de maior prioridade, para interromper,
se for preciso, a informação de menor prioridade e iniciar a transmissão de maior
urgência a partir daquele momento, sem que para isso tenha que reinicializar a
transmissão dos dados.
No sistema de transmissão CAN há algumas variações de tipos, como as que
contêm de 1, 2 e até 4 fios. A grande maioria dos veículos apresenta o sistema de
1 e 2 fios; a de 1 fio leva o nome de CAN também, mas usa protocolos ISO 9141
e LIN. É mais característica de veículos como a linha K LIN e L, de diagnóstico
de baixa velocidade e transmissão de dados individuais; a de 2 fios, chamadas
de Can High e Can Low, ou apenas Can_H e Can_L, que usam protocolo CAN de
dados, suprem demandas de alta e baixa velocidade. Estas são mais típicas em
automóveis das linhas de comunicação de alta velocidade que requerem centrais
de gerenciamento com aplicações mais complexas e sistemas de conforto inte-
grados.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
80

Linha K – 9,6 kbits/s

LIN 1 a 20 kbit/s
ABS Câmbio Motor

UC
bomba
CAN CAN de tração 500 kbits/s
de Diagnóstico CAN de Painel 500 kbits/s
Interface Painel de
1 2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12 13 14 15 16 Gateway instrumento
Conector
diagnóstico CAN de conforto 100 kbits/s

Luiz Meneghel (2014)


Portas UC central Climatizador

Figura 30 - Rede bus de dados


Fonte: Rede bus de dados (2014)

Observe na figura da Rede bus de dados as seguintes informações:


• Linha K – Linha de diagnóstico;
• Linha LIN – Sub-rede complementar ao CAN – transmissão de dados e diag-
nóstico;
• CAN de conforto – Usa protocolo CAN com norma ISO de baixa velocidade;
• CAN de tração – Usa protocolo CAN com norma ISO de alta velocidade;
• CAN de diagnóstico – pode usar alta ou baixa velocidade, dependendo da
aplicação do veículo, pode informar ao aparelho de diagnóstico leituras dos
sistemas e avarias.

As montadoras costumam dar seus próprios nomes às li-


nhas CAN nos seus projetos. CAN Bus é o nome que a linha
FIQUE Volkswagen adotou; na Fiat, o sistema chama-se Ve.N.I.C.E,
entre outras derivações, como Nano Florence e Ve.N.I.C.E
ALERTA Plus; na Peugeot e Citroen, ele é conhecido como sistema
Multiplexado para alta velocidade e linha VAN para baixa
velocidade.
9 Rede CAN
81

A linha CAN faz uso ainda da linha CAN 2.0A utilizando identificador de
11 bits com capacidade de transmissão de 2048 mil informações; no entanto,
a linha CAN 2.0B com identificador de 29 bits, sendo onze na primeira par-
te e 18 na segunda, aumenta o tempo de transmissão e a quantidade de
informações para 537 milhões.

RTR ACK
Id������ado� DLC Dados CRC EOF

Paulo Cordeiro (2014)


11 bits 4 bits 0 a 64 bits 15 bits +IFS
start IDE 10 bits
bit

Figura 31 - Quadro de dados CAN 2.0A


Fonte: Guimarães (2014)

SRR RTR ACK Paulo Cordeiro (2014)

Id������ado� Id������ado� DLC Dados CRC EOF


11 bits 18 bits 4 bits 0 a 64 bits 15 bits +IFS
start IDE 10 bits
bit

Figura 32 - Quadro de dados CAN 2.0B


Fonte: Guimarães (2014)

Para identificação pela tensão de transmissão de dados da linha CAN_H e li-


nha CAN_L, pode-se verificar com um multímetro que a transferência de dados
e frequência do sinal é idêntica nos dois fios; a única coisa que será diferente é a
tensão referente a cada BIT, para a linha CAN_L temos em média uma tensão de
1,5 volts e na linha CAN_H a tensão colhida é em torno de 3,5 volts. Verifique, na
sequência, uma imagem dos bits dominantes e recessivos que passam pelos fios
de comunicação.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
82

VCAN_H 3.5 v

Vdiff = 2.0v

V CAN_L 1.5 v

Recessivo Dominante Recessivo

Paulo Cordeiro (2014)


Tempo

Figura 33 - Valor de tensão de comunicação protocolo CAN


Fonte: Guimarães (214)

Vale ressaltar que durante uma transmissão de dados por determinada cen-
tral, essa será transmissora e as outras ouvintes, conforme prioridade de transfe-
rência da informação.
A seguir, conheça os componentes da Rede CAN, entre eles, o barramento.

9.4 Componentes

A implementação da linha CAN no sistema é feita por alguns componentes


que ficam dentro e fora da central de gerenciamento, ou seja, alguns são com-
ponentes internos e outros são os componentes externos, cada qual exercendo
funções específicas do veículo.
Lembre-se, a Linha CAN é constituída de centenas de centrais eletrônicas de
gerenciamento, conforme o veículo. As mais aplicadas são as centrais de injeção,
a do ABS, a do painel e a do Airbag.
9 Rede CAN
83

SAIBA Acesse o site <http://www.alfatest.com.br/noticias/


multiplexagem.html> e conheça mais sobre o sistema de
MAIS comunicação linha Can e o protocolo de dados.

O painel de instrumentos, na figura a seguir, funciona simultaneamente como


uma central de gerenciamento eletrônico e como um Gateway. O Gateway é res-
ponsável no sistema por fazer o gerenciamento da linha CAN, podendo receber
informações de alta e baixa velocidade para que depois possa fazer os trabalhos
necessários, conforme solicitações e necessidades do sistema. E, observando-a
atentamente, você pode notar que nas extremidades do barramento CAN há dois
terminadores, que são dois resistores de aproximadamente 120Ohms cada. Esses
resistores têm por finalidade equilibrar e multiplicar o sinal elétrico gerado pelas
centrais para que o funcionamento do sistema seja perfeito. Em determinados
sistemas, os resistores podem estar alocados internamente nas centrais de geren-
ciamento ou no conector do chicote elétrico. Como a linha CAN faz uso de dois
fios de transmissão dos dados, geralmente entrelaçados para evitar interferên-
cia eletromagnética. Na falta de transmissão de dados em um dos fios, seja ele
CAN_H ou CAN_L, dependendo do sistema pode interromper toda a transmissão
de dados e, em outros sistemas, pode continuar funcionando, trabalhando assim
um fio como backup do outro.

Controle Central de
do motor travas
Alta
velocidade Painel de Baixa velocidade
instrumentos
Terminador Terminador
Luiz Meneghel (2014)

ABS A/C Vidro elétrico

Figura 34 - Funcionamento do Gateway


Fonte: Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (2014)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
84

CASOS E RELATOS

Instalando um DVD automotivo


Certo dia, ao encontrar-me com Felipe, que é o mecânico e responsável
técnico para assuntos de eletroeletrônica veicular, na Oficina Auto Mecâ-
nica e Elétrica Silva, ele me contou que recebeu em sua oficina um veícu-
lo, ano 2009, com diversas avarias na iluminação, limpadores de parabri-
sa, setas, painel e rádio. Enfim, os componentes relacionados ao sistema
de conforto do veículo.
Ao perguntar para o cliente sobre o histórico do veículo, para ver se des-
cobria o que poderia ter causado essa pane no sistema de conforto, o
cliente relatou que o problema começou depois da troca do rádio origi-
nal por um DVD. Como Felipe já tinha mais experiência na área, iniciou o
seu diagnóstico pelo DVD, pois havia uma boa chance do problema estar
relacionado a um erro na instalação.
Ao retirar o DVD para checar o trabalho realizado, constatou que os fios
do barramento da linha CAN estavam cortados e isolados. Em questão de
minutos detectou a falha do sistema e verificou que a pessoa que insta-
lou o DVD não refez o circuito de forma correta, o que acabou por causar
um circuito aberto na linha CAN, que interrompeu a transmissão dos da-
dos da CAN_H e da CAN_L.
Felipe refez a instalação do DVD de forma adequada e deixou seu cliente
satisfeito em poder usar seu novo sistema de som e a câmera de ré, que
fazia parte do aparelho para auxiliá-lo a estacionar.
9 Rede CAN
85

Recapitulando

Nesse capítulo, você estudou sobre o funcionamento da linha CAN


em veículos automotores e viu que a Rede CAN pode ter uma linha
de baixa velocidade e uma de alta velocidade de transmissão de
dados. Por meio das figuras apresentadas, percebeu que o sinal de
uma é o espelho da outra, ou seja, que a linha a CAN_H é espelho
da CAN_L. Você conheceu, ainda, os componentes que processam
as duas velocidades, além de entender que as instalações no siste-
ma, dependendo de como são feitas, podem afetar gravemente o
circuito. Finalmente, você estudou os componentes que integram
o barramento CAN e os tipos de informações que transitam entre
as centrais.
Você aprendeu, também, que graças à invenção da Rede CAN, a
eletroeletrônica automotiva conseguiu reduzir os emaranhados de
condutores que podiam ser encontrados nos veículos, diminuindo
a fiação a basicamente duas linhas, a CAN alta ou High, e a CAN
baixa ou Low. O resultado disso é a otimização do sistema, redução
de fios e custos na produção, e a complementação dos sistemas
elétricos com várias outras centrais de gerenciamento eletrônico,
que trazem, além de mais conforto e segurança ao motorista, mais
economia e respeito pelo meio ambiente.
Ordem de Serviço

10

Em uma oficina mecânica, observa-se a necessidade de criar algum tipo de registro do pe-
dido, ou das necessidades do cliente, para facilitar a organização e o atendimento das neces-
sidades apontadas. Uma Ordem de Serviço (OS) é um excelente exemplo de documento para
registrar informações como dados do cliente, do veículo, do serviço a ser realizado, das peças
que serão usadas nesse serviço e, outras informações e detalhes que ajudem a conseguir um
resultado final que atenda a expectativa do cliente.
Neste capítulo, você aprenderá a elaborar uma Ordem de Serviço e a fazer a coleta dos da-
dos. Além disso, você verá como fazer de forma coerente a interpretação dessa ordem e o regis-
tro final das informações ali inseridas.
Você estudará, também, o Tempo Padrão de Mão de Obra (TPMO), e realizará um orçamento
para o cliente, com informações precisas e necessárias para a realização dos trabalhos.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) interpretar as informações fornecidas pelo cliente;
b) correlacionar as informações fornecidas com as anomalias apresentadas;
c) reconhecer a necessidade de dedicação de mão de obra para o serviço a ser realizado;
d) compreender os aspectos referentes a elaboração de orçamentos.
Bons estudos!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
88

10.1 Elaboração

Você já parou para analisar como você é recebido em uma oficina mecânica
ou como você recebe seus clientes na sua empresa? Geralmente, é realizada uma
entrevista inicial que gera um documento com as principais informações sobre o
veículo do cliente, bem como, seus relatos referentes a falhas ou avarias. A esse
documento inicial dá-se o nome de Ordem de Serviço.
O profissional que faz a coleta dos dados e o preenchimento da Ordem de
Serviço deve ter muita atenção na conversa com o cliente e anotar corretamente
as considerações que ele venha a fazer.
É importante elaborar, detalhadamente, a Ordem de Serviço e documentar
todos os apontamentos realizados. Desta forma, o profissional que for realizar o
serviço terá certeza do pedido do cliente. Devem constar na Ordem de Serviço as
seguintes informações:
• Nome do funcionário
• Dados completos do cliente, tais como nome, endereço e telefone para con-
tato
• Atividades desenvolvidas
• Procedimentos a serem desenvolvidos (Prazos de entrega e serviços a serem
realizados)
• Assinaturas (cliente e profissional) e data de emissão do documento
Observação: As Ordens de Serviço devem ser feitas, tendo em vista, o melhor
mapeamento dos riscos, melhor fator de conscientização do funcionário e melhor
documentação.
Em algumas empresas, foi adotado o modelo eletrônico, que dispensa o pre-
enchimento manual. A OS é feita diretamente no computador da oficina. Além de
ser mais rápido, não há desperdício de papel, pois as OS são impressas conforme
as requisições dos clientes. Os dois assinam (cliente e mecânico) e se dá continui-
dade ao serviço.

As Ordens de Serviço em papel foram, em sua


maioria, substituídas por ordens de serviços eletrô-
CURIOSIDADE nicas. Deste modo, em uma conversa rápida com o
mecânico o cliente esclarece a necessidade de ma-
nutenção ou revisão do seu veículo.

Um passo essencial no momento de preencher uma OS é a coleta de dados de


forma correta e considerações do cliente, esse assunto você estudará em seguida.
10 Ordem de serviço
89

10.2 Coleta, Interpretação e Registro de Informações

A coleta de dados, tanto do veículo quanto do cliente é muito importante,


principalmente para o mecânico que vai trabalhar no veículo, pois sem essas in-
formações fica difícil para o profissional saber a queixa do cliente.
Inicie anotando os dados do cliente, como o nome, telefone, endereço eletrô-
nico, endereço e logo pergunte sobre o motivo que o traz até a empresa. Quando
relatado uma anomalia, questione sobre as condições de ocorrência da mesma.

FIQUE Em uma Ordem de Serviço deve conter toda e qualquer


informação que possa ser pertinente ao diagnóstico da
ALERTA anomalia, ou ainda sua eficaz reparação.

Procure sempre identificar as condições de uso do veículo, as condições que


as anomalias ocorrem, e quais as necessidades que o cliente demonstra para seu
veículo. É importante que na ordem de serviço todas as informações estejam mui-
to evidentes, pois esse documento é um registro de passagem do veículo pela
empresa, e diversos profissionais podem necessitar dessas informações.
Veja a seguir como é determinado o tempo de mão de obra para os serviços
em um oficina de reparação.

10.3 Tempo Padrão de Mão de Obra (TPMO)

A cronometragem é o método mais empregado no setor automobilístico e


de reparação quando se trata de concessionárias. O objetivo é medir a eficiência
individual de cada profissional da rede. Essa metodologia continua sendo muito
utilizada para estabelecer padrões para a produção e custos industriais e de mão
de obra em diversas empresas de repação automotiva.
Cada empresa tem seu jeito de fazer suas tomadas de tempo e determina um
valor referente ao seu custo de trabalho e sua obtenção de lucro.
O mais importante é ter uma estratégia de funcionamento e determinação do
valor e do tempo de mão de obra par cada serviço a ser realizado.

Você sabia é possível obter um programa básico de teste


para formulação de Ordens de Serviço?
SAIBA
MAIS Faça um teste gratuitamente pelo seguinte site: <http://
ultradownloads.com.br/download/Ordem-de-Servico-
Oficina-Mecanica-Carro-Vendas-Financeiro/>.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
90

Você estudou a elaboração e coleta de dados do veículo e do cliente e como


funciona o Tempo Padrão de Mão de Obra (TPMO). A seguir, você verá como ela-
borar um orçamento coerente, que resolva não só o problema do cliente, mas
que possibilite a realização de um bom trabalho de conserto do veículo.

10.4 Orçamento de Mão de Obra

O orçamento de mão de obra deve ser um descritivo detalhado, pelo fato de


que o profissional reparador tirará dali todas as informações que necessita para
realizar da melhor maneira seu trabalho.
Um orçamento coerente e bem feito deve ser elaborado com total comuni-
cação com o cliente, de modo a deixar claro todos os tipos de serviços e mão de
obra a serem realizados no veículo.
Uma prática comum nas empresas de reparação é que esse orçamento seja
feito pelo próprio mecânico. Assim, o reparador analisa os sistemas do veículo,
e determina os serviços a serem realizados, para que então seja acordado com o
cliente sobre a execução destes. Depois do orçamento aprovado pelo cliente, o
profissional deve providenciar as peças a serem substituídas, e executar o serviço.

CASOS E RELATOS

O carro novo de Marcela


Marcela comprou um veículo zero quilômetro e após rodar os primeiros
10.000 km, verificou que se aproximava a primeira revisão, mas notou
também que seu veículo apresentava um barulho estranho, que ela não
tinha percebido até então.
Levou seu veículo à concessionária no dia agendado e conversou com o
mecânico que iria fazer a revisão. Informou ao profissional, que preenchia
a Ordem de Serviço, que seu veículo estava apresentando um barulho
estranho no painel, logo à frente do motorista e pediu que ele verificasse
o motivo.
Após realizar a OS, mecânico foi analisar o que causava o barulho. Verifi-
cou, então, que o carro de Marcela apresentava o mesmo problema que
outros veículos do mesmo lote que ele já havia atendido e, logo conse-
guiu solucioná-lo.
10 Ordem de serviço
91

Tendo em vista que o profissional já havia atendido outros veículos com


o mesmo problema e registrado a queixa do cliente na OS, foi mais fácil e
rápido identificar o problema. Por isso, Marcela saiu muito satisfeita com
o serviço prestado e a agilidade do profissional, além do atendimento
recebido.

Recapitulando

Nesse capítulo, você aprendeu a realizar uma Ordem de Serviço com-


preendendo suas características para coletar os dados mais importantes
para facilitar o diagnóstico do veículo.
Você viu, também, que o tempo padrão de mão de obra, e o tempo para
o serviço são calculados em horas de serviço. Independentemente se o
serviço a ser realizado durará 50 minutos ou 1h 10min, nesse caso é co-
brado 1h de serviço. Nesse tempo tudo é avaliado: não só se o veículo
ficou bem revisado, mas se o profissional também desempenhou bem
suas funções como mecânico, como cidadão, se cuidou do ambiente de
trabalho, se foi organizado, se prezou pela organização em geral da ofici-
na e os cuidados com o veículo do cliente, o respeito com os colegas, com
o cliente e seu patrimônio. Esses aspectos são muito importantes para o
trabalho em equipe, tema do próximo capítulo.
Trabalho em Equipe e
Administração de Conflitos

11

Você já viveu situações nas quais dependeu de um colega para ajudar a realizar seu traba-
lho? Já enfrentou problemas de comunicação, de organização, ou de convivência que criaram
conflitos, brigas, discussões? Se sua resposta a uma dessas perguntas foi sim, não se preocupe.
Isso acontece com muita frequência, principalmente no ambiente de trabalho.
Até algum tempo atrás, o importante era que um mecânico, por exemplo, soubesse fazer
um bom diagnóstico e que fosse muito bom na manutenção no motor do carro. Entretanto,
atualmente as habilidades para lidar com outras pessoas, trabalhar em equipe, administrar con-
flitos e se organizar são consideradas importantes para manter o ambiente de trabalho saudá-
vel e mais produtivo. Por isso, essas habilidades estão sendo cada vez mais valorizadas e têm se
tornado o diferencial dos bons profissionais.
Neste capítulo, você conhecerá as competências envolvidas no trabalho em equipe e as for-
mas de lidar com conflitos no ambiente profissional. Deste modo, será possível criar um clima
de trabalho mais positivo, criativo e produtivo.
Ao final do capítulo, você terá subsídios para:
a) demonstrar espírito colaborativo em atividades coletivas;
b) demonstrar atitudes éticas nas ações e nas relações profissionais;
c) reconhecer os princípios da organização no desenvolvimento das atividades sob a sua
responsabilidade;
d) demonstrar organização em relação aos próprios materiais e no desenvolvimento das
atividades.
Preparado para seguir em frente? Então, vamos lá!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
94

11.1 Responsabilidades Individuais e Coletivas no Trabalho

Foi no século XX que Henry Ford (o mesmo Ford, dono da montadora de car-
ros que você vê rodando pelas ruas até hoje) transformou o mundo da fabricação,
implantando a chamada produção em série. A produção em série se define pela
divisão de trabalho em tarefas menores e pelo fato de diversos trabalhadores per-
manecerem alinhados em frente a uma esteira, realizando uma etapa, uma tarefa
específica para a produção de um determinado produto. Desse modo, com a me-
canização somada à divisão de trabalho tornou-se possível produzir muito mais
em menos tempo.

Pouco antes de 1ª Guerra Mundial uma fábrica


automobilística produzia, por ano, entre 6 a 10 mil
CURIOSIDADE automóveis, e no ano de 1914, com o modelo de
produção em série de Ford, foram fabricados 248
mil automóveis (KURZ, 2004).

Assim, o trabalho passa a não ser mais artesanal e se baseia na indústria, uma
organização formada por “um conjunto de pessoas que atuam juntas em uma
criteriosa divisão de trabalho para alcançar um propósito comum” (CHIAVENATO,
2000, p. 24).

FIQUE Em uma organização, o resultado do trabalho não depen-


de apenas de uma pessoa, mas do conjunto de atividades
ALERTA realizadas por diversas pessoas.

É comum que as pessoas pensem: “Meu trabalho não é tão importante assim,
apenas faço a limpeza”, ou “Só opero a máquina”, ou então: “Apenas atendo os
clientes”. Nesse caso, busque informações sobre a Missão, a Visão e os Valores da
empresa. Na Missão, a empresa apresenta o motivo de sua existência, qual é sua
função, a razão pela qual está funcionando. Por exemplo: “Prestar assistência téc-
nica automotiva de qualidade em qualquer momento e lugar”.
A Visão representa aonde ela quer chegar, qual é seu objetivo, o que quer al-
cançar no futuro, como: Ser a maior oficina de assistência técnica da cidade. Os
Valores são os princípios da empresa, aquilo que ela considera importante, tais
como: Eficiência no serviço; Excelência no atendimento ao cliente; Qualidade das
peças e materiais utilizados; Comprometimento dos colaboradores. Nesse senti-
do, todos os colaboradores, com suas tarefas, são responsáveis por cumprir suas
11 Trabalho em Equipe e Administração de Conflitos
95

responsabilidades, contribuir para que o colega também cumpra as suas, e assim


fazer com que a empresa possa cumprir a sua Missão, ou seja, alcançar sua Visão
e agir de acordo com seus Valores.

BartekSzewczyk [(20--?])

Cada um dos colaboradores que atuam em uma empresa são peças funda-
mentais para ela tenha sucesso ou fracasso. Caso exista alguma falha, o produto
final ou serviço prestado fica comprometido. Por isso, o próximo assunto a ser
estudado é de suma importância, trata-se do trabalho coletivo.

11.2 Trabalho Coletivo

Você já sabe que nas empresas não se trabalha sozinho. Seu trabalho depende
de outras pessoas e outras pessoas dependem do seu trabalho.
Você faz parte de diversos grupos durante sua vida.
Os grupos formais são aqueles definidos pela estrutura da organização de
uma empresa, na qual cada pessoa possui trabalho, atribuições e tarefas especí-
ficos. Existem regras de comportamento a serem cumpridas e todos estão juntos
para alcançar os objetivos e metas estabelecidos pela empresa.
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
96

1 Sinergia No entanto, existem também os grupos informais. São aqueles formados por
pessoas que têm afinidade entre si. Eles surgem espontaneamente a partir das
Associação simultânea
de vários fatores que relações entre as pessoas e se formam em virtude de amizades e de interesses
contribuem para uma comuns.
ação coordenada. Ação
simultânea, em comum.

Paul Sutherland [(20--?])

Para que o trabalho em grupo ocorra da melhor maneira possível, existem al-
guns aspectos que devem ser observados:
• Papéis - são o conjunto de padrões comportamentais (ações e atitudes) que
se espera de alguém que ocupa determinada posição na empresa.

É interessante que as atribuições de papéis profissionais


FIQUE sejam, inclusive, documentadas em forma de instruções,
ilustrações, manuais etc. para que fique claro para todos
ALERTA os envolvidos no grupo quais são as suas responsabilida-
des individuais.

Dessa forma, evita-se que duas pessoas façam a mesma coisa, ou que exista a
chamada “preguiça social”, que ocorre quando alguns membros do grupo tiram
proveito do anonimato e não realizam suas tarefas.
11 Trabalho em Equipe e Administração de Conflitos
97

• Normas - são padrões aceitáveis de comportamento, que são compartilha-


dos por todos os membros do grupo. As normas dizem aos membros o que
eles devem ou não fazer em determinadas circunstâncias.
• Tamanho – tem relação com a quantidade de pessoas que fazem parte do
grupo. Esse tamanho deve ser bem dimensionado, de acordo com a quanti-
dade de tarefas que precisam ser realizadas para se alcançar o objetivo em
determinado tempo.
• Coesão - é a união, o quanto os membros estão motivados a permanecer no
grupo e contribuir. Quanto mais o grupo é coeso, maior é a produtividade. As
pessoas que trabalham em grupo nas empresas tendem a ter uma postura
reativa, ou seja, esperam as ordens, tarefas e regras a serem seguidas.
O trabalho em equipe, por mais que pareça sinônimo de trabalho em grupo,
não é. A equipe é formada intencionalmente por pessoas que apresentam habi-
lidades e experiências diferentes e complementares entre si. São formadas para
atingir um objetivo específico, criando a sinergia1 dos esforços coletivos. Por isso,
o trabalho em equipe exige, de seus participantes, atitudes diferentes do trabalho
em grupo. Seus membros tendem a ser proativos, propor soluções aos proble-
mas, realizar planejamentos de forma coletiva, comunicar-se e buscar a colabo-
ração, ou seja, há disposição de ajudar uns aos outros quando necessário, para o
alcance dos objetivos.
Veja o quadro a seguir, que apresenta as diferenças entre o trabalho em grupo
e o trabalho em equipe:

ASPECTO GRUPO EQUIPE


Sempre ocorre, em relação à tarefa.
Ocorre, mas nem sempre tem o foco
Comunicação É vital para a criação e o desenvol-
na tarefa a ser realizada
vimento
É autogerida, ou seja, é discutida
É bem delimitada e realizada pela por todos e pode ser modificada
Divisão de tarefas
liderança ou chefia de acordo com as necessidades da
equipe
Habilidades Aleatórias e variadas Complementares
São apresentadas pela liderança ou São determinadas com a participa-
Normas
chefia ção de todos os membros da equipe
Compromisso
Objetivos são individuais Objetivos são coletivos
com objetivos
Quadro 1 - Diferenças entre o trabalho em grupo e trabalho em equipe
Fonte: do Autor (2014)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
98

11.3 Tipos e Características de Conflitos

As competências de lidar com as pessoas no ambiente de trabalho estão sen-


do cada vez mais requisitadas, em qualquer que seja a profissão. Ter habilidade
nas relações pessoais e de trabalho é importante para evitar e resolver os confli-
tos, mantendo saudável e produtivo o ambiente de trabalho.
Os conflitos são produto da diversidade de pensamentos, sentimentos e ações
das pessoas. Os conflitos podem ser de vários tipos:

Con�itos de Tarefa

São con�itos que estão relacionados ao conteúdo e aos objetivos do


trabalho. Por exemplo: a auxiliar de serviços gerais será dispensada e
todos os mecânicos devem realizar a limpeza do próprio ambiente de
trabalho, e alguns mecânicos não concordam.

Con�itos de Relacionamento

São aqueles con�itos que aparecem a partir das relações interpessoais,


ou seja, ocorrem quando uma pessoa não gosta de seu colega de
trabalho, ou então não concorda com o jeito da pessoa fazer algo.

Con�itos de Processo

São con�itos originados no jeito de fazer as tarefas. Por exemplo: há


Luiz Meneghel (2014)

uma reunião para apresentação dos novos procedimentos de trabalho


a serem adotados e alguns membros da equipe não concordam com
esses procedimentos.

Figura 35 - Tipos de conflito


Fonte: do Autor (2014)

Os conflitos podem ser funcionais (que contribuem


para melhorar o desempenho do grupo e equipe),
CURIOSIDADE ou disfuncionais (que atrapalham a produtividade
dos grupos e equipes, pois produzem mais proble-
mas entre os membros).
11 Trabalho em Equipe e Administração de Conflitos
99

Segundo Robbins (2010), existem cinco estágios pelos quais os conflitos pas-
sam. Veja cada um dos estágios detalhadamente:
• Incompatibilidade – é a discordância existente entre duas ou mais pessoas.
A incompatibilidade pode surgir por variáveis pessoais.
• Percepção e Emoção – é o momento em que as pessoas evolvidas perce-
bem que o conflito está ocorrendo. A partir dessa percepção, surgem as
emoções e sentimentos, que, de maneira geral, são negativos, tais como rai-
va, angústia, medo, entre outros.
• Definição das estratégias para resolução de conflitos – decisões de agir
de determinada maneira. As estratégias podem ser:

Evitar

Quando as partes envolvidas percebem que o con�ito existe, mas buscam


ignorá-lo, “deixar para lá”.

Acomodar-se

Busca-se a manutenção das relações de forma harmoniosa. É quando uma


das partes sacri�ca seus interesses para que a outra parte saia satisfeita,
“a opinião do outro é que importa”.

Competir

Quando uma pessoa assume essa estratégia, ela busca satisfazer seus
próprios interesses, sem pensar na outra pessoa envolvida. O que importa
é que ela ganhe e a outra pessoa perca.

Conceder

Dessa forma, as duas partes se comprometem a “abrir mão de algo”, ou seja,


sair perdendo em algum aspecto, em prol da resolução do problema.
Há uma solução parcial dos interesses e necessidades das partes.

Colaborar
Luiz Meneghel (2014)

Quando as duas partes envolvidas no con�ito buscam satisfazer as


necessidades de ambas. Nesse sentido, a intenção é solucionar o
problema existente de forma que as duas partes saiam ganhando.

Figura 36 - Estratégias para resolução de conflitos


Fonte: do Autor (2014)
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
100

• Ações – é o momento em que os conflitos ficam evidentes para as pessoas.


• Consequências – dependendo da estratégia escolhida para lidar com o
conflito e as ações tomadas, as consequências podem ser funcionais ou
disfuncionais. Alguns dos efeitos funcionais dos conflitos são: melhora na
qualidade das decisões, estímulo à criatividade e à inovação, estímulo à au-
toavaliação das pessoas envolvidas no conflito, aumento da flexibilidade e
adaptabilidade das pessoas.

Busque informações sobre Inteligência Emocional no livro:


SAIBA • GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria re-
MAIS volucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de
Janeiro (RJ): Objetiva, 2001.

No momento de lidar com os conflitos, o ser humano tem a tendência de se


deixar levar pelas emoções e não parar para pensar e definir as estratégias para
sua resolução, ou seja, de partir direto para a ação. Dessa forma, não é possível
prever as consequências e atuar sobre elas. Assim, quando se está envolvido em
um conflito, é imprescindível fazer-se algumas perguntas para reflexão:

QUAL é  realmente o problema?

QUEM está envolvido?

O QUE aconteceu?

Desde QUANDO vem ocorrendo?

ONDE aconteceu o desentendimento (departamento,


setor etc.)?

POR QUE ocorreu o con�ito?

Poderia ter sido evitado? Como?


Luiz Meneghel (2014)

O que é possível fazer para tirar proveito do con�ito?


Para que ele tenha consequências positivas?

Figura 37 - Reflexões sobre conflitos


Fonte: do Autor (2014)
11 Trabalho em Equipe e Administração de Conflitos
101

CASOS E RELATOS

A “bagunça” de Paulo
Paulo César Mendes, recém-formado Técnico de Manutenção Automoti-
va, decidiu criar sua própria empresa e chamou seus irmãos Carlos e Luiz
para trabalharem com ele.
A empresa presta serviços de comercialização e recapagem de pneus, as-
sistência técnica de mecânica e serviços de distribuição lubrificantes em
geral.
Devido ao pouco espaço que dispõem para a prestação de serviços, guar-
da da ferramentaria e armazenamento dos produtos que distribui, as fer-
ramentas e outros equipamentos de pequeno porte vivem sumindo.
Apesar de terem o preço baixo em relação ao mercado, a qualidade dos
serviços vem sendo questionada pelos clientes em função do atraso no
prazo de entrega dos veículos reparados, falta de comunicação entre os
irmãos (do atendimento ao diagnóstico) e má qualidade das peças, para
manter o baixo preço.
Após, mais uma reclamação do cliente, agora envolvendo arranhões e
amassados em seu veículo, Paulo acabou percebendo que sua empresa
peca com a organização, divisão de papéis de trabalho, o ambiente não
tem regras, não preza o trabalho em equipe e favorece a ocorrência de
conflitos, e decidiu contratar uma consultoria especializada para orientá-
-lo sobre a organização de seu estabelecimento, divisão de papéis, re-
gras para o atendimento do cliente, além de outros aspectos importantes
para o crescimento de seu negócio., como o trabalho em equipe.
Alguns meses após a consultoria, a empresa de Paulo tornou-se uma ex-
celente prestadora de serviços automotivos e referência no atendimento
ao cliente.

Como você pôde aprender nessa etapa, os conflitos têm diversas causas, mas
há, também, diversas estratégias para que eles sejam sanados. Muitos conflitos
no ambiente de trabalho podem ser resolvidos quando se tem atributos como
organização e disciplina. Veja por quê!
FUNDAMENTOS DE ELETRICIDADE AUTOMOTIVA
102

11.4 Conceitos de Organização e Disciplina no Trabalho

Você já deve ter vivido situações em que não encontrava alguma coisa impor-
tante no seu ambiente de trabalho, porque outra pessoa usou e não devolveu
no local adequado. A organização no ambiente de trabalho pode contribuir para
a harmonia nas relações ou para a intensificação dos conflitos, pode melhorar a
aparência, mas também pode aumentar o tempo de execução das tarefas, pelo
fato de ter de procurar coisas perdidas.
Para manutenção da qualidade no ambiente de trabalho, existe o Programa
5S, criado por Kaoro Ishikawa, na década de 1950, no Japão. Esse programa visa
combater o desperdício, manter hábitos de saúde e segurança, buscar a limpeza,
a organização, trabalhar em equipe e com responsabilidade.
Os 5S são, segundo Barroso (2007):
• Senso de Utilização (SEIRI) – consiste em separar o útil do inútil. Para colo-
cá-lo em prática no trabalho, você deve identificar materiais, equipamentos,
ferramentas, utensílios, informações e dados, separando os necessários e
descartando ou dando a devida destinação àquilo considerado desneces-
sário.
• Senso de Ordenação (SEITON) – envolve o processo de colocar cada coisa
em seu lugar. Deve-se definir os locais apropriados e adotar critérios de faci-
lidade para estocagem, identificação, manuseio, reposição, retorno ao local
de origem após o uso e consumo dos itens mais antigos primeiro.
• Senso de Limpeza (SEISOU) – entende-se que melhor do que limpar é não
sujar. Nesse sentido, o objetivo é eliminar a sujeira ou objetos estranhos para
manter limpo o ambiente (parede, armários, teto, gaveta, estante, piso) com
a família, com os subordinados, com os vizinhos etc.
• Senso de Segurança (SEIKETSU) – busca realizar manutenções regulares.
Assim, no ambiente profissional devem-se manter boas condições sanitárias
nas áreas comuns (lavatórios, banheiros, cozinha, restaurante etc.), zelar pela
higiene pessoal, usar EPI e cuidar para que as informações e comunicados
sejam claros, de fácil leitura e compreensão.
• Senso de Comprometimento (SHITSUKE) - Fazer dos 5S um hábito. Con-
siste em seguir os procedimentos, regras e normas da empresa, buscando
contribuir sempre para a melhoria do ambiente de trabalho com sugestões e
instruindo os colegas com boas práticas. Perceba que os sensos não têm essa
ordem por acaso, estão ordenados de acordo com seu grau de dificuldade
de implementação.
11 Trabalho em Equipe e Administração de Conflitos
103

Engaje-se na mudança de atitude no ambiente de trabalho! Observe sua pos-


tura em relação aos seus colegas, à satisfação que você sente no seu cotidiano de
trabalho, e crie condições para lidar com os conflitos que você vivencia.

Recapitulando

Nesse capítulo, você pôde perceber a importância de cumprir as respon-


sabilidades compartilhadas no trabalho; o impacto que as atitudes têm
no resultado dos trabalhos realizados de forma compartilhada (seja em
grupo ou em equipe); a necessidade de analisar os conflitos vividos e ad-
ministrá-los de forma a obter consequências positivas, além da facilidade
que a implementação de ações de seleção, organização, saúde, limpeza e
disciplina produz nas relações entre as pessoas que compartilham recur-
sos no ambiente de trabalho.
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MINICURRÍCULO DOS AUTORES
Camila Felipe Tonn é psicóloga, graduada pela Universidade do Sul de Santa Catarina, em 2012,
e especialista em Gestão no SENAI/São José. Atua como consultora em Gestão de Pessoas e é
docente nas modalidades de Qualificação, Aprendizagem e Técnico. Possui experiência em De-
senvolvimento de Equipes, Desenvolvimento de Liderança, Descrição e Análise de Cargos, Orien-
tação Profissional e Planejamento de Carreira.

Maicon de Oliveira Pereira é graduado pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSEL-
VI), em 2007, e técnico em Manutenção Automotiva pelo SENAI, em 2013. Atua como consultor
técnico da empresa Doutor-ie Tecnologia Automotiva, desde 2009, no departamento de aten-
dimento técnico a reparadores automotivos para soluções e desenvolvimento de tecnologia da
informação para diagnóstico automotivo.

Rafael Schmitt é técnico em Manutenção Automotiva pelo SENAI, em 2009. Atua como docente
no SENAI/SC – São José na área Automotiva. Possui  experiência profissional na área de Reparação
de Motores, Suspensão, Freios, Embreagem e Injeção Eletrônica.

Sergio Augusto Quevedo Schervenski Filho é técnico em Manutenção Automotiva pelo SE-
NAI, em 2014. É professor conteudista no SENAI/SC – São José onde tem desenvolvido diversos
materiais didáticos para qualificação na área Automotiva. Possui experiência profissional como
mecânico há cinco anos.
Índice

A
Administração de Conflitos 8, 9, 91
Amperímetro 5, 7, 59, 62, 63, 65

C
Cabeamento 7, 9, 51, 52, 57
Capacitores 31, 33, 40
Circuito misto 5, 7, 47, 48
Circuito paralelo 7, 46
Circuitos Elétricos 7, 9, 20, 33, 34, 40, 43, 45, 47, 48, 68, 74
Circuitos em série 7, 43, 44
Componentes Elétricos 7, 9, 31, 33, 45
Condutores 5, 7, 20, 21, 24, 31, 35, 40, 48, 51, 52, 53, 55, 65, 70, 72, 104
Corrente 5, 7, 9, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 24, 32, 33, 34, 35, 36, 38, 39, 44, 45, 46, 47, 48, 52, 62, 63,
65, 68, 103, 105

D
Diagnóstico 8, 27, 67, 70, 72, 73, 74, 79, 81, 87, 89, 91, 99, 107
Diodos 5, 7, 31, 38, 39, 40

E
Eletromagnetismo 5, 7, 9, 19, 21, 23, 24, 25, 28, 34
Esquemas Elétricos 8, 9, 65, 67, 68, 70, 72, 73

F
Fusíveis 5, 7, 31, 36, 40, 62, 65, 69

I
Indutor 5, 7, 33, 34

L
Leis de Kirchoff 7, 19, 20
Leis de Ohm 5, 7, 13, 19, 21

M
Magnetismo 5, 7, 9, 21, 23, 24, 25, 26, 27, 28
Multímetro 5, 7, 15, 59, 60, 61, 62, 65
O
Ordem de Serviço 8, 82, 85, 86, 87, 88, 89
Osciloscópio 5, 7, 59, 64, 65, 103

P
Potência 7, 9, 13, 18, 21, 27, 37, 52

R
Rede CAN 8, 51, 52, 53, 54, 56, 77, 78, 79, 80, 82, 103
Relés 5, 7, 26, 31, 34, 36, 37, 38, 40, 69, 104
Resistência 7, 9, 13, 17, 18, 19, 21, 32, 33, 34, 44, 65, 70, 103
Resistores 5, 7, 16, 20, 31, 32, 40, 48, 81

S
Sinergia 95

T
Tensão elétrica 5, 7, 13, 14, 15, 21, 103
Trabalho coletivo 8, 93
Trabalho em Equipe 5, 8, 9, 89, 91, 95, 99
Transistor 5, 7, 39, 40
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Pinto Morgado


Gerente Executivo de Educação Profissional e Tecnológica

Waldemir Amaro
Gerente

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

SENAI - Departamento Regional de Santa Catarina

Cleberson Silva
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Mauricio Cappra Pauletti


Coordenação Educacional

Karine Marie Arasaki


Coordenação do Projeto

Edilson de Oliveira Caldas – DR/RJ


Edison Bonifácio – DR/PR
Francisco David de Lima e Silva – DR/PA
Marcelo Scarpini de Andrade – DR/RS
Teófilo Manoel da Silva Júnior – DR/SC
Comitê Técnico de Avaliação

Camila Felipe Tonn


Maicon de Oliveira Pereira
Rafael Schmitt
Sergio Augusto Quevedo Schervenski Filho
Elaboração

Roberto Fernando Dusik Machado


Revisão Técnica

Magrit Dorotea Döding


Design Educacional
Luiz Meneghel
Paulo Lisboa Cordeiro
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Carlos Filip Lehmkuhl Loccioni


Diagramação

Carlos Filip Lehmkuhl Loccioni


Revisão e Fechamento de Arquivos

Denise de Mesquita Correa


Revisão Ortográfica e Gramatical

Denise de Mesquita Correa


Normalização

Taciana dos Santos Rocha Zacchi


CRB-14.1230
Ficha Catalográfica

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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