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Doctor Who: O Trigésimo Quarto

Parte 1: Uma Visita


Escrito por: Thiago Alvarenga
Produzido por: Whovian Tv

Som de pegadas em solo de terra. Vento e pássaros ao fundo.


Doutor: Vai, funciona! Funciona coisa ve...

Som de gravador de voz.


Doutor: Ah... ok. Diário de Exílio, dia mil e cinquenta e um. Nenhuma alteração no céu
ou no solo de Ohana. Ontem à noite, após registrar o diário, encontrei um Ehonque
ferido, atacado por algum caçador natural. Sua pata já estava gangrenada. “Há aí uma
escolha a ser feita, Doutor. Faça o que achar melhor.” Disse Ohana. O animal comeu
sua última refeição e já havia dormido quando o executei. Enterrei no mesmo local em
que o encontrei. Após o enterro, dormi. Acredito que o meu sono esteja se regulando ao
fuso-horário de Ohana. Uma curiosidade sobre essa situação, é a capacidade
implacável... o quê?
Som de vento fica mais potente em torno do Doutor, se comunicando.
Doutor: Uma nave?
Vento fica mais forte.
Doutor: Não! Não será necessário. Deixe-a pousar que me direciono ao local e
estabeleço contato. Se for perigo para Ohana, eu mesmo os expulsarei.
O vento perde sua potência.
Doutor: Obrigado, Ohana. Poderia me ajudar a ir até o local de pouso?
Vento volta a ficar intenso.
Doutor: Ehonques? É claro. Seriam eles familiares do ferido de ontem?
Vento soa mais sussurrante.
Doutor: Oh, sim. Entendo. Não contarei. Pode trazê-los, Ohana.
A ventania se desfaz aos poucos.
Som do gravador.
Doutor (Para gravador): Voltando. Uma nave acaba de ultrapassar a atmosfera de
Ohana. Pedi ao planeta que não a atacasse. Estou neste momento aguardando uma
manada de Ehonque para me levar ao local do pouso... Que querem eles em um planeta
tão afastado e hostil? Não deve ser coisa boa... Ah, ok. ehonques chegando! Estarei no
local em minutos.
Uma manada de ehonques se aproxima da posição do Doutor. Suas pegadas são
barulhentas e seus rugidos são ouvidos a quilômetros de distância. Trilha sonora
de horizonte.
Doutor: Aqui! Aqui! Ou!
Pegadas e berros dos ehonques se aproximam cada vez mais.
Doutor: Certo. Em qual eu... oh certo. Obrigado por isso. Deixa só eu me agarrar aqui e
me apoiar bem... (GRITO ASSUSTADO)
Os ehonques começam a correr velozmente. Trilha aumenta novamente.
Trilha reduz. Uma nave está pousando lentamente. Som de jato aproximando-se.
Os ehonques reduzem a velocidade.
Doutor: Pessoal, obrigado. Agora acho melhor se afastarem.
Ehonque ruge forte.
Doutor: Tudo bem, tudo bem. Ou ficam para me cobrir, tanto faz. Só protejam-se. A
qualquer sinal de armas, corram!
Ehonque ruge de forma lenta.
Som do gravador.
Passos do Doutor em solo de terra.
Doutor (Para gravador): Tudo bem. Me aproximo de uma nave desconhecida, um
modelo oval com o número setenta e sete na porta...
Som de jato desaparece lentamente e a nave suspeita pousa.
Doutor (Para gravador): Todos as janelas são escuras. Não consigo visualizar a cabine,
apenas um círculo escuro onde supostamente está um ou dos pilotos.
Porta da nave abre liberando um gás de descompressão.
Doutor: (Para gravador) A porta se abriu. Estou vendo alguém. Uma senhora pálida.
Cabelos brancos e vestimenta preta. (Para mulher) Parada aí mulher! Mãos para cima.
(Para gravador) Ela não aparenta ser hostil. (Para mulher) O que você procura em
Ohana?
Mulher: Um amigo.
Doutor: Veio ao planeta errado, minha querida. Somos aqui apenas eu e Ohana.
Mulher: De fato.
Doutor: Certo. Agora que já sabe que seu amigo não está aqui, faça o favor de se retirar
da atmosfera do planeta.
Mulher: Não seja tolo, Doutor. Não me reconhece, né?
Doutor: Saia daqui agora! Não sou um doutor e muito menos seu amigo. Por favor,
senhora, eu te peço...
Mulher: Não. Senhora não! Eu não me adequei ao “senhora”, e então prefiro ser
chamada cordialmente de... Mestra... o que foi? Viu um fantasma?

Abertura melancólica.

Som de martelos em aço. Vapores e ferramentas. Carros e naves e vozes de homens


ao fundo.
Som de bip.
Porteiro: Neris, a jornalista acabou de chegar ao quadrante. A qualquer momento
chegará ao seu portão.
Neris: Obrigado Lethin.
Porteiro: Por nada, Neris. E... eu não posso deixar de parabeniza-la pela licença. Só
quem viu você e seu pai dando duro nessa oficina sabe o motivo pelo sucesso do nosso
quadrante. Você merece.
Neris: Lethin, para com isso! Todas as oficinas do quadrante deram duro, estamos
licenciados hoje por isso. É o nosso trabalho... e o seu também, o porteiro fofoqueiro
mais maneiro que eu conheço! Até mais Lethin.
Lethin: (Ri) Até mais, Neris.
Som de bip.
Neris: Vamos lá, Né. Você consegue.
Som de passos em aço e porta sendo aberta. Naves e carros estão constantemente
passando por cima do quadrante. Neris grita uma ordem.
Neris: O Alter, abre esse portão aí!
Som de correntes e portão pesado sendo aberto.
Som de passos em solo de metal. Portão abre e som de correntes sessa.
Neris: Agath Luana, certo?
Agath: Ah, oi! Isso, exatamente. Prazer.
Neris: Prazer Agath, sou Neris Metroza, mas pode me chamar de Né. Entra, só não
toque em nada se quiser manter esse terninho azul, azul.
Agath: Não tem problemas. Tenho dezenas desse. Sabe como é, cobrir todas as oficinas
de todos os quadrantes dos três planetas e manter a classe é coisa de jornalista mesmo.
Neris: Pois é (ri). O que é esse android nos sobrevoando?
Agath: Ah, esse é o Rec-T3, responsável por registrar em vídeo e som toda a nossa
conversa.
Rec-T3 faz um som robótico fofo.
Neris: Certo. Antes de começarmos, gostaria de tomar algo? Temos chá, café ou... ou
água.
Agath: Um café seria ótimo.

Transição.

Doutor: Não... não! Você morreu há anos. Eu vi. Sem regenerações, sem possibilidades
de retornar. Eu tentei tantas vezes...
Mestra: Não me dê spoilers, querido.
Doutor: Spoilers? Então você não retornou?
Mestra: Não retornei e não morri, e nem pretendo.
Doutor: Que truque é este?
Mestra: Então você realmente não entende?
Doutor: Ohana atacará com apenas um aceno meu se você não...
Mestra: Eu sou a Mestra... ou o Mestre! Pronomes... enfim, sou alguém que você ainda
não possuiu o privilégio de conhecer.
Doutor: Eu não entendo. Qual exatamente é você?
Mestra: Pensa, preguiçoso! Você realmente me conhece?
Doutor: Eu não quero saber! Por favor, retire-se agora deste planeta!
Mestra: Pare homem! Não vim te ferir ou atacar. Estou apenas visitando um amigo. Um
amigo que se perdeu em meio a frustação e dor.
Doutor: Não! Eu não aceito que você apareça aqui e ache que possui o direito de me
considerar um perdido.
Mestra: Eu não o considero. Eu só vejo o que está na minha frente. Um homem perdido.
Sem companhia ou amores. Apenas um ser perdido e solitário.
Doutor: Você não tem o direito! Não entende e nunca entenderá o que eu perdi. Agora
saia deste planeta!
Mestra: Eu não entendo. Eu definitivamente não entendo, mas sei de quem é a culpa de
tudo: do Doutor. É claro que é! Um ser poderoso frágil que permitiu esses inferiores a
viajarem pela imensidão do desconhecido. Foi você e não outro quem permitiu a morte
de todos aqueles que se foram. Foi você quem os tirou de casa com sua nave especial
que torna sonhos em realidade. Foi você quem os fez confiar inteiramente na sua
capacidade de resolver qualquer problema. Foi você quem perdeu tudo e todos, e
principalmente, foi você quem perdeu a si mesmo!
Doutor: Você... você!
Mestra: Eu não tenho o direito?
Doutor: Você... está certa.
Mestra: (GARGALHA) Não, não estou! Eu não vim aqui para te colocar pra baixo.
Estou apenas dizendo umas verdades sem pensar nas consequências. Essa sou eu agora.
Doutor: Então o que veio fazer aqui?
Mestra: Uma visita. Apenas uma visita para ver você com os meus próprios olhos. O
Exílio do Doutor..., mas quem diria, hein? Exilado em um planeta vivo e inabitado por
civilizações. Ousado, preciso dizer.

Doutor: O que você quer de verdade? Pare de joguinhos! Eu não quero saber de sua
visita ou de seus conselhos!
Mestra: Como consegue ser tão tolo? Estou aqui, sua última pessoa. Sua última
companhia. Não seja tolo de me tratar mal pelos erros que ainda nem cometi. Não seja
tolo ao ponto de me irar e trazer de volta todo o meu orgulho. Não seja tolo ao ponto de
me enfurecer por tentar te estender a mão, nem que seja uma última vez! Não seja tolo
Doutor. Pare com esse absurdo agora e volte para a imensidão que abandonou!
Silêncio demorado.
Doutor: Um tolo. Sim, um tolo que vivia por aí salvando pessoas, sorrindo pelos cantos
e berrando lindos discursos. Houveram dor e aquele tolo as sentia, mas seguia em
frente, sempre em frente, sempre tolo. Por toda a minha vida, em sua grande parte, eu
perdoei muitos piores do que eu, mas nunca, nem por um momento passou-se por minha
cabeça, sentiu-se nesses corações que o único necessitado de perdão, era eu. Então
quando você me pergunta porque me exilei, porque me escondi neste local, neste
esquecido ponto do universo, nesse planeta esquecido, é pela vergonha! Pela vergonha
de não ter visto antes o real inimigo de todos que amei: eu, o Doutor! E hoje, hoje aqui
bem na sua frente contando estas coisas, eu percebo, sim, finalmente percebo, eu vivi
trinta e quatro regenerações, trinta e quatro rostos, sorrisos, lágrimas e mãos sujas de
sangue. Trinta e quatro regenerações e eu me arrependo de todas! Sim! Cada uma por
cada alma, cada dor e por cada adeus... eu me arrependo de todas.
Mestra (desconcertada e irônica): Acho melhor sentarmos como civilizados
Senhores do Tempo e desfrutarmos de um chá enquanto você... pira.

Transição.

Som de metais e martelos chocando-se com aço. Carros e naves cruzam caminhos
por cima da oficina, em vias aéreas. Colher em caneca.
Agath: Sabe, as vezes eu me esqueço de sentar e apreciar a beleza dos Três-Planetas.
Olha como é colorido lá em cima. Os prédios e todos aqueles carros e naves entre as
estruturas. É impressionante.
Neris: Se você acha lindo carros e naves cargueiras, precisa vir mais vezes ao Segundo.
E... o que você faz no Diário da Tríade?
Agath: Sirvo aos interesses do Conselho, é claro. Ou você acha que esse lance de
começarmos a trabalhar o aço Vórciânico é tão interessante para uma cobertura
jornalística? É propaganda política! Ainda mais depois das manifestações em prol de
uma democracia. O Conselho precisa mostrar aos povos que estamos evoluindo.
Neris: E estamos. Outro dia, li em um artigo que com o Vórciânico vamos decolar
séculos em anos! Finalmente teremos oportunidades na Cidade Baixa.
Agath: Mas as custas de quem? Esse aço não nos pertence, Neris. E por um acaso esse
artigo não seria do Diário da Tríade, seria?
Neris: É bem provável que sim.
Agath: Imaginei. Bom, podemos fazer a entrevista na forja? Preciso registrar você
forjando pelo menos alguma peça. Não me entenda mal, ordens do...
Neris: Do conselho... pensei que apenas a licença já era o suficiente, agora preciso
provar minha capacidade em vídeo?
Agath: Não é só com você. Todos nos três planetas farão. Até mesmo aqui nas oficinas
do quadrante.
Neris: Tudo bem. Melhor eu preparar um equipamento de proteção para você... e um
macacão, ficará quente lá. Uma pena esconder você, digo, é... é uma pena esconder esse
seu terninho por trás dessa velharia surrada.
Agath: Não parece uma velharia com você usando.
Neris: Ah... obrigado... é, vou pegar o macacão, fica à vontade aí!
Agath: Obrigado.

Transição.

Colher em xícara.
Mestra: Essa sua varanda possui realmente uma bela vista, preciso dizer.
Doutor: Ohana tem sido bela todos os dias.
Mestra: Como conseguiu convencer o planeta a te acolher?
Doutor: Não foi difícil. Apenas desmaterializei a TARDIS e me identifiquei. Ohana, há
muito tempo, estava sendo cobiçada por Sontarans. Realizaram uma única missão de
reconhecimento em rumo ao planeta, mas ao chegarem ao local...
Mestra: Ohana havia desaparecido... conheço a lenda.
Doutor: Exatamente. Não que ela necessitasse de ajuda, apenas alguns fenômenos
naturais dariam conta de destruir toda a civilização Sontaran, mas a TARDIS me trouxe
para cá e rapidamente, Ohana e eu resolvemos o dilema.
Mestra: E como conseguiu deslocar o planeta?
Doutor: Pensa que vou ensinar ao rato como comer do queijo sem acionar a ratoeira?
Jamais, mestra.
Mestra: Só estava tentando entender...
Doutor: Chega de suas perguntas. Como você me encontrou?
Mestra: E pensa que vou contar ao dono da casa por onde invadi sua despensa? Jamais,
Doutor.
Doutor: Chega com seus jogui...
Mestra: Você matou? Matou alguém nesse período que está vivendo?
Doutor: Não. Claro que não! Não matei pessoas... pelo menos.
Mestra: Então não está perdido ainda. Pretende se regenerar?
Doutor: O quê?
Mestra: Estou perguntando se seu declínio vai ser suficiente para encerrar sua vida.
Doutor: Eu entendi. Só não quero responder.
Mestra: Então não pretende. Tudo bem.
Mestra levanta-se. Som de passos em madeira.
Mestra: E a TARDIS, o que fará com ela depois? Inclusive está mais azul do que nunca,
querida. Por mais que ele não esteja te concedendo uma bela vida presa nessa varanda.
Sei que é uma ótima vista, mas também sei que não é a vista que quer.
Mestra arrasta a mão na TARDIS. Som robótico baixo.
Doutor: Tire suas mãos dela! Senta ou saia do planeta.
Mestra senta-se novamente. Passos sessam.
Mestra: Tudo bem, querido. Vamos direto ao ponto, o que houve?
Doutor: Não, não vou falar sobre isso.
Mestra: Tudo bem. Você sabe que tirou o pirulito da boca da criança, né? A criança é a
Terra, e o pirulito... você, é claro. Aquilo lá virou um caos. Toda aquela gente sofrendo,
desesperados sem saber se irão trabalhar e retornar para casa. Alguns ainda possuem
esperanças, outros, como você, as perderam. Você deu com uma mão e tirou com a
outra, Doutor.
Doutor: Então você quer que eu volte?
Mestra: Quero que volte a ser o homem que eu achava que conhecia! Quero que supere
tudo o que aconteceu. Vórcis jamais poderia ter sido salva!
Efeitos de ecos na última fala da Mestra “VÓRCIS JAMAIS PODERIA TER
SIDO SALVA”.
Todo som ambiente de Ohana desaparece instantaneamente. Efeito de sonho (ecos)
nas vozes dos personagens.
Sacha: Doutor!
Keva: É tarde demais.
Helen: Eu te amo!
Tiros de laser, explosões e gritos.
Respiração acelerada.
Som da energia regenerativa do Doutor.
Trigésimo terceiro Doutor chorando.
Trigésimo Terceiro: Não! NÃO! NÃÃÃÃÃO!
Som de regeneração atinge o ápice.
Mestra: Doutor? Doutor, querido, aonde você foi?
Doutor: Como sabe de Vórcis?
Mestra: O quê?
Doutor se levanta e agarra pescoço da mestra.
Mestra se engasga.
Doutor: Diga! Diga agora! Como sabe de Vórcis?! Como sabe que não poderia ter sido
salva. Como sabe? CONTA! Conta! Conta ou eu vou te...
Mestra (tentando falar enforcada): O que... você... se tornou?
Doutor solta a mestra.
Mestre tosse e respira intensivamente.
Doutor: Saia! Saia daqui agora!
Mestra: Não precisa ser assim.
Doutor: Ohana!
Trovoadas e raios são escutados ao fundo. Cada vez mais intensa, a tempestade soa
perigosa e assustadora. Todo o som, que antes era ventos e pássaros, torna-se em
uma tempestade torrencial.
Doutor: Você vai embora ou eu encerro todo o seu futuro, mesmo que isso cause
trilhões de paradoxos!
Mestra: Olhe para você. Olhe o que você se tornou!
Doutor: Pessoas como você me transformaram em quem sou hoje. Acabou a conversa.
Vai EMBORA!
Mestra: Tudo bem. Tudo bem.
Doutor: Ohana está de olho em você, caso tente algo! Agora suma daqui!
Mestra: Nos veremos de novo, Doutor. Lembre-se deste rosto.
Doutor: Sai!

Transição.

Neris: O que eu acho sobre as pesquisas feitas sobre o aço? Acho incríveis. São elas
quem irão impulsionar toda a evolução do uso do aço. Fiquei sabendo que há na
Universidade Imperial do Planeta Um, um laboratório que está estudando pílulas
compostas de nano Aço Vórciânico, o que iria ser revolucionário. No futuro, teríamos o
aço em nosso organismo. O estudo foca em conseguir fazer com que as pessoas
consigam gerar armaduras em seu corpo apenas por uma ordem mental do usuário.
Agath: Mas isso não seria ruim para a sua profissão?
Neris: Não. Eles não podem estudar se não fundirmos. Precisam dos nossos braços para
realizarem suas delicadezas cientificas.
Agath: Você pode me explicar o que vai fazer agora?
Neris: Ah é claro. Bom, depois de passar pela forja automática, esse procedimento é
realizado dentro daquela torre ali ó, por um sistema controlado por mim aqui neste
computador. Bem, depois da forja o aço precisa ser temperável em água quase
congelada. Vou solta-lo neste poço que possui 40 metros de profundidade, já que nesta
oficina também forjamos para a Força Aérea Imperial. Você vai querer ficar longe, isso
aqui está prestes a esquentar um pouco.
Som de maquinário e bips de alertas. Som de água resfriando aço em brasa.
Neris (gritando): E então, deixamos aí por um tempo, ou resfriamos mais o poço! O aço
precisa de extremos. Do mais quente ao mais frio!
Agath: Não é como se eu estivesse ouvindo a mesma explicação pela nona vez, é bem
legal assistir você explicando. Dá para notar o amor nos seus olhos!
Neris: Forjar para mim sempre foi o significado da minha vida. O calor, o som do aço
sendo forjado e, bom, o melhor: o resultado. Toda peça, minúscula ou desta proporção
que você está vendo, é a prova de que meu pai me forjou na mulher que sou. É a prova
de que ele fez um ótimo trabalho.
Agath: Eu concordo com você, o trabalho dele foi ótimo.
Neris: Ah... é, obrigado! Bom, você vai querer registrar essa imagem isso pela nona vez.
Vou retirar aço. Deixaria por mais tempo, mas você precisa cobrir todas as oficinas do
quadrante e eu...
Agath: Eu tenho tempo. Não se preocupe, deixe a peça esfriar mais e enquanto isso, me
conta mais sobre seu pai.
Neris: Certo... tudo bem. Ele se chamava Utih Metroza. Conheceu a minha mãe em um
bar. Ele se vangloriava por seus últimos trabalhos na forja quando ela o desmentiu na
frente dos amigos. O nome de solteira dela era Uguf Reita, e ela se apresentou como
“Uguf, a melhor ferreira do império”, e então eles foram a oficina e...
Voz de Neris desaparece aos poucos juntamente com a trilha.

Transição.

Doutor: Como está a situação, Ohana?


Vento sopra forte, se comunicando.
Doutor: Tem certeza?
Vento sopra novamente.
Doutor: Eu sei. Desculpas, eu confio em você.É que estamos falando do Mestre, quer
dizer, da Mestra, e isso significa que ela pode fazer qualquer coisa, até mesmo enganar
um planeta.
Vento sopra devagar.
Doutor: Tá, você tem razão. Não posso deixar isso me afligir, eu sei.
Vento soa intenso novamente.
Doutor: O quê? Naves? Não, não!
Doutor corre até o terreno fora da varanda (solo de terra).
Som de naves distantes.
Doutor: São milhares! O que é aquilo? Estão ejetando em compartimentos menores!
Preciso ir Ohana!
Doutor corre. Vento soprando o tempo todo.
Doutor: Já estão no solo?
Vento sopra.
Doutor: Daleks e cybermans?
Vento sopra intensamente.
Doutor: Anjos Lamentadores? Ice Warriors? Ela chamou todos! Desgraçada!
Som de trovoada e tempestades retornam. Som de tremores em terra.
Doutor: O que é isso?! Um terremoto? Não! Ohana pare com isso. Não precisa intervir,
eles já irão embora!
Vento soa forte.
Doutor: Não! Eu não preciso que faça isso!
Daleks (distantes): Encontrar e exterminar. Encontrar e exterminar o Doutor.
Marcha cyberman ao fundo.
Cyberman (distantes): Disparar no primeiro contato. O Doutor precisa ser exterminado!
Doutor: Ohana, eu não preciso que se destrua para manda-los embora. Eu mesmo farei
isso! Eles virão atrás de mim, e não irão me pegar, não aqui, não neste planeta!
Vento soa forte como um furacão.
Doutor: Não! Eu já perdi muito, Ohana. Eu não quero viver sabendo que destruí essa
vista. Eu vou pegar a TARDIS e irei distraí-los para fora da atmosfera. Execute os
remanescentes e me aguarde, pois eu retornarei minha amiga. Eu jamais esquecerei um
momento presente em seu solo. Muito obrigado, mas eu preciso saber que independente
dos meus caminhos, quando eu retornar, você ainda estará aqui, fabulosa e fantástica
como é.
Vento perde potência e torna-se em sussurro.
Doutor: Também sentirei sua falta. Mantenha a casa conservada, não quero ter que
reconstruí-la.
Vento sessa. Tempestade também.
Doutor: Obrigado por isso. Agora, voltando para TARDIS! Corre, corre seu velho!
Tiro laser de um Cyberman passa pelo doutor.
Doutor: Quase me acertou, desgraçado!
Som da porta da TARDIS. Passos velozes em chão metálico.
Som de gravador.
Doutor: Ok, preciso sobrevoar até a atmosfera e aguardar que me vejam.
Som da TARDIS “decolando”.
Doutor: Certo, agora só dar um tchauzinho para eles para chamar bastante atenção.
Passos metálicos e porta da TARDIS.
Doutor: Ei! Aqui em cima! Olá seus desgraçados, aqui! Pronto, me viram.
Porta da TARDIS e passos metálicos.
Doutor: Vórtice Temporal, lá vou eu!
Doutor puxa a alavanca da torre de controle da TARIDS (Trilha Sheperd’s Boy)
Doutor: Ah rá! É isso! Vocês podem tentar me procurar agora!
Som de implosão e Tardis começa a falhar.
Doutor: Não! Que som foi isso?! O que está acontecendo com você garota? Está tão
enferrujada assim? Vamos, você cons...
Som de explosão.
Doutor: Se segura, se segura! Vamos cair pelo vórtice! Pra quem eu tô gritando isso? Se
segura imbecil, não tem ninguém aqui! (grita)
Outra explosão.
Portas da TARDIS se abrem.
Doutor: Por que as portas abriram? Para com isso, você não quer que eu?
Outra explosão.
Doutor grita, mas consegue se agarrar em outra superfície da sala de controles.
Doutor: Fecha as portas garota, eu vou cair!
Outra explosão.
Doutor grita.
Som de vento e diversas naves. Algumas propagandas ao fundo e sirenes de alerta.
Doutor: Sério, a polícia? Vai seu velho, volta para dentro! Você consegue!
Nave se aproxima.
Homem (alto-falante): Pouse a nave imediatamente. Você furou o Cordão de
Verificação e precisa prestar esclarecimentos. Qualquer atitude violenta...
Doutor: Cala a boca homem! Eu vou cair, não percebe?!

Transição.

Sirenes ao fundo (bem ao fundo).


Neris: Bom, melhor voltarmos ao trabalho antes que o aço congele naquele poço.
Agath: Tudo bem. Mas precisamos continuar essa conversa em algum outro dia, hein.
Neris: Claro. É... eu vou ao bar na Sexta-Luz com os rapazes. O ambiente é bem legal.
Agath: Marcado! E então, onde estávamos? Rec-R3, pode gravar.
Neris: Retirando essa coisa linda do poço e levando para a esteira, onde virá para a
bigorna tradicional, onde o trabalho braçal começa.
Agath: Isso não poderia ser feito por, sei lá, uma máquina?
Sirene fica um pouco mais próxima.
Neris: Cirurgiões existem até hoje, certo? Independente da tecnologia disponível,
existem trabalhos que precisam de um toque vivo, de alguém que se importe pela
sobrevivência do paciente, ou de um ferreiro que vive o processo e aprende com ele
durante a forja. Vamos lá? Você verá as ferramentas de aço vorciânico, cada uma mais
desenvolvida que a...
Um grito masculino surge ao fundo e se aproxima. O som de algo caindo na água é
escutado e ambas personagens se assustam (lembrar dubladoras).
Agath: O que foi isso?!
Neris: Fique atrás de mim.

Transição.

Efeito de sonho e ecos nas vozes.


Helen: Você precisa nos salvar! Estamos há anos esperando você aparecer com a
TARDIS. Por favor, volte. Eu já não aguento mais esperar. Eu já não sei quando estou.
Eu já não sei se vivi tudo aqui ou... EU PRECISO QUE VOCÊ VOLTE! Eu te amo!
Keva: É tarde demais! Ele já se esqueceu da gente! Já deve estar com outras pessoas ao
lado dele. É TARDE DEMAIS!
Sacha: Doutor! Eu confiei em você, eu confiei em você! Volte e nos leve para casa
agora! DOUTOR!
Helen: Volte para nos salvar, eu confio em você.
Doutor: Eu... eu... eu voltarei.

Transição.

Neris: Tem algo no poço. Tá vendo?


Agath: Sim. Rec-t3 grave tudo!
Neris: Vou drenar o...
Som de algo imergindo da água. Respiração ofegante ao fundo.
Agath: Por Lutos, é um homem!
Neris: Cara, quem é você?
Doutor (ofegante): Eu... eu... é... eu sou ... me ajuda, isso aqui tá congelando! Vamos
não fiquem paradas!
FIM DO PRIMEIRO EPISÓDIO.

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