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Criação de Reservas

Particulares do
Patrimônio Natural -
RPPN
Módulo

1 Introdução às RPPNs
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Desenvolvimento Profissional


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Produção Web


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe responsável
José Luciano de Souza, (Conteudista, 2020).
Bernardo Ferreira Alves de Brito (Coordenador ICMBio, 2020)
Lídia Hubert, (Coordenadora, 2020).
Simone Bertulio (Coordenação Web, 2020)
Laisa Daiany Lima Silva (Revisão de texto, 2020)
Thiego Carlos da Silva (Implementação Articulate, 2020)
Karen Evelyn Scaff (Direção e produção gráfica, 2020)
Gabriel Bello Henrique Silva (Implementação Moodle, 2020)
Ana Carla Gualberto Cardoso (Diretora de arte, 2021).

Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Laboratório
Latitude e Enap.

Fonte das imagens modificadas e utilizadas no curso: freepik

Curso produzido em Brasília, 2020.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF

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Sumário
Apresentação.................................................................................... 5

Unidade 1 - Histórico de iniciativas de proteção ambiental anteriores


às RPPNs........................................................................................... 6

1.1 Iniciativas anteriores de preservação em terras privadas...... 6

1.2 Refúgios Particulares de Animais Nativos.............................. 6

1.3 Reservas Particulares de Fauna e Flora.................................. 7

Unidade 2 - Reconhecimento da figura da RPPN................................ 8

2.1 Decreto nº 98.914 de 1990.................................................... 8

2.2 Decreto nº 1.922 de 1996.................................................... 11

2.3 Lei nº 9.985 de 2000 (Lei do SNUC)..................................... 13

2.4 Decreto nº 5.746 de 2006.................................................... 14

Unidade 03 - Aspectos Legais do Decreto nº 5.746 de 2006.............. 15

3.1 Aspectos Legais.................................................................... 15

Unidade 04 - Dúvidas comuns sobre as RPPNs................................. 16

4.1 Dúvidas comuns sobre as RPPNs......................................... 16

Referências ..................................................................................... 17

Glossário......................................................................................... 17

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1
Módulo

Introdução às RPPNs

Apresentação

Imagem: RPPN Serra das Almas/CE - Foto: Sandino Moreira

Nesse primeiro módulo você terá acesso a informações que irão auxiliar na compreensão do
surgimento das RPPNs e conhecerá os aspectos legais do Decreto nº 5.746 de 2006, que rege
essa categoria de unidade de conservação. Além disso, iremos esclarecer os principais pontos
que frequentemente são alvos de questionamentos por parte de proprietários e colaboradores
que trabalham com RPPNs.

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Este módulo está estruturado da seguinte forma:

• Unidade 1 - Histórico de iniciativas de proteção ambiental anteriores as RPPNs.

• Unidade 2 - Reconhecimento da figura das RPPNs.

• Unidade 3 - Aspectos Legais do Decreto nº 5.746 de 2006.

• Unidade 4 - Dúvidas comuns sobre RPPNs.

Bons estudos!

Unidade 1 - Histórico de iniciativas de proteção ambiental


anteriores às RPPNs
1.1 Iniciativas anteriores de preservação em terras privadas
Vamos começar a conhecer os antecedentes que deram origem às primeiras iniciativas de
proteção ambiental em áreas particulares no Brasil?

Vídeo: Iniciativas anteriores de preservação em terras privadas

1.2 Refúgios Particulares de Animais Nativos


A criação de áreas naturais protegidas, a partir da solicitação de seu proprietário, efetivamente
começou a ser realizada pelo extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF).
Assista ao vídeo a seguir para saber como tiveram início tais Refúgios:

Vídeo: Refúgios Particulares de Animais Nativos

O reconhecimento desses Refúgios estava indo ao encontro da Convenção para a Proteção


da Flora, da Fauna e das belezas Cênicas Naturais dos Países da América, assinada pelo Brasil
em 27/12/1940, bem como dos acordos firmados pelos países componentes do Comitê
Intergovernamental Técnico para Proteção e Manejo da Flora e Fauna Amazônica, para, entre
outras coisas, conservar a fauna constantemente ameaçada de destruição e ampliar o número
de áreas destinadas à proteção da fauna.

“Essa iniciativa tinha como princípio melhorar a política de conservação dos recursos faunísticos
através do estabelecimento de normas de conduta para os particulares, incentivando medidas
educativas, coercitivas e assistenciais” (WIEDMANN, 2001).

Para declarar um Refúgio Particular de Animais Nativos era bastante simples: bastava que o

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proprietário interessado apresentasse ao IBDF um requerimento, anexando o documento
comprobatório da propriedade e, se possível, a descrição das espécies da fauna que ocorriam
na área. Depois disso, o IBDF publicava no Diário Oficial da União a portaria de reconhecimento
da iniciativa do proprietário em proteger sua propriedade como Refúgio Particular de Animais
Nativos.

O proprietário de um Refúgio Particular de Animais Nativos era responsável por:

• Fiscalizar a área.

• Colocar placas nas vias de acesso e limites da propriedade.

• Divulgar o refúgio na região, inclusive junto às autoridades judiciais, policiais e a


população em geral mediante a utilização dos meios de comunicação que estivesse
ao seu alcance.

1.3 Reservas Particulares de Fauna e Flora


Essa iniciativa de proteção ambiental surgiu depois de uma discussão em que ficou estabelecido
que a proteção à fauna, reconhecida através dos Refúgios Particulares de Animais Nativos,
deveria se estender à proteção também da flora.

O vídeo a seguir conta um pouco mais sobre essa história:

Vídeo: Reservas Particulares de Fauna e Flora

As Reservas Particulares de Fauna e Flora eram áreas que deveriam ter condições naturais
primitivas, semiprimitivas ou recuperadas, destinadas à manutenção, parcial ou integral, do ciclo
biológico de espécies da fauna e flora nativas do Brasil ou migratórias.

Para declarar uma Reserva Particular de Fauna e Flora o interessado deveria apresentar ao IBDF
os seguintes documentos:

• Requerimento.

• Cópia do título da propriedade, registrada no registro de imóveis.

• Cópia autenticada da planta individual da área do imóvel acompanhada do


respectivo memorial descritivo, com a indicação de croquis da área a ser declarada
como Reserva.

• Cópia de um documento de identificação (carteira de identidade, ou título de


eleitor, ou certificado de reservista). 

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h,
Destaque,h
Na tentativa de garantir uma proteção mais efetiva à fauna e flora, eram
indicadas como áreas ideais de reservas aquelas localizadas contíguas às áreas
de preservação permanente (APP).

À época, houve uma maior preocupação com relação às questões técnicas das reservas declaradas.
Dessa forma, o IBDF passou a realizar vistorias técnicas nas áreas a serem reconhecidas como
Reservas Particulares de Fauna e Flora.

Mesmo que cumpridas todas as exigências por parte do proprietário e do órgão, o pedido de
registro podia ser indeferido pelo Instituo nos seguintes casos:

• Se constatado o exercício de atividades consideradas prejudiciais à fauna e/ou flora


do local, como caça e desmatamento, dentro dos limites das propriedades.

• Se constatado que a propriedade não se enquadrava  nos dispositivos do Código


Florestal, Lei nº 4.771 de 1965.

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Destaque,h
Durante a vigência da figura das Reservas Particulares de Fauna e Flora, era
facultada ao proprietário a averbação permanente de sua propriedade.

Era responsabilidade do proprietário fiscalizar a área declarada e dar conhecimento e divulgação


à reserva regionalmente, tanto junto às autoridades judiciais e policias, quanto ao público em
geral. Cabia ainda ao proprietário colocar placas nas vias de acesso e limites da propriedade. Já
o IBDF tinha a obrigação de prestar apoio e orientação necessária ao proprietário.

Vistorias de acompanhamento nas Reservas passaram a ser realizadas pelo IBDF. Ao se constatar
qualquer irregularidade na área, era estipulado um prazo para sua regularização. Caso o
proprietário não conseguisse corrigir o problema apresentado dentro desse prazo, o registro de
Reserva Particular de Fauna e Flora era cancelado.

Unidade 2 - Reconhecimento da figura da RPPN


2.1 Decreto nº 98.914 de 1990
A grande procura de proprietários interessados em reconhecer suas propriedades como Reservas
Particulares de Fauna e Flora fez com que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), criado através da junção de outros órgãos ambientais em 1989,
começasse a trabalhar em uma proposta de Decreto Federal que daria maior importância ao

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reconhecimento dessas reservas. A partir daqui nasce a figura das Reservas Particulares do
Patrimônio Natural (RPPN).

Vamos assistir ao vídeo que contextualiza histórica e legalmente a figura das RPPNs?

Vídeo: Contexto histórico e legal sobre a figura das RPPNs

Era então reconhecido e registrado como Reserva Particular do Patrimônio Natural, por
destinação do seu proprietário, e em caráter perpétuo, imóvel do domínio privado em que,
no todo ou em parte, sejam identificadas condições naturais primitivas, semiprimitivas,
recuperadas, ou cujas características justifiquem ações de recuperação, pelo seu aspecto
paisagístico, ou para a preservação do ciclo biológico de espécies da fauna ou da flora
nativas do Brasil.
Decreto nº 98.914 de 1990

Naquela época, o proprietário interessado em criar uma RPPN, dirigia-se à Superintendência


Regional do IBAMA e apresentava um requerimento solicitando a transformação de sua área ou
parte dela em RPPN, anexando os seguintes documentos:

• Cópia autenticada do título de domínio com matrícula no Cartório de Registro de


Imóveis competente.

• Cédula de identidade do proprietário.

• Ato de designação do representante legal, caso fosse pessoa jurídica, com poderes
necessários; e o

• Imposto Territorial Rural – ITR do imóvel.

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Destaque,h
A  Portaria nº 217 de 1988 exigia do proprietário a planta do imóvel e o
memorial descritivo da reserva, mas o Decreto nº 98.914 de 1990 deixou de
exigir esses documentos. Consequência disso foi a falta de documentos que
pudessem localizar a RPPN no imóvel e na região.

No processo de criação das RPPNs, o  IBAMA tinha sessenta dias, contados da data da
protocolização do requerimento, para emitir laudo de vistoria do imóvel, com a descrição da
área, compreendendo a tipologia florestal, a paisagem, a hidrologia e o estado de conservação,
relacionando as principais atividades desenvolvidas no local e indicando as eventuais pressões
potencialmente degradadoras do ambiente.

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Caso o parecer fosse favorável ao reconhecimento da RPPN, o IBAMA intimava o proprietário
a firmar, em duas vias, o termo de compromisso, que eram assinados pelo Superintendente
Regional do IBAMA. Então o processo era submetido à apreciação do Presidente da Instituição,
através da Diretoria de Ecossistemas, que se manifestava sobre o reconhecimento da RPPN.
Após a finalização dessas etapas, a RPPN era reconhecida como de interesse público, mediante
portaria do IBAMA.

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Destaque,h
O Decreto nº 98.914 de 1990 estabelecia que, após a publicação da portaria,
o proprietário tinha 60 dias para averbar a RPPN no Cartório de Registro de
Imóveis competente. Mais adiante, com a publicação do Decreto nº 5.746 em
2006, esse procedimento foi alterado: a emissão da portaria de criação da
RPPN somente é publicada se o Termo de Compromisso da RPPN já estiver
averbado.

Para manter e contribuir com a conservação da biodiversidade das reservas, o IBAMA realizava,
sempre que possível, vistorias nas reservas com o intuito de verificar se os proprietários
estavam seguindo as orientações previstas no Decreto. Em alguns casos, observando-se alguma
irregularidade, o proprietário era notificado. Persistindo o erro, o IBAMA promovia a extinção
da RPPN mediante o procedimento cabível e com prévia audiência do proprietário, além de
cancelar o vínculo no registro imobiliário, sem prejuízo da apuração da responsabilidade civil e
penal pelos danos verificados.

As responsabilidades do proprietário do imóvel, de acordo com o Decreto 98.914 de 1990 eram:


divulgar a RPPN na região; fixar placas nas vias de acesso e nos limites da área; advertir terceiros
quanto à proibição de desmatamento, queimadas, caça, pesca, apanha, captura de animais e
quaisquer outros atos que afetassem ou pudessem afetar o meio ambiente local.

A alteração das características da área e a intervenção de terceiros no local, inclusive para a


realização de pesquisas, dependia de prévia apreciação do IBAMA, mediante a apresentação
de projetos detalhados e somente eram autorizadas se não afetassem os atributos que haviam
justificado a instituição da Reserva.

Competia ao IBAMA promover junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária


(INCRA) e ao Ministério da Agricultura, a isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) da RPPN
já instituída.  Um exemplo disso é a RPPN Santuário Vaga Fogo, situada em Pirenópolis/GO,
reconhecida por meio da Portaria nº 824 de 1990 que foi isenta do pagamento do ITR logo após
a sua criação.

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Imagem: RPPN Santuário Vaga Fogo – Pirenópolis/GO, uma das Primeiras
RPPN criadas em 1990 - Foto: Foto: Bruno Bimbato

Conforme vimos, o primeiro Decreto que deu origem à figura da RPPN foi o Decreto nº 98.914
de 1990, conferindo importância ao reconhecimento dessas reservas particulares. Após essa
publicação, por meio de sua aplicação, verificou-se que ainda havia muito a se aprimorar.

2.2 Decreto nº 1.922 de 1996


A fim de aperfeiçoar o Decreto nº 98.914 de 1990, foi publicado o Decreto nº 1.922 em 05 de
junho de 1996. O reconhecimento de uma RPPN passou a ter como objetivo a proteção dos
recursos ambientais representativos de sua região.

Esse novo Decreto denominou as Reservas Particulares do Patrimônio Natural como áreas de
domínio privado que deveriam ser especialmente protegidas, por iniciativa de seu proprietário
e por meio do reconhecimento do Poder Público, sendo consideradas de relevante importância
pela sua biodiversidade, ou pelo seu aspecto paisagístico, ou ainda por suas características
ambientais que justificassem ações de recuperação.

Veja que esse Decreto passou a definir quais eram as atividades permitidas dentro de
uma RPPN: as Reservas poderiam ser usadas para o desenvolvimento de atividades de cunho
cientifico, cultural, educacional, recreativo e de lazer, sendo permitida a realização de obras e
infraestruturas no interior da reserva necessárias às atividades desenvolvidas. Além disso, o
decreto possibilitou que os Órgãos Estaduais do Meio Ambiente, também criassem Reservas
Particulares do Patrimônio Natural.

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h,
Destaque,h
Uma grande modificação ocorrida com a publicação do Decreto nº 1922 de
1996 foi com relação à perpetuidade da RPPN. Nas portarias nº 327/1977 e
217/1988 e no Decreto nº 98.914/1990, o proprietário que praticasse qualquer
infração dentro da área perdia o título da reserva. Já o Decreto nº 1.922 de
1996 estabeleceu que a reserva não perdia o título, mas constatada alguma
infração na área, o proprietário era penalizado conforme a legislação, sem
prejuízo de responsabilidade civil ou penal.

Outra novidade trazida pela publicação do Decreto de 1996 foi a previsão de outros benefícios
aos proprietários da RPPN. Além da isenção do ITR, foram acrescentados os seguintes incentivos:

• Prioridade na análise de concessão de recursos ao Fundo Nacional do Meio


Ambiente (FNMA), para a implantação e gestão das RPPN.

• Preferência na análise do pedido de concessão de crédito agrícola, pelas instituições


oficiais de crédito, na propriedade que contiver RPPN no seu perímetro.

h,
Destaque,h
O proprietário precisava submeter o zoneamento e o plano de utilização da
reserva à aprovação do órgão responsável pelo reconhecimento da RPPN.
Além disso,  deveria encaminhar anualmente, ou sempre que solicitado, um
relatório descrevendo a situação da reserva e as atividades desenvolvidas.

Os procedimentos para a criação de uma RPPN continuaram essencialmente os mesmos


previstos no Decreto anterior. Somente a parte da documentação foi alterada, sendo solicitada
ao interessado a planta de situação do imóvel indicando os limites da área, os confrontantes, a
área a ser reconhecida como RPPN e a localização da propriedade no município ou região. 

A exigência da planta de localização do imóvel e da RPPN foi um avanço da legislação, pois


permitiu que as reservas reconhecidas fossem facilmente localizadas. Esse é o caso da RPPN
do SESC Pantanal, situada no município de Barão de Melgaço/MT e que foi reconhecida com a
devida planta de localização da RPPN.

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Imagem: RPPN SESC Pantanal – Barão de Melgaço/MT - Foto: Haroldo Palo Jr

As RPPNs ganharam, com a publicação desse Decreto, mais visibilidade e reconhecimento junto
ao governo e à sociedade civil e organizada. E no ano de 2000 a RPPN passou a ser de fato uma
das unidades previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei nº
9.985 de 2000).

2.3 Lei nº 9.985 de 2000 (Lei do SNUC)


O Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza foi instituído por meio da Lei nº
9.985 de 18 de julho de 2000, visando à regulamentação do artigo 255 da Constituição Federal.
Considerada um dos mais importantes marcos legais da Política Nacional de Meio Ambiente,
a Lei do SNUC dispõe, entre outras coisas, sobre a criação e a implementação das unidades de
conservação e cria espaços de participação social na conservação dos recursos naturais.

Você saberá como ficou a situação das RPPNs com a publicação da Lei do SNUC assistindo ao
vídeo a seguir:

Vídeo: Histórico das RPPNs e Aspectos Legais

h,
Destaque,h
Mesmo após a consolidação da Lei do SNUC, RPPNs continuaram a ser criadas
com a classificação de uso sustentável, mas com características de unidade
de proteção integral, como é o caso da RPPN Urú, localizada no município da
Lapa/PR, criada por meio da Portaria nº 20 de 2004 e com seu plano de manejo
aprovado pelo ICMBio em 2014.

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2.4 Decreto nº 5.746 de 2006
A RPPN é uma área privada gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade
biológica, na qual atividades voltadas para a pesquisa científica, visitação com objetivos turísticos,
recreativos e educacionais podem ser desenvolvidas.

Para regulamentar o Artigo 21 da Lei do SNUC que trata das RPPNs, o Governo Federal publicou
o Decreto nº 5.746 no dia 05 de abril de 2006. Por curiosidade, vale destacar que a RPPN foi a
primeira categoria de unidade de conservação regulamentada após a publicação do SNUC.

h,
Destaque,h
O Art. 1º do Decreto nº 5.746 de 2006 definiu as RPPNs como uma unidade
de conservação de domínio privado, com o objetivo de conservar a
diversidade biológica, gravada com perpetuidade, por intermédio de Termo de
Compromisso averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis.

Com a publicação desse novo Decreto foi possível regulamentar a criação, a gestão e o manejo
dessa unidade de conservação de acordo com a Lei do SNUC. Possibilitou-se, então:

• A realização de consultas públicas antes da criação da RPPN.

• A solicitação dos limites georreferenciados da Reserva.

• A apresentação, por parte do proprietário, do plano de manejo da RPPN e

• A previsão da desafetação da RPPN somente por meio de Lei específica.

Uma das RPPNs criadas dentro dessa regulamentação foi a Lafigueira Naturarte, localizada no
município de Piracaia/SP, por meio da Portaria nº 371 de 2017:

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Imagem: RPPN Lafigueira Naturarte/SP - Foto: Thomas Pierre Brieu

Unidade 03 - Aspectos Legais do Decreto nº 5.746 de 2006


3.1 Aspectos Legais
As Reservas Particulares do Patrimônio Natural, conforme previsto no Decreto nº 5.746 de 2006,
são unidades de conservação de domínio privado, gravadas com perpetuidade, por intermédio
de Termos de Compromissos averbados à margem das inscrições no Registro Público de Imóveis
e possuem o objetivo de conservar a diversidade biológica.

O vídeo a que vamos assistir agora apresenta os aspectos legais do Decreto nº 5.746 de 05 de
abril de 2006:

Vídeo: Decreto nº 5.746/2006 - Primeira Parte

Vejamos também outros pontos previstos no Decreto que são importantes para entendermos
melhor os aspectos legais que envolvem as RPPNs:

Vídeo: Decreto nº 5.746/2006 - Segunda Parte

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Unidade 04 - Dúvidas comuns sobre as RPPNs
4.1 Dúvidas comuns sobre as RPPNs
Acreditamos que o esclarecimento das principais dúvidas sobre a criação de RPPNs é importante.
Ouça os podcasts com a entrevista do consultor ambiental Luciano Souza, na qual são detalhados
tópicos relevantes sobre esse assunto:

Áudio: Principais dúvidas - primeira parte

Áudio: Principais dúvidas - segunda parte

Áudio: Principais dúvidas - terceira parte

Para saber mais sobre RPPN, leia o livro: Perguntas e Respostas sobre RPPN
disponível no link: www.icmbio.gov.br/rppn

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Referências
BRASIL. Decreto n.º 5.746, de 05 de abril de 2006. Regulamenta o art. 21 da Lei n.º 9.985, de 18
de julho de 2000.

BRASIL. Decreto n.º 98.914, de 31 de janeiro de 1990. Reconhece a figura das Reservas
Particulares do Patrimônio Natural – RPPN.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestas – IBDF. Portaria nº 327/77–P, de 29 de


agosto de 1.977. Reconhece a existência do Refúgio Particular de Animais Nativos, Brasília.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestas – IBDF. Portaria nº 217/88, de 27 de


julho de 1.988. Institui as Reservas Particulares de Fauna e Flora, Brasília.

BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis Naturais. Decreto n.º
1.922, de 05 de junho de 1996. Reconhece as Reservas Particulares do Patrimônio Natural –
RPPN, Brasília.

BRASIL. Lei n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal.

BRASIL. Lei n.º 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidade de
Conservação da Natureza (SNUC).

Curitiba. Prefeitura Municipal. Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM)


em Curitiba - roteiro para criação e elaboração do plano de manejo e conservação/ Prefeitura
Municipal de Curitiba e Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS.
____ Curitiba, 2013. 28 p.; Il.

SOUZA, José Luciano. Perguntas e respostas sobre reserva particular do patrimônio natural /
José Luciano de Souza, Dione Angélica de A. Côrte, Lourdes M. Ferreira; Colaboradores técnicos:
Danielly Santana ... [et al.]. – Brasília : Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade,
ICMBio, Coordenação Geral de Criação, Planejamento e Avaliação de Unidades de Conservação,
CGCAP, 2012. 75 p. : il. Color.; 29,7 cm.

WIEDMANN, Sônia M. P. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN – na Lei nº. 9.985/2000
que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. In: BENJAMIN, A. H. (Ed.).
Direito ambiental das áreas protegidas. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2001.

Glossário
Termo Definição/significado
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
SNUC Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

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