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Particulares do
Patrimônio Natural -
RPPN
Módulo
1 Introdução às RPPNs
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa
Equipe responsável
José Luciano de Souza, (Conteudista, 2020).
Bernardo Ferreira Alves de Brito (Coordenador ICMBio, 2020)
Lídia Hubert, (Coordenadora, 2020).
Simone Bertulio (Coordenação Web, 2020)
Laisa Daiany Lima Silva (Revisão de texto, 2020)
Thiego Carlos da Silva (Implementação Articulate, 2020)
Karen Evelyn Scaff (Direção e produção gráfica, 2020)
Gabriel Bello Henrique Silva (Implementação Moodle, 2020)
Ana Carla Gualberto Cardoso (Diretora de arte, 2021).
Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Laboratório
Latitude e Enap.
Enap, 2021
Referências ..................................................................................... 17
Glossário......................................................................................... 17
Introdução às RPPNs
Apresentação
Nesse primeiro módulo você terá acesso a informações que irão auxiliar na compreensão do
surgimento das RPPNs e conhecerá os aspectos legais do Decreto nº 5.746 de 2006, que rege
essa categoria de unidade de conservação. Além disso, iremos esclarecer os principais pontos
que frequentemente são alvos de questionamentos por parte de proprietários e colaboradores
que trabalham com RPPNs.
Bons estudos!
“Essa iniciativa tinha como princípio melhorar a política de conservação dos recursos faunísticos
através do estabelecimento de normas de conduta para os particulares, incentivando medidas
educativas, coercitivas e assistenciais” (WIEDMANN, 2001).
Para declarar um Refúgio Particular de Animais Nativos era bastante simples: bastava que o
• Fiscalizar a área.
As Reservas Particulares de Fauna e Flora eram áreas que deveriam ter condições naturais
primitivas, semiprimitivas ou recuperadas, destinadas à manutenção, parcial ou integral, do ciclo
biológico de espécies da fauna e flora nativas do Brasil ou migratórias.
Para declarar uma Reserva Particular de Fauna e Flora o interessado deveria apresentar ao IBDF
os seguintes documentos:
• Requerimento.
À época, houve uma maior preocupação com relação às questões técnicas das reservas declaradas.
Dessa forma, o IBDF passou a realizar vistorias técnicas nas áreas a serem reconhecidas como
Reservas Particulares de Fauna e Flora.
Mesmo que cumpridas todas as exigências por parte do proprietário e do órgão, o pedido de
registro podia ser indeferido pelo Instituo nos seguintes casos:
h,
Destaque,h
Durante a vigência da figura das Reservas Particulares de Fauna e Flora, era
facultada ao proprietário a averbação permanente de sua propriedade.
Vistorias de acompanhamento nas Reservas passaram a ser realizadas pelo IBDF. Ao se constatar
qualquer irregularidade na área, era estipulado um prazo para sua regularização. Caso o
proprietário não conseguisse corrigir o problema apresentado dentro desse prazo, o registro de
Reserva Particular de Fauna e Flora era cancelado.
Vamos assistir ao vídeo que contextualiza histórica e legalmente a figura das RPPNs?
Era então reconhecido e registrado como Reserva Particular do Patrimônio Natural, por
destinação do seu proprietário, e em caráter perpétuo, imóvel do domínio privado em que,
no todo ou em parte, sejam identificadas condições naturais primitivas, semiprimitivas,
recuperadas, ou cujas características justifiquem ações de recuperação, pelo seu aspecto
paisagístico, ou para a preservação do ciclo biológico de espécies da fauna ou da flora
nativas do Brasil.
Decreto nº 98.914 de 1990
• Ato de designação do representante legal, caso fosse pessoa jurídica, com poderes
necessários; e o
h,
Destaque,h
A Portaria nº 217 de 1988 exigia do proprietário a planta do imóvel e o
memorial descritivo da reserva, mas o Decreto nº 98.914 de 1990 deixou de
exigir esses documentos. Consequência disso foi a falta de documentos que
pudessem localizar a RPPN no imóvel e na região.
No processo de criação das RPPNs, o IBAMA tinha sessenta dias, contados da data da
protocolização do requerimento, para emitir laudo de vistoria do imóvel, com a descrição da
área, compreendendo a tipologia florestal, a paisagem, a hidrologia e o estado de conservação,
relacionando as principais atividades desenvolvidas no local e indicando as eventuais pressões
potencialmente degradadoras do ambiente.
h,
Destaque,h
O Decreto nº 98.914 de 1990 estabelecia que, após a publicação da portaria,
o proprietário tinha 60 dias para averbar a RPPN no Cartório de Registro de
Imóveis competente. Mais adiante, com a publicação do Decreto nº 5.746 em
2006, esse procedimento foi alterado: a emissão da portaria de criação da
RPPN somente é publicada se o Termo de Compromisso da RPPN já estiver
averbado.
Para manter e contribuir com a conservação da biodiversidade das reservas, o IBAMA realizava,
sempre que possível, vistorias nas reservas com o intuito de verificar se os proprietários
estavam seguindo as orientações previstas no Decreto. Em alguns casos, observando-se alguma
irregularidade, o proprietário era notificado. Persistindo o erro, o IBAMA promovia a extinção
da RPPN mediante o procedimento cabível e com prévia audiência do proprietário, além de
cancelar o vínculo no registro imobiliário, sem prejuízo da apuração da responsabilidade civil e
penal pelos danos verificados.
Conforme vimos, o primeiro Decreto que deu origem à figura da RPPN foi o Decreto nº 98.914
de 1990, conferindo importância ao reconhecimento dessas reservas particulares. Após essa
publicação, por meio de sua aplicação, verificou-se que ainda havia muito a se aprimorar.
Esse novo Decreto denominou as Reservas Particulares do Patrimônio Natural como áreas de
domínio privado que deveriam ser especialmente protegidas, por iniciativa de seu proprietário
e por meio do reconhecimento do Poder Público, sendo consideradas de relevante importância
pela sua biodiversidade, ou pelo seu aspecto paisagístico, ou ainda por suas características
ambientais que justificassem ações de recuperação.
Veja que esse Decreto passou a definir quais eram as atividades permitidas dentro de
uma RPPN: as Reservas poderiam ser usadas para o desenvolvimento de atividades de cunho
cientifico, cultural, educacional, recreativo e de lazer, sendo permitida a realização de obras e
infraestruturas no interior da reserva necessárias às atividades desenvolvidas. Além disso, o
decreto possibilitou que os Órgãos Estaduais do Meio Ambiente, também criassem Reservas
Particulares do Patrimônio Natural.
Outra novidade trazida pela publicação do Decreto de 1996 foi a previsão de outros benefícios
aos proprietários da RPPN. Além da isenção do ITR, foram acrescentados os seguintes incentivos:
h,
Destaque,h
O proprietário precisava submeter o zoneamento e o plano de utilização da
reserva à aprovação do órgão responsável pelo reconhecimento da RPPN.
Além disso, deveria encaminhar anualmente, ou sempre que solicitado, um
relatório descrevendo a situação da reserva e as atividades desenvolvidas.
As RPPNs ganharam, com a publicação desse Decreto, mais visibilidade e reconhecimento junto
ao governo e à sociedade civil e organizada. E no ano de 2000 a RPPN passou a ser de fato uma
das unidades previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei nº
9.985 de 2000).
Você saberá como ficou a situação das RPPNs com a publicação da Lei do SNUC assistindo ao
vídeo a seguir:
h,
Destaque,h
Mesmo após a consolidação da Lei do SNUC, RPPNs continuaram a ser criadas
com a classificação de uso sustentável, mas com características de unidade
de proteção integral, como é o caso da RPPN Urú, localizada no município da
Lapa/PR, criada por meio da Portaria nº 20 de 2004 e com seu plano de manejo
aprovado pelo ICMBio em 2014.
Para regulamentar o Artigo 21 da Lei do SNUC que trata das RPPNs, o Governo Federal publicou
o Decreto nº 5.746 no dia 05 de abril de 2006. Por curiosidade, vale destacar que a RPPN foi a
primeira categoria de unidade de conservação regulamentada após a publicação do SNUC.
h,
Destaque,h
O Art. 1º do Decreto nº 5.746 de 2006 definiu as RPPNs como uma unidade
de conservação de domínio privado, com o objetivo de conservar a
diversidade biológica, gravada com perpetuidade, por intermédio de Termo de
Compromisso averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis.
Com a publicação desse novo Decreto foi possível regulamentar a criação, a gestão e o manejo
dessa unidade de conservação de acordo com a Lei do SNUC. Possibilitou-se, então:
Uma das RPPNs criadas dentro dessa regulamentação foi a Lafigueira Naturarte, localizada no
município de Piracaia/SP, por meio da Portaria nº 371 de 2017:
O vídeo a que vamos assistir agora apresenta os aspectos legais do Decreto nº 5.746 de 05 de
abril de 2006:
Vejamos também outros pontos previstos no Decreto que são importantes para entendermos
melhor os aspectos legais que envolvem as RPPNs:
Para saber mais sobre RPPN, leia o livro: Perguntas e Respostas sobre RPPN
disponível no link: www.icmbio.gov.br/rppn
BRASIL. Decreto n.º 98.914, de 31 de janeiro de 1990. Reconhece a figura das Reservas
Particulares do Patrimônio Natural – RPPN.
BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis Naturais. Decreto n.º
1.922, de 05 de junho de 1996. Reconhece as Reservas Particulares do Patrimônio Natural –
RPPN, Brasília.
BRASIL. Lei n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal.
BRASIL. Lei n.º 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidade de
Conservação da Natureza (SNUC).
SOUZA, José Luciano. Perguntas e respostas sobre reserva particular do patrimônio natural /
José Luciano de Souza, Dione Angélica de A. Côrte, Lourdes M. Ferreira; Colaboradores técnicos:
Danielly Santana ... [et al.]. – Brasília : Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade,
ICMBio, Coordenação Geral de Criação, Planejamento e Avaliação de Unidades de Conservação,
CGCAP, 2012. 75 p. : il. Color.; 29,7 cm.
WIEDMANN, Sônia M. P. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN – na Lei nº. 9.985/2000
que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. In: BENJAMIN, A. H. (Ed.).
Direito ambiental das áreas protegidas. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2001.
Glossário
Termo Definição/significado
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
SNUC Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis