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VOLUME 1

GANBAROU ZE!

Gramática Fácil

Com o Índice Gramatical!

Versão 8
Quarta-Feira, 02 de março de 2022
Capa: https://www.postermywall.com/
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O PROJETO

A. SOBRE O ORGANIZADOR DESTE PROJETO

Falando um pouco sobre mim, eu me chamo Nelson e sou descendente de japo-


neses. Aos 2 anos de idade fui diagnosticado com paralisia cerebral e o médico
disse que o máximo que eu poderia fazer era ficar vegetando numa cama. Depois
de meus pais muito brigarem e correrem atrás de tratamento, aos 4 anos de idade,
comecei o meu tratamento na AACD, onde permaneci por 10 anos.

Hoje, depois de muitas cirurgias (20 mais ou menos) e tratamento, estou andando
de muletas, possuo graduação em Gestão Financeira e MBA em Controladoria e
Finanças.

B. HISTÓRICO

Sou muito fã de seriados japoneses, animês e videogames. Tudo isso despertou


em mim ainda mais o interesse pela língua e cultura japonesa. Quando resolvi
procurar material para estudar, deparei-me com algo que me incomodou bas-
tante: não encontrava bons sites ou livros em português! Tudo era muito básico
e incompleto!! Em compensação, havia bons sites e livros em inglês.

Conheci o site do Tae Kim. Achei a abordagem dele excelente e inovadora, mas
de algum modo aquilo ainda era insuficiente para mim. Então, passado um
tempo, deparei-me com o site Imabi e, através dele, conheci o espetacular livro
“Classical Japanese: A Grammar” de Haruo Shirane. A partir daí me interessei
pelo Japonês Clássico e comecei a pesquisar mais sobre o assunto na internet.

Com essas três “ferramentas” – Manual do Tae Kim, Imabi e Japonês Clássico –,
as coisas começaram a ficar muito mais claras e o aprendizado havia se tornado
ainda mais divertido e intrigante. Resolvi, então, juntar as minhas pesquisas em
um arquivo de texto: tudo que encontrava e achava interessante, eu traduzia e
colocava nele. Depois de 3 anos de pesquisas, então, pensei: “por que não com-
partilhar as minhas pesquisas?”

Então, no dia 26/05/2014, inaugurei o blog “Ganbarou Ze! – Gramática Japo-


nesa”, cujo endereço é http://ganbarouze.blogspot.com/, totalmente em

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português e gratuito, tendo por finalidade abordar a gramática da língua japo-
nesa partindo do ponto de vista japonês (como o Tae Kim faz) e também mostrar
a evolução da língua e os seus porquês (através do Japonês Clássico) para que
você disponha de conhecimento para tentar entender sozinho determinado pa-
drão gramatical, mesmo sem tê-lo visto em um livro de gramática antes.
C. POR QUE O JAPONÊS CLÁSSICO É IMPORTANTE AINDA HOJE?

Quando iniciei este projeto, já era evidente para mim a importância do Japonês
Clássico para um melhor entendimento da língua moderna. Conforme progredi-
mos em nossos estudos, fica fácil perceber que principalmente na língua escrita
formal, deparamo-nos com construções estranhas que, sem o conhecimento do
Japonês Clássico, ficaria impossível compreendê-las de forma satisfatória. Tam-
bém, se você deseja fazer o nível 1 do JLPT, irá se deparar com essas “coisas es-
tranhas” da língua japonesa. É por isso que me propus a fazer uma abordagem
diferente de tudo o que você já viu, abordando o Japonês Clássico, tanto para
mostrar a evolução dos padrões modernos, como para explicar pontos gramati-
cais clássicos que ainda podem ser vistos na língua moderna.
D. POR QUE ESTE LIVRO DE GRAMÁTICA FÁCIL?

Desde que lancei o blog em maio de 2014, tenho recebido e-mails elogiando o
conteúdo, entretanto, há também alguns leitores que afirmam que, apesar de o
conteúdo do blog ser muito bom, é muito complexo para quem está tendo con-
tato com a língua japonesa pela primeira vez.

Diante disso, resolvi elaborar este livro com uma 'gramática fácil' direcionada
àqueles que ainda não tiveram nenhum contato com a língua japonesa. Sendo
assim, se você é um desses, recomendo que comece pelos tópicos a seguir nos
quais serão abordados, em 19 tópicos (o tópico 20 é um suplemento), os funda-
mentos do japonês da maneira mais simples possível. Assim que você tiver do-
minado o conteúdo deste livro, passe para as 60 lições no blog.

Caso você tenha, pelo menos, conhecimento básico de inglês, o “Jisho.org”


(https://jisho.org/) possui uma funcionalidade muito interessante: você pode
colocar uma oração inteira na barra de pesquisa e ele a desmembrará! Assim,
você poderá copiar as orações de exemplo deste livro e conferir o significado de
cada palavra!! Observe o exemplo com a oração “Eu comi sushi”:

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Outra ferramenta em inglês que eu recomendo que você baixe é a extensão
“Rikaichan”. Assim, quando estiver navegando por algum site é só passar o
mouse em cima das palavras em japonês e aparecerá um pop-up com a tradução
em inglês.

Para Chrome: https://tinyurl.com/bfmqme5

Para Firefox: https://tinyurl.com/y75k9t8d

Para Firefox Quantum: https://tinyurl.com/ya54tkcb

Você pode inserir “Furigana” (tópico 2) em sites usando a extensão “IPA Furi-
gana”:

Para Chrome: https://tinyurl.com/yxzblmqn

Para o Firefox há o “Furiganaize”: https://tinyurl.com/k8tz6rdr

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Infelizmente, não há muitas opções de dicionários Japonês – Português / Portu-
guês – Japonês para consulta online. Conheço apenas um:

DICIONÁRIO JP: http://dicionario.jp/

Há também o GLOSBE (https://pt.glosbe.com/ja/pt/), que não é um dicioná-


rio, mas sim um tradutor. Outra ferramenta parecida é o REVERSO CONTEXT
(https://context.reverso.net/traducao/japones-portugues/).

Disponibilizamos o “Dicionário Ganbarou Ze!”, que contém mais de 15.000 pa-


lavras e é constantemente atualizado. Ele está em formato planilha (do Google),
assim você poderá aplicar filtros e fazer consultas. Acesse-o neste link:
https://tinyurl.com/2zx5hef2
E. CONSIDERAÇÕES

Por fim, quero deixar claro que este livro se trata de material que venho pesqui-
sando ao longo desse tempo. É algo de estudante para estudante. Portanto, sem-
pre que encontrar algo interessante, atualizarei algum tópico.

Não deixe de entrar em contato conosco caso tenha sugestões, críticas ou algum
também material interessante que deseje que esteja em futuras atualizações.

Anote nosso e-mail: contato.ganbarouze@gmail.com

SE DESEJAR COLABORAR COM O PROJETO:

Chave PIX (PagSeguro): 210d4e68-3264-44b1-8e6c-93eeb9a62893

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“Não palmilhe sempre o mesmo caminho, passando somente onde outros já pas-
saram. Abandone ocasionalmente o caminho trilhado e embrenhe-se na mata.
Certamente descobrirá coisas nunca vistas, insignificantes, mas não as ignore.
Prossiga explorando tudo sobre elas; cada descoberta levará a outra. Antes do
esperado, haverá algo que mereça reflexão” (Graham Bell)

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ANTES DE COMEÇAR OS ESTUDOS
Se você visita o blog com frequência, deve ter percebido através da seção “ATU-
ALIZAÇÕES”, que até o presente momento (02/03/2022), as partes que mais
temos atualizado são os tópicos pertencentes à “Introdução ao Curso ‘Ganbarou
Ze! – Gramática Japonesa’” nos quais mencionamos dicas de como otimizar o
aprendizado e se manter motivado. E a razão disso é muito simples: pelos relatos
que temos lido e ouvido, a maior dificuldade de aprender japonês não está no
japonês em si, mas sim na maneira de encarar as coisas. Aliás, não nos surpre-
ende que livros de autoajuda estejam sempre entre os mais procurados.

Por isso, essa parte introdutória será talvez A MAIS IMPORTANTE para o seu
aprendizado! Leia cada parte atentamente, reflita e comece a sua jornada na lín-
gua japonesa!

UMA MÁQUINA CHAMADA “CÉREBRO”

Parece óbvio, mas se desejamos potencializar nosso aprendizado, primeiro pre-


cisamos entender como nosso cérebro seleciona as informações que guardará.
O primeiro ponto é que nosso cérebro (e consequentemente nossa memória) é
muito seletivo. Podemos traçar um paralelo entre a memória e a unidade de ar-
mazenamento de um computador: para manter o sistema saudável, de tempos
em tempos fazemos limpezas descartando aquilo que pouco utilizamos ou não
precisamos mais para dar lugar a coisas que nos serão úteis e também para oti-
mizar o processamento dessas coisas, não é mesmo? E eis aqui o critério do nosso
cérebro para selecionar as informações que guardará: a IMPORTÂNCIA.

Não se sabe ainda qual a capacidade de armazenamento do cérebro. O que sabe-


mos é que ele é a parte do corpo que sozinha consome mais energia. Por essa
razão, ele não gosta de gastar energia sem propósito. Ele descarta constante-
mente informações que considera irrelevantes para que nos concentremos e te-
nhamos energia para fazer as coisas que nos ajudarão de fato no mundo real.

Mesmo que não percebamos, nosso cérebro ainda age de forma muito primitiva,
isto é, para ele é como se nós ainda vivêssemos em ambiente selvagem. Ele quer
que guardemos energia e nos foquemos na sobrevivência. Ele quer que fique-
mos atentos para possíveis ameaças de predadores e guardemos energia para fu-
gir ou mesmo lutar contra esses predadores. Ele quer que guardemos energia
para as tarefas diárias necessárias para a sobrevivência (hoje relativamente sim-
ples, mas pesadas nos tempos primitivos). No ambiente selvagem precisávamos
de muita energia para caçar, plantar, procurar por abrigo devido ao clima, etc.
Segundo apontam especialistas em um estudo publicado na revista cientifica
“Neuropsychologia”, “a conservação de energia foi essencial para a sobrevivên-
cia dos seres humanos, pois nos permitiu ser mais eficientes na busca por comida
e abrigo, na competição por parceiros sexuais e na prevenção de predadores”.

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Eis, então, um dos fatores que o cérebro utiliza para avaliar a importância de algo:
A (NECESSIDADE DE) SOBREVIVÊNCIA.

Agora, de forma geral como o homem primitivo foi tendo consciência daquilo
que era bom ou ruim para a manutenção de sua vida? A resposta é: baseado na
sensação que um ato e/ou o resultado deste trazia. Por exemplo, todos nós sabe-
mos que precisamos beber água para sobreviver. Porém, não é qualquer água.
Nós sabemos que há uma diferença enorme entre beber água tratada e beber água
suja, pois as sensações e os resultados são diferentes, não é mesmo? Beber água
suja é muito desagradável (tem um gosto ruim), além de poder adoecer a pessoa
(resultado ruim). Perceba que não bebemos água suja em sã consciência, ao passo
que constantemente bebemos água tratada, pois ela nos dá uma sensação agra-
dável, além de saciar a sede e hidratar o corpo (resultado bom). Em outras pala-
vras: tendemos repetir o que nos traz boas sensações e/ou resultados bons e
rejeitar aquilo que nos traz sensações e/ou resultados ruins (fugir da dor e bus-
car o prazer). Eis, então, outro fator que o cérebro utiliza para avaliar a importân-
cia de algo: O PRAZER (SEJA DO ATO, SEJA DO RESULTADO).

Podemos esquematizar da seguinte forma:

Esse é o esquema básico, entretanto, ainda precisamos considerar uma caracte-


rística extremamente importante: o fator IMPORTÂNCIA nem sempre será
uma constante. Em outras palavras, o grau de importância de uma mesma ação
poderá variar conforme diversos fatores. Fazendo uma analogia, um guarda-
chuva não terá sempre a mesma importância. Em dias de chuva, ele é um objeto
importante, mas em dias ensolarados, não, podendo até mesmo ser um fardo
carrega-lo (ele ocupa o espaço de outro objeto que seria mais proveitoso). Facil-
mente percebemos que com ações acontece algo semelhante. Há uma infinidade
de ações que podemos executar e também uma infinidade de contextos diferen-
tes, o que impactará na importância da ação.

Como o nosso cérebro não gosta de gastar energia sem propósito, ele possui o
chamado “Sistema de Recompensas”, que é um sistema que constantemente
“calcula” o custo-benefício das ações (a importância), baseado em três fatores:

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➩ Recompensa (positiva ou negativa, alta ou baixa);

➩ Esforço (quantidade de energia necessária);

➩ Distância (se é uma recompensa imediata ou a curto, médio ou longo prazo).

Por exemplo, beber água estando no meio do deserto é muito importante! Como
se torna uma ação diretamente relacionada à necessidade de sobrevivência, a re-
compensa é muito alta (e necessária). Neste caso, o cérebro entenderá que es-
forço e distância têm menor relevância, pois o importante é beber água. Por isso,
estaremos dispostos a fazer mais esforço e a gastar mais tempo para encontrar
água. Em contrapartida, estando no conforto de casa, pode ser que estejamos fa-
zendo coisas mais agradáveis do que saciar a sede em si (assistindo a uma partida
de futebol, por exemplo). Saciar a sede, então, torna-se menos importante. Para
alguns, é preferível deixar a sede esperar a perder um lance da partida, tendo
que levantar do sofá e ir buscar água na geladeira (esforço e distância maiores).
Neste caso, assistir a cada lance da partida é mais importante, o prazer é maior
(e imediato) e o esforço e distância, menores (custo-benefício melhor em relação
a saciar a sede).

A este combustível que nos move em direção a uma recompensa se dá o nome


de MOTIVAÇÃO. Podemos dizer que a motivação varia conforme a importân-
cia que atribuímos a uma ação ao longo do tempo.

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Perceba também que o fator importância de uma ação (e a consequente motiva-
ção para executá-la) em muitos casos tem um aspecto fortemente individual.
Conforme o exemplo citado, entre saciar a sede e assistir a partida de futebol, a
escolha não é óbvia; o custo-benefício de uma mesma ação varia de pessoa para
pessoa.

A importância que atribuímos a uma tarefa e a motivação para executá-la depen-


derão muito do nosso sistema de crenças, da nossa visão de mundo. Basica-
mente, são princípios e valores individuais que formamos (ou aceitamos) com
base naquilo que vivemos, ouvimos e sobre os quais refletimos. É a partir dessa
visão de mundo que analisamos a nós mesmos, os outros e o mundo. O problema
reside no fato de que, independentemente se esses princípios e valores são obje-
tivamente bons ou equivocados, costumamos nos apegar a eles, considerando
que estamos sempre certos. Costumamos questionar princípios e valores dos ou-
tros, mas os nossos estão sempre corretos e, por isso, podem constituir uma bar-
reira para o aprendizado. Como ensina a psicóloga Marinalva Callegario “toda
crença é autorrealizável e as nossas palavras são profecias”. Um só pensamento
ou palavra negativa pode se tornar gatilho para traumas ou para a estagnação.
Daí é que vem o famoso ciclo:

Pensamento gera sentimento que conduz a uma ação que tem um resultado. Esse
resultado, então, confirma o pensamento. Por exemplo, se uma pessoa vive al-
guma situação negativa relacionada à “matemática”, ela provavelmente passará
a acreditar que é péssima em matemática. Em outras palavras, essa pessoa criará
um pensamento que tende a ficar martelando na cabeça:

“Sou péssimo em matemática! Sou péssimo em matemática!”

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Esse diálogo interno constante, essa mesma conversa consigo mesmo o tempo
todo terá como consequência evidente um sentimento de repulsa com relação à
matemática. Como resultado, muito provavelmente essa pessoa passará a enxer-
gar a matemática como algo sem importância (ou danoso) e nem terá motivação
para aprender. Lembre-se que nosso cérebro quer que fujamos da dor e busque-
mos o prazer! E, se ainda assim a pessoa tentar aprender, qualquer erro que co-
meter por mais simples que seja, vai fazê-la dar razão a ela mesma (dar razão
ao pensamento), aumentando o sentimento de repulsa e fazendo ela desistir de
aprender matemática de vez.

Na grande maioria das vezes, o pensamento que inicia o ciclo é extremamente


simplista. No caso da imagem, o cavalo se convenceu que ele está preso. Entre-
tanto, se ele refletisse um pouco mais, se ele fosse realista, considerando as di-
versas variáveis que as situações podem ter, perceberia que na verdade NÃO
está preso. O que o mantém preso não são questões da Física, do mundo concreto,
mas tão somente um pensamento equivocado, limitador que ele criou ou acei-
tou. Daí vem a importância de ter diálogos internos saudáveis e realistas. Daí
vem a importância de reestruturar crenças equivocadas sobre si mesmo, sobre
os outros e sobre o mundo. Refletir e dar um novo sentido (positivo) para as
experiências negativas vividas será de grande auxílio para a sua motivação e para
o seu aprendizado!

Imagine agora como é a rede elétrica de sua cidade:

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Uma rede elétrica é composta por diversos cabos conectados uns aos outros atra-
vés dos quais a energia elétrica é transmitida para diversos pontos da cidade.
Com o nosso cérebro acontece algo parecido: nele há bilhões de neurônios, que
são como os cabos da rede elétrica e eles se conectam uns aos outros formando
padrões diferentes. Cada padrão de conexão entre os neurônios resulta em uma
memória.

Clique neste link (https://tinyurl.com/2p9buytu) para observar como os neurô-


nios (in vitro) se conectam uns com os outros.

As diferentes conexões neurais não têm, entretanto, todas a mesma força e po-
demos dizer que a duração de cada memória depende do tempo que sua respec-
tiva conexão permanece ativa. Lembre-se sempre que o cérebro consome muita
energia e, por isso, ele não gosta de gastar energia sem propósito. Por isso, acei-
temos ou não, esquecer é fundamental para evitar sobrecarga do nosso cérebro!
Fazendo uma analogia, não há motivos para mantermos ligado na tomada um
equipamento eletrônico que não utilizamos. Ele estaria consumindo energia inu-
tilmente, além de estar ocupando espaço de outro equipamento que seria mais
proveitoso!

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Por isso, costuma-se dividir a memória em dois tipos:

➩ Memória de curto prazo: refere-se à retenção por um breve período de tempo


das informações recebidas;

➩ Memória de longo prazo: refere-se ao armazenamento duradouro das infor-


mações recebidas. Como ensina Eric Kandel, neurocientista ganhador do Prêmio
Nobel em 2006, “aprender significa criar memórias de longa duração”.

Já a transição das informações entre a memória de curto prazo e a memória de


longo prazo se chama “consolidação”.

Portanto, precisamos fazer o cérebro entender que as informações que estamos


estudando são importantes e, por isso, devem ser armazenadas – consolidadas
– na memória de longo prazo.

Seu objetivo principal deve ser alcançar a “automatização”, isto é, a capacidade


de realizar uma tarefa com o mínimo de esforço consciente, de modo automá-
tico, assim como é a nossa relação com a língua portuguesa. É o que se costuma
chamar de “fluência”. Fazendo uma analogia, aprender uma língua estrangeira
(e isso vale para qualquer coisa nova que desejamos aprender) é como pegar um
carro pela primeira vez: como é algo novo, existe aquele receio natural do des-
conhecido e você começa a guiá-lo numa velocidade reduzida, toma mais cui-
dado ao fazer as curvas, atenta-se em demasia às placas de sinalização, aos botões
do painel, etc. Em outras palavras, no começo o ato de dirigir é feito de forma
totalmente racional. Por isso, é lento e exige esforço mental. Entretanto, con-
forme o ato de dirigir vai se tornando um hábito, a sua confiança vai aumen-
tando e o receio vai diminuindo. Chega a um ponto no qual você começa a pisar
mais no acelerador e os cuidados diminuem. Em outras palavras, aquilo que no

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começo era feito com receio, de forma extremamente racional, exigindo esforço
mental, tornou-se uma ação natural, espontânea, automática.

Alcançar o nível da automatização é algo que o cérebro gosta. Uma ação auto-
matizada passa a exigir menos energia, e o cérebro fica liberado para gastar ener-
gia com outras tarefas. Usando o exemplo de dirigir, no começo quase ninguém
vai gostar de dirigir ouvindo música, pois todo esforço mental está voltado para
dirigir de forma correta. A música pode atrapalhar. Entretanto, depois que o ato
de dirigir se torna automatizado, ouvir música é algo que agrada, pois podemos
prestar atenção nela, não estamos mais totalmente ocupados aprendendo a diri-
gir.

O que houve entre o momento no qual a pessoa começou as aulas na autoescola


e o momento no qual o ato de dirigir se tornou automatizado? Embora constan-
temente brotem na internet figuras desconhecidas vendendo “cursos milagro-
sos” intitulados “Aprendizagem Acelerada”, “Método Revolucionário”, “Flu-
ência em 6 Meses” etc., no fundo esses cursos não passam de abordagem e apli-
cação (muitas vezes mal feitas) de princípios óbvios (que estamos abordando
nessa introdução), mas que acabamos ignorando por diversos fatores. Esteja ci-
ente de que, como tudo que é novo, no início será exigido GRANDE ESFORÇO
de sua parte (e NÃO há como evitar isso!), mas tenha perseverança!

Por falar em grande esforço, quando se fala em sedentarismo, provavelmente a


primeira coisa que vem na cabeça da maioria das pessoas é aquele indivíduo que
não pratica exercícios físicos. Costuma-se atribuir como uma das principais cau-
sadas do sedentarismo físico as praticidades da vida moderna, isto é, as coisas
estão cada vez mais acessíveis com facilidade e rapidez, exigindo cada vez me-
nos esforço. Entretanto, há também o que chamaremos de “sedentarismo men-
tal”. Responda às perguntas a seguir:

➩ Quantos números de telefone você sabe de cor?

➩ Quantos percursos você sabe de cor?

➩ Quantas datas de aniversário você sabe de cor?

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➩ Quantas receitas você sabe preparar de cor?

Não se surpreenda se a resposta para todas essas perguntas for “ZERO”, afinal
tudo isso pode ser resolvido facilmente com o celular, não é mesmo?

Embora muitos recomendem o uso de aplicativos e sites para os estudos (como


Anki, por exemplo) devido à rapidez e a praticidade, é justamente essa rapidez
e praticidade que podem ser prejudiciais se não houver boa medida. Assim
como uma pessoa pode deixar de fazer exercícios físicos porque tem a sensação
de ter “tudo ao seu alcance” de forma rápida e com o mínimo de esforço, nosso
cérebro também pode deixar de “se exercitar” pelas mesmas razões. Ao utilizar
o computador, celular e aplicativos em excesso para estudar, como muitas vezes
a informação já vem pronta, a pessoa não precisa estimular o pensamento. O
cérebro se torna preguiçoso, sedentário.

Ora, assim como um músculo, o cérebro precisa ser estimulado para se desen-
volver, para funcionar melhor. Não evite fazer esforço mental. Assim você estará
com seu cérebro matriculado em uma academia, ele não será sedentário e seu
aprendizado será otimizado.

AS FERRAMENTAS DE APRENDIZADO

UFA! Considerando tudo o que abordamos até aqui, por melhor que seja o ma-
terial didático escolhido, se você não utilizar o que chamaremos de “FERRA-
MENTAS DE APRENDIZADO”, o seu aproveitamento será quase nulo. Por-
tanto, tenha em mente que sem elas é como querer fazer limonada sem limões,
ou seja, sem o ESSENCIAL para a limonada. O material didático é apenas parte
do processo (e talvez a menos importante!). Sem motivação, sem esforço

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pessoal, materiais didáticos são apenas letras mortas que não provocam nenhum
efeito prático! Cabe unicamente a VOCÊ dar vida a essas letras!

O que se deseja com essas ferramentas é otimizar a motivação e a memória e


minimizar os fatores que prejudicam esses elementos. Então, sem mais delon-
gas, vamos conhecer as “ferramentas de aprendizado”:

1) INTERESSE: parece óbvio, mas um dos maiores bloqueios para o aprendizado


é a falta de interesse naquilo que se estuda. Pessoas podem passar horas e horas
tentando decorar fórmulas matemáticas, mas se houver falta de interesse e/ou
maus pensamentos, a sua mente encarará a situação como algo danoso para você
e passará a criar mecanismos de autodefesa para afastá-lo disso, tais como distra-
ção ou sonolência. Portanto, lembre-se: quanto maior o interesse, maior é o po-
der da memória para guardar determinada informação. Ainda, segundo a Dra.
Carla Tieppo, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São
Paulo e neurocientista, “o hipocampo seleciona aquilo que tem valor para ser
guardado ou não. (...) E como ele está ligado à emoção, acreditamos que isto ex-
plique o fato de o cérebro armazenar algumas coisas e outras não, de acordo com
o valor que elas têm para nós”.

“Encontre algo que você ame tanto fazer que você espere o sol nascer só para
poder fazer de novo” (Chris Gardner)

Vamos fazer uma analogia: imaginemos que um rapaz tenha iniciado um em-
prego novo e logo no primeiro dia se depara com uma menina que lhe desperta
interesse à primeira vista. Vão se passando os dias, o rapaz fica só a observando
e o interesse vai aumentando, mas ainda não tiveram a oportunidade de conver-
sar. São convidados então para uma dinâmica em duplas na qual um terá que
expor certas informações pessoais ao outro. Agora, responda com sinceridade: se
você estivesse no lugar do rapaz fazendo dupla com a menina que outrora des-
pertara seu interesse, as chances de você guardar as informações pessoais que ela
expor não são muito maiores do que se você estivesse fazendo dupla com qual-
quer outra menina na qual você não estivesse interessado?

2) ORGANIZAÇÃO: quanto mais organizada a mensagem, maior será a reten-


ção. A memória não acumula dados de qualquer maneira. Ela efetua, sem

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percebermos, um trabalho de organização. O cérebro opera uma organização in-
consciente. Podemos ajudar a memória organizando a informação de modo cons-
ciente fazendo esquemas lógicos o que implica em comparar, selecionar, classi-
ficar, ordenar, associar, esquematizar.

“Se a informação que você precisa memorizar estiver uma completa bagunça,
você dificilmente conseguirá retê-la” (Alberto Dell’Isola)

Outro ponto sobre a importância de organizar as informações, é que, de forma


geral, é preferível partir do geral para o específico. Por exemplo, se você ainda
não teve nenhum contato com a língua japonesa, é melhor pegar um material que
apresente uma visão geral do idioma (por isso criamos o “Gramática Fácil”), an-
tes de partir para o “Gramática Avançada”. Ter uma visão geral prévia de um
assunto ajuda a desenvolver familiaridade com ele. Ora, quanto mais familiari-
dade tivermos com determinado assunto, mais facilmente o aprenderemos.

Aliás, a familiaridade é um dos motivos pelos quais há pessoas que aprendem


com mais facilidade e com maior rapidez um determinado assunto em relação a
outras pessoas. Por exemplo, Fulano que gosta de matemática tende a aprender
Física com mais facilidade e em menos tempo se comparado a Sicrano que não
gosta de Matemática. A Física tem pontos em comum com a Matemática, que
Fulano já sabe.

E organização se refere também ao ambiente de estudo. Quanto mais acessível o


material de estudo estiver, quanto mais organizado, melhor. Por exemplo, o tra-
balho que você pode ter para pegar um livro pode fazer com que sua motivação
diminua.

3) CONCENTRAÇÃO: possuir interesse não significa necessariamente que você


estará focado sempre quando necessário. Afinal, situações mais atraentes, como
uma partida de futebol, ou ainda, questões de ambiente como barulho, pouca ou
muita luz podem surgir durante o seu tempo de estudo, minando completamente
a sua concentração. Outro fator prejudicial é o desvio de foco por imaginações
que podem surgir ao vermos uma palavra ou figura durante a leitura; acabamos
focando mais nessa palavra ou figura e damos as costas para o tema estudado.

“O homem que quiser conduzir a orquestra tem de dar as costas ao público”


(Max Lucado)

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Absorver várias informações diferentes ao mesmo tempo mina a concentração e
prejudica a memorização. Vivemos em um tempo em que há excesso de infor-
mações e acabamos querendo consumir o máximo possível disso tudo. Tomamos
o café da manhã lendo o jornal, assistindo à TV ao mesmo tempo que navegamos
pelas redes sociais através do celular. Contudo, nosso cérebro não gosta da mul-
titarefa. Dra. Carla Tieppo afirma que “quando você não está inteiramente con-
centrado naquilo, você está dizendo para o seu cérebro que aquela informação
não é tão importante para você, e é provável que ela acabe sendo descartada”.
Por isso, evite a multitarefa, faça uma coisa de cada vez. Quando estiver estu-
dando, elimine todas as possíveis intrusões – desligue o celular, a TV, feche-se
no seu quarto... e concentre-se apenas no estudo.

4) REPETIÇÃO: outro pilar da memória e principalmente da automatização é a


repetição. Analogamente, se você consegue digitar rapidamente agora, deve se
lembrar de como era um “catador de milho” no começo. Entretanto, conforme foi
repetindo o ato de digitar – e com o desejo, interesse em dominar a digitação –,
gradativamente foi ganhando velocidade, não é mesmo? Ou ainda, já parou para
pensar por que não nos esquecemos da nossa língua materna?

Aliás, você precisará desenvolver quatro habilidades para dominar qualquer idi-
oma: (1) ler, (2) escrever, (3) falar e (4) ouvir. Você sabe qual é a “fórmula mágica”
para aprender idiomas? Apresentamos a seguir:

➩ para aprender a ler, leia bastante;

➩ para aprender a escrever, escreva bastante;

➩ para aprender a falar, fale bastante;

➩ para aprender a ouvir, ouça bastante.

A repetição precisa se tornar um hábito, ou seja, ela precisa ser feita constante-
mente, mesmo que a informação já esteja bem memorizada. Nossa memória é
naturalmente transitória. Podemos saber muito de um assunto hoje, mas se não
nos preocuparmos em manter essas informações, fatalmente as esqueceremos.

E porque isso acontece?

Talvez não nos damos conta disto, mas estamos o tempo todo recebendo infor-
mações através dos nossos sentidos. Seja o som de um carro que passa na rua, o
cheiro de alguma coisa, as placas que vemos na estrada, um novo pensamento...
não paramos de receber novas informações e tudo isso acaba “ocupando es-
paço”. Didaticamente, podemos comparar a nossa memória com um copo. O que
acontece se começarmos a colocar água nele sem parar? Exato! Chegará um mo-
mento em que não haverá espaço para tanta água e a água que já estava no copo
começará a ser jogada para fora a fim de dar espaço para a água que está en-
trando no copo.

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Assista a uma animação neste link: https://tinyurl.com/mr26tf7k.

Nosso cérebro precisa constantemente selecionar o que guarda e o que será jo-
gado no lixo. Então, a repetição é uma forma de indicar que, dentre tantas infor-
mações recebidas, aquela específica é importante. Quanto mais reativamos uma
mesma conexão neural (memória), mais ela se torna firme, sólida (veja uma ani-
mação clicando aqui: https://tinyurl.com/38mzhb6h). O contrário também é
verdadeiro, ou seja, pode-se dizer que informação não repetida será informação
esquecida.

“Quanto mais você revisa, se expõe a algo, mais o cérebro se acostuma com
aquela informação e a fixa na memória”

É importante, porém, saber usar a repetição a seu favor. Se mal usada ela pode
se tornar vilã, pois o cérebro precisa de tempo para processar uma informação.
Não bombardeie seu cérebro repetindo as coisas alucinadamente e/ou com mui-
tas informações ao mesmo tempo! Em 1913, P. B. Ballard, um psicólogo inglês,
apontou o que foi chamado de “Fenômeno da Reminiscência”. Esse fenômeno
nos indica que a fixação de um conteúdo é maior algum tempo depois do que
imediatamente depois de estudar. Por isso, a repetição precisa ser feita com tran-
quilidade e com um espaço de tempo.

Entender que a nossa memória é transitória por natureza é fundamental. Um dos


maiores erros de quem está estudando é achar que “uma vez aprendido, jamais
esquecido”. Muitas pessoas estudam algo apenas até conseguirem memorizar
as informações e acham que isso é o suficiente. Entretanto, passado algum
tempo, percebem que já se esqueceram de tudo que tinham estudado. Fatalmente
se veem em um ciclo interminável de “aprende, esquece, aprende, esquece...”
achando que nunca aprenderão de fato! Aliás, é oportuno mencionar aqui o con-
ceito de “Curva do Esquecimento”. O site “CPC Concursos”
(https://tinyurl.com/24fjvz2r) menciona que “o conceito de curva do esqueci-
mento é antigo. Foi criado pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus (1850 –

22
1909)”. (...) ela ocorre “porque o cérebro entende que não é preciso registrar in-
formações que não são usadas. Ou seja, quanto menos aquele conteúdo for visto,
menos relevante ele se torna para o cérebro. Logo, é essencial estimular a memó-
ria ao longo do tempo para não descartar a informação estudada”.

Segundo o “Blog Folha Dirigida” (https://tinyurl.com/9257ff28), “a teoria do


filósofo alemão diz que, após estudar um conteúdo, você está com 100% daquela
informação na sua memória. Segundo Ebbinghaus, o que acontece em seguida, é
que seu cérebro, ao longo do tempo, vai “desarmazenando” o que foi aprendido,
pois ele não é capaz de reter toda a informação de uma vez. Após 20 minutos,
você vai ter esquecido cerca de 42% do que aprendeu. Depois de uma hora, mais
da metade do conteúdo já foi esquecida (56%). Passados 30 dias, 80% do conteúdo
que você estudou é esquecido também”. E nos apresenta um interessante gráfico:

***

Costuma-se dividir a repetição (ou revisão) em ativa e passiva. A repetição pas-


siva é quando revisitamos a fonte da informação (por exemplo, revejo a lista de
vocabulário que estudei ontem). Segundo um artigo do site Guia do Estudante
(link: https://tinyurl.com/y4pjkjju), Alberto Dell’Isola recomenda três passos
para lidar com a curva do esquecimento:

23
1) Nas primeiras 24 horas após a sessão de estudo, para cada leitura de uma hora,
faça uma revisão de dez minutos. Ela deve ser feita nesse período de tempo,
porque é o momento em que mais perdemos informações e isso será suficiente
para “segurar” a sua memória. Para ajudar no processo você pode usar fichas-
resumo, reler as informações anotadas no caderno ou gravar trechos da aula para
ouvi-los depois.

2) No sétimo dia após a sessão de estudo (ou seja, uma semana depois) dedique
apenas cinco minutos para reativar na memória esse material.

3) Ao final de 30 dias, pratique o conteúdo durante 2 a 4 minutos e isso deverá


ser suficiente para ajudá-lo a se lembrar novamente do que estudou.

***

Já a repetição (ou revisão) ativa é aquela em que há o esforço para lembrar de


algo sem revisitar a fonte da informação. Observe o exemplo a seguir:

Já há estudos que apontam que a repetição ativa gera melhores resultados, pois
é como se o esforço que fazemos para puxar algo da memória (esforço mental)
fizesse o cérebro entender: “Puxa, está havendo um esforço para a lembrança de
uma informação. Ela é importante!”. Fazendo uma analogia, se a cada vez que
Hiroshi perdesse determinado brinquedo, sua mãe lhe desse outro igual, a ten-
dência é Hiroshi se acomodar com relação a esse brinquedo. Porém, se logo na
primeira vez que Hiroshi perdesse o brinquedo, sua mãe lhe dissesse “Procure!”,
a tendência é Hiroshi dar mais valor para o brinquedo, tomando mais cuidado
para não o perder.

Perceba como é importante estimular o cérebro a buscar por conta própria a in-
formação desejada. Afinal, é assim que funciona no mundo real. A vida concreta
é muito mais exigente do que os exercícios presentes nos livros. Nas conversas
no mundo real, não há legendas, listas de vocabulário para consulta ou muito
tempo para entender um nativo. Quanto mais rápido processarmos as

24
informações, melhor. Fazendo uma analogia, há quem diga que quando se trata
da tabuada de multiplicação, ou a pessoa responde na hora ao ser questionada
quanto é um número vezes o outro, ou ainda não aprendeu bem. De certo modo,
comunicação é assim também. Veja como no português não precisamos de tempo
para processar as coisas durante uma conversa (a menos que a pessoa use um
vocabulário e/ou construções complexas, pouco comuns). Também, se um es-
trangeiro perguntar o que significa “casa”, saberemos responder na hora, não é
mesmo? Isso é por que já estamos familiarizados com o português, por conta de
muita exposição às mesmas coisas repetidas vezes. A língua portuguesa de uso
diário já está “tão memorizada” que se tornou algo natural, automático para nós.

Então, procure dar preferência a repetição ativa, usando preferencialmente pa-


pel e caneta (item nº 6), pois com a escrita à mão aumentamos ainda mais o es-
forço e concentração do cérebro, o que auxilia na fixação da informação na me-
mória. Aliás, você pode usar também a “AUTOEXPLICAÇÃO”, que é você ex-
plicar algo para si mesmo, como por exemplo alguma construção gramatical ou
mesmo o significado de uma palavra. Ou você pode imaginar que é professor de
uma turma e precisa explicar algo para a sua turma (sempre havendo o esforço
mental para puxar as informações da memória).

Também, ao revisar o conteúdo, procure começar pelas informações que você


achou mais difíceis de guardar. Por exemplo, quando estiver estudando voca-
bulário poderá colocar as palavras em uma planilha e criar a coluna “NÍVEL DE
MEMORIZAÇÃO” com três níveis: “1” para “ruim”, “2” para “médio” e “3”
para “bom”. Assim, da próxima vez que fizer a repetição, ordene as palavras pelo
nível de memorização, começando com as de nível 1. Alguns, entretanto, dirão
que é melhor dar prioridade às informações com nível de memorização interme-
diário (nível 2) para que elas se tornem informações com nível de memorização
alto (nível 3). Já as informações de nível 1 (memorização ruim) devem ser revi-
sadas bem aos poucos, num ritmo menor, exigindo fatalmente mais tempo para
serem memorizadas. O motivo é que focar demais naquilo que não se sabe (nível
1) prejudica a memorização daquilo que ainda não está bem fixo na memória
(nível 2). Assim, facilmente se entra em um ciclo interminável de alternância en-
tre os níveis 2 e 1, causando a sensação de aprender e esquecer, aprender e es-
quecer...”. Avalie-se e veja o que é melhor para você. Outra possibilidade é usar
o software “Anki”: https://apps.ankiweb.net/.

Outro ponto que vale ressaltar é que, uma vez que você tenha memorizado de
forma satisfatória, é importante misturar as informações a serem revisadas. Por
exemplo, observe a tabuada do 4 a seguir:

25
Veja que a forma como as tabuadas nos são apresentadas segue sempre um pa-
drão. Isso tem um lado bom e um lado ruim: o lado bom é que isso ajuda muito
na memorização. O lado ruim é que podemos acabar fixando demais no padrão
e condicionando o cérebro a lembrar da informação apenas dentro desse padrão.
Idiomas têm a ver com comunicação e comunicação é um processo criativo e
interativo. Embora cada língua tenha seus padrões como cumprimentos, expres-
sões idiomáticas e palavras que costumam ser mais usadas com outras específi-
cas, na prática, podemos usar as palavras do jeito que a gente quiser, desde que
haja entendimento mútuo. Precisamos estar cientes disso e preparados para esse
fato. Por exemplo, se você estiver memorizando palavras por meio de uma lista
de frequência de uso (o que recomendamos), uma vez que você tenha memori-
zado bem as palavras, comece a revisá-las alterando a ordem das palavras a cada
revisão. Não deixa de ser também uma forma de verificar se você memorizou
bem cada palavra ou acabou na verdade “memorizando o bloco” por causa do
padrão de ordenamento. Fazendo uma analogia com a tabuada, todo mundo há
de concordar que quem sabe mesmo a tabuada do 4 é capaz de responder, por
exemplo, quanto é “4x8” com rapidez e em qualquer contexto.

5) ASSOCIAÇÃO: associar é vincular uma informação a outra já armazenada.


Nossa memória usa a associação de modo espontâneo, inconsciente, mesmo que
não percebamos. Cada informação em nossa memória está conectada a outras de
uma forma ou de outra. Por exemplo, se alguém disser a palavra "maçã", o que
vem a sua mente? Talvez algo parecido com isto:

➩ MAÇÃ: vermelha, redonda, doce, árvore, fruta.

“A associação facilita a lembrança”

Suponhamos que você deseja prender uma bicicleta a um poste. Como acha que
ela ficará mais segura? Prendendo-a com apenas uma corrente ou usando várias
correntes presas a diferentes pontos do poste e da bicicleta? Certamente a se-
gunda opção é preferível, não é mesmo? Assim também é nossa memória: quanto
mais associações (correntes) formos capazes de fazer com relação a uma

26
informação, mais ela ficará segura em nossa memória. E há várias formas de as-
sociar uma nova informação a algum conhecimento prévio:

➩ associar a lugares;

➩ associar a objetos, de preferência que sejam bem desproporcionais;

➩ associar a movimentos, de preferência rápidos e amplos;

➩ associar a histórias, de preferência engraçadas;

➩ associar a imagens, de preferência que contenham exageros;

➩ associar a cores;

➩ associar a símbolos;

➩ associar a emoções, sejam positivas ou negativas;

➩ associar a músicas ou filmes conhecidos ou que você gosta;

➩ associar aos cinco sentidos, sendo que quanto mais sentidos usarmos para
aprender a mesma coisa, melhor, pois há uma variação de estímulos para a
mesma coisa. Por exemplo, se quisermos memorizar a palavra inglesa “coffee”
(café), podemos ler (visão) a palavra e escutar (audição) a pronúncia. Além disso,
podemos associar “coffee” ao sabor (paladar), ao cheiro (olfato) e à textura (tato)
de café que conhecemos.

Enfim, use sua criatividade!

Se analisarmos bem, é assim que aprendemos nosso idioma materno e novas pa-
lavras: pelo uso constante (repetição) das mesmas coisas e buscando, seja instin-
tivamente, seja de forma consciente, uma relação (associação) entre essas coisas
nas diferentes situações que vivenciamos. Então, veja como repetição e associa-
ção estão intimamente ligadas. Através de associações é que construímos o co-
nhecimento. Observe a figura a seguir que ilustra a importância de construirmos
conhecimento e não apenas ter informações soltas:

27
Uma técnica que você pode usar é a chamada “aprendizagem espaçada”. De
forma simplista, é se expor ao mesmo conteúdo por três vezes intercalando in-
tervalos de 10 minutos, sendo que cada uma dessas três exposições tem que ser
feita de forma diferente. Por exemplo, ao estudar vocabulário, na primeira ex-
posição você apenas lê cada palavra e seu respectivo significado. Na segunda
exposição, você pode usar a repetição ativa (tentar lembrar o significado de cada
palavra). Finalmente, na terceira exposição, você pode montar frases com cada
uma das palavras recém-aprendidas (buscar associações com o seu conhecimento
prévio). Enfim, use sua criatividade! Estimule o seu cérebro!

6) PAPEL E CANETA: você deve estar pensando o quanto isso é inútil nos dias
de hoje em que a tecnologia é tão presente, não é mesmo? Entretanto, estudiosos
têm mostrado que retemos melhor as informações quando escrevemos à mão do
que quando as digitamos. Além de exercitar diferentes áreas do cérebro, como a
escrita à mão é mais lenta e exige movimentos distintos, passamos mais tempo
em contato com a informação e, por isso, concentrados nela. Também, ao escrever
notas à mão, tendemos a ser seletivos, porque não se pode escrever à mão tão
rapidamente como quando digitamos. Essa etapa extra de processamento tam-
bém permite uma retenção e análises mais profundas.

Repare como na frente do computador ou do celular muitas vezes ficamos na


superficialidade da informação, seja por que nos distraímos com outras coisas
interessantes e/ou apenas utilizamos o famoso “copia e cola” sem prestar aten-
ção de fato no que estamos copiando e colando.

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“O computador nos permite rapidez e a caligrafia nos permite um processa-
mento profundo. É uma questão de descobrir como unir as duas coisas” (Ja-
red Hovarth, do Centro de Pesquisa Científica de Aprendizagem da Universi-
dade de Melbourne)

Como mencionamos anteriormente, assim como um músculo, o cérebro precisa


ser estimulado para se desenvolver, para funcionar melhor. Então, apesar de
mais trabalhosos, não deixe de lado os métodos manuais de estudo.

7) INTERVALO: tendemos relacionar quantidade à qualidade. Ouvimos com


frequência frases como “Nossa, ele passou 8 horas estudando sem parar. Que
esforçado!”. Contudo, alternar momentos de estudo e de relaxamento auxilia a
memorização. É preferível, por exemplo, repetir o ciclo de estudar por uma hora
e logo em seguida relaxar (pode ser tirar uma soneca) a estudar cinco horas se-
guidas, afinal não conseguimos nos manter focados por muito tempo. O cérebro
usa mais glicose do que qualquer outra atividade corporal e se estima que a mé-
dia de tempo que conseguimos nos manter focados em algo é 60 minutos. Então,
avalie-se e procure ter TEMPO ÚTIL de estudo, isto é, aquele período no qual
você consegue se manter focado, pois é neste espaço de tempo que você está re-
almente absorvendo informações.

“Os intervalos são a chave da produtividade”

8) BEM-ESTAR: estar física e psicologicamente bem só há de potencializar as


demais ferramentas de aprendizado. Portanto, evite estudar se você não estiver
bem, pois poderá ser tempo perdido. Avalie o quão disposto você está para rea-
lizar determinada atividade, considerando fatores como horário do dia, nível de
energia, etc.

“O pensamento e a memória funcionarão melhor quando a pessoa estiver em


boas condições de saúde e, principalmente, descansada” (Fabiana Mendonça,
psicóloga)

Também, há estudos que apontam que para ter uma boa memória, é fundamental
um sono suficiente e descanso do cérebro. Durante o sono profundo, o cérebro
se desconecta dos sentidos, processa, revisa e armazena a memória. Aliás, espe-
cialistas recomendam que se faça uma revisão antes de dormir. A insônia, por
outro lado, leva a um estado de fadiga crônica e prejudica a habilidade de se
concentrar e armazenar informações. Então, procure ter uma boa noite de sono
para que o conteúdo estudado seja consolidado com mais facilidade. Além disso,
exercícios físicos regulares, especialmente os de natureza aeróbica, ajudam o cé-
rebro a funcionar melhor.

Neurocientistas costumam citar o “quarteto fantástico” da felicidade. Sem usar


termos técnicos, são quatro substâncias que quando liberadas proporcionam

29
uma sensação de prazer. Sendo assim, melhoram significativamente o nosso
processo de aprendizagem. São elas:

a) Dopamina: relacionada à motivação e foco. É acionada quando você dá o pri-


meiro passo em direção a um objetivo (visando uma recompensa futura) e tam-
bém quando alcança uma meta ou recebe uma recompensa por uma ação execu-
tada;

b) Endorfina: conhecida como um analgésico natural. Sua produção é estimulada


pela prática de atividades físicas (aeróbicos e/ou anaeróbicos), de dança, de canto
e atividades em equipe ou quando recordamos momentos felizes em nossas vi-
das;

c) Ocitocina: é relacionada ao vínculo social (físico ou emocional), sendo para


alguns a substância mais importante. Ser generoso, cultivar boas relações, ser
gentil, abraçar, ser honesto e ter compaixão são atitudes capazes de aumentar os
níveis de ocitocina na circulação sanguínea;

d) Serotonina: é considerada um antidepressivo natural, sendo muito importante


para o desenvolvimento de redes neurais. Como sua produção se concentra no
intestino, ela é favorecida por uma dieta saudável, principalmente rica em trip-
tofano (alimentos como leite, banana, aveia, chocolate, etc.). A exposição ao sol e
ouvir a música que você tanto gosta são outras maneiras de aumentar sua pro-
dução.

Vale ressaltar também a importância de mais três substâncias:

➩ Acetilcolina: é relacionada à atenção e ao foco. Ela facilita a comunicação entre


as células do cérebro e, por isso, quando está em falta, essa comunicação falha e
surgem dificuldades em memorizar e aprender. Alguns alimentos ricos em ace-
tilcolina são o ovo, leite, queijo cottage e salmão;

➩ Noradrenalina: é relacionada à atenção e à concentração. Quando há níveis


baixos de exigência, o aumento de noradrenalina tende a ser agradável, orien-
tando nossa maneira de pensar e possibilitando maior criatividade na solução de
problemas. Entretanto, nos níveis altos de exigência, o aumento exagerado de
noradrenalina irá produzir uma baixa eficiência da conduta e ansiedade;

➩ Cortisol: essa substância é muito importante entre outras coisas, por gerar em
nós o estado de alerta, o estresse. Imagine o que aconteceria na selva se não nos
“estressássemos” ao ver um leão na nossa frente. Não fugiríamos dele ou lutarí-
amos com ele. Facilmente seríamos pegos. O problema é que o cortisol tem um
efeito devastador para o aprendizado se secretado por períodos longos e em
nível elevado. Isso por que causa a perda das ligações entre os neurônios, preju-
dicando as funções de pensamento mais profundo, memorização e tomada de
decisão. Repare como o estresse nos faz agir de maneira extremamente instintiva,
dando a sensação que perdemos a racionalidade! Aliás, pode-se dizer que

30
controlar o estresse é um dos maiores desafios do homem moderno. Se vivendo
na selva o homem tinha basicamente a preocupação de sobreviver, o homem
moderno além de sobreviver (ou para sobreviver) tem uma série de estímulos
diferentes e constantes que o “ameaçam”: estudo, trabalho, trânsito, contas a pa-
gar, status, etc.

9) EXPOSIÇÃO: um dos maiores erros que se pode cometer quando estamos


aprendendo um idioma é ficar preso aos livros e aos exercícios por eles propos-
tos. Assim estamos condicionando o cérebro a entender que o idioma apresen-
tado nos livros é o praticado na vida real. Isso só trará decepção, pois bem sabe-
mos que não é assim. Gramática e língua prática são coisas bem diferentes.

Podemos dizer que a língua prática (principalmente a falada) é regida pelo “prin-
cípio do menor esforço”, isto é, uma tendência de institivamente procurar faci-
litar as coisas, de reduzir esforços. Por isso, nativos encurtam, juntam ou omitem
as coisas para tornar a fala mais fácil, além de cometerem erros gramaticais ou de
pronúncia. O princípio do menor esforço também explicaria por que o número
de palavras mais usadas pelos nativos e suficientes para a comunicação no dia
a dia é pequeno (em torno de 3.000), sendo essas palavras as mais simples. Afi-
nal, por que usar palavras (e estruturas gramaticais) complexas se podemos usar
palavras (e estruturas gramaticais) mais simples e chegar ao mesmo resultado
(entender e ser entendido)? Ou você já ouviu alguém usar em português, pala-
vras como litossolo, coarctar, novedio, nubícogo, olente ou divulsão? Para que
dificultar as coisas dizendo, por exemplo, “Dar-te-ei um presente no Natal” se
podemos dizer simplesmente “Eu vou te dar um presente no Natal”? Assim, te-
ríamos o seguinte esquema:

31
Vamos exemplificar usando a língua portuguesa. Como nós costumamos pro-
nunciar, por exemplo, “Você não está com sono?” Provavelmente, como apresen-
tado no quadro a seguir:

Por causa do princípio do menor esforço instintivamente pronunciamos “está”,


apenas “tá”, “com” tendemos pronunciar “cum”, “não” soa como “num” e “você”
como “cê”, afinal é bem mais fácil, não é mesmo? Apesar de a oração acima estar
com as palavras encurtadas, para nós que temos o português como língua ma-
terna, é de fácil compreensão. Porém, com certeza, ela seria um terror para um
estudante estrangeiro que frequentou um curso convencional de língua portu-
guesa, pois ele espera ouvir as palavras pronunciadas corretamente: “você”,
“não”, “está”, “com”, “sono”. Agora, observe esta oração, bem como as partes
em destaque:

Novamente, isso se deve ao fato de que os nativos buscam meios mais fáceis de
articular as palavras. Experimente dizer a frase “Hoje você falou com o homem
vestido de branco que estava dentro do carro?”, pronunciando as palavras

32
exatamente como elas são escritas. Certamente, você sentirá dificuldade e uma
falta de “ritmo” na fala, isto é, soará como um robô.

Por esta razão, é que normalmente pronunciamos “ Hoji cê falô cum u homi ves-
tidu di brancu qui tava dentru du carru?”. Veja como que instintivamente en-
fraquecemos e/ou omitimos algumas sílabas, a fim de tornar a fala mais fá-
cil, mantendo assim um “ritmo” na articulação das palavras. Algo importante de
se notar é que essas “manobras” usadas pelos nativos não são ensinadas, mas é
algo adquirido e praticado instintivamente pela vivência com o idioma.

Também, na língua prática, não somente usamos as palavras mais simples (e


comuns), mas os padrões de sentença mais simples. Por exemplo, “Eu vou te
dar um presente no Natal” é mais comum que “Eu lhe darei um presente no
Natal”. Muito mais raro, é a forma “Dar-te-ei um presente no Natal”.

Um exemplo de erro gramatical que se tornou padrão na língua prática falada é


o plural da palavra “pizza”. Como essa palavra não foi aportuguesada, pelas nor-
mas da gramática tradicional, deve-se manter o plural original (em italiano, o
plural de “pizza” é “pizze”). Mas quem fala assim, não é mesmo? Instintiva-
mente usamos como plural de “pizza”, “pizzas”. Bem mais fácil e todo mundo
entende. Veja que, se o intuito da comunicação é entender e ser entendido, na
prática, o plural correto de “pizza” se torna irrelevante, porque dificilmente al-
guém entenderá o que é “pizze”. A língua falada é incontrolável e ela vai se
adaptando às necessidades expressivas dos falantes. As mudanças na língua prá-
tica (principalmente a falada) são lentas e graduais e têm sua origem num sujeito
falante, num grupo social etc., até que se generalizam e se estendem a toda a co-
munidade, desde que essas mudanças tragam uma melhor efetividade na co-
municação. Aliás, o princípio do menor esforço conduz não somente a uma abre-
viação das coisas, mas em alguns casos, ao alongamento pela substituição por
termos mais comuns. É o caso do pretérito mais que perfeito. Dificilmente al-
guém dirá “fizera”, mas sim “tinha feito”. Note que “tinha feito” é mais longo,
mas é muito mais comum e, por isso, possibilita uma maior efetividade na comu-
nicação.

Erros de pronúncia também acontecem porque procuramos facilitar as coisas.


Um exemplo disso é a palavra “AEROPORTO”, que alguns (ou algumas vezes)
pronunciamos “eroporto”. Veja que para nós que falamos português nativa-
mente, mesmo com esse erro de pronúncia, somos capazes de saber que “ero-
porto” se trata de “aeroporto”, devido ao contexto e/ou porque já estamos tão
acostumados com o português que sabemos que “eroporto” não é uma outra pa-
lavra. Mas “eroporto” seria um terror para um estudante estrangeiro iniciante no
português. Muito provavelmente de início ele pensará que se trata de uma outra
palavra, procurará no dicionário e não a encontrará. E acabará se frustrando...

33
Por isso, procure desde o começo se expor ao japonês ‘do mundo real’, consu-
mindo materiais feitos para os japoneses. Procure fazer amizades com japoneses
(em redes sociais, aplicativos, etc.), conversar com eles em japonês e, principal-
mente, ouvir as coisas na velocidade natural para acostumar seu cérebro. A difi-
culdade em entender um nativo não está na “rapidez” com que ele fala, mas sim
na nossa falta de familiaridade, tanto com a velocidade natural da fala como
com as manobras feitas por ele para tornar a fala mais fácil. Tudo isso por ficar-
mos presos aos materiais didáticos achando que tudo será dito com clareza e gra-
maticalmente correto. Desconsideramos o princípio do menor esforço, sendo
que nós mesmos o aplicamos instintivamente ao usarmos o português! Ora, por
que os nativos de outros países não fariam o mesmo com sua língua materna??

Entretanto, alguns dirão que já há estudos que comprovam que japoneses falam
sim mais rápido se comparado com nativos de outras línguas, pois japoneses
falariam mais sílabas por segundo (link: https://tinyurl.com/mna68jh5). Ainda
que isso seja verdade, vamos olhar a questão de outra maneira. Ao analisar esse
mesmo estudo, a segunda língua mais rápida nessa lista é o espanhol. Ora, mas
nós que falamos português não sentimos tanto isso. Devido a algumas similari-
dades (sonoras e estruturais) que existem entre o português e o espanhol, já esta-
mos “pré-familiarizados” com esse idioma. Como mencionamos anteriormente,
o cérebro é a parte do corpo que sozinha consome mais energia, portanto, ele
quer que nos concentremos naquilo que é realmente importante. De forma sim-
plista, assim como o cérebro só aprende o que julga ser importante, ele tende a
codificar apenas sons que ele julga importantes. Em outras palavras, nós ouvi-
mos tudo com os ouvidos, mas é como se dentro do cérebro tivéssemos um setor
de triagem, um filtro que deixa passar apenas uma parte dos sons (os sons que
“se repetem” constantemente e similares) para o setor da codificação. Se não há
um registro exato do som no nosso banco de dados de experiências vividas, na
nossa memória, o cérebro busca um parecido. Isso explicaria o motivo de nós
falantes de português entendermos relativamente bem o espanhol mesmo sem
nunca ter estudado esse idioma.

34
Então, veja que no fundo o problema continua sendo a falta de familiaridade.
Comunicação está muito relacionada à sobrevivência, por isso, não existe idioma
criado para ser incompreensível. Se assim fosse, perderia sua razão de ser. Veja
a resposta de um japonês a um americano ao comentar sobre a “rapidez” com
que os japoneses falam:

“Considero que falo japonês a uma "velocidade normal". Do seu ponto de vista,
o japonês soa rápido porque é uma língua estrangeira. Sou um estudante de in-
glês e sinto que os falantes nativos de inglês falam "rápido", mas na verdade fa-
lam inglês a uma velocidade "normal", não é mesmo? É uma coisa mútua.” (Fó-
rum HiNative)

Em resumo: se você não está familiarizado com o idioma, esse idioma soará rá-
pido para você. À medida que você se familiariza, o idioma começa a soar “mais
lento”. Vai parecer mágica, mas é apenas sinal de que você está progredindo.

Com relação à língua portuguesa, seu cérebro entende o que está sendo falado,
porque ele busca as informações registradas, sendo que elas foram registradas
com base no português como ele é usado no “mundo real” (nós aprendemos o
português com o ouvido). Vamos fazer uma analogia: imagine que seu cérebro
possui um livro chamado “Registro de Palavras” e toda vez que você ouve al-
guma coisa, ele consulta esse livro.

São necessárias duas coisas para uma boa comunicação, uma da parte de cérebro
e outra por parte do livro:

1) CÉREBRO: ele precisa estar acostumado com o ritmo natural da fala a fim de
consultar e encontrar a palavra ouvida o mais rápido possível;

2) LIVRO: além de uma boa quantidade de itens (vocabulário), é preciso haver


qualidade no registro, isto é, cada item precisa conter a palavra na língua ma-
terna, a definição na língua estrangeira e, tão importante quanto a definição,
suas variantes na língua prática, considerando o princípio do menor esforço. Por
exemplo, o cérebro de um americano que estude português ao registrar a palavra
“AIRPORT”, precisa fazê-lo assim:

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➩ AIRPORT: aeroporto ou “eroporto” (variante possível usada na língua prá-
tica).

Note que se não houver o registro da língua prática, ao ouvir “eroporto”, o estu-
dante americano ficará confuso achando que é uma palavra que ele não conhece.
Mas é apenas variante de uma palavra já conhecida.

Além de procurar o registro individual de palavras que vemos ou ouvimos, nosso


cérebro registra padrões de sentenças e possui as funções de associar e autocom-
pletar. O cérebro analisa cada possibilidade usando seu banco de dados acumu-
lado de experiências passadas para minimizar o elemento surpresa, isto é, ele
antecipa o que está por vir quando ouvimos alguém falar. Isso explicaria por que
um nativo entende palavras ou frases mesmo quando não ditas claramente –
bastaria uma parte e o cérebro faria todo o resto com base no contexto e no “banco
de dados”. Fazendo uma analogia, é como se o nosso cérebro funcionasse como
o Google:

Veja um exemplo que mostra o poder de associação do cérebro. Você consegue


decifrar o texto a seguir?

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Outro exemplo dessas habilidades do cérebro é quando não percebemos erros,
porque nosso cérebro “já entendeu a mensagem”. Veja:

Diante de todos esses fatos, cremos que fica clara a importância da exposição de
forma constante ao japonês “do mundo real”. Resumindo, poderíamos dizer que
aprendemos a falar o português (e isso vale para qualquer idioma) com o OU-
VIDO, bem como por meio da EXPOSIÇÃO e USO CONSTANTES (repetição)
das mesmas coisas, buscando, seja instintivamente, seja conscientemente, uma
relação (ASSOCIAÇÃO) entre essas coisas. Via de regra um nativo reconhece
um erro NÃO por causa da gramática, mas sim por causa de sua experiência, de
seu banco de dados construído até então. Por exemplo, se alguém dissesse
“Quando eu era criança, eu “JOGAVIS” (jogava) futebol na escola”, um nativo
vai saber que isso está errado, não por que gramaticalmente “JOGAVIS” não
existe, mas primeiramente por que nunca ouviu alguém falar assim. Aliás, aqui
percebemos ainda mais a diferença que há entre gramática e língua prática. Por
isso, tenha sempre em mente que um nativo tem conhecimento prático da sua
língua, o que não é necessariamente sinônimo de conhecimento gramatical. Ci-
tando o exemplo do plural gramaticalmente correto de “pizza” – “pizze”, prova-
velmente quase nenhum nativo do português vai saber o que é isso ou se ouvir
alguém falar assim, vai achar que a pessoa está errada, afinal na vida concreta

37
ninguém fala “pizze” para “pizzas”. Mesmo aqueles que sabem que o plural de
“pizza” é “pizze”, não usam isso, pois no fim das contas todos sabem que o que
importa mesmo é ser entendido pelos outros.

Pratique cada habilidade (falar, ouvir, ler e escrever) com foco e concentração.
Por exemplo, para melhorar sua habilidade de ouvir, você tem que ouvir verda-
deiramente. Você tem que escutar com foco e atenção. Ouvir passivamente (fa-
zendo outras coisas ao mesmo tempo) não trará bons resultados. No último tó-
pico deste livro discutiremos mais sobre essas questões.

“Procure experimentar todos os aspectos da vida na língua que você está


aprendendo”

10) DESTEMOR: quando se trata de aprender um novo idioma, o medo é natu-


ral, pois comunicação é algo que não se restringe à teoria; é preciso pôr em prá-
tica no mundo real esse conhecimento prévio teórico interagindo com pessoas
reais. Precisamos nos expor. Existe aquele receio de errar e ser julgado. Porém,
já se perguntou o motivo de normalmente as crianças aprenderem idiomas com
mais facilidade? A resposta essencialmente é: o receio de errar e ser julgado ge-
ralmente é coisa dos adultos. A criança não fica pensando nas dificuldades do
seu idioma materno ou no que os outros dirão se ela se expressar de maneira
equivocada. Para ela tudo é uma diversão, uma brincadeira.

Quanto mais você demorar para se expor, pior e mais cedo a frustração aparecerá.
Se você não se expõe por que acha que não está preparado, então, você nunca se
sentirá preparado. Somente se expondo é que você será capaz de verificar real-
mente o que precisa melhorar. Expor-se, acertar, errar, ser corrigido, corrigir-se,
expor-se novamente... esse é o processo, esse é o ciclo e não há como evitar essas
etapas.

Você só perde um medo expondo-se a ele; se você tem medo de dirigir, perde-
se o medo dirigindo (obviamente que no início com auxílio de uma pessoa capa-
citada).

“Quando se trata de idiomas, evitar se expor por receio de errar e ser julgado
é o mesmo que deixar de aprender”

Nem todos, porém, têm esse destemor de se expor, nem todos sabem lidar com o
receio de errar e se julgado. O que fazer então? Fato é que não há como fugir da
necessidade de se expor ao japonês do “mundo real” e da possibilidade de er-
rar, se você quiser realmente aprender. Se o receio está em ser julgado pelos na-
tivos por conta dos erros que cometer, então, procure o quanto antes fazer ami-
zades com nativos (um só é suficiente) que, sabendo que você está em processo
de aprendizado, não te julgarão pelos erros, mas sim estarão dispostos a corrigi-
lo e a incentivá-lo. Desse modo, você irá ganhando confiança, experiência e se
sentirá seguro para lidar com pessoas desconhecidas.

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11) AMBIENTE DE RECOMPENSAS: nós somos seres naturalmente sociais,
portanto, pode-se dizer que consciente ou inconscientemente buscamos ser bem
vistos pelos outros, desejamos ter boa fama. Da necessidade de sobrevivência
surge a necessidade de interação com as outras pessoas, sendo que essa interação
é, consciente ou inconscientemente, muitas vezes seletiva. Em outras palavras,
dificilmente nos relacionamos com pessoas que não têm alguma característica
pessoal dentro do aceitável considerando os valores de uma sociedade ou de um
ambiente específico. O famoso ditado “Diga-me com quem andas e eu te direi
quem és” ilustra bem a tendência que temos de moldarmos nossas ações e gostos
de acordo com o ambiente (ou pessoas) com o qual estamos interagindo ou que-
remos interagir ou, ainda, o fato de escolhermos o ambiente (ou pessoas) que
melhor acolha o nosso jeito de ser. Tudo isso por que buscamos a aceitação, a boa
fama diante dos demais.

Tal fato pode ser (e geralmente acaba sendo) um fator limitador para o aprendi-
zado, pois é como se isso ativasse em nós o instinto de autopreservação, desen-
volvendo o receio de nos expormos, errarmos e sermos julgados pelos outros.
Afinal isso pode acarretar em sermos mal vistos e ter as portas fechadas para
oportunidades.

Embora o ideal seja moderar essa busca pela boa fama (não podemos ser extre-
mamente dependentes disso), como isso nem sempre é fácil e rápido, sugerimos
uma forma de você usar essa característica natural como potencializador do
aprendizado. Para tanto, procure se inserir no que chamaremos de “Ambiente
de Recompensas”, isto é, procure se cercar de pessoas (o ideal é que nesse grupo
de incentivadores haja falantes nativos) que o ajudem a desenvolver o seu poten-
cial; que enxerguem as suas qualidades. Um ambiente no qual reinem os incen-
tivos mútuos e, por ventura, haja críticas realmente construtivas e não as críti-
cas destrutivas e/ou a competição. Receber uma recompensa como um elogio,
incentivo ou prêmio por algo bom e bem feito faz com que nós tenhamos sensa-
ções e sentimentos bons, como prazer, felicidade e euforia, não é mesmo? Ora,
isso está ligado ao neurotransmissor dopamina, que modula diretamente a nossa
motivação, interesse, atenção e, consequentemente, potencializa nossa retenção
e aprendizado. Como ensina Andrei Mayer, professor e neurocientista da UFSC,
“a dopamina sinaliza para o cérebro que algo muito importante aconteceu; o cé-
rebro entende ‘então, vamos fazer de novo!’. A partir daí, muda-se o circuito ce-
rebral, fazendo a pessoa querer mais, a buscar mais. Gera aquela força quase que
mágica que a gente chama de motivação”. No caso de aprendizado de japonês, é
como se a dopamina fizesse o cérebro entender: “Aprender japonês realmente é
bom! É muito importante!! Como me faz sentir bem, vamos continuar com o
aprendizado!!”. Esquematizando, teríamos:

39
Não nascemos cada um em uma ilha com todos os recursos necessários para a
nossa sobrevivência e gostos. Nascemos e vivemos em sociedade, no meio de
pessoas, cada uma com suas qualidades e limitações. Interagir com pessoas boas
e construir relações saudáveis com elas é uma das habilidades mais importantes
da vida, afinal ninguém neste mundo é autossuficiente (embora haja quem acha
que seja). Segundo o neurocientista Andrei Mayer “se tem uma coisa que o cére-
bro odeia – e nós somos programados para odiar isso – é isolamento social”. E
não se trata apenas de isolamento social de fato, mas também da sensação de
isolamento, isto é, estar rodeado de pessoas e mesmo assim se sentir sozinho.
Seja estar isolado de fato ou apenas ter a sensação de estar sozinho geram muito
estresse (causado por uma situação de ameaça PRESENTE) e ansiedade (causada
por uma possível situação de ameaça FUTURA). É claro! No fundo uma pessoa
sabe que estando (ou se sentindo) sozinha, os desafios (presentes ou futuros) da
vida serão sempre uma ameaça; ela sabe que tem limitações (mesmo que não
admita). Facilmente percebemos que quando unimos nosso esforço pessoal com
o esforço pessoal de outras pessoas – estar em um ambiente de recompensas –
nós nos sentimos muito mais motivados! É claro! Se o isolamento social (ou a
mera sensação de isolamento) nos faz sentir inseguros, mais fracos com relação
aos desafios presentes e futuros da vida, estar acompanhado de pessoas certas
nos dá maior segurança para enfrentar os desafios que aparecerem pela frente!
Nós nos sentimos muito mais fortes!

Precisamos dos talentos dos outros e os outros precisam dos nossos. E nesta troca,
sem atitudes interesseiras (se quer ser ajudado, esteja disposto a ajudar tam-
bém), ajudamos pessoas a chegarem onde desejam e somos ajudados por elas a
alcançar nossos objetivos.

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Dificilmente as pessoas se motivam através de críticas, por isso, evitemos ao má-
ximo fazer críticas! Pense que uma crítica pode levar segundos para ser feita, mas
pode levar uma eternidade para ser esquecida por quem a recebe! Sim, podemos
“matar” uma pessoa por meio de palavras ditas de forma inconveniente! Nosso
cérebro quer fugir da dor e buscar o prazer, então, tende a cravar críticas na me-
mória como sinal de alerta e o crítico passará a ser visto como uma ameaça a ser
evitada. Por essa razão, crítica tende a gerar desconfiança (com relação a si
mesmo e aos outros) e o afastamento entre as pessoas. Procuremos, então, moti-
var as pessoas através do afeto, acolhimento, reconhecimento das qualidades,
dos esforços que elas têm feito e dos bons frutos que elas têm colhido por suas
boas escolhas! Isso é o que gera confiança entre seres humanos! Para que o outro
nos ouça, primeiro ele tem que sentir que queremos o seu bem! Tomemos cui-
dado com nossas palavras e atitudes e busquemos constantemente refletir sobre
esses aspectos!

O cenário IDEAL para o nosso aprendizado (e para se chegar a qualquer objetivo)


é:

“Sejamos incentivadores e degraus uns para os outros! Assim, todos ganham


de alguma forma!”

12) SATISFAÇÃO NO PRESENTE: estar em um ambiente de recompensas é


muito importante, mas convenhamos: quanto mais as praticidades do mundo
moderno se tornam acessíveis, mais tendemos ao isolamento e ao individua-
lismo, fato que acarreta uma série de problemas de ordem pessoal e social.

Há quem diga que isso se deve muito ao surgimento das redes sociais. Antes da
existência das redes sociais, o universo de pessoas com quem podíamos interagir
era muito pequeno, restringindo-se ao pessoal da rua, da rua mais próxima, al-
gumas pessoas da escola, um conhecido de outro conhecido, etc. Com isso, cons-
ciente ou inconscientemente acabávamos sendo mais tolerantes. Tínhamos que
tolerar características secundárias (gostos, aparência, etc.) que não nos

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agradavam nas pessoas mais próximas se quiséssemos construir relações soci-
ais. Precisávamos ser menos exigentes com os outros. O surgimento das redes
sociais, a grande quantidade de usuários, de filtros de pesquisa para encontrar
contatos e a sensação de que na internet não há fronteiras fizeram com que fi-
cássemos extremamente exigentes. Se antes características secundárias eram to-
leradas, hoje se tornaram essenciais. Leia o trecho a seguir:

Fulano procura contatos na internet. Para ele, não basta a pessoa ser boa e ser
uma incentivadora, propondo-se a ajudar a desenvolver suas qualidades. Além
disso, e tão importante quanto, ela precisa gostar de futebol, saber tocar violão
e piano, precisa morar no Japão, ter 1,70cm de altura e ser descendente de ja-
ponês com americano. Se não possuir exatamente todas essas características,
não serve, não é uma boa pessoa para Fulano.

Ora, é óbvio que quanto mais categorizamos os outros, menos opções nos resta-
rão. Hoje, descartamos pessoas com extrema facilidade, como se fossem produ-
tos facilmente substituíveis. Daí o aumento da sensação ou do desejo de isola-
mento. E pior ainda quando essas atitudes fazem a pessoa chegar ao ponto de
pensar que ninguém no mundo presta – como rotulamos um produto que não
atende todas as nossas exigências – e que todos são uma ameaça, inimigos (ou
rivais) a serem superados em todos os quesitos.

Neste cenário infelizmente é muito mais fácil nos depararmos com críticas des-
trutivas e indiferença do que com reconhecimento e incentivos. No fundo isso
acontece por que acabamos vendo o outro sempre como um rival a ser vencido,
como se estivéssemos numa gangorra – para que um esteja no alto o outro tem
que estar embaixo. Por isso é que devemos procurar moderar a busca pela boa
fama.

Segundo o “Princípio de Thorndike”, ações imediatamente seguidas de satisfa-


ção serão mais prováveis de ocorrer no futuro. A lei do efeito também sugere
que os comportamentos seguidos por insatisfação ou desconforto se tornarão me-
nos prováveis de ocorrer. Sendo assim, antes do reconhecimento e incentivo
alheio e dos resultados futuros, procure ter como sua maior recompensa o fato
de AGORA MESMO estar fazendo algo bom. No caso de aprender japonês, seja
o PROCESSO DE APRENDIZADO a sua RECOMPENSA, sua ALEGRIA, sua
DIVERSÃO.

“A satisfação leva à aprendizagem”

As pessoas tendem a sempre visualizar uma situação futura como a ideal. Entre-
tanto, se não formos capazes de encontrar satisfação naquilo de bom que fazemos
HOJE e conquistamos até HOJE, não encontraremos satisfação em mais nada.
Nosso cérebro não gosta de esperar; o tempo todo nosso sistema de recompensas
faz “cálculos” de custo-benefício em relação a uma ação (novamente o “Princí-
pio de Thorndike”: ações imediatamente seguidas de satisfação serão mais pro-
váveis de ocorrer no futuro). Sendo assim, quanto mais distante a recompensa

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estiver, mais chances teremos de perder a vontade de fazer algo. E fazer as coisas
estritamente por um “futuro ideal” é um desses casos, afinal o futuro sempre
estará a nossa frente e é imprevisível. Fatalmente passamos a agir como um ca-
chorro que corre atrás de sua cauda tentando alcança-la, mas não consegue.

Então, que tal trocar o "Estou aprendendo japonês para no futuro (...)" por "Estou
aprendendo japonês e isso é uma satisfação para mim, minha maior recompensa
HOJE!". Com isso o que vier de bom será SEMPRE UM LUCRO, será melhor
aproveitado e valorizado! Aprender é inevitavelmente UM PROCESSO. Ainda
não descobriram um compartimento no cérebro no qual podemos inserir um chip
com as informações que desejamos, cujo acesso é imediato. Bons resultados futu-
ros dependerão de boas ações NO PRESENTE. Fujamos do imediatismo, da ati-
tude de não querer pagar o preço por aquilo que desejamos.

Fazendo uma analogia, quando compramos um jogo de video game, temos dois
objetivos com relação a ele:

1) chegar no FINAL do jogo;


E TAMBÉM...

2) desfrutar os desafios de CADA FASE do jogo.

Usemos como exemplo o jogo Super Mario World do Super Nintendo. É um jogo
com muitas fases, mas que podemos chegar ao final rapidamente pegando alguns
atalhos. Entretanto, um verdadeiro apreciador de jogos não quer saber de ante-
mão quantas fases compõem o jogo e ele não fica pulando as fases; isso faz per-
der toda a graça do jogo, não é mesmo? A surpresa, os desafios de cada parte da
jornada fazem toda diferença na experiência. Seja o final, seja o caminho percor-
rido (as fases) para chegar a esse final tem a mesma importância. Não faz sentido
pensar que se chegará ao final de um jogo sem ter que passar pelas fases.

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E se você gosta de jogos de RPG (peguemos o clássico Chrono Trigger como
exemplo) sabe que para enfrentar determinado chefe muitas vezes são necessá-
rios certos atributos que você pode ainda não ter. O que você faz, então? Recua,
não enfrenta o chefe e fica batalhando para ganhar experiência, não é mesmo?
Não há bom jogador se chateia em ter que fazer isso! Faz parte se deparar com
imprevistos e ter que fazer ajustes naquilo que foi planejado! Ao recuar um
pouco, você gasta mais tempo, mas ganha experiência (ficando até mais forte
do que o necessário) para ser capaz de avançar no jogo.

Assim deveria ser a nossa visão com relação ao aprendizado. É um jogo composto
de várias fases. Cada fase, cada evolução, cada desafio vencido tem sua impor-
tância e é uma vitória dentro de um objetivo maior, que é “zerar” o jogo. Quais
são os desafios da fase chamada “HOJE”? Preocupe-se PRIMEIRO em superar
os desafios dela! Preocupe-se com os desafios que estão mais próximos, logo à
frente! E se tiver que recuar um pouco para avançar depois, qual o problema?
Você pode até ficar melhor! Só assim – superando um desafio de cada vez, fa-
zendo ajustes no planejamento quando necessário e comemorando cada pe-
quena conquista – é que podemos chegar ao final do jogo!

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13) HUMILDADE: ter humildade é extremamente importante para a construção
de boas relações sociais. Ora, ninguém em sã consciência gosta de pessoas que
já chegam em um grupo observando os demais com o desejo de superar a todo
mundo em todos os aspectos (já deixa de ser uma relação saudável). Também, no
quesito “exposição” você terá que ter a humildade de aceitar possíveis correções
de quem sabe mais do que você. Isso é normal! Não aceitar que há pessoas me-
lhores do que você com quem você deve aprender, é puro orgulho, um dos piores
venenos para a aprendizagem. Aprender não deixa de ser reconhecer uma limi-
tação e, então, buscar superá-la com o auxílio de alguém melhor do que você em
determinado quesito! Aprendizagem e humildade estão de certa forma muito re-
lacionadas. Aliás, pode ser que seu receio de se expor seja causado pelo orgulho,
isto, não se expor para não se dar conta de suas próprias limitações.

Muitos estudantes deixam de estudar determinado assunto por causa do “Ah,


isso eu já sei”. Evite isso! Nunca se feche à oportunidade de conhecer um pouco
mais sobre determinado assunto e valorize TODAS as informações que encon-
trar. Acredite, você só tem a ganhar: pode ser que você apenas achava que sabia
e na realidade não sabia, mas agora sabe de fato, ou se realmente já sabia, teve a
oportunidade de rever o assunto e fixa-lo mais – muitas vezes com informações
novas a agregar. Ou ainda, se a fonte não lhe inspirar confiança, terá a oportuni-
dade de buscar informações em outras fontes e confrontá-las. Com isso seu co-
nhecimento tende a aumentar.

“A humildade é o primeiro degrau para a sabedoria” (Santo Tomás de


Aquino)

Infelizmente, tendemos relacionar quantidade à qualidade, valorizando mais


quem transparece fazer grande esforço. Não que se esforçar seja ruim em si, mas
a questão é que isso pode se transformar em uma grande pedra de tropeço para
o estudante. Se ignorar informações referentes ao objeto de estudo pode ser sinal
que a pessoa não é humilde e se deixou dominar pela vaidade (o que atrapalha
muito o aprendizado), outra atitude que também pode ser sinal de vaidade é o
desejo constante de quantificar o próprio (suposto) conhecimento.

Certamente, você já se deparou com aquele sujeito “acumulador de certificações


e diplomas”. Aquele sujeito que a cada semana diz estar matriculado em um
novo curso de uma instituição renomada e que faz questão de anunciar isso (e
todas as outras certificações que ele já tem) solenemente a todo mundo. Aquele
sujeito que vive carregando diversos livros debaixo do braço, que está sempre
bem vestido e que todos admiram pela figura que ele é. De repente acontece al-
gum problema ou aparece uma dúvida e todos correm para esse sujeito espe-
rando que, dado o grande conhecimento que ele tem no assunto, possa auxiliar
na resolução do problema. Contudo, para a surpresa de todos ele diz um monte
de coisas desconexas que acabam não auxiliando em nada.

MORAL DA HISTÓRIA: esse sujeito no fundo está preocupado apenas com sua
“imagem social”, com o grande status que se costuma atribuir a alguém com

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grande conhecimento (apenas por conta das certificações e diplomas) e estuda
constantemente. Ele não está preocupado em ter o conhecimento de fato. Afinal,
tendemos a acreditar que quantidade é o mesmo que qualidade, que quem faz
mais ou tem mais, tem mais valor (pelo menos até que se prove o contrário). Ele
criou muitas expectativas nas pessoas devido à imagem que passa, mas no fim o
tombo foi bem maior e humilhante. Ainda que ele tenha conquistado alguma
coisa até aquele momento apenas por seus rótulos (e certa lábia), quem dali pra
frente daria credibilidade a ele?

Então, exercite a humildade também no sentido de ter como meta mais impor-
tante aprender de fato, ainda mais quando se trata de idiomas. Certamente você
se deparará em algum momento com afirmações como:

➩ Para começar a entender um nativo, você precisará ouvir de 600 horas (se for
uma língua que possui semelhanças com o português) a pelo menos 2.000 horas
(se for uma língua completamente diferente);

➩ Para dominar qualquer coisa você precisa de 10.000 horas de prática (“Regra
das 10.000 Horas”);

➩ Você precisa ter o nível 1 do JLPT (mais alto) para ser considerado fluente;

➩ Aprendendo 1.000 palavras de uso comum você já terá uma compreensão de


(quase) 80%.

Não fique com essas coisas na cabeça! Não caia na armadilha de querer ficar
quantificando conhecimento! No caso do JLPT, por exemplo, não há uma seção
de fala. Isso significa que você pode ser capaz de reconhecer e compreender a
gramática ao ler ou ouvir, mas pode ser incapaz de falar japonês com fluência.
Não é difícil encontrar na internet relatos como “Eu conheço pessoas que passa-
ram no nível 1 do JLPT, mas são incapazes de conversar naturalmente em japo-
nês”. No caso das palavras mais comuns, há estudos sérios que comprovam que
elas realmente possibilitam uma comunicação efetiva na maior parte das vezes,
até por conta do princípio do menor esforço. Portanto, comece por elas, mas não
se restrinja a elas e não se apegue à porcentagem de compreensão. Como vere-
mos no próximo tópico dessa introdução, as pessoas são livres para usarem as
palavras que quiserem e elaborarem suas orações do jeito que quiserem e, por
isso, sempre existirá o risco de haver incompreensões, seja numa língua estran-
geira, seja em nossa própria língua materna! Aprender vocabulário é uma cons-
tante! Aprendendo as palavras mais comuns primeiro estamos apenas dimi-
nuindo esse risco de incompreensão!

Como bem pontua o professor Denilso de Lima do excelente site “Inglês na


Ponta da Língua”, “o objetivo não é ir do básico ao avançado, mas é você se tor-
nar um usuário competente da língua conforme você vai estudando a língua.
Isso é que faz a diferença”. De nada adiantará você saber 2.000 Kanjis, 10.000

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palavras, ter o nível 1 do JLPT, ter certificações em instituições renomadas se você
não for capaz de aplicar esse conhecimento (em grande parte apenas teórico) no
mundo real, comunicando-se de forma satisfatória com as pessoas (compreen-
der e ser compreendido). Isso é o que fará a diferença. É isso que vai contribuir
realmente para uma boa “imagem social”.

14) DISCIPLINA: como mencionamos anteriormente, o fator IMPORTÂNCIA


(e a consequente motivação) nem sempre será uma constante. Esteja sempre ci-
ente que o seu cérebro estará calculando o tempo todo o “custo-benefício” de
aprender japonês. Nosso cérebro não gosta de gastar energia com coisas irrele-
vantes. Por conta disso, ele gosta de um tipo específico de recompensa. Uma
recompensa que tenha três características:

➩ Que seja rápida;

➩ Que seja alta;

➩ Que exija o menor esforço.

Portanto, ter disciplina é um dos aspectos mais importantes para alcançar seus
objetivos. Você se sentirá o tempo todo tentado a trocar o estudo por algo mais
prazeroso, imediato e que exija menos esforço. Estudar japonês, diante de diver-
sas escolhas atraentes que aparecem, pode se tornar um fardo. Por que preferir
estudar japonês, algo que exige esforço e cuja recompensa pode estar longe
(tempo indeterminado para alcança-la) se você pode ficar, por exemplo, nave-
gando nas redes sociais, algo que proporciona recompensa imediata e com me-
nos esforço? Por isso algumas atitudes são importantes:

➩ Saber claramente o que deseja;

➩ Estar ciente do preço a se pagar por esse objetivo;

➩ Estar disposto a pagar esse preço;

➩ Ter um planejamento pautado na realidade subdividido em pequenas metas;

➩ Ter autocontrole para se manter firme diante dos prazeres imediatos que se
apresentam.

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“Todos são capazes de fugir, desistir se houver um instante, por isso, continu-
emos caminhando!” (Canção “Brave Heart” de Digimon Tri)

Não adianta, por exemplo, estudar todos os dias durante uma semana aplicando
todas as ferramentas apresentadas anteriormente e depois ficar um mês sem fa-
zer nada disso. É bem provável que nesse espaço de tempo, outras coisas des-
pertem seu interesse e atenção. Um mínimo instante de falta de vontade, de
preguiça poderá ser suficiente para minar ou apagar totalmente o seu interesse
em aprender japonês. Se não estiver disposto para executar uma tarefa, procure
se lembrar de tudo de bom que a execução dessa tarefa lhe trouxe até hoje (sen-
sações e resultados). Feito isso, comece a executar a tarefa mesmo que na marra.
É bem provável que a motivação aparecerá aos poucos. Também, coloque essa
tarefa no topo da lista de coisas a se fazer no dia, a primeira coisa. A ideia de
“tirar logo isso da frente” pode ajudar a ter motivação para começar (e finalizar).
Outra coisa que você pode fazer é organizar o ambiente de modo que o acesso ao
material de estudo (livros, cadernos, etc.) fique bem facilitado. Por exemplo, se
você sente disposição para estudar logo que acorda, pode deixar o material de
estudo numa mesa ao lado da cama. Ou se não estiver disposto, o simples fato
de o material de estudo estar bem acessível pode gerar motivação para começar
a estudar.

QUANTAS PALAVRAS PRECISO APRENDER?


Para responder a essa pergunta, vamos considerar como se dá a nossa comunica-
ção no nosso cotidiano. Ora, com base nele, percebemos facilmente que há pala-
vras que usamos com mais frequência, sendo que elas não compreendem TO-
DAS as palavras que conhecemos em nosso idioma materno. Em outras palavras,
na nossa vida prática, usamos apenas um número restrito de palavras.

Já que não usamos todas as palavras existentes ou que conhecemos para nos

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comunicarmos, costuma-se dividi-las em dois grupos: as palavras que você co-
nhece, e utiliza, constituem o seu vocabulário ativo. As palavras que você co-
nhece, mas não utiliza, no dia a dia, constituem o seu vocabulário passivo. É de
se imaginar, portanto, que o vocabulário passivo é muito maior que o nosso vo-
cabulário ativo, pois na nossa vida rotineira tendemos a usar somente as pala-
vras “mais simples” e comumente usadas.

E isso é realmente verdade se levarmos em conta o modo como aprendemos a


falar a nossa língua materna: primeiro, aprendemos palavras simples e que, de
certo modo, são suficientes para nos comunicarmos e sermos entendidos pelos
adultos (aproximadamente 500 palavras ativas representam o vocabulário de
uma criança pronta para aprender a ler e escrever – 5 anos de idade). A partir daí,
com os estudos e conforme as circunstâncias exigem, vamos aprimorando nosso
vocabulário, aprendendo palavras novas e mais complexas, bem como novos
sentidos das que já conhecemos (aproximadamente 2.000 palavras são o vocabu-
lário ativo de um adolescente em seu idioma materno, no fim do ensino médio).
E continuaremos sempre aprendendo vocabulário até que a nossa vida termine...
Ainda assim, as palavras que usamos no nosso dia a dia, mesmo na vida adulta
e desconsiderando termos específicos dos mundos corporativo e acadêmico, con-
tinuam a ser as “mais simples” e comumente usadas. Não vamos muito além
disso. Mesmo que conheçamos um grande número de palavras, ficamos restritos
a este grupo quando falamos com amigos, familiares, ou estamos em lojas, res-
taurantes, etc. Ou você já ouviu alguém usar em português, palavras como litos-
solo, coarctar, novedio, nubícogo, olente ou divulsão? Além disso, repare como,
mesmo em nossa língua nativa, facilmente esquecemos significados de palavras
poucos comuns com as quais por ventura nos deparamos. Por exemplo, se du-
rante uma leitura alguém se depara com a palavra “nubícogo”, provavelmente
vai procura-la em um dicionário e vai aprender o seu significado. Porém, certa-
mente vai esquecer depois de um tempo. A razão disso é muito simples: não há
nenhum motivo para o cérebro guardar uma palavra que em termos práticos
não fará diferença alguma. Por outro lado, não esquecemos o que significa
“casa”, “carro”, “família”, “comprar”, etc. Afinal, em termos práticos, essas pala-
vras são muito usadas, nós as ouvimos e as vemos escritas constantemente; são
muito importantes.

E indo mais além: não somente usamos as palavras mais simples, mas também
os padrões de sentença mais simples. Por exemplo, “Eu vou te dar um presente
no Natal” é mais comum que “Eu lhe darei um presente no Natal”. Muito mais
raro, é a forma “Dar-te-ei um presente no Natal”.

Costuma-se dizer que em qualquer idioma as palavras que compõem o vocabu-


lário ativo giram em torno de 3.000. Ou seja, essas são as palavras mais impor-
tantes e mais comuns; aquelas que de fato serão necessárias no seu dia a dia. Isso
deve equivaler ao seu vocabulário ativo em português. Então, você deve se con-
centrar primeiramente nelas. E quanto ao vocabulário passivo? Bem, isso é algo
que vamos aprender constantemente durante nossa vida... mas em termos de

49
números, é bom que você tenha em seu vocabulário passivo em torno de 3.500
palavras (ou mais), a fim de obter uma boa compreensão do idioma.

Outro ponto importante, é que nos cursos convencionais nós tendemos a apren-
der palavras por grupos: cores, ocupações, móveis e assim por diante. Isso parece
eficaz e sensato, pois nossa memória trabalha melhor ao categorizarmos as coisas
por suas semelhanças. Contudo, em termos de aprendizagem de línguas, essa
atitude só retarda o aprendizado.

A primeira palavra do mobiliário que provavelmente você aprenderá será a equi-


valente a “mesa”. Depois, você aprenderá palavras como “poltrona”, “espelho”
e “guarda-roupa”. Agora, vamos a um exemplo prático: um amigo vem visita-lo
e você quer oferecer a ele as coisas que estão na mesa. Ok, você sabe falar “mesa”,
mas por si só essa palavra não é suficiente para expressar aquilo que é necessário
nessa situação. As outras palavras, “espelho”, “cadeira” e “guarda-roupa” serão
inúteis nessa situação. Ainda, quando você precisa usar a palavra “polícia” pela
primeira vez, você vai precisar das palavras “pintor” ou “carpinteiro”?

Não, não estamos dizendo que essas palavras não são importantes. A questão
aqui é dar prioridade para as palavras realmente importantes, aquelas que pos-
sibilitarão uma comunicação efetiva na maior parte das situações. Por esta razão,
cremos que o melhor meio de aprender palavras é categoriza-las não por sua se-
melhança, mas sim por sua frequência de uso.

Conhecendo as 3.000 palavras mais comuns, você será capaz de encontrar uma
maneira de dizer o que quiser (desconsiderando se um nativo falaria ou não desse
jeito). Você não terá problemas de comunicação e circulação na vida cotidiana,
mas provavelmente precisará de um dicionário para ler a maioria do material
escrito, pois é na língua escrita que se costuma observar as regras gramaticais e,
para transmitir formalidade, usar palavras mais complexas. Segundo alguns es-
tudos, o número de palavras necessárias para atingir certos níveis de compreen-
são textual varia da mídia para mídia. Por exemplo, para textos na internet são
necessárias aproximadamente 5.000 palavras para um nível de compreensão de
95%. Já para livros, jornais e revistas são necessárias mais de 9.000 palavras para
esse mesmo nível de compreensão. Isso é pelo fato de que esses meios possuem
palavras mais técnicas, restritas a um determinado assunto.
A tendência para qualquer idioma é que quanto maior o nível, mais restritas são
as palavras e as estruturas gramaticais. O natural é que palavras mais complexas
sejam criadas a partir das palavras mais simples, de uso corrente para preencher
lacunas específicas de um determinado meio ou época. Esse fato, aliás, também
fundamentaria a importância de se dar prioridade para o aprendizado das pala-
vras mais comuns. Mesmo que você se depare com uma palavra avançada des-
conhecida, como mencionamos anteriormente, será bem provável que ela se trate
apenas da combinação de palavras mais simples, de uso corrente.

50
Agora, observe a oração em português a seguir:

O estudante gostava de campear suas conquistas!


Provavelmente você não entendeu a “mensagem” da oração só por causa do
verbo “campear”, não é mesmo? Com esse exemplo, queremos ressaltar que as
palavras de maior frequência de uso são, como mencionamos acima, aquelas que
possibilitarão uma comunicação efetiva na maior parte das situações, o que não
quer dizer que você não poderá se deparar com situações que não entenderá
uma oração inteira só por causa de uma ÚNICA palavra (ou mais) pouco co-
mum usada na construção. Isso é NORMAL! As pessoas são livres para usarem
as palavras que quiserem! Como vimos, mesmo em nossa língua materna po-
derá haver situações assim! Podemos não entender, mas é assim que também
aprendemos novas palavras! O problema é que quando nosso entendimento é
“nocauteado” por uma única palavra desconhecida em uma língua estrangeira
que estamos aprendendo, pode causar em nós a sensação que não estamos pro-
gredindo.
Aprendendo as palavras de maior frequência de uso estamos apenas dimi-
nuindo a possibilidade de haver incompreensões! Afinal, a possibilidade de al-
guém usar uma palavra pouco comum se é possível expressar o mesmo com uma
palavra mais simples e comum é (instintivamente) muito pequena! Por que usar
“campear” uma vez que se quis dizer “exibir”? Além disso, começar aprendendo
pelas palavras de maior frequência de uso não quer dizer que você só deve
aprender elas! O nosso mundo é constituído de “pequenos mundos”, isto é, as
palavras comuns de uso diário protegerão menos da incompreensão na medida
que você se inserir ou consumir materiais referentes a esses pequenos mundos,
coisas mais restritas. ISSO É NORMAL! Mundos mais restritos possuem voca-
bulário mais restrito! Um músico, um médico, um advogado… todos usam algu-
mas palavras próprias de seus “respectivos mundos”. Aprender vocabulário, seja
numa língua estrangeira, seja na nossa língua materna, será sempre uma cons-
tante!
Observe a oração a seguir também em português:

O gato passou pelo poste observando o gato que foi feito.


Com essa oração queremos ressaltar que uma mesma palavra pode ter signifi-
cados diferentes. Aqui, o primeiro “gato” se refere ao animal e o segundo, a uma
gambiarra. Para nós que falamos português nativamente, a compreensão não foi
prejudicada, mas com certeza um estrangeiro que está começando a estudar por-
tuguês não entenderia a mensagem por causa desse segundo “gato”. Ele reco-
nheceria palavra, mas não a compreenderia. Perceba como mesmo uma palavra
de uso comum no uso diário pode ter significados não tão comuns. Essa situação
também pode ser frustrante para um estudante de língua estrangeira, mas isso é
NORMAL. Assim como em nossa língua materna, em uma língua estrangeira

51
nós vamos aprendendo novos sentidos das palavras que já conhecemos com o
tempo e nos expondo a diferentes situações da vida.
Observe a oração a seguir também em português:

O estudante sentou na cadeira e quebrou o braço.


Diferentemente da oração na qual o entendimento da mensagem ficou prejudi-
cado por causa de uma única palavra pouco comum (verbo “campear”), aqui as
palavras usadas são todas comuns no uso diário, mas o entendimento da men-
sagem ficou prejudicado pelo modo como a oração foi construída. Quem teve o
braço quebrado? O estudante ou a cadeira? De forma semelhante a outra situa-
ção, se isso acontece em uma língua estrangeira que estamos estudando, pode
causar frustração, uma sensação que não estamos aprendendo nada! Contudo,
isso também é NORMAL! Aqui queremos ressaltar a importância de se levar em
conta não apenas a compreensão das palavras em si, mas também o CON-
TEXTO. Ainda que a oração pudesse ser melhor elaborada, quem presenciou a
cena sabe perfeitamente o que aconteceu. Aliás, o japonês é conhecido como uma
língua de contexto! Então, não espere compreender orações apenas pelas pala-
vras!
Com tudo que mencionamos, recomendamos que você evite aprender palavras
de modo isolado. Ou seja, quando você aprender, por exemplo, a palavra
“porta”, tente encontrar exemplos de orações. Assim, além de enriquecer o seu
vocabulário, você entenderá melhor o sentido de palavras que, isoladamente, po-
dem parecer meio sombrias. Recomendamos que você comece aprendendo as pa-
lavras comuns de uso diário, mas não se restrinja a elas. Aprenda todas as pala-
vras e significados novos que encontrar pela frente! Seja um “CATADOR DE
ORAÇÕES”, isto é, ao ler ou ouvir um nativo, anote orações que achar interes-
sante, analise como as palavras são usadas, como a oração é construída, observe
o contexto, pergunte-se se há palavras que você conhece sendo usadas com sig-
nificados que você ainda não conhece, e comece a usá-las em situações parecidas.
Estude a cultura do Japão, pois indubitavelmente, o modo de agir de um povo
tem reflexos em seu modo de falar. Conhecer tais aspectos facilita o modo de se
expressar, faz com que muitas expressões tenham sentido e evita que você fale
um “japonês com cara de português”. Também, tenha um “OUTRO EU JAPO-
NÊS”, isto é, para cada situação que você vive aqui no Brasil, imagine como você
se expressaria se fosse um japonês.

Não se frustre (e não permita que ninguém o frustre) caso não consiga compre-
ender algo rapidamente. Apenas se esforce para compreender! Pergunte! Se for
possível, peça para o falante reformular o que foi dito! Como vimos com os três
exemplos em português, o risco de incompreensão que você vivenciará no japo-
nês vivenciamos em nossa língua materna também e nem por isso ficamos colo-
cando um peso enorme em nossas consciências, pensando que somos péssimos
falantes de português!

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LEITURA DINÂMICA?
Já que o primeiro contato que temos com algum assunto que queremos aprender
é normalmente através de textos e livros, nada mais natural do que abordar o
tema “Leitura Dinâmica”, afinal quem não gostaria de ser capaz de ler com
maior velocidade, não é mesmo?

Vemos muitos cursos de leitura dinâmica por aí com diversas técnicas cansativas
que acabam é desmotivando (ainda mais) muita gente com relação à leitura. Cre-
mos que ler com maior velocidade esteja relacionado a apenas três fatores:

➩ INTERESSE: talvez esse seja o ponto mais negligenciado até mesmo pela es-
cola. Normalmente se obriga o estudante a ler livros (chatos!) sem a preocupação
de primeiro despertar nele o prazer pela leitura. Sem possibilidade de prazer
dificilmente a pessoa dará importância e não haverá, consequentemente, moti-
vação para a leitura. E pior: geralmente essa obrigação surge em contextos de
intimidação, como fazer provas. Nesse cenário é claro que o cérebro vai encarar
o ato de ler como algo “perverso” e vai querer que fujamos dele (fugir da dor e
buscar o prazer).

➩ FAMILIARIDADE: velocidade de leitura tem a ver com a velocidade com que


o cérebro processa as informações, isto é, faz o reconhecimento e a compreensão
das informações. E a velocidade de reconhecimento e compreensão depende do
nosso banco de dados de experiências acumuladas. Orações que contenham pa-
lavras que nos são familiares obviamente consumirão menos tempo; serão pro-
cessadas com muito maior rapidez do que orações que contenham palavras
pouco comuns. Então, quanto maior o nosso vocabulário, maior tenderá ser a
nossa velocidade de leitura. O mesmo vale para o tema do livro. Por exemplo,
um músico tende a ler livros sobre música com maior velocidade do que um mé-
dico, pois um músico está familiarizado com o tema e com o linguajar do mundo
da música.

Observar o seu nível de familiaridade, seja com o tema, seja com o vocabulário é
muito importante para que a leitura seja mais veloz e prazerosa. Pode acontecer,
por exemplo, de você gostar de um tema, já ter lido sobre ele, mas acabar se de-
parando com um material que contenha um vocabulário mais restrito, ao qual
você não está acostumado ainda (a "Gramática Avançada" do blog Ganbarou Ze!
). Nesses casos, a tendência é que você leia com menor velocidade ou mesmo
se desmotive com a leitura.

➩ HÁBITO: ler precisa se tornar uma ação constante. Comece por livros cujo
tema é de seu interesse. Comece por livros sobre o tema de seu interesse, mas que
contenham vocabulário simples se achar que seu vocabulário ainda não é tão
grande e vá “dificultando” aos poucos. Com isso, você estará aumentando o seu
banco de dados. Com o tempo, a sua leitura se tornará naturalmente mais veloz!

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Como vimos ler mais rápido também não está relacionado a técnicas secretas e
mirabolantes. Aliás, um estudo publicado em 2016 na revista “Psychological Sci-
ence” (link: https://tinyurl.com/y9d3k969) aponta em sua conclusão que há um
conflito entre velocidade de leitura e compreensão, isto é, não há como aumen-
tar a velocidade de leitura sem perder a compreensão do texto.
Entre outras coisas é afirmado que “aumentar a velocidade com que você encon-
tra as palavras, portanto, tem consequências sobre o quanto você entende e se
lembra do texto. Em alguns cenários, é tolerável e até aconselhável aceitar uma
diminuição na compreensão em troca de um aumento na velocidade. Isso pode
ocorrer, por exemplo, se você já souber muito sobre o material e estiver folheando
o material para buscar uma informação específica (destaque nosso). Em muitas
outras situações, entretanto, será necessário desacelerar para um ritmo normal a
fim de se conseguir uma boa compreensão (destaque nosso). Além disso, você
pode precisar reler partes do texto para garantir uma compreensão adequada do
que foi escrito”.

Diante dessa interessante conclusão, questionamos: o que adianta ler rápido e


não compreender verdadeiramente o que está sendo lido? Isso é péssimo para
o aprendizado, para a memorização! E mesmo quando precisamos encontrar
uma informação especifica dentro de um texto, instintivamente nós abrimos mão
da compreensão, fazendo uma varredura pelo texto até encontrarmos a informa-
ção desejada. E se for um texto na internet ou arquivo digital, melhor ainda: sim-
plesmente usamos a opção “pesquisar”! Em ambos os cenários – leitura visando
o aprendizado ou uma simples varredura pelo texto para encontrar uma infor-
mação específica – as técnicas secretas e mirabolantes de leitura dinâmica pare-
cem ser totalmente dispensáveis.

Muito se tem falado sobre o RSVP (Rapid Serial Visual Presentation), uma técnica
em que diferentes informações são apresentadas numa velocidade constante e
no mesmo ponto do espaço visual. Seria o RSVP a nova e definitiva técnica de
leitura dinâmica?

54
Realmente, já há estudos que mostram que o RSVP ajuda a aumentar a veloci-
dade de leitura, porque elimina distrações, o movimento dos olhos e a necessi-
dade de saltar linhas, pois força o leitor a focar em um ponto apenas. Entretanto
há um preço a se pagar por isso: o RSVP tende a deixar o leitor extremamente
cansado, pois a velocidade de uma máquina pode ser constante, mas a veloci-
dade “humana” varia sempre.

Observe um exemplo neste link: https://tinyurl.com/mufedzdu.

Se nas técnicas de leitura dinâmica tradicionais há um conflito entre velocidade


e compreensão, pode-se dizer que no RSVP há um conflito entre velocidade e
quantidade de informações absorvidas. Devido ao extremo cansaço que o RSVP
tende causar, chegará um ponto em que o próprio processamento das informa-
ções e consequentemente a memorização ficarão prejudicados. Por isso, especi-
alistas costumam afirmar que o RSVP só é útil para textos ou trechos pequenos.
Com isso, facilmente se pode questionar:

“Se com o RSVP é preciso ficar ‘quebrando’ o texto para evitar o cansaço, en-
tão, não é mais fácil ler o texto normalmente, sem o uso do RSVP?”

Pois é. O tempo que se ganharia com o RSVP se perderia tendo que fatiar textos
longos! Além disso, como citado no interessante artigo da revista “Psychological
Science”, “você pode precisar reler partes do texto para garantir uma compre-
ensão adequada do que foi escrito”. Ora, não é difícil perceber que com o RSVP
fazer retrocessos no texto para pontos específicos é bem complicado, devido à
velocidade constante. Outro fato que precisamos considerar é que se uma pessoa
consegue ler (e compreender) usando o RSVP numa boa velocidade, é por que
muito provavelmente ela já consegue fazer isso de forma natural. Levando em
conta o fato de ter que fatiar textos longos e a maior complexidade em fazer re-
leituras de trechos específicos, qual a vantagem que essa pessoa que gosta de ler
e tem o hábito de leitura (ou mesmo qualquer pessoa) veria em usar o RSVP?

Diante do que foi exposto, preocupe-se em reconhecer e compreender a informa-


ção! E para isso você precisa ter o hábito e interesse pela leitura para que possa
aumentar gradativamente o seu banco de dados e naturalmente a sua velocidade
de leitura.

Por fim, deixamos uma frase bem-humorada atribuída a Woody Allen, escritor,
roteirista, cineasta, ator e músico norte-americano:

“Fiz um curso de leitura dinâmica e li ‘Guerra e Paz’ em vinte minutos. Tem a


ver com a Rússia”

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MAIS ALGUMAS COISAS

Diante de tudo o que mencionamos nessa parte introdutória, você pode achar
que no fim das contas é melhor ignorar a gramática e ir direto para a exposição
no mundo real, procurando aprender as coisas “por imitação”, afinal não pensa-
mos em gramática quando estamos falando o português.

Entretanto, quando estamos aprendendo outra língua, a gramática é como um


trampolim, uma orientação que você pode usar para chegar ao ponto no qual
você não precisará mais dela. Ela pode ajudá-lo a quebrar construções que você
não entende e fornecer orientações sobre como estruturar suas próprias senten-
ças. Se você aprende somente com frases, você precisa estar exposto a todo tipo
de gramática, conjugação de verbos, e uso de vocabulário para internalizá-la na-
turalmente. Isso é bom para aprender a sua língua materna como uma criança,
mas vai demorar muito tempo para os adultos que procuram a proficiência em
uma segunda língua, especialmente em um ambiente não-imersivo.

Então, encare a gramática como um meio para um fim. Ela apenas faz parte do
caminho; não é o ponto de chegada. O ponto de chegada é, no mundo real, ser
capaz de se comunicar (entender e ser entendido)! Como mencionamos, o pro-
blema é ficar preso aos livros, à gramática, mas isso não significa que você não
deve aprender nada de gramática.

Outro ponto importante é que há quem defenda a ideia de que só se aprende um


idioma de fato se vivermos no país em que se usa nativamente a língua que esta-
mos aprendendo. A justificativa seria o fato de que estando inserido no país (no
caso o Japão), não haveria como evitar a exposição, a imersão no idioma. Mas...
será que essa justificativa é válida?

Um pouco de reflexão e perceberemos que essa justificativa é infundada, afinal


facilmente se encontra casos de pessoas que viveram anos em algum país e não
aprenderam nada (ou muito pouco) do idioma dos nativos.

Ao ser confrontada com esse fato, a pessoa que defende a tese apresentada muito
provavelmente dirá: “Ah, mas ela não aprendeu porque não se expôs, não prati-
cou o idioma!”.

BINGO!

Mesmo em um país estrangeiro, é possível sim evitar a exposição e deixar de


praticar o idioma dos nativos. Ora, você pode chegar no Japão, mas viver como
se não estivesse lá. Fechar-se numa bolha, convivendo somente com brasileiros e
se precisar usar o japonês, alguém do grupo que sabe falar “se comunica por
nós”. Então, a chave para o aprendizado de um idioma é se expor ao “japonês do
mundo real” e praticá-lo constantemente, procurando ter contato com nativos,
não importa o lugar. A chave não é necessariamente viver no país em que o
idioma que estamos aprendendo é a língua materna.

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O que pode acontecer em alguns casos dependendo das circunstâncias da pes-
soa no país estrangeiro, é que a NECESSIDADE de sobrevivência (e consequen-
temente de comunicação), acabe acelerando o aprendizado (lembre-se de como
funciona o nosso cérebro). Segundo alguns estudiosos, um mês em um “Homes-
tay Program”, modalidade de intercâmbio possível em alguns países na qual o
estudante fica hospedado em uma casa de família, poderia equivaler ao que se
aprende nos três anos do Ensino Médio. Mas veja que isso é muito diferente de
dizer de forma taxativa e generalizada que SÓ se aprende um idioma estando no
país em que nativos o têm como língua materna.

Além disso, a tese de que viver em um país estrangeiro poderia acelerar o apren-
dizado a depender das circunstâncias de como a pessoa se insere nele é bem dis-
cutível. Ainda que a pessoa se insira em um contexto de necessidade de comuni-
cação pela necessidade de sobrevivência, lembre-se do princípio do menor es-
forço, isto é, até quando a pessoa conseguiria sustentar esse contexto de necessi-
dade? É muito provável que ela acabe se “refugiando” em comunidades de bra-
sileiros, pois convenhamos, a gente se sentiria muito mais seguro e seria muito
mais cômodo. No fim das contas, é justamente a necessidade de sobrevivência
que faria a pessoa se fechar numa bolha, sobreviver é infinitamente mais impor-
tante do que aprender uma língua estrangeira.

Outro ponto a se considerar nessa questão é que, como mencionamos, o cérebro


aprende pelo fator IMPORTÂNCIA. Normalmente quem não consegue apren-
der um idioma, não aprende porque com o tempo simplesmente começa a dar
menos importância ao estudo, seja por conta dos afazeres do dia a dia, seja por
que acaba preferido coisas mais atraentes e com resultados imediatos.

Como mencionamos anteriormente, nosso sistema de recompensas está o tempo


todo fazendo “cálculos” de custo-benefício em relação a uma ação, afinal nosso
cérebro não gosta de gastar energia com coisas irrelevantes. Por conta disso, ele
gosta de um tipo específico de recompensa. Uma recompensa que tenha três
características:

➩ Que seja rápida;

➩ Que seja alta;

➩ Que exija o menor esforço.

Por causa desse tipo de recompensa que o cérebro gosta é que tendemos a nos
desmotivar FACILMENTE de tarefas que exigem esforço e que não tenham re-
sultados imediatos – ou cujo tempo para alcançar os resultados seja indetermi-
nado (é o caso de aprender idiomas!!). A preguiça, então, aparece e a desmotiva-
ção vai aumentando. Segundo André Buric, especialista em Neurolinguística
comportamental, “a preguiça nada mais é que um mecanismo utilizado pelo
nosso cérebro quando ele não consegue entender que há um motivo atrativo para

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você gastar sua energia fazendo aquilo. Quando estamos motivados, agimos para
buscar o que nos motiva. Mas sem essa recompensa clara, o cérebro avalia a situ-
ação e prefere poupar sua energia para algo mais útil ou recompensador”. Isso
pode acontecer independentemente do local. Assim como fora do Japão pode-
mos começar a dar menos importância ao estudo do japonês, vivendo lá, também.
Aliás, aqui reforçamos a importância de se encontrar satisfação no presente (no
processo), ser capaz de visualizar dentro do processo pequenas vitórias e come-
morá-las. Não se apegar apenas a uma satisfação no futuro (no resultado).
Usando a analogia do jogo de video game, comemorar cada fase, desafio supe-
rado.

Então, dizer ou aceitar a ideia de que SÓ se aprende japonês vivendo no Japão


acaba sendo apenas (mais) uma barreira para o nosso aprendizado. Dificuldades
como essa que aceitamos (ou criamos) para muitas vezes justificar a nossa falta
de paciência com a gente mesmo. Dificuldades como essas que criamos para jus-
tificar um possível fracasso (encaro algo como fundamental para obter um resul-
tado, mas ao mesmo tempo inalcançável. Por isso, nunca vou aprender). Dificul-
dades como essa que nascem porque ficamos nos comparando o tempo todo. Di-
ficuldades como essa que surgem porque somos exigentes demais. Dificuldades
como essa que nascem muitas vezes de um imediatismo, de querer resultados
rápidos, de querer a fórmula mágica que resolva todos os nossos anseios em se-
gundos!

CUIDADO! É disso que os milagreiros se alimentam. Eles procuram justamente


fisgar pessoas assim! Os milagreiros prometem dar aquilo que nosso cérebro
mais gosta: fluência (recompensa alta) em uma língua em 6 meses (pouco tempo
= menos esforço), por exemplo. E se você for fisgado, gastará seu dinheiro, não
obterá os resultados esperados e, ao questionar o milagreiro, receberá como res-
posta: “O nosso método é testado e comprovado cientificamente! Se você não
obteve resultados satisfatórios, é você que não soube aproveitá-lo!”. Em outras
palavras, a culpa é sua! Aliás, tão perigosos quanto os milagreiros, são os “cria-
dores de problemas”. São aqueles que fazem malabarismos com palavras

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(geralmente criando um sentimento de culpa ou inferioridade) para fazer você
acreditar que determinada situação é um problema MUITO grande (quando não
é) e que somente eles têm a solução para resolvê-lo (geralmente custando um
valor bem alto).

Assista ao episódio “Um Tesouro Difícil” do desenho Pica Pau. Nele Pica Pau
acaba de herdar uma fortuna, mas por querer ainda mais cai no golpe do mapa
do tesouro aplicado por Zeca Urubu. Durante a procura pelo tesouro, Zeca
Urubu CRIA uma série de problemas para Pica Pau e oferece soluções que cus-
tam dinheiro. Depois de gastar todo seu dinheiro comprando soluções para cada
problema com que se deparava, Pica Pau descobre que nunca houve tesouro al-
gum. Tudo aquilo não tinha passado de uma situação armada pelo urubu viga-
rista para tirar dinheiro do Pica Pau.

Uma frase dita no episódio resume toda a situação vivida por Pica Pau: “Uma
pessoa obcecada por dinheiro é presa fácil para os vigaristas”. Troque “di-
nheiro” por qualquer coisa que você deseja muito e não se deixe cair nas armadi-
lhas dos “Zecas Urubus” da vida real!

Tenha paciência e disciplina nos seus estudos. Não existem soluções milagrosas
ou soluções para problemas inexistentes. Tais problemas simplesmente não exis-
tem! “Se o Pica Pau tivesse comunicado a polícia, isto nunca teria acontecido”
aqui seria:

Não crie (ou aceite) pensamentos limitadores! Apenas pratique com constância,
humildade, paciência e alegria, buscando o essencial da comunicação, isto é,
compreender e ser compreendido pelas outras pessoas! Se por acaso estiver
mesmo diante de um muro, pense no que há de belo para além dele e dê o seu
melhor para atravessá-lo! Não desanime! Acredite! Apesar do suor, esforço e
persistência (marcas dos verdadeiros campeões), valerá muito a pena! Faça do

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aprendizado uma diversão. Seja um “atravessador” de muros e ajude os outros
a atravessar muros. Assim, todos saem ganhando!

TALVEZ VOCÊ ESTEJA PASSANDO (OU PASSARÁ) POR ISSO: UM


RELATO DO NELSON
Eu cursei Gestão Financeira e fiz pós-graduação em Controladoria e Finanças en-
tre os anos de 2013 a 2016 na modalidade EAD. Porém, em 2005 cheguei a cursar
dois semestres de Administração de Empresas na modalidade presencial. E fo-
ram dois semestres através dos quais aprendi uma coisa que tenho como filosofia
de vida até hoje...

Já desde o começo do curso me deparei com a desconfiança dos colegas de sala.


Eu tentava interagir, mas sempre faziam pouco caso de mim. Logo tomei consci-
ência que estava sendo "julgado pela capa" e que as coisas ficariam muito difíceis
quando chegasse o momento de ter que montar grupos para fazer os trabalhos.
E assim aconteceu...

Logo na primeira vez que tivemos que montar um grupo, sabendo eu que seria
difícil me aceitarem, sentei perto de um grupo que estava sendo formado. Eis que
me dizem apontando para outro grupo: "Nelson, naquele grupo está faltando
gente. Vai lá." Fui, mas não fui aceito... tive que fazer aquele trabalho sozinho...
Em outra oportunidade, numa aula de psicologia, a professora pediu para que
juntássemos as carteiras a fim de formar grupos. Eu sentava na frente perto da
porta para facilitar a minha locomoção. Ninguém juntou a carteira comigo. Então,
a professora resolveu questionar a sala: "Ninguém quer fazer grupo com o Nel-
son?". Um silêncio se fez presente na sala e novamente tive que fazer o trabalho
sozinho...

A partir de então decidi que começaria a fazer os trabalhos em grupo sozinho e


que não iria me abater com aquela situação. E assim foi por alguns trabalhos...

Um professor percebeu que o pessoal me olhava com desprezo e como eu tirava


boas notas nas provas e trabalhos, começou a fazer algo interessante: toda nota
boa que eu tirava nas provas e trabalhos ele anunciava de forma "solene" na sala.

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Pedia silêncio aos alunos e dizia coisas como "Parabéns, Nelson. Você tirou a nota
X!". Esse professor também passou a fazer perguntas aos alunos a respeito da
matéria que ele estava explicando. Ele perguntava para duas ou três pessoas e
sempre quando ia perguntar pra mim dizia coisas como "Silêncio pessoal. Agora
eu vou perguntar pra quem realmente sabe da matéria". Eu sempre respondia de
forma correta e ele dizia: "É isso mesmo! Pessoal, aprendam com o Nelson".

A partir daí, o que você acha que aconteceu?

EXATO! O pessoal começou a me querer nos grupos.

Talvez você esteja pensando ou chegará um momento que pensará:


"Se ninguém acredita em mim, se não tenho os resultados que desejo, melhor
desistir mesmo".

Porém, imagine se eu tivesse me abatido, desistido e/ou respondido o desprezo,


a desconfiança com o mal? Eu não poderia mostrar o meu potencial quando sur-
giu a “OPORTUNIDADE DE OURO”, quando surgiu alguém que acreditou
em mim, alguém que quis ser um degrau para mim naquela turma para que o
meu potencial fosse conhecido: aquele professor que anunciava solenemente
minhas boas notas e elogiava minhas respostas corretas. Tudo mudou dali pra
frente. Se eu tivesse me abatido, desistido, ou pior ainda, respondido o desprezo,
a desconfiança com o mal, a única coisa que eu estaria fazendo é DAR RAZÃO
PARA QUEM NÃO ACREDITAVA EM MIM.

Portanto, esforcemo-nos para manter a motivação e a alegria mesmo diante das


adversidades, dos resultados que não chegam na hora que desejamos (ou como
desejamos). Esforcemo-nos para responder com o bem a desconfiança, o des-
prezo. Uma hora pode surgir alguém que quer acreditar em você, que quer ser
um degrau para que seu potencial seja conhecido, aquela “OPORTUNIDADE
DE OURO”. Esteja sempre preparado para esse grande momento que fará tudo
ter valido a pena.
“NÃO QUEIRA DAR RAZÃO A QUEM NÃO ACREDITA EM VOCÊ!!”

Guarde bem isso:

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Por menor que seja a possiblidade de sucesso, ainda existe possibilidade de su-
cesso. Se desistirmos, é certeza que não haverá possibilidade alguma. Seu divisor
de águas, o fator determinante para tudo ser diferente pode estar a uma atitude
diferente e /ou a uma pessoa de distância somente (no meu caso estava a uma
pessoa de distância: aquele professor que acreditou em mim). É muito melhor
olhar para trás e pensar com alegria: “Puxa, como lutei para chegar até aqui” do
que olhar para trás e pensar com dúvida: “Puxa, se eu não tivesse desistido, como
eu estaria hoje?”. Se você acha que as coisas estão ruins, entre essas coisas ruins
e o sonho da sua vida podem existir inúmeras possibilidades e oportunidades
que você deixa de perceber por estar paralisado por achar que as coisas estão
ruins. Já imaginou que você pode estar sendo como o cavalo que ACHA que está
preso na cadeira? Já pensou que você pode estar deixando de ter experiências
magníficas por causa de apenas UM pensamento equivocado?

Essa é a filosofia que aplico ao projeto “Ganbarou Ze!”. Alguns dizem para eu
retirar da página inicial do blog a minha foto com as muletas e a informação que
sou deficiente físico, porque isso afasta as pessoas. Infelizmente tendemos a agir
de acordo com aquilo que ACHAMOS ser verdade e não nos damos o trabalho
de conhecer melhor as coisas e as pessoas (como os meus colegas de sala fizeram).
Porém, não vou retirar! Eu tenho deficiência mesmo ué... não posso esconder isso.
Se queremos que os outros nos aceitem, temos que ser os primeiros a nos aceitar.
Se há pessoas que julgam o blog por causa disso, quem perde são elas (assim
como os meus colegas de sala perderam – e depois que perceberam que estavam
errados, vieram me procurar). Uma hora pode aparecer a “OPORTUNIDADE
DE OURO”, pode aparecer quem acredite no projeto, da mesma forma que
aquele professor universitário acreditou em mim, e queira ser um degrau para
que todo o potencial do blog brilhe, seja conhecido. A mim, resta apenas conti-
nuar fazendo as coisas com motivação e alegria para não dar razão a quem julga
mal o projeto pela capa .

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Anteriormente, eu disse que precisamos ter satisfação no presente, isto é, que
você tenha como maior recompensa o PROCESSO de estar aprender japonês
AGORA MESMO. Muitos se desmotivam justamente por focar demais naquilo
que ainda não têm – "Estou aprendendo japonês para (no futuro...)". Isso uma
hora ou outra só vai gerar insatisfação, porque não importa o que sejamos ou
tenhamos, vamos querer ainda mais, nada estará bom. O projeto “Ganbarou Ze!”,
inclusive, não existiria mais se a minha maior recompensa não fosse o fato de
estar compartilhando AGORA MESMO conhecimento com você e ajudando
pessoas que nem conheço, de diversos lugares. O que eu mais ouço são coisas
como:

- "Desista do projeto. Desde 2014 o que você teve de "reconhecimento"? (aqui


provavelmente se referindo a resultados financeiros direta ou indiretamente);

-"Você pode estar trabalhando de graça para alguém que pega seu conteúdo e
ganha dinheiro e reconhecimento";

De novo, minha recompensa é o compartilhar conhecimento e ajudar pessoas


HOJE. Para mim, o presente é um presente sempre!

Anteriormente, eu mencionei que o resultado de nosso aprendizado, se positivo


ou negativo, dependerá muito do nosso sistema de crenças, da nossa visão de
mundo. Na maioria das vezes, o maior inimigo do seu aprendizado se chama
“você mesmo”! Enquanto não nos darmos conta disso, ficaremos à procura de
fórmulas mágicas, alimentando os milagreiros da internet que brotam do nada.
De método milagreiro em método milagreiro, de valor alto em valor alto gasto,
não chegamos ao objetivo e vamos nos desmotivando (mas enchendo o bolso dos
milagreiros). Se eles existem, é por que há pessoas que acreditam que o problema
nunca está nelas mesmas, mas tão somente nos outros, no método, no mundo.
Guarde bem isso:
“NÃO EXISTE MÉTODO MILAGROSO!”
Não existe método milagroso por duas razões simples e óbvias, mas que muitos,
por causa de uma visão distorcida, pouco realista, por causa da vaidade (ter nas
mãos algo que poucos têm) ou mesmo do desespero, não percebem:

➩ Os PRINCÍPIOS que nosso cérebro usa para aprender (ou não) SERÃO SEM-
PRE OS MESMOS;

➩ A TEORIA que precisamos saber acerca da língua japonesa SERÁ ESSENCI-


ALMENTE SEMPRE A MESMA.

No fundo TODOS os supostos métodos revolucionários, secretos, milagrosos


não passam de abordagem e aplicação (muitas vezes bem mal feitas) desses
princípios da aprendizagem. Princípios esses que, pelo menos, atualmente não
são segredo para ninguém. Nós abordamos esses princípios nessa introdução e

63
há muitos especialistas na área que os ensinam de graça na internet ou através
de livros que custam bem menos do que essas fortunas que os milagreiros co-
bram por seus “cursos”. Veja quais os principais assuntos e técnicas abordados
geralmente bem superficialmente nesses cursos:

➩ Técnica Pomodoro;

➩ Repetição Espaçada (com o Anki);

➩ Neurociência;

➩ Programação Neurolinguística.

Não há nada de secreto, milagroso, revolucionário aqui. Aliás, perceba que os


milagreiros não disponibilizam abertamente o conteúdo programático deta-
lhado do curso. E não disponibilizam, não por que o método seja secreto, revo-
lucionário, mas sim por que se disponibilizassem, todo mundo perceberia que o
investimento não valeria a pena. O conteúdo que eles vendem por mais de R$
1.000 se pode obter de graça na internet ou por meio das muitas opções de livros
de autores renomados que custam bem menos. A tática dos milagreiros, então, é
tentar convencer geralmente colocando um sentimento de culpa e/ou inferiori-
dade na pessoa se ela não comprar o curso.

Desconfie de qualquer figura que brote na internet vendendo “cursos” caros sem
disponibilizar abertamente o conteúdo programático detalhado do curso, bem
como seu histórico referente à capacitação. Comparo essa situação a comprar
um carro novo: você compraria um carro recém lançado no mercado e que você
não conhece só pelo fato de um vendedor também desconhecido afirmar que ele
é o melhor carro já criado? Com certeza não. Antes, você mesmo iria verificar
todas as funcionalidades do carro, faria um test-drive e só depois analisaria se
tudo o que você experimentou do carro novo se encaixa naquilo que você espera
de um carro, não é mesmo?

Claro que pode haver método ruim. Método ruim é simplesmente aquele que
ignora os princípios que o nosso cérebro usa para aprender. De fato, o método
tradicional (talvez) ainda usado nas escolas de idiomas (aquele restrito aos livros
de gramática e que desconsidera a importância da exposição e práticas constantes
levando em conta os aspectos do uso prático de uma língua) é muito ruim, é
péssimo. Aliás, os milagreiros costumam comparar seu “método milagroso” ao
método tradicional (muito ruim) das escolas de idiomas, afirmando ser o seu
“curso” muito mais vantajoso. Contudo, entre algo muito ruim (método tradici-
onal) e ruim (curso que ensina e aplica – muito mal – os princípios da aprendiza-
gem custando uma fortuna), sendo que é muito fácil conhecer esses princípios
atualmente, melhor não ficar com nenhuma das duas opções!

Então, esteja ciente desses princípios que governam a aprendizagem que aborda-
mos aqui. A aplicação prática (e o sucesso dessa aplicação) dependerá única e

64
exclusivamente do seu empenho. Aliás, aqui eu poderia acrescentar uma ter-
ceira razão para afirmar que não existe método milagroso:

➩ A APLICAÇÃO dos princípios da aprendizagem é uma questão MUITO IN-


DIVIDUAL.

Não existe UM método de aplicação dos princípios da aprendizagem que servirá


para todos, pois cada pessoa é única. O que serve para mim pode não servir para
você. Por exemplo, os cursos milagreiros geralmente têm um módulo inteiro de
como usar o Anki (princípio da repetição), mas eu pessoalmente o considero
pouco proveitoso. Prefiro fazer as repetições através de planilhas que eu mesmo
monto ao meu gosto unindo com o ato de escrever à mão em uma folha.

Se quiser fazer um curso (online ou presencial), recomendo que verifique antes


de fazer qualquer pagamento:

➩ o conteúdo programático detalhado do curso: ele é uma garantia. Através dele


é possível verificar se o curso realmente aborda os tópicos necessários para a
aprendizagem de um determinado assunto. Compare com outros. Também, es-
taremos protegidos caso o professor não cumpra esse conteúdo;

➩ a índole da instituição de ensino: esse ponto é importante principalmente se


você precisa de uma certificação para atender a alguma exigência burocrática;

➩ o histórico do professor: ter um conteúdo programático satisfatório e estar


numa instituição de ensino de boa índole ainda não são suficientes, pois entre
um bom conteúdo programático, uma boa instituição e os alunos existe uma
ponte: o professor. Já ouvi muitos relatos (e provavelmente você também) de
pessoas que não gostaram ou desistiram de algum curso aparentemente perfeito
por causa do professor, seja por que ele não tinha capacitação suficiente para pas-
sar o conteúdo do curso, seja por que ele não tinha uma boa didática, seja por que
ele ficava enrolando os alunos com assuntos aleatórios;

➩ A opinião de quem já fez o curso: embora esse item seja importante, pode ser
também muito perigoso (especialmente os relatos na internet). Ora, não há
como saber com certeza se o relato é verdadeiro (pode ser alguém “contratado”
para falar bem do curso, fazendo apenas um teatro). Também, não é possível
saber o grau de conhecimento que a pessoa tinha antes de fazer o curso (se ela
não sabia nada ou muito pouco, qualquer coisa acima disso é válido, é provei-
toso). Outro fator a se levar em conta em relatos é a tendência de “acobertar o
erro”. Em outras palavras, ainda que a pessoa tenha consciência que o curso é
ruim, que não atendeu as suas expectativas, pode querer dizer que para ela foi
bom, pois, do contrário, teria que assumir o erro e enfrentar o possível julga-
mento alheio. Por essas razões, esse item é o que menos levo em consideração, a
não ser que os outros três itens sejam bem atendidos.

***

65
Por fim, não há como dizer em quanto tempo você ficará fluente, pois, de novo,
isso dependerá única e exclusivamente do seu empenho. E o seu empenho de-
penderá de uma série de fatores de cunho individual. Fatores esses que ninguém
é capaz de mensurar a não ser você mesmo. Eu já comentei de certo modo sobre
a importância da FLEXIBILIDADE ao fazer a comparação do aprendizado com
jogos de videogame. Porém, permita-me fazer mais uma comparação. Para tanto,
observe a figura a seguir:

O que há em comum nessas contas?

EXATO!

Apesar de DIFERENTES, todas as contas têm “10” como resultado. Assim como
seria extremamente equivocado afirmar que SÓ se chega a “10” com “5 + 5”,
pois todas as outras contas são maneiras igualmente válidas de chegar ao
mesmo resultado, é igualmente equivocado afirmar que o esforço é válido SO-
MENTE se tudo sair conforme o seu planejamento inicial e/ou se feito SO-
MENTE e EXATAMENTE da mesma maneira que outras pessoas já fizeram!
Ajustes durante o caminho serão necessários e isso é NORMAL! Você chegará
primeiro que muita gente; muita gente chegará primeiro que você. Isso é NOR-
MAL! Alguns chegarão de uma maneira; outros chegarão de outra maneira,
igualmente válida, justa e honesta. Isso é NORMAL!

Normalmente a frustração tem seu gatilho quando começamos a nos comparar


com os outros (ou permitimos que nos comparem) e consequentemente come-
çamos a desvalorizar (ou permitimos que outros desvalorizem) nosso esforço.
Cada ser humano é único, é incomparável. Ou melhor: a única comparação na
qual você pode se colocar é aquela em que você se compara com o “você mesmo”
de alguns segundos, minutos, horas, dias... atrás. Por menor que seja a mudança,
se você evoluiu para melhor, excelente! Você já está melhor do que a sua “versão
do passado”. Procure apenas continuar dando o seu melhor trabalhando as suas
qualidades e revendo possíveis atitudes e ideias equivocadas!

66
Lembro-me de uma frase interessante que vi há algum tempo por aí. Era mais ou
menos assim:

“Nós nascemos, crescemos e morremos sem saber falar direito o português,


nossa língua materna, mas tem gente que acredita ser possível dominar comple-
tamente uma língua estrangeira em 3 ou 6 meses”.

***

67
1. ESCRITA I – KANA E ROOMAJI
A escrita japonesa possui quatro formas de expressão: O Kana, formado por dois
conjuntos de fonemas – Hiragana e Katakana (que juntos formam o silabário ja-
ponês), o Kanji, ou ideogramas chineses e o Roomaji, que é a forma de se repre-
sentar os sons da língua japonesa através das letras do nosso alfabeto romano.

Com relação ao Kana, o Hiragana é usado para se escrever palavras japonesas e


o Katakana, palavras estrangeiras. Vejamos:

Perceba que ambos possuem os mesmos sons, sendo que o que os diferencia é a
forma dos fonemas. Também, diferentemente do português, em que se segue o
padrão de vogais “A – E – I – O – U”, no japonês é “A -I -U -E – O”. Com relação
à pronúncia e traçado, assista aos vídeos nos links abaixo:

A. PRONÚNCIA DOS FONEMAS: https://tinyurl.com/y4srvdh;

B: TRAÇADO DO KATAKANA: https://tinyurl.com/y42s5899;

C. TRAÇADO DO HIRAGANA: https://tinyurl.com/y22q9t6n.

Ao observar o quadro, também é possível ter uma ideia de como o Roomaji fun-
ciona. Por exemplo, “cachorro” em japonês é 「いぬ」, que em Roomaji ficaria
“INU”. Como regra, essa palavra não poderia ser escrita em Katakana, isto é, 「
イヌ」, por se tratar de uma palavra japonesa.

68
Bom, até aqui nada complicado, não é mesmo? Contudo você deve estar se per-
guntando, com razão, como representar, por exemplo, o som “DA” se no quadro
só tem o som “TA”?

Na escrita japonesa existem sinais que podemos colocar nos fonemas, afim de
obter variações. Podemos colocar um pequeno círculo ou umas aspas do lado
superior direito de alguns fonemas. Observe:

Portanto, para obter o som “DA”, simplesmente colocamos aspas no canto su-
perior direito do fonema “TA”. Se quisermos, por exemplo, o som “BA” basta
colocar as aspas no som “HA” e se queremos o som “PA”, simplesmente coloca-
mos um pequeno círculo no fonema “HA”.

Aumentamos o nosso repertório de sons possíveis, mas ainda não acabou. Isso
por que ainda é possível também combinar alguns fonemas de terminados em
“I” colocando do seu lado direito um pequeno 「や」, 「ゆ」 ou 「よ」. Veja:

Vamos a um exemplo prático com base no que vimos até aqui. Como escrever em
japonês o nome “Nelson”?

Primeiramente, precisamos saber se “Nelson” é um nome japonês ou estrangeiro,


afim de usar o conjunto Kana correto. “Nelson” é um nome estrangeiro, portanto,
usaremos o Katakana. O próximo passo é observar quais fonemas do Katakana
serão usados:

69
A dúvida aqui é em relação ao “L” solitário, pois não existe som equivalente em
japonês. Quando isso acontecer precisaremos transformá-lo em um fonema ja-
ponês existente mais próximo. Nesses casos, utiliza-se o recurso da adição de
som de vogal, podendo ser “U” ou “O”, dependendo do caso. Como regra geral:

1) VOGAL + CONSOANTE (+ U). Sendo assim:

O “L” solitário ficaria “LU”, entretanto, como também não existe som “LU” na
língua japonesa, usaremos “RU” por ser o mais próximo.

2) CONSOANTE (+ O) + CONSOANTE. No caso do nome “Leandro”, tem-se a


sílaba “DRO”, na qual temos consoante e consoante. Assim:

3) CONSOANTE (+ U) + CONSOANTE – No começo da palavra;


4) CONSOANTE (+ O) – No final da palavra.

Tenha em mente que a representação de sons e palavras estrangeiras será sempre


uma aproximação, portanto, haverá “formas convencionadas”, isto é, formas
que caíram na preferência dos falantes. Veja que no exemplo acima, não se coloca
o “U” para o trecho “– MAR – “, preferindo-se o alongamento da vogal “A” por
meio do sinal “ー” (no Hiragana, esse alongamento é obtido através da colocação
da mesma vogal presente no fonema – 「さあ」– SAA). Na representação de pa-
lavras inglesas há muitas formas convencionadas como o “TH” que normal-
mente vira “S”: 「サンキュー」= Thank you.

Já que o Katakana é usado para se escrever palavras de origem estrangeira, como


representar sons com a letra “V”, por exemplo? Há duas possibilidades: transfor-
mar o “V” em “B” ou usar a letra “U” com as aspas em conjunto com a vogal
desejada. Observe a tabela abaixo com os sons adicionais possíveis:

70
Há ainda o pequeno 「つ」que tem como principal finalidade representar uma
pausa antes da pronuncia do fonema que o sucede. Na pratica, é basicamente a
pausa que se faz “já com a língua no céu da boca” antes de seguir para uma nova
sílaba. Dividiremos pronúncia de 「さっか」 em tempos para que você entenda
melhor como funciona essa pequena pausa:

「さ」 – 1º tempo;

「っ」 – 2º tempo: “comece” a pronunciar o próximo fonema e então faça uma


pequena pausa “já com a língua no céu da boca”;

「か」 – 3º tempo: “termine” de pronunciar o fonema que segue o 「つ」 pe-


queno.

Na transcrição para o Roomaji, o pequeno 「つ」é representado pela duplicação


da consoante da sílaba que o precede – por isso também é conhecido como “con-
soante germinada”. Sendo assim, 「さっか」 deve ser romanizado “SAKKA” e
não “satsuka” ou “saka”, pois o fonema que precede o pequeno 「つ」é “KA”,
logo, a consoante “K” será duplicada.
Com relação à ordem alfabética, observe o quadro abaixo:

Cada som do Kana é pronunciado com igual duração em relação aos outros. Esse
sistema de som faz com que a pronúncia dos fonemas seja clara e sem nenhuma
ambiguidade. No entanto, a simplicidade dos sons individualmente não signi-
fica que a pronúncia de palavras seja simples. Isso por que na língua japonesa há
o que é conhecido como “acento tonal”, ou seja, dentro de uma palavra, as silabas
podem ser acentuadas (altas) ou não-acentuadas (baixas).

71
Esse aspecto é crucial na língua falada, porque palavras com o mesmo Kana po-
dem ser distinguidas pelos acentos tonais diferentes. Seguir um padrão de en-
tonação, especialmente o do japonês padrão, é considerado essencial em traba-
lhos como o de radiodifusão, embora seja difícil traçar regras quanto ao acento
tonal das palavras. Talvez o melhor a se fazer é aprender isso por meio da expo-
sição ao idioma ou consultar dicionários especializados como o “Shin Meikai
Nihongo Akusento Jiten” ou ferramentas disponíveis na internet como o
“OJAD-Online Japanese Accent Dictionary” (https://tinyurl.com/rabuut5f),
que pode ser uma ferramenta útil no quesito acento tonal:

Também, o “JapanDict” (https://www.japandict.com/) disponibiliza no campo


“Reading” o acento para a palavra consultada:

Além disso, costuma-se apontar duas dicas:

➩ As duas primeiras sílabas de uma palavra devem ter entonações diferentes;

72
➩ Uma vez que a entonação se torna baixa, assim ela se mantém.

73
2. ESCRITA II – KANJI
Os Kanjis (ou caracteres chineses) representam conceitos materiais e abstratos e
foram introduzidos na língua japonesa por meio de escritos trazidos por monges
budistas quando ainda não havia expressão escrita nela. Substantivos e radicais
de adjetivos e verbos são quase todos escritos com caracteres chineses. Também
os advérbios são escritos em Kanji com bastante frequência. Isso significa que
você precisará aprender os caracteres chineses para ser capaz de ler praticamente
quase todas as palavras do idioma. Porém, nem todas as palavras são escritas em
Kanji. Por exemplo, mesmo que o verbo “fazer” tecnicamente possua um Kanji
associado a si, é sempre escrito em Hiragana. Critérios individuais e um senso de
como as coisas são normalmente escritas são necessários para decidir quando as
palavras devem ser escritas em Hiragana ou Kanji. De qualquer modo, a maioria
das palavras em japonês será escrita em Kanji quase sempre (livros infantis ou
qualquer outro material direcionado a um público que não saiba muitos Kanjis
são uma exceção a isso).

Há uma lista oficial de 2.136 Kanjis de uso diário. Os japoneses aprendem 1.026
desses Kanjis (considerados básicos e suficientes para a leitura de cerca de 90%
dos usados em jornais) durante os seis anos da escola primária e os outros 1.110
de forma mais independente nos anos escolares seguintes. Há ainda uma lista
oficial de Kanjis usados para nomes contendo atualmente 863 Kanjis. Também,
existe um exame de proficiência de Kanji (Kanken) cujo nível mais elevado exige
conhecimento de cerca de 6.300 Kanjis! Disponibilizamos uma lista neste link:
https://tinyurl.com/2wvvdt2y.

Um ideograma chinês pode ter várias pronúncias possíveis (em casos raros, dez
ou mais), dependendo do seu contexto, significado pretendido, uso em compos-
tos, e localização na frase. Estas pronúncias, ou leituras, são normalmente cate-
gorizadas em on'yomi (pronúncia próxima do original chinês) ou kun'yomi (pro-
núncia japonesa atribuída a ele). Para fins didáticos a leitura ON, é escrita em
Katakana. Já a leitura KUN é escrita em Hiragana.

74
Há Kanjis que possuem várias leituras ON, porque nos tempos antigos cada di-
nastia chinesa ou região costumava adotar sua própria pronúncia para cada
Kanji. Como a China era considerada uma nação modelo pelos japoneses, se apa-
recia uma nova pronúncia para algum Kanji, os japoneses tratavam de adicioná-
la logo ao monte. Por causa disso e das adaptações feitas pelos japoneses, não é
errado afirmar que o uso dos Kanjis no Japão acabou se tornando bem mais
complexo do que o uso na própria China! Na China atualmente cada Kanji possui
geralmente apenas uma leitura. Alguns outros possuem duas e raramente há
três maneiras de ler um mesmo Kanji.
Como regra bem básica, a leitura Kun é usada para palavras nativas, principal-
mente em adjetivos e verbos. Nesse caso, geralmente há uma sequência de Kana
(chamada Okurigana) que vem anexada aos ideogramas complementando a pro-
núncia da palavra e será a parte que sofrerá flexões. Observe o exemplo:

Como você leria o Kanji em 「食べる」?

Vamos observar as leituras do ideograma em questão:

Primeiramente, como 「食べる」 se trata de um verbo, deve-se considerar a lei-


tura Kun. Mas qual é a correta, haja vista que temos quatro leituras Kun possí-
veis?

Basta observar o Okurigana que acompanha o Kanji. Neste caso é 「べる」, logo,
segundo a tabela acima, a pronúncia correta para o ideograma em questão é 「
た」. Esquematizando, temos:

75
Já a leitura ON é usada quando a palavra está escrita “à moda chinesa”, isto é,
somente com Kanjis. Como exemplo, repare nos Kanji abaixo:

Agora, observe-os no exemplo a seguir:

Na primeira ocorrência, 「新」 aparece isolado (sem outro Kanji o acompa-


nhando), então, a pronúncia é “Atara.shii”, lido com o Hiragana que o segue e
significa “novo”.

Na segunda ocorrência, 「新」 aparece acompanhado pelo Kanji 「聞」, por-


tanto, será usada a on’yomi de ambos. Desta forma, juntos formam 「しん.ぶん
」, que significa “jornal”.

Mas a coisa infelizmente não é tão simples assim. Isso por que há casos em que
composições de Kanjis recebem leituras especiais, que podem ser divididas em
três grupos:

A. LEITURA MESCLADA: é baseada nas leituras individuais de cada Kanji, mas


não seguem a regra básica. Veja o exemplo abaixo:

王様 = おう.さま (rei) – on’yomi do primeiro ideograma + kun’yomi do segun-


do ideograma.

B. LEITURA EXTRA: chamada de 「なのり」 (名乗り), é a leitura presente em


alguns ideogramas, geralmente intimamente relacionada com o kun'yomi. É
usada principalmente para nomes de pessoas e, às vezes, para nomes de lugares
(quando não se usam leituras únicas não encontradas em outro lugar). Observe
o exemplo abaixo:

76
Por falar em nomes, esse é um aspecto complexo. Tanto que formulários possuem
um campo para que a pessoa escreva a pronúncia do nome em Kana, sendo que
esse campo é verificado para assegurar que a pessoa não se esqueceu de preen-
che-lo. Você pode tentar decorar diversos nomes, tentar adivinhar, usar um dici-
onário de nomes, etc. Porém, na prática, ao ver um nome escrito, a única forma
de ter certeza absoluta de como a pessoa se chama (e mais fácil) é perguntando
a pronúncia a ela.

C. LEITURA ATRIBUÍDA: não possui relação com as leituras individuais dos


Kanjis. Aqui leva-se em consideração apenas o significado individual de cada
caractere e se dá uma pronúncia ao conjunto. Observe:

「明日」= composição pronunciada 「あした」 ou 「あす」, que significa


“amanhã” em japonês.

「小宇宙」= normalmente se lê essa composição como 「しょううちゅう」. En-


tretanto, se estiver subentendido o animê “Os Cavaleiros do Zodíaco”, deve-se
levar em consideração que esta composição é usada para substituir a grafia 「コ
スモ」 que significa, “cosmo”. Portanto, neste caso específico, deve ser lida 「
コスモ」 e não 「しょううちゅう」. Esquematizando, temos:

Há ainda leituras que são baseadas nas pronúncias dos caracteres, contudo, so-
freram mudanças ao longo do tempo. Observe:

「中人」: なかびと→ なかうど= なこうど (pronúncia e Kanji atuais)

Diante de tudo que vimos até aqui, podemos dizer que a leitura dos Kanjis é
muito ambígua. Apenas para ilustrar essa dificuldade que até mesmo os nativos
podem encontrar na leitura de Kanjis, em novembro de 2008, a imprensa

77
japonesa noticiou que o Primeiro-Ministro Taro Aso frequentemente errava as
leituras de alguns Kanjis, muitos considerados de uso comum em seus discursos,
questionando assim, sua qualidade como pessoa que ocupa o cargo mais alto do
Japão

Devido aos seus erros, Aso passou a ser comparado com George W. Bush, e ro-
tulado de "Tarō" uma provocação usada nas escolas para as crianças pouco inte-
ligentes.

Por causa dessa ambiguidade na leitura dos Kanjis, é comum encontrarmos pe-
quenos Kanas, conhecidos como Furigana (também conhecido como 「ルビ」 ou
「ルビー」 = rubi), escritos acima dos ideogramas, ou ao seu lado, chamados de
Kumimoji, que mostram como devemos pronunciá-los.

Tal recurso é usado especialmente em textos para crianças ou alunos estrangeiros


e mangá, como também em jornais para leituras raras ou incomuns e para ideo-
gramas não incluídos no conjunto de reconhecidos oficialmente.

Em muitos dicionários de Kanji os ideogramas são organizados por “RADI-


CAL”. Radical é um “pedaço” do Kanji que pode estar em uma das sete posições
apresentadas a seguir:

78
Ao todo existem 214 radicais e você pode baixar a lista neste link:
https://tinyurl.com/2vbfwz76. Com exposição à língua japonesa e tempo, você
será capaz de identificar o radical de cada Kanji e isso será muito útil. Imagine
que você se depara com o seguinte Kanji:

Sabendo que o radical pode estar presente em uma das sete posições, supõe-se
que o radical desse Kanji esteja na parte superior dele, isto é, trata-se do radical
「雨」, que significa “chuva”. Agora, vamos acessar a opção “Multiradical (an-
tigo)” (https://tinyurl.com/3kep4btb) do site “sci.lang.japan Frequently Asked
Questions”. Nessa interessante ferramenta é possível filtrar Kanjis pelo radical
de acordo com a posição numa lista de ocorrências mais comuns. Veja:

79
No nosso exemplo, supomos que o radical seja 「雨」, que significa “chuva”, e
que ocupa a parte superior do Kanji. Então:

Nos resultados aparecerão os Kanjis que possuem 「雨」 como radical ordena-
dos pela quantidade de traços. Agora sabemos que o Kanji em questão se trata
de 「電」, que significa “eletricidade” e possui 13 traços.

Por falar em traços, existem algumas regras básicas para sem serem observadas
na hora de escrever um Kanji:

1. Kanjis são escritos da esquerda para a direita:

80
2. Kanjis são escritos de cima para baixo:

3. Traços horizontais normalmente são escritos antes de verticais:

4. Em caracteres simétricos, comece pelo traço do meio, depois esquerda e então


direita:

5. Traços que envolvem outros traços são escritos primeiro, com exceção da base,
que vem por último:

6. Um traço diagonal para a esquerda é escrito antes que um traço diagonal para
a direita:

7. Se uma linha vertical atravessar todo o caractere ela é escrita por último:

81
8. Se uma linha horizontal cruzar todo o caractere ela é escrita por último:

9. Um traço diagonal vem antes do horizontal se for pequeno e depois do hori-


zontal se for grande:

Uma coisa que você precisa saber é que essas regras não são absolutas, elas irão
funcionar para a maior parte dos casos, mas não todos. Então fique avisado que
se encontrar um Kanji que não se encaixe em alguma dessas ordens, não é um
erro na regra e sim uma exceção.

De fato, dominar os Kanjis não é tarefa fácil, mas isso não significa de forma al-
guma que seja impossível. Usaremos Kanjis desde o começo para ajudá-lo a ler
japonês "real" o mais rápido possível. Nestas duas lições, abordamos algumas
das propriedades dos ideogramas numa tentativa de tornar seu aprendizado me-
nos penoso e mais divertido e, dado o que foi exposto, vamos responder a duas
perguntas que devem estar pairando na sua cabeça agora:

1. Se mesmo um nativo pode ter dificuldades em saber como ler determinada


composição de Kanjis, dada a quantidade de possiblidades de leitura e as mu-
danças sonoras, qual a melhor maneira de aprender a lê-los?

Realmente, a quantidade de leituras que um único Kanji pode ter e, ainda mais,
as possíveis mudanças sonoras que podem ocorrer em alguns casos, de início, o
faria concluir que aprender as leituras individuais se torna totalmente inútil, por-
que na prática, ao se deparar com uma composição desconhecida, você só teria
um “poder de suposição” no quesito qual leitura usar. Para clarificar, suponha-
mos que você não conheça a composição 「行楽」, mas conhece as leituras indi-
viduais dos Kanjis 「行」 e 「楽」. Com isso, a primeira imagem que viria a sua
mente certamente seria esta:

82
Ok, perfeito! Você sabe todas as leituras ON individuais de cada Kanji. Entre-
tanto, especificamente para esta composição, qual é a combinação de leituras
correta? Aí começa o grande problema! Inevitavelmente, você acaba se vendo
diante de um quebra-cabeça no qual você tem as peças, mas não sabe como en-
caixá-las...

Isso só considerando as leituras ON. Imagine então se esta composição tem uma
leitura mesclada, extra, atribuída, ou ainda tem a pronúncia simplificada? Veja
como há muitas, mas muitas possibilidades...

Como bem aponta Luiz Rafael em seu livro “Desvendando a Língua Japonesa”,
“o que faz o japonês realmente aprender KANJI não é o ensino deles na escola, e
sim a convivência em tempo integral, o uso massivo em praticamente todas as
situações do dia-a-dia. Na escola, o japonês aprende os KANJIS mais pela neces-
sidade de ler textos, copiar conteúdo da lousa referente a todas as matérias, es-
crever redações e resolver exercícios, do que pelo ensino formal do KANJI.”

Esse é o lado ruim da história. Mas há o lado bom: se você memorizar leituras
individuais em grande quantidade vai, inevitavelmente, adquirir um senso de
como se dá é a formação das palavras na língua japonesa. Por exemplo, “por
que há um pequeno 「つ」 aqui?”.

Também, não aprender as leituras individuais é desvantajoso, porque com o


tempo você perceberá que geralmente uma leitura ON de cada Kanji é usada
com mais frequência (estima-se que em 80-90% das vezes, usa-se apenas uma
única leitura On dentre as possíveis para cada Kanji). Tal afirmativa ganha força
ainda mais quando vemos que livros convencionais e métodos de memorização
costumam listar 2 ou no máximo 3 leituras On para cada Kanji! Sendo assim, ge-
ralmente a leitura On # 1, entraria nessa faixa de 80-90% e a leitura # 2 somente
seria usada em casos específicos.

83
Com relação às leituras KUN, aprendê-las individualmente é bom se o Kanji re-
presentar uma palavra por si só. Por exemplo, o Kanji 「力」 tem a leitura KUN
「ちから」, que por si mesmo (sem necessidade de se completar com o Okuri-
gana) é a palavra para “força”. Veja como o significado do Kanji, se traduz dire-
tamente em uma palavra inteira que você pode realmente usar.

Falando em significado, saber o significado individual de um Kanji é certamente


muito útil para palavras e conceitos mais simples. Kanjis, tais como 「続」 ou 「
連」 definitivamente vão ajuda-lo a lembrar de palavras como 「接続」、「連
続」 e 「連中」. Em conclusão, não há nada de errado em aprender o significado
de um Kanji e isso é algo que recomendamos.

Bem, agora você deve estar pensando “OK, eu vejo que há os prós e contras em
se aprender as leituras individuais. Mas, ainda assim, não seria muito mais fácil
simplesmente assimilar Kanjis e composições conforme formos nos deparando
com eles?

Isso faz muito sentido e talvez seja a opção defendida por muitos, isto é, aprender
Kanji por meio das PALAVRAS que você for encontrando por aí, e não através
de caracteres isolados, a menos que este seja por si só uma palavra “utilizá-
vel”. Afinal, a fim de aprender uma palavra, você obviamente precisa aprender
o significado, a leitura, o traçado dos Kanjis e qualquer Okurigana, se for o
caso. E isso com as ferramentas disponíveis atualmente na internet, torna-se
muito mais prático.

Voltemos à composição 「行楽」. Por enquanto, somente fomos capazes de su-


por sua leitura e não chegamos a uma conclusão. Entretanto, se acessarmos, por
exemplo, o “Jisho.org” tudo se resolverá em poucos segundos, sem estresse. Ve-
jamos:

E ainda, em “Kanji Details” poderá aprender o significado de cada Kanji, bem


como o traçado:

84
Bem prático, não é mesmo?

Concluindo, nossa sugestão é que você siga pelo caminho híbrido:

PRIMEIRO: aprenda PALAVRAS e, por meio delas, tudo o que for relacionado
aos Kanjis que as compõem (significado, leituras KUN - se representarem por si
mesmo palavras -, e o traçado);

SEGUNDO: com mais tempo e calma, para um estudo mais etimológico e mais
avançado, atente-se às leituras e veja como as palavras foram formadas, bem
como as particularidades de sua pronúncia, se houver.

2. Como memorizar o traçado dos Kanjis, já que existem muitos ideogramas


para se aprender?

Lembra-se que no tópico de introdução “Antes de Começar os Estudos” menci-


onamos que uma das ferramentas necessárias para o aprendizado é a “ASSOCI-
AÇÃO”? Por esta razão, cremos que algo que lhe será útil para memorizar o tra-
çado dos Kanjis é fazendo uso de uma técnica muito conhecida e difundida em
livros como “Kanjis Mnemonics” e “Remember the Kanji”. Consiste em dividir
os ideogramas em partes e tentar associá-las a figuras do nosso cotidiano. É como
se passássemos a encarar cada Kanji não como uma “letra” em si, mas como um
conjunto de letras para transmitir uma nova ideia. Veja a ilustração a seguir:

Também, assim como em português, por exemplo, há uma “hierarquia” na es-


crita de palavras, isto é, as (3) palavras são formadas por (2) sílabas e estas, for-
madas por (1) letras (elementos primitivos), nos caracteres chineses há que
chamaremos de “Hierarquia do Kanji”. Veja a figura a seguir (de baixo para
cima):

85
Os (1) traços podem ser combinados para formarem (2) componentes, que juntos
podem formar (3) ideogramas simples, que juntos podem formar (4) ideogramas
compostos. Com isso, cremos que quanto mais primitivo o elemento extraído
de um Kanji for (preferencialmente “traços” e “componentes”), mais fácil será a
memorização de um Kanji (no topo), pois haverá a tendência de o elemento pri-
mitivo se repetir mais vezes em diferentes combinações e com isso você será ca-
paz de perceber padrões (assim como em português aprendemos primeiro as le-
tras do alfabeto e depois as sílabas, combinações possíveis de letras, padrões).
Fazendo uma analogia, se fôssemos encaixar “guarda-chuva” na figura apresen-
tada, as letras seriam os traços, as sílabas, os componentes, “guarda” e “chuva”
(palavras simples) seriam os ideogramas simples e “guarda-chuva” (palavra
composta), o ideograma composto.

Para “dividir” os Kanjis, você pode utilizar o “Tagaini Jisho” (https://www.ta-


gaini.net/), que possui essa função:

Segundo o Tagaini Jisho, 「電」 , que significa “eletricidade” tem como compo-
nentes o radical 「雨」, que significa “chuva” e 「日」, que significa “dia” e,
aliás, consta na lista de radicais. Com relação ao “terceiro” caractere (em preto),

86
algumas fontes apontam que é uma variante de 「⼄」, que significa “segundo”
e também consta na lista de radicais. Com isso podemos criar uma história para
memorizar esse Kanji: “A eletricidade foi descoberta por causa da chuva que cai
em nossos dias de vida. Geralmente, primeiro começa a chover e em segundo
lugar, vem o relâmpago”.

Outros exemplos:

口 【 く ち 】 (significado: boca): este Kanji é uma figura que lembra


uma boca aberta, porém um pouco quadriculada;

本 【ほん】 (significado: raiz, livro): este Kanji é uma árvore e o traço no meio é
a terra onde ela está plantada. Então, abaixo da terra está sua raiz. A raiz de onde
brota o conhecimento são os livros.

Outra ferramenta para desmembrar Kanjis é o site “Jiten On” (https://jite-


non.com/parts/):

O site “Wanikani” tem uma ferramenta (https://www.wanikani.com/radi-


cals/) muito interessante (clique no ícone de pesquisa no canto superior direito).
Com ela podemos pesquisar um Kanji e ele será desmembrado, sendo apresen-
tada também uma frase (em inglês) para facilitar a memorização:

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Perceba que o desmembramento do Kanji 「電」 apresentado pelo WaniKani é
diferente da decomposição apresentada pelo Tagaini Jisho, mas isso não importa.
Temos que levar em consideração que os Kanjis são originalmente chineses, por-
tanto, muitos “elementos reais” e/ou “significados reais” estão presentes so-
mente nos dialetos chineses, não sendo incorporados à língua japonesa (ou
mesmo abandonados em dado momento da história). Se consultarmos, o Kanji
「電」 em algum site que apresente a etimologia chinesa de caractere, como o
“Chinese Etymology” (https://hanziyuan.net/) e o “YellowBridge”
(https://tinyurl.com/yhxkwn6u), teremos algo muito interessante (consulta
pelo YellowBridge):

O Kanji 「電」 é uma junção de 「雨」, que significa “nuvens de tempestade” e


「申」, que significa “raio”, “relâmpago”, cuja forma simplificada é 「电」 e não
consta na lista japonesa de Kanjis de uso diário. Veja como do ponto de vista
chinês, é bem mais fácil (e lógico) se chegar aos elementos constituintes do Kanji
「電」. Por outro lado, como na língua japonesa não foram incorporados todos
os elementos (e significados), existe uma limitação para se chegar até os elemen-
tos constituintes dos Kanjis. Por isso, fazer adaptações é inevitável; você poderá
nomear os componentes de Kanji da maneira que for mais fácil pra você ou
mesmo considerar o que quiser como componente de Kanji.

NOTA: Existem outros bons sites que fazem o desmembramento de Kanjis e


apresentam frases para a memorização:

➩ KanjiDamage (http://www.kanjidamage.com/);

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➩ Kanji Alive (https://tinyurl.com/3dj4rpmj).

E nós disponibilizamos a nossa própria “Decomposição de Kanjis”, que pode


ser acessada neste link (https://tinyurl.com/y9skddr5). Os Kanjis estão dividi-
dos por nível do teste de proficiência e você notará que alguns Kanjis possuem
entre parênteses no campo “JLPT” um número ou uma barra. Veja:

O número entre parênteses indica o nível REAL do JLPT ao qual pertence o Kanji
em questão. Entretanto, como ele faz parte de algum Kanji de nível inferior, ele é
abordado de forma antecipada para que as decomposições façam sentido. Já os
Kanjis com barra são aqueles fora da lista de Kanjis para uso diário, podendo até
ser um ideograma antigo ou usado apenas na China, mas também são peças cons-
tituintes dos Kanjis cobrados no JLPT. Como o projeto foi lançado recentemente,
caso encontre alguma informação errada, entre em contato conosco, por favor.

Reveja como escrever os Kanjis CONSTANTEMENTE. Conforme o relato de um


japonês no Fórum Quora, quando se trata de aprender Kanjis “tudo é (questão
de) ROTINA. É pura MEMORIZAÇÃO, e quanto mais você lutar contra a ideia
de memorização, mais tempo você levará para aprender”. Esta é outra razão pela
qual começaremos usando Kanjis. Não há razão para deixar o imenso trabalho
de aprendê-los em um nível avançado. Ao estudar Kanjis junto com novos vocá-
bulos desde o começo, o imenso trabalho será dividido em pedaços pequenos e
controláveis e o tempo extra ajudará a fixar na memória permanente os ideogra-
mas aprendidos. Além disso, isto irá ajudá-lo a ampliar seu vocabulário, o qual
geralmente terá combinações de Kanjis que você já conhece. Se você começar a
aprender Kanjis depois, este benefício será desperdiçado ou limitado.

Há uma grande quantidade de websites e softwares para auxiliá-lo no aprendi-


zado dos Kanjis. Infelizmente, a maioria dessas fontes está em inglês, ou seja,
seria bom que você soubesse o básico dessa língua para que possa tirar proveito.
Outro software útil é o “JWPce” (baixe neste link: https://tinyurl.com/y4rnk-
pff), um editor de texto e dicionário no qual você encontra o significado de qual-
quer Kanji rapidamente entre os milhares do banco de dados, se souber como
procurar. A busca pode ser feita através do número de traços ou do radical. Ob-
serve:

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O número de traços (strokes) e qual é o radical de um ideograma são as duas
informações mais úteis que você pode ter. Se tiver seu computador do lado, ne-
nhum Kanji desconhecido irá atrapalhar seus estudos.

Você já aprendeu anteriormente que durante os seis anos da escola primária, os


alunos aprendem os 1006 Kanjis básicos e os outros 1130 nos três anos posterio-
res. Obviamente, os Kanjis apresentados na primeira série são mais simples que
os Kanjis da sexta série. Esse método irá seguir exatamente a ordem de aprendi-
zado de um aluno numa escola japonesa. Podemos concluir, portanto, que os
Kanjis são ensinados de acordo com sua simplicidade, facilidade e importância.

Então, não seria interessante que os Kanjis fossem organizados pelo uso, pelo seu
aparecimento no dia a dia?

No JWPce uma das informações que podem ser obtidas de um Kanji é a sua fre-
quência, ou seja, o número de vezes que este aparece no dia a dia, em jornais,
livros e qualquer fonte escrita. Observe as figuras abaixo:

Podemos notar que o Kanji "dia" 「日」 é o mais frequente, ou seja, aparece toda
hora, em todos os lugares. Já o Kanji "explosão" 「爆」, não aparece tantas vezes;
existem 734 Kanjis mais frequentes que ele.

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Essa classificação é útil para organizar Kanjis pela sua utilidade. Se você aprender
antes os Kanjis que aparecem mais frequentemente, maior a probabilidade de
entender um texto em japonês.

NOTA: se você deseja filtrar os Kanjis de acordo com a frequência, série de en-
sino, etc. acesse o site “KanjiCards” (http://kanjicards.org/). Vá até a opção
“Kanji Lists” e você encontrará filtros muito úteis.

O “Jisho.org” (http://jisho.org/) é um dicionário online de japonês com diversas


funções. Na aba “Kanji” é possível efetuar uma busca por Kanjis através de um
filtro:

Na aba “Kanji by Radicals” é possível fazer a pesquisa por radicais:

E ao clicar em algum Kanji, é possível visualizar diversas informações, tais como


frequência e número de traços:

E se você gostaria de ter acesso a algo que lhe mostrasse o traçado de forma ani-
mada, o “Draw Me a Kanji” (http://tinyurl.com/y3sku2kq) é o lugar certo.
Basta inserir uma palavra ou mesmo uma sentença para ter o traçado de cada
Kana e/ou Kanji feito na sua frente!

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Basicamente é isso.

3. Ok, eu faço uso de aplicativos voltados para o aprendizado de Kanjis, mas


ainda assim, não consigo memorizar os Kanjis. Falta alguma coisa?

Uma questão muito interessante e que pode tranquilizá-lo e o fenômeno da “Am-


nésia de Caractere”.

E o que é isso?

A amnésia de caractere se refere ao fato de que as pessoas no Japão (e na China)


estariam se esquecendo como escrever Kanjis!! Isso mesmo...

Estamos vivendo um tempo em que a informação é muito rápida e quase tudo se


tornou digital. As pessoas estão usando cada vez mais computadores, telefones
e outros dispositivos eletrônicos e, graças a essas coisas, quase não há razão para
escrever algo usando as mãos.

Peguemos o português como exemplo. Com esse negócio de autopreenchimento


e corretor ortográfico, de certa forma, ficamos preguiçosos. Com certeza, muitos
que passam a maior parte do tempo em seus smartphones teriam dificuldades de
escrever as palavras com a caneta. Isso porque o nosso alfabeto tem poucas letras
e elas têm um traçado simples. Agora pegue esse exemplo e multiplique por mui-
tas, mas muitas vezes mais, já que no Japão se usa por volta de 2.000 Kanjis, cada
um tendo uma quantidade de traços e de forma!

Então, pode-se dizer que, atualmente, os japoneses reconhecem e leem Kanji. Eles
também sabem digitar um Kanji... mas, quando se trata de escrever um monte de
Kanjis à mão, espera-se que haja muitos erros e omissões. Veja três relatos inte-
ressantíssimos de japoneses sobre essa questão (retirado do Fórum Quora):

(1) “Particularmente depois que me formei na universidade, comecei a esquecer


os Kanjis pois perdi a oportunidades de escrevê-los com minhas próprias mãos.
Isso definitivamente é causado pelo uso do computador. Você pode escrever fra-
ses com Kanjis, graças ao poder do software Google IME, que sugere todos os
Kanjis que correspondem ao Hiragana que você inseriu e, em seguida, tudo o que
você precisa fazer é escolher um. Normalmente aprendemos Kanji na escola pri-
mária. Temos muitos exames de Kanji. (...) (Os Kanjis) são compostos por muitas

92
linhas e símbolos. Não é nenhuma surpresa que pessoas comuns como eu tenham
facilidade de esquecer como escrevê-los com precisão. Assim como aprender ou-
tro idioma, aprender Kanjis exige um pouco de energia, mesmo para o japonês.”

(2) “Especialmente escrever é realmente difícil para mim. Normalmente digita-


mos e os computadores convertem automaticamente os caracteres romanos em
Kanji, de modo que não temos nem mesmo que nos lembrar deles. Tendemos
dizer 「読めるけど書けない」, que significa "Sei ler, mas não sei escrever" por
hábito e isso acontece com frequência comigo.”

(3) “O japonês é uma dessas línguas que você tem que escrever à mão todos os
dias para preservar sua alfabetização. Como muitas pessoas hoje em dia fazem
tudo em seus telefones e laptops, muitos trabalhadores profissionais às vezes tem
dificuldade para escrever certos caracteres (Kanjis).”

Para se proteger da amnésia de caractere você pode usar como técnica de memo-
rização de Kanjis também a escrita à mão, de forma constante. Aliás, na China,
o Ministério da Educação vem tentando amenizar o problema da amnésia de ca-
racteres através da promoção de aulas tradicionais de caligrafia. Os alunos mais
jovens têm aulas todas as semanas especificamente de escrita de caracteres. Já aos
mais velhos são oferecidas aulas opcionais e atividades pós-escolares…

Segundo este interessante artigo (link: https://tinyurl.com/3wtjxm6b), “escre-


ver com as mãos ajuda tanto crianças quanto adultos a aprenderem mais e me-
morizarem melhor”. Então, não abandone a escrita à mão de Kanjis!! Não use
somente aplicativos! Recomendamos:

➩ Baixar e imprimir folhas para treinar a escrita de Kanjis:


https://tinyurl.com/x47k3h88;

➩ Baixar o programa “Zkanji 0.10 (beta)”, que tem como uma das funções mos-
trar o traçado e ordem dos Kanjis, bem como palavras que contêm determinado
Kanji: https://tinyurl.com/22dfpx2k;

➩ Se não quiser gastar papel para treinar a escrita à mão, você pode adquirir
uma “lousa mágica” (convencional ou LCD).

93
3. CLASSES DE PALAVRAS, SUBSTANTIVOS E PRO-
NOMES
Para nos comunicarmos usamos gestos, sinais, palavras... Você já se perguntou o
que é uma “palavra”? Bem, de forma bem simples, nós a usamos para simbolizar
algo que se refere ao homem e ao mundo em que ele vive, isto é, cada palavra
corresponde a um conjunto de características comuns a uma classe de seres, ob-
jetos ou entidades abstratas, determinando como as coisas são. Por exemplo,
quando usamos a palavra “gato” estamos nos referirmos ao “pequeno mamífero
carnívoro, doméstico, da fam. dos felídeos (Felis catus), criado como animal de
estimação” (Dicionário Aulete).

E, da mesma forma que os portugueses nomearam as coisas que estavam ao seu


redor, assim também o fizeram os italianos, espanhóis, ingleses, japoneses e as-
sim por diante. Entretanto, é claro que a palavra usada para nomear algo nem
sempre (quase nunca) era a mesma. Os portugueses usaram a palavra “gato”
para nomear o pequeno mamífero carnívoro, doméstico, da fam. dos felídeos (Fe-
lis catus), criado como animal de estimação. Já os ingleses usaram a palavra “cat”;
os franceses, “chat”, os italianos “gatto”, os alemães “katze”. Veja que, embora
as palavras sejam diferentes, o conceito, a ideia que elas transmitem é a mesma.

Bom, agora que sabemos, de uma forma bem simplista, o que é uma “palavra”,
vamos ver como elas são agrupadas, isto é, quais são as classes de palavras da
língua japonesa. Devido à fonética limitada, é muito importante que você as co-
nheça, a fim de interpretar as coisas. Saber quais são as classes de palavras, como
usá-las e identificá-las irá ajuda-lo muito em seus estudos.

Existem 11 classes de palavras que podem ser divididas em dois grupos:

I. Invariável, quando uma palavra não muda sua forma independentemente de


como é usada.

II. Variável, quando uma palavra pode ter sua forma alterada, isto é, pode ser
conjugada;

Observe o quadro a seguir:

94
As palavras podem ser, ainda, independentes ou dependentes. As palavras in-
dependentes podem ser entendidas por si mesmas (têm sentido próprio), ao
passo que as dependentes necessitam de um contexto para serem compreendi-
das. As únicas palavras que são dependentes são as partículas e os verbos auxi-
liares.

Agora que já sabemos o que é uma “palavra” e como elas são divididas (classes
de palavras), vamos ver o conceito de duas coisas muito importantes: radical e
afixo. Observe:

1) RADICAL: parte da estrutura de uma palavra que contém seu significado bá-
sico;

2) AFIXO: é um elemento que pode ser ligado ao radical da palavra, formando


assim uma nova palavra, chamada no português de palavra derivada. Depen-
dendo do local onde se encontra, esse elemento pode ser chamado de prefixo,
sufixo ou infixo (que não usaremos no japonês).

95
Feitas essas definições, um PREFIXO é quando o afixo é adicionado no início da
palavra. Já o SUFIXO é quando o afixo é adicionado no final da palavra. Assim,
numa palavra podemos ter:

NOTA: não esqueça de considerar possíveis mudanças sonoras que podem ocor-
rer ao se juntar os elementos citados.

Os prefixos são a chave para entender as muitas palavras em japonês. Se você


não conseguir encontrar uma palavra em um dicionário, é provavelmente por
que a palavra que você está procurando tem um prefixo ou um sufixo.

Um prefixo nunca vai mudar a classe de uma palavra. Também, podem ser usa-
dos com substantivos, verbos, adjetivos e palavras emprestadas. Já os sufixos são
elementos que, acrescentados a uma palavra, podem mudar sua classe. Na lín-
gua japonesa são muito numerosos.

Diante do que vimos até aqui, podemos dizer que há quatro maneiras de formar
(novas) palavras:

➩ PALAVRA INDEPENDENTE + PALAVRA INDEPENDENTE: duas pala-


vras que possuem significado próprio colocadas juntas para formar uma nova
palavra. Por exemplo, 「学校図書館」 (がっこうとしょかん), que significa “bi-
blioteca de escola”, consiste da união das palavras independentes 「学校」 (es-
cola) e 「図書館」 (biblioteca);

➩ PREFIXO + PALAVRA INDEPENDENTE: um prefixo é unido a uma palavra


independente. Por exemplo, 「 新 世界 」 ( し んせ か い ), que significa “novo
mundo”, consiste na palavra independente 「世界」 (mundo) antecedida do pre-
fixo “novo” 「新」;

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➩ PALAVRA INDEPENDENTE + SUFIXO: quando uma palavra é seguida por
um sufixo, formando uma nova palavra. Por exemplo, 「造船所」 (ぞうせんし
ょ), que significa “estaleiro”, consiste na palavra independente 「造船」 (cons-
trução naval) seguida do sufixo “lugar” 「所」;

➩ PALAVRA DERIVADA: é quando uma palavra é criada, digamos, por meio


do acréscimo de um elemento (geralmente um sufixo) puramente gramatical. Por
exemplo, o substantivo 「くろ」 (黒) = cor negra é combinado com o sufixo for-
mador de adjetivo 「し」, que devido a mudanças sonoras se tornou 「い」, para
formar o adjetivo 「くろい」 (黒い) = negro.

***

Devido ao princípio do menor esforço, as coisas tendem a ser simplificadas ao


longo do tempo. Muitas palavras atuais são, na verdade, abreviações de termos
mais longos. Em português temos, por exemplo, a palavra “você”. Veja sua evo-
lução:

No caso da língua japonesa, temos por exemplo, a palavra 「パソコン」 , que


significa “PC” (computador), sendo ela uma abreviação de 「パソナルコンピュ
ーター」, baseado no termo inglês “Personal Computer”. Outro exemplo é a pa-
lavra 「小学」(しょうがく), que significa “escola primária”, sendo ela uma abre-
viação de 「小学校」(しょうがっこう). Perceba que o último Kanji da palavra 「
学校」, isto é, 「校」 é retirado.

Além disso, palavras atuais podem ser produtos, não só de abreviações de pala-
vras mais longas, mas também de orações inteiras. Neste caso, geralmente se
procura manter o mínimo de elementos necessários que possibilite transmitir a
mesma ideia da oração original. Por exemplo, a palavra 「立腹」(りっぷく), que
significa “raiva”, “ofensa” se originou da oração 「腹が立つ」(はらがたつ ), que
significa “O estômago se levanta”. Veja que neste caso só se manteve os Kanjis,

97
pois são suficientes para transmitir a mesma ideia, isto é, o Kanji 「腹」 significa
“barriga”, estômago” e o Kanji 「立」 significa “levantar”. Agora, você deve es-
tar se perguntando “Não era para ser 「腹立」? Por que se inverteu os Kanjis,
ficando 「立腹」?

A resposta é simples e lógica. Como se desejou criar uma palavra “à moda chi-
nesa”, segue-se a ordem padrão de como as palavras são dispostas numa oração
chinesa. Ela é parecida com a da língua portuguesa, isto é, o verbo seguido do
objeto. Por outro lado, o padrão japonês é invertido, é o objeto seguido do verbo.
Um exemplo de palavra originada de uma oração seguindo o padrão japonês é
「腹切り」(はらきり), que significa “ritual de suicídio no qual se corta a bar-
riga”. Ela se originou da redução da oração 「腹を切る」(はらをきる), que sig-
nifica “Cortar a barriga”. Há a versão abreviada 「腹切」, lida da mesma forma,
e também uma versão “à moda chinesa” que é 「切腹」(せっぷく), sendo esta
considerada uma palavra formal.

Também, uma vez que uma nova palavra é criada, ao longo do tempo ela pode
passar por mudanças sonoras, que visam tornar a pronúncia mais fácil. Por
exemplo, a palavra 「まぶた」 que, significa “pálpebra”, originou-se da junção
das palavras 「目」 (め) = olho e 「蓋」(ふた) = cobertura, tampa.

Entender as maneiras de formar (novas) palavras irá ajudá-lo a inferir significa-


dos de palavras desconhecidas, bem como a formar novas palavras, assim como
fazemos em português. Por exemplo, você enxerga a diferença entre “ligar” e
“DESligar” e entre “fazer” e “DESfazer”, não é mesmo? Instintivamente, pela
exposição à língua portuguesa, você sabe que o prefixo “DES” passa a ideia de
“anular (uma ação)”. Sendo assim, se por ventura, você se deparar com a palavra
“DESver”, mesmo ela não existindo (ainda), entenderá o seu significado, que é
“anular o ato de ver”. Também, esses conceitos podem tornar o seu aprendizado
de vocabulário muito mais fácil e divertido, pois, dado o princípio do menor
esforço, palavras mais complexas tendem a ser formadas a partir das palavras
(ou afixos) mais simples e comuns, de acordo com as necessidades de comuni-
cação de cada época. Por isso, ao se deparar com uma palavra complexa, procure
desmembrá-la e tente entender a lógica de sua formação. Há ferramentas cha-
madas “analisador morfológico” como o “Kuromoji”
(https://tinyurl.com/53vmn36n) que podem auxiliar nessa tarefa. Vamos anali-
sar, por exemplo, a palavra 「うんてんしゃ」(運転者), que significa “motorista”,
“condutor”:

A análise nos mostra que a palavra 「運転者」 é produto da junção de dois ele-
mentos: do substantivo 「 う ん て ん 」 ( 運 転 ), que significa “operação”,

98
“condução” e do sufixo 「しゃ」(者), que significa “pessoa”. E se você já conhe-
cer o significado da palavra anexada ao sufixo, será capaz de entender o conjunto
sem consultar o dicionário, como se fosse uma “nova palavra”. Usamos as aspas,
porque na verdade, não haveria nada de novo; apenas seriam elementos conhe-
cidos combinados para transmitir outra ideia.

Vejamos mais um exemplo, agora analisando a palavra 「とうろくしゃすう」(


登録者数). Essa palavra é interessante porque ainda não consta em dicionários
baseados no popular projeto EDICT (a presente data é 20/10/2021):

Sendo assim, vamos considerar que ela seja uma “palavra recente”. Vamos usar
o “Kagome” (https://tinyurl.com/52wv4rs9), outro analisador morfológico:

Temos que 「とうろくしゃすう」(登録者数) é a combinação de três elementos:

➩ Substantivo 「とうろく」(登録), que significa “registro”, “inscrição”;

➩ Sufixo 「しゃ」(者), que significa “pessoa”;

➩ Sufixo 「すう」(数), que significa “número”, “quantidade”.

Sendo assim, 「とうろくしゃすう」(登録者数), significa literalmente “quanti-


dade de pessoas inscritas”, termo usado, por exemplo, para apontar o número
de inscritos em um canal do Youtube.

99
Você perceberá que fazer esse tipo de análise e desmembramento facilitará a me-
morização, pois muito provavelmente sempre se deparará com os mesmos ele-
mentos, apenas combinados com outros. Como apontam alguns estudos, o cére-
bro precisa ser exposto em média 20 vezes a uma palavra até que haja a consoli-
dação na memória e a pessoa passe a utilizá-la. E, se analisarmos bem, é assim
que aprendemos nosso idioma materno e novas palavras: pelo uso constante (re-
petição) das mesmas coisas e buscando, seja instintivamente, seja consciente-
mente, uma relação (associação) entre essas coisas. Aliás, uma ferramenta que
pode auxiliar no apontamento de elementos comuns (Kanjis somente) em dife-
rentes palavras é o site “Suiren” (http://suiren.io/):

Outro ponto importante é que há ideias que são transmitidas por meio da ane-
xação de um sufixo e não por palavras ou partículas (tópico 6). Pode ser um su-
fixo anexado a uma palavra ou mesmo a uma forma verbal. Por exemplo, em
português na oração “Trabalhei na empresa por 6 meses”, a ideia de duração da
ação é indicada pela preposição “por”, que aqui significa “ao longo de”. Em ja-
ponês tal ideia é indicada pelo sufixo 「かん」 (間). Veja:

6ヶ月 = Período de 6 meses → 6ヶ月間 = Por (ao longo de) período de 6 meses.

NOTA: o caractere 「ヶ」 se trata de uma simplificação do Kanji 「箇」, um


contador (tópico 4) que pode ser lido 「か」,「こ」 ou 「が」.

***

Vimos o que é uma “palavra”, quais são as classes de palavras e o que é radical e
afixo. Que tal começarmos a ver algumas características dos substantivos?

100
Numa definição mais detalhada, de acordo com o dicionário Houaiss, “substan-
tivo” é a “classe de palavras com que se denominam os seres, animados ou ina-
nimados, concretos ou abstratos, os estados, as qualidades, as ações.” Geral-
mente, os substantivos são classe de palavra mais fácil de aprender quando se
está estudando uma língua estrangeira. A parte complicada é saber o que é con-
siderado um substantivo em outro idioma, ou seja, será mais difícil aprendê-los
em japonês, porque não será possível estabelecer uma relação cognata, como você
faria se estivesse estudando espanhol ou inglês, por exemplo. No entanto, se você
também estuda inglês, as coisas devem se tornar mais fáceis já que há uma abun-
dância de palavras emprestadas no japonês. Vejamos como os substantivos são
divididos na língua japonesa:

1. Substantivo próprio: denomina um ser único, específico, diferenciando-o do


restante do grupo. Aqui se incluem nomes de lugares e pessoas. Vejamos alguns
dos mais comuns:

II. Substantivo comum: designa ou nomeia um grupo geral de objetos, animais,


plantas ou quaisquer outros seres vivos ou não, os quais possuem as mesmas
características.

III. Numeral: expressa quantidades, frações, múltiplos, ordem;

IV. Substantivo formal: tem significado variável de acordo com o contexto. Por
exemplo, o substantivo 「 わ け 」 ( 訳 ), em si significa “razão”. Porém, em

101
conversas adquire quase que exclusivamente significado de “experiência”, “co-
nhecimento”, indicando que o falante tem conhecimento e/ou experiência de
algo que o ouvinte não tem acesso. É usado em situações em que se deseja con-
vencer alguém, argumentar e contar histórias.

A forma plural é pouco relevante, porque na língua japonesa os substantivos po-


dem ser tanto singular quanto plural dependendo do contexto. Entretanto, há
alguns meios para se expressar “plural”, embora infelizmente não possam ser
aplicados a todos os casos, indiscriminadamente.

O primeiro meio que veremos é expressar uma noção de conjunto através do su-
fixo 「たち」(達), praticamente restrito a pessoas e animais:

子供 (こども) = criança → 子供達 (こどもたち) = crianças

犬 (いぬ) = cachorro → 犬達 (いぬたち) = cachorros

男 (おとこ) = homem → 男達 (おとこたち) = homens

Outro uso comum de 「たち」 é adicioná-lo ao nome de alguém para indicar


essa pessoa juntamente com o seu grupo:

セイヤ達 (セイヤたち) = Seiya e os demais (enfatizando Seiya, mas considerando


os outros Cavaleiros de bronze que o acompanham).

Em linhas gerais, essa forma de pluralização não é usada para substantivos ma-
teriais (leite, manteiga, etc.), nome próprio (Japão, América, etc.), ou substantivos
abstratos (bondade, paz, etc.). É claro: conte sempre com as exceções.

Além de 「たち」(達), na linguagem casual também é possível usar o sufixo


「ら」(等). Entretanto, sua utilização é muito restrita e depende da sentença
e do falante. O uso mais comum para 「ら」 é após os pronomes “Eu”, “Ele” ou
palavras como 「こども」 ou 「おや」 (em algumas regiões).

Outro sufixo que dá noção de pluralidade é 「がた」(方). Ele pode ser usado
como pluralizador honorífico para o pronome 「あなた」 e também pode ser
anexado a um número bem restrito de substantivos, como 「先生」.

Algumas palavras nativas podem ser pluralizadas ao serem repetidas através do


uso do sinal 「々」. Perceba que a palavra repetida tem seu primeiro fonema
vozeado para tornar a pronúncia mais fluente:

花々(はなばな) = flores

人々(ひとびと)= pessoas

102
所々(ところどころ)= lugares

Estas palavras indicam noção de plural, sem número definido.

Com relação ao “gênero”, que em linguística refere-se à distinção de palavras a


partir de contrastes como masculino/feminino (por exemplo, em português te-
mos “A mesa”, “O lápis”, etc.), em japonês não há esse tipo de distinção; “a
mesa” e “o lápis” são iguais em termos gramaticais. Em outras palavras, os japo-
neses diriam tão somente “lápis” ou “mesa”.

Com isso, convém mencionar também, que na língua japonesa não há artigo de-
finido ou indefinido. A palavra “estudante” 「がくせい」 (学生), por exemplo,
pode tanto se referir a um estudante do sexo masculino como do sexo feminino.

De fato, 「ねこ」 (猫) em si significa gato ou gata, mas podemos fazer uma “gam-
biarra”, isto é, usar algum elemento que nos possibilite especificar o gênero. Den-
tre as possibilidades, para animais, podemos usar os substantivos 「おす」 (雄)
para macho ou 「めす」 (雌) para fêmea:

おす(の)ねこ = gato

めす(の)ねこ = gata

É claro que a necessidade de se usar outros elementos para indicar gênero não se
aplica a todos os casos. Como em todas as línguas, há substantivos específicos,
como homem ou mulher, irmão ou irmã, etc.

Aliás, veja como é possível modificar um substantivo por meio de outro, através
da partícula 「の」. Em muitos métodos, ela é chamada de partícula de posse,
mas essa nomenclatura pode gerar confusão. Na verdade, dentre outras fun-
ções, 「 の 」 pode transformar um substantivo em atributo, isto é, um

103
qualitativo que se acrescenta ao significado de um substantivo, sem alterá-lo. Ob-
serve o quadro a seguir:

No exemplo acima, a partícula 「の」 permitiu que transformássemos o substan-


tivo 「友達」 em um atributo do substantivo 「車」, isto é, não é de carros em
geral que estamos falando, mas sim um carro cujo atributo é “do amigo”. Perceba
que, da mesma forma que os adjetivos ou verbos usados como adjetivos, o termo
que descreve virá sempre antes. Vejamos mais exemplos:

まことの本。= Livro do Makoto.

大学の住所。= Endereço da faculdade.

鋼の魂。= Alma de aço.

図書館の近く。= Perto da biblioteca (Lit. Proximidade da biblioteca).

課長のあきら。= Akira, chefe da seção.

No terceiro, quarto e quinto exemplos, vemos claramente por que chamar 「の


」 de partícula de posse pode gerar confusão, afinal “alma” não é posse de “aço”,
mas “aço” é atributo de “alma”, assim como “biblioteca” é atributo de “proximi-
dade” e “chefe da seção” é atributo de “Akira” (o que seria para nós neste caso
um aposto).

Também pode haver uma sequência de substantivos colocados juntos, sem que
estejam destinados a modificar o outro. Por exemplo, em expressões como "In-
ternacional Educação Centro”, temos apenas uma sequência de substantivos sem
quaisquer modificações gramaticais entre eles. Não é um "Centro de Educação,
que é Internacional" ou um "Centro para Educação Internacional", etc., é apenas
"Internacional Educação Centro”. Em japonês, pode-se expressar isso simples-
mente como 「国際教育センタ」 (ou 「センター」). Você verá esse encadea-
mento de substantivos em muitas combinações. Às vezes, uma determinada com-
binação é tão comumente usada que praticamente se torna uma palavra sepa-
rada, sendo até listada como uma entrada em alguns dicionários. Alguns exem-
plos incluem: 「登場人物」, 「立入禁止」 ou 「通勤手当」.

Por fim, vamos abordar rapidamente o que é um PRONOME, que funcionam de


forma semelhante ao substantivo. Segundo o Dicionário Michaelis é a “palavra
usada em lugar de um substantivo ou nome para designar pessoas ou coisas an-
tes nomeadas, podendo indicar-lhe a pessoa gramatical”.

104
Os pronomes a seguir são usados de modo geral pelos iniciantes, e existem va-
riações que não serão abordados neste livro:
1ª PESSOA DO SINGULAR: EU

わたし 「私」: forma geral neutra;

あたし 「私」: variação de 「わたし」 usado somente por para mulheres;

ぼく 「僕」: coloquial, usado geralmente por homens;

おれ 「俺」: forma egocêntrica.


2ª PESSOA DO SINGULAR: TU

あなた 「貴方」: forma geral neutra;

きみ 「君」: usado para parentes e amigos próximos;

おまえ 「お前」: usado para alguém em nível inferior.


3ª PESSOA DO SINGULAR: ELE, ELA

かれ 「彼」: forma geral masculina;

かのじょ 「彼女」: forma geral feminina.


1ª PESSOA DO PLURAL: NÓS

わたしたち 「私たち」: forma geral neutra;

ぼくたち 「僕たち」: coloquial, usado geralmente por homens;

おれたち 「俺たち」: forma egocêntrica.


2ª PESSOA DO PLURAL: VÓS

あなたたち 「彼方たち」: forma geral neutra;

おまえら 「お前ら」: usado para pessoas em nível inferior;

あなたら 「貴方等」: forma informal;

あなたがた 「貴方方」: forma mais polida.


3ª PESSOA DO PLURAL: ELES, ELAS

かれら 「彼ら」(ou「かれたち」): forma plural masculina;

かのじょら 「彼女ら」 (ou 「かのじょたち」): forma plural feminina.

Aliás, é oportuno mencionar aqui que os japoneses evitam usar o nome da pessoa
a quem estão se dirigindo quando possível, pois, para eles, chamar alguém pelo
nome soa bastante íntimo. Por isso, tal prática se restringe a amigos, colegas, na-
morados(as) e familiares. Em outras situações, os japoneses se direcionam pelo

105
título, como “chefe” “presidente”, etc. sem usar nomes. Quando isso não é pos-
sível, usam o nome (ou sobrenome) da pessoa com o sufixo apropriado.

Em japonês, os sufixos de nomes são usados para expressar a honra, respeito ou


amizade do falante com relação ao outro e, por isso, nunca devem ser usados
para se referir a si mesmo. São de gênero neutro (podem ser usados para homens
e mulheres), embora alguns sejam mais usados para homens ou para mulheres.
Títulos ou profissões também podem ser usados como um sufixo, ou ainda, é
possível utilizar a profissão da pessoa juntamente com um sufixo de nome. Omi-
tir um sufixo soará muito amigável ou muito ofensivo, dependendo da situação.
Vejamos alguns dos sufixos de nomes mais conhecidos:

➩ さん: serve como uma marca de respeito. Uma pessoa pode ser tratada com
este sufixo se o falante não a conhece bem e não quer ser rude, ou quando o indi-
víduo tem uma posição social mais elevada do que o falante. Praticamente nin-
guém se sentirá ofendido com esse sufixo. Meninas começam a ser tratadas com
「さん」 ao entrarem no colegial, e os meninos, ao saírem. Obviamente, as pes-
soas podem ter experiências diferentes, mas estamos falando de uma regra de
ouro;

➩ さま (様): é usado como um termo educado de se dirigir a alguém visivelmente


mais velho ou de um status mais elevado que o falante. Por isso, balconistas, gar-
çons e funcionários de outros serviços tratarão quase todo mundo com este sufixo
– provavelmente como 「おきゃくさま」 (お客様), isto é, “Sr(a). visitante”. 「お
さま」 também é usado como um título independente e é muito educado. De-
monstra que a pessoa a quem o falante se dirige o supera em larga margem e é
muito mais velho, ou o falante está em uma situação muito formal – ou talvez
não saiba o nome e precisa ser educado. Também é usado quando se refere a 「
かみさま」 (神様) (「神」 = deus). Outro bom exemplo é quando uma empre-
gada doméstica chama seu mestre de 「たろうさま」 (太郎様);

NOTA: 「たろう」 (太郎) é usado como um nome genérico japonês.

➩ くん (君): geralmente é usado para crianças do sexo masculino. Também pode


ser usado quando se dirige a um homem de menor status. Meninos do colegial
são tratados com este sufixo, mas também pode ser usado por um homem mais
velho ao se dirigir a um homem mais jovem, ou entre amigos e iguais. Por isso,
um chefe pode se dirigir a um funcionário com 「くん」, mas o empregado irá
tratar o chefe com 「かちょう」 (課長) ou talvez 「さん」 ou 「さま」, depen-
dendo da situação.

➩ ちゃん: é uma versão informal de 「さん」, ainda bastante comum no Japão e


geralmente considerado aceitável. Comumente é usado para tratar crianças e fa-
miliares do sexo feminino. Crianças com menos de 10 anos de idade são tratadas
com este sufixo, mas continua a ser usado como um termo carinhoso, especial-
mente para as meninas, na idade adulta. Os pais costumam sempre tratar suas

106
filhas com 「ちゃん」 e seus filhos com 「くん」. Adultos vão usar 「ちゃん」
como um termo carinhoso para as mulheres com quem eles estão próximos e ho-
mens pervertidos sexualmente também vão usá-lo ao se dirigir a garçonetes e
outras mulheres jovens. 「ちゃん」 também é usado com animais de estimação
e animais em geral. Também é usado como uma forma de descrever alguém por
quem se tem sentimentos fortes, como uma namorada.

É comum que mulheres jovens, porém mais velhas ou mais experientes do que o
falante, sejam tratadas por "irmã mais velha" [「おねえさん」 (お姉さん)], prin-
cipalmente no círculo familiar Da mesma forma, “irmão mais velho” [「おにさ
ん」 (お兄さん)] é usado para homens.

Um homem que pertença a uma geração anterior a do falante pode ser tratado
como “tio” [「おじさん」 (伯父さん)], e quando se trata de uma mulher,"tia" [「
おばさん」 (伯母さん)]. Note que "tia" não é aceitável para muitas mulheres jo-
vens, porque elas sentem que isso implica uma figura bastante matrona. Os ter-
mos "pai" [「おとうさん」 (お父さん)] e "mãe" [「おかあさん」 (お母さん)] são
raramente usados e os homens e mulheres desta geração são geralmente tratados
como “tio” e “tia”. No entanto, é comum tratar pessoas idosas como “avô” [「お
じいさん」 (お祖父さん)] e “avó” [「おばあさん」 (お祖母さん)].

Alguns termos são usados ainda para as mulheres: 「おじょうさん」 (お嬢さん


), que seria equivalente a “senhorita” (「じょう」 (嬢) era utilizado como título
para solteiras e foi substituído por 「さん」), sendo que as pessoas mais velhas
ainda o usam. 「おねえちゃん」 (お姉ちゃん), também pode significar “senho-
rita”, mas é muito informal, soando praticamente como "menina". Entretanto, é
comum que os homens mais velhos se dirijam a uma garçonete com 「おねえち
ゃん」. O título e sufixo 「ふじん」 (夫人) costumava ser usado para mulheres
casadas, mas também tem sido substituído por 「さん」, exceto para pessoas
mais velhas. 「おじょうさん」, uma vez que possui 「さん」é aceitável para se
direcionar a uma mulher adulta. 「おねえちゃん」 é aceitável como forma de
tratamento para uma menina (menor de 10 anos).

Aprender a usar títulos corretamente depende do desenvolvimento de uma sen-


sibilidade para o status e como ele é influenciado pelo sexo, idade, emprego, si-
tuação, e assim por diante. Esta sensibilidade é de valor inestimável para lidar
com o povo japonês, desde assentos a negociações comerciais. As pessoas mais
jovens são menos preocupadas com esses detalhes e são suscetíveis a serem ca-
suais, enquanto pessoas mais velhas e pessoas tradicionais vão estar mais preo-
cupadas com isso. Além disso, note que se você se aventurar muito além do pa-
drão 「さん」, 「さま」, 「くん」e 「ちゃん」, correrá o risco de ofender al-
guém usando os sufixos/títulos errados.

NOTAS:

107
1. É muito comum para os japoneses a utilizar a primeira sílaba do nome de al-
guém e combiná-lo com um sufixo. Por exemplo, "Mi-chan" pode ser a forma
abreviada de Miki, Michiko, Miko, Misa, Minato, Mickey, Minnie, etc;

2. Sufixos também podem ser combinados de uma forma mais ou menos lúdica,
como "Chama-" (chan + sama), como em "OBAA-Chama", que é ao mesmo tempo
afetuoso e respeitoso.

A complicação adicional é que em japonês, você deve se referir aos membros da


família de outras pessoas mais educadamente do que se estivesse falando de al-
guém da própria família. Observe alguns exemplos:

NOTA: outra palavra para “esposa” é 「かない」 (家内), mas é considerada po-
liticamente incorreta, porque os Kanjis utilizados são "casa" e "dentro", o que im-
plica que as mulheres fiquem dentro de casa. Amém! (Brincadeirinha)

108
4. NÚMEROS
Há duas maneiras de escrever os números em japonês: em algarismos arábicos
(1, 2, 3), ou em algarismos chineses (一, 二, 三). Os algarismos arábicos são mais
frequentemente usados na escrita horizontal, e os números chineses são mais co-
muns na escrita vertical. Uma das particularidades do sistema numérico japonês
e que pode tornar a conversão difícil, é que, seguindo a tradição chinesa, grandes
números são criados pelo agrupamento de dígitos em miríades (a cada 10.000)
em vez dos milhares ocidentais (1.000), portanto, possuem quatro dígitos. Ob-
serve:

No entanto, graças à forte influência do mundo ocidental e a padronização de


números, quando os números são realmente escritos, a cisão parcial é de três dí-
gitos. Aqui estão os primeiros 10 números:

Com relação à leitura, a maioria dos números tem duas leituras, uma derivada
do chinês, usada para números cardinais, e uma leitura nativa, usada para nú-
meros ordinais, apesar de existirem algumas exceções em que a versão japonesa
é a preferida para ambos.

Finalmente, para melhor entendermos como os números japoneses são formados,


vamos fazer uso do conceito de ordens, ou seja, a divisão que se faz dos números
em unidade, dezena, centena, milhar etc. Assim, temos:

Seguindo a tabela acima, por exemplo, o número 632, seria representado assim:

Ou seja, o número 632 vem da soma (600 + 30 + 2). Perceba como sempre vamos
da ordem maior para a ordem menor.

Vamos a mais um exemplo, agora com o número 2.009. Primeiramente, vejamos


a divisão deste número em ordens:

109
Veja que, se considerarmos a maior ordem que compõe o número em questão,
começaremos pela unidade de milhar, que temos 2, ou seja, 2.000. Depois, a or-
dem seguinte é a centena, que não temos nenhuma, bem como a dezena que tam-
bém não temos. Finalmente, na primeira ordem temos 9 unidades. Sendo assim,
somando-se as ordens, 2.009 é (2.000 + 0 + 0 + 9). Tendo estes conceitos em mente,
será muito fácil você entender a lógica dos números japoneses.

Com o grande número de palavras chinesas adaptadas e integradas à língua ja-


ponesa, vieram os números chineses. As leituras On dos números são as mais
importantes e são usadas principalmente para números cardinais, isto é, que in-
dicam o número ou quantidade dos elementos constituintes de um conjunto. Ve-
jamos as leituras On de 0 a 10:

Nos tempos antigos, os números 4 e 9 costumavam ser renomeados para 「よん


」 e 「きゅう」, porque 「し」 e 「く」 eram homófonos de “morte” [「し」 (
死)] e “agonia” [「く」 (苦)]. Tal prática continua até hoje, exceto para 9 em al-
guns casos. Já o número 7 é renomeado 「なな」 nos números acima de 10 para
que não haja confusão com o som 「いち」.

Você pode contar de 1 a 99 se simplesmente aprender os números até 10. O ja-


ponês é mais fácil neste quesito, porque você não tem que memorizar as palavras
separadas, como "vinte" ou "cinquenta". Para formar números de 1 a 19, lembre-
se do conceito de ordem e que os números são originados das somas entre elas.
Portanto, por exemplo, 11 nada mais é do que (10 unidades + 1) e assim por di-
ante. Sendo assim, temos:

11 = じゅういち (10 「じゅう」 + 1 「いち」)

12 = じゅうに (10 「じゅう」 + 1 「に」)

110
Simples, não é mesmo? Agora, para formar os números de 20 a 90, basta “contar
os dez”. Por exemplo, 20 é “dois dez” (2x10) e assim por diante:

20 = にじゅう (2 「に」 x 10 「じゅう」)

30 = さんじゅう (3 「さん」 x 10 「じゅう」)

E se quiser dizer, por exemplo, 21, basta pensar que este número nada mais é do
que (20 + 1). Assim, temos:

21 = にじゅういち (20 「にじゅう」 + 1 「いち」)

83 = はちじゅうさん (80 「はちじゅう」 + 3 「さん」)

Agora, observe os números maiores de 99:

Para formar números de 100 a 999, basta “contar os cens”. Por exemplo, 200 nada
mais é do que “dois cens” (2 x 100), e assim por diante:

200 = にひゃく (2 「に」 x 100 「ひゃく」)

Para formar os números do meio, basta desmembrar o número tendo em mente


a divisão por ordens e soma-los. Por exemplo, veja como fica o número 283:

283 = にひゃくはちじゅうさん (200 「にひゃく」 + 80 「はちじゅう」 + 3 「さ


ん」)

Em números acima de 100, ocorrem mudanças sonoras em alguns números. Ve-


jamos alguns:

300 = さんびゃく (e não 「さんひゃく」)

600 = ろっぴゃく (e não 「ろくひゃく」)

Para formar números de 1.000 a 9.999, basta contar os milhares. Por exemplo,
2.000 são “dois mil” (2 x 1.000):

2.000 = にせん (2 「に」 x 1.000 「せん」)

Para os demais números, o conceito é o mesmo que vimos para o número 283.
Por exemplo, veja como fica o número 2.283:

111
2.283 = にせんにひゃくはちじゅうさん (2.000 「にせん」 + 200 「にひゃく」 +
80 「はちじゅう」 + 3 「さん」)

A partir de 10.000, entramos no sistema de miríades. Sendo assim, por exemplo,


20.000 é “duas miríades” (2 x 10.000):

20.000 = にまん (2 「に」 x 10.000 「まん」) (e não 「にじゅうせん」).

Para as centenas ou milhares, basta somar às unidades de dez mil:

20.283 = にまんにひゃくはちじゅうさん (20.000 「にまん」 + 200 「にひゃく」


+ 80 「はちじゅう」 + 3 「さん」)

32. 283 = さんまんにぜんにひゃくはちじゅうさん (30.000 「さんまん」 +


2.000 「にせん」 + 200 「にひゃく」 + 80 「はちじゅう」 + 3 「さん」)

No sistema ocidental, após chegar a 1.000, basta multiplicar 1.000 por 1.000 para
saber qual a próxima ordem. Assim, 1.000 (mil) → [1.000 x 1.000] = 1.000.000 (mi-
lhão) → [1.000.000 x 1.000] = 1.000.000.000 (um bilhão), etc. No sistema japonês,
fazemos este cálculo depois de ter passado para 10.000, ou seja, devemos multi-
plicar por 10.000 para saber qual a próxima ordem. Tendo isso em mente, ob-
serve a tabela abaixo:

Para formar números maiores, basta seguir os conceitos que aprendemos até
agora. Veja os exemplos a seguir:

245.000.000 = に お く よ ん せ ん ご ひ ゃ く ま ん (200.000.000 「 に お く 」 +
45.000.000 「よんせんごひゃくまん」). → [4.500 x 10.000 = 45.000.000]

245.352.476 = におくよんせんごひゃくさんじゅうごまんにせんよんひゃくなな
じゅうろく(200.000.000 「におく」 + 45.350.000 「よんせんごひゃくさんじゅ
うごまん」 + 2.000 「にせん」 + 400 「よんひゃく」 + 70 「ななじゅう」 +
6 「ろく」 ). → [4.535 x 10.000 = 45.350.000]

Os números são sempre escritos em Kanji ou números arábicos, porque, como


você pode observar, com o Hiragana podem ficar bastante longos e difíceis de
decifrar:

11 = 十一

112
33 = 三十三

NOTA: se você ainda tiver alguma dificuldade com os números japoneses, acesse
este conversor de números: http://tinyurl.com/6mbkdxz (em inglês).

A língua nativa japonesa possuía seus próprios números antes da influência dos
chineses, porém só tinha meios para a contagem até 99.999. Vejamos os números
nativos:

Os números de 1 a 9 podem ser usados como substantivos através do acréscimo


do sufixo 「つ」, recurso provavelmente originado devido à influência da língua
chinesa que usava o Kanji 「箇」, encontrado nos escritos mais antigos. Alguns
acreditam que este caractere representava originalmente um substantivo refe-
rindo-se a hastes de bambu, e gradualmente teve o seu uso expandido, sendo
transformado em um contador para muitas coisas, tornando-se um contador ge-
nérico, porque era usado frequentemente com substantivos comuns. Atualmente,
os números nativos normalmente são usados com 「つ」.

Em japonês, contar objetos é um pouco mais difícil, porque não podemos usar
somente o número e o objeto a ser contado, como fazemos em português (ex. dois
cachorros). É necessário usar os “contadores” e isso vale para virtualmente todos
os substantivos japoneses.

O que tornará ainda mais difícil é que os contadores variam de objeto para objeto,
então, você terá que memoriza-los. Isso por que no japonês antigo, ao se atribuir
um contador, basicamente se considerou a aparência externa dos objetos, e eles
são contados de acordo com uma ou outra característica.

113
A utilização dos contadores provavelmente começou no Período Nara, devido à
influência chinesa, pois a língua japonesa, assim como a língua chinesa, é defici-
ente em diferenciar singular e plural. Então, começou-se a empregar certos ele-
mentos que, anexados aos objetos a serem contados, expressavam a ideia de que a
unidade de tal objeto era repetida “X vezes”.

Para melhor entendermos este modo de pensar dos japoneses, achamos que será
conveniente usarmos o conceito de substantivo incontável da língua inglesa. Os
falantes de inglês entendem que algumas coisas não podem ser contadas direta-
mente. Os substantivos que se referem a estas coisas são chamados de substanti-
vos incontáveis (uncount nouns). Os substantivos incontáveis não são usados
com números. Por exemplo, “money”não se conta: one money, two moneys. O
que se conta é a moeda: one dollar, two dollars. No caso das comidas e líquidos,
o que se conta é o recipiente: a cup of coffee (um copo de café), a glass of water
(um copo de água), three loaves of bread (três fatias de pão), four bars of choco-
late (quatro barras de chocolate).

Neste sentido, você pode considerar praticamente que todos os substantivos ja-
poneses são incontáveis, necessitando, portanto, de uma unidade que permita a
medição de sua quantidade. Por exemplo, “dois cachorros” em japonês será [「
にひきのいぬ」 (二匹の犬)]. Veja como 「にひき」 passa a ser um atributo do
substantivo 「いぬ」 e uma tradução aproximada poderia ser algo como “Ca-
chorro em (quantidade de) dois animais pequenos”. Seria mais ou menos como
dizer em português “café em dois pacotes (dois pacotes de café).”, onde “pacote”
exerceria a função de um contador, isto é, uma unidade para contar a quantidade
de café.

Acredita-se que há cerca de 150 contadores, mas apenas 30 aproximadamente são


usados com mais frequência. Vejamos alguns dos mais comuns:

Note como novamente temos as mudanças sonoras em alguns casos. Como já


mencionamos anteriormente, elas visam tornar a pronúncia mais fácil e fluente.
Essas mudanças são seguidas com bastante consistência, mas exceções e varia-
ções entre falantes existem.

114
Alguns dos contadores mais comuns podem substituir os menos comuns. Por
exemplo, 「ひき」 é muitas vezes usado para os animais, independentemente de
seu tamanho. No entanto, muitos falantes irão preferir usar o contador correto 「
とう」 quando estiverem falando de animais grandes, como cavalos. Isso gera
uma série de contadores possíveis, com diferentes graus de uso e aceitabilidade.
Por exemplo, quando alguém pede um kushikatsu, é possível que peçam dizendo
「ふたくし」 (二串) – dois espetos –, 「にほん」 (二本) – dois palitos –, ou 「ふ
たつ」 (二つ) – dois itens. Aqui apresentamos uma ordem decrescente de preci-
são.

115
5. VERBOS E ADJETIVOS-I
Um “verbo” é toda palavra que transmite ideia de ação ou estado. Para fins de
ilustração, observe os modos e tempos verbais que a língua portuguesa possui:

Felizmente, na língua japonesa, os verbos são muito regulares, pois, ao contrário


da língua portuguesa, não flexionam de acordo com o sujeito (ufa!!). Também,
os tempos verbais básicos são “não-passado” e “passado”.

<<<O QUE FOI EXPOSTO ACIMA É MUITO IMPORTANTE!!>>>

Para ilustrar essa facilidade da língua japonesa com relação aos verbos, para fins
meramente didáticos e que explicaremos depois, vamos fazer de conta que no
português também seja assim (seria uma maravilha, não é mesmo?), ou seja,
imagine que “na língua portuguesa há só dois tempos verbais básicos e que os
verbos não flexionam de acordo com o sujeito”.

Agora que entramos no mundo do “faz de conta”, imagine que a forma não pas-
sada seja o verbo na forma infinitiva e a forma passada seja a terceira pessoa
do pretérito perfeito. Assim, a nossa conjugação imaginária, tomando como
exemplo o verbo “beber” seria:

116
Como a língua japonesa não possui os tantos modos e tempos verbais que exis-
tem na língua portuguesa, tenha sempre em mente que muitas vezes nos depa-
raremos com ambiguidades. Haverá casos em o que o modo e tempo verbal de
uma construção específica a serem considerados quando traduzida para outro
idioma, se dá pelo uso prático da língua, adquirindo, assim, um sentido próprio.

Antes de iniciarmos o estudo dos verbos em sua classificação moderna, há alguns


princípios muito importantes que você deve fixar:

PRINCÍPIO 1: uma sentença gramaticalmente completa requer um verbo so-


mente (incluindo o estado de ser).

A única coisa que precisará ser feita para tornar a sentença gramaticalmente com-
pleta é um verbo e nada mais! Entender esta propriedade fundamental é essencial
para compreender o japonês. Este é o motivo de mesmo a mais básica sentença
japonesa não poder ser traduzida para o português! Todas as conjugações come-
çarão a partir da forma do dicionário (como elas aparecem no dicionário). Uma
sentença gramaticalmente completa, por exemplo, é 「食べる」 (traduções pos-
síveis incluem: Eu como/ele(a) come/eles(as) comem).

PRINCÍPIO 2: com exceção dos irregulares, todo verbo é composto por duas par-
tes: uma invariável e outra variável, que é aquela que sofrerá alterações nas con-
jugações.

É muito fácil fazermos um comparativo deste conceito com os verbos da língua


portuguesa, pois funcionam da mesma forma. Por exemplo, o verbo regular “can-
tar” possui seu radical “CANT-” que é a parte invariável e o sufixo “-AR”, do
qual surgirão todas as terminações quando flexionado. Vejamos sua conjugação
no presente do indicativo:

· Eu canto

· Tu cantas

· Ele canta

· Nós cantamos

· Vós cantais

117
· Eles cantam

Veja que a parte CANT- permanece inalterada em todas as flexões que o verbo
sofre, e o que muda é tão somente o que se segue depois dele, isto é, a terminação.

Na língua japonesa, as diferentes flexões que um verbo pode ter são denomina-
das “BASES” e há tão somente seis bases de conjugação. Aprendê-las é um passo
fundamental para o domínio das classes de palavras que são flexionadas no
japonês, embora infelizmente costumam ser deixadas de lado nos cursos conven-
cionais. Nós vamos nos referir a essas bases por seus nomes em japonês. Observe:

1. Mizenkei: é a base que, salvo exceções que veremos mais adiante, é utilizada
para formas verbais que expressam fatos que ainda não ocorreram;

2. Ren'youkei: é a base utilizada para conectar elementos variáveis, isto é, verbos


(auxiliares) e adjetivos;

3. Shuushikei: é o verbo na forma infinitiva. Este tipo de conjugação também é


chamado de "forma básica / forma de dicionário". Sendo assim, quando você
quiser procurar por um verbo no dicionário, deve procurá-lo nesta forma, pois
as outras bases não aparecem no dicionário. Tem esse nome porque era a forma
utilizada no Japonês Clássico para encerrar as sentenças;

4. Rentaikei: é a base utilizada para conectar elementos invariáveis, como subs-


tantivos e partículas;

5. Kateikei: é a base usada com partículas que dão noção de algo hipotético, como
em “se isso acontecer...”. No Japonês Clássico e especialmente no Antigo, era uti-
lizada como uma base para ações concluídas, fato que ainda deve ser conside-
rado em algumas construções arcaicas específicas;

6. Meireikei: é a base usada como forma de comando.

As bases variam de acordo com o grupo ao qual o verbo pertence. Atualmente,


os verbos podem ser classificados em três grupos, que chamaremos simples-
mente de Grupo I, Grupo II, Grupo III e Irregulares. Vejamos:

A. Grupo I: a terminação da base “passa” por quase todas as vogais. Vamos pe-
gar como exemplo o verbo “falar”, que em japonês é 「はなす」:

118
Veja como as terminações (em vermelho) passam por quase todas as vogais na
ordem japonesa, isto é, “A -I -U -E – O”, diferentemente do português, em que se
segue o padrão de vogais “A – E – I – O – U”.

Os verbos do Grupo I podem ter nove terminações infinitivas. São elas: 「う」,
「く」, 「す」, 「つ」, 「ぬ」, 「む」, 「る」, 「ぐ」 e 「ぶ」. Vejamos um
quadro com exemplos:

Agora, baseados nas possíveis terminações, vejamos como ficam as bases de con-
jugação (considerando-se somente a terminação da forma infinitiva e suas mu-
danças):

B. Grupo II: são os verbos cuja parte invariável termina com a letra I e a parte
variável, RU. Vejamos alguns exemplos:

119
Agora, vejamos o padrão de bases deste grupo, tomando como exemplo o verbo
「おちる」(落ちる), que significa “cair”:

C. Grupo III: são os verbos cuja parte invariável termina com a letra E e a parte
variável, RU. Vejamos alguns exemplos:

Vejamos o padrão de bases deste grupo, tomando como exemplo o verbo 「た


べる」(食べる), que significa “comer”:

Um ponto muito importante é que há verbos do Grupo I que possuem a termi-


nação “~I+RU” e “~E+RU”. Vejamos alguns exemplos:

120
ENTÃO, COMO SABER A QUAL GRUPO PERTENCE UM VERBO NESSES
CASOS?

Para diferenciar precisamos considerar fatos históricos, que neste livro não ire-
mos abordar. Entretanto, como regra geral (existem exceções!), um verbo do
Grupo II ou do Grupo III terá a sílaba I ou E escrita em Kana. Veja alguns exem-
plos:

1) 「走る」 é lido 「走」(はし) る. Veja que o fonema 「し」 está “dentro” do


Kanji, não sendo escrito em Hiragana. É verbo do Grupo I;

2) 「漲る」 é lido 「漲」(みなぎ) る. O fonema 「ぎ」 também está “dentro” do


Kanji. É verbo do Grupo I;

3) 「投げる」 é lido 「投」(な) げる. O fonema 「げ」 é escrito em Hiragana. É


verbo do Grupo III.

D. Irregulares: os verbos irregulares são assim chamados, porque suas bases não
seguem o padrão das outras classes verbais. Felizmente, há apenas dois verbos
irregulares na língua japonesa. São os verbos 「する」, que basicamente signi-
fica “fazer(-se)” e 「くる」(来る), cujo significado é “vir”. Vejamos as respectivas
bases:

Com relação ao verbo 「する」 mencionamos que ele basicamente significa “fa-
zer(-se)”, porque, na verdade, ele possui diversos significados (o Jisho.org
aponta pelo menos 10!!). Dentre eles estão “agir como”, “vestir” e “considerar”.
Qual significado considerar depende da construção e do contexto.

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Conhecidas as classes de verbos, vamos agora nos focar em algumas particulari-
dades dos verbos na língua japonesa. A primeira delas é que alguns verbos pos-
suem mais de uma forma de escrita possível. Como exemplo, consultemos no
site “Tangorin” o verbo 「あう」 (会う):

Veja que além de 「会う」, o referido verbo possui mais três formas de escrita
possíveis. No caso do Tangorin, as mais comuns são marcadas com uma estrela.
É importante ter isso em mente, pois diferentes escritas de um mesmo verbo po-
dem aparecer em diferentes níveis do JLPT ou mesmo acrescentarem algo ao
significado. Por exemplo, a escrita 「逢う」 do verbo 「あう」 pode dar a ele
uma conotação dramática, sendo usada frequentemente para pessoas próximas.

Como já mencionamos a Base Meireikei é usada como forma de comando. Por


isso vamos (re)ver como ela é formada:

I. Verbos do Grupo I: a base Meireikei se trata da coluna do E, considerando-se


a terminação do verbo:

Veja alguns exemplos:

飲め! = Beba!

書け!= Escreva!

II. Verbos dos Grupos II e III: é formada anexando-se 「ろ」 ou 「よ」 à parte
invariável do verbo:

見ろ!= Veja!

食べよ! = Coma!

A Base Meireikei com 「よ」 é a original e o uso de 「ろ」 é um recurso do


Leste do Japão (japonês padrão). O uso com 「ろ」 é o mais comum, e a utiliza-
ção de 「よ」 pode dar uma sensação nostálgica.

III. Formas de comando irregulares: ao se tratar da forma de comando, há três


verbos que merecem atenção. São os verbos 「する」, 「くる」 e 「くれる」:

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A Base Ren'youkei de um verbo pode funcionar como um substantivo. Na ver-
dade, em casos muito raros, ela acaba sendo usada mais frequentemente do que
o verbo em si. Por exemplo, temos o verbo 「休む」(やすむ), que significa
“descansar”. Se pegarmos sua base Ren’youkei, isto é, 「休み」, teremos o subs-
tantivo “descanso”.

Vale lembrar que você não poderá usar este processo em todos os verbos (no
sentido de obter um significado de substantivo relacionado ao verbo). Também,
existem muitas combinações de verbos (Base Ren’youkei + Base Ren’youkei) que
são utilizadas principalmente como substantivos. Vejamos alguns exemplos:

➩ 読み書き: leitura e escrita (「読む」 + 「書く」);

➩ 買い上げ: compra (「買う」 + 「上げる」);

➩ 受け付け: recepção (de hotel, etc.) (「受ける」 + 「付ける」).

Ocasionalmente em substantivos formados a partir desse processo (simples e


compostos) o okurigana é retirado na forma substantiva:

➩ 「話」 (はなし), proveniente do verbo 「話す」 (はなす) – “falar” – e que sig-


nifica “história”, “fala”;

➩ 「係」(かかり), proveniente do verbo 「係る」 (かかる) – “concernir”, “en-


volver” – e que significa “oficial”, “pessoa encarregada de algo”.

➩ 「受付」 (うけつけ) – forma simplificada.

Outro modo comum de se obter substantivos de verbos é anexar 「物」 (もの),


substantivo genérico que significa “coisa (tangível)”, à base Ren’youkei do verbo.
Provavelmente, o exemplo mais conhecido desta formação seja 「着物」 (きもの
), que significa literalmente “coisa que se veste”, originado do verbo 「着る」 (
きる) = vestir e 「物」 (もの) = coisa. Aqui vão mais alguns exemplos:

➩ 「食べ物 」(たべもの): comida (proveniente do verbo 「食べる」 (たべる) =


comer);

➩ 「生き物」 (いきもの): ser vivo; criatura (proveniente do verbo 「生きる」 (


いきる) = viver);

➩ 「買い物」 (かいもの): compra (proveniente do verbo 「買う」 (かう) = com-


prar);

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➩ 「詰め物」 (つめもの): enchimento, recheio, incluindo a obturação de um
dente cariado (proveniente do verbo 「詰める」 (つめる) = comprimir);

Infelizmente, não se pode anexar 「もの」 a qualquer verbo. Portanto, verifique


o dicionário antes de usá-lo.

NOTA: não confunda 「物」 (もの) = coisa com 「者」 (もの) = pessoa, usado
para se referir a si mesmo ou a pessoas próximas.

Algumas formas substantivas de verbos podem ser usadas como sufixos. Por
exemplo, 「付き」, proveniente do verbo 「付く」, que significa “estar anexado
a”, pode ser colocado em um substantivo [X] para expressar que algo está ane-
xado a [X]. Sendo assim, 「カメラつき... 」, significa, em uma tradução menos
literal, “[algum equipamento, dispositivo] que contenha uma câmera”, como um
smartphone (smartphone com câmera).

Outra particularidade dos verbos japoneses é que há alguns verbos (que chama-
remos de “suplementar”) que podem ser anexados a outros para ampliar seu
significado. Por exemplo, o verbo 「だす」(出す), que significa “tirar”, ao ser
anexado a outro verbo (no caso, à base Ren’youkei), transmite o significado de
“começar a...” (「食べだす」= começar a comer).

Talvez a questão mais complexa dos verbos japoneses seja a TRANSITIVI-


DADE. Numa rápida definição, verbos transitivos são verbos que precisam de
um objeto direto para que tenham sentido completo, enquanto os verbos in-
transitivos carregam um sentido completo por si mesmos, dispensando o ob-
jeto direto. Sendo assim, como regra geral, a partícula 「を」(mais detalhes no
tópico 6) não deve ser usada com verbos intransitivos.

A transitividade é um atributo do verbo em si e essa informação é dada por


bons dicionários. Veja um exemplo:

Então, se você se deparar com uma oração, cujo verbo está sem o objeto direto,
não significa necessariamente que ele seja intransitivo; ele pode ser transitivo,
sendo o objeto direto apenas desnecessário para o contexto.

Embora haja verbos que por natureza sejam transitivos, como 「教える」(おし
える), que significa “ensinar”, e outros que sejam intransitivos, como 「死ぬ」(
しぬ), que significa “morrer”, há alguns verbos que possuem duas formas dife-
rentes quanto à transitividade. Por exemplo, veja a dupla a seguir. Ambos os
verbos significam “abrir”:

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➩ 開ける 【あける】= Verbo transitivo;

➩ 開く 【あく】 = Verbo intransitivo.

A diferença é que um pode ter um objeto direto, enquanto outro, não. Sendo as-
sim, pode-se dizer que um verbo transitivo implica que alguém executa a ação,
ao passo que um verbo intransitivo implica que a ação ocorre sozinha. Veja os
exemplos com a dupla de verbos “abrir”:

ドアを開ける。= Abrir a porta (implica que alguém executa a ação de “abrir a


porta”).

ドアが開く。= A porta abre (e abre por si mesma).

Verbos que possuem duas formas quanto à transitividade, tecnicamente têm o


mesmo significado do ponto de vista japonês, mesmo que sejam traduzidos
para outras línguas de forma diferente.

Alguns verbos intransitivos japoneses podem ter um objeto para que seus sen-
tidos sejam indicados de forma completa – pelo menos, a palavra equivalente
será considerada um objeto (direto ou indireto) do verbo quando a frase é tradu-
zida (corretamente) para o português. Nestes casos, a partícula 「に」 exerce a
função de marcador do objeto de um verbo intransitivo japonês. Observe o exem-
plo:

試験に受かる。 = Passar no exame. (“no exame” = objeto indireto)

Também, esses verbos que possuem duas formas quanto à transitividade nor-
malmente compartilham o mesmo ideograma, sendo que a diferença está na ter-
minação escrita em Hiragana. Observe o quadro com mais alguns exemplos des-
ses pares de verbos:

Por fim, tratemos dos Adjetivos-I. Você deve estar se perguntando o motivo de
abordá-los juntamente com os verbos. A resposta é simples: é por que eles fun-
cionam de forma semelhante aos verbos!!

125
Como assim? Para que você entenda usemos a língua portuguesa: você concorda
que, por exemplo, se quiséssemos expressar a grandeza (tamanho) de uma casa
poderíamos dizer tanto (1) “casa grande” ou (2) “casa que é grande”? A diferença
aqui é tão somente a presença de um verbo entre o substantivo e o adjetivo
“grande” em um dos casos.

Agora imagine se em português só existisse a forma (2) de atribuir qualidades a


um substantivo (“substantivo” que é...). Se assim fosse, seria possível conjugar
o verbo “ser”, não é mesmo? No nosso exemplo, poderíamos expressar “casa que
ERA grande”, “casa que SERÁ grande” e assim por diante.

Em japonês TODOS os Adjetivos-I possuem como que o verbo “ser” implícito


(e por isso são conjugados!). Isso os livros convencionais não contam!!

Sendo assim, por exemplo, embora o Adjetivo-I 「おもしろい」(面白い) seja tra-


duzido comumente como “interessante”, o correto seria atribuir a ele o signifi-
cado “SER interessante”. Assim,

面白い雑誌。= Revista que é interessante. (tradução convencional: Revista inte-


ressante).

Assim como os verbos, os Adjetivos-I possuem uma parte invariável e uma parte
variável, que tão somente a terminação 「い」. A única diferença é que original-
mente cada Adjetivo-I possui dois conjuntos de bases.

Para melhor explicar isso, teremos que fazer uma abordagem histórica, inevita-
velmente.

No Japonês Clássico, os Adjetivos-I eram divididos em dois grupos (Shiku e Ku),


de acordo com a flexão de suas bases Ren’youkei do conjunto く (lembre-se que
eles possuem dois conjuntos de bases). Vejamos essas duas categorias com suas
respectivas bases:

I. Tipo SHIKU (usando como exemplo 「楽し」):

II. Tipo KU (usando como exemplo 「高し」):

126
Em dado momento da História, houve perda de diferenciação entre as bases
Shuushikei e Rentaikei e também mudanças sonoras. Foquemo-nos nas bases
Rentaikei do conjunto く de ambos os tipos de Adjetivo-I usados como exemplos,
isto é, 「楽し」 e 「高し」:

Concluímos que houve uma mudança sonora no último fonema 「き」 da base
Rentaikei do conjunto く em ambos os casos, fato este que deu origem às formas
modernas dos Adjetivos-I. Sendo assim, os que eram do tipo Shiku atualmente
terminam em 「~しい」 e os que eram do tipo Ku, em 「~い」.

Veja que se usa a base Rentaikei dos Adjetivos-I para se atribuir algo à outra
coisa. Consequentemente, por lógica é natural pensar que é possível usar verbos,
já que eles também possuem base Rentaikei. Considere a seguinte oração em
português:

“A PESSOA QUE MORRE.”

A oração acima pode não fazer muito sentido, mas o importante aqui é que você
perceba que o fragmento “que morre.” descreve o tipo de pessoa da qual estamos
falando. Em japonês, podemos construir esse tipo de oração usando a base Ren-
taikei dos verbos, a fim de fazer com que eles modifiquem diretamente outro
termo:

死ぬ。= Morrer. → 死ぬ人。= Pessoa que morre.

E isso vale para qualquer forma verbal, que aliás, nós veremos mais adiante.

Mencionamos que podemos usar a base Ren’youkei de um verbo para trans-


formá-lo em substantivo (ou pelo menos para que se porte como tal). Isso tam-
bém seria válido para os Adjetivos-I?

Observe o quadro abaixo:

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Alguns podem imaginar que esse procedimento “transforme” todos Adjetivos-I
em substantivo. Bom, poderíamos dizer que sim tecnicamente, mas na prática
não é o caso. Em outras palavras, nem todos se tornarão substantivos autônomos
“utilizáveis”, pois tal recurso não é comum e é aplicado apenas a alguns casos.

128
6. PARTÍCULAS
Embora haja muitos pontos gramaticais difíceis que um estudante deve dominar,
as partículas merecem uma atenção especial. Partículas são um ou mais caracte-
res do alfabeto Hiragana que são anexados sempre ao final de uma palavra basi-
camente para definir a função gramatical desta palavra dentro da sentença.
Uma pessoa pode ter um grande conhecimento de vocabulário e de conjugação
verbal, mas se não souber utilizar corretamente as partículas, ela não conseguirá
construir sentenças como espera, porque o significado da oração pode ter um
sentido completamente diferente. Por exemplo, a sentença “Come peixe.” pode
transformar-se em “O peixe come”, por causa da mudança de uma partícula, ape-
nas.

Note que sublinhamos o “basicamente” no parágrafo anterior, porque é claro que


as partículas não se limitam a mostrar a função sintática de um elemento dentro
da oração, podendo até desempenhar a função de uma “palavra” (por exemplo,
funcionar como um advérbio) dependendo do contexto. Estima-se que haja cerca
de 200 usos relacionados às partículas, aqui incluindo usos e diferentes tipos de
partícula que, para fins meramente didáticos dividiremos em três grupos:

A. Partícula Simples: são as partículas de “per si”, isto é, sem nenhum comple-
mento.

B. Partícula Dupla: é quando duas partículas simples são usadas em conjunto;

C. Partícula Composta: é um elemento formado por pelo menos uma partícula


simples em conjunto com outros termos que, quando traduzido para o portu-
guês, tem geralmente sentido de uma só palavra (uma preposição, em muitos
casos). Pode ser formada por “Partícula Simples + verbo” e “Substantivo + Par-
tícula Simples”.

Como já mencionamos, a Base Rentaikei é utilizada para conectar elementos in-


variáveis, como substantivos e partículas. Contudo, no Japonês Moderno parece
haver a “regra prática” de anexar partículas somente a substantivos ou a elemen-
tos que se comportem como substantivos. Há exceções como a partícula 「と」
e 「か」.

Feita essa rápida introdução sobre as partículas, vamos comer a estudar as mais
básicas. A primeira partícula que aprenderemos é a “partícula de objeto direto”,
porque é uma partícula bem simples. Em gramática, “objeto” se refere à coisa
física ou abstrata para a qual se dirige a ação descrita por um verbo. Considere-
mos a sentença em português:

COMER A MAÇÃ.

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Nesta oração, a ação expressa pelo verbo “comer” é direcionada a um objeto, isto
é, a “maçã”. Repare como este elemento serve como complemento do significado
do verbo.

Vamos fazer uma associação: imagine que temos uma caixa e uma bola; a bola
representa o verbo e a sua embalagem (caixa) – para onde se direciona esta bola
–, o objeto. Assim temos:

Na língua portuguesa, em linhas gerais, um objeto pode ser indireto, quando o


verbo necessita de uma preposição (Ir a + o teatro) ou direto, quando nenhuma
preposição é necessária entre o verbo e seu objeto (Comer _ + a maçã). Usemos
estes conceitos para nos ajudar a entender a partícula 「を」, que é anexada ao
final de uma palavra para indicar que esta é o objeto direto do verbo. Este carac-
tere não é utilizado, em princípio, em nenhum outro lugar. É por isso que o Ka-
takana equivalente 「ヲ」 raramente é usado, uma vez que as partículas são
sempre escritas em Hiragana. O caractere 「を」, embora tecnicamente seja pro-
nunciado / uo /, soa / o / na conversação. A seguir veja um exemplo da partícula
de objeto direto em ação:

日本語を教える。= Ensinar japonês.

Veja que no exemplo, a ação “ensinar” recai sobre o substantivo “japonês”. De


início, você pode pensar na pergunta “O QUE [verbo]?”. Por exemplo, em 「日
本語を教える」, “O QUE ensinar?” A resposta será “japonês”.

Quando se usa 「する」 com um substantivo, a partícula 「を」 é opcional e o


conjunto [substantivo + する] pode ser tratado como se fosse um verbo:

メールアドレスを登録する。= Registrar o endereço de e-mail.

Vimos que a base Ren’youkei dos verbos pode ser usada como um substantivo
regular. Contudo, observe a frase a seguir:

飲みをする。= Beber (?)

130
Embora, a sentença faça sentido, ninguém fala desse jeito. Portanto, não use este
recurso de modo indiscriminado.

O próximo uso é mais uma característica de certos verbos do que da partícula


em si. 「を」 pode ser usada para indicar o objeto indireto (isso mesmo!!) de
certos verbos que, em português, são intransitivos. Assim:

町を歩く。= Caminhar pela cidade.

高速道路を走る。= Correr pela autoestrada.

道を行く。= Ir pelo caminho.

Perceba que mesmo em português poderíamos chegar a esse sentido. Por exem-
plo, se traduzíssemos 「道を行く」 ao pé da letra, isto é, “ir o caminho”, isso
pode dar a entender que se vai por todo o caminho.

Bem, a maioria dos verbos tem um objeto direto, mas esta ação posta em prática
(verbo + objeto direto) pode ter também um destinatário. Considere a associação
que fizemos no tópico anterior, na qual a bola representa um verbo e a caixa, o
objeto direto. Agora, temos um pacote que pode ter um destinatário ou não. Bem,
se levarmos em conta que queremos dá-lo de presente a alguém, é aqui que a
partícula 「に」 entra em ação, pois ela pode especificar o destino desse pacote,
isto é, de uma ação (verbo + objeto direto). Como forma de memorização, neste
uso de 「に」, você pode considerar que está implícito o sentido de “ter como
alvo [algo]”. Para exemplificar, observe o próximo exemplo:

生徒に日本語を教える。= Ensinar japonês ao aluno. (Ensinar japonês tendo


como alvo o aluno)

Neste exemplo, indica-se que o aluno é o alvo da ação “ensinar japonês”. Enfati-
zamos a uma ação como sendo o verbo e seu objeto direto, mas é claro que pode-
mos omitir o objeto, se ele estiver subentendido pelo contexto:

生徒に教える。= Ensinar (japonês) ao aluno.

Por causa dessa função, a partícula 「に」 é comumente chamada de “partícula


de objeto indireto”, ainda que essa nomenclatura possa causar confusão, se con-
siderarmos alguns de seus empregos. Por hora, vejamo-la em ação marcando o
elemento que, para nós, seria o objeto indireto:

131
日本に行く。= Ir ao Japão. (ir tendo como alvo o Japão)

家に帰る。= Voltar à casa. (Voltar tendo como alvo a casa)

部屋にくる。= Vir ao quarto. (Vir tendo como alvo o quarto)

彼女をデートに誘う。= Chamar ela para um encontro (Chamar ela tendo como


alvo o encontro).

Outra função da partícula 「に」 é marcar o objeto (direto ou indireto) de um


verbo intransitivo. Isso parece estranho já que em português os verbos intransi-
tivos não necessitam de objeto, mas por enquanto, observe o próximo exemplo:

私に見える。= Ser visto por mim. (objeto indireto)

友達に会う。= Encontrar o amigo. (objeto direto)

Falando especificamente da segunda oração, se pensássemos em português pri-


meiro, certamente construiríamos 「友達を会う」. Entretanto, perceba que, di-
ferentemente do português, em que “encontrar” requer um objeto direto, em ja-
ponês, isso não acontece, pois 「会う」 é um verbo intransitivo e, por isso, a par-
tícula 「に」 é usada. Vamos consultar o “Jisho.org” para confirmar:

Outro exemplo em que vemos essa diferença entre os idiomas é 「彼にキスする


。」 (Beijá-lo). Explicaremos isso mais detalhadamente quando tratarmos sobre
a transitividade dos verbos.

Vimos que a partícula 「に」 marca o destino de uma ação. Entretanto, ela pode
também aparecer fazendo o inverso, isto é, marcando a origem de algo:

先生に日本語を覚える。= Aprender japonês do professor.

Nesta oração expressamos que “o professor” é a fonte do ensinamento de japo-


nês. Todavia, essa função que denota origem de algo, é comumente exercida pela
partícula 「から」:

先生から日本語を覚える。= Aprender japonês do professor.

アメリカから来る。 = Vir da América.

A partícula 「から」 é frequentemente colocada juntamente com 「まで」, que


significa "até":

132
宿題を今日から明日までする。= Fazer lição de casa de hoje até amanhã.

Uma partícula semelhante a 「に」 é 「へ」. Primeiramente um detalhe: 「へ


」 é normalmente pronunciado /he/, mas quando está sendo usado como par-
tícula, é sempre pronunciado como /e/ (え). A diferença principal entre as
partículas 「に」 e 「へ」 é que a partícula 「に」 vai a um objetivo que é o ob-
jetivo final que se deseja alcançar, seja físico ou abstrato. Por outro lado, a partí-
cula 「へ」 é usada pra expressar o fato de que alguém está indo em direção ao
objetivo. Como resultado, é usada apenas em verbos de movimento direcionais.
Ela também não garante se o objetivo apontado é o destino final, mas apenas que
alguém está indo naquela direção. Em outras palavras, a partícula 「に」 foca o
destino final, enquanto a partícula 「へ」 é muito vaga e não deixa claro aonde
se deseja chegar como objetivo final. Por exemplo, se decidirmos trocar 「に
」 por 「へ」 nos primeiros exemplos do tópico anterior, o sentido muda sutil-
mente:

日本へ行く。= Ir em direção ao Japão.

家へ帰る。= Voltar em direção a casa.

部屋へくる。= Vir em direção ao quarto.

Note que não podemos usar a partícula 「へ」 com verbos que não têm direção
física. Por exemplo, a sentença seguinte está incorreta:

「医者へなる。」 é a versão gramaticalmente incorreta de 「医者になる。」

Mas isso não quer dizer que a partícula 「へ」 não possa ir em direção a algum
conceito abstrato. De fato, por causa de seu significado vago, pode ser usada tam-
bém para se falar sobre ir em direção a expectativas ou metas futuras.

勝ちへ向かう。= Ir em direção à vitória.

Finalmente, vimos no tópico anterior que é possível usar a base Ren’youkei dos
verbos como alvo de um verbo de movimento por meio da partícula 「に」. Isso
implica que você está indo ou vindo com o propósito de fazer algo. Se usássemos
a partícula 「へ」 isso soaria que você está indo ou vindo em direção a algo lite-
ralmente, o que é meio estranho:

遊びへ来る。= Vir (em direção) a brincar.

Muito bem, até aqui tudo muito simples, não é mesmo? Entretanto, você reparou
o quanto as frases de exemplo estão ambíguas? Lembre-se que quando tratamos
dos verbos, para ilustrar a escassez de tempos e modos verbais na língua japo-
nesa, pedimos para você fazer de conta que no português também fosse assim
(seria uma maravilha, não é mesmo?), ou seja, imaginasse que “na língua

133
portuguesa há só dois tempos verbais básicos e que os verbos não flexionam de
acordo com o sujeito”. E propusemos o seguinte quadro:

Agora, pense e responda:

“Se na língua portuguesa, os verbos fossem conjugados dessa maneira, como


saberíamos de quem se está falando, se todas as flexões são iguais, não impor-
tando o sujeito?”

Bem, a primeira resposta que deve ter vindo a sua mente é “com base no sujeito”,
ou seja, se estivesse escrito “Os cachorros beber água”, é de cachorros que esta-
mos falando.

Veja como numa língua em que os verbos não são flexionados de acordo com o
sujeito, o sujeito é de extrema importância para saber do que se está falando.
Talvez por isso, por exemplo, é que na língua inglesa formal toda oração deve ter
um sujeito explícito, PORÉM, em japonês é diferente: mesmo os verbos não fle-
xionando de acordo com o sujeito, não é obrigatório ter um sujeito explicito.
Pode-se dizer tão somente “Beber o suco” e tudo está certo. Entretanto, como
saberíamos do que estão falando, já que isso soa muito vago? É aqui que entra
uma segunda resposta possível...

Bem, na língua japonesa existem várias maneiras e todas elas envolvem fazer su-
posições a partir do contexto. Por exemplo, se de repente eu perguntasse a você:

EU: ジュースを飲む?

Você suporia que estou perguntando se VOCÊ beberá o suco, porque não estou
falando de outra pessoa. Então, você poderia responder:

VOCÊ: ジュースを飲む。

Com isso, eu iria supor que você está falando DE SI MESMO, porque eu acabei
de lhe fazer uma pergunta e agora sei que você beberá o suco. Da mesma forma,
se por acaso estivéssemos falando de Midori quando eu lhe fiz a pergunta, você
provavelmente pensaria que eu estivesse perguntando se MIDORI beberá o
suco, porque é dela que nós estávamos falando.

134
Se tomarmos uma língua como o japonês, na qual o assunto é tão fortemente ba-
seado no contexto, precisamos ser capazes de identificar algumas coisas. En-
quanto fazer suposições a partir do contexto funcionaria no caso de perguntas e
respostas simples, algo mais complicado, em breve se tornaria uma bagunça, já
que todo mundo começaria a perder a noção de quem ou do que estão falando.
Portanto, temos de ser capazes de dizer ao ouvinte quando queremos mudar o
assunto atual, alertando-o mais ou menos assim: "Ei, eu vou falar sobre isso
agora. Portanto, não suponha que eu ainda esteja falando sobre a coisa an-
tiga”. Isto é especialmente importante quando se inicia uma nova conversa e você
precisa dizer ao ouvinte do que você está falando. Isto é o que a partícula 「は」
faz; introduz um tópico diferente do atual, delimitando o restante da sentença a
este novo tópico. Por essa razão, é também referida como a "partícula de tópico".
Você pode pensar que 「は」 tem o sentido de “falando de (assunto)”.

Vamos retomar o exemplo inicial no qual eu quis perguntar se você beberá o


suco. O diálogo seria assim:

EU: ジュースを飲む? = VOCÊ beberá o suco?

VOCÊ: ジュースを飲む。= EU beberei o suco.

Agora, e se eu quisesse perguntar se Midori beberá o suco? Neste caso, eu preciso


usar a partícula 「は」 para indicar que eu estou falando sobre “Midori”, por-
que do contrário, você assumiria que eu estou falando de você.

EU: みどりはジュースを飲む? = MIDORI beberá o suco? (Falando de “Mi-


dori”, ela beberá o suco?)

VOCÊ: ジュースを飲む。= MIDORI beberá o suco.

Observe como, uma vez que eu que eu estabeleci “Midori” como o novo tópico,
a conversa está limitada a ela e, por isso, podemos continuar a assumir que esta-
mos falando sobre “Midori” até que alguém altere o tópico novamente.

A noção de delimitação da sentença é muito importante. Suponhamos que você


costuma ir a uma festa que aconteça todos os sábados à noite. Em determinada
semana, ao final da festa, chega ao anfitrião e diz:

今晩はパーティーを楽しむ。= Está noite aprecio a festa.

Você correrá o risco de fazê-lo pensar “puxa, e as outras, você não apreciou?”, já
que a sentença está limitada a “esta noite”. Perceba que até em português isso
soaria ambíguo.

Mas infelizmente as coisas não são tão simples assim. Existe a partícula 「が」,
que é extremamente confundida com a partícula 「は」. Existem muitos artigos
(e até livros inteiros!) que buscam apontar as diferenças entre essas duas

135
partículas e esse assunto parece não ter fim. Contudo, vamos tentar clarificar as
coisas. Primeiramente, dê uma olhada nos exemplos abaixo:

A) みどりは学生。= Midori é estudante.

B) みどりが学生。= Midori é estudante.

Devido à falta de contexto, bem tecnicamente, a tradução mais próxima para am-
bas as sentenças pode ser “Midori é estudante”. Porém, elas parecem iguais, so-
mente, por que não é possível expressar em português a informação, o contexto
tão claramente como é possível algumas vezes em japonês. A lição mais impor-
tante aqui é ter em mente a diferença entre falar sobre algo e especificar algo. Na
afirmação (A), uma vez que 「みどり」 é o assunto da frase, a sentença significa:
"Falando sobre ‘Midori’, Midori é uma estudante". Já na sentença (B), 「みどり
」 está especificando quem é o “estudante” 「学生」. Se quisermos saber quem
é o “estudante”, a partícula 「が」 nos informa: o estudante é “Midori” 「みど
り」.

Imagine a oração em português “Falando de praia, a água está imprópria para


banho”, no qual podemos dizer que “praia” é o tópico. O que será dito a seguir
está girando em torno de “praia”, mas não necessariamente precisamos falar es-
pecificamente de “praia” (no exemplo, seguimos o tópico “praia” afirmando que
a “água” que está imprópria para banho). Sendo assim, se em português preci-
sássemos usar a partícula de tópico, ficaria assim:

Praia は, a água está imprópria para banho.

Veja como o tópico nos dá uma amplitude maior, pois, de novo, não necessaria-
mente precisamos falar dele especificamente, mas podemos estender nossa afir-
mação a algo relacionado a ele ou mesmo subentendido pelo contexto. Por outro
lado, a partícula 「が」 é muito limitadora, específica, restrita ao elemento que
ela segue. Por essa razão, se tivéssemos Praia が, o que fosse dito a seguir se apli-
caria ao elemento “praia” especificamente (e somente a ele). Poderíamos afir-
mar, por exemplo, que a praia é bonita, a praia está cheia, etc. e só. Nada de afir-
mar outra coisa que não seja especificamente se referindo ao elemento “praia”
(como seria possível com a partícula 「は」, com a qual falamos sobre “praia”,
mas afirmamos algo sobre “água”).

Poderíamos representar a diferença da seguinte forma:

136
Vamos ver os exemplos a seguir referentes às aplicações da partícula 「は」:

(1) ひろしは来る。= Falando de Hiroshi, ele (Hiroshi) virá (afirmação se refe-


rindo ao próprio Hiroshi).

(2) ひろしは妹が来る。= Falando de Hiroshi, a irmã mais nova (dele) virá (afir-
mação se referindo a algo dentro do universo de Hiroshi).

(3) ひろしは明日。= Falando de Hiroshi, o exame será amanhã (afirmação se re-


ferindo a algo subentendido pelo contexto, ou seja, “o exame” de Hiroshi).

O exemplo (3) mostra quão genérico o assunto de uma oração pode realmente
ser. Este pode estar se referindo a qualquer ação ou objeto de qualquer lugar,
incluindo até mesmo outras sentenças. Por exemplo, na última frase da conversa
acima, mesmo que o assunto da sentença seja sobre quando Hiroshi fará o exame,
a palavra "exame" não aparece em nenhum lugar na frase.

Agora, vejamos um exemplo de aplicação da partícula 「が」:

ひろしが来る。= Hiroshi (é quem) virá (“Hiroshi” identifica, especifica quem


virá).

Nos livros convencionais se costuma indicar que 「は」 é usado para se introdu-
zir coisas conhecidas à conversa ao passo que 「が」 é usado para coisas desco-
nhecidas. Tal diferenciação é simplista, mas tem sentido se considerarmos tudo
que vimos até aqui neste tópico. Perceba que 「は」 carrega certa ambiguidade
sem um contexto subentendido na cabeça de quem recebe a informação. Pode-
ríamos ilustrar desta forma:

137
Por exemplo, suponhamos que queremos introduzir um novo personagem – Mi-
dori – em uma história:

A) 学生はみどり。

B) 学生がみどり。

Veja que 「が」 é recomendável nesta situação, porque definitivamente se está


afirmando que “A estudante é Midori”. Com 「は」 tal conclusão não fica clara,
se o ouvinte já não tiver informações a respeito. Sem um prévio conhecimento
sobre o tópico “estudante”, o falante pode interpretar, por exemplo, que o estu-
dante gosta de Midori ou que Midori fez algo ao estudante. Aliás, como o tópico
se refere a informações que já estão, de algum modo, na consciência do ouvinte,
com palavras interrogativas (tópico 10) não é recomendável usar 「は」, afinal
a própria natureza das palavras interrogativas é que elas se referem a informa-
ções desconhecidas. Se soubéssemos, não faríamos a pergunta, certo?

As partículas 「は」 e 「が」 são diferentes se você pensar da forma correta. A


partícula 「が」 identifica uma propriedade específica de algo, enquanto a par-
tícula 「は」 é usada somente para trazer um novo assunto à conversa (conside-
rando o contexto). Esta é a razão de, em orações longas, ser comum separar o
assunto com vírgulas para remover qualquer ambiguidade sobre a qual parte da
oração o assunto se refere.

Até aqui aprendemos a indicar o objeto direto, tópico, objeto indireto... mas e
para indicar, por exemplo, o local onde algo ocorre?

A partícula 「で」 nos permitirá especificar o “contexto” (modo, local...) no


qual a ação é efetuada. Por exemplo, se uma pessoa comeu peixe, onde ela co-
meu? Se uma pessoa foi à escola, foi por meio de quê? Com o que você vai comer
a sopa? Todas estas questões podem ser respondidas com a partícula 「で」.
Aqui estão alguns exemplos.

138
映画館で見る。= Ver no cinema.

バスで帰る。= Retornar de ônibus.

船で川を渡る。= Atravessar o rio de barco.

Muitos podem confundir as partículas 「で」 e 「に」 quando se trata de loca-


lização, pois 「に」 também pode ser usada para tal finalidade. Nosso conselho
é que você encare essa questão como a relação entre um verbo e a necessidade
(ou não) de um termo essencial (no caso, um local) para completar seu sentido,
bem como os diferentes significados que um mesmo verbo pode ter de acordo
com essa necessidade (ou não) de um lugar como complemento. Isso tudo con-
siderando as coisas do ponto de vista japonês, isto é, mesmo que o verbo em
questão seja traduzido sempre com o mesmo significado para outras línguas.

Numa comparação bem rasa, seria algo como REGÊNCIA VERBAL que temos
na língua portuguesa. Apesar disso, não deixe de considerar que podem existir
exceções. E é claro que quando tratamos de comunicação entre pessoas não de-
vemos deixar de considerar também o uso prático da língua.

Como você já deve imaginar, os verbos podem exigir complementos ou não para
que a ideia seja transmitida de forma completa. Por exemplo, o verbo “comer”
pede como complemento um objeto direto, que vai responder à pergunta comer
“O QUE?”.

Como a questão aqui é a localidade, podemos, então, raciocinar assim:

A localidade é algo exigido pelo verbo em si como seu complemento (a locali-


zação é inerente ao significado do verbo) ou é um termo acessório (apenas uma
informação adicional)?

Assim, se é essencial, usa-se 「に」 e se é acessório, usa-se 「で」. Com isso te-
ríamos:

[X]---に---VERBO = [X] é inerente ao significado do verbo

[X]---で---VERBO = [X] é apenas uma informação adicional

Observe as orações abaixo:

講演にいる。 = Estar no parque.

レストランで食べる。= Comer no restaurante.

NOTA: Ainda que os japoneses possam entender, por exemplo, 「レストランに


食べる」 como “comer no restaurante”, está incorreto, pois o verbo 「食べる」

139
não exige um lugar como complemento. Neste caso, um lugar é termo acessório,
então, deve ser marcado com 「で」.

Em cursos convencionais, costuma-se ensinar como “regra” geral (considere as


aspas) que se deve usar 「に」 para indicar o local de verbos de estado (existir,
morar, etc.), enquanto 「で」, para verbos que expressam ação (comer, dormir,
falar, etc.). Porém, há verbos como 「働く」, que tem sua localização indicada
por 「で」 e o verbo 「務める」, que tem sua localização indicada por 「に」.
Aliás, ao tratarmos esse assunto como uma questão de REGÊNCIA DO VERBO,
somos levados a estudar os verbos individualmente, isto é, cada verbo tem uma
exigência diferente, então, é incorreto classifica-los em grupos neste quesito.

Também, um mesmo verbo pode ter diversos sentidos e com isso pode exigir
complementos ou não dependendo de como for usado. Isso poderia ser compa-
rado ao que temos em português como, por exemplo, o verbo “aspirar”. Se o
complementamos com um objeto direto, tem sentido de inspirar, inalar, cheirar,
absorver, sugar e sorver. Entretanto, se o complementamos com um objeto indi-
reto, tem sentido de desejar muito alguma coisa. Observe:

(1) Aspirar O perfume (o perfume é objeto direto, então, significa “cheirar” o per-
fume).

(2) Aspirar AO sucesso (o sucesso é objeto indireto, então, significa “desejar” o


sucesso).

Assim, podemos nos deparar com a seguinte situação:

[X]---に---VERBO 1 = “VERBO 1” com determinado significado

[X]---で---VERBO 1 = “VERBO 1” (mesmo verbo) com outro significado

Por essa razão, ao se deparar, por exemplo, com 「ソファに寝た」 e 「ソファで


寝た」, você deve se perguntar:

I. Que tipo de complemento o verbo em questão exige?

II. O verbo em questão possui diversos significados?

III. O verbo em questão exige um lugar como complemento em algum de seus


significados?

IV. O verbo em questão não exige um lugar como complemento e também não
possui outros significados que exijam tal complemento. Porém, deparo-me com
exemplos nos quais o lugar é indicado ora por 「に」, ora por 「で」. Estou di-
ante de um erro?

140
O verbo 「寝る」 significa “dormir”, mas também pode ser usado de modo que
exija um lugar como complemento. Neste caso, isto é, 「[LOCAL]に寝る」,
deve-se considerar o significado “deitar EM”. Perceba que enfatizamos a prepo-
sição “em” na tradução para que se perceba com mais facilidade a necessidade
de um complemento de lugar para o verbo. Sendo assim, temos:

(1) ソファに寝た。= (O gato) deitou no sofá.

(2) ソファで寝た。= (O gato) dormiu no sofá.

Outro exemplo é o verbo 「忘れる」 que, além de “esquecer”, tem outros signi-
ficados e em algum deles é exigido um lugar como complemento. Neste caso,
significa “deixar (sem querer, sem perceber) EM”. Considerando isso, veja os
exemplos a seguir:

(1) 駅に財布を忘れた。= Deixou (sem querer, sem perceber) a carteira na esta-


ção.

(2) 駅で財布を忘れた。= Esqueceu a carteira na estação.

O verbo 「うえる」(植える), que significa “plantar”, também exige um lugar


como complemento. Observe os exemplos a seguir:

(1) 公園にバラを植える。= Plantar a rosa no parque.

(2) 公園でバラを植える。= Plantar a rosa no parque.

Levando em consideração a regência do verbo “plantar”, quem planta, planta


algo EM ALGUM LUGAR. Sendo assim, na oração (1), “parque” é complemento
do verbo, é o lugar no qual a rosa é plantada de fato (no solo do parque). Já em
(2) isso não fica claro, pois “parque” não é complemento do verbo; é apenas uma
informação adicional. Para ficar claro, poderíamos ter, por exemplo:

(3) 公園で花瓶にバラを植える。= No parque, plantar a rosa no vaso.

Na oração (3), sabemos que a rosa é plantada de fato no vaso, tendo como lugar
dessa ação o parque.

O verbo 「泊まる」 também exige um lugar como complemento. Assim, do


ponto de vista japonês, 「ホテルで泊まった」 e 「ホテルに泊まった」 não sig-
nificam exatamente a mesma coisa. Considerando a regência do verbo em ques-
tão, 「ホテルに」 é termo essencial de 「泊まった」, ao passo que 「ホテルで」
é apenas um termo acessório. Portanto, de forma parecida à situação anterior,
com 「ホテルに」 se indica que se hospedou de fato no hotel, ao passo que com
「ホテルで」 isso não fica claro. Pode ser que, por exemplo, a pessoa não tinha

141
dinheiro para pagar um quarto, mas foi permitido que armasse uma barraca do
lado de fora, mas ainda nas dependências do hotel.

Além disso, sempre leve em consideração a pergunta IV, mesmo diante de algo
vindo de um nativo, pois, de forma geral, nativos costumam ter apenas conhe-
cimento prático da sua língua, o que nem sempre reflete o correto gramatical-
mente. Por falar nisso, vamos analisar novamente dois exemplos já citados:

(1) 公園でバラを植える。= Plantar a rosa no parque.

(2) ホテルで泊まった。 = Hospedou no hotel.

Alguns, considerando a regência do verbo, poderão levantar a questão: “Se os


verbos 「うえる」 (植える) e 「とまる」 (泊まる) exigem um lugar como com-
plemento, então, os exemplos citados com 「で」 estariam incompletos?”

Respondemos que tecnicamente SIM! Por isso, literalmente os exemplos citados


deveriam ser traduzidos assim:

(1) 公園でバラを植える。= No parque, plantar a rosa EM.

(2) ホテルで泊まった。 = No hotel, hospedou EM.

Fica estranho mesmo, pois falta uma informação. Entretanto, digamos que de
maneira geral, os japoneses entenderiam essas orações como traduzidas anteri-
ormente, isto é, “Plantar a rosa no parque” e “Hospedou no hotel”, ainda que
incompletas e, por isso, ambíguas. Quantas vezes falamos ou escrevemos de
forma incorreta em português no nosso dia a dia, mas mesmo assim nos enten-
demos, não é mesmo? Há erros que se tornam tão comuns e acabam não sendo
percebidos pela maioria dos falantes.

Ainda, a regência do verbo nos leva a considerar, além do(s) significado(s) do


verbo, as suas sutilezas. Por exemplo, algumas fontes apontam que o verbo 「と
まる」 (泊まる) significa hospedar em algum lugar que seja possível se hospe-
dar. Sendo assim, a oração seguinte soa estranha:

(1) サンパウロに泊まった。= Hospedou em (na cidade de) São Paulo.

A cidade de São Paulo não é um lugar voltado em si para hospedagens. Por isso,
não é aconselhável usar esse tipo de termo como complemento para o verbo em
questão. Porém, em São Paulo, existem lugares em que é possível se hospedar
(hotel, casa de amigos, etc.). Assim, poderíamos reescrever o exemplo desta
forma:

(2) サンパウロでホテルに泊まった。= (Na cidade de) São Paulo, hospedou em


um hotel.

142
Os conceitos abordados até aqui sobre a “regência verbal na língua japonesa” se
estendem a outras partículas que podem também indicar um complemento do
verbo. É o caso da partícula 「と」. Nesses casos, o contexto nos ajudará a saber
qual uso da partícula em questão considerar. Por exemplo, o verbo 「なる」
significa “tornar-se” quando acompanhado da partícula 「に」 e pode significar
“fazer-se igual a, tomar a posição de” quando acompanhado por 「と」.

Infelizmente não encontramos nenhum material que trate de regência verbal na


língua japonesa de forma satisfatória. Portanto, é algo que precisaremos aprender
como a maioria das pessoas aprende: pela vivência no idioma.

Também, é importante frisar que o foco aqui foi tão somente a indicação de lugar
por 「で」 e 「に」. Por isso, não consideramos outros usos possíveis dessas
duas partículas. Por exemplo, em expressões de tempo, 「で」tem sentido de
“dentro de”. Observe:

1週間で終わる。= Terminar em (=dentro, período de) uma semana.

Pelo menos em alguns casos, a diferença que existe entre 「に」 e 「で」 parece
ser mais questão de preferências que se tornaram populares e aceitas nos dife-
rentes usos do que de regras gramaticais propriamente ditas. Isso nos remete ao
assunto “colocação”, que trataremos no tópico 14. Por exemplo, quando lugares
são citados sem que sejam acompanhados por verbos, ao que parece, a prefe-
rência é usar 「に」:

ブラジルに。。。= No Brasil...

A partícula 「に」 também é usada para indicar uma localização indeterminada:

向こうに。。。 虹!= Para além... um arco-íris!

Note que “para além” é bem indeterminado, entretanto, como se trata de uma
localização, 「に」 é usada.

Também, há expressões que parecem ter se consagrado apenas com uma ou outra
partícula. Por exemplo, ao pesquisarmos a expressão “na / à noite”, encontramos
somente a forma 「夜に」 e não「夜で」.

Objeto direto, tópico, objeto indireto, local, modo... ainda podemos ampliar nosso
poder de comunicação com mais partículas simples. Vamos apresentar agora a
partícula 「も」, que essencialmente tem o sentido de adição (atribui-se o signi-
ficado “também”). Seu uso será melhor explicado nos exemplos abaixo:

MAKOTO: みどりは学生?= Você (Midori) é estudante?

MIDORI: うん、ひろしも学生。= Sim, e Hiroshi também é estudante.

143
Repare que ao incluir a partícula 「も」, Midori precisa ser coerente na resposta.
Não faria muito sentido ela dizer "Eu sou uma estudante, e Hiroshi também não
é um estudante." Em vez disto, Midori poderá usar a partícula 「は」 para remo-
ver o sentido adicional da inclusão, como demonstra o próximo exemplo.

NOTA: A partícula 「も」 não é usada em conjunto com 「は」, 「が」 e 「を


」, mas sim os substitui.

Já que estamos tratando de adição, vamos nos focar nas partículas 「と」 e「や
」. Basicamente, a partícula 「と」 é semelhante à 「も」 na medida em que
contém um significado de inclusão. Ela pode combinar dois ou mais substanti-
vos juntos para significar "e":

ナイフとフォークでステーキを食べる。= Comer bife por meio de garfo e faca.

本と雑誌と葉書を買う。= Comprar livro, revista e cartão postal.

「と」 também indica que uma ação que foi feita em conjunto com alguém ou
alguma outra coisa:

友達と話す。= Conversar com o amigo.

先生と会う。= Encontrar com professor.

Outro uso comum de 「と」 é apontar elementos a serem comparados:

世界は昔とは違う。= O mundo (atual), comparado com tempos antigos, é dife-


rente.

Neste exemplo o termo “tempos antigos” 「昔」 está sendo posto em compara-
ção com algo (neste caso, subentende-se “o mundo atual”). A partícula 「は」
aqui está apenas enfatizando.

A partícula 「や」, assim como 「と」, é usada para listar um ou mais substan-
tivos, com a diferença que ela é muito mais vaga. Isso implica que pode haver
outras coisas que não estão listadas e que nem todos os itens da lista podem ser
aplicados. Em português, você pode pensar nisso como uma lista do tipo "e / ou,
etc.":

飲み物やカップやナプキンは、買う? = Falando de (coisas como) bebida, copo,


ou guardanapo, etc., (você) vai comprar?

靴やシャツを買う。= Comprar (coisas como) sapatos e camisa, etc.

Podemos expressar alternativas por meio de partículas também. Neste caso, a


partícula 「か」 pode ser usada:

144
靴かシャツを買う。= Comprar sapatos ou camisa.

先生かあなたが行く。= O professor ou você irá.

Por fim, neste tópico básico sobre partículas, convém mencionar que existem as
partículas de final de sentença. Sua função básica é indicar a atmosfera da ora-
ção, isto é, seu tom (dúvida, emoção, alegria, certeza...). Além disso, algumas par-
tículas também distinguem o discurso masculino do feminino.

Primeiramente, vejamos a partícula 「か」, que indica incerteza:

今日は雨が降るか 。= (Será que) vai chover hoje?

Ressaltamos que a oração acima, tecnicamente, não é uma pergunta em si. É uma
afirmação com ar de dúvida. O contexto é que indicará como devemos interpre-
tar esse tipo de oração.

A partícula 「の」 anexada ao final da última sentença de uma frase também


pode transmitir um tom explicativo para sua sentença. Por exemplo, se alguém
lhe perguntasse se você tem tempo disponível para fazer algo, você poderia res-
ponder: "O fato é que eu estou ocupado agora." A expressão abstrata e genérica
que dá o tom explicativo (neste caso, “o fato é que”) também pode ser expressa
com 「の」. Este tipo de frase tem um significado embutido que explica o mo-
tivo(s) para outra coisa:

今は忙しいの。= (O fato é que) estou ocupado agora.

Isto soa muito suave e feminino. Na verdade, os homens adultos quase sempre
adicionarão um declarativo (veremos no próximo tópico). No entanto, esse
mesmo 「の」 em questões não carrega um tom feminino e é usado tanto por
homens e mulheres:

今は忙しいの?= (O fato é que) (você) está ocupado agora?

As pessoas costumam acrescentar 「ね」 ao fim de sua sentença quando estão


procurando (e esperando) acordo para o que estão dizendo. Seria como dizer em
português, “não é?”, “correto?”:

おもしろい映画ね。= Filme interessante, não é?

Quando 「よ」 é anexado ao final da sentença, indica moderada ênfase e tam-


bém pode expressar convicção. É especialmente útil quando o falante oferece
uma nova informação:

おもしろい映画よ。 = Filme interessante!

145
Depois de 「よ」 e 「ね」, as partículas 「さ」 e 「な」 são as mais comu-
mente usadas ao final de uma sentença. 「さ」 é basicamente uma forma muito
casual de 「よ」, e algumas pessoas a colocam no final de quase todas as frases
simples. Claro que isso não significa que seja necessariamente uma forma muito
sofisticada de expressão, mas não podemos negar que isso é um hábito fácil de
adquirir. Nesse sentido, devido ao seu uso em excesso, 「さ」 quase perdeu
qualquer significado específico. Você pode ouvir uma conversa como a seguinte:

おもしろい映画さ。 = Filme interessante.

Você pode usar 「な」 no lugar de 「ね」 quando achar que 「ね」 soará
muito suave e reservado para algo que você dizer ou para o público a quem você
está falando. O som áspero de 「な」 geralmente se aplica ao sexo masculino,
mas não é necessariamente restrito aos homens:

ひろしは馬鹿な = Hiroshi é bobo.

A partícula 「な」 é usada frequentemente em conjunto com a partícula 「か


」 para indicar que o falante não tem certeza de algo:

今日は雨が降るかな? = (Será que) vai chover hoje?

146
7. FORMAS VERBAIS
Antes de iniciarmos o estudo das formas verbais propriamente dito, algo que de-
vemos ter sempre em mente é que com o passar do tempo, o linguajar cotidiano
tende a mudar a pronúncia das palavras, sendo ele, portanto, uma das maiores
influências nas mudanças que ocorrem na escrita. Dificilmente se escreve como
se fala, pois cronologicamente a linguagem caminhou (e ainda caminha) da fala,
para escrita, não o inverso.

Apenas para ilustrar, observe a evolução da palavra “você” em português:

Os usuários de uma língua – os falantes nativos – tendem a pronunciar as pala-


vras da forma mais fácil e para isso retiram ou acrescentam sons com o passar
do tempo. Foi assim que o latim “legenda” se transformou no português "lenda"
e “spiritu” passou a "espírito".

Feita essa observação importante, comecemos abordando a partícula 「て」que


é muito importante, sendo uma das terminações mais usadas na língua japo-
nesa. É tão importante que é chamada de “Forma TE”. Veja a regra para obtê-la:

FORMA PASSADA (REGRA BÁSICA)

1. Regra para os Verbos: {Base Ren’youkei} + {Partícula 「て」};

2. Regra para os Adjetivos-I: {Base Ren’youkei do conjunto 「く」} + {Partícula


「て」}.

A seguir, vejamos a regra sendo aplicada:

147
Chamamos a regra apresentada de básica, porque ao longo do tempo na língua
coloquial do japonês padrão, mudanças sonoras (fenômeno chamado
tecnicamente de “Onbin”; em Português, “Eufonia”) foram padronizadas para
os verbos do Grupo I na forma TE e derivados, exceto para os terminados em 「
す 」 . Podemos dividir essas alterações em quatro grupos considerando-se a
terminação da base Ren’youkei + TE. Obeserve:

A exceção à regra de contração apresentada fica por conta do verbo 「行く」,


que em vez de ser contraído 「行いて」, torna-se simplesmente 「行って」. Isso
faz a pronúncia mais fácil. Também, 「行(い)く」 pode ser 「行(ゆ)く」 e ambos
são usados há muito tempo. A forma 「行(ゆ)いて」 costumava ser usada,
mas 「行(い)って」 tem a preferência atualmente. Finalmente, 「行(ゆ)く」
pode dar uma sensação mais literária e é a leitura de escolha em poesias.

Para expressar a forma passada, usamos o verbo auxiliar 「た」. Como ele é de-
rivado da partícula 「て」, segue o mesmo padrão, tanto na regra básica, quanto
nas contrações sonoras para os verbos do Grupo I:

FORMA PASSADA (REGRA BÁSICA)

1. Regra para os Verbos: {Base Ren’youkei} + {Auxiliar de passado 「た」};

2. Regra para os Adjetivos-I: {Base Ren’youkei do conjunto 「かり」} + {Auxi-


liar de passado 「た」}.

148
Observe a regra sendo aplicada:

Vejamos os mesmos verbos do Grupo I do quadro anterior com o verbo


auxiliar 「た」 e as contrações sonoras:

Observe alguns exemplos de verbos com o auxiliar 「 た 」 , mostrando a


mudança da forma não-passada para o passado:

魚を食べる。= Comer o peixe. → 魚を食べた。= Comeu o peixe.

ジュースを飲む。= Beber o suco. → ジュースを飲んだ。= Bebeu o suco.

雑誌が面白い。= A revista é interessante → 雑誌が面白かった。= A revista era


interessante.

Bom, e como fica a forma negativa? Usamos o verbo auxiliar 「ない」, que é
flexionado como um Adjetivo-I. Por hora, vejamos a regra de construção da
forma negativa não-passada dos verbos:

FORMA NEGATIVA NÃO-PASSADA

1. Regra para os Verbos: {Base Mizenkei} + {「ない」};

2. Regra para os Adjetivos-I: {Ren’youkei do conjunto 「く」} + {「ない」}.

149
Observe o quadro com os exemplos:

Vejamos alguns exemplos mostrando a transformação da forma infinitiva para a


negativa:

魚を食べる。= Comer o peixe. → 魚を食べない。= Não comer o peixe.

りんごが美味しい。= A maçã é o que é saboroso. → りんごが美味しくない。=


A maçã é o que não é saboroso.

No Japonês Clássico, o verbo auxiliar 「ず」 era anexado à base Mizenkei de ver-
bos para expressar negação. Ele tinha três conjuntos de bases (vamos nos referir
a eles pela base Ren’youkei):

No japonês moderno, os auxiliares clássicos 「ぬ」 (e sua forma abreviada 「ん


」) e 「ず」 ainda podem ser usados no lugar de 「ない」. Contudo, atente-se
ao fato de que não podemos fazer uso deles em orações destinadas a modificar
outras. Observe alguns exemplos:

魚を食べる。= Comer o peixe. → 魚を食べず。= Não comer peixe.

魚を食べる。= Comer o peixe. → 魚を食べぬ。= Não comer peixe.

ジュースを飲む。= Beber o suco. → ジュースを飲まん。= Não beber suco

Com relação ao verbo 「する」, quando usarmos esses auxiliares clássicos deve-
mos usar a base Mizenkei clássica 「せ」 e não 「し」:

150
日本語を勉強する。= Estudar japonês → 日本語を勉強せず。= Não estudar ja-
ponês.

日本語を勉強する。= Estudar japonês → 日本語を勉強せぬ。= Não estudar ja-


ponês.

メールアドレスを登録する。= Registrar o endereço de e-mail. → メールアドレ


スを登録せん。= Não registrar o endereço de e-mail.

NOTA: Atualmente, o auxiliar 「ず」 costuma ser usado somente em orações


subordinadas (mais detalhes em tópicos posteriores).

E se quiséssemos expressar a forma negativa no passado? Você deve estar su-


pondo que basta colocar o verbo no passado e depois acrescentamos 「ない」 –
algo como 「 食 べ た な い 」 . NÃO! Devemos colocar o auxiliar 「 な い 」 na
forma passada e não o verbo. Vejamos a regra (considere que há mudanças sono-
ras):

FORMA NEGATIVA PASSADA

1. Regra para os Verbos: {Base Mizenkei} + {Base Ren’youkei de「ない」 (do


conjunto 「かり」)} + {Auxiliar de passado 「た」};

2. Regra para os Adjetivos-I: {Base Ren’youkei do conjunto 「く」} + {Base


Ren’youkei de「ない」 (do conjunto 「かり」)} + {Auxiliar de passado 「た」}.

Observe o quadro de exemplos:

Observe a transformação da forma negativa não-passada para a negativa passada


nos exemplos a seguir:

魚を食べない。= Não comer o peixe. → 魚を食べなかった。= Não comeu o


peixe.

É possível também construir a Forma TE negativa, mas perceba que a regra de


formação é um pouco diferente da que vimos para a forma passada negativa:

151
FORMA TE NEGATIVA

1. Regra para os Verbos: {Base Mizenkei} + {Base Ren’youkei de「ない」 (do


conjunto 「く」)} + {Partícula 「て」};

2. Regra para os Adjetivos-I: {Base Ren’youkei do conjunto 「く」} + {Base


Ren’youkei de「ない」 (do conjunto 「く」)} + {Partícula 「て」}.

Observe o quadro de exemplos:

Novamente, vejamos algumas orações de exemplo, considerando o uso básico da


partícula TE, isto, partícula conjuntiva:

魚を食べる。= Comer peixe. → 魚を食べなくて。= Não comer peixe.

ジュースを飲む。= Beber o suco. → ジュースを飲まなくて。= Não beber o suco.

日本に行く。= Ir ao Japão. → 日本に行かなくて。= Não ir ao Japão.

日本語を勉強する。= estudar japonês → 日本語を勉強しなくて。= Não estudar


japonês.

バスで来る。= Vir de ônibus. → バスで来(こ)なくて。= Não ir de ônibus.

Existe outra forma verbal que não é explicada satisfatoriamente pelos livros con-
vencionais. Nós a chamaremos de “Forma MU”, contudo para compreendê-la
novamente teremos que fazer uma abordagem histórica.

No Japonês Clássico, havia um grupo de verbos auxiliares que eram anexados a


uma ação ou estado para indicar, de modo geral que tais fenômenos podiam ser
algo suposto ou pretendido. Dentre estes sufixos flexionáveis de conjectura 「む
」 era o usado com mais frequência. Vejamos suas bases:

152
O verbo auxiliar 「む」 era anexado à base Mizenkei dos verbos. Sendo assim,
por exemplo, 「話さむ」, podia significar (considere “ele” como sujeito):

a) Ele provavelmente fala (possibilidade no presente);

a) Ele provavelmente falará (possibilidade no futuro);

c) Ele falará (intenção);

d) Fale (ou vamos falar, etc.) (incitamento).

Poderíamos dizer que 「む」 é ainda largamente usado no japonês moderno, po-
rém sob “nova aparência”. Isso por que, devido a mudanças sonoras, 「む」 tor-
nou-se apenas 「う」. Veja como exemplo, o verbo 「なる」:

O auxiliar 「む」 costumava ser pronunciado tanto 「む」, 「ん」 ou 「う」 e


sua evolução se deu nesta ordem. Agora, tomando 「なる」 como exemplo, va-
mos nos atentar à última forma, ou seja, 「ならう」. Devido a evolução da pro-
núncia, o fragmento 「らう」 era pronunciado 「ろう」, fato que deu origem à
forma atual 「なろう」, quando houve o alinhamento da escrita com a pronún-
cia moderna. Esta forma é normalmente chamada de “forma volitiva”, entre-
tanto, em nossa opinião, esta nomenclatura é muito restritiva, haja vista que ela
não se restringe a expressar somente intenção, embora atualmente haja outras
maneiras de expressar conjetura. Vejamos alguns exemplos:

ATENTE-SE aos verbos do Grupo I terminados em 「う」. Considerando-se que


esses verbos em sua forma clássica terminavam em 「ふ」, a Forma Mu tornava-
se 「 ~ はう」 . Devido a mudanças sonoras, tornou-se então, 「~ほう」 e,

153
posteriormente, o fragmento 「~ほう」 passou a ser pronunciado 「~おう」.
Então, a evolução da forma MU do verbo clássico 「かなふ」, por exemplo, seria:

かなふ → かなはむ → はなはう → はなほう → はなおう (Forma MU atual)

Na maior parte das vezes, a Forma Mu expressa incitamento. Vejamos alguns


exemplos práticos:

空高くかかげよう。 = Salte para o mais alto do céu. (expressando incitamento).

果てない闇から飛び出そう。= Saltemos das trevas sem fim. (expressando inci-


tamento).

Com relação aos verbos dos Grupos II e III, temos o final 「よう」 anexado à
Base Mizenkei. Vejamos:

Na verdade, o que temos aqui é uma alteração advinda da evolução da pronún-


cia. Sendo assim, por exemplo, 「食べう」 passou a ser pronunciado 「食びょう
」, que no japonês moderno se transformou em 「食べよう」. O mesmo vale
para verbos do Grupo II, onde 「落ちう」 passou para 「落ちゅう」 e posteri-
ormente, 「落ちよう」.

NOTA: muito cuidado para não confundir a terminação 「よう」 da Forma MU


dos verbos dos Grupos II e III com terminação da base Meireikei 「よ」 desta
mesma classe de verbos.

Com relação ao verbo irregular 「する」, sua Forma MU é 「しよう」, e com


relação a 「来る」 a Forma MU é obtida através do acréscimo de 「よう」, à
base Mizenkei 「こ」:

電話しよう。= Façamos um telefonema.

もっと早く来よう。= Vamos vir mais cedo.

NOTA: O auxiliar de passado 「た」 é originalmente uma contração de 「てあ


る」 e, por isso, possuía Bases. A Base Mizenkei contraída, isto é, 「たら」 é uma
das sobreviventes. Sendo assim, 「た」 possui uma Forma MU, ainda que rara-
mente usada. Trata-se de 「たろう」.

154
Com relação aos Adjetivos-I, era possível construir a Forma MU. A única ressalva
a se fazer é que 「む」 era anexado à base Mizenkei do conjunto Kari. De resto,
tudo era igual aos verbos:

Com relação à forma negativa, no japonês atual devemos anexar 「まい」 à base
Shuushikei:

Pode-se dizer que a regra apresentada acima é a clássica. Contudo, um idioma


muda constantemente e a anexação de 「まい」 à parte invariável, no caso dos
verbos dos Grupos II e III, tornou-se a preferencial. Sendo assim, podemos ter
「食べまい」 e 「落ちまい」. Adicionalmente, para os verbos irregulares 「す
る」 e 「くる」, além das formas 「するまい」 e 「くるまい」, pode-se usar 「
しまい」, 「すまい」 e 「せまい」 para 「する」, e 「こまい」 para 「くる」.

Com relação aos adjetivos, simplesmente substitua a forma negativa de 「ある」


por sua forma MU negativa, isto é, 「あるまい」:

(A) Adjetivo-NA: 静かじゃない → 静かじゃあるまい

(B) Adjetivo-I: おいしくない → おいしく(は)あるまい

Supondo que você já tenha assimilado tudo o que foi explicado neste tópico, se-
guem dois quadros-resumo das formas que vimos:

155
156
8. MAIS SOBRE OS VERBOS
Uma das principais funções da Forma TE é conectar orações. Observe o quadro
abaixo:

Este é o uso básico da partícula 「 て 」 . Nestes casos, o tempo verbal de


construção é determinado pelo último verbo. Também, quando usados dessa
forma, os verbos, em princípio, referem-se à mesma coisa. Portanto, o primeiro
exemplo poderia ser traduzido assim:

魚を食べてジュースを飲む。= (EU) como o peixe e (EU) bebo o suco.

Embora não seja tão comum, é possível ter duas orações diferentes conectadas
através da forma TE se referindo a coisas distintas. Neste caso, costuma-se usar
a partícula de tópico 「は」:

ひろしは魚を食べて、みどりはジュースを飲む。= HIROSHI come o peixe e


MIDORI bebe o suco.

Esta prática de usar a partícula 「て」 para conectar orações, no entanto, é utili-
zada apenas na linguagem cotidiana. Discursos formais, narração e publicações
escritas empregam a base Ren’youkei em vez da forma TE para descrever ações
sequenciais. Particularmente, artigos de jornal (ou mesmo cantores), por questões
de brevidade, preferem a base Ren’youkei à forma TE:

魚を食べジュースを飲む。= Comer o peixe e beber o suco.

NOTA: como a partícula 「て」 é muito versátil, pode transmitir significados di-
versos de acordo com o contexto (pelo menos na tradução para o português).

Algo muito comum no japonês falado é terminar uma oração com o verbo na
forma TE. Veja o exemplo abaixo:

ごめん、魚を食べて。= Desculpe por comer o peixe.

Na verdade, os elementos da oração estão invertidos. Na fala muitas vezes as


pessoas tendem a dizer aquilo que mais importante primeiro, (me desculpe) e
depois o resto (por comer o peixe), independentemente das regras gramaticais.
A versão correta da oração acima é 「魚を食べてごめん」.

157
Também, dependendo do contexto, a forma TE no final de uma oração pode in-
dicar uma oração incompleta, muitas vezes transmitindo um ar reticente por
parte do falante, isto é, uma hesitação em dizer expressamente o seu pensamento,
em dar um parecer etc. Tal recurso é muito comum em canções:

魚を食べて。= Comer o peixe (e...) (oração incompleta e reticente).

「あげる」 e 「くれる」 significam “dar” e o uso desses dois verbos pode con-
fundir alguns estudantes iniciantes. Para apontarmos a diferença, observe a ilus-
tração a seguir:

Ao observarmos o desenho, percebemos que, se partimos do ponto de vista do


falante, toda a ação de dar a outros vai para cima em direção ao resto do mundo,
enquanto toda ação de dar feita pelos outros vai para baixo em direção ao falante.
Você deve usar 「あげる」 quando VOCÊ estiver dando algo ou fazendo algo
para alguém (a pessoa sempre estará acima de você). Observe os exemplos:

私が友達にプレゼントをあげた。= Eu dei o presente a um amigo.

これは先生にあげる。= Darei isto à professora.

Para expressar a concessão de um favor (verbo) seu, você deve usar sempre 「あ
げる」 como verbo suplementar anexado à Forma TE:

車を買ってあげる。= Vou dar-lhe o favor de comprar um carro.

代わりに行ってあげる。= Vou dar-lhe o favor de ir em seu lugar.

Você deve usar 「くれる」 quando UM TERCEIRO está dando algo ou fazendo
algo a você (efetivamente, o oposto de 「あげる」). Observe os exemplos:

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友達が私にプレゼントをくれた。= O amigo deu presente a mim.

これは、先生がくれた。= O professor me deu isto.

Para expressar a concessão de um favor (verbo) de um terceiro, você deve usar


sempre 「くれる」 como verbo suplementar anexado à Forma TE:

車を買ってくれるの?= Você vai me dar o favor de comprar um carro para mim?

代わりに行ってくれる?= Você vai me dar o favor de ir no meu lugar?

Relembrando, a Base Rentaikei é utilizada para conectar elementos invariáveis.


Já vimos também que na verdade se usa a base Rentaikei dos Adjetivos-I para
se atribuir algo à outra coisa. Consequentemente, por lógica, é natural pensar
que é possível usar verbos, já que eles também possuem base Rentaikei. Con-
sidere a seguinte oração em português:

“A PESSOA QUE MORRE.”

A oração acima pode não fazer muito sentido, mas o importante aqui é que você
perceba que o fragmento “que morre.” descreve o tipo de pessoa da qual estamos
falando. Em japonês, podemos construir esse tipo de oração usando a base Ren-
taikei dos verbos, a fim de fazer com que eles modifiquem diretamente outro
termo:

死ぬ。= Morrer. → 死ぬ人。= Pessoa que morre.

De fato, a Base Rentaikei é muito versátil. Tecnicamente, podemos conectar a ela


qualquer partícula ou substantivo e isso nos possibilita expressar muitas coisas.
Por exemplo, podemos conectar o substantivo 「 と き 」 ( 時 ), que significa
“tempo”, a uma oração a fim de indicar o que acontece no “tempo” em que a
oração é executada. Veja:

テレビを見るときに寿司を食べる。= Quando (eu) assisto TV, como sushi.

Aqui se torna oportuno mencionar um detalhe importante. Para tanto, observe a


oração a seguir em português:

“ASSIM QUE MEU PAI RETORNAR, ABRIREI A GARRAFA”.

Perguntamos: qual a mensagem que se deseja passar com essa oração? Em outras
palavras, que vou esperar meu pai retornar para, só depois que ele tiver retor-
nado, abrir a garrafa, não é mesmo? Assim, temos:

159
O conceito pode ser difícil de ser entendido em um primeiro momento, porém,
mesmo que o verbo não esteja no passado em português, em japonês, se usarmos
「とき」, o verbo precisará estar no passado:

私は父が返ったとき瓶を開ける。= Assim que meu pai retornar (a ação for con-


cluída – tiver retornado), abrirei a garrafa.

Aqui é um dos casos que ilustra a importância de se pensar a língua japonesa


do ponto de vista japonês. Caso contrário, acabaremos “falando português com
palavras japonesas”. Ou seja, pensar orações em português e apenas trocar as
palavras, desconsiderando-se aspectos culturais e próprios do idioma.

O segundo substantivo que que usaremos como exemplo é 「あと」, que pode-
mos traduzir como “traseira”. Ele pode ser usado quando queremos expressar
que uma ação ocorre ou deverá ocorrer após o término de outra ação. Devido a
este sentido, a ação que está a frente deve estar sempre na forma passada, pois
foi ou deverá ser completada antes da outra ação: Observe:

ひろしが出たあとまことがくる。= Depois que Hiroshi sair (= tiver saído), Ma-


koto virá. (Lit. Na traseira (da ação) em que Hiroshi saiu, Makoto virá)

Veja que no momento em que Makoto vier, a ação de Hiroshi sair estará (ou de-
verá estar) concluída. Por isso, o uso de 「あと」 faz sentido, já que a ação da
oração principal estará sempre “na traseira” com relação a outra na linha do
tempo em termos de conclusão:

Neste sentido, pode-se anexar 「で」 a 「あと」. Tal prática é a mais comum e
soa mais formal:

ひろしが出たあとでまことがくる。= Depois que Hiroshi sair (= tiver saído),


Makoto virá.

Enfim, são muitos os substantivos que podem ser usados dessa maneira e não é
nossa intenção fazer aqui uma lista.

Agora, apresentaremos um recurso muito interessante chamado “nominaliza-


ção”.

160
Existem situações em que um verbo precisa ser tratado como se fosse um subs-
tantivo, e é aqui que entra em campo o processo de nominalização. “Nominali-
zar” significa fazer com que orações exerçam a mesma função que um substan-
tivo na dentro da frase. Para compreendermos melhor, observe o exemplo a se-
guir e preste atenção no complemento verbal:

O estudante esqueceu-se dos estudos. (período simples)

O estudante = sujeito;

Esqueceu-se de = verbo transitivo indireto;

Os estudos = objeto indireto;

Considere que nessa mesma posição do complemento verbal pode aparecer, em


um período composto, orações subordinadas, ou simplificando, verbos. Sendo
assim, vamos ao próximo exemplo:

O estudante esqueceu-se de estudar. (período composto)

O estudante = sujeito;

Esqueceu-se de = verbo transitivo indireto;

Estudar = Oração subordinada (Substantiva Objetiva indireta)

Veja como o verbo “estudar” funcionou como objeto indireto da oração principal.
Pode-se dizer que estamos falando de “ato de [verbo]” (o aluno esqueceu-se do
ato de estudar). Logicamente, poderíamos completar o seu sentido:

O estudante esqueceu-se de estudar a matéria para a prova. (o aluno esqueceu-


se do ato de estudar a matéria para a prova.)

Agora, observe o próximo exemplo:

A leitura é importante.

Foque-se substantivo “leitura”. Um verbo também pode ocupar a posição do su-


jeito de uma oração. Por exemplo, poderíamos reescrever a oração acima como
segue:

Ler é importante. (o ato de ler é importante).

Em japonês, há uma maneira muito simples de se nominalizar orações. Basta es-


crever a oração subordinada e em seguida, anexar a partícula 「の」 a ela. Assim,
a oração será “transformada” em um elemento de mesmo valor de um

161
substantivo. Então, como ficaria a oração “O estudante esqueceu-se de estudar”
em japonês? Vejamos:

学生は勉強するのを忘れた。= O estudante esqueceu-se de estudar.

Veja como a oração 「勉強する」 foi “transformada” em um substantivo, e pu-


demos usar a partícula 「 を 」 . Também, lembre-se da expressão “ato de
[verbo]”, pois a fim de facilitar o aprendizado destas construções, você pode pen-
sar que 「の」 faz o papel desta expressão. Obviamente, o importante é você en-
tender o conceito, afinal nem sempre será melhor traduzir como “ato de”; às ve-
zes será melhor usar “o fato de” ou até mesmo “a coisa que”, por exemplo. Enfim,
tudo dependerá do contexto.

Podemos também completar o sentido da oração subordinada. Observe o quadro


abaixo:

Vejamos um exemplo de oração completa:

学生はジュースを飲むのを忘れた。= O aluno esqueceu-se do ato de tomar o


suco.

Lembre-se que em português, as orações subordinadas substantivas podem tam-


bém ocupar a posição de sujeito. Em japonês, também:

漫画を読むのは面白い。= Falando do ato de ler mangás, (isso) é interessante.

Podemos também usar a palavra 「こと」, que significa “coisa”, no lugar da par-
tícula 「の」:

学生はジュースを飲むことを忘れた。= O aluno esqueceu-se de tomar o suco.

O uso de 「の」 e 「こと」 como nominalizadores parece ser um recurso que


começou a ser adotado no Japonês Moderno, pois na língua moderna há a “regra
prática” de anexar partículas somente a substantivos ou a elementos que se com-
portem como substantivos (que é o caso aqui). Como já sabemos, na língua an-
tiga, uma prática comum para se nominalizar uma oração era usar a base Rentai-
kei simplesmente. Sendo assim, por exemplo, a oração 「学生は勉強するのを忘
れた」 seria nominalizada assim:

学生は勉強するを忘れた。= O estudante esqueceu-se de estudar.

162
Veja como a partícula 「を」 é colocada logo após a base Rentaikei do verbo 「
する」 fazendo com que 「勉強する」 se torne objeto do verbo 「忘れる」. Sim-
ples, não?

Embora tal recurso seja possível gramaticalmente, não é mais praticável na


vida real. Entretanto, há algumas construções gramaticais antigas que ainda são
usadas no Japonês Moderno que se tratam da nominalização “à moda antiga”,
isto é, através da anexação de uma partícula à Base Rentaikei.

Aliás, a única partícula na língua moderna que convencionalmente é usada di-


retamente depois de verbos é 「と」. Uma de suas funções é destacar citações,
isto é, expressar o que outras pessoas dizem, ouvem, etc. Podemos dividir as ci-
tações em “diretas e “indiretas”. Imaginemos que na escola Hiroshi ouve do pro-
fessor:

PROFESSOR: 今日は授業がない。= Não haverá aula hoje.

Então, mais tarde, Hiroshi encontra Makoto e reporta o que ouviu do professor:

HIROSHI: 「今日は授業がない」 と先生から聞いたんだ。= Isso é o que ouvi


do professor “Não haverá aula hoje.”.

No exemplo acima, Hiroshi reporta a Makoto exatamente o que ouviu professor.


Este tipo de citação é chamado de “citação direta”. Em português, colocam-se
citações diretas entre aspas. Mais um exemplo:

「海まで」 と叫んだ。= “Até o mar”, gritaram.

O segundo tipo de citação é a citação baseada naquilo que alguém realmente


disse. Não é uma citação palavra por palavra. Uma vez que esta não é uma citação
direta, não há necessidade de aspas. Você também pode expressar pensamentos
como uma citação indireta.

先生から今日は授業がないと聞いたんだ。= Ouvi do professor que hoje não ha-


verá aula.

Não é necessário que o verbo principal esteja logo após 「と」. Como o verbo
que se aplica à oração vem antes de qualquer outro verbo, você pode ter quantos
adjetivos, advérbios ou substantivos entre os dois:

「寒い」 とまことがひろしに言った。= "Frio", Makoto disse a Hiroshi.

A partícula 「と」 pode indicar que um verbo se aplica a outra oração. Para cla-
rificar, observe o exemplo a seguir:

雨が降ると思う。= Penso que vai chover.

163
Como forma de memorização, podemos pensar que 「と」 é como um dedo in-
dicador que aponta pra uma oração subordinada dando um sentido de “é isto
que penso”, “é isto que digo”, etc. Vejamos:

Você pode se surpreender ao saber que existe uma versão mais curta e casual de
citação, uma vez que ela já é apenas um fonema do Hiragana, 「と」. No entanto,
o ponto importante aqui é que, ao usar esse atalho casual, você pode deixar de
lado o restante da frase e esperar que o ouvinte possa entender tudo a partir do
contexto. Esta versão casual é 「って」:

あきらは来年、海外に行くんだって。= Com relação a Akira, ele disse que ano


que vem irá ao exterior.

先生から今日は授業がないって。= Ouvi do professor que hoje não haverá aula.

もうお金がないって。= (Eu) já lhe disse que não tenho dinheiro.

今、時間がないって、本当? = (Você) não tem tempo agora (eu ouvi), é ver-


dade?

「って」 ainda pode ser usado para falar sobre praticamente qualquer coisa, e
não apenas para citar algo que foi dito. Você pode ouvir 「って」 sendo usado
em praticamente qualquer lugar no discurso casual. Na maioria das vezes ele é
usado no lugar da partícula 「は」 simplesmente para trazer um tópico à con-
versa:

明日って、雨が降るんだって。= Falando de amanhã, eu ouvi que vai chover.

まことって、すごくいい人。= Falando de Makoto, ele é uma pessoa muito boa.

No tópico 5, mencionamos que o verbo 「する」 basicamente significa “fazer(-


se)”, porque, na verdade, ele possui diversos significados (o Jisho.org aponta
pelo menos 10!!). Dentre eles estão “agir como”, “vestir” e “considerar”. Qual
significado considerar depende da construção e do contexto. Uma dessas cons-
truções específicas é quando 「する」 é usado com 「と」. Nestes casos, o signi-
ficado presente é “considerar”:

明日に行くとする。= Considerar que (eles) irão amanhã.

164
Outra possibilidade é combinar a Forma MU com o verbo 「する」 através de 「
と」 para expressar uma tentativa no sentido de um esforço para se fazer algo:

毎日、勉強を避けようとする。= Todos os dias (ele) tenta evitar estudar.

165
9. O ESTADO-DE-SER E OS ADJETIVOS-NA
Um dos aspectos mais complicados do idioma japonês é que não há um verbo
para se expressar o “estado-de-ser” de algo como o verbo “ser” no português (na
gramática, “cópula”). Métodos convencionais costumam atribuir ao verbo 「あ
る」 o significado “ser”, contudo, se dissermos, por exemplo, 「山ある」, a tra-
dução correta é na verdade “Existe (uma) montanha” e não “É (uma) montanha”.

Então, como expressar que “algo É alguma coisa em japonês”?

Lembre-se da partícula 「で」 que vimos em um tópico passado. Dentre suas


funções está a de indicar o modo como um verbo se realiza. Sendo assim, se
dissermos, 「山である」, estamos indicando o “modo” como o verbo 「ある」
(existir) se realiza, isto é, “existe como (sob aspecto de) (uma) montanha”, lite-
ralmente. Veja que se pensarmos bem, é o mesmo que dizer “é (uma) montanha”
no fim das contas.

No Período Muromachi (1336-1573), 「である」 tornou-se 「じゃ」 na parte


Oeste do Japão e 「だ」 no Leste, base do japonês padrão:

山にてあり。→ 山である。→ 山だ。= É montanha.

No japonês moderno, além de 「である」 e 「だ」, existe 「です」. As três for-


mas da "mesma coisa", porém, diferenciam-se no sentido e na utilização. Por
hora, vamos nos focar em 「だ」, que deve ser usado somente após um substan-
tivo ou um Adjetivo-NA:

魚 = peixe → 魚だ。 = É peixe

人 = pessoa → 人だ。= É pessoa.

学生 = estudante → 学生だ。= É estudante

Parece muito fácil. Aqui está o verdadeiro problema: um estado-de-ser pode ser
subentendido, sem o uso do 「だ」!

Tal como se apresenta, o exemplo 1 é simplesmente a palavra “peixe” e não sig-


nifica nada, além disso. Porém, podemos pressupor que algo é um peixe pelo
contexto, sem declarar nada. Por esta razão, a pergunta que deve estar passando
na sua cabeça é, “Se você pode dizer que algo é [X] sem usar 「だ」, então, qual
o motivo de isto existir?”.

Bem, a principal diferença é que uma declaração afirmativa faz com que a sen-
tença soe mais enfática e convincente de modo a torná-la... bem declarativa. Por-
tanto, é mais comum você ouvir homens usando 「だ」 no fim das sentenças.
Este é também o motivo de via de regra você não poder usar 「だ」 ao fazer uma

166
pergunta, porque parecerá que está fazendo uma afirmação e uma pergunta ao
mesmo tempo.

O 「だ」 declarativo também é necessário em várias estruturas gramaticais nas


quais um estado-de-ser precisa ser declarado explicitamente. Há também o caso
em que não se deve anexá-lo. Enfim, tudo isso é realmente muito incômodo, mas
você não deve se preocupar ainda.

Vamos apresentar as seis bases de 「である」, 「だ」 e 「です」 para que você
possa entender a lógica de formação dos tempos verbais da cópula 「だ」. Ob-
serve a tabela abaixo:

Podemos conjugar o estado-de-ser tanto para a forma negativa quanto para o


tempo passado para dizer que algo não é [X] ou que algo era [X]. Isso pode ser
meio difícil de entender à primeira vista, mas nenhuma destas conjugações do
estado-de-ser afirmam algo como o 「だ」 faz. Aprenderemos, em outra lição,
como criar estas declarações afirmativas colocando 「だ」 ao fim da frase.

I. Forma Negativa: é formada anexando-se o verbo auxiliar 「ない」 à base Mi-


zenkei do verbo da cópula 「ある」. Assim, temos:

Nós não colocamos “(??)” à toa. Isso por que a regra estaria correta se 「ある」
não fosse irregular quando colocado juntamente com o verbo auxiliar 「ない」.
Sendo assim, 「あらない」 torna-se simplesmente 「ない」. Talvez o motivo
dessa irregularidade esteja no fato de que 「ない」 já expressa por si mesmo uma
existência nula e possivelmente os gramáticos pensaram que não haveria neces-
sidade, pois seria uma redundância, de ter uma forma negativa do verbo de exis-
tência, no caso 「ある」. Tanto que com outros auxiliares deve-se usar normal-
mente a base Mizenkei de 「ある」.

Bem, seja qual for o motivo para a irregularidade, então, a forma negativa de 「
である」 é 「でない」? A resposta é: sim e não!

167
A construção 「でない」 é gramaticalmente correta, e é possível encontrar al-
guns japoneses que a usam. Porém, talvez por que a pronúncia soe muito brusca,
a partícula 「は」 é colocada entre 「で」 e 「ない」, dando origem à 「では
ない」. Pode-se, então, contrair o fragmento 「では」 para 「じゃ」, o que re-
sulta em 「じゃない」, forma casual.

友達じゃない。 = Não é amigo (a).

魚じゃない。 = Não é peixe.

学生じゃない。 = Não é estudante.

II. Tempo Passado: agora, vejamos expressar o tempo passado para dizer que
algo era alguma coisa. Para tanto, tenha em mente que o passado da cópula 「だ
」 deriva do passado de 「である」. Portanto, o tempo passado é feito adicio-
nando-se o verbo auxiliar 「た」 à base Ren'youkei de 「である」. Assim, te-
mos:

「でありた」 é então contraído para 「であった」 que por sua vez é contraído
para 「だった」:

魚だった。 = Era peixe.

人だった。= Era pessoa.

学生だった。= Era estudante

III. Tempo Passado Negativo: aprenderemos agora a forma passada nega-


tiva do estado-de-ser para que possamos dizer que algo não era alguma coisa.
Para tanto, lembre-se que 「ない」 é conjugado como um Adjetivo-I e basta
acrescentar o verbo auxiliar 「た」 a sua base Ren’youkei (do conjunto かり).
Assim temos:

Como vimos no tópico anterior, 「なかりた」 é contraído para 「なかった」:

友達じゃない = Não é amigo (a). → 友達じゃなかった = Não era amigo.

魚じゃない = Não é peixe. → 魚じゃなかった = Não era peixe.

168
学生じゃない = Não é estudante. → 学生じゃなかった = Não era estudante.

Por fim, também é possível unir estados-de-ser basicamente através do uso da


base Ren’youkei 「で」 da cópula 「だ」. Observe:

NOTA: os livros didáticos convencionais geralmente chamam a construção


acima de “forma TE para substantivos e Adjetivos-Na”, pois, como vimos,
este 「で」 pode exercer a mesma função sintática que a partícula 「て」 exerce
quando usada com verbos e Adjetivos-I. Sendo assim, também a chamaremos de
forma TE.

Se o quisermos nominalizar o estado-de-ser, devemos usar a base Rentaikei da


cópula 「だ」, ou seja, 「な」 antes de 「の」:

彼が先生なのを思い出した。= (Eu) me lembrei (do fato de) que ele é professor.

Para as demais cópulas, devemos usar 「こと」:

彼が先生であることを思い出した。= (Eu) me lembrei (do fato de) que ele é pro-


fessor.

Nos exemplos acima, as duas orações têm o mesmo significado. Entretanto, a


versão com 「の」 soa mais casual, ao passo que 「こと」 é mais apropriado
para a escrita.

Para memorização observe o quadro-resumo das formas da cópula 「だ」:

Apresentamos a seguir as Bases das cópulas clássicas 「なり」 e 「たり」. É


importante conhecê-las, pois você pode se deparar com elas, ainda que rara-
mente:

169
A função de denotar conjectura da Forma MU para verbos em si praticamente se
perdeu no japonês moderno. Atualmente, uma das maneiras de se fazer isso é
através da Forma MU das cópulas 「だ」, 「です」 e 「である」, isto é, 「だろ
う」, 「でしょう」 e 「であろう」 respectivamente.

雨が降るでしょう。= Provavelmente vai chover.

NOTA: 「でしょう」 se origina da evolução da pronúncia de 「でせう」.

「だろう」 significa essencialmente o mesmo que 「でしょう」, exceto pelo


fato de que soa mais masculino e é usado mais pelos homens:

雨が降るだろう。= Provavelmente vai chover.

Perceba que quando as cópulas estão na Forma MU, podemos coloca-las direta-
mente após um verbo na forma usual, fato que não é possível quando as cópulas
estão em outras formas, a menos que se use um 「の」 explicativo, pois, como já
vimos, este tem valor sintático de substantivo:

みやこが寿司を食べるのだ。= Miyako comerá o sushi. (CORRETA)

みやこが寿司を食べるだろう。= Miyako comerá o sushi, provavelmente. (COR-


RETA)

みやこが寿司を食べるだ。= Miyako comerá o sushi. (INCORRETA)

Para uma suposição negativa, podemos simplesmente anexar uma das cópulas
na Forma MU a um verbo na negativa, como em 「食べないだろう」.

No tópico 3, vimos que é possível modificar um substantivo por meio de outro,


através da partícula 「の」. Em muitos métodos, ela é chamada de partícula de
posse, mas essa nomenclatura pode gerar confusão. Na verdade, dentre outras
funções, 「の」 pode transformar um substantivo em atributo, isto é, um quali-
tativo que se acrescenta ao significado de um substantivo, sem alterá-lo. Observe
o quadro a seguir:

170
No exemplo acima, a partícula 「の」 permitiu que transformássemos o substan-
tivo 「友達」 em um atributo do substantivo 「車」, isto é, não é de carros em
geral que estamos falando, mas sim um carro cujo atributo é “do amigo”. Perceba
que, da mesma forma que os adjetivos ou verbos usados como adjetivos, o termo
que descreve virá sempre antes.

Há uma classe de palavras, estranhamente, chamada de adjetivo, mas que se


comportam como substantivos. São os “Adjetivos-NA”. A diferença é que com
eles não se pode usar a partícula 「の」 para transformá-lo em atributo de outro
substantivo. Por exemplo, se quisermos dizer “pessoa gentil” usando o Adjetivo-
NA 「しんせつ」 (親切), não podemos escrever assim:

親切の人。= Pessoa gentil – INCORRETO.

A forma correta é:

親切な人。= Pessoa gentil.

Por isso o nome “Adjetivo-NA”. Contudo, de onde vem esse 「な」?

A resposta é mais simples do que você imagina. Lembre-se que mencionamos


que a Base Rentaikei é utilizada para conectar elementos invariáveis, como
substantivos e partículas. Sendo assim, precisamos de algum elemento que, ao
mesmo tempo, seja flexionável e que expresse o estado-de-ser. Logo, esse 「な」
é a Base Rentaikei da cópula 「だ」!!

Portanto, perceba também que assim como os Adjetivos-I, está se afirmando lite-
ralmente “Pessoa que é gentil” e não simplesmente “Pessoa gentil”. Como os
Adjetivos-NA não possuem parte flexionável em si, as formas verbais serão in-
dicadas pelas formas da cópula. Assim, por exemplo:

親切じゃない人。= Pessoa que não é gentil.

人が親切じゃなかった。= A pessoa não era gentil.

Já que se usa 「な」 (e não 「の」) para transformar um Adjetivo-NA em atri-


buto para um substantivo, alguns podem imaginar que se poderia utilizar tam-
bém a Base Rentaikei da cópula 「である」. Assim:

親切である人。= Pessoa gentil.

171
Diríamos que o raciocínio tem sentido, mas tenha em mente que em línguas nem
tudo o que é possível gramaticalmente é praticável na vida real. Gramática é a
busca do homem em padronizar certos elementos semelhantes e muitas vezes
estamos diante de convenções. Em outras palavras, se decidiram que se deve
usar 「な」, deixemos assim. Aliás, observe a próxima oração:

学生な人。= Pessoa que é estudante (??)

Já que 「な」 é a Base Rentaikei da cópula 「だ」, gramaticalmente falando, não


haveria problema na oração acima. Entretanto, novamente precisamos sempre
ter em mente o aspecto prático da língua. Uma coisa é algo ser gramaticalmente
possível e explicável; outra coisa é algo ser praticado no mundo real e as pessoas
concretamente compreenderem. Citemos novamente o plural correto da palavra
“pizza”. Do que adianta estar gramaticalmente correto falando (ou escrevendo)
“pizze” se concretamente essa forma plural não foi assimilada na vida real pe-
los usuários da língua portuguesa? Língua é comunicação e para que exista co-
municação é necessário que as partes se entendam. Então, embora possa se dizer
que 「学生な人」 está correto gramaticalmente falando, tal construção não é
usada no mundo real. Por questões práticas, melhor considerar as coisas como
elas são usadas pelos falantes nativos.

Note também que essas convenções acerca da gramática podem mudar de


acordo com o tempo. Afinal, o modo como o povo usa sua língua na vida con-
creta é incontrolável. Tanto é verdade que há casos de Adjetivos-NA que podem
ser usados com 「の」!! Provavelmente, houve um tempo em que o “povão”
confundia tanto as coisas que os gramáticos decidiram admitir essa possibili-
dade. Veja o próximo exemplo:

特別な人 (ou 特別の人) = Pessoa especial.

Por fim, convém citar algumas coisas importantes sobre os Adjetivos em geral. A
palavra para "bom" era originalmente 「よい」 (良い). Porém, com o tempo,
devido à mudança de pronúncia, tornou-se 「いい」. Quando escrita em Kanji,
é geralmente lida como 「よい」, e 「いい」 aparece quase sempre em Hira-
gana. Entretanto, todas as conjugações ainda derivam de 「よい」 e não de 「い
い」. Outro Adjetivo-I que age assim é 「かっこいい」 por que é uma versão
abreviada de duas palavras unidas: 「格好」 e 「いい」. Consequentemente,
tem as mesmas conjugações. Observe o quadro a seguir:

172
値段がよくない。= O preço não é bom.

彼はかっこよかった! = Ele estava muito bonito!

É natural pensar que para os adjetivos existentes em nossa língua materna deva
existir um equivalente em japonês. Certamente com a maioria é assim; mas com
alguns, não. Nestes casos, a “ideia de adjetivo” nos é dada através dos verbos:

お腹が空いた。= faminto (literal: o estômago está esvaziado).

喉が乾いた。= sedento (literal: a garganta está seca).

E se, por exemplo, quisermos dizer que [A] é magro ou que [B] é gordo? De fato,
existem adjetivos propriamente ditos para "gordo" e "magro" (「太い」 e 「細い
」), mas podem soar ofensivos a um japonês. Portanto, use verbos:

みどりは太た。 = Midori engordou.

まことは痩せた。 = Makoto emagreceu.

Os falantes nativos, muitas vezes, retiram o 「い」 final de alguns Adjetivos-I,


quando usados como exclamações simples:

さむ!= Está frio!

あつ!= Está quente!

まず!= É desagradável!

Responda agora: qual é o correto: 「大きい」 ou 「大きな」 (grande)? 「小さ


い」 ou 「小さな」 (pequeno)?

Bem, ambas as formas de cada adjetivo são aceitáveis. A diferença é que a versão
Adjetivo-NA soa mais poética, sendo muito comum na poesia e canções.

173
Alguns coloquialismos são comuns à maioria dos dialetos da língua japonesa.
Assim como toda língua falada, ocorrem contrações utilizadas no cotidiano. Um
padrão normalmente visto é:

「~(あ)い」 ou 「~(お)い」 → [~ fonema respectivo em 「え]+ 「え]


].

Por exemplo, 「たべない]→ 「たべねえ] e 「すごい] → 「すげえ] (mais


comumente usado com 「ない]).

Em animês este padrão costuma ser usado com frequência. Em um dos episódios
de Dragon Ball Super, Goku diz 「嘘がきれえ], forma coloquial de 「嘘がきら
い].

Uma questão que confunde muitos estudantes é a distinção de verde e azul na


língua japonesa. Segundo este artigo (https://tinyurl.com/y28qnqyv), “toda lín-
gua tinha tido primeiramente, uma expressão para o preto e o branco, a escuridão
e a luz. A próxima palavra foi vermelho, cor do sangue e do vinho. Depois histo-
ricamente aparece o amarelo, e, mais tarde o verde. A última das cores é o azul.
Descobriram também que a única cultura que desenvolveu na época, uma pala-
vra para o azul eram os egípcios – os primeiros a produzir esses corantes”.

É muito provável que no japonês tenha ocorrido o que destacamos no parágrafo


anterior, isto é, 「青」 significava originalmente “verde” e não “azul”. Somente
no Período Heian (794-1185), com a palavra 「みどり」 para “verde” é que se
passou, então, a distinguir azul e verde. Em materiais educacionais, a distinção
entre verde e azul veio somente depois da Segunda Grande Guerra.

A palavra 「青」 é ainda usada para vegetais, maçãs e clorofila na vegetação. É


também a palavra usada para definir a cor do sinal de trânsito para 'Siga' (verde).
Porém, para muitos outros objetos, como carros e suéteres por exemplo, usa-se o
termo 「みどり」. Os japoneses usam por vezes o 「グリーン」, cuja origem é o
inglês "green", para cores. Há na língua também vários outros termos para tons
específicos de verde e de azul.

174
10. ONOMATOPEIAS, ADVÉRBIOS E KOSOADO
O que é onomatopeia? Segundo o Dicionário Houaiss, “onomatopeia” é a for-
mação de uma palavra a partir da reprodução aproximada, com os recursos de
que a língua dispõe, de um som natural a ela associado. Por exemplo, “Din-don”
é a reprodução do som da campainha, bem como “Atchim” a do som de espirro.

Na língua japonesa, as onomatopeias 「オノマトペ」 constituem uma parte


muito importante no idioma; são usadas em tudo, desde brincadeiras casuais en-
tre amigos até contextos formais. Além disso, o uso de onomatopeias é um
grande indicador de fluência, pois sua aprendizagem é uma boa maneira de fazer
o seu japonês soar mais natural e fluente.

Há tantas onomatopeias em japonês que elas são divididas em três tipos diferen-
tes: 「ぎせいご」(擬声語), 「ぎおんご」(擬音語) e 「ぎたいご」(擬態語).

I. Giseigo [「ぎせいご」(擬声語)]: se olharmos para os significados dos Kanjis,


veremos que 「ぎせいご」 significa algo como “palavra que imita voz”. Então,
esse tipo de onomatopeia é aquele que descreve sons emitidos por pessoas e
animais. É o tipo de onomatopeia mais fácil de entender e é provavelmente por
isso que muitas vezes as crianças aprendem ruídos de animais muito cedo.
Abaixo, segue um quadro com alguns exemplos:

II. Giongo [「ぎおんご」(擬音語)]: literalmente “palavra que imita sons”. Ou


seja, sons que não se encaixam no grupo dos Giseigo são classificados aqui como,
por exemplo, efeitos sonoros como o vento soprando, uma explosão, ou chuvas.
Dos três tipos de onomatopeia, o 「ぎおんご」 é o mais inconsistente, e o tipo da
palavra que você menos encontrará no dicionário. Pense os 「ぎおんご」 como
palavras de ação que os artistas usam em quadrinhos:

175
III. Gitaigo [「ぎたいご」(擬態語)]: literalmente “palavra que imita condição”.
São palavras que não imitam sons, mas sim descrevem sentimentos, qualidades
e atitudes. Veja que claramente não são onomatopeias se considerarmos sua de-
finição na língua portuguesa.

As onomatopeias são geralmente escritas em Katakana ou Hiragana, havendo


uma sutil diferença: com Katakana, se passa um ar mais ríspido, ao passo que
com Hiragana, um ar mais suave.

176
Curiosamente, as onomatopeias japonesas podem ser transformadas em muitas
outras partes do discurso. Isso nem sempre é algo que você pode fazer em por-
tuguês, mas em japonês, elas são muito mais flexíveis. Por exemplo, elas podem
aparecer no predicado, funcionando basicamente como um adjetivo:

ひろしは日本語がぺらぺら。= Falando de Hiroshi, o japonês é blá-blá (fluente).

お腹がぺこぺこだ。= O estômago é ronc (faminto).

ピカピカの新製品。= Nova linha de produtos que é plim-plim (Algo que brilha


supõe algo novo)

Convém mencionar ainda que uma mesma onomatopeia pode ter formas distin-
tas, que chamaremos de (1) forma dobrada, (2) forma TTO, (3) forma RI e (4)
forma RI com o pequeno 「つ」. Vejamos o quadro abaixo:

Nem todas as onomatopeias possuem todas as formas (os três exemplos acima
são realmente mais flexíveis em vista da maioria). Além disso, por vezes, as dife-
rentes formas da mesma onomatopeia terão significados um pouco diferentes,
embora sejam normalmente iguais ou muito parecidos. O importante aqui é estar
ciente de que uma onomatopeia em japonês (quando usada em uma frase) pode
aparecer em uma dessas formas.

Com relação à segunda forma, de fato o 「と」 final é a partícula 「と」, que é
encaixada à onomatopeia, tornando-se 「っと」.

As formas 1, 3 e 4 são mais complicadas, pois cada uma tem sua própria nuance
de uso. Algumas onomatopeias quase sempre virão com um 「と」; outras, não.
Também, a maioria dessas palavras funciona primeiramente como “advérbio”,
mas pode se encaixar em outras classes de palavras também. Apenas para ilus-
trar, veja como o “Jisho.org” classifica 「さっぱり」:

Visto o que é onomatopeia, vamos agora aprender o que é “Advérbio”. Em por-


tuguês, advérbio é a classe gramatical das palavras que modificam um verbo, um
adjetivo ou mesmo outro advérbio. Nunca modificam um substantivo. É a pala-
vra invariável que indica as circunstâncias em que ocorre a ação verbal. Por
exemplo, comparemos as orações a seguir:

177
O ônibus chegou.

O ônibus chegou ontem.

A palavra ontem acrescentou ao verbo chegou uma circunstância de tempo: on-


tem é um advérbio.

Marcos jogou bem.

Marcos jogou muito bem.

A palavra muito intensificou o sentido do advérbio bem: muito, aqui, é um ad-


vérbio.

A criança é linda.

A criança é muito linda.

A palavra muito intensificou a qualidade contida no adjetivo linda: muito, nessa


frase, é um advérbio.

Com relação à língua japonesa, há discordância entre os gramáticos sobre a defi-


nição e classificação dos advérbios. Alguns defendem a tese de que na língua
japonesa não existem advérbios propriamente ditos, mas somente um uso adver-
bial de outras partes do discurso. Talvez por isso os advérbios derivem de várias
classes de palavras. Seja como for, vamos usar a nomenclatura “advérbio” para
facilitar o estudo. Além disso, uma vez que o sistema de partículas torna o orde-
namento das palavras em uma sentença flexível, eles podem ser colocados em
qualquer lugar, desde que estejam antes do verbo ao qual se referem. Vejamos:

I. Advérbios verdadeiros: são aqueles que, desconsiderando-se sua origem eti-


mológica, podem ser rotulados de advérbios puros, sendo encontrados como tais
no dicionário. Observemos 「もう」 (já), 「たくさん」 (muito) e 「全然」 (nem
um pouco) nos exemplos a seguir:

もう暗い。= Já está escuro.

彼はもう出た。= Falando sobre ele, já saiu.

映画をたくさん見た。= Viu muitos filmes.

最近、全然食べない。= Ultimamente, (ele) não come nem um pouco.

II. Adjetivo-I: a base Ren'youkei do conjunto く dos Adjetivos-I pode ser usada
também como advérbio:

178
彼女は優しく弟を抱きしめた。= Falando de ela, ela abraçou carinhosamente o
irmão mais novo.

ひろしは朝ご飯を早く食べた。= Falando de Hiroshi, ele rapidamente comeu o


café da manhã.

O advérbio 「早く」 pode ter sentido tanto de velocidade quanto de tempo. Em


outras palavras, Hiroshi pode ter tomado seu café da manhã rapidamente ou ter
tomado cedo. Tudo isso depende do contexto.

Cuidado para não confundir a forma substantiva dos Adjetivos-I (Base Ren’you-
kei) com a forma adverbial (também a Base Ren’youkei). Nestes casos, o contexto
será o nosso aliado para mostrar como devemos interpretar a Base Ren’youkei de
um Adjetivos-I.

III. Adjetivos-NA: Adjetivos-NA podem ser usados como advérbios adicio-


nando-se 「に」 a eles:

Não confunda esse 「に」 com a partícula 「に」. Para conectar uma palavra
flexionável a um verbo, é necessário o uso da base Ren’youkei, que neste caso é
a da cópula 「だ」. Abaixo, seguem alguns exemplos:

たもつは静かに歩く。= Falando de Tamotsu, ele caminha silenciosamente.

みやこは部屋をきれいにした。= Falando de Miyako, ela limpou o quarto.

Podemos ainda interpretar a sentença acima como "Miyako fez o quarto limpo."
Ou, ainda, como 「きれい」 literalmente significa "bonito", podemos traduzir
como "Miyako embelezou o quarto”.

IV. Adjetivos-TARU: primeiramente, Adjetivos-TARU são adjetivos muito for-


mais e raros atualmente, que funcionavam como os Adjetivos-NA com a dife-
rença que eram formandos com o auxílio da Base Rentaikei da cópula Clássica 「
たり」:

堂々たる態度 = Atitude (que é) magnífica.

179
E, assim como os Adjetivos-NA, a forma adverbial dos Adjetivos-TARU era ob-
tida através do uso da base Ren’youkei da cópula que os forma, no caso utili-
zando-se a Base Ren’youkei de 「たり」, isto é, 「と」. Veja:

堂々と戦う。= Lutar magnificamente.

V. Palavras Variáveis: algumas palavras variam quanto a sua natureza depen-


dendo da forma como são usadas. Por exemplo, 「まあまあ」 pode significar
"mais ou menos", como um advérbio, mas também pode ser usado como um Ad-
jetivo-NA para significar o mesmo, ou ainda, como uma interjeição para signifi-
car "agora, agora".

Por conta da existência de palavras variáveis, não se surpreenda ao se deparar,


por exemplo, com uma palavra que se comporta como um substantivo, mas que
tem significado de advérbio. Veja o exemplo a seguir:

先生と相談のあげく、退学をしない。= (Depois de muita) consulta com o pro-


fessor, (no final), (ele) não abandonará a escola.

Quem se deparasse com esse tipo de oração, pensaria que 「あげく」 é um subs-
tantivo. Contudo, veja como, embora ele se comporte como um substantivo den-
tro da oração, é na realidade um advérbio. Fique atento, pois existem muitas
palavras variáveis no japonês.

VI. A forma TE: verbos na forma TE podem, por vezes, ser usados como advér-
bios também. Nestes casos podemos considerar que eles explicam ou descrevem
como a ação do verbo principal está sendo feita:

歩いて行く。= Ir caminhando.

怒って言う。= Dizer com raiva.

O importante aqui é considerarmos o contexto, pois como vimos em lições pas-


sadas, o uso básico de forma TE consiste em unir sentenças. Sendo assim, pode-
ríamos traduzir literalmente os exemplos acima como “Caminhar e ir” e “Ficar
com raiva e dizer”, o que de certo modo pode ter o mesmo sentido.

Também, há alguns verbos específicos cuja forma TE, quando usada como ad-
vérbio, pode ter sentido diferente daquele proposto pelo verbo. É o caso, por
exemplo, de 「初めて」, que como advérbio normalmente é traduzido como
“pela primeira vez” ou “somente depois de” e não “começando”. Claro que tudo
dependerá do contexto.

VII. Duplicação de elemento: há alguns advérbios que se originam da duplica-


ção de um mesmo elemento. Por exemplo, se duplicarmos o verbo 「見る」, ob-
tendo assim 「見る見る」, teremos um advérbio. É claro que a construção ga-
nhará outro sentido, nesse caso, “muito rapidamente”, “em um piscar de olhos”:

180
水は見る見る流れた。= Falando de água, (ela) correu num piscar de olhos.

Outro exemplo é o substantivo 「時」, que quando duplicado, sendo transfor-


mado em 「ときどき」, passa a significar “às vezes”:

彼女は時々水を飲む。= Falando dela, às vezes (ela) bebe água.

VIII. Onomatopeias: frequentemente as onomatopeias aparecem colocadas an-


tes de verbos, sendo mais comum com o verbo 「する」, mas podem aparecer
com outros. Por isso, são palavras que formam uma categoria bem desenvolvida
de advérbios, constituindo uma grande percentagem do montante total dessas
palavras em japonês.

テストでどきどきする。= Estar nervoso por causa da prova.

頭ががんがん痛む。= A cabeça dói de forma latejante.

目がぐるぐる回る。= Os olhos giram em círculos.

Há algumas onomatopeias às quais os nativos costumam acrescentar um 「っと


」 final para tornar a pronúncia mais fluida. Veja:

ひろしはぴたっと止まった。= Hiroshi parou de repente.

IX. Partículas: algumas partículas são traduzidas como advérbios, mostrando


uma analogia / restrição. Como exemplo, podemos citar a partícula 「まで」:

家まで送る。= (Eu) acompanharei (você) até sua casa.

Por fim, vamos abordar o “Kosoado”, que se trata de um conjunto de palavras


que são baseadas na distância física entre o falante e o ouvinte. Esse nome deri-
vado da primeira sílaba dessas palavras. Observe:

こ(此) = para algo perto do falante;

そ (其) = para algo perto do ouvinte;

あ (彼) = para algo distante do falante e do ouvinte;

ど (何) = refere-se a pessoa ou coisa dentre outras (qual...)

O Kosoado tem sete formas, dependendo de sua terminação:

181
Aprendendo as formas do Kosoado, praticamente revisamos o que aprendemos
até agora e não será necessário explicar detalhadamente cada forma. Pode pare-
cer confuso, mas com o tempo você dominará esse conjunto.

Vejamos um exemplo para cada forma:

それは猫だ。= Falando de isso, é um gato.

猫はここにいる。= Falando do gato, está aqui.

猫はあっち。= Falando do gato, é naquela direção.

あなたの猫。= Gato de você (seu gato).

この猫は白い。= Falando de este gato, é branco.

あきらの猫がこう食べる。= O gato de Akira (é que) come deste modo.

あきらがそんな猫を買った。= Akira (é quem) comprou um gato como esse.

Voltemos nossa atenção para o grupo 「ど」 (何), que pode gerar um pouco de
confusão no início. Tenha em mente que 「ど」 (何) carrega um sentido de
“qual...”, isto é, que coisa ou que pessoa, dentre outras (em interrogação direta e
indireta):

どれが君の本? = Qual é o seu livro?

それはどの劇場? = Falando disso, qual (é o) teatro?

Como fazer perguntas básicas em japonês? Bem, aquilo que chamaremos de “pa-
lavras interrogativas” refere-se ao conjunto de palavras que inclui dentre outras
“quem”, “o quê”, “quando”, “onde”, etc. Ao aprender esse conjunto, você será
capaz de expressar suas perguntas, mesmo sem um vocabulário extenso.

Primeiramente, vamos aprender algumas palavras interrogativas em japonês:

182
1. Onde: どこ;

2. O que: なに;

3. Quem: だれ;

4. Quando: いつ;

5. Como: どう.

Repare que as palavras acima de certa forma apontam para algo. Por exemplo,
quando perguntamos “Onde Hiroshi está?”, o alvo da dúvida é o lugar no qual
ele está; se perguntamos “Quando Hiroshi veio?”, desejamos saber qual o mo-
mento, tempo em que ele veio, e assim por diante. Observe o esquema abaixo,
no qual chamaremos essas associações para cada palavra de “alvo”:

1. Onde: どこ (refere-se a LUGAR);

2. O que: なに (refere-se a COISAS);

3. Quem: だれ (refere-se a SERES);

4. Quando: いつ (refere-se a TEMPO);

5. Como: どう (refere-se a MODO, MANEIRA).

Nós já aprendemos dois usos básicos da partícula 「か」, isto é, como partícula
alternadora e como partícula de dúvida. Agora neste tópico veremos como ela
será útil para formar as palavras interrogativas, pois todas terminam com 「か」
, dando a ideia de “algum(a) [alvo]”. Observe:

Você verá nos exemplos a seguir, que podemos tratar essas palavras como qual-
quer substantivo regular:

誰かがおいしいクッキーを全部食べた。= Alguém comeu todos os biscoitos de-


liciosos.

犯人をどこかで見た? = (Você) viu o criminoso em algum lugar?

183
Já sabemos que 「何」 pode ser lido 「なに」 ou 「なん」 dependendo do vem
a sua frente, como em 「何色」 (なにいろ) e 「何人」 (なんにん). No caso
de 「何か」, embora 「なにか」 seja a leitura correta, tal composição é frequen-
temente contraída para 「なんか」 na linguagem informal:

なにか食べる?→ なんか食べる?= Comer algo?

Podemos também combinar algumas palavras interrogativas com a partícula 「


も」 para dar sentido de “todo [alvo]”, em orações sem negação, ou “nenhum
[alvo]”, em orações negativas. Observe o quadro abaixo e atente-se a algumas
particularidades:

Como podemos perceber pelo quadro, as coisas não são tão consistentes como
seria de se esperar. Por exemplo, 「なにも」 não é geralmente usado para signi-
ficar "tudo", e 「いつも」 sempre significa "sempre" para ambas as formas posi-
tiva e negativa. Veja os exemplos a seguir:

私は何も飲まない。= Falando de eu, não beberei nada.

この質問の答えは、誰も知らない。= Ninguém sabe a resposta desta pergunta.

友達はいつも遅れる。= Falando do amigo, ele está sempre atrasado.

Outras palavras podem ser usadas para expressar conceitos semelhantes:

皆 【みんな】 = Todos;

皆さん 【みなさん】= Todos (polido);

全部 【ぜんぶ】 = Tudo;

全然 【ぜんぜん】 = De modo nenhum (quando usado com negação);

絶対 【ぜったい】 = Absolutamente, incondicionalmente, ou “nunca” quando


usado com negativa;

決して【けっして】= nunca, de jeito nenhum (usado em orações negativas.

184
As mesmas palavras interrogativas podem ser usadas com sentido de “qualquer
[alvo]”, se combinadas com 「でも」:

Observe os exemplos a seguir:

この質問の答えは、誰でも分かる。= Qualquer um entende a resposta desta


questão.

昼ご飯は、どこでもいい。= Falando do almoço, qualquer lugar é bom.

あの人は、本当に何でも食べる。= Aquela pessoa realmente come qualquer


coisa.

Algo interessante é que, ao que parece, podemos usar a partícula dupla 「にも」
no lugar de 「でも」 em alguns casos. Observe:

今週末は、どこにも行かなかった。= Falando desta semana, não fui a lugar ne-


nhum.

どの家にも庭があった。= Toda (qualquer) casa tinha um jardim.

Nesta oração também temos o sentido de “todo”. Entretanto, como 「どの」 é


um atributivo, deve ser seguido de um substantivo e, por isso, 「にも」 aparece
depois de “casa”.

Não tome isto como dogma, mas geralmente 「にも」 aparece em sentenças ne-
gativas, ao passo que 「でも」 é usado em sentenças não negativas. Isso explica
a diferença, por exemplo, entre 「誰でも」 e 「誰にも」, isto é, o primeiro é
usado em orações não negativas; o segundo, em orações negativas:

誰でもわかる。= Qualquer um entende.

誰にもわからない。 = Ninguém entende.

Podemos ainda combinar também 「どこ」 e 「いつ」 com 「までも」. Essa


combinação dá um sentido de amplitude e pode ser traduzido como “seja qual
for o [alvo]”:

185
Vejamos os exemplos:

どこまでも行く!= Irei, seja qual for o lugar.

あの婦人はいつまでも若い。= Aquela senhora será jovem seja qual for o tempo


(para sempre).

Conforme você for progredindo em seus estudos, aconselhamos que você comece
a consultar dicionários japoneses. Por exemplo, a palavra 「いつ」 mostra cla-
ramente que dicionários ocidentais nem sempre apresentam todos os significa-
dos possíveis de uma palavra. Vamos consulta-la no “Jisho.org”:

Agora, vamos consulta-la no “Kotobank”:

Percebe-se claramente que a palavra 「いつ」 não significa apenas “quando”,


podendo significar também “habitual”, “usual”. Isso faz toda a diferença
quando se deseja entender construções mais avançadas em que se deve conside-
rar esse segundo significado de 「いつ」 ignorado pelos dicionários ocidentais.
Tudo bem, embora sejam raríssimas na língua falada, podem aparecer em textos
literários e no nível 1 do JLPT.

186
11. NÍVEIS DE POLIDEZ
Em qualquer idioma existem maneiras diferentes de se dizer as coisas quando se
trata de polidez. Mesmo em português, somos capazes de notar a diferença entre
um pedido como “Eu posso ir ao banheiro?” e “Eu poderia ir ao banheiro?”.
Você fala de um jeito com o seu professor e de outra maneira com seus amigos.
No entanto, o japonês é diferente, já que não só o tipo de vocabulário muda, mas
também a estrutura gramatical para cada frase dita.

Há uma linha clara e distinta entre a língua casual e a polida. Por um lado, as
regras claramente nos mostram como estruturar suas frases para diferentes con-
textos sociais. Por outro lado, cada frase que você fala deve ser conjugada com o
nível adequado de polidez.

Com base no que explanamos, a língua japonesa pode ser dividida em quatro
níveis quanto à polidez:

1. Coloquial;

2. Casual;

3. Polido;

4. Honorífico e Modesto.

Felizmente, não é difícil mudar do discurso casual para o discurso polido. Pode
haver algumas pequenas mudanças no vocabulário (por exemplo, "sim" e "não"
tornam-se 「はい」 e 「いいえ」, respectivamente no discurso polido), e termi-
nações de frases muito coloquiais não são usadas. Portanto, essencialmente, a di-
ferença principal entre o discurso polido e o casual está no final da frase. Você
não pode sequer dizer se uma pessoa está falando em discurso polido ou casual
até que a sentença seja concluída.

No discurso polido, há dois elementos principais: o verbo auxiliar 「ます」 e a


cópula 「です」. Primeiramente, vejamos suas bases:

Para transformar os verbos em verbos polidos, basta anexar o auxiliar 「ます」 à


base Ren’youkei:

187
FORMA POLIDA DOS VERBOS

{Base Ren’youkei} + Verbo Auxiliar 「ます」

Observe o quadro com a regra sendo aplicada:

Agora vamos a alguns exemplos de verbos em suas versões polidas:

犬は肉を食べます。= Falando do cachorro, ele come carne.

あきらが明日、大学に行きます。= Akira (é quem) vai à faculdade amanhã.

Um verbo em sua forma polida deve sempre estar no fim da oração e nunca
modificando um substantivo, como segue abaixo:

肉を食べます犬。= Cachorro que come carne (INCORRETA).

Para obter as formas negativa, passada e negativa passada de 「ます」, basta


aplicar os conceitos já ensinados em tópicos passados, com algumas particulari-
dades. Observe o quadro:

Como podemos ver, a forma negativa é obtida através da junção da base Mizen-
kei e 「ん」, forma abreviada do auxiliar clássico de negação 「ぬ」. Podemos
também utilizar 「ぬ」, como em 「食べませぬ」, ainda que seja arcaico. Um
fato interessante é que não é possível usar 「ない」, como em 「食べませない
」. Já para negativa passada, ela é formada pela forma negativa de 「ます」 e a
forma passada de 「です」 (でし + 「た」). Veja alguns exemplos:

犬は肉を食べません。= Falando do cachorro, ele não come carne.

犬は肉を食べました。= Falando do cachorro, ele comeu carne.

188
犬は肉を食べませんでした。= Falando do cachorro, ele não comeu carne.

Se quisermos transformar qualquer tipo de construção em que não haja ver-


bos no final em uma sentença polida, tudo o que temos que fazer é acrescentar 「
です」 ao final. É importante lembrar que se há um declarativo 「だ」, ele deve
ser removido. Ao ser polido, você não deve ser tão ousado em declarar as coisas
com tanta ênfase como 「だ」 faz. Vejamos os quadros abaixo:

NOTAS:

1. Lembre-se que 「じゃ」 é a forma abreviada de 「では」, portanto, pode-se


dizer também 「静かではない」;

2. Na língua coloquial, 「です」 pode aparecer como 「っす」, sendo usado por
homens. Por exemplo, 「学生です」→「学生っす」.

Atente-se para a forma passada dos substantivos e Adjetivos-NA. É a única oca-


sião em que o passado é formado pelo acréscimo de 「でした」. Um erro muito
comum é fazer o mesmo para os Adjetivos-I, como em 「かわいいでした」. Lem-
bre-se que isto é errado, haja vista que um Adjetivos-I é uma classe de palavra
flexionável, portanto, deve ser flexionado. Como substantivos e Adjetivos-NA
são inflexionáveis, é a cópula que deve sofrer a flexão. Vejamos alguns exem-
plos a seguir:

子犬はとても好きです。= Falando sobre cachorrinhos, gosto muito (o sentido


mais natural é que alguém goste muito de cachorrinhos; não há contexto sufici-
ente que indique que são os cachorrinhos que gostam muito de algo).

189
その部屋はあまり静かじゃないです。= Falando sobre esse quarto, não é muito
quieto.

先週に見た映画は、とても面白かったです。= O filme que (eu) vi na semana


passada foi muito interessante.

Você também pode usar 「です」 se o verbo estiver sucedido da partícula 「の


」 (「ん」), que, como vimos, gramaticalmente funciona como um substantivo
regular:

昨日、時間がなかったんです。= (O fato é que) não houve tempo ontem.

Guarde bem a sentença a seguir, que contraria a maioria dos livros convencio-
nais:

“「です」 NÃO É A FORMA POLIDA DE 「だ」!”

Muitas pessoas que tiveram aulas de japonês ouviram que 「です」 é a versão
polida de 「だ」. De fato, podemos supor isso se considerarmos a etimologia,
pois o primeiro origina-se de 「であります」, forma polida de 「である」, de
onde veio 「だ」. No entanto, as coisas não são tão simples assim!

Vamos apontar algumas diferenças chaves e as razões por que eles são de fato
coisas completamente diferentes, no sentido que não podemos usá-los de
“forma vice-versa” em todos os casos. Vejamos:

A) O FINAL DE UMA ORAÇÃO: antes de tudo, lembre-se do que mencionamos


anteriormente:

“... essencialmente, a diferença principal entre o discurso polido e o casual está


no final da frase.”

Agora, observe a seguinte oração:

犬は肉を食べます。= Falando do cachorro, ele come carne. (forma polida)

Como faríamos para reescrever a oração acima de uma forma não-polida? Basta-
ria usar a forma casual de 「食べます」, que é 「食べる」. Assim, temos:

犬は肉を食べる。= Falando do cachorro, ele come carne. (forma casual)

Por essa razão, podemos estabelecer a seguinte relação sobre os verbos:

190
Agora observe a construção abaixo:

あきらは学生です。= Falando de Akira, ele é estudante. (versão polida)

Se formos considerar 「です」 como a versão polida de 「だ」, então a versão


casual da oração acima é 「あきらは学生だ」?

A RESPOSTA É NÃO!

Como já explicamos anteriormente, 「だ」 no final da oração principal é usado


para se declarar algo que se acredita ser um fato. Transmite força ao que está
sendo dito, podendo até ser rude.

Então, qual a forma casual de 「あきらは学生です」? Ora, é simplesmente 「あ


きらは学生」. Logo:

Percebemos, então que, nestes casos, substituir 「です」 por 「だ」, pensando
que um é a versão polida do outro ou vice-versa é totalmente incorreto. Você
deve pensar que 「です」 é para transmitir polidez à frase, enquanto 「だ
」 transmite força; coisas completamente distintas. Se você quiser ser casual,
simplesmente não adicione nada.

E se quiséssemos expressar de forma casual a forma passada? Poderíamos usar


「だった」?

A resposta é SIM. 「だった」 não transmite a força ou sentido rude de 「だ」.


Sendo assim:

Talvez por causa dessa particularidade, o próprio Tae Kim afirma em uma pos-
tagem em seu fórum não achar que 「だった」 seja a forma passada de 「だ」
, o que discordamos. Preferimos encarar essa característica como algo que ficou
sendo válido pelo uso, isto é, 「だった」 é de fato a forma passada de 「だ」,
mas por algum motivo de uso da língua (não explicável gramaticalmente e
sim pelo costume), 「だ」 adquiriu um sentido de força, de aspereza.

Resumindo, então, o que abordamos até aqui:

191
Outro ponto importante que vale relembrar é que você não pode anexar o decla-
rativo 「だ」 diretamente aos Adjetivos-I na forma não-passada (e isso vale tam-
bém para a forma negativa não-passada):

本は面白いだ。= Falando de livros, são interessantes (SENTENÇA INCOR-


RETA).

Já isso não ocorre com 「です」, que tem a função de adicionar polidez apenas:

本は面白いです。= Falando de livros, são interessantes (SENTENÇA CORRETA


E POLIDA).

B) O MEIO DE UMA ORAÇÃO: em alguns casos de período composto que ve-


remos adiante com mais detalhes, 「だ」 se faz até necessário para explicitar o
estado-de-ser na oração subordinada. Por outro lado, 「 で す 」 deve ser
usado somente no final da oração principal para designar um estado-de-ser po-
lido. Por exemplo, considere as duas orações abaixo:

(1) 学生だと思います。= (Eu) acho que é estudante.

(2) 学生ですと思います。= (Eu) acho que é estudante. (INCORRETA)

A oração (1) 「学生だと思います」 é válida, enquanto que a (2) 「学生ですと思


います」 não, porque 「です」 só pode ser usado no final da oração principal e
aqui aparece no meio (oração subordinada). 「です」 pode aparecer assim so-
mente nos casos em que se está reproduzindo exatamente o que foi dito, como
no exemplo abaixo:

「学生です」と言った。 = (Ele) disse “é estudante”.

***

Enfim, substituir 「です」 por 「だ」, pensando que um é o equivalente polido


do outro ou vice-versa resultará potencialmente em orações gramaticalmente in-
corretas. É melhor pensar que são coisas totalmente diferentes (porque de fato
são!).

Feita a abordagem da forma polida, passemos agora para a forma honorífica e


humilde. A primeira coisa que você deve considerar sobre essas duas formas é
que o falante sempre se considerará estar no nível mais baixo com relação a
quem o escuta ou se refere. Assim, todas as ações executadas pelo falante serão
na forma humilde (colocando-se abaixo de quem o escuta / terceiro), enquanto
as ações realizadas por alguém, vistas do ponto de vista do falante, serão na
forma honorífica (colocando quem escuta / terceiro acima). Para memorizar este
princípio observe a figura abaixo:

192
O súdito sempre se dirige ao rei com humildade, ao mesmo tempo em que o ve-
nera, exalta (honra = honorífico). Com base nesta figura, você pode fixar este
importante princípio das formas honorífica / humilde: sempre seremos “súdito”
ao passo que terceiros, o “rei”.

A parte difícil de aprender esses dois tipos de linguagem é que muitas vezes são
utilizados verbos diferentes e palavras específicas para as formas honorífica e
humilde. Qualquer coisa que não tenha a sua própria expressão, será regido pelas
regras gerais de conjugações que abordaremos a seguir.

Vejamos os verbos que mudam sua forma nesse tipo de linguagem. Para fins me-
ramente didáticos, as chamaremos de “forma especial”:

193
Os verbos 「なさる」, 「いらっしゃる」, 「おっしゃる」, 「下さる」 e 「ござ
る」 (que abordaremos logo em seguida) seguem o padrão de conjugação do
Grupo I, entretanto, sofrem uma mudança em suas bases Ren’youkei e Meireikei.
Vamos observar as bases de 「なさる」, que servirá de modelo para os outros
verbos em questão:

Veja que, em vez da terminação 「る」 se tornar 「り」 e 「れ」, respectiva-


mente como esperado se seguirmos o padrão de conjugação do Grupo I, ele se
torna simplesmente 「い」. Assim, se quisermos anexar 「ます」 teremos:

Vejamos alguns exemplos de orações na forma honorífica:

もう召し上がりましたか。= (Você) já comeu?

どちらからいらっしゃいましたか。= De onde (você) veio?

今日は、どちらへいらっしゃいますか。= Aonde (você) vai hoje?

Agora, os exemplos a seguir se referem a ações feitas pelo falante e, por isso, usam
a forma humilde:

私はたもつと申します。= Falando de mim, sou chamado de Tamotsu.

失礼致します。= Com licença.

Além deste conjunto de expressões, existem também algumas palavras que têm
homólogos mais polidos. Provavelmente, o mais importante seja a versão mais
polida de 「ある」, que é 「ござる」. Este verbo pode ser usado tanto para ob-
jetos inanimados e animados. Não é nem uma forma honorífica ou humilde, mas
é um passo acima de 「ある」 no quesito polidez. Porém, se você não quiser soar

194
como um samurai, 「ござる」 é sempre usado na forma polida 「ございます
」:

お手洗いはこのビルの二階にあります。= O banheiro é no segundo andar deste


prédio.

お手洗いはこのビルの二階にございます。= O banheiro é no segundo andar


deste prédio.

Por extensão, a versão mais polida de 「です」 é 「でございます」, que é es-


sencialmente a forma polida de 「でござる」 que vem de 「である」 que sig-
nifica literalmente "existir como":

こちらは、私の部屋です。= Aqui é meu quarto.

こちらは、私の部屋でございます。= Aqui é meu quarto.

Também, é possível usar 「でいらっしゃいます」 como forma honorifica da có-


pula:

社長、こちらは藤原常務でいらっしゃいます。= Presidente, este é o diretor Fu-


jiwara.

Em japonês, há uma prática de fixação de um prefixo honorífico a certos substan-


tivos (não todos) para mostrar polidez. Este processo é chamado “embeleza-
mento de palavras” e o prefixo em questão é 「御」, que pode ser lido 「お」
, 「ご」 ou 「み」. De modo geral, é lido 「お」 quando sucedido de palavras
nativas e 「ご」, quando serve de prefixo para palavras de origem chinesa. Já a
leitura 「み」 é usada com palavras em geral para dar um sentido religioso ou
de grande importância. Vejamos alguns exemplos:

Para todos os outros verbos, sem forma especial, existem regras de conjugação
para mudá-los para formas honorífica e humilde. Ambos envolvem uma prática
comum de fixar o prefixo honorífico 「御」.

A. FORMA HONORÍFICA: se um verbo não possui forma especial, sua forma


honorífica pode ser construída de duas formas diferentes. Para auxilia-lo, você
pode pensar assim: já que vamos anexar o prefixo 「御」, e ele é anexado aos
substantivos, então, qual a base dos verbos que pode ser usada como

195
substantivo? Exato, a Base Ren’youkei. Depois, é só usarmos o verbo 「なる」 ou
「です」.

Sendo assim, os dois padrões são:

I. お + Base Ren’youkei + に + なる: esta construção faz sentido se você pensar


nela como uma pessoa se tornando o estado honorífico de um verbo. Observe o
exemplo:

先生はお見えになりますか。= (Você) vê o professor?

II. お + Base Ren’youkei + です. Observe os exemplos:

もうお帰りですか。= (Você) já vai retornar à casa?

店内でお召し上がりですか。= (Você) fará a refeição aqui dentro?

Estas regras não se aplicam aos verbos 「する」. Para eles, basta substituir 「す
る」 por 「なさる」 = 勉強する → 勉強なさる.

Funcionários que fazem atendimento geralmente tentam ser extremamente edu-


cados e usam um tipo de “estilo formal dobrado” (neste exemplo, uma forma
honorífica de um verbo honorífico 「召し上がる」). Se isso é necessário ou gra-
maticalmente correto é outra história.

Você também pode usar 「下さい」 com um verbo honorífico, substituindo 「


になる」 por 「ください」. Isso é útil quando você quer pedir que alguém faça
algo, ainda usando um verbo honorífico:

少々お待ちください。= Por favor, espere um pouco.

De forma semelhante, com 「ご覧になる」, simplesmente substituímos 「にな


る」 por 「ください」:

こちらにご覧下さい。= Por favor, olhe nesta direção.

Isso funciona para outros substantivos também. Por exemplo, ao entrar em um


trem...

閉まるドアにご注意下さい。= Por favor, cuidado com as portas que se fecham.

B. FORMA MODESTA (OU HUMILDE): ela é formada de maneira parecida à


forma honorífica. Porém, em vez de usarmos o verbo 「なる」 ou 「です」, ane-
xaremos 「 する」 ou 「いたす」 , para ser mais formal, diretamente à Base
Ren’youkei. Assim, temos:

FORMA MODESTA = お + Base Ren’youkei + する ou いたす

196
Vejamos alguns exemplos:

私はあなたをお守りします。= Eu protegerei você.

私はあなたをお守りいたします。= Eu protegerei você.

Note, porém, que usar 「いたす」 é um caso de “estilo formal dobrado” e alguns
japoneses podem dizer que isso não faz sentido.

Esta regra não se aplica aos verbos 「する」. Para eles, basta substituir 「する
」 por 「いたす」 = 勉強する → 勉強いたす.

Há também uma forma de criar versões formais dos Adjetivos-I usando 「ござ
います」. Esse recurso é considerado arcaico, mas você ainda poderá se deparar
com essas construções na literatura, e o livro não precisa ser tão antigo assim.
Também, algumas expressões fixas usadas atualmente originam-se desse padrão
(e com certeza, ao terminar de ler este tópico, você vai se lembrar!).

Para criar formas formais dos Adjetivos-I, basta considerar que 「ございます」
é um verbo, então, necessitaremos da forma adverbial do referido Adjetivos-I:

Colocamos o (?), pois nestes casos devemos considerar também que quando os
Adjetivos-I são combinados com verbos clássicos como 「ござる」 e 「いでる」
, deve-se fazer uma mudança sonora na forma adverbial, algo comum no Japonês
Clássico:

Sendo assim, 「うれしう」 torna-se 「うれしゅう」, e 「たかう」 transforma-


se em 「たこう」.

Consideradas essas mudanças sonoras, agora sim podemos combiná-los com 「


ございます」:

197
Importante lembrar que os Adjetivos-I cuja forma adverbial depois dessa mu-
dança sonora fique com a terminação 「う」 precedido de algum fonema da co-
luna U ou da coluna O, esta deve ser mantida. Por exemplo, 「悪い」(わるい) e
「面白い」(おもしろい), ficarão assim:

Como mencionamos no início deste tópico, as construções apresentadas soam ar-


caicas. Atualmente, se costuma usar 「です」 após o Adjetivos-I apenas, ou
ainda, anexar o prefixo honorífico 「お」 aos Adjetivos-I em questão, seguindo-
o de 「です」:

忙しいです。 = (Ele) está ocupado.

お忙しいです。 = (Ele) está ocupado.

198
12. VERBOS SUPLEMENTARES
No tópico em que estudamos as classes de palavras, mencionamos que as pala-
vras podem ser independentes ou dependentes. As palavras independentes po-
dem ser entendidas por si mesmas (têm sentido próprio), ao passo que as de-
pendentes necessitam de um contexto para serem compreendidas. Dentre essas
palavras dependentes estão os verbos auxiliares. Não confunda, contudo, verbo
auxiliar com verbo suplementar, que são verbos em si, mas que podem ser ane-
xados a outros para ampliar o significado do verbo a que são anexados. Por
exemplo, o verbo 「だす」(出す), que significa “tirar”, ao ser anexado a outro
verbo (no caso, à base Ren’youkei), transmite o significado de “começar a...” (「
食べだす」= começar a comer).

Outra diferença é que os verbos suplementares, por serem verbos em si, são ane-
xados somente à Base Ren’youkei (ou alguns à “Forma TE”, que se origina de
uma Base Ren’youkei), ao passo que um verbo auxiliar não tem essa restrição.

Observe o quadro abaixo:

Veja que na terceira coluna indicamos que alguns verbos auxiliares seguem o
padrão de conjugação dos Adjetivos-I.

Feitas essas observações, comecemos nossa abordagem com dois verbos suple-
mentares muito importantes. Trata-se dos verbos 「ある」e「いる」, que como
verbos em si significam “existir”, sendo que 「ある」é usado para coisas inani-
madas e 「いる」, para coisas animadas. Como verbos suplementares, são ane-
xados à Forma TE. Observe:

書く → 書いて → 書いてある

書く → 書いて → 書いている

A diferença está no fato de que com 「ある」 se indica o resultado de uma ação
finalizada, isto é, alguém escreveu e está escrito. Já com 「いる」, se indica que
a ação de escrever está em progresso. Veja os exemplos abaixo:

手紙を書いている。= (Eu) estou escrevendo a carta.

手紙が書いてある。= A carta está escrita.

199
Importante dizer que a ideia de ação em progresso tem uma ambiguidade Por
exemplo, embora 「結婚している」 tecnicamente possa significar que alguém
está em uma capela se casando AGORA, é geralmente usado para se referir a
alguém que já é casado e está nesse estado conjugal (hábito, situação constante).
Isso geralmente é clarificado pelo contexto e práticas comuns.

Outro ponto é que 「てある」 indica o resultado de uma ação somente quando
é usado com verbos transitivos. Se quisermos expressar o mesmo usando verbos
intransitivos, podemos usar 「ている」. Compare:

窓が開けてある。 = A janela está aberta. (por que alguém (ou algo) a abriu)

窓が開いている。 = A janela está aberta. (sem agente ou razão implícita)

E como diferenciar? Como sempre, o contexto será nosso maior aliado, junta-
mente com conhecimento gramatical. Por exemplo, se você se deparar com 「開
けてある」, deve considerar um estado resultante, já que 「開ける」 é um verbo
transitivo. Agora, se você se deparar com 「開いている」, já que 「開く」 é in-
transitivo, 「開いている」 pode tanto significar um estado resultante, como um
estado duradouro, progressivo dependendo do contexto. E mais: 「開けている
」 pode somente significar um estado duradouro. Afinal, ele é transitivo e um
estado resultante para esse tipo de verbo só pode ser indicado com 「てある」.

Para clarificar as coisas, observe o quadro abaixo:

NOTA: essa regra não se aplica ao verbo irregular 「する」.

É natural assumir que as ações 「行っている」 e 「来ている」 signifiquem


“indo” e “vindo”, respectivamente. Mas, infelizmente, este não é o caso.
Quando 「いる」 está acompanhando a forma TE de verbos de movimento, tem
um sentido de uma sequência de ações, função básica da partícula 「て」, que
vimos em um dos tópicos passados. Sendo assim, o sujeito completou o movi-
mento, e agora existe nesse estado (lembre-se que 「いる」 é o verbo da existên-
cia de objetos animados). Pode ajudar a pensar nele como duas ações distintas e
sucessivas: 「行って」 、e então 「いる」. Observe os exemplos:

もう、家に帰っている。= (Ele) já está em casa (foi para casa e está lá agora).

200
Mas, e se quiséssemos expressar que alguém está vindo ou indo?

Temos uma boa notícia, pois é possível sim expressar “indo” e “vindo”, através
de uma, digamos, “gambiarra” gramatical ou ajuda do contexto. Por exemplo,
poderíamos usar algum elemento que tenha um significado de “em progresso
de” ou coisas do tipo e que funcione (sintaticamente) como um substantivo.
Assim seria possível modifica-lo com os verbos 「行く」 e 「来る」. Um desses
elementos possíveis é 「とちゅう」(途中), que significa “em meio a”, “no cami-
nho de”, “metade do caminho” e é classificado como substantivo:

友達は来る途中。= (Meu) amigo está vindo (Lit. Falando de (meu) amigo, é me-
tade do caminho (do ato) de vir).

Ou até mesmo usar um verbo na forma infinitiva e entender o sentido de ação


em progresso pelo contexto:

友達は来る。= (Meu) amigo está vindo (entendido pelo contexto).

Outra possibilidade seria usar algum advérbio que pudesse dar a possibilidade
de a oração ser entendida – pelo contexto - como uma ação em progresso, como
「いま」:

友達はいま来る。= (Meu) amigo está vindo (Lit. Falando de meu amigo, (ele)
vem agora).

Como vimos no quadro, com verbos transitivos, 「ている」 expressa uma ação
em progresso. Já com os intransitivos, pode haver ambiguidade, pois pode indi-
car tanto um estado resultante como também um sentido de ação em progresso.

Há ainda uma questão importante e polêmica que costuma gerar confusão entre
os estudantes. Segundo alguns gramáticos, há um grupo de verbos (em sua mai-
oria intransitivos) que podemos chamar de “verbos pontuais”, cuja principal ca-
racterística é não ter duração, isto é, um verbo pontual ocorre em um único ins-
tante, fato que representa uma transição de um estado antigo para um novo es-
tado resultante. Para melhor ilustrar, observe a figura abaixo:

201
A luz se acende no ponto "A", e, em seguida, apaga-se no ponto "B". O processo
de a luz se acender não leva tempo, é instantâneo. Veja como o fato de a luz se
acender no ponto “A” representa uma transição de um estado antigo (luz apa-
gada) para um novo estado resultante (luz acessa).

Sendo assim, 「ついている」, não poderia ser interpretado de maneira progres-


siva, como “está acendendo”, mas somente como “acendeu e está nesse estado”
(estado resultante). Em outras palavras, “está acessa”.

Você pode pensar: “Ok, mas isso não exclui a possibilidade de, por exemplo, a
luz se acender vagarosamente por estar com defeito. Se alguém visse essa cena,
diria “A luz está se acendendo”. E aí?”

Neste caso, para expressar o fato de “estar se acendendo”, poderíamos agir da


mesma forma que fazemos com os verbos 「行く」 e 「来る」, ou seja, uma op-
ção seria usar algum elemento que tenha um significado de “em progresso de”
ou coisas do tipo e que funcione (sintaticamente) como um substantivo para
que ele seja modificado por este verbo:

電気は点く途中。= A luz está se acendendo (lit. Falando da luz, é metade do


caminho (do ato) de se acender).

Ou até mesmo usar o verbo na forma infinitiva e entender o sentido de ação em


progresso pelo contexto:

電気が点く。= A luz está se acendendo. (entendido pelo contexto)

Outra possibilidade seria usar algum advérbio que pudesse dar a possibilidade
de a oração ser entendida – pelo contexto - como uma ação em progresso, como
「いま」:

電気がいま点く。= A luz está se acendendo agora (Lit. A luz é o que se acende


agora).

202
Note que, mesmo em português, seria possível entender uma ação em progresso
sem usar o gerúndio. A última oração é um exemplo disso.

Por falar em 「行く」 e 「来る」, eles também servem de verbos suplementares,


sendo anexados à Forma TE. Eles indicam que uma ação é orientada em direção
ou originada de algum lugar. O exemplo mais comum e útil desta utilização é o
verbo 「もつ」 (持つ) (ter posse de). Enquanto 「持っている」 significa “estar
em estado de possuir algo”, quando 「いる」 é substituído por 「いく」 ou 「
くる」, significa que você está levando ou trazendo alguma coisa. Naturalmente,
a conjugação é a mesma que os verbos independentes 「行く」 e 「来る」. Ob-
serve os exemplos:

鉛筆を持っている?= (Você) tem um lápis?

鉛筆を学校へ持っていく?= (Você) está levando um lápis para a escola?

鉛筆を家に持ってくる?= (Você) está trazendo um lápis de casa?

Para os exemplos acima, pode fazer mais sentido considera-los como uma se-
quência de ações: “ter em posse e ir”, ou “ter em posse e vir”. Aqui estão mais
alguns exemplos:

あきらは、早く帰ってきた。= Akira voltou para casa cedo.

駅の方へ走っていった。= Foi correndo na direção da estação.

Os verbos de movimento também podem ser usados para expressões de tempo,


isto é, para avançar ou vir até o presente. Neste caso, dá um sentido de “vir fa-
zendo algo” e de “estará fazendo algo”:

日本の歴史を勉強してくる。= (Eu) estudo a História do Japão (até o presente).

一生懸命、頑張っていく!= (Eu) Vou tentar o meu melhor (para o futuro) com


todas as minhas forças!

No japonês casual, 「~ていく」 é por vezes abreviado como 「~てく」:

一生懸命、頑張ってく!= (Eu) Vou tentar o meu melhor (para o futuro) com to-
das as minhas forças!

Enquanto 「ある」 como verbo suplementar traz um nuance de uma ação com-
pleta, em preparação para outra coisa, 「おく」 deixa claro que a ação é feita (ou
vai ser feita) com o futuro em mente. Imagine isto: você fez uma torta deliciosa
e vai coloca-la no parapeito da janela para esfriar para que possa comê-la mais
tarde. Esta imagem pode ajudar a explicar porque o verbo 「おく」 (置く), que
significa "deixar (em algum lugar)", pode ser usado para descrever

203
uma preparação para o futuro. Enquanto 「置く」 por si é escrito em Kanji, é
costume usar Hiragana quando exerce a função de verbo suplementar:

晩ご飯を作っておく。= (Eu) farei o jantar (com vistas ao futuro).

電池を買っておく。= (Eu) comprarei baterias (com vistas para o futuro)

Também, note que, por extensão, essa construção pode transmitir uma forte in-
tenção, pois o falante julga que a existência de uma ação [X] concluída (situação
atual corrente) será boa para o futuro:

わたしが払っておく。= Eu (certamente) vou pagar (e deixando essa ação reali-


zada espero algo de bom no futuro).

Outro sentido que 「ておく」 pode ter é o que chamaremos de “literal”, isto
é, deixar as coisas como estão:

窓を開けておく。= Deixar a janela aberta (abri-la e deixá-la assim, neste estado).

No japonês casual, 「ておく」 é por vezes abreviado como 「~とく」 por con-
veniência:

晩ご飯を作っとく。= (Eu) farei o jantar (com vistas ao futuro).

電池を買っとく。= (Eu) comprarei baterias (com vistas para o futuro).

O verbo 「しまう」(仕舞う) significa “finalizar” e indica que uma ação é reali-


zada com determinação e completamente terminada:

部屋を掃除してしまった。= Eu acabei (completamente) de limpar o meu quarto.

Perceba que em português, ao se dizer, por exemplo, “Eu acabei comendo o


bolo”, a presença do verbo “acabar” pode indicar certa insatisfação (não era para
eu comer, mas comi). Em japonês, 「しまう」pode transmitir esse sentido tam-
bém, ou seja, indicar que uma ação é realizada ou acontece sem ter sido preten-
dida:

そのケーキを全部食べてしまった。= Opa, (eu) acabei comendo todo esse bolo


(sem intenção).

Este uso de 「しまう」 é bom para usar quando se quer pedir desculpas, já que
indica que você não queria que algo acontecesse da forma que foi:

ごめん、そのケーキを全部食べてしまって!= Desculpe por (sem intenção) co-


mer todo esse bolo!

204
Vamos ver agora alguns verbos suplementares que são conectados à Base
Ren’youkei. Algumas dessas construções são relativamente fáceis de entender e
podem ser usadas com bastante liberdade, como é o caso dos verbos suplemen-
tares 「はじめる」 (始める), “começar a” e 「おわる」 (終る), “terminar de” e
「つづける」 (続ける), “continuar a”:

赤ちゃんは昨日歩き始めた。= O bebê começou a andar ontem.

寿司を食べ終った。= (Eu) terminei de comer o sushi.

ひろしは十時まではたらきつづけた。= Hiroshi continuou trabalhando até às


10:00.

Outro verbo suplementar comum é 「すぎる」 (過ぎる), que dentre os significa-


dos possui “exceder” e é esse significado que deve ser considerado quando
exerce a função de verbo suplementar:

飲みすぎないで。= Não beba demais.

みどりはいつも喋りすぎる。= Midori sempre conversa demais.

O verbo suplementar 「過ぎる」 é muitas vezes abreviado para 「すぎ」, mas


cuidado por que isso não pode ser feito indiscriminadamente com todos os ver-
bos:

みどりは喋りすぎ。= Midori conversa demais.

Este verbo suplementar pode ser anexado aos Adjetivos-I também. Entretanto, a
regra de anexação é diferente, devendo-se adicioná-lo à parte invariável (retirar
a terminação 「い」). Assim, temos:

高い → 高 → 高すぎる

おいしい → おいし → おいしすぎる

Com isso, aprenderemos a anexar 「過ぎる」 à forma negativa, já que 「ない」 (


無い) trata-se na verdade de um Adjetivo-I. Neste caso, somente, duas formas
são possíveis:

I. Forma Tradicional: retira-se a terminação 「い」 e depois se adiciona 「過ぎ


る」:

喋る → 喋らない → 喋らな → 喋らなすぎる

II. Forma Padrão: substitui-se o 「い」 de 「ない」 por 「さ」 antes de acres-
centarmos 「過ぎる」 à forma negativa. Assim, temos:

205
喋る → 喋らない → 喋らなさ → 喋らなさすぎる

A forma tradicional originou-se no Período Meiji (1868 - 1912), enquanto a forma


padrão surgiu no Período Shouwa (1926 - 1989), sendo, portanto, mais recente e
consequentemente a mais popular. As duas formas são toleradas, embora ainda
haja discordância entre os linguísticos. Atente-se ao fato de que os Adjetivos-I
que possuem o mesmo 「無い」 que usamos para a forma negativa como parte
integrante na sua formação (e somente eles), podem ser usados na forma pa-
drão:

勿体無い → 勿体無さ → 勿体無さすぎる

情け無い → 情け無さ → 情けさすぎる

Já para os Adjetivos-I que possuem a terminação 「ない」, mas que não se trata
de 「無い」, a única forma possível é a que serve para os demais Adjetivos-I:

危ない → 危な → 危なすぎる

少ない→ 少な → 少なすぎる

Outro verbo suplementar comum é 「治す」, que significa “curar”, “consertar”.


Quando ele é usado como suplementar significa fazer algo de novo, porque a
primeira vez foi feito com descuido ou de forma insatisfatória:

これが読めないから書きなおしてくれる? = (Eu) não consigo ler isto, por isso,


reescreva, por favor?

やりなおし。= Faça novamente.

O próximo verbo suplementar que entrará em campo é 「付ける」, que significa


“anexar”, e, quando usado como verbo suplementar, tem o sentido de “estar
acostumado a fazer [X]”:

毎日学校に行きつける。= (Eu) estou acostumado a ir à escola todos os dias.

Pode-se usar o verbo 「合う」, que significa “unir” como suplementar para in-
dicar uma ação mútua. Vejamos:

助け合うことは大切である。= O ato de ajudar mutuamente é importante.

206
13. VERBOS AUXILIARES
Passemos agora para os “verbos auxiliares”. Nos tópicos anteriores nos já nos
deparamos com alguns deles como 「ます」. Neste tópico veremos os mais im-
portantes. São eles:

1. れる e られる;

2. せる e させる;

3. たい, らしい e べき.

Comecemos com 「れる」 e 「られる」 que são anexados à Base Mizenkei dos
verbos. Como regra geral, quando a Base Mizenkei terminar em “A”, deve-se
usar 「れる」, caso contrário, 「られる」. Vamos ver a aplicação prática da re-
gra:

Com relação ao verbo irregular 「する」, deve-se considerar a base “arranjada”


「さ」. Consequentemente, anexaremos 「れる」:

Com 「れる」 e 「られる」 podemos basicamente expressar que existe a possi-


bilidade de se fazer uma ação. Em português normalmente se usa uma locução
verbal como “pode fazer X”, ou “ser capaz de X”, e em japonês basta anexar 「
れる」 ou 「られる」 ao verbo. Observe:

漢字は書かれる?= Falando de Kanji, (você) é capaz de escrever?

寿司は食べられる。= Falando de sushi, (eu) posso comer.

「れる」 e 「られる」 são conjugados no do Grupo III, então, basta aplicar as


regras já conhecidas para obtermos outras formas:

漢字は書かれた?= Falando de Kanji, (você) foi capaz de escrever?

寿司は食べられない。= Falando de sushi, (eu) não posso comer.

207
A forma potencial do verbo 「する」 (significando “fazer”) é uma das exceções
à regra e não é 「される」, mas sim 「できる」(出来る):

日本語は勉強できる。= Falando da língua japonesa, (eu) posso estudar.

Percebeu que para os verbos do Grupo I, como todas as bases Mizenkei terminam
na coluna do A, devemos anexar 「れる」? Observe:

漢字は書かれる?= Falando de Kanji, (você) é capaz de escrever?

日本語は話される。= Falando da língua japonesa, (eu) posso falar.

Contudo, o processo de anexação de 「れる」 aos verbos do Grupo I para se ob-


ter a forma potencial (e somente neste caso), tornou-se arcaica, embora seja con-
siderada formal. Atualmente, usa-se o verbo suplementar 「える」 (得る) para a
base Ren’youkei do verbo em questão. Esta versão é chamada de “forma poten-
cial curta”. Note que quando ocorre a junção dos verbos, algumas mudanças so-
noras ocorrem e estas se tornaram padrão:

Observe os exemplos:

漢字は書ける?= Falando de Kanji, (você) é capaz de escrever?

日本語は話せる。= Falando da língua japonesa, (eu) posso falar.

Já que citamos a forma potencial curta para os verbos do Grupo I, é oportuno


mencionar que existe a forma curta para os verbos dos Grupo II e Grupo III, que
vem sendo usada pelos jovens. Para tanto, basta retirar o fonema 「ら」 de 「ら
れる」:

寿司は食べられる。→ 寿司は食べれる。= Falando de sushi, (eu) posso comer.

Entretanto, ao contrário da forma curta para os verbos do Grupo I, esta forma


para os verbos dos Grupo II e Grupo III é considerada gíria. Portanto, não a use
de modo desenfreado.

Com o acréscimo dos verbos 「れる」, 「られる」 ou 「える」 para construir a


forma potencial, a composição torna-se um verbo intransitivo. Isso nos levaria
a imaginar que não seja possível usar a partícula 「を」, mas esse não é o caso.
Embora o uso de 「を」 não seja o padrão, tal prática vem se tornando aceitável

208
na língua moderna. Há discussão com relação a diferença entre os dois usos, mas
no geral, com o uso da partícula 「が」 se enfatiza o objeto do verbo, enquanto
que com a partícula 「を」 se destaca a ação inteira. Observe:

たもつは日本語が話せる。= Falando de Tamotsu, (ele) sabe falar japonês (em


oposição a algum outro idioma).

たもつは日本語を話せる。= Falando de Tamotsu, (ele) sabe falar japonês (em


oposição a alguma outra ação).

Vamos nos atentar agora ao verbo 「ある」. Você pode dizer que algo tem a pos-
sibilidade de existir, combinando 「ある」 e 「得る」 (sem contraí-los) para
produzir 「あり得る」. Esta composição verbal pode ser lida tanto 「ありうる
」 como 「ありえる」 no infinitivo. Em outras formas como 「ありえない」,
「ありえた」 e 「ありえなかった」, deve-se considerar a pronúncia com 「え」
:

彼が寝坊したこともありうる。= É também possível que ele dormiu demais (Lit.


O fato em que ele dormiu demais também possivelmente exista).

それは、 ありえない 話だ。 = Quanto a isto, é uma história impossível (Lit.


Quanto a isto, é uma história que não há possibilidade de existir).

Há também dois verbos 「見える」 e 「聞こえる」 que significam que algo é


visível e audível, respectivamente. Quando quiser dizer que você pode ver ou
ouvir alguma coisa, use esses verbos. Se, no entanto, você quiser dizer que lhe foi
dada a oportunidade de ver ou ouvir alguma coisa, você deve usar a forma po-
tencial regular:

富士山が見える。= O Monte Fuji é visível.

映画はただで見られた。= Eu pude ver o filme de graça.

久しぶりに彼の声が聞けた。= Eu fui capaz de ouvir a voz dele pela primeira


vez em muito tempo.

彼が言っていることがあんまり聞こえなかった。= Eu não pude ouvir muito


bem o que ele estava dizendo.

Há ainda a possibilidade de se nominalizar uma oração e dizer que tal ato ou fato
é possível, usando 「できる」:

映画をただで見るのができた。= Eu pude ver o filme de graça.

映画をただで見ることができた。= Eu pude ver o filme de graça.

209
Você já deve ter ouvido falar sobre “voz passiva”, mas vamos relembrar: na lín-
gua portuguesa há duas vozes verbais principais: a voz ativa e voz passiva. A
diferença principal é que na voz passiva, o sujeito é o paciente da ação verbal em
vez de agente. Observe o exemplo em português:

Makoto comeu o sushi. (voz ativa)

O sushi foi comido por Makoto. (voz passiva)

Na segunda oração, observe como o sujeito da voz passiva tem o mesmo papel
em relação ao verbo principal que o objeto da voz ativa, ou seja, “o sushi” é o
objeto na voz ativa e passa a ser o sujeito na voz passiva e “Makoto”, o agente da
passiva.

Agora, indo para a língua japonesa, a voz passiva é formada pela anexação de 「
れる」 e 「られる」, e os conceitos expostos nos ajudarão a entender seu funci-
onamento, já que funciona praticamente da mesma forma que o português, ex-
ceto pelo fato de existirem dois tipos de voz passiva: a passiva simples e a passiva
adversativa:

I. Passiva simples: funciona da mesma forma que na língua portuguesa e é fre-


quentemente utilizada em artigos:

まことが寿司を食べた。= Makoto comeu o sushi. (voz ativa)

すしがまことに食べられた。= O sushi foi comido por Makoto. (voz passiva)

O agente da passiva (Makoto) sempre será marcado pela partícula 「に」. Na


voz passiva direta, o sujeito ou tópico (no caso “o sushi”, marcado pela partí-
cula 「が」) sofre a ação diretamente (foi comido). Evidentemente, não é neces-
sário que sempre haja explicitamente um agente da passiva:

すしが食べられた。= O sushi foi comido.

II. Passiva adversativa: este tipo de passiva não existe em português e de início
pode ser de difícil compreensão. Neste tipo de passiva, o sujeito não é objeto e
nem agente, mas é afetado indiretamente pela ação. Em japonês, esse tipo de
passiva traz uma conotação negativa, indicando que a pessoa foi prejudicada de
alguma forma pela ação. Observe os exemplos:

私は姉にケーキを食べられた。= Quanto a mim, o bolo foi comido por minha


irmã (e isso me prejudicou).

Note que o verbo não afeta diretamente o sujeito, ou seja, a irmã não comeu a
pessoa, e sim o bolo. A passiva adversativa dá o sentido que a pessoa considera
determinado ato uma adversidade, ou seja, algo que a prejudica. Observe o pró-
ximo exemplo:

210
私は雨に降られた。= Quanto a mim, choveu.

A tradução direta para o português não faz muito sentido. A frase poderia ser
escrita na voz ativa em japonês, mas na voz passiva ela traz o sentido que essa
chuva foi um incômodo de alguma forma, uma adversidade.

Passemos agora para 「せる」 e 「させる」 que também são anexados à Base
Mizenkei dos verbos e conjugados no padrão do Grupo III. Como regra geral,
quando a Base Mizenkei terminar em “A”, deve-se usar 「せる」, caso contrá-
rio, 「させる」. Vamos ver a aplicação prática da regra:

Aqui também, com relação ao verbo irregular 「する」, deve-se considerar a base
“arranjada” 「さ」. Consequentemente, anexaremos 「せる」:

Os verbos auxiliares 「 せ る 」 e 「 さ せ る 」 são usados para a formação


da forma causativa, que é utilizada para indicar uma ação que alguém faz acon-
tecer. Em outras palavras, esta forma expressa que "alguém faz alguém fazer
algo" ou "alguém deixa alguém fazer algo". Observe os exemplos:

全部食べさせた。= Fez / deixou (alguém) comer tudo.

全部読ませた。= Fez / deixou (alguém) ler tudo.

Quanto às partículas que devem ser usadas, com verbos intransitivos, a pessoa
induzida ou obrigada a fazer a ação é indicada com a partícula 「を」:

子供を学校へ行かせました。= Deixei / fiz meu filho ir à escola.

Segundo gramáticos, existe a possibilidade de se usar 「に」 para se marcar a


pessoa induzida. Esta mudança daria um sentido mais ameno à sentença, isto é,
com 「を」 há um sentido coercitivo, ao passo que com 「に」, um sentido de
permissão. Considerando esta possível sutil diferença, vejamos:

(1) 子供を学校へ行かせました。= Fiz meu filho ir à escola. (coerção)

211
(2) 子供に学校へ行かせました。= Deixei meu filho ir à escola. (permissão)

Com verbos transitivos, a pessoa induzida ou obrigada a praticar a ação é indi-


cada com 「に」, e o objeto da ação com 「を」:

先生が学生に宿題をたくさんさせた。= O professor fez os estudantes fazerem


muita lição de casa.

A forma causativo-passiva é simplesmente a combinação das conjugações causa-


tiva e passiva e expressa que a ação de fazer alguém fazer algo foi feita para essa
pessoa. Isso efetivamente se traduz por "[alguém] é feito a fazer [algo]". A coisa
importante a lembrar é da ordem de conjugação, isto é, o verbo é primeiro con-
jugado na causativa depois na passiva; nunca o contrário.

FORMA CAUSATIVO-PASSIVA (REGRA GERAL)

{Base Mizenkei do Verbo} + {Base Mizenkei de 「せる」/「させる」} + {「られ


る」}

Vejamos a regra na prática:

Note que, embora a forma final seja longa, sua formação não é nenhum segredo
se você tem acompanhado as lições. Vejamos alguns exemplos:

あいつに二時間も待たせられた。= Eu fui feito esperar 2 horas por aquele rapaz.

親に毎日宿題をさせられる。= Eu sou feito pelos meus pais a fazer a lição de


casa todos os dias.

Como a construção se trata da forma passiva da causativa, o agente da passiva


sempre será marcado pela partícula 「に」.

Os últimos auxiliares que abordaremos são 「たい」, 「らしい」 e 「べき」, não


por que transmitem o mesmo significa, mas sim por que são conjugados de
forma especial. Iniciemos vendo as suas respectivas bases clássicas:

212
I. BASES CLÁSSICAS DE 「たい」 (conjuga como um Adjetivo-I):

II. BASES CLÁSSICAS DE 「らしい」 (conjuga de forma especial):

III. BASES CLÁSSICAS DE 「べき」 (conjuga originalmente como um Adje-


tivo-I. No Japonês Moderno é tratado como um substantivo):

Você pode expressar ações que você deseja fazer usando o verbo auxiliar 「た
い」. Tudo que você precisa fazer é adicionar 「たい」 à base Ren’youkei do
verbo. Veja o quadro abaixo:

Vejamos alguns exemplos:

学校に行きたい。= Eu quero ir à escola.

ビールを飲みたくない。= Não quero beber cerveja.

213
Um ponto interessante está entre o uso da partícula 「 を 」 e a partí-
cula 「が」 para marcar o objeto dos verbos transitivos quando anexados a 「た
い」. Na verdade, 「たい」, assim como o auxiliar de negação 「ない」, funci-
ona apenas como um auxiliar, acrescentando um significado ao verbo e não mo-
dificando sua natureza para Adjetivo-I Note que se esses verbos auxiliares que
são conjugados como um Adjetivo-I transformassem verbos em adjetivos, por
lógica, para dizer, por exemplo, “Não bebo cerveja”, deveríamos dizer 「ビール
が飲まない」. Contudo, talvez você consiga perceber que esta oração está incor-
reta e significa na verdade “A cerveja não bebe.”, algo totalmente diferente.

Originalmente, o auxiliar 「たい」 era usado com a partícula 「を」, e a opção


de se usar 「が」 parece ter se estabelecido na língua coloquial antes mesmo do
Período Edo (1603-1868). Sendo assim, poderíamos dizer que o uso de 「が
」 nesses casos é mais comum e vem se tornando aceitável (para não dizer pa-
drão) na língua moderna. Há discussão com relação a diferença entre os dois
usos, mas no geral, com uso da partícula 「が」 se enfatiza o objeto desejado,
enquanto que com a partícula 「を」 se destaca a ação inteira. Observe:

薬が飲みたい。= Quero tomar o remédio

Veja que usamos a partícula 「が」 para identificar o que se deseja. Indica que o
falante tem um desejo grande de tomar o remédio, talvez por que esteja doente.
Comparemos:

薬を飲みたい。= Quero tomar o remédio

Nesta sentença, o falante está apenas afirmando que quer tomar o remédio sem
enfatizar nada.

O auxiliar 「たい」 é usado quando se deseja expressar os seus próprios desejos


somente. Para se referir a desejos de outras pessoas, podemos usar o sufixo 「が
る」 (segue o padrão de conjugação do Grupo I), que transmite ideia de “há in-
dícios de”, no lugar da terminação 「い」. Compare:

寿司を食べたい。= Eu quero comer sushi.

ひろしは寿司を食べたがる。= Hiroshi (dá sinais de que) quer comer sushi.

「らしい」 pode ser anexado diretamente aos substantivos, adjetivos ou ver-


bos e, em termos de conjugação, funciona como um Adjetivo-I. Ele é usado para
mostrar que as coisas aparentam ser de algum jeito devido às informações que o
falante tem. Em outras palavras, com 「らしい」, o falante indica que que faz
uma suposição fundamentada nas coisas que ele soube sobre o assunto, ao
mesmo tempo que demonstra que não tem certeza daquilo que está afir-
mando. Veja:

214
AKIRA:今日、ひろしはこないの? = Hiroshi não virá hoje?

MAKOTO:こないらしい。 = Parece que não virá.

Neste diálogo, Makoto diz a Akira que Hiroshi não virá, porque deve ter rece-
bido alguma informação a respeito. Ao usar 「らしい」, Makoto indica que sua
afirmação está fundamentada em algo que ele soube previamente, entre-
tanto, ele não quer dar 100% de certeza, transformando-a, assim, em especulação
sua. Seria como ele dissesse: “Bem, Hiroshi não virá (pois há informações que
recebi a respeito e que me levam a crer nisso), mas não posso garantir”.

Outro modo de usar 「らしい」 é para indicar que uma pessoa aparenta ser certa
coisa devido ao seu comportamento:

あの子は子供らしくない。 = Esta criança não age como uma criança.

「べき 」 é anexado à base Shuushikei para descrever algo que deve ser feito.

NOTA: com relação ao verbo 「する」, a versão clássica 「すべき」 é mais co-
mum e formal. Já 「するべき」 pode ser usado na língua cotidiana, mas é bem
menos frequente e considerado coloquialismo.

Costuma-se atribuir a 「べき」 o significado de "deveria", no entanto, é preciso


perceber que ele não pode ser usado para fazer sugestões, como em frases como:
"Você deveria ir ao médico." Ao usar 「 べ き 」 , a frase soa mais como
"Você deve ir ao médico." Sendo assim, 「べき」 tem um tom muito mais forte e
é normalmente definido como um auxiliar que indica um tom de obrigação –
geralmente moral ou social.

Alguns podem confundir 「べき」 com 「はず」, mas há diferença. Ao contrário


de 「はず」, o auxiliar 「べき」 não transmite uma expectativa de que algo
aconteça, mas sim uma afirmação daquilo que o falante julga que se deva fa-
zer em uma determinada circunstância, com base em argumentos lógicos ou na
experiência. Seria como dizer: “Dado que você quer dirigir, é sua obrigação
(você deve) tirar carteira de motorista antes (pois isso é o lógico, o costume). Va-
mos comparar duas orações:

このレポートはひろしが書き直すはす。= (Eu) espero que Hiroshi reescreva este


relatório.

このレポートはひろしが書き直すべき。= Hiroshi reescreverá este relatório


(porque é responsabilidade dele fazer isso).

Neste exemplo, a oração “reescrever o relatório” é ilustrada como sendo algo que
o falante julga ser obrigatório, logicamente esperado dentro do contexto desta
frase. Podemos assumir que Hiroshi seja o responsável pelos relatórios de seu
departamento na empresa, então esta tarefa não é uma coisa facultativa, mas sim

215
obrigatória para ele. Veja que é diferente de quando usamos 「はず」, pois com
ele estamos apenas descrevendo nossa expectativa, tornado a oração mais
amena, isto é, a tarefa de Hiroshi reescrever o relatório é esperada (com base em
fatos), mas não é necessariamente uma obrigação. Note que poderíamos até usar
o significado do advérbio 「うべ」(宜), cujo significado é “certamente”, “verda-
deiramente” (e que provavelmente deu origem a 「べき」), a fim de ajudar a
fixar este conceito de obrigatoriedade:

このレポートはひろしが書き直すべき。= Hiroshi (certamente) reescreverá este


relatório (porque é responsabilidade dele fazer isso).

Em termos de uso, 「べき」 é tratado como um substantivo, portanto, veja como


ficará a forma negativa:

このレポートはひろしが書き直すべきじゃない。= Hiroshi (certamente) não re-


escreverá este relatório (porque não é responsabilidade dele fazer isso).

Outra possibilidade para a forma negativa é usar a base Mizenkei do conjunto


Kari 「べから」 em conjunto com o auxiliar clássico de negação 「ず」:

このレポートはひろしが書き直すべからず。= Hiroshi (certamente) não rees-


creverá este relatório (porque não é responsabilidade dele fazer isso).

É possível também usar a Base Ren’youkei do conjunto 「く」, isto é, 「べく」.


Porém, enquanto 「べき」 descreve algo que deve ser feito, ao usarmos 「べく
」, indicamos o que se faz, a fim de realizar esse dever. Dê uma olhada nos
exemplos a seguir para ver como o significado muda:

1. 早く帰るべき。= (Você) deve retornar à casa cedo. (ação com tom de obriga-
ção)

2. 早く帰るべく、準備をし始めた。= Na tentativa de retornar à casa cedo,


(você) começou os preparativos. (Atitude tomada para atender a esta obrigação)

216
14. ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES
É importante que você saiba como a estrutura de textos e da comunicação oral é
formada. É aqui que entram em campo, “frase”, “oração” e “período”, que são
fatores constituintes de qualquer meio de comunicação, pois ela deve se compor
de uma sequência lógica de ideias para que possa haver entendimento. Por isso,
é importante saber o conceito de cada um deles. Então vamos lá!

I. FRASE: é todo enunciado dotado de significado. Em outras palavras, a frase se


define pelo seu propósito comunicativo, isto é, pela sua capacidade de, num in-
tercâmbio linguístico, transmitir um conteúdo satisfatório para a situação em que
é utilizada, seja na língua falada ou escrita. Ela pode ter verbos ou não, existindo,
portanto, a frase nominal, quando não é constituída por verbo, e frase verbal,
quando há presença de um verbo.

Ex: Que dia lindo!

Já na frase verbal há a presença do verbo.

Ex: Preciso de sua ajuda.

II. ORAÇÃO: é todo enunciado dotado de sentido, porém há, necessariamente,


a presença do verbo ou de uma locução verbal. Este verbo, por sua vez, pode
estar explícito ou subentendido.

Ex: Os garotos adoram ir ao cinema e depois ao clube.

Podemos perceber a presença do sujeito e do predicado.

III. PERÍODO: é um enunciado que se constitui de uma ou mais orações. Um


período pode ser classificado de duas maneiras, sendo:

A) Período Simples: formado por apenas uma oração, também denominada de


oração absoluta.

As crianças BRINCAM no jardim.

“Brincam” é a oração que indica o que as crianças estão fazendo no jardim, o que
já é o suficiente para entendermos a mensagem que se deseja passar.

B) Período Composto: é aquele constituído por duas ou mais orações.

O ônibus ainda não CHEGOU, mas não DEVE DEMORAR, pois já SÃO sete
horas.

217
Os períodos compostos podem ser formados das seguintes maneiras: podem ser
compostos por coordenação, compostos por subordinação, ou ainda compostos
por coordenação e subordinação, simultaneamente. Vejamos:

B.1) Período Composto por Subordinação: são períodos que, sendo constituídos
de duas ou mais orações, possuem sempre uma oração principal e pelo menos
uma oração subordinada a ela.

Então, vamos defini-las: oração principal é a parte que contém a informação


principal e aquela que se liga a qualquer oração subordinada, ou seja, é comple-
tada por uma oração subordinada, pois lhe falta uma função sintática. Já a ora-
ção subordinada, também chamada de “oração dependente”, é aquela que não
vai formar um pensamento completo, fazendo com que o leitor ou ouvinte queira
informações adicionais para concluir o pensamento (assim, desempenha alguma
função sintática que falta na principal, completando-a). Existem três tipos de ora-
ções subordinadas:

- Substantivas: são aquelas que desempenham as funções sintáticas próprias do


substantivo;

- Adjetivas: são aquelas que desempenham as funções próprias do adjetivo;

- Adverbiais: são aquelas que desempenham as funções próprias do advérbio.

Dadas as definições, observe o exemplo a seguir:

Como eu não fui ao parque...

A oração subordinada não pode estar sozinha, pois não fornece um pensamento
completo. O leitor ficaria se perguntando: "Então, o que aconteceu?" (a menos
que isso esteja subentendido). Agora, observe o próximo exemplo:

Aguardo que você chegue.

Nessa frase há duas orações: "Aguardo" e "que você chegue". A oração "que você
chegue" está completando o sentido do verbo transitivo direto "aguardo". Sendo
assim, a oração subordinada está sintaticamente vinculada à oração principal
(dependente dela), podendo funcionar como termo essencial, integrante ou aces-
sório da oração principal. Neste caso, exerce a função sintática do objeto direto, e
é uma oração subordinada substantiva objetiva direta.

Então, podemos dizer que, de certo modo, em um período composto por subor-
dinação, ambas as orações (principal e subordinada) em alguns casos são mutu-
amente dependentes, já que a oração principal não teria sentido sem o comple-
mento (oração subordinada), bem como a oração subordinada também não teria
sem ser concluída (ideia principal) – é claro que, principalmente na fala, se uma
ou outra estiver subentendida, pode ser omitida.

218
B.2) Períodos Compostos por Coordenação: são os períodos que, possuindo
duas ou mais orações, apresentam orações coordenadas entre si. Cada oração co-
ordenada possui autonomia de sentido em relação às outras, e nenhuma delas
funciona como termo da outra. As orações coordenadas, apesar de sua autono-
mia em relação às outras, complementam mutuamente seus sentidos. Veja o se-
guinte exemplo:

A Grécia seduzia-o, mas Roma dominava-o. (oração coordenada sindética adver-


sativa)

Neste exemplo, temos duas orações independentes (de sentido completo em


si): (1) A Grécia seduzia-o, e (2) Roma dominava-o, que são conectadas por meio
da conjunção “mas”, dando um sentido de adversidade.

A conexão entre as orações coordenadas pode ou não ser realizadas através de


conjunções coordenativas. Sendo vinculadas por conectivos ou conjunções coor-
denativas, as orações são coordenadas sindéticas. Não apresentando conjunções
coordenativas, as orações são chamadas orações coordenadas assindéticas.

Chegou, falou, saiu.

Agora, vamos (re)ver alguns aspectos importantes da língua japonesa que nos
auxiliarão a analisar e entender orações:

1. A FORMA TE

Como vimos, a forma TE basicamente conecta orações. Perceba que isso a torna
muito versátil, porque pode transmitir significados diversos de acordo com o
contexto (pelo menos na tradução para o português). Existem pelo menos quatro
sentidos que ela pode ter:

I. De conjunção: une orações, descrevendo ações seqüenciais:

魚を食べてジュースを飲む。= Comer o peixe e beber o suco.

時間がありまして映画を見ました。= Houve tempo e (eu) assisti ao filme.

このケーキがおいしくてきれいです。= Este bolo é gostoso e grande.

ジュースを飲まなくてケーキを食べた。= Não bebeu o suco e comeu o bolo.

II. De causa: A forma TE pode expressar a causa da ação principal:

本を忘れて学校に行かなかった。= (Eu) não fui à escola, porque esqueci o livro.

雨で友達がパーティーにこない。= Por causa da chuva, (meu) amigo não virá à


festa.

219
Note que poderíamos traduzir estes dois exemplos como ações sequenciais e
pressupor que estamos falando de causa e efeito. Isso faz sentido mesmo em
português quando, por exemplo, dizemos: “Estou doente e não irei trabalhar.” (=
Como estou doente, não irei trabalhar.). É tudo questão de contexto.

III. De advérbio: verbos na forma TE podem, por vezes, ser usados como advér-
bios também. Nestes casos podemos considerar que eles explicam ou descrevem
como a ação do verbo principal está sendo feita:

歩いて行く。= Ir caminhando.

怒って言う。= Dizer com raiva.

O importante aqui é considerarmos o contexto, pois como já mencionamos, o uso


básico de forma TE consiste em unir sentenças. Sendo assim, poderíamos tradu-
zir literalmente os exemplos acima como “Caminhar e ir” e “Ficar com raiva e
dizer”, o que de certo modo pode ter o mesmo sentido.

Existe a forma contraída da forma TE negativa que se trata de 「ないで」 .


Contudo, você não deve achar que ela funciona exatamente da mesma forma:

魚を食べなくて。≠ 魚を食べないで。

Com a forma TE abreviada da negativa, se expressa explicitamente que a ação


principal é executada sem alguma outra. Observe:

魚を食べないでジュースを飲んだ。= Bebeu o suco sem comer o peixe.

No tópico 7 mencionamos que atualmente, o auxiliar 「ず」 costuma ser usado


somente em orações subordinadas. Sendo assim:

魚を食べず(に)ジュースを飲んだ。= Bebeu o suco sem comer o peixe.

IV. De reticência: a forma TE no final de uma oração pode indicar uma oração
incompleta, muitas vezes transmitindo um ar reticente por parte do falante, isto
é, uma hesitação em dizer expressamente o seu pensamento, em dar um parecer
etc. Tal recurso é muito comum em canções:

魚を食べて。= Comer o peixe (e...) (oração incompleta e reticente).

2. A BASE RENTAIKEI

A Base Rentaikei é utilizada para conectar elementos invariáveis. Torna-se, as-


sim, também muito versátil, pois tecnicamente podemos conectar a ela qualquer
partícula ou substantivo, o que nos possibilita expressar muitas coisas. Por
exemplo, podemos conectar o substantivo 「とき」(時), que significa “tempo”, a

220
uma oração a fim de indicar o que acontece no “tempo” em que a oração é exe-
cutada. Veja:

テレビを見るときに寿司を食べる。= Quando (eu) assisto TV, como sushi.

Com relação às partículas, embora seja gramaticalmente possível anexá-las à Base


Rentaikei, tal recurso não é mais praticado na vida real, com exceção de algumas
partículas. Entretanto, há algumas construções gramaticais antigas que ainda são
usadas no Japonês Moderno que se tratam da nominalização “à moda antiga”,
isto é, através da anexação de uma partícula à Base Rentaikei.

I. Nominalização no Japonês Clássico:

学生は勉強するを忘れた。= O estudante esqueceu-se de estudar.

II. Nominalização no Japonês Moderno:

学生は勉強するの忘れた。= O estudante esqueceu-se de estudar.

学生は勉強することを忘れた。= O estudante esqueceu-se de estudar.

O recurso da nominalização também é muito poderoso. Podemos usar esse re-


curso com diversos verbos. Por exemplo, com o verbo 「ある」 indica-se que
uma ação existe ou não:

宿題することはある。= (Eu) faço a lição de casa (Lit. Falando do ato de fazer


lição de casa, (ele) existe).

Usando o tempo passado do verbo com 「こと」, você pode falar se um evento
já ocorreu. Esta é essencialmente a única maneira que você pode dizer "já [verbo
no passado]" em japonês, por isso, é uma expressão muito útil. Você precisa usar
esta construção a qualquer momento quando você quiser saber se alguém já fez
alguma coisa em tempos passados:

寿司を食べたことがある。= (Eu) já comi sushi (Lit. O evento em que (eu) comi


sushi existe).

Aproveitando, podemos ainda fazer uma oração nominalizada por 「 こ と


」 como objeto do verbo 「する」, através da partícula 「に」. Lembre-se que
quando 「する」 tem seu objeto marcado por 「に」, normalmente tem signifi-
cado de “decidir”:

寿司を食べることにした。= (Eu) decidi comer sushi (Lit. (Eu) decidi pelo ato de
comer sushi).

221
Contudo, atente-se que esta construção é usada para expressar suas próprias de-
cisões. Se você quiser indicar uma decisão que não é sua, deve usar o verbo 「な
る」 no lugar de 「する」:

寿司を食べることになった。= Decidiram comer sushi (Lit. Tornou-se o ato de


comer sushi).

3. PALAVRAS VARIÁVEIS

Algumas palavras variam quanto a sua natureza dependendo da forma como


são usadas. Por exemplo, 「まあまあ」 pode significar "mais ou menos", como
um advérbio, mas também pode ser usado como um Adjetivo-NA para significar
o mesmo, ou ainda, como uma interjeição para significar "agora, agora".

Por conta da existência de palavras variáveis, não se surpreenda ao se deparar,


por exemplo, com uma palavra que se comporta como um substantivo, mas que
tem significado de advérbio. Veja o exemplo a seguir:

先生と相談のあげく、退学をしない。= (Depois de muita) consulta com o pro-


fessor, (no final), (ele) não abandonará a escola.

Quem se deparasse com esse tipo de oração, pensaria que 「あげく」 é um subs-
tantivo. Contudo, veja como, embora ele se comporte como um substantivo den-
tro da oração, é na realidade um advérbio. Fique atento, pois existem muitas
palavras variáveis no japonês.

4. FORMA VERBAL DE CONTEXTO

Há situações em que a forma gramatical de um verbo NÃO expressa seu sentido


original, sendo a “verdadeira” forma verbal definida pelo contexto.

Não, você não leu errado! Chamaremos esse fenômeno de “Forma Verbal de Con-
texto” para fins meramente didáticos.

Por exemplo, quando dizemos “Em 2002, o Brasil VENCE a Copa do Mundo”,
embora se diga “VENCE”, não estamos nos referindo a um fato presente, mas
sim a um fato passado. Então, aqui pelo contexto, “VENCE” tem o mesmo valor
de “VENCEU”. Para este caso, em português temos o que se chama de “Presente
Histórico”. É usado para enfatizar, pois é como se o narrador voltasse ao mo-
mento dos acontecimentos e narrasse como se estivesse presenciando as cenas.

Quem já não ouviu “Tomou Doril, a dor sumiu”? Aqui se quer dizer algo como
“Se tomar Doril, a dor sumirá”. Em outras palavras: usa-se a forma passada com
valor de futuro.

Outro exemplo de forma verbal de contexto são os Dez Mandamentos (cf. Ex 20,2-
17; Dt 5,6-21). Por exemplo, “Não furtarás”, ao pé da letra, significaria que é

222
proibido furtar no futuro, apenas no futuro, o que abre a possibilidade de enten-
der que o ato é perfeitamente aceitável no presente. Mas, na verdade, “não furta-
rás”, que é futuro, tem nesse caso o valor de imperativo e, como tal, indica que
é proibido furtar em qualquer tempo.

Agora, observe as seguintes orações em japonês:

(1) 明日は日本に行った? = Irá ao Japão amanhã?

(2) ちょっと待った!= Espere um pouco!

Em (1), embora o verbo esteja na forma gramatical do passado, pelo contexto,


deve ser interpretado como sendo futuro. Já em (2), o tempo passado funciona
como se o verbo estivesse na forma imperativa.

Então, ao analisar a forma de um verbo não se esqueça de considerar que ela pode
indicar tanto seu significado propriamente dito como um significado de con-
texto, decorrente do uso prático da língua. Tal recurso é relativamente comum
em canções, poesias, etc.

5. RESQUÍCIOS DO JAPONÊS CLÁSSICO

Conforme for progredindo em seus estudos, você se deparará com construções


ou usos de elementos conhecidos que geralmente não são abordados por livros
convencionais. São resquícios do Japonês Clássico, que ainda vivem nos dias atu-
ais, mesmo que raramente vistos na vida cotidiana.

Por exemplo, a nominalização à moda antiga que vimos no item 2 pode aparecer
em algum momento. Outro exemplo é a partícula 「を」, que até mais ou menos
o fim do Período Muromachi (1336–1573), tinha também a função de concessão,
igual à 「のに」, que veremos no próximo tópico. Você também poderá encon-
tra-la sendo usada desse jeito. Mais um exemplo é a Base Kateikei da cópula 「
である」, isto é, 「であれ」, que ainda hoje pode ser usada por si só. Parece es-
tranho, mas, se considerarmos a sua utilização clássica, não será difícil entender-
mos seu significado.

No Japonês Clássico, o sentido de concessão era frequentemente indicado


pela base Izenkei (atual Kateikei), seguida comumente pelas partículas 「ど」
ou 「ども」:

行(ゆ)けど。= Embora (ele) vá.

Sendo assim, 「であれ」 é um desses sobreviventes do Japonês Clássico. Ela ex-


pressa concessão, tendo um sentido de “embora seja / apesar de ser / não im-
porta que seja [X], algo acontece”:

223
社長であれ規則は守っている。= Embora seja o presidente da empresa, (ele) obe-
dece às regras.

Daí vemos a grande importância de incluir o Japonês Clássico no estudo do Ja-


ponês. Você pode encontrar por aí construções e usos avançados que só serão
entendidos satisfatoriamente se tiver conhecimento da língua em seus estágios
antigos.

6. INVERSÃO DE ELEMENTOS E OMISSÃO DE PARTÍCULAS

Há um mito que ainda existe sobre a ordem das palavras numa oração em japo-
nês e que continua a assombrar muitos estudantes iniciantes. Poderíamos dizer
que a estrutura mais básica de uma sentença em português pode ser descrita
como “[sujeito] + [verbo] + [objeto]”. Com relação à língua japonesa, muitos (até
mesmo professores) dizem que esta ordem é invertida, isto é, “[sujeito] + [objeto]
+ [verbo]”. Contudo, em japonês, a ordem de uma sentença fundamental é ape-
nas “[verbo]”. Qualquer coisa que venha antes do verbo não precisa estar em
uma ordem específica e nada mais do que o verbo é necessário para se construir
uma sentença completa.

Além disso, em se tratando da língua padrão, o verbo deve estar sempre no final.
Claro que nada nos impede de construir uma sentença com “[objeto] + [sujeito]
+ [verbo]” ou apenas “[objeto] + [verbo]”. As seguintes construções estão todas
completas e corretas, porque o verbo está no final da sentença:

私は公園で弁当を食べた。

公園で私は弁当を食べた。

弁当を私は公園で食べた。

弁当を食べた。

食べた。

Não importa o lugar que uma palavra está na sentença, pois sua função grama-
tical é identificada pela partícula que a sucede. A partir disso, somos capazes
de entender a grande importância que tem o uso correto das partículas.

Isso tudo podemos classificar como padrão na língua japonesa. Entretanto, con-
versas diárias costumam ser caóticas em qualquer idioma, e é comum que as pes-
soas digam a primeira coisa que vem em suas mentes sem pensar na sentença
como um todo. Por isso, na linguagem casual, o padrão que vimos é quebrado.
Por exemplo, se você quisesse perguntar “o que é feijoada?”, o modo normal se-
ria 「フェジョアーダは何?」. Entretanto, se a primeira coisa que viesse a sua
mente fosse "o que?", então seria mais natural dizer 「何」 primeiro. Porém,
como 「 何 は フ ェ ジ ョ ア ー ダ ? 」 não faz nenhum sentido (é o “o que” a

224
feijoada?), os japoneses simplesmente quebram a sentença em dois fragmentos,
perguntando “o que” primeiro e clarificando em seguida a respeito de que estão
falando (「フェジョアーダ」 neste caso). Por uma questão de conveniência, as
palavras são aglomeradas no que parece ser uma sentença:

フェジョアーダは何?= O que é feijoada?

何フェジョアーダ?= O quê? Feijoada. (duas palavras aglomeradas em uma sen-


tença)

Às vezes, a primeira coisa que vem a sua mente é o verbo principal. Mas se o
verbo principal já saiu de sua boca, você terá o resto da frase sem um verbo para
completar o pensamento. No japonês casual, é perfeitamente aceitável ter o verbo
em primeiro lugar usando a mesma técnica que acabamos de ver, quebrando-se
o que está sendo dito em duas sentenças. A segunda frase é incompleta, claro,
mas esse tipo de coisa é comum na fala de qualquer idioma:

見た?映画?= (Você) viu? O filme?

食べた?アイス。= (Você) comeu? O sorvete?

Vimos que a partícula 「を」 foi omitida nos dois exemplos. De fato, embora as
partículas desempenhem um papel crucial para que uma sentença tenha sentido,
há algumas que são muitas vezes omitidas no japonês casual, sendo que as mais
comuns de serem omitidas são 「は」, 「が」, 「を」 e 「に」. Isso realmente
pode dificultar o estudante iniciante, mas lembre-se de que nessas horas o con-
texto e um senso de gramática são nossos fortes aliados e eles nos ajudarão a es-
clarecer o papel dos elementos dentro da sentença.

Observe agora a sentença abaixo:

犬は無くした骨を見つけた。= O cachorro encontrou o osso que perdeu.

A sentença acima é de fácil entendimento. Note que, mesmo se omitíssemos as


partículas, ainda assim, ela seria compreensível:

犬無くした骨見つけた。= O cachorro encontrou o osso que perdeu.

Agora imagine se, com as partículas omitidas, ainda invertêssemos os elementos


dessa oração, por exemplo, do seguinte modo:

見つけた犬無くした骨。=???

Sem um contexto, não somos capazes de indicar ao certo o sentido desta frase,
pois não sabemos por onde ela deve começar, ou qual a função de cada ele-
mento dentro dela. Por exemplo, será que 「見つけた」 está modificando o subs-
tantivo 「犬」, e esta construção pode ser traduzida como “o cachorro que (eu)

225
encontrei perdeu o osso”? É uma possibilidade, mas será esse o sentido que o
“autor” quis expressar? Veja como a ocorrência em conjunto da omissão de par-
tículas e da inversão de elementos pode causar uma ambiguidade extrema. Ape-
nas pra reforçar, observe agora o próximo trecho:

骨を見つけた犬。

É claro que o trecho acima pode ser entendido como “cachorro que encontrou o
osso”, mas é importante que você considere outras possibilidades; tudo depen-
derá do contexto. Por exemplo, nada impediria que o entendêssemos como 「犬
は骨を見つけた」, isto é, “falando do cachorro, (ele) encontrou o osso”.

Infelizmente, a ocorrência em conjunto da omissão de partículas e da inversão de


elementos não é rara. Particularmente, em músicas ela é extremamente comum.
Isso é compreensível, uma vez que o compositor muitas vezes se vê obrigado a
usar estes recursos para fazer rimas, encaixar a letra na melodia ou mesmo fazer
as palavras soarem mais legais e/ou harmoniosas dentro do conjunto, algo que
seria impossível de ser alcançado se ele seguisse os “padrões corretos” da língua.
Sendo assim, com certeza, ao ler letras de música, você frequentemente se per-
guntará “Onde essa frase começa?”, “Qual a função de cada elemento desta parte
e como ela deve ser traduzida?”. Enfim, um verdadeiro quebra-cabeça.

E como juntar as peças corretamente?

Como sempre, o contexto e conhecimento de gramática serão nossos maiores ali-


ados. E mais: neste caso, entenda “contexto” como sendo também, além da letra
como um todo, a melodia, a atmosfera da canção, o tom no qual as palavras são
cantadas, os instrumentos usados ou mesmo a personalidade do cantor. Use seu
conhecimento de gramática de forma criativa, isto é, enquanto estiver traduzindo
a letra, use sua imaginação dentro dos limites gramaticais. Passemos a mais um
exemplo:

「ふたりを夕闇がつつむこの窓辺に。。。」= Nas proximidades desta janela, o


crepúsculo (é o que) envolve nós dois.

Veja que neste pequeno trecho da famosa canção 「君といつまでも」 de Kayama


Yuzo, os elementos não seguem o dito padrão [sujeito] [objeto] [verbo], mas po-
demos entender perfeitamente a sentença. A partícula 「を」 nos mostra qual é
o objeto direto (ふたり) do verbo 「つつむ」, 「が」 especifica o que envolve os
dois (夕闇) e 「に」 indica o alvo da ação, mais precisamente, o local (この窓辺)
onde o crepúsculo envolve o casal. Que fique claro, entretanto, que estamos ana-
lisando esse trecho isoladamente apenas para fins didáticos, tentando demostrar
o fenômeno de inversão de elementos. Em outras palavras, dentro do contexto
geral, ele pode ser interpretado de outro modo, o que, neste momento, não vem
ao caso. Vamos abordar isso no tópico 18.9.”

Primeiramente, vamos ver o trecho completo:

226
ふたりを夕闇がつつむこの窓辺に明日も素晴らしい幸せが来るだろう。

Será que 「この窓辺」 está na verdade sendo modificado pela oração 「ふたり
を夕闇がつつむ」, e devemos traduzir esse trecho como “Nas proximidades
desta janela em que o crepúsculo envolve nós dois”? Bem, isso faz sentido consi-
derando o restante da frase, isto é, 「明日も素晴らしい 幸せが来るだろう」.

Já sabemos que 「だろう」 é usado para expressar alguma certeza sobre algo.
Sendo assim, o segundo trecho da frase pode ser traduzido como “amanhã tam-
bém uma maravilhosa felicidade virá certamente”.

Claro que nada impede de interpretarmos as duas partes de forma autônoma,


como “Nas proximidades desta janela, o crepúsculo (é o que) envolve nós dois”
e “Amanhã também uma maravilhosa felicidade virá certamente”, mas também
é plausível pensar que provavelmente 「この窓辺」 esteja sendo modificado
pela oração 「ふたりを夕闇がつつむ」 e seja o alvo do verbo 「来る」. Assim,
teríamos:

ふたりを夕闇がつつむこの窓辺に明日も素晴らしい幸せが来るだろう。= Às
proximidades desta janela em que o crepúsculo envolve nós dois, amanhã tam-
bém uma maravilhosa felicidade virá certamente.”

Aliás, que tal fazermos um paralelo com a língua portuguesa disso tudo que aca-
bamos de abordar? Assim, você notará que esse tipo de ambiguidade pode acon-
tecer em qualquer idioma. Para tanto, responda sinceramente:

“Alguma vez você já parou para analisar a letra do Hino Nacional Brasileiro?”

Recomendamos que você leia o artigo “Entenda a letra do Hino Nacional” do


blog “Português na Rede” (http://tinyurl.com/34h35f7). Particularmente, des-
tacamos um trecho:

“O que complica mesmo na interpretação do Hino Nacional é o grande nú-


mero de inversões.”

7. TOLERÂNCIA À AMBIGUIDADE

Diante do que foi exposto no item anterior, será que podemos afirmar que a lín-
gua japonesa é uma língua ambígua? O autor deste artigo em inglês
(https://tinyurl.com/ycug37ww) faz uma reflexão interessante a respeito desse
tema. Ele começa dizendo que para algumas pessoas, o japonês tem o rótulo de
ser um idioma ambíguo. Outros, porém, negam isso fortemente, dizendo que o
idioma pode expressar claramente qualquer coisa que o falante deseja.

Mais adiante, conta que sua amiga tradutora ao traduzir para o inglês instruções
sobre o que fazer no caso de um terremoto no Japão, acrescentou vários detalhes

227
específicos que não estavam presentes no japonês original. Então, os colegas
japoneses dela ficaram um pouco surpresos e fizeram comentários como "os ame-
ricanos gostam de ser tão específicos, não é mesmo?". E ela respondeu que saber
exatamente o que fazer e como fazê-lo poderia salvar a vida de alguém.

Comenta o autor, então, que, mesmo em uma circunstância cuja especificidade


é importante, tolerar um maior grau de ambiguidade faz parte da cultura japo-
nesa.

Em outro trecho do artigo, o autor comenta que, conversando com uma amiga
japonesa sobre a questão de assistir animês, ela lhe disse que desligar as legendas
(japonesas) era em grande parte uma questão de confiança e tolerância à ambi-
guidade. Então, quando o autor disse a essa amiga que desenvolveria uma tole-
rância à ambiguidade, recebeu como resposta "os japoneses são mestres nisso".

O autor menciona algo que pode jogar uma luz para entendermos essa questão
cultural. Diz que tanto para o budismo, como para o taoísmo, a função mais ele-
vada da linguagem é nos dar "dicas" ou "indicações" para aquilo que nunca
pode ser expresso em palavras. O Tao que pode ser falado não é o verdadeiro
Tao. O koan zen não tenta colocar a verdade em palavras, mas abrir a mente para
aquilo que está além das palavras. Assim também, não podemos descrever ver-
dadeiramente a música ou o sabor dos alimentos, ou os sentimentos que a sakura
desperta em nosso peito. Os sentimentos sutis que nos definem como seres espi-
rituais não podem ser totalmente expressos em palavras, mas as palavras podem
insinuá-los e evocá-los.

Com isso, podemos dizer que na língua japonesa há meios para expressar ideias
com clareza, de forma específica. A questão é se a clareza, a especificidade é algo
(sempre) desejado pelos falantes nativos. Parece que não. O Japão é uma socie-
dade orientada para o coletivo e que valoriza a harmonia. Como tal, os japone-
ses são bem conhecidos por serem indiretos, ambíguos e evitarem conflitos. Na
cultura japonesa, a leitura da linguagem corporal e de pistas sutis – “ler a at-
mosfera” – é muito importante para sobreviver tanto em ambientes sociais
quanto empresariais. No Japão, muitas vezes se espera que que as pessoas com-
partilhem pontos de vista em comum à medida que se comunicam, o que torna
possível o uso de frases curtas. Tal característica torna a língua japonesa mais
difícil de entender para as pessoas que não estão familiarizadas com sua cultura,
facilitando os mal-entendidos. Como bem pontua Yuta Sensei (https://twit-
ter.com/world4115):
“O japonês é uma língua de ‘muito contexto’, por isso, tentamos dizer as coi-
sas da forma mais curta possível”

E, como encerra o autor a sua reflexão:


“Acho que tolerar a ambiguidade (da língua japonesa) vai fazer parte desse
processo (de aprendizado)”

228
Ter essa tolerância à ambiguidade é muito importante, embora seja algo ao qual
não estamos acostumados como falantes da língua portuguesa. É natural que um
estudante iniciante queira encontrar, em outras línguas, a mesma clareza que se
busca ter em português, contudo, isso é um perigo! Ao se deparar com tantas
ambiguidades, esse estudante ficará confuso ou pior: desistirá de aprender o idi-
oma! Por exemplo, quantos são os que começam a estudar um idioma traduzindo
letras de músicas? Ora, é de se esperar que essa tendência à ambiguidade apareça
nas mais variadas formas de expressão. No caso de músicas não poderia ser di-
ferente. Aliás, provavelmente é onde se encontram mais ambiguidades!! Procure
a tradução de uma música “X” em mais de uma fonte e certamente verá diferen-
ças.

Por isso, se você ainda não “adquiriu” a tolerância a uma saudável ambiguidade,
aconselhamos não procurar letras de músicas para traduzir.

8. LEI DO MENOR ESFORÇO

Este é um fenômeno comum a todos os idiomas. Como nativos estão tão acostu-
mados com sua língua materna, acabam padronizando instintivamente certas
abreviações para fazer a fala ficar mais fluída. Veja como em português costu-
mamos pronunciar “está” como “tá” simplesmente, “estou”, como “tou” e tantos
outros exemplos que poderiam ser citados. Este, aliás, é um dos fatores que mais
dificulta o aprendizado de uma segunda língua (mais detalhes no tópico 18).

Como não poderia ser diferente, em japonês também há “abreviações padroniza-


das” pelos nativos. Apresentaremos alguns exemplos:

~ては → ~ちゃ

~では → ~じゃ

~れは → ~りゃ

9. COLOCAÇÃO

Podemos dizer que é possível estabelecer uma relação de equivalência entre pa-
lavras de nossa língua materna e uma de língua estrangeira (gato = cat, em in-
glês). Até aqui, tudo parece muito simples e óbvio, mas infelizmente não é. Isso
por que, para nos comunicarmos, seja para expressar ações, estados ou mesmo
alguns conceitos, precisamos relacionar as palavras umas com as outras. E é
aqui que começa a complicação, pois a maneira como elas são relacionadas para
expressar uma mesma ideia (e quais palavras são usadas) pode variar de idi-
oma para idioma.

Para facilitar, vamos tomar o inglês como exemplo, tendo em mente que o prin-
cípio vale para qualquer idioma. Imagine um estudante iniciante de inglês; se

229
perguntássemos a ele como se diz “batata frita” ele provavelmente diria “fried
potato”, afinal “fried” significa “frito” e “potato”, batata. Na realidade, o que ele
fez aqui foi considerar a maneira como o conceito “batata frita” foi pen-
sando em português (juntando-se o adjetivo “frito” com “batata”) e procurar
termos equivalentes em inglês. Entretanto, ele está errado, por que “batata frita”
em inglês é “french fries”, que literalmente significa “fritas francesas”. Veja como,
a maneira que os ingleses pensaram “batata frita” foi diferente da nossa (prova-
velmente consideraram sua origem), mas o conceito é o mesmo.

E como mencionamos, isso não se restringe a conceitos, mas também na maneira


de relacionar as palavras entre si (e quais palavras usar) para expressar ações
ou estados. Por exemplo, esse mesmo estudante iniciante de inglês provavel-
mente querendo dizer “Eu uso perfume todos os dias.”, diria “I use perfume
everyday”, quando o correto é “I wear perfume everyday” (Eu visto perfume
todos os dias). Novamente, palavras diferentes para a mesma ideia.

É aqui que queremos chegar e falar sobre algo que em linguística é chamado de
“colocação”, que é a combinação de duas ou mais palavras que são geralmente
usadas juntas; é uma combinação que soa natural para o falante nativo e que
não tem exatamente uma explicação lógica para quem não é nativo. Por exem-
plo, em português falamos “tomar água” e “tomar banho”. Dizemos também
“beber água”, e porque então não dizemos “beber banho”? Não faria sentido,
certo?

Para se tornar fluente em qualquer idioma, você precisa saber quais palavras de-
vem ser usadas juntas com as outras. Aprender a combinação correta das pala-
vras vai ajudá-lo a parecer mais natural na hora de falar. Como mencionamos,
é muito comum aos estudantes tentar traduzir diretamente da sua língua mãe
para a língua estrangeira, e o resultado muitas vezes soa estranho, pois não

230
combinam as palavras corretamente. Logicamente algumas combinações de pa-
lavras podem até não estarem erradas e serão entendidas pelos falantes nativos,
porém não são as mais frequentemente usadas.

Aliás, a maneira como os japoneses usam as palavras para expressar algumas


ideias pode parecer bem estranha para nós ocidentais (citamos alguns exemplos
nos itens seguintes), mas não se desespere! Colocação é algo que só se aprende
“vivendo o idioma”. Por isso, leia, leia, leia e depois leia um pouco mais! Ouça,
ouça, ouça e depois ouça um pouco mais! Ao aprender uma nova palavra, pro-
cure pela internet orações de exemplo e observe as palavras que aparecem juntas.
Use um dicionário monolíngue e sempre leia além da definição, pois bons dicio-
nários sempre trazem as colocações das palavras. Além disso, é extremamente
importante procurar interagir com falantes nativos (e melhor ainda, ter um
amigo nativo) para que você tenha alguém que possa lhe mostrar o padrão que
soa natural para expressar alguma ideia, bem como para corrigi-lo em caso de
erro. O aprendizado de qualquer idioma envolve tentativa, acerto e em caso de
erro, correção. Por isso não tenha receio de errar!

10. A (DUPLA) NEGATIVA

Vimos que “colocação” se refere à quais palavras são usadas e de que ma-
neira elas são relacionadas para expressar uma ideia. Já sabemos também que
isso varia de idioma para idioma.

Ter isso em mente é importantíssimo, pois os japoneses, estranhamente, gostam


muito de usar a forma (dupla) negativa para expressar ideias. Tal aspecto pode
causar confusão no entendimento das orações, pois não usamos tal recurso (pelo
menos não com tanta frequência) como os nipônicos. Observe o exemplo a seguir:

行かざるをえない。= (Eu) terei que ir.

Nesta pequena construção temos os seguintes elementos:

I. Base Rentaikei (nominalização à moda antiga);

II. Resquício do Japonês Clássico (「ざる」 é a Base Rentaikei do conjunto Zari


do auxiliar de negação 「ず」);

III. Dupla Negativa (「行かざる」 e 「えない」, forma negativa do verbo 「え


る」 (得る), que significa "obter".

Depois dessa análise, perceba que se traduzirmos o exemplo literalmente, tere-


mos “(Eu) não obterei (a ação de) não ir”, ou seja, “(Eu) terei que ir”.

11. ELEMENTO INTRUSO

231
Outra maneira um tanto estranha de os japoneses de os japoneses expressarem
as coisas é usando o que chamaremos para fins meramente didáticos de “ele-
mento intruso”, isto é, um elemento que aparentemente não tem nenhum sen-
tido dentro da oração. Isso também pode causar uma verdadeira CHATEAÇÃO!
Dentre esses elementos intrusos, 「という」 (e variantes) é o campeão. Veja o
exemplo a seguir:

彼は子供だからといってここで遊ない。= Ele é uma criança, por isso, não brin-


cará aqui.

Para entender as várias aparições de 「という」 é preciso ter sempre em mente


o quão genérico 「という」 pode ser dependendo do contexto. Em muitas des-
sas construções avançadas pode-se dizer que o falante apenas quer destacar ou
explicar. No exemplo dado, 「といって」 serve apenas para dar ênfase ao mo-
tivo. Note que o uso desses elementos intrusos pode ser decorrente do estado do
falante. No caso aqui, o destaque é por conta de desaprovação.

E podemos estender essa afirmação para todos os outros elementos intrusos, isto
é, sua presença não é questão propriamente de significado, mas de intenção do
falante (destacar ou explicar algo). Veja as partes destacadas nos exemplos a se-
guir:

勉強しているところ。= (Eu) estou estudando (ênfase na ação que ocorre).

雨が降るときている眠気を感じる。= Como está chovendo, (eu) me sinto sono-


lento.

O interessante é que elementos intrusos podem ser mesmo qualquer coisa. Veja
as orações abaixo:

1. 怖いのなんのって。= É extremamente assustador.

2. あの映画は怖いの怖くないのって。= Aquele filme é extremamente assusta-


dor.

Na oração (1) temos 「なんの」(何の), cujo significado é “que tipo”. Aqui ele é
usado como termo genérico para repetir a estrutura da primeira parte, isto é, 「
怖いの」, indicando que o falante não pode sequer dizer o quão assustador é
algo, porque "assustador" não é suficiente para descrever a situação. Já o 「って
」 é usado também de forma genérica apenas para fortalecer o sentimento do
falante sobre o que ele diz. Veja que os dois elementos citados servem apenas
para dar ênfase. Já na oração (2) temos a repetição de termos, fato relativamente
comum no japonês para indicar ênfase.

12. A VERSATILIDADE DO VERBO 「する」

232
O verbo 「する」, como já sabemos, pode significar muitas coisas além de “fa-
zer” e, por isso, é usado em muitas colocações.

Gramáticos têm tentado decifrá-lo ao longo do tempo e, muito embora seja pos-
sível traçar semelhanças com o verbo 「ある」 em muitas utilizações, bem é ver-
dade que seus sentidos foram se alargando com o uso prático da língua, fazendo
com que esses mesmos estudiosos afirmassem que o recomendável a se fazer com
o verbo 「する」 é analisa-lo dentro do conjunto. Sendo assim, como regra ge-
ral:

I. Você poderá se deparar com 「する」 com o significado “fazer” simplesmente;

II. Você poderá se deparar com 「する」 fazendo a função de uma cópula (já
que existem registros dele sendo usado de forma semelhante ao verbo 「ある」
). Esse uso é arcaico e normalmente aparece como 「とする」;

III. Você poderá se deparar com 「する」 tendo um significado diferente do


exposto nos dois itens anteriores.

233
15. CONSTRUINDO ORAÇÕES
Feita a abordagem de alguns conceitos importantes no tópico anterior, vamos
agora aplica-los quando necessário para construir orações mais complexas. Pri-
meiramente, você pode expressar a causa de algo usando a partícula 「から」.
A causa e efeito estarão sempre ordenados no padrão “[causa] 「から」 [efeito]”.
Quando a causa se tratar de um substantivo ou Adjetivo-NA, você deve adicionar
a cópula 「だ」 para declarar explicitamente a causa 「(substantivo / Adjetivo-
NA) だから」. Nestes casos, se você se esquecer de adicionar 「だ」 antes de 「
から」, vai acabar soando como o 「から」 que significa “de”:

時間がなかったからパーティーに行きませんでした。= Não houve tempo, por


isso, não fui à festa.

友達からプレゼントが来た。= O presente veio de um amigo.

友 達だか ら プレ ゼント が来た。 = O presente veio, porque (a pessoa é) um


amigo.

Tanto a razão como o resultado podem ser omitidos se estiverem claros a partir
do contexto. No caso do discurso educado, você trataria 「から」 apenas como
um substantivo comum e adicionaria 「です」. Observe o diálogo:

MAKOTO: どうしてパーティーに行きませんでしたか。= Por que (você) não


veio à festa?

AKIRA: 時間がなかったからです。= Porque (eu) não tive tempo (omitindo-se o


efeito)

Quando se omite a causa, você deve incluir o declarativo 「だ」:

TAMOTSU: 時間がなかった。= Eu não tive tempo.

MIYAKO: だからパーティーに行かなかった?= É por isso que não foi à festa?


(omitindo-se a causa)

Você pode usar também 「です」 ou 「である」 se quiser ser mais formal:

ですからあきらは慌てることはありません。= é por isso que falando de Akira,


(ele) não tem nada a temer.

私は彼が正直で気さくであるから彼が好きだ。= Eu gosto dele por que ele é ho-


nesto e sincero.

Voltando no diálogo entre Miyako e Tamotsu, perceba que Tamotsu poderia ter
usado a partícula explicativa 「の」 e dizer 「時間がなかったのです」 ou 「時

234
間がなかったんです」. Considerando esta possibilidade, digamos que você
queira combinar a causa e o efeito, isto é, 「時間がなかったのだ」 e 「パーテ
ィ ー に行 かな かっ た」 . Lembre-se de que podemos tratar a partícula 「 の
」 como um substantivo, e então poderemos aplicar o que aprendemos no pri-
meiro tópico desta lição:

時間がなかったのだ+パーティーに行かなかった = 時間がなかったのでパーテ
ィーに行かなかった。

Agora sabemos de onde provavelmente surgiu a partícula 「ので」. Na ver-


dade, 「ので」 é quase intercambiável com 「から」 com algumas diferenças
sutis: 「から」 afirma explicitamente que a sentença anterior é a razão para
algo, enquanto 「ので」 apenas coloca duas frases juntas, com a primeira com
um tom explicativo. Isso é algo que chamamos de causalidade, ou seja, [X] acon-
teceu, portanto, [Y] aconteceu. Este é um pouco diferente do 「から」 onde [Y]
aconteceu explicitamente porque [X] aconteceu. Essa diferença tende a fazer 「
ので」 soar mais suave e um pouco mais educado e é preferido no lugar de 「
から」 ao explicar a razão para fazer algo que é considerado descortês:

ちょっと忙しいので、そろそろ失礼します。= Como estou um pouco ocupado,


sairei em breve.

NOTA: 「失礼します」, que significa literalmente “eu estou fazendo uma des-
cortesia”, é comumente usado como uma forma educada para você se retirar ou
interromper alguém.

Não se esqueça de que para substantivos e Keiyoudoshi é necessário adicionar


「な」, a base Rentaikei da cópula 「だ」 antes de 「の」:

私は学生なので、お金がないんです。= Como sou estudante, não tenho di-


nheiro.

なので、友達に会う時間がない。= É por isso que não há tempo para encontrar


o amigo. (omitindo-se a causa)

Do mesmo modo que o 「の」 explicativo pode ser abreviado para 「ん」 na
fala, 「ので」 pode ser transformado em 「んで」, pois é mais fácil de ser pro-
nunciado:

時間がなかったんでパーティーに行かなかった。= Não fui à festa, porque não


tive tempo.

私は学生なんで、お金がないんです。= Como sou estudante, não tenho di-


nheiro.

235
なんで、友達に会う時間がない。= É por isso que não há tempo para encontrar
o amigo. (omitindo-se a causa)

Considerando o significado de “benefício” do substantivo 「ため」, ele pode


também ser usado para indicar que aquilo que está na oração subordinada é a
finalidade da ação principal. Observe:

これは君のためなんだ。= Isto é por você.

健康のために体操する。= Faço ginástica para a saúde.

日本に行くために日本語を勉強する。= (Eu) vou estudar japonês a fim de ir ao


Japão. (Lit. Tendo como alvo o benefício de ir ao Japão, (eu) vou estudar japonês.).

A partícula 「のに」 também pode ser usada para indicar finalidade:

日本に行くのに日本語を勉強する。= (Eu) vou estudar japonês a fim de ir ao Ja-


pão.

Note que a partícula 「のに」, neste caso, provavelmente se trata da combinação


do nominalizador 「の」 com a partícula 「に」. Sendo assim, poderíamos tra-
duzir literalmente a oração acima como “Tendo como alvo o ato de ir ao Japão,
(eu) vou estudar japonês.”.

O sentido de finalidade também pode ser expresso por 「ように」:

日本に行くように日本語を勉強する。= (Eu) vou estudar japonês a fim de ir ao


Japão.

Em português, há as conjunções subordinativas concessivas que são elementos


que introduzem uma oração que exprime uma ideia de concessão, isto é, um fato
contrário à ação ou à verdade expressa na oração principal, sem, no entanto, a
impedir (oposições coexistentes). Veja o exemplo a seguir:

Midori não emagreceu, apesar de ter se exercitado todos os dias.

Neste exemplo a oração subordinada introduzida pela conjunção é chamada de


“oração subordinada adverbial concessiva”. Assim temos:

ORAÇÃO PRINCIPAL (FATO): Midori não emagreceu.

ORAÇÃO SUBORDINADA (CONCESSÃO): Apesar de ter se exercitado todos


os dias.

Em japonês é possível construirmos algo semelhante através do uso da partí-


cula 「のに」. Atente-se, entretanto à ordem dos elementos que será sempre

236
([concessão] 「のに」 [fato]). Sendo assim, o exemplo dado acima ficará assim
em japonês:

みどりが毎日運動したのに、全然痩せなかった。= Apesar de ter se exercitado


todos os dias, Midori não emagreceu.

Quando a oposição for um estad-de-ser, devemos explicita-lo com a cópula 「だ


」, que será usada em sua Base Rentaikei:

学生なのに、彼女は勉強しない。= Embora seja estudante, ela não estuda.

さっき食べたばかりなのに、まだおなかがすいています。= Embora eu tenha


acabado de comer, eu ainda estou com fome.

Podemos usar as partículas 「が」 e 「けど」 para conectar orações a fim de


expressar contradição:

デパートに行きましたが、何も欲しくなかったです。= Eu fui à loja de departa-


mentos, mas nada era interessante.

金はないけど夢はある。= Não tenho dinheiro, mas tenho sonhos.

Assim como 「から」, o declarativo 「だ」 é necessário para substantivos e


Adjetivo-NA:

彼は、金持ちだが兄は貧乏だ。= Ele é rico, mas o irmão é pobre.

この車は素敵だけど高い。= Este carro é maravilhoso, mas é caro.

Semelhante à diferença entre 「から」 e 「ので」 , 「が」 tem um tom mais


suave e é um pouco mais educado do que 「けど」 . Embora isso não seja uma
regra, geralmente é comum ver 「 が 」 ligado a um final com 「 ~ ま す
」 ou 「~です」 , e 「けど」 ligado a um final casual regular. A versão mais
formal de 「けど」 é 「けれど」 e a ainda mais formal é 「けれども」 .

Da mesma forma que 「から」 e 「ので」, qualquer uma das partes pode ser
omitida e subentendida pelo contexto:

だけど、みえがまだ好きなのだ。= (Pode ser isso), mas é que ainda gosto da


Mie.

デパートに行きましたが。= Eu fui à loja de departamentos (mas...).

Agora, observe o próximo exemplo:

友達に聞いたけど、知らなかった。= Eu perguntei a um amigo, mas ele não sa-


bia.

237
Parece estranho, mas 「聞く」 pode significar tanto “ouvir” como “perguntar”.
Talvez, você pense que isso torne as coisas difíceis, mas o devido significado é
geralmente claro pelo contexto. Na sentença acima, estamos assumindo que o
amigo não sabia, então o falante provavelmente estava perguntando ao amigo.
Novamente nós vemos a importância do contexto na língua japonesa, porque
essa sentença pode significar também “Eu ouvi de um amigo, mas eu não sabia”,
já que não há sujeito nem tópico.

Diferentemente das palavras para expressar contradição que temos em portu-


guês, como “mas” ou “porém”, as partículas 「けど」 e 「が」 não indicam
sempre uma contradição direta. Frequentemente, especialmente ao se introduzir
um novo tópico, elas são usadas como um conector genérico de sentenças inde-
pendentes. Por exemplo, nas próximas construções não indicam realmente uma
contradição, e 「が」 e 「けど」 estão sendo usados simplesmente como conec-
tores. Em português, poderíamos traduzi-los como “e”:

デパートに行きましたが、いい物がたくさんありました。= Eu fui à loja de de-


partamentos e havia várias coisas boas.

マトリックスを見たけど、面白かった。= Eu assisti Matrix e foi interessante.

Podemos ainda usar partículas 「が」 ou 「けど」 no final das sentenças:

マトリックスを見たけど。= Eu assisti Matrix (e...).

Na verdade, a oração está incompleta, mas no japonês tal recurso tem um aspecto
menos direto e transmite um ar mais suave e polido.

Quando você quiser listar razões para vários estados ou ações, poderá fazer isso
adicionando 「し」 ao final de cada oração subordinada. É muito semelhante à
partícula 「や」, exceto que 「し」 enumera razões para verbos, Adjetivos-I e
estado-de-ser. Observe:

MIDORI: どうして彼が好きなの? = Por que (você) gosta dele?

MIE: 優しいし、かっこいいし、面白いから。= Porque ele é carinhoso, atrativo


e interessante (entre outras coisas).

Perceba que 「優しくて、かっこよくて、面白いから。」 também faria sentido,


mas assim como a diferença entre as partículas 「と」 e 「や」, 「し」 im-
plica que há outras razões além das enumeradas.

Novamente, 「だ」 deve ser utilizado para declarar explicitamente o estado-de-


ser para qualquer substantivo ou Adjetivo-NA. Vejamos o próximo diálogo:

TAMOTSU: どうして友達じゃないんですか?= Por que (ele) não é amigo?

238
HIROSHI: 先生だし、年上だし・・・。= Bem, (ele) é o professor, é mais velho
(entre outras coisas).

Mais um exemplo:

彼は引退したことだし、結婚する。= Como ele se aposentou (entre outras coi-


sas), vai se casar.

Vejamos agora o verbo auxiliar 「たり」. Trata-se da versão para verbos da par-
tícula 「や」, isto é, você pode fazer uma lista parcial de ações, na qual existam
mais ações. Ao final da sentença é preciso adicionar o verbo 「する」, que tam-
bém indicará o tempo verbal:

映画を見たり、本を読んだり、昼寝したりする。= Eu faço coisas como assistir


ao filme, ler o livro e tirar cochilos à tarde (entre outras coisas).

映画を見たり、本を読んだりしなかった。Eu não fiz coisas como assistir ao


filme e ler o livro (entre outras coisas).

Em canções ou mesmo na língua informal, o verbo 「する」 às vezes é omitido:

背中を向けたりはできないのさ。= Não podemos (fazer) coisas como virar as


nossas costas (entre outras coisas).

Neste trecho da música de abertura do seriado tokusatsu Changeman, como 「


たり」 originalmente é uma base Ren’youkei, que tem também valor de substan-
tivo, a partícula 「は」 pode ser usada, fazendo da ação, neste caso, o tópico da
oração. A parir desse exemplo se percebe também, que é possível usarmos ape-
nas um verbo com 「たり」 para expressar “a ação [X] e outras do tipo”. Apenas
para reforçar esta ideia, observe os próximos exemplos:

寿司を食べたりする。= Eu farei coisas como comer sushi (e outras coisas mais).

恋に落ちたりするのはあぶない。= O ato de se apaixonar (entre outros) é peri-


goso

Você também pode usar 「たり」 com o estado-de-ser para expressar que algo,
em momentos diferentes, é uma série de coisas, dando a entender que há ainda
uma lista de coisas ainda maior:

この大学の授業は簡単だったり、難しかったりする。= As aulas dessa facul-


dade são fáceis e às vezes são difíceis (e às vezes é alguma coisa mais talvez).

Podemos anexar a partícula 「ながら」 à base Ren’youkei dos verbos para ex-
pressar que uma ação está ocorrendo em conjunto com outra ação. Embora raro,

239
você também pode anexar 「ながら」 à forma negativa do verbo. Esta gramá-
tica não expressa em si tempo; isto é determinado pelo verbo principal:

Como 「ながら」 expressa ações simultâneas, costuma-se atribuir a ele o sentido


de “enquanto”. Vejamos alguns exemplos:

音楽を聴きながら、学校へ歩くのが好き。= (Eu) gosto de andar em direção à


escolar enquanto ouço música.

テレビを観ながら、宿題をする。= (Eu) faço a lição de casa enquanto assisto TV.

Observe que, assim como sempre acontece, o verbo que encerra a oração é o
verbo principal, ou seja, é aquele que expressa a ação principal de uma oração.
Portanto, a partícula 「ながら」 simplesmente descreve outra ação que também
está ocorrendo. Por exemplo, se mudássemos a disposição dos verbos, como
em 「宿題をしながら、 テレビを観る」, o significado da oração seria “Eu as-
sisto TV enquanto faço lição de casa.” Em outras palavras, a ação principal, neste
caso, torna-se “ver TV” e a ação de fazer o dever de casa torna-se uma ação que
está ocorrendo ao mesmo tempo.

Como já mencionamos, o tempo verbal é expressado pelo verbo principal da ora-


ção:

ポップコーンを食べながら、映画を観る。= (Eu) assisto ao filme enquanto


como pipoca.

ポップコーンを食べながら、映画を観た。= (Eu) assisti ao filme enquanto co-


mia pipoca.

口笛をしながら、手紙を書いていた。= (Eu) estava escrevendo carta enquanto


assobiava.

Um ponto importante é que não se deve usar 「ながら」 para duas ações simul-
tâneas em que os agentes são distintos. Observe o exemplo:

まことが遊びながら、あきらは勉強した。= Akira estudou enquanto Makoto


brincava (INCORRETA).

Um uso mais avançado de 「ながら」 é usá-lo com o estado-de-ser implícito,


isto é, você não deve usar o declarativo 「だ」, bastando apenas anexar 「なが
ら」 ao substantivo ou adjetivo. Com isso, basicamente expressamos concessão,

240
de modo parecido a 「のに」. Este sentido é mais comum com substantivos e
adjetivos, mas pode ser visto com verbos. Tudo dependerá do contexto:

この掃除機は、小型ながら性能がいい。= Falando deste aspirador-de-pó, ape-


sar de ser compacto, sua performance é boa.

くる、くると言いながら来なかった。= Apesar de dizer “virei, virei”, (você) não


veio.

Você também pode anexar a partícula inclusiva 「も」 a 「ながら」 para ob-
ter 「ながらも」. Isso explicita o sentido de concessão:

貧乏ながらも、高級なバッグを買っちゃったよ。= Mesmo sendo pobre, eu aca-


bei comprando uma bolsa de alta qualidade.

Como expressar condições em japonês? Primeiramente, abordaremos a forma


mais simples de condicional, que se trata de uma consequência natural, ou seja,
isso significa que “se [X] acontece, [Y] acontecerá como uma consequência natu-
ral”. Nada de difícil: “se você derrubar a bola, ela caíra no chão”, “se eu apagar
as luzes à noite, ficará escuro”. Podemos expressar esse tipo de condição com a
partícula 「と」, no seguinte formato:

CONDICIONAL COM 「と」 (REGRA GERAL):

1. Anexe 「と」 à condição, seguindo-o do resultado que ocorreria caso esta


condição seja satisfeita: [Condição] + と + [Resultado];

2. Caso a condição seja um estado-de-ser, deve ser explicitado: [Estado-de-ser]


+ だと + [Resultado].

Agora vejamos os exemplos práticos:

ボールを落すと落ちる。= Se você derrubar a bola, ela caíra no chão.

電気を消すと暗くなる。= Se eu apagar as luzes à noite, ficará escuro.

Estes exemplos mostram como 「と」 é usado para expressar uma consequên-
cia natural. Entretanto, mesmo que a afirmação não a seja por si mesma, 「と
」 indicará ao ouvinte que é esperado que tal afirmação seja, apesar disso, uma
consequência natural:

学校に行かないと友達と会えないよ。= Se você não for à escola, não poderá en-


contrar seus amigos.

たくさん食べると太るよ。= Se você comer muito, engordará com certeza.

241
A expressão “com certeza” é o significado implícito dado por 「と」. O falante
está dizendo que a seguinte condição irá ocorrer nessa situação, não importa o
que aconteça. Portanto, o condicional 「と」 não pode ser seguido por verbos
que indiquem pedido ou convite:

時間があると手伝ってください。 = Por favor, me ajude se tiver tempo. (ER-


RADO)

Se a condição for um estado-de-ser, isso deverá ser expressado explicitamente


usando 「だ」. Isso se aplica a todos os substantivos e Adjetivo-NA, como você
já deve saber. Tal procedimento também prevenirá uma confusão com outros
usos de 「と」.

先生だと、きっと年上なんじゃないですか? = Se ele é um professor, ele deve


ser mais velho (com certeza), certo?

Devido a essa relação de causa e efeito, alguns preferem encarar o condicional 「


と」 como se fosse uma partícula inclusiva, nos moldes de 「と」 que vimos
na lição 19, isto é, com o significado “e”. Veja abaixo um trecho da canção
“Orange” de “Shigatsu Wa Kimi No Uso”:

君がいないと本当に退屈だね。= Você não está (aqui) e é realmente um tédio.

O próximo tipo de condicional expressa apenas uma condição regular sem quais-
quer suposições ou significado incorporado. Para tanto, basta anexar 「ば」 à
base Kateikei das partes do discurso flexionáveis, isto é, verbos e Adjetivos-I:

Lembre-se que no Japonês moderno, a Base Izenkei passou a ser chamada de Ka-
teikei. Não só o nome mudou, mas também seu sentido, já que “Izenkei” era
usada basicamente para ações concluídas. Vejamos:

行(ゆ)けば (Izenkei) = Já que (ele) vai / foi.

No Japonês Clássico 「ば」 era adicionado à base Mizenkei para expressar con-
dição (uma condição é “algo não realizado ainda” = Mizenkei):

行(ゆ)かば (Mizenkei) = Se (ele) for.

242
Alguns apontam que, no japonês moderno, o sentido de 「ば」 estaria mais para
“quando / no momento que [X] for o caso”, do que para “Se [X] for o caso”.

Seja como for, vamos aos exemplos práticos:

友達に会えれば、買い物に行きます。= Se eu puder encontrar com meu amigo,


vamos fazer compras.

お金があればいいね。= Se eu tiver dinheiro, seria bom, não é?

楽しければ、私も行く。= Se é divertido, eu irei também.

楽しくなければ、私も行かない。= Se não é divertido, eu também não irei.

食べなければ病気になるよ。= Se você não comer, ficará doente.

Agora observe a oração seguinte:

食べませねば病気になりますよ。= Se você não comer, ficará doente.

Na oração acima usamos a base Kateikei do auxiliar de negação 「ぬ」, que é o


usado para a negativa de 「ます」.

Se quisermos usar como condição o estado-de-ser, devemos usar 「ば」 na base


Kateikei da cópula 「である」:

友達であればプレゼントを買います。= Se for amigo, comprarei presente.

Outro tipo de forma condicional relativamente fácil de entender é a “condicional


contextual”. Ela é usada quando queremos mostrar coisas que vão aconte-
cer dado um determinado contexto. Por exemplo, se você quisesse dizer: "Bem,
se todo mundo vai, eu também irei", você deverá usá-lo, porque está dizendo que
você irá no contexto em que todos os demais irão. O condicional contextual sem-
pre requer um contexto no qual ocorre a ação ou estado. Por exemplo, você po-
deria usá-lo para dizer coisas como: "Se é disso que você está falando ..." ou "Se
for esse o caso, então ...”.

Esse tipo de condicional é construído colocando-se 「なら」, base Kateikei da


cópula 「だ」, provavelmente oriunda da Base Mizenkei da cópula clássica 「な
り」, após o contexto necessário para que ocorra determinada ação ou estado:

みんなが行くなら私も行く。= Se todo mundo vai, eu também irei.

Em certo sentido, você está explicando o que aconteceria se você assumir que
uma determinada condição é satisfeita. Em outras palavras, está dizendo "se for
dado um determinado contexto, eis aqui o que vai acontecer." Você vai ver isso

243
refletido nas traduções para o português com a expressão "se é dado que" nos
próximos exemplos:

明日うちへ来るなら電話をする。= Se é dado que (eu) virei a sua casa amanhã,


telefonarei para você.

Uma vez que 「なら」 origina-se da cópula 「だ」, não é necessário usa-la para
expressar o estado-de-ser de substantivos e Adjetivo-NA:

図書館ならあそこです。= Se é da biblioteca que você está falando, então, fica ali.

Você também pode optar por usar 「ならば」 em vez de apenas 「なら」. Isso
significa exatamente a mesma coisa, exceto que ele tem uma nuance mais formal.

Finalmente, como 「なら」 é na realidade oriunda de uma cópula, você deve es-
tar se perguntando se não seria necessário acrescentarmos um 「の」 (ou algo
equivalente a um substantivo) entre o verbo e 「なら」. Bem, este raciocínio faz
sentido e no Japonês Clássico, sim, acrescentava-se um 「の」 depois de um
verbo. Porém, no japonês moderno, isso se tornou opcional e pode soar arcaico:

みんなが行くのなら私も行く。= Se todo mundo vai, eu também irei.

O sufixo 「たら」 se trata de um sobrevivente do Japonês Clássico, pois nessa


época, a forma condicional era formada pela base Mizenkei dos verbos seguida
de 「ば」. Assim como a forma condicional formada com 「ば」, expressa tam-
bém uma condição geral.

暇だったら、遊びに行くよ。= Se eu estiver livre, eu irei brincar.

学生だったら、学生割引で買えます。= Se você é um estudante, você poderá


comprar com um desconto estudantil.

Quando se trata de verbos ou Adjetivo-NA, é muito difícil diferenciar entre os


condicionais「ば」 e 「たら」 , e você pode tornar a vida mais fácil para si
mesmo, considerando-os como sendo iguais. No entanto, há uma pequena
diferença, pois com 「 た ら 」 o foco estánaquilo que acontece depois da
condição, isto é, estamos interessados no resultado e não na condição. Por outro
lado, com o condicional 「 ば 」 o foco está na parte condicional. Vamos
comparar a diferença de nuança:

友達に会えれば、買い物に行きます。= Se eu puder encontrar meu amigo, ire-


mos às compras.

友達に会えたら、買い物に行きます。= Se eu puder encontrar meu amigo, ire-


mos às compras.

244
Indo pelo contexto, a forma condicional com 「たら」 soa mais natural, porque
não parece que estamos realmente nos focando na condição em si. Estamos, pro-
vavelmente, mais interessados no que vai acontecer, uma vez que encontramos
o amigo.

A forma condicional com 「たら」 é o único tipo de condicional no qual o re-


sultado pode estar na forma passada. Pode parecer estranho ter um "se", quando
o resultado já ocorreu. Com efeito, neste uso, não há realmente nenhum "se", e é
apenas uma forma de expressar surpresa com o resultado da condição. Isto tem
pouco a ver com condicionais, mas é explicado aqui, porque a estrutura grama-
tical é a mesma:

家に帰ったら、誰もいなかった。= Quando voltei à casa, não havia ninguém lá.


(resultado inesperado).

アメリカに行ったら、たくさん太りました。= Como resultado de ter ido à


América, eu realmente engordei. (resultado inesperado).

Você também pode usar a construção clássica 「たらば」 em vez de 「たら」 .


Semelhante ao 「ならば」 , isso significa a mesma coisa, mas tem uma nuance
mais formal.

Você pode fazer sugestões usando os condicionais 「ば」 ou 「たら」 em con-


junto com o Kosoado 「どう」. Em português seria como dizer “Que tal fazer
[X]?". Gramaticalmente falando, não há nada de novo aqui, mas é uma constru-
ção usada com frequência:

銀行に行ったらどうですか。= Que tal ir ao banco?

たまにご両親と話せばどう?= Que tal conversar com seus pais de vez em


quando?

A palavra 「もし」 é um suplemento para adicionar à condição uma sensação


de incerteza, hipótese e enfatizando isso. Por exemplo, você pode usá-lo quando
quer fazer um convite a alguém, sem presumir algo, como no exemplo a seguir:

もし時間がないなら、明日でもいいよ。= Se fosse dado que não há tempo,


amanhã está bem também (Não tem certeza se não há tempo).

Às vezes, podemos encontrar 「もしも」, o que significa o mesmo:

もしも時間がないなら、明日でもいいよ。= Se fosse dado que não há tempo,


amanhã está bem também (Não tem certeza se não há tempo).

Logicamente, 「もし」 não restringe às formas condicionais:

245
未来(あした)予報がもし嵐でもおれが変えるさ青空に。= Mesmo que a previsão
do tempo de amanhã (hipoteticamente) fosse tempestade, eu a transformaria
em céu azul.

Neste trecho da música de encerramento do seriado “Jiban”, vemos, além da in-


versão dos elementos, 「もし」 sendo usado para dar um ar de incerteza, hipó-
tese com relação ao estado do tempo de amanhã.

「もし」 tem uma versão enfática que é 「もしか」. Aliás, 「もしか」 pode apa-
recer com a forma condicional do verbo 「する」, como 「もしかすると」 ou 「
もしかしたら」. Há ainda a forma 「もしかして」:

もしかしたら私は彼と結婚するかもしれないのです! = Talvez, vou me casar


com ele!

246
16. MAIS SOBRE PARTÍCULAS
Você se lembra que mencionamos anteriormente a existência de “palavras vari-
áveis”? Há algumas partículas que se comportam como substantivos depen-
dendo de como são usadas. Por exemplo, a partícula 「だけ」 é usada para ex-
pressar que determinada quantidade de algo é tudo o que existe. Assim como as
outras partículas que já aprendemos, ela é diretamente ligada ao fim de qualquer
palavra que a que se refira:

りんごだけ。= Somente maçãs (e nada mais)

Já que 「だけ」 é um dessas partículas que se comportam como um substantivo,


ela pode ser anexada diretamente à Base Rentaikei:

これからは食べるだけだ。= A partir de agora, comerei somente.

Quando alguma das principais partículas é usada, ela deve figurar após 「だけ
」:

それだけは、食べない。= Não comerei somente isso (o restante está subenten-


dido que tudo bem)

この歌だけを歌わなかった。= Não cantei somente esta canção.

その人だけが好きだったんだ。= É essa pessoa somente que eu gostei.

ローマ字だけの辞書。= Dicionário somente Roomaji.

Entretanto, com partículas “menos importantes”, tais como 「から」 ou 「まで


」, é difícil dizer qual deve figurar primeiro, portanto, se você ficar em dúvida,
tente usar o Google para verificar o nível de popularidade de cada combinação.
Por exemplo, o resultado que se obtém é que 「からだけ」 é quase duas vezes
mais popular do que 「だけから」:

まことからだけは、返事が来なかった。= Uma resposta não veio somente de


Makoto.

A partícula 「しか」 deve ser utilizada para indicar a ausência de qualquer ou-
tra coisa. Algo interessante com relação a esta partícula é que o verbo deve es-
tar sempre na forma negativa.

これしかない。= Não há nada mais que isto.

A próxima sentença está incorreta:

247
これしかある。= Não há nada mais que isto (INCORRETA. Deveria ser usado 「
だけ」).

Como verá nos próximos exemplos, 「しか」 tem um significado negativo incor-
porado enquanto 「だけ」 não tem qualquer nuance particular:

これだけ見る。= Verei somente isto.

これだけ見ない。= Não verei somente isto.

これしか見ない。= Verei somente isto (e isso é ruim).

朝ご飯しか食べなかった。= Comi somente o café da manhã (e isso é algo nega-


tivo).

Convém mencionar que, devido ao fato de 「しか」 sempre exigir o verbo na


forma negativa, alguns preferem atribuir a ela o significado de “com exceção de
[X]”, o que deixaria claro o seu sentido, isto é, essa ausência de qualquer outra
coisa. Sendo assim, observe como ficariam as traduções dos exemplos anteriores:

これしか見ない。= Com exceção disto, não vejo (nada).

Observe que, ao contrário de 「だけ」, com 「しか」 é necessário terminar a


frase:

全部買うの? = (Você) comprará tudo?

(1) ううん、これだけ。= Não, somente isto.

(2) ううん、これしか買わない。= Não, não comprarei nada além disto.

(3) ううん、これしか。= Não, não comprarei nada além disto. (INCORRETA.


Na sentença, a forma negativa deve estar indicada explicitamente).

No caso de múltiplas partículas, como as principais sempre figuram após as “me-


nos importantes”, 「しか」 deve aparecer depois de 「から」 e 「まで」. Uma
pesquisa no Google mostra que 「からしか」 é bem mais popular do que 「しか
から」:

先生からしか日本語を習わなかった。= Eu não aprendi japonês, exceto pelo pro-


fessor (eu aprendi japonês pelo professor somente e isso de algum modo foi algo
negativo).

Você também pode usar 「しか」 com verbos:

これから頑張るしかない!= Não há nada a fazer, mas tentamos o nosso melhor!


(Lit. com exceção (do ato) de nos esforçarmos, não há nada)

248
「ばかり」 é usado para expressar a condição em que há tanto de algo a ponto
de não haver mais nada. Note que isto é fundamentalmente diferente de 「しか
」, que exprime uma falta de tudo, exceto o item em questão. Em situações mais
casuais, 「 ば か り 」 geralmente é pronunciado 「 ば っ か り 」 ou simples-
mente 「ばっか」. Por exemplo, digamos que Hiroshi só fique jogando mahjong
e não faça mais nada além disso. Você pode dizer o seguinte:

ひろしは麻雀ばかり。= Hiroshi é só mahjong (e ele se limita a isso).

彼らは不平ばかり言う。= Eles só reclamam (e não sabem fazer nada além disso)

Podemos anexar 「ばかり」 à forma passada dos verbos para indicar que uma
ação acabou de ser realizada:

あきらは帰ったばかり。= Akira acabou de retornar à casa.

この傘を買ったばかり。= (Eu) acabei de comprar este guarda-chuva.

Na verdade, é mais comum em japonês usar 「買ったばかり」 em vez de dizer


que algo é “novo” 「新しい」. Em outras palavras, se você quiser dizer que “este
guarda-chuva é novo”, o caminho mais natural é usar 「買ったばかり」, en-
quanto usar 「新しい」 soará mecânico, como algo memorizado a partir de um
livro de gramática.

Outro modo de expressar algo parecido é anexar o substantivo 「ところ」 (所) à


forma passada do verbo:

この傘を買ったところ。= (Eu) acabei de comprar este guarda-chuva.

A principal diferença entre usar 「ばかり」 e 「ところ」 é que 「ばかり」 tem


um sentido de "relativamente falando", isto é, pode ser que você tenha comprado
o guarda-chuva há uma semana, mas, relativamente falando, “acabou de com-
prar”. Já com 「ところ」 significa realmente que você comprou o guarda-chuva
agora mesmo.

A partícula 「より」 é usada para rotular algo como ponto de referência para
uma comparação:

日本語は英語より難しい。= Japonês é mais difícil do que inglês.

Se analisarmos, por exemplo, a segunda oração, estamos afirmando que o japo-


nês é difícil, tomando-se o inglês 「英語」 como ponto de referência, o que es-
sencialmente significa o mesmo. Ora, já que 「より」 tem um sentido de ponto
inicial, de origem, poderíamos usar como técnica de memorização de seu sentido,
a imagem de uma escada de dois degraus em que o que está no segundo degrau

249
é MAIS alto do que aquilo que está no primeiro, ou seja, sua origem, marcada
por 「より」 :

Nesta escada, o elemento que está no primeiro degrau (より) é “inglês”, então,
ele está ABAIXO de “japonês”, que está no segundo degrau e, consequente-
mente, está MAIS alto na “afirmação [X]”, que neste caso é 「難しい」. Logo,
japonês é mais difícil do que inglês. E, ainda, poderíamos omitir o item compa-
rado, se ele estiver subentendido pelo contexto:

英語より難しい。= (Japonês) é mais difícil do que inglês.

私より走れる。= (Algo) pode correr mais do que eu.

Também, poderíamos dizer que algo que está acima é preferível àquilo que está
abaixo, quando não há nenhuma “afirmação [X]”. Observe:

花より団子。= Dango em vez de flores.

Vale ressaltar que o ponto de referência pode ser omitido, quando está subenten-
dido:

よりいい方法知りませんか。 = (Você) não conhece um método melhor (do


que…)?

Claro que não há nenhuma regra que estabeleça que 「より」 deve ser usado
com o substantivo 「ほう」 (方), pois os aspectos das coisas se deduzem pelo
contexto. Também, palavras associadas a 「より」 não precisam de nenhum
tempo verbal. Repare na seguinte oração:

250
ゆっくり食べた方が早く食べるよりいい。= É melhor comer lentamente em vez
de comer rapidamente (Lit. O caminho de se comer devagar e “mais bom” do
que comer rapidamente)

NOTA: Por questões meramente de uso (lembre-se de “colocações”), o substan-


tivo 「ほう」 (方) costuma ser usado somente com verbos na forma passada, com
exceção da forma negativa não-passada: 「怖い映画は見ない方がいいよ」= Não
é bom assistir filmes assustadores.

Podemos usar 「より」 em conjunto com a partícula 「も」. Embora sejam pra-
ticamente invariáveis, parece que 「よりも」 é mais enfático:

HIROSHI: バナナより林檎が好き。= (Eu) gosto mais de maçã do que de banana.

AKIRA: 本当?私は林檎よりもバナナが好き。= Verdade? Eu gosto mais de ba-


nana do que de maçã.

Agora, observe o próximo exemplo:

倒 れ た ら 立 ち 上 が り 前 よ り も 強 く な れ 。 = Se cair, levante-se e torne-se


forte mais do que antes.

Neste trecho da música de encerramento do Tokusatsu “Shavivan”, podemos re-


visar alguns conceitos: a forma condicional, ações sequenciais usando a base
Ren’youkei, 「 よ り も 」 fazendo a comparação (o elemento que 「 よ り
」 marca 「前」 que é MENOS e, portanto, “torne-se forte MAIS do que an-
tes”) e a forma de comando do verbo 「なる」 .

NOTA:「より」 era usado para desempenhar um dos papéis que ͔ 「から」 de-
sempenha hoje, isto é, mostrar a origem de algo. De fato, em documentos legais
「より」 ainda é usado em vez de ͔ 「から」.

Como mencionamos no tópico 6, estima-se que haja cerca de 200 usos relaciona-
dos às partículas, aqui incluindo usos e diferentes tipos de partícula que, para
fins meramente didáticos as dividimos em três grupos:

A. Partícula Simples: são as partículas de “per si”, isto é, sem nenhum comple-
mento;

B. Partícula Dupla: é quando duas partículas simples são usadas em conjunto;

C. Partícula Composta: é um elemento formado por pelo menos uma partícula


simples em conjunto com outros termos que, quando traduzido para o portu-
guês, tem geralmente sentido de uma só palavra (uma preposição, em muitos
casos). Pode ser formada por “Partícula Simples + verbo” e “Substantivo + Par-
tícula Simples”.

251
A partir de agora, abordaremos as Partículas Duplas e as Partículas Compostas
mais básicas.

Começando nossa abordagem, há casos em que o lugar da ação é também o tó-


pico da sentença. Você pode anexar as partículas de tópico (「は」 e 「も」
) às três partículas que indicam localização (「に」, 「へ」, 「で」) quando
o local for o tópico. Vamos ver como o lugar pode se tornar o tópico no pequeno
diálogo abaixo:

MAKOTO: 学校に行った?= (Você) foi à escola?

MIDORI: 行かなかった。= Não fui.

MAKOTO: 図書館には?= E à biblioteca?

MIDORI: 図書館にも行かなかった。= Também não fui à biblioteca.

Durante o diálogo Makoto trouxe um novo assunto (biblioteca), então, o lugar


virou o tópico. A sentença é na verdade uma versão abreviada de 「図書館には
行った?」, como você pode supor pelo contexto.

Também, a partícula dupla 「にも」 pode ter um sentido de “mesmo (que)”.


Como sempre, tudo dependerá do contexto. Observe o exemplo a seguir:

ひろしは昼休みにも勉強をする。= Falando de Hiroshi, mesmo na hora do al-


moço, ele estuda.

Agora, veja o próximo diálogo:

MAKOTO: 寿司を食べない?= (Você) não comerá sushi?

MIDORI: いいえ、レストランでは食べない。= Não, no restaurante não co-


merei.

Makoto pergunta a Midori se ela não comerá sushi e ela responde que no restau-
rante não. Talvez, Midori não goste de restaurante e sabe que Makoto poderá
sugerir tal lugar. Então, nesse caso, Midori traz “restaurante” à conversa para
dizer que não comerá nesse lugar.

A partícula de objeto direto é diferente das partículas relacionadas com lugares,


pois você não pode usar nenhuma outra partícula ao mesmo tempo. Por exemplo,
talvez você tenha achado que seria possível dizer 「をは」 para expressar que
o objeto direto é também o tópico, mas esse não é o caso. Um tópico pode ser um
objeto direto sem usar a partícula 「を」. De fato, colocar a partícula 「を」 seria
errado.

252
日本語を習う。= Aprender japonês.

日本語は、習う。= Sobre japonês, (vou) aprender.

Por favor, tome cuidado para não cometer esse tipo de erro:

日本語をは、習う。- [isso é incorreto.]

No Japonês Moderno essa combinação não é possível, mas nos tempos antigos
ela existia como 「をば」 e era usada para dar maior ênfase ao objeto direto.

É possível também juntar 「て」 à partícula 「も」 para expressarmos o con-


traste entre situações. Esta partícula dupla tem um sentido de “mesmo que” ou
“não importa que”, dependendo do contexto. Observe os exemplos:

熱があっても仕事に行く。= Mesmo que esteja com febre, irei ao trabalho. (Lit.


Mesmo se febre existir, irei ao trabalho.)

薬を飲なくても元気になる。= Mesmo se não tomar o remédio, ficarei bem.

急いでも仕方がない。= Mesmo se me apressar, de nada adiantará.

Observe a próxima oração:

寿司を食べてもいい?= Posso comer sushi? (Lit. Mesmo se comer sushi, é bom?)

O padrão acima é muito utilizado para se pedir permissão para fazer algo. Na
linguagem casual é comum omitir-se a partícula 「も」:

寿司を食べていい?= Posso comer sushi? (Lit. (eu) vou comer sushi e é bom?)

Aliás, podemos usar 「宜しい」 no lugar de 「いい」 se quisermos soar mais


formais:

車を使ってもよろしい。 = (Você) pode usar o carro (Lit. Mesmo se usar o carro,


é bom).

Não confunda este 「でも」 com a conjunção 「でも」. Embora pareça que re-
almente sejam a mesma coisa, a conjunção 「でも」 não pode ser usada para
conectar sentenças, isto é, ela é usada geralmente depois de uma pausa em outra
sentença, para contradizer o que foi dito anteriormente ou está subentendido na
conversa:

私は熱がある。でも仕事に行く。= Eu estou com febre. Mas irei ao trabalho.

Também, não confunda a partícula de contexto 「で」 sendo usada em com 「


も」 com a partícula dupla 「でも」. São coisas distintas:

253
箸でも寿司を食べた。 = (Eu) comi sushi com hashi também.

Podemos também combinar as partículas 「て」 e 「から」 para expressar uma


ação que será feita após o término de outra:

食べてからトイレに行く。= Depois de comer, irei ao banheiro.

「とか」 tem o mesmo significado de 「や」, mas é ligeiramente mais coloquial:

飲み物とかカップとかナプキンは、いらない? = Falando de (coisas como) be-


bida, copo, ou guardanapo, etc., (você) não precisa?

Nos livros convencionais nos é ensinado que 「とか」 lista dois ou mais itens
como exemplo. Porém, tenha sempre em mente que a língua que praticamos no
dia a dia é incontrolável. Não estranhe se encontrar 「とか」 listando apenas um
item:

ナプキンとかを買った。= (Eu) comprei (coisas como) guardanapo.

Podemos juntar as partículas 「へ」 e 「の」 para expressar que o estar direcio-
nado a algo é atributo de outro elemento. Para tornar mais claro, observe o exem-
plo abaixo:

彼への手紙。= Carta para ele. (Lit. Carta que é direcionada a ele)

Nesta construção, expressamos simplesmente que “ele” é para onde está direci-
onada a carta e este fato é atributo dela, ou seja, não é uma carta para qualquer
um, mas para “ele”.

Podemos combinar a partícula 「と」 e 「の」 para mostrar basicamente que


“com [X]” é atributo de um substantivo:

忍者との戦い。= Batalha com o ninja.

Podemos também combinar 「と」 e 「は」 para indicar que uma palavra ou
expressão será definida. Esta partícula é frequentemente usada, por exemplo,
em enciclopédias para definir palavras:

Ubuntu とは。。。 = Ubuntu (significa) [definição...].

Quando usada sozinha com uma palavra 「とは」 denota o significado de "esta
palavra é definida como?" e pode ser traduzida como "O que é...":

Ubuntu とは?= O que é Ubuntu?

254
Cuidado para não confundir este uso de 「とは」 com 「と」 sendo acompa-
nhado de 「は」 como partícula enfática. Neste caso, o contexto será nosso ali-
ado para sermos capazes de diferenciar:

ひろしとはスポーツをする。= (Eu) pratico esportes com Hiroshi.

A partícula dupla 「てばかり」, é usada coloquialmente para expressar que uma


ação é tudo que alguém sabe fazer:

まことは食べてばかり。= Falando de Makoto (ele) só come (e não sabe fazer


outra coisa além disso).

Passando agora para as “partículas compostas”, que é um tema controverso na


língua japonesa (pelo menos do ponto de vista de como elas são abordadas con-
vencionalmente). Como mencionado no início deste tópico, as construções mais
comuns de partículas compostas são:

I. Substantivo + partícula: são composições formadas de um substantivo e uma


partícula. Como exemplo, vejamos 「上で」 , que expressa essencialmente o
mesmo que a partícula dupla 「てから」 com a diferença de que a ação anterior
é executada como uma ação preparatória, pré-requisito para algo relativamente
importante. Sendo assim, 「上で」 será anexada à forma passada:

皆の意見を聞いた上で決めました。= (Eu) decidi depois de ter ouvido as opini-


ões de todos.

O sentido aqui é simples: imagine que uma ação foi realizada (ter ouvido as opi-
niões de todos) como preparação para outra mais importante (decidir). Esta pre-
paração é a base, um pré-requisito sobre o qual (「上で」), será realizado algo
importante.

Também, a partícula composta 「上で」 pode aparecer junto de um substantivo:

内容をご確認の上でサインをお願いいたします。= Depois da confirmação dos


detalhes, assine, por favor.

Finalmente, pode aparecer anexada à forma infinitiva:

メールを使ううえで注意すべきマナ。= Normas a serem tomadas quando se usa


e-mail.

II. Partícula + verbo: são composições formadas de uma partícula e um verbo,


geralmente na Forma TE (consequentemente a base Ren’youkei pode aparecer
também):

人によって話が違う。= A história é diferente dependendo da pessoa.

255
Para entender as Partículas Compostas do padrão “Partícula + verbo”, precisa-
mos considerar dois pontos abordados no tópico 14:

A. A Forma TE: vimos ela pode funcionar como um advérbio: Perceba que a Par-
tícula Composta 「によって」 é simplesmente a forma TE do verbo 「拠る」,
que significa “Depender de”, como pode ser visto pela seguinte troca simples no
próximo diálogo:

HIROSHI: 今日は飲みに行こうか?= Vamos ir beber hoje?

AKIRA: それは、みどりによるね。= Isso depende da Midori.

Com a Forma TE, adquire valor de advérbio, ou seja, “A história é diferente”. De


que modo? Dependendo da pessoa.

B. Resquícios do Japonês Clássico: esse é o aspecto que mais dificulta o enten-


dimento deste tipo de Partícula Composta. Isso por que em alguns casos é preciso
considerar sentidos obsoletos da Partícula Simples que a compõe. Por exemplo,
vamos analisar a Partícula Composta 「をよそに」(を余所に), na qual o subs-
tantivo 「よそ」 significa “fora”, “em outro lugar”:

ご両親が反対したのをよそに彼が退学して俳優になった。= Apesar do fato de


os pais terem desaprovado, (ele) deixou a escola e se tornou ator.

Até mais ou menos o fim do Período Muromachi (1336–1573), a partícula 「を


」 tinha também a função de concessão, igual à partícula 「のに」, que se ori-
ginou na língua falada. Se consideramos esse fato, uma tradução literal seria
“Apesar de o fato de que os pais desaprovarem, em outro lugar, (ele) deixou a
escola e se tornou ator”.

256
17. CONSTRUINDO MAIS ORAÇÕES
Continuando o que começamos no tópico 15, algo muito estranho no Japonês
Moderno é a maneira como costumam expressar deveres. É feita por meio de
padrões, a saber:

O QUE DEVE SER FEITO

1. {Forma TE negativa} +「は」 + 「いけない」/「ならない」/「だめ」;

2. {Verbo na forma negativa} + {Condicional 「と」} + 「いけない」/「ならな


い」/「だめ」;

3. {Verbo na forma negativa} + {Condicional 「ば」} + 「いけない」/「ならな


い」/だめ」.

Veja os exemplos:

それを食べなくてはいけない!= (Você) deve comer isso!

それを食べないといけない!= (Você) deve comer isso!

それを食べなければいけない!= (Você) deve comer isso!

Para expressar coisas que NÃO se deve fazer, basta alterar a primeira parte do
padrão 1 para a forma afirmativa:

それを食べてはいけない!= (Você) deve comer isso!

Existe a forma casual para este tipo de expressão no qual podemos abreviar os
fragmentos 「~ては」 e 「~では」 para 「~ちゃ」 e 「~じゃ」 respectiva-
mente. Tenha em mente, porém, que tais abreviações, em geral, soam um pouco
engraçadinhas ou feminino:

それを食べてはだめ!→ それを食べちゃだめ!= (Você) não deve comer isso!

それを飲んではだめ!→ それを飲んじゃだめ!= (Você) não deve beber isso!

Você pode estar reclamando sobre o quão longo é a maioria das expressões que
aprendemos até agora apenas para dizer que você deve fazer algo ou não. Vere-
mos, então, como podemos amenizar isso. Os professores são relutantes em en-
sinar essas expressões excessivamente familiares, porque elas são muito mais fá-
ceis de usar, algo que é ruim para os momentos em que podem não ser apropri-
adas. Mas, por outro lado, se você não aprender expressões casuais, torna-se di-
fícil compreender seus amigos (ou supostos amigos). Com 「~ては」 e 「~け

257
れば」 abreviados, o segredo está em retirar a parte do resultado da condição.
Observe:

それを食べなくちゃだめ!→ それを食べなくちゃ!= Você deve comer isso.

それを食べなきゃいけない!→ それを食べなきゃ!= Você deve comer isso.

É possível encontrar registros do mesmo sendo feito com o condicional 「と」:

宿題をしないといけない! → 宿題をしないと! = Você deve fazer a lição de casa.

Algo importante a ressaltar aqui é que esta omissão é válida somente para ações
que devem ser feitas. Sendo assim, as seguintes omissões estão incorretas:

それを食べちゃならない!→ それを食べちゃ!= (Você) não deve comer isso!


(INCORRETA)

それを飲んじゃだめ!→ それを飲んじゃ! = (Você) não deve beber isso! (IN-


CORRETA)

Entretanto, como estamos falando em brevidade na fala, 「だめ」 é usado com


mais frequência.

O Adjetivo-I 「欲しい」, que pode ser traduzido como sendo a qualidade de “ser
desejado”, pode ser usado para indicar coisas que você deseja. Se com 「たい
」 indicamos ações que desejamos fazer, com 「 欲 し い 」 indicamos basica-
mente coisas que desejamos, já que ele é um adjetivo e qualifica substantivos:

寿司がほしい。= Eu quero sushi (= sushi é desejado).

林檎がほしくない。= Eu não quero maçã. (= maçã não é desejada).

O uso de 「欲しい」 não se restringe a substantivos. Podemos também usá-lo


juntamente com a Forma TE de verbos para indicar que determinada ação é de-
sejada. Contudo há uma diferença com relação a 「たい」: com 「たい」 o fa-
lante indica ações que ele mesmo quer executar, experimentar. Em contrapar-
tida, com 「 ~ て ほ し い 」 , o falante expressa seu desejo de que determi-
nada ação seja realizada, experimentada. Compare:

寿司を食べたい。= Eu quero comer sushi. (= Eu mesmo executo, experimento a


ação de comer sushi).

寿司を食べてほしい。= Eu quero que (você) coma sushi. (= Desejo que essa ação
seja realizada, experimentada por alguém).

Já que 「欲しい」 é um Adjetivo-I e, por natureza, esta classe de palavras ex-


pressa uma qualidade como “ser [qualidade]”, poderíamos traduzir este

258
exemplo como “A ação de comer sushi é desejada. Ainda, já que este auxiliar
expressa um desejo do falante, podemos acrescentar um “por mim” ao final.
Lembre-se, contudo, que tudo isso é apenas como um meio de fixação, conside-
rando a natureza das palavras. Assim temos: “A ação de comer sushi é desejada
por mim.” O importante aqui é compreender o seu uso.

Quando quiser especificar o ente que você deseja que faça determinada ação,
marque-o com a partícula 「に」:

かれにこの本を読んでほしい。 = Eu quero que ele leia este livro.

E se quisermos expressar que desejamos que uma ação NÃO seja feita? Prova-
velmente, seriamos levados a imaginar algo com 「~なくてほしい」, mas esse
não é o caso. Talvez por ser mais fácil (lembre-se sempre que nativos são pregui-
çosos com sua língua ), neste caso devemos usar 「~ないでほしい」:

寿司を食べてほしい。= Eu quero que (você) coma sushi. → 寿司を食べないでほ


しい。= Eu não quero que (você) coma sushi.

Atente-se ao fato de que 「~てほしい」 não deve ser usado se a pessoa que que-
remos que faça algo tiver um status maior. Neste caso, podemos usar, por exem-
plo, 「~てもらいたい」:

寿司を食べてもらいたい。= Eu quero que (você) coma sushi (= Eu quero receber


como favor o ato de (você) comer sushi).

Já que estamos tratando de desejos, no tópico 5, vimos como expressar um co-


mando através da Base Meireikei:

飲め! = Beba!

食べよ! = Coma!

A forma do comando negativa é muito simples: basta anexar 「な」 à forma in-
finitiva de qualquer tipo de verbo:

それを食べるな! = Não coma isso!

変なことを言うな!= Não diga tais coisas estranhas!

NOTA: Não confunda esse 「な」 com a partícula final 「な」.

Você pode pedir favores usando os verbos suplementares 「くれる」 e 「もらう


」, quando não houver necessidade de polidez. Como os favores são feitos ao
falante, você não poderá usar 「あげる」 nesta situação. Observe os exemplos:

259
ペンを貸してくれる? = Você me dará o favor de me emprestar a caneta?

ペンを貸してもらう?= Eu receberei o favor de você me emprestar a caneta?

Observe que as duas orações significam essencialmente a mesma coisa. O doador


e o receptor foram omitidos, porque isso é óbvio a partir do contexto. Se fôssemos
escrever as orações completas, elas seriam parecidas a estas:

あなたが、私にペンを貸してくれる?= Você me dará o favor de me emprestar


a caneta?

私が、あなたにペンを貸してもらう?= Eu receberei o favor de você me empres-


tar a caneta?

Não é comum incluir explicitamente o sujeito e o alvo ao se direcionar a alguém,


mas fizemos isso apenas para ilustrar a mudança de assunto e de destino, depen-
dendo do verbo usado.

No caso de 「もらう」, podemos usar a sua forma potencial 「もらえる」 em


situações que exijam maior polidez:

ペンを貸してもらえる? = Eu poderei receber o favor de você me emprestar a


caneta?

Você pode usar a negativa para fazer o pedido um pouco mais suave. Você vai
ver que isso é verdade em muitos outros tipos de gramática:

ペンを貸してくれない? = Você não me dará o favor de me emprestar a caneta?

ペンを貸してもらえませんか。= Eu não poderei receberei o favor de você me


emprestar a caneta?

É natural imaginar que, para pedir que alguém não faça algo, devemos usar a
Forma TE na forma negativa, isto é, 「~なくて」, mas esse não é o caso. Para
tanto, deve-se usar sua forma contraída 「~ないで」:

全部食べないでくれますか。= Você pode me dar o favor de não comer tudo?

高い物を買わないでくれる?= Você pode me dar o favor de não comprar coisas


caras?

Podemos usar 「ください」, base Meireikei de 「くださる」, que é a forma ho-


norífica de 「くれる」. Entretanto, 「ください」 tem uma pequena diferença
com relação à 「くれる」 e sua forma honorífica 「くださる」, quando se re-
fere a substantivos. Observe os exemplos:

それをください。= Dê-me isso, por favor.

260
それをくれる? = (Você) me dará isso?

Como você pode ver 「ください」 é utilizado para se fazer um pedido direto
por algo, enquanto que 「くれる」 é usado como uma questão pedindo para que
alguém dê algo. No entanto, 「ください」 é similar a 「くれる」 no sentido
que você também pode usá-lo como verbo suplementar, a fim de solicitar que
uma ação seja feita:

漢字で書いてください。= Escreva em Kanji, por favor.

ゆっくり話してください。= Fale devagar, por favor.

As regras para pedidos negativos é a mesma que vimos anteriormente:

名前を書かないでください。= Não escreva (seu) nome, por favor.

ここにこないでください。= Não venha aqui, por favor.

期待なさらないでくださいよ 。= Não espere, por favor.

Na linguagem casual é comum se omitir 「ください」:

日本語で話して。= Fale em japonês, por favor.

遠い所に行かないで。= Não vá a um lugar longe.

Você também pode usar 「ください」 no lugar de 「になる」 no caso da forma


honorífica dos verbos. Tal processo é muito útil para pedir diretamente a alguém
que faça algo, usando um verbo na forma honorífica. Observe:

少々お待ちください。= Espere um pouco, por favor.

De forma semelhante, com 「ご覧になる」, você simplesmente substitui 「にな


る」 por 「ください」:

こちらにご覧ください。= Olhe nesta direção, por favor.

Isso vale para os substantivos também. Por exemplo, ao entrar no trem...

閉まるドアにご注意ください。= Tenha cuidado com as portas que se fecham,


por favor.

Há ainda outra forma de fazer solicitações usando a base Meireikei de 「ます」.


Entretanto, isso se aplica somente aos verbos honoríficos especiais cuja base
Ren’youkei sofre uma alteração sonora. Lembre-se, são 「下さる」, 「いらっし
ゃる」, 「なさる」 e 「おっしゃる」. Para tanto, basta usar a base Meireikei
de 「ます」:

261
1. 下さる → 下さいます → 下さいませ

2. いらっしゃる → いらっしゃいます → いらっしゃいませ

É possível se construir uma versão abreviada e menos formal. Para isso, basta
usar a Base Meireikei, que, como vimos, nestes verbos também sofre uma mu-
dança eufônica para i:

1. 下さる → 下され → 下さい

2. いらっしゃる → いらっしゃれ → いらっしゃい

Você provavelmente vai ouvir isso um milhão de vezes a cada vez que entrar em
algum tipo de loja no Japão. No entanto, um chef de sushi de meia-idade, prova-
velmente vai usar a versão abreviada:

いらっしゃい!= Entre, por favor!

Mais alguns exemplos:

ありがとうございました。またお越しくださいませ。= Muito obrigado. Venha


novamente, por favor.

どうぞ、ごゆっくりなさいませ。= Fique à vontade e descanse, por favor.

Uma alternativa casual para 「ください」 é 「ちょうだい」. Esta alternativa


pode ser usada por qualquer um, embora tenha um leve sentido infantil ou femi-
nino, e é sempre escrita em Hiragana. Quando aparece escrita em Kanji, é usada
em expressões muito formais, como 「頂戴致します」. Gramaticalmente, 「ちょ
うだい」 é usado exatamente da mesma forma que 「ください」:

スプーンをちょうだい。= Dê-me a colher, por favor.

ここに名前を書いてちょうだい。= Escreva seu nome aqui, por favor.

Como já vimos, 「なさる」 é a forma especial honorífica do verbo 「する」.


Podemos usar sua Base Meireikei 「なさい」 para emitir um comando de uma
maneira suave, mas firme. É usado, por exemplo, quando uma mãe está repreen-
dendo seu filho ou quando um professor quer que o aluno bagunceiro preste
atenção. Ao contrário de 「ください」, 「なさい」 se aplica apenas a verbos po-
sitivos e utiliza a base Ren’youkei do verbo, em vez da Forma TE. Também não
pode ser utilizado de forma independente, devendo ser ligado a outro verbo. Ob-
serve os exemplos:

よく聞きなさい!= Escutem bem!

ここに座りなさい。= Sente-se aqui.

262
Podemos retirar 「さい」 de 「なさい」 para produzir uma versão casual
desta gramática:

たくさん食べな。= Coma bastante.

ここに座りな。= Sente-se aqui.

Este 「な」 não deve ser confundido com forma negativa de comando 「な」. A
diferença mais óbvia (além da clara diferença no tom) é que 「なさい」 é ane-
xado à base Ren’youkei do verbo, enquanto a forma negativa de comando é ane-
xada à forma infinitiva. Por exemplo, para 「する」, 「しな」 é a versão abre-
viada de 「しなさい」, enquanto 「するな」 é um comando negativo.

O substantivo 「よう」 (様) e o sufixo 「みたい」 são muito úteis para constru-
irmos orações mais complexas. Literalmente, 「よう」 significa algo como “apa-
rência” ou “maneira”, e 「みたい」, “similaridade com...” e é usado coloquial-
mente.

Podemos usar 「よう」 como substantivo simplesmente ou, ainda, como Adje-
tivo-NA ou advérbio. Para tanto, basta anexar 「な」 ou 「に」 respectiva-
mente. Observe os exemplos:

川のよう。= Aparência de rio. (usado como substantivo)

学生のような人を見た。= (Eu) vi pessoa que tem aparência de aluno. (usado


como Adjetivo-NA)

彼は次のように答えた。= Falando de ele, ele respondeu como o seguinte. (usado


como advérbio)

彼女は音楽が大好きなように見えた。 = Ela parecia como se gostasse muito de


música (usado como advérbio)

時は飛ぶように過ぎる。= O tempo avança como se estivesse saltando (usado


como adverbio)

Veja como no último exemplo transformamos a oração subordinada “saltar” em


adverbio. Prático, não é mesmo?

Agora, observe os próximos exemplos:

覚えるようにする。= (Eu) tentarei lembrar (Lit. (Eu) farei como se fosse lembrar)

豆腐を食べるようになった。= (Eu) adquiri o hábito de comer tofu. (Lit. (Eu) me


tornei como se comesse tofu)

263
Os dois padrões acima são muito comuns e os livros convencionais costumam
traduzi-los com “tentar fazer [X]” e “adquirir o hábito de [X]”, respectivamente.
Contudo, veja que mesmo se pensarmos literalmente, seremos capazes de supor
um sentido semelhante.

Um aspecto muito útil de 「ように」 é que ele pode ser usado para iniciar uma
ideia que é completada (mentalmente) pela outra parte. Observe o exemplo a se-
guir:

明日勉強するように。。。 = Para que (você) estude amanhã...

Apesar de ser uma frase inacabada, pelo contexto é fácil supor o que vem a se-
guir. Este tipo de sentença "adicione o seu próprio fim" é muito visto em cartões
de aniversário e de fim de ano, cujo sentido é "os melhores votos de ...", "Eu es-
pero que você ...", etc. Neste caso, então, a construção pode ser considerada uma
frase inteira:

楽しい誕生日であるように。。。= (Eu espero que você tenha um) aniversário


divertido.

Podemos também usar a expressão「~ような気がする」 para indicar que algo


pode ser de algum modo, especialmente quando se trata de coisas naturais ou
que podem ser experimentadas pelos sentidos, como sabores, odores, sons, sen-
timentos, etc.:

明日雨が降るようなきがする。 = Parece que pode chover amanhã.

話は本当のようなきがする。 = Algo me diz que a história é verdadeira.

O substantivo 「気」, além de “espírito”, pode significar “sentimento”, “atmos-


fera (ambiente)”. Já o verbo 「する」 aqui não significa “fazer”. Dentre muitos
outros significados que ele pode ter, está o de “ser sentido”, conforme
o “Jisho.org”.

Sendo assim, podemos traduzir os exemplos como “É sentida uma atmosfera


como se fosse chover amanhã”, e “Falando da história, é sentida uma atmosfera
como se fosse verdade”, respectivamente.

É claro que é possível usar a expressão 「気がする」 sem 「よう」:

もう終わった気がする。= (Eu) tenho a sensação de que já terminou.

Ao contrário de 「よう」 que é um substantivo, 「みたい」 é um sufixo, não ne-


cessitando de nada para ser ligado a outro termo. De resto, gramaticalmente fun-
ciona de forma similar a 「よう」:

川みたい。= Aparência de rio. (usado com um substantivo)

264
学生みたいな人を見た。= (Eu) vi pessoa que tem aparência de aluno. (usado
como Adjetivo-NA)

あきらは犬みたいに眠った。= Falando de Akira, (ele) dormiu como um ca-


chorro. (usado como advérbio)

Cuidado com o sentido de 「みたい」. Geralmente, este sufixo implica que algo
somente tem a aparência de [X], mas não é [X]. É diferente de 「よう」, que im-
plica dizer que algo tem a aparência de [X], podendo ser [X] ou não. Notou a
diferença? Por isso você não pode usar, por exemplo, 「おいしいみたい」, por
que significaria dizer que a comida só tem a aparência de ser saborosa.

Também, 「みたい」 é usado principalmente para a conversação. Não deve usá-


lo em ensaios, artigos, ou qualquer coisa que precise soar formal. Em vez dele,
você pode usar 「よう」 nestes casos.

Vamos aprender agora a expressar que um resultado é provável dada uma certa
situação. Para tanto, basta simplesmente anexar 「そう」, observando as regras:

ANEXAÇÃO DE 「そう」:

1. Para verbos, anexe 「そう」 à base Ren’youkei;

2. Para Adjetivos-NA, anexe 「そう」 à parte invariável – sem o 「い」 final);

2.1. A exceção à regra acima fica por conta de 「いい」, que se torna 「よさ」;

3. Para todas as construções em que 「ない」 (無い) estiver presente (e somente


nestes casos), seja na forma negativa dos verbos, seja como elemento integrante
nos Adjetivo-I, substitua o 「い」 final por 「さ」 antes de anexar 「そう」.

Vamos a um exemplo prático:

バランスが崩れて、一瞬倒れそうだった。= Perdendo o equilíbrio, eu parecia


propenso a cair por um momento.

Por este exemplo, vemos que o tempo verbal é indicado pela cópula.

Tenha cuidado com o uso de 「そう」 com o Adjetivo-I 「かわいい」, pois 「か


わいそう」 é uma palavra completamente diferente, usada quando você se
sente triste por algo ou alguém:

この犬はかわいそう。= Oh, pobre deste cachorro.

「 か わ い い 」 já significa "parecer gracioso", então, você nunca precisará


usar 「そう」 para dizer que alguma coisa parece graciosa:

265
この犬はかわいい。 = Este cachorro é (parece) gracioso.

Podemos também usar 「そう」 com os Adjetivos-NA. Neste caso, basta sim-
plesmente anexá-lo ao Adjetivo-NA em questão, não sendo necessário alterar
nada:

金髪の女が好きそうだな。= Parece que (você) gosta de mulheres loiras.

O mesmo não ocorre com substantivos. Sendo assim, a construção a seguir está
incorreta:

その人は学生そう。= Essa pessoa parece ser estudante. (INCORRETA)

「そう」 pode ser usado como um Adjetivo-NA para modificar um substan-


tivo. Observe:

おいしそうな寿司。= Sushi que parece ser gostoso.

雨が降りそうな空。= Céu que parece que vai chover.

Também, 「そう」 pode ser usado como um sentido de advérbio, com o auxílio
da partícula 「に」:

彼は楽しそうに話す。= Ele fala de maneira divertida.

みどりはうれしそうに微笑んだ。= Midori sorriu alegremente.

「そう(cópula)」] é útil para falar sobre coisas que não têm a ver necessaria-
mente com aquilo que você mesmo pensa ou sente. Ao contrário do que acaba-
mos de aprender, simplesmente anexe 「そう」 diretamente ao final dos verbos
e Adjetivos-I. Para os Adjetivos-NA e substantivos, entretanto, você deve indicar
o estado-de-ser adicionando 「だ」 antes de 「そう(cópula)」. Também, per-
ceba que 「そう」 em si deve sempre terminar com uma das cópulas. Vejamos
os exemplos:

明日、雨が降るそうだ。 = (Eu) ouvi que choverá amanhã.

毎日会いに行ったそうです。 = (Eu) ouvi que ele foi encontrar todos os dias.

Não se esqueça de adicionar 「だ」 para substantivos e Adjetivos-NA:

彼は、高校生だそうです。 = Eu ouvi que ele é um estudante de colegial.

Para ficar mais clara a explicação, 「 そ う (cópula) 」 é usado quando o fa-


lante apenas transmite uma informação que ele obteve de alguma fonte tem
sem alterá-la.

266
Ao iniciar uma sentença com esta gramática, é necessário também adicionar 「だ
」 assim como se faz com 「だから」:

AKIRA: 今日、ひろしはこないの? = Hiroshi está vindo hoje?

MAKOTO: だそうです。 = Foi isso que eu ouvi.

A razão para a existência de tantas regras estranhas de anexação para 「~そう


」 é provavelmente para distingui-lo do uso de 「そう(cópula)」. Veja:

この辺りにありそう。= Parece que existe nesta vizinhança. (uso de 「~そう」)

この辺りにあるそうだ。= (Eu) ouvi que existe nesta vizinhança. (uso de 「そう


(cópula)」)

267
18. DIALETOS
Segundo o Dicionário Aulete, “dialeto” é uma “variante de uma língua restrita a
uma comunidade inserida em uma comunidade maior de mesma língua”. Ao
contrário do que alguns possam imaginar, no Japão há dezenas de dialetos e o
que conhecemos como “língua japonesa” na verdade é o japonês como é falado
em Tóquio, conhecido como “Japonês Padrão”. Observe a imagem a seguir:

Há algumas diferenças quanto à classificação dos dialetos, sendo as mais comuns


a divisão em três grupos (dialetos do Leste, dialetos do Oeste e dialetos de
Kyushuu) e a de dois grupos, na qual os dialetos de Kyushuu são considerados
uma subclasse dos dialetos do Oeste. Essa grande variedade se deve a natureza
montanhosa e a história de exclusão tanto interna como externa do país.

Atualmente, o Japonês Padrão se espalha por todo o país por causa de fatores
como educação, televisão, concentração urbana, causando uma diminuição na
relevância dos dialetos regionais. No entanto, os dialetos regionais ainda não fo-
ram completamente substituídos pelo Japonês Padrão. A propagação do Japonês
Padrão faz com que os dialetos regionais passem a ser vistos com nostalgia, como
identidade local preciosa, e muitos moradores têm gradualmente superado o
sentimento de inferioridade com relação aos seus dialetos. O contato dos dialetos
regionais com o Japonês Padrão faz florescer um novo modo regional de falar
entre os jovens, como o japonês de Okinawa ou mesmo faz surgir novas expres-
sões, fenômeno comum em todas as línguas. Vejamos alguns dos principais dia-
letos, bem como algumas características próprias de cada um deles.

268
➩ DIALETO KANSAI: historicamente, o dialeto de Kansai desempenhou um
papel importante no desenvolvimento gramatical e linguístico japonês, porque
por um milênio a capital do Japão esteve localizada nesta região: primeiro em
Nara no século 8 e, em seguida, em Quioto (final do século 8 até meados do século
19). As características do dialeto de Kansai variam conforme a cidade, e o número
de expressões é incrivelmente enorme. Vejamos algumas características:

Também, há particularidades na gramática. Vejamos algumas:

➩ DIALETO DE QUIOTO: tecnicamente, as pessoas de Quioto falam o dialeto


Kansai, e o dialeto de Quioto pode ser considerado uma variante dele. Neste di-
aleto, a fala é um pouco diferente e para a maioria dos japoneses, é considerado
bonito e elegante, especialmente quando falado por mulheres. Eles usam expres-
sões mais formais e terminações verbais que são, na verdade, reminiscências de
uma antiga forma de japonês. Este dialeto está gradualmente diminuindo, exceto
no mundo das gueixas, que atribui grande importância à herança dos costumes
tradicionais. Vejamos algumas particularidades:

➩ DIALETO DE TOHOKU: o dialeto de Tohoku é tão difícil de entender que,


mesmo um japonês nativo, precisa do auxílio de legendas quando um habitante
de Tohoku está na TV. E para que você fique realmente motivado, não há apenas
um dialeto de Tohoku, mas cerca de uma dúzia de diferentes versões do mesmo
dialeto falado em toda a região. Vejamos algumas particularidades:

269
➩ A LÍNGUA DE OKINAWA: Okinawa fazia parte de um reino independente,
o reino Ryukyu. Por isso, desenvolveu uma cultura própria e até uma língua
própria, o “uchinaguchi” e parte de sua história é diferenciada do resto do Japão.
É comum encontrar japoneses que mesmo hoje, não consideram Okinawa como
sendo parte do Japão. Desde 1945, a escrita do uchinaguchi foi revivida com o
uso de sistemas de escrita baseado no alfabeto latino ou o silabário Katakana con-
cebido por estudiosos japoneses e americanos. Não há atualmente nenhuma ma-
neira padronizada de escrever o idioma. Algumas pessoas preferem escrever
com Hiragana e Kanji. Vejamos algumas expresses e palavras clicando neste link:
https://tinyurl.com/bde58t27.

270
19. UMA ÚLTIMA CONVERSA
Certamente, você já se deparou com situações em que não conseguiu compreen-
der uma palavra ou expressão dita por um nativo, e ao vê-la no papel você se
frustrou ao saber que você já a conhecia. Realmente, adquirir habilidades auditi-
vas talvez seja a tarefa mais difícil e desmotivante quando se está aprendendo
algum idioma, porque neste quesito não há regras, como no ensino de gramática.

Afinal, por que ouvir em outro idioma é assim tão complicado? O que torna essa
habilidade algo tão difícil de ser dominada?

Uma das primeiras coisas que você deve ter em mente ao iniciar o estudo de um
idioma, é que existem dois tipos de linguagem: a formal e a informal (ou casual):

1. Linguagem formal: é aquela gramaticalmente correta que é usada em docu-


mentos, situações formais, etc. Também é o padrão do idioma que se aprende em
cursos convencionais;

2. Linguagem informal: é aquela que usamos no nosso dia-a-dia. Nela, padrões


corretos de pronúncia ou mesmo gramaticais muitas vezes são quebrados. O
principal objetivo é fazer com que as coisas fiquem mais fáceis de serem ditas.
Em outras palavras, o objetivo é reduzir ou simplificar o movimento de sua boca.
Existem dois métodos para isso que chamaremos de “encurtamento” e “substi-
tuição”. Vejamos:

A. Encurtamento: consiste em retirar partes de palavras ou expressões. Por


exemplo, 「かもしれない」 pode ser pronunciado apenas 「かも」;

B. Substituição: consiste geralmente na substituição de parte de uma palavra ou


expressão por sons que se encaixem melhor com os outros a sua volta, ou ainda,
na fusão de sons. Por exemplo, 「かもしれない」 pode ser pronunciado 「かも
しんない」 já que 「しん」 requer menos movimento do que 「しれ」.

Você vai ver que uma grande quantidade das palavras dentro da linguagem ca-
sual em japonês decorre deste único princípio de tornar as coisas mais fáceis de
serem ditas (lembra-se que citamos que nativos pronunciam palavras de um
modo “mais confortável”?). Isso é muito natural, porque é guiado pela forma
como a sua boca se move. Podemos exemplificar a aplicação desse princípio
usando a língua portuguesa. Basta considerar o fato que costumamos pronunciar
“está”, apenas “tá”, tendemos a pronunciar “não” como “num”, “você como “cê”
e “com” soa “cum”, afinal é bem mais fácil, não é mesmo?

Você não está com sono? = Cê num tá cum sono?

Embora a oração acima esteja com as palavras encurtadas, para nós que temos o
português como língua materna, é de fácil compreensão. Mas com certeza, ela

271
seria um terror para um estudante estrangeiro que frequentou um curso conven-
cional de língua portuguesa, pois ele espera ouvir as palavras pronunciadas cor-
retamente: “você”, “não”, “está”, “com”, “sono”.

Agora, observe esta oração, bem como as partes em destaque:

Hoje você falou com o homem vestido de branco que estava dentro do carro?

Na fala, a oração acima soaria:

Hoji cê falô cum u homi vestidu di brancu qui tava dentru du carru?

Novamente, isso se deve ao fato de que os nativos buscam meios mais fáceis de
articular as palavras. Experimente dizer a frase “Hoje você falou com o ho-
mem vestido de branco que estava dentro do carro?”, pronunciando as pala-
vras exatamente como elas são escritas. Certamente, você sentirá dificuldade e
uma falta de “ritmo” na fala, isto é, soará como um robô.

Por esta razão, é que normalmente pronunciamos “Hoji cê falô cum u homi ves-
tidu di brancu qui tava dentru du carru?”. Veja como que instintivamente enfra-
quecemos e/ou omitimos algumas sílabas, a fim de tornar a fala mais fácil, man-
tendo assim um “ritmo” na articulação das palavras. Algo importante de se notar
é que essas “manobras” usadas pelos nativos não são ensinadas, mas é algo ad-
quirido e praticado instintivamente pela vivência com o idioma.

Então, lembre-se: a lei do menor esforço ou da economia fisiológica é universal.


Ela busca tornar mais fácil aos órgãos da fala a articulação das palavras simpli-
ficando os processos de sua produção e mantendo assim um ritmo na fala.

A lei do menor esforço nos conduz a buscar não somente a facilitação da maneira
de falar, mas também a diminuição do esforço mental. Isso explicaria por que o
número de palavras mais usadas pelos nativos e suficientes para a comunicação
no dia a dia é pequeno (em torno de 3.000), sendo essas palavras as mais sim-
ples. Também, explicaria por que na língua falada há a preferência pelo uso de
estruturas gramaticais mais simples. Afinal, para que quebrar a cabeça e dificul-
tar a comunicação usando palavras (e estruturas gramaticais) complexas se po-
demos chegar ao mesmo resultado (entender e ser entendido) usando palavras
(e estruturas gramaticais) mais simples?

Além disso, a lei do menor esforço explicaria o motivo dos erros gramaticais. No
fundo, há sempre uma tentativa de encaixar algo em algum padrão comum, fa-
miliar (isto é, institivamente fazemos analogias), diminuindo assim o esforço
mental. Um exemplo disso é o plural da palavra “pizza” que citamos na introdu-
ção do livro. Como mencionamos, a palavra “pizza” não foi aportuguesada, en-
tão, pelas normas da gramática tradicional, deve-se manter o plural original (em
italiano, o plural de “pizza” é “pizze”). Mas quem fala assim, não é mesmo?

272
Instintivamente usamos como plural de “pizza”, “pizzas”. Bem mais fácil e todo
mundo entende. Bem mais fácil vir à mente que o plural das palavras terminadas
em “A” é formado com o acréscimo do “S” (um padrão muito comum), do que
intuir que como “pizza” é uma palavra italiana, deve-se usar seu plural original.
Ainda, veja que, se o intuito da comunicação é entender e ser entendido, na prá-
tica, o plural correto de “pizza” se torna irrelevante, porque dificilmente alguém
entenderá o que é “pizze”.

Erros de pronúncia também acontecem porque tendemos facilitar as coisas. Um


exemplo disso é a palavra “AEROPORTO”, que alguns (ou algumas vezes) pro-
nunciamos “eroporto”. Veja que para nós que falamos português nativamente,
mesmo com esse erro de pronúncia, somos capazes de saber que “eroporto” se
trata de “aeroporto”, devido ao contexto e/ou porque já estamos tão acostuma-
dos com o português que sabemos que “eroporto” não é uma outra palavra. Mas
“eroporto” seria um terror para um estudante estrangeiro iniciante no português.
Muito provavelmente de início ele pensará que se trata de uma outra palavra,
procurará no dicionário e não a encontrará. E acabará se frustrando...

Outro fator que devemos considerar é o que chamaremos de “fator individual-


geográfico”, ou seja, pessoas ou grupos se expressam de modos diferentes, seja
com relação à velocidade com que falam ou até mesmo no modo de pronunciar
as palavras. Por exemplo, você que mora no Sudeste do Brasil percebe facilmente
o quão diferente é a maneira de falar das pessoas da região Sul, o que pode gerar
certa dificuldade de compreensão. Ou ainda, experimente ouvir o português de
Portugal. Você logo perceberá que não compreenderá tudo. Ora, é o mesmo idi-
oma, mas a velocidade com que falam, o modo de pronunciarem as palavras, faz
com que, de início isso seja algo estranho ao nosso cérebro, pois ele está acostu-
mado com as características da fala do português brasileiro, sendo necessário,
então, “acostumá-lo” ao português europeu. De forma semelhante ocorre com os
falantes de língua inglesa. Certamente, um americano tem dificuldade de enten-
der um australiano mesmo ambos sendo falantes nativos de inglês, devido às
diferenças na fala.

Diante de tudo isso, percebe-se que a raiz do problema da não compreensão está
no fato de que o nosso cérebro está acostumado ao modo preguiçoso de ouvir a
língua. Para ilustrar, vamos fazer mais uma analogia. Para tanto, observe a figura
abaixo com um pequeno trecho de “Tempos Modernos”, filme de 1936 do cine-
asta Charles Chaplin:

273
Imagine que o operário nessa imagem seja o nosso cérebro e cada uma das peças
passando na esteira, as palavras. Ora, devido à velocidade com que as peças pas-
sam, um operário que não foi treinado sendo exposto à velocidade real da es-
teira, não conseguiria rosquear todas, deixando passar batido várias por causa
de seu despreparo, não é mesmo? Da mesma forma, um “cérebro despreparado”
para um idioma não conseguirá reconhecer todas as palavras com que se deparar
na “esteira de palavras” do mundo real. Com isso, o estudante ficará frustrado
por não ser capaz de acompanhar uma conversa normal. A essa confusão mental
somam-se o nervosismo, a ansiedade, a preocupação e o medo. Tudo isso faz com
que seu nível de estresse aumente e sua habilidade de ouvir e entender seja pre-
judicada.

Para resolver isso, você deve aprender o idioma como ele realmente é desde o
início de seu aprendizado. Ouvir a língua japonesa de modo natural, estar ciente
de que o modo como nativos pronunciam as palavras geralmente é diferente do
modo como aprendemos nos livros ajudará seu cérebro a se acostumar com o ja-
ponês de verdade. Registrar as informações da forma como ela será produzida
na vida real é muito mais eficiente do que aprender regras e palavrinhas soltas
ao longo do seu aprendizado.

Vemos muitos métodos que prometem milagres, mas sinceramente não cremos
que exista uma fórmula mágica para isto. Ou melhor, a fórmula é simples, porém
"trabalhosa":

➩ Para aprender a ler, leia bastante;

➩ Para aprender a escrever, escreva bastante;

➩ Para aprender a falar, fale bastante;

➩ Para aprender a ouvir, ouça bastante.

Se você não tiver como viajar ao Japão, nem tudo está perdido, pois temos a in-
ternet como grande aliada. Nela, você tem a possibilidade de fazer amizades com
nativos, ouvir toneladas de músicas quantas vezes quiser, ou mesmo assistir aos
noticiários. Outra aliada é a TV a cabo, na qual podemos encontrar seriados nos
quais se usam muito a linguagem informal. E se você gosta de animês, há o site
“AnimeQ” (https://animeq.xpg.com.br/), no qual você poderá encontrar uma
grande quantidade de animês legendados.

Outra dica é o site “DaiWEEB” (https://www.daiweeb.org/terakoya). Nele, en-


contramos animês com legendas em japonês e tradução em inglês! Ótimo para
treinar os ouvidos e leitura ao mesmo tempo através de um japonês falado natu-
ralmente!!

Para treinar a leitura, você pode acessar o “NHK News Web Easy”
(https://www3.nhk.or.jp/news/easy/), site que contem notícias com

274
vocabulário simplificado. Ainda, você tem a opção de ouvir a notícia e inserir
Furigana! Porém, é sempre melhor dar preferência a conteúdos feitos para japo-
neses mesmo. Em outras palavras, se for acessar o “NHK News Web Easy”, que
parece ser focado nos estrangeiros que ainda não dominam bem o japonês, pro-
cure também acessar a mesma notícia “em sua forma verdadeira”. Para tanto, ao
final da página de cada notícia, você encontrará o seguinte botão:

Aliás, aproveite para fazer uma comparação entre as duas versões.

Você também pode ouvir rádios japonesas através do “Online Radio Box”
(https://onlineradiobox.com/jp/).

Outro exercício que você pode fazer é ouvir algo e tentar anotar o que ouviu, a
fim de estimular a compreensão e memória auditiva. Como se fosse um ditado.
Uma sugestão é assistir um episódio de um determinado animê e ir anotando o
que você ouvir. Depois, baixe a transcrição em japonês do referido episódio em
sites como o “Kitsunekko.net” (https://tinyurl.com/thp4jed6) e faça a conferên-
cia. Outra possibilidade é gravar trechos de programas de rádio (ou qualquer
outro tipo de áudio) com o “Audacity” (https://tinyurl.com/tnsunfj5) e depois
tentar transcrever no papel o que ouvir.

Por falar em Audacity, uma dica que você pode encontrar é gravar e usar o re-
curso de alterar a velocidade de reprodução para diminui-la. Veja:

Contudo, sugerimos que você NÃO faça isso, pois nós precisamos acostumar
nosso cérebro com o ritmo natural da fala. Usando tal recurso, você estará con-
dicionando seu cérebro a só entender as coisas de forma lenta e clara, como nos
cursos convencionais.

Aliás, outra dica que você pode encontrar e que também NÃO recomendamos é
usar algum recurso de transcrição automática, como o do Google Tradutor. Veja
o exemplo abaixo:

275
Usar o recurso de transcrição automática pode ser muito tentador, mas no fim
das contas é muito prejudicial. Além de a transcrição não ser 100% confiável,
quem precisa ser capaz de entender as coisas é VOCÊ. Numa conversa no mundo
real não há ferramentas de transcrição, legendas e/ou alterador de velocidade de
fala. Se você começar a usar o recurso de transcrição automática com frequência,
o único prejudicado será você mesmo. O que diferenciaria você, estudante dedi-
cado de japonês (ou de qualquer outro idioma), de alguém que nunca estudou
uma língua, mas que usa o recurso de transcrição automática só para quebrar o
galho em situações de necessidade? Não precisaríamos mais aprender idiomas!
Então, não se sabote! Dê valor às suas horas dedicadas de estudo! No quesito
comunicação, nenhuma máquina substitui o poder de nosso cérebro e o nosso
poder de interação com as outras pessoas!

Outro exercício que você pode fazer é o chamado “sombra”. Basicamente é ouvir
alguma coisa, mas em vez de escrever no papel, repetir o mais rápido possível,
como se você fosse uma sombra mesmo, um eco. Já haveria estudos que apontam
os benefícios dessa técnica, tais como melhora da compreensão auditiva, da pro-
núncia e do ritmo da fala. Não custa tentar! Aliás, você pode combinar o “ditado”
e a “sombra”, isto é, gravar alguns minutos de áudio, anotar no papel o que ouvir
e depois fazer a sombra. Enfim, use sua criatividade.

Há quem defenda a tese de que para falar bem, é preciso antes ter uma boa com-
preensão auditiva e para se escrever bem é preciso antes um hábito de boa leitura,
pois de certo modo, tendemos imitar aquilo que recebemos, no que diz respeito
à comunicação. A esse aspecto daremos o nome de “Fenômeno da Imitação”:

Então, ao ouvir um nativo, procure se atentar às “manobras” usadas por ele a fim
de facilitar a articulação das palavras e quando você for falar, passe a utilizá-las

276
também (oras!) sem medo de errar. E se errar, tente de novo. Você terá excelentes
resultados!

E se você ainda acha que os estrangeiros falam rápido, observe dois breves relatos
de estrangeiros que estão aprendendo português. Provavelmente você se enxer-
gará nessa situação com relação à língua japonesa (ou qualquer outro idioma que
estiver aprendendo):

“Os brasileiros falam muito rápido, até mais rápido que as pessoas de Portu-
gal”.

“Estou estudando português brasileiro há mais de 6 meses e quase nenhum


brasileiro que eu tenha ouvido falar soa parecido com o que eu estou apren-
dendo. Por que isso e como posso entender o povo brasileiro?”

Lendo esses relatos você deve estar pensando: “Ué, não acho que nós brasileiros
falamos rápido. A gente se entende. Falamos numa velocidade normal”. Pois é...
então será que os estrangeiros falam tão rápido assim ou é o modo como apren-
demos uma língua estrangeira nos cursos convencionais que nos deixa mais
preguiçosos? Que tal substituir “fala rápida” por falta de familiaridade, tanto
com o ritmo natural da fala, como com as manobras feitas pelos falantes?

Ao ouvir alguém falando português, seus neurônios vão entender o que está
sendo falado, porque eles buscam as informações da língua portuguesa regis-
trada. Vamos fazer uma analogia: imagine que seu cérebro possui um livro cha-
mado “Registro de Palavras” e toda vez que você ouve alguma coisa, ele consulta
esse livro.

São necessárias duas coisas para uma boa comunicação, uma da parte de cérebro
e outra por parte do livro:

1) CÉREBRO: ele precisa estar acostumado com o ritmo natural da fala a fim de
consultar e encontrar a palavra ouvida o mais rápido possível;

2) LIVRO: além de uma boa quantidade de itens, é preciso haver qualidade no


registro, isto é, cada item, isto é, cada item precisa conter a palavra na língua ma-
terna, a definição na língua estrangeira e, tão importante quanto a definição,

277
suas variantes na língua prática. Por exemplo, o cérebro de um americano que
estude português ao registrar as palavras “WITH” e “AIRPORT”, precisa fazê-
lo assim:

➩ WITH: com ou “cum” (variante usada na língua prática);

➩ AIRPORT: aeroporto ou “eroporto” (variante possível usada na língua prá-


tica).

Note que se não houver o registro da língua prática, ao ouvir “cum” ou “ero-
porto”, o estudante americano ficará confuso achando que são palavras que ele
não conhece. Mas são apenas variantes de palavras conhecidas.

Por isso, lembre-se sempre destas valiosas palavras do professor Denilso de Lima
do “Inglês na Ponta da Língua”, que valem para qualquer idioma:

“Quando alguém decide aprender inglês, ela começa a aprender com os olhos.
Ou seja, cria o hábito de ler sentenças e textos palavra por palavra. Assim, acos-
tuma-se a pronunciar tudo de modo mais lento e nada natural. O melhor é apren-
der inglês com o ouvido. (…) Preste muito mais atenção ao inglês falado; pois, é
ele que ajudará você a se sentir mais à vontade para interagir com as pessoas em
inglês. (…) Não são eles (os nativos) que falam inglês rápido demais. Na ver-
dade, é o modo como aprendemos inglês no início que nos condiciona a sermos
lentos para entender, ouvir e falar.”

Além de procurar o registro individual de palavras que vemos ou ouvimos, nosso


cérebro registra padrões de sentenças e possui as funções de associar e autocom-
pletar. O cérebro analisa cada possibilidade usando seu banco de dados acumu-
lado de experiências passadas para minimizar o elemento surpresa, isto é, ele
antecipa o que está por vir quando ouvimos alguém falar. Isso explicaria por que
um nativo entende palavras ou frases mesmo quando não ditas claramente –
bastaria uma parte e o cérebro faria todo o resto com base no contexto e no “banco
de dados”. Fazendo uma analogia, é como se o nosso cérebro funcionasse como
o Google:

278
Como já mencionamos no tópico 14, ao aprender uma nova palavra, procure pela
internet orações de exemplo e observe as palavras que aparecem juntas. Aliás,
para ajudar a internalizar a gramática (e as colocações), disponibilizamos o
“Banco de Sentenças” com mais de 9.500 itens e que será constantemente atuali-
zado! Acesse-o neste link: https://tinyurl.com/2jw9h7wk. Você também pode
usar ferramentas como o “TATOEBA” (https://tinyurl.com/2dae8d4h) e o “RE-
VERSO CONTEXT” (https://tinyurl.com/m4zsknpr).

IMAGENS PARA RESUMIR CONCEITOS IMPORTANTES

Podemos dizer que em qualquer idioma (aqui o japonês) existem alguns elemen-
tos e conceitos que formam a estrutura básica de oração, que chamaremos para
fins meramente didáticos de “Estrutura Padrão”. Veja a ilustração a seguir:

279
NOTA: Obviamente há mais partículas que podem ser usadas no grupo “Infor-
mações Adicionais”. A figura apresentada tem o intuito de apenas demonstrar a
estrutura padrão (e básica) de oração.

Dentro da estrutura padrão, como já sabemos, uma oração completa termina


com o verbo. No entanto, ao utilizarmos o que chamamos de “CONECTOR”,
somos capazes de inserir uma segunda oração. Neste caso, em algumas situações,
a primeira oração passa a ser como que uma informação adicional (ou comple-
mentar) da oração seguinte (que chamaremos de “principal” para fins mera-
mente didáticos). Assim temos:

280
Ainda, dependendo do CONECTOR usado, poderemos transformar a “ORA-
ÇÃO 1” em (1) advérbio ou (2) substantivo ou (3) adjetivo. Assim, temos o se-
guinte esquema:

281
NOTAS:

1. Repare que os processos para obter uma oração com valor de substantivo ou
oração com valor de substantivo são simples. Já a oração com valor de advérbio
é a mais complexa, dada a quantidade de possibilidades e sentidos que podemos
expressar;

2. No padrão “ORAÇÃO 1 (informação adicional) + ORAÇÃO 2 (oração princi-


pal)”, a “ORAÇÃO 1” em alguns casos se encaixa em algum tipo de oração com
valor de advérbio.

Anteriormente, citamos que na nossa vida rotineira tendemos a usar somente as


palavras “mais simples” e comumente usadas. Igualmente, a maneira como os
nativos estruturam as palavras para expressar ideias, tende a ser o mais simples
possível. Em outras palavras, costuma-se usar os mesmos padrões (o mesmo pa-
drão para determinada ideia), sendo esses padrões geralmente os mais simples
e/ou mais comuns. Quando queremos expressar, por exemplo, que vamos tomar
banho em português, a estrutura mais comumente usada é “Vou tomar banho”.
Dificilmente diremos “Vou me banhar” ou “Vou para debaixo do chuveiro”.

Então, vamos considerar que as ideias podem ser indicadas dentro de uma destas
duas estruturas de oração (ou mesmo um misto das duas):

282
Um exemplo de estrutura específica (ou se quiser chamar de “colocação”) é o
modo como os japoneses expressam a ideia de dever. Veja que para esse caso,
não há o verbo “dever” como no português. A ideia é indicada dentro de uma
estrutura em que há a forma condicional.

***

Com base nos esquemas-resumos que vimos, gostaríamos de lhe propor um exer-
cício para que você se acostume com as estruturas até chegar a um ponto em que
você seja capaz de formar suas frases institivamente. Eis o exercício:

I. Escreva uma oração em português;

II. Desmembre a oração identificando elementos que se encaixariam nos itens


presentes nas figuras apresentadas;

III. Traduza esses blocos separadamente;

IV. No final, junte as peças a fim de obter a oração completa em japonês.

Vejamos a oração a seguir:


“Ela disse que gosta de ir à escola lendo o mangá que comprou na semana pas-
sada”.

A primeira coisa que você deve perguntar é:


1. QUAIS SÃO OS VERBOS?

“Ela disse que gosta de ir à escola lendo o mangá que comprou na semana pas-
sada”.

Identificados os verbos, passemos para a segunda pergunta:


2. TEMOS ORAÇÕES COM VALOR DE SUBSTANTIVO?

283
Sim. O trecho “ir à escola lendo o mangá que comprou na semana passada” é
objeto do verbo “gostar”. Como ele é longo, para facilitar, vamos desmembrá-
lo...
3. TEMOS ORAÇÕES COM VALOR DE ADVÉRBIO?

Sim. Note que na oração nominalizada, o trecho “lendo o mangá” indica o modo
como ela vai à escola. Sendo assim, precisaremos da Forma TE do verbo, já que
ela pode exercer função de advérbio. Sendo assim, temos até agora:

I. 学校に行く = Ir à escola;

II. 漫画を読んで = Lendo mangá.

NOTA: Alguns poderão questionar o uso da Forma TE aqui devido a sua ambi-
guidade. De fato, há outras formas mais claras de expressar “ir à escola lendo o
mangá...”. Contudo, levando em conta o contexto, o uso da Forma TE é aceitável.
4. TEMOS ORAÇÕES COM VALOR DE ADJETIVO?
Sim. Perceba que o trecho “que comprou na semana passada” modifica o subs-
tantivo “mangá”. Então...

I. 学校に行く = Ir à escola;

II. 漫画を読んで = Lendo o mangá;

III. 先週に買った = (Que) comprou na semana passa.

Com isso já podemos montar a oração objeto do verbo “gostar”. Então...

先週に買った漫画を読んで学校に行くの = Ir à escola lendo o mangá que com-


prou na semana passada.

O verbo “gostar” em japonês comumente é indicado pelo Adjetivo-NA 「すき」


(好き). Sendo assim...

先週に買った漫画を読んで学校に行くのが好き = Gostar de ir à escola lendo o


mangá que comprou na semana passada.

Estamos quase terminando. Falta nesse quebra-cabeça o verbo “dizer”. Aliás...


5. O QUE DIZER QUANTO À ESTRUTURA DE ORAÇÃO?

De certa forma, ela é mista, haja vista que com alguns verbos se usa a partícula
「と」para indicar o objeto. Isso pode ser considerado uma colocação, já que apa-
rentemente não tem explicação na gramática, mas sim na preferência dos falan-
tes nativos. Outro detalhe é que, como 「好き」é um Adjetivo-NA, precisamos
adicionar o declarativo 「だ」antes de 「と」. Assim, temos:

先週に買った漫画を読んで学校に行くのが好きだと言った = Disse que gosta de


ir à escola lendo o mangá que comprou na semana passada.

284
Para finalizar, agora só falta indicar de quem estamos falando: “ela”. Assim:

彼女は先週に買った漫画を読んで学校に行くのが好きだと言った。 = Ela disse


que gosta de ir à escola lendo o mangá que comprou na semana passada.

***

Evidentemente, é importante que você já tenha um bom vocabulário e saiba


quando uma ideia é expressada por meio de colocações. Mas isso é algo que você
precisa aprender lendo e se expondo ao idioma. Se você tem dificuldade em mon-
tar orações longas, esse exercício pode ajudá-lo.

Não é recomendável pensar uma língua estrangeira em português, mas para


iniciantes, realmente não há outra alternativa, pois esse é o único idioma com o
qual estão familiarizados. Esperamos que a capacidade de quebrar e converter
frases, embora lenta e pouco prática, sirva, como já mencionamos, pelo menos
como um bom trampolim para que você possa se acostumar a pensar diretamente
em japonês.

Você também pode fazer o inverso, isto é, quebrar orações japonesas e analisar
cada elemento a fim de ir adquirindo uma noção de como os japoneses usam as
palavras para se expressar. Lembra-se das análises morfológica e sintática que
você costumava fazer na escola? Vamos relembrar:

➩ Análise morfológica: refere-se à classificação das palavras;

➩ Análise: sintática: refere-se à função desempenhada dentro do contexto.

Agora, veja um exemplo:

可愛くなろうかなって思ってやってきた。

Vamos analisar os elementos:

➩ 可愛く = forma adverbial do Adjetivo-I 「可愛い」(かわいい), que significa


“meigo”, “fofo”;

➩ なろう = forma MU do verbo 「なる」, que significa “tornar-se”. Aqui a


Forma MU é melhor interpretada como indicadora de futuro. Ela está sendo
modificada pela forma adverbial 「可愛く」;

➩ かな = partícula de final de sentença que indica incerteza;

➩ って = forma casual da partícula 「と」;

➩ 思って = forma TE do verbo 「思う」(おもう), que significa “pensar”;

➩ やってきた = forma passada do verbo 「やって来る」(やってくる), que


significa “vir”, “aparecer”, “continuar fazendo (até o presente)”.

285
Sendo assim, uma tradução literal para 「可愛くなろうかなって思ってやってき
た」 é “(Eu) pensei ‘será que ficarei bonita?’ e continuei fazendo isso”. De uma
forma mais simples poderíamos traduzir como “Eu fiquei pensando se ficaria
bonita”. Uma ferramenta que pode auxiliar (e não substituir a capacidade de
análise de uma pessoa) na quebra de orações é o site “Ichi.moe”
(https://ichi.moe/).

Por fim, gostaríamos de tratar de algo muito importante com o qual você pode se
deparar cedo ou tarde: o chamado “platô intermediário”. Basicamente é a
sensação de que o seu progresso diminui porque você não está mais aprendendo
com a mesma rapidez de quando começou os estudos. É um estágio em que
parece que você está andando em círculos e não há mais pra onde ir, ao mesmo
tempo que o conhecimento adquirido até então parece ser insuficiente em
termos práticos.

286
Primeiramente, ter essa sensação é totalmente normal, não importa o que você
esteja aprendendo: japonês, violão, gastronomia... todo mundo sente isso em seu
processo de aprendizagem, pois o aprendizado não é como uma linha reta. No
começo, como tudo é novidade, há muitas coisas para aprender, estamos
motivados e, por isso, tendemos a ser mais receptivos. No entanto, com o passar
do tempo é natural que as coisas afunilem, pois gradualmente passamos de
coisas mais práticas (níveis básico e intermediário, nos quais há muitas coisas
novas e úteis) a sutilezas, nível avançado, no qual há menos coisas, que muitas
vezes não são tão úteis em termos práticos.

Contudo, ao mesmo tempo que chegar ao platô intermediário é algo normal,


pode ser extremamente perigoso. Dependendo da personalidade da pessoa,
pode trazer como consequência a desistência do aprendizado. Tendo a sensação
de que está dentro de um círculo, o estudante prefere abandonar os estudos já
que julga ter um conhecimento insuficiente, que não serve para nada. Cuidado
com estes comportamentos:

➩ perfeccionismo;

➩ falta de paciência consigo mesmo;

➩ comparar-se com os outros;

➩ falta de flexibilidade, querendo que as coisas SEMPRE saiam EXATAMENTE


como planejado;

➩ querer resultados rápidos, uma fórmula mágica;

➩ imaginar que algo é extremamente necessário, mas inalcançável;

➩ imaginar uma situação como se fosse uma barreira quando não é;

➩ querer somente vitórias, não admitindo possíveis frustrações;

➩ encarar as frustrações como barreiras insuperáveis;

➩ receio de se expor, errar e ser julgado;

➩ falta de objetivos claros.

287
Sair do platô intermediário é importante, mas pode ser muito difícil dependendo
da pessoa. Para isso, é fundamental olhar com sinceridade para si e fazer um
diagnóstico. O que você precisa ou pode aprimorar? Conhecimento sobre
gramática? Vocabulário? Colocações? Exposição ao idioma? Escrever ou falar
melhor? Mais paciência com você mesmo? Compreensão auditiva? Parar de se
comparar com os outros? Parar de ter receio de se expor, errar e ser julgado?...

Enfim, sempre haverá coisas novas para aprender e/ou algum desafio, não
importa o seu nível. Mantenha a MOTIVAÇÃO, que envolve ter um motivo
claro, que será o seu combustível e uma ação (motivo + ação) para que você saia
do lugar e se mova em direção ao lugar almejado com constância e alegria! Não
fuja das possíveis frustrações! Caso esteja diante de alguma, encare-a como uma
oportunidade de se conhecer melhor e agir de forma mais eficiente! Se bem
trabalhada, ela se torna nossa aliada, um degrau para nós!!

Boa sorte!

288
20. SUPLEMENTO: ÍNDICE GRAMATICAL
Neste tópico complementar disponibilizamos uma lista com mais de mil itens
contendo toda a gramática necessária para todos os níveis do JLPT.

As construções estão divididas em “B” (Básico – Níveis 5 e 4), “I” (Intermediário


– Nível 3) e “A” (Avançado – Níveis 2 e 1). A coluna “LIÇÃO” indica em qual
lição da seção “Gramática Avançada” (no blog) a referida construção é abordada
com mais detalhes.

A fim de facilitar a representação das estruturas gramaticais, utilizamos algumas


abreviações, a saber:

***

NÍVEL PADRÃO SIGNIFICADO LIÇÃO


B まい Prefixo que significa "todo" 9
Sufixo que significa "parte", "seção",
I ぶん (分) 9
"porção"
Sufixo que indica ideia de que algo lem-
I (SB)がかり ① 9
bra [X]
Sufixo que indica dependência (geral-
I (SB)がかり ② mente usado com sentido negativo ou 9
em situações em que há grande esforço)
Sufixo que remete ao todo (cada ele-
A (SB)なみ 9
mento de uma série)
Pronome que se refere (1) ao próprio fa-
B じぶん lante ou (2) a alguém subentendido pelo 11
contexto
Anexado a elementos inanimados para
I じたい 11
indicar um sentido de “o próprio [X]”
Anexado a elementos animados para in-
I じしん 11
dicar um sentido de “o próprio [X]”
B もの Substantivo que significa "coisa" 12
Verbo que basicamente significa "fazer",
B する ① mas possui muitos outros sentidos de 12
acordo com a construção ou contexto
B を① Partícula de objeto direto da ação 13
Partícula de objeto indireto (VT) ou direto
B に① 13
(VI)
B へ Partícula de direção 13
Partícula que indica o meio como uma
B で① 13
ação ou fenômeno ocorre

289
Partícula que indica o lugar ou circuns-
B で② tância na qual uma ação ou fenômeno 13
ocorre
B に② Indica lugar, ponto específico 13
Partícula que indica o ponto de origem de
B から ① 13
algo
Partícula que indica o ponto final de uma
B まで 13
extensão ("até")
B から(…)まで De (...) para (...) 13
Partícula que indica toda a extensão de
B を② 13
algo (em verbos intransitivos)
B に③ Partícula que marca a origem de algo 13
B (RYK)にいく Ir com o propósito de [ação] 13
B (RYK)にくる Vir com o propósito de [ação] 13
B ある Existir (seres inanimados) 13
B いる Existir (seres animados) 13
I から(…)にいたるまで De (…) até (…) 13
A にて Versão clássica da partícula 「で」 13
A に④ Partícula que indica adição de item 13
Forma que essencialmente conecta ora-
B FORMA TE ções, podendo essa relação ter diversos 14
sentidos dependendo do contexto
B (MZK)ずに Sem fazer [ação] 14
B (MZK)ないで Sem fazer [ação] 14
B ぬ Auxiliar clássico de negação 14
B ない Auxiliar moderno de negação 14
B ず Auxiliar clássico de negação 14
B だ・です・である Estado-de-ser (cópula) 14
I ずにいる Estar sem a ação [X] 14
I V(MZK)ないでいる Estar sem a ação [X] 14
B は Partícula de tópico 15
B が① Partícula identificadora 15
B も① Partícula inclusiva 15
B (TE)も Mesmo que (…) 15
B V(TE)から Depois de [ação] 15
Conjunção usada geralmente depois de
uma pausa em outra sentença, para con-
B でも ① 15
tradizer o que foi dito anteriormente ou
está subentendido na conversa
Usado para dar extensividade ao ele-
B でも ② mento que o precede. Nestes casos, 15
pode ser traduzido como “ou algo do tipo”
B までに Usado geralmente para indicar prazos 15
Expressão que enfatiza o sentido de con-
I たとえ(…)V(TE)も 15
trariedade de 「ても」
Indica que uma ação não é necessária,
A (ORAÇÃO)までもない normalmente devido a uma circunstância 15
insignificante
Indica a repetição de ações contrastan-
A V(TE)は(…)V(TE)は 15
tes
Indica que não se pode fazer uma ação,
A V(MZK)ないまでも(ORAÇÃO 2) mas o que se segue é pelo menos o me- 15
lhor que pode acontecer

290
Indica, de forma bem enfática, que se faz
A V(RYK)はする 15
[X]
Indica uma determinação extrema para
A V(TE)でも realizar algo ao ponto de fazer algo ex- 15
tremo para isso
Indica que algo é feito a um nível extremo
A までして 15
a fim de alcançar algum propósito
Indica surpresa dada a dimensão de uma
A V(TE)まで 15
ação
Trata-se da relação de dependência en-
B TRANSITIVIDADE DOS VERBOS 17
tre o verbo e seus complementos
B (RYK)やすい A [ação] é fácil 18
B (RYK)にくい A [ação] é difícil 18
B (TE)もいい Pode fazer [ação] 18
B (MZK)なくてもいい Não precisa fazer [ação] 18
B きらい Keiyoudoushi cujo significado é "odioso" 18
Sufixo para Keiyoushi que o transforma
B さ 18
em substantivo
Keiyoudoushi cujo significado é "gostá-
B すき 18
vel"
Indica contentamento por um fato ocor-
B V(TE)よかった 18
rido
Faz de um verbo atributo para um subs-
B V(RTK)SB 18
tantivo
Sufixo usado para descrever que algo
I げ 18
parece de uma certa maneira
I てき (的) Sufixo criador de Keiyoudoushi 18
I (SB)でいいです (…) é bom para (…) 18
I V(RYK)がたい Expressa que é difícil fazer a ação [X] 18
Indica permissividade com relação a uma
I V(TE)もかまわない 18
ação ou situação
Indica permissividade com relação a uma
A V(TE)もさしつかえない 18
ação ou situação
Maneira arcaica, clássica de se dizer que
A V(RTK)にかたくない 18
algo não é difícil
B と① Partícula inclusiva (com) 19
B と② Partícula inclusiva (e) 19
Partícula de contraste usada para com-
B と③ 19
parações
B の① Partícula atributiva e substitutiva 19
B の ② (C) Indica comando de forma leve 19
B の ③ → ん(C) Transmite um tom explicativo 19
Keiyoushi que significa "muito (quanti-
B おおい 19
dade)"; "numeroso"
Expressa a alternância entre termos,
B か① 19
isto, um de seus significados é “ou”
Partícula usada para listar um ou mais
substantivos de maneira vaga. Isso im-
B や plica que pode haver outras coisas que 19
não estão listadas e que nem todos os
itens da lista podem ser aplicados
Partícula usada para indicar um ou mais
B とか substantivos de maneira vaga. Isso im- 19
plica que pode haver outras coisas
Indica que uma palavra ou expressão
será definida. Esta partícula é frequente-
I とは 19
mente usada, por exemplo, em enciclo-
pédias para definir palavras

291
Expressa que uma ação é atributo, nor-
A V(TE)の malmente fundamental, do elemento que 19
segue
B ぜんぜん(…)(NGT) Absolutamente não (...) 21
B {KY(RYK)く}・(KD)に Forma adverbial dos Adjetivos 21
B みたい(に・な・だ) Parece (…) 21
B (RTK)ようになる Adquirir o hábito de (…) 21
B {RTK・NGT}ようにする (Não) tentar [ação] 21
Advérbio que significa "já" (indica um es-
B もう 21
tado que foi alterado)
B とおなじ Semelhante a (…) 21
B よう(に・な) Assim como (…) 21
B する ② Pode indicar sensações 21
Advérbio que significa "ainda" (indica es-
B まだ 21
tado inalterado)
Fazer algo [Keiyoushi] (ou "transforma"
B KY(RYK-く)する 21
em verbo um Keiyoushi substantivado)
Fazer algo [Keiyoudoushi] (ou pode ser
B (KYD)にする encarado como "verbo" feito a partir de 21
um Keiyoudoushi
Descreve que algo parece de uma certa
I V(RYK)げ(な・に) 21
maneira
I かのよう(な・に) Indica semelhança (metafórico) 21
I ふり Indica aparência, comportamento 21
Alguém causa alguma mudança circuns-
I (RTK)ようにする 21
tancial ou comportamental
Dependendo do contexto, transforma
I ことに(は) 21
verbos em advérbios
Indica que algo pode ser de algum modo,
especialmente quando se trata de coisas
I {V・SB(の)}ようなきがする naturais ou que podem ser experimenta- 21
das pelos sentidos, como sabores, odo-
res, sons, sentimentos
I (ORAÇÃO)ようにみえる Indica similaridade com alguma coisa 21
Advérbio que indica que definitivamente
A みるから(にして) é possível determinar algo num relance, 21
com base na aparência, aspecto
A V(RYK)げ(に・な) Expressa algo como a "Aparência de [X]" 21
B (ORAÇÃO)の ④ Partícula nominalizadora 22
B (ORAÇÃO)こと ① Efetua a nominalização da oração 22
B (ORAÇÃO)とおもう Indica os pensamentos do falante 22
B (ORAÇÃO)(こと)にする Decidir-se por (…) 22
B (ORAÇÃO)ことになる(なっている) Indica decisão fora do alcance do falante 22
Indica que já se passou pela experiência
B (TA)ことがある 22
de alguma ação
B (RTK)ことがある Indica um hábito 22
Indica o conteúdo da fala (própria ou de
B (ORAÇÃO)という ① 22
terceiros)
Descreve coisas que não acontecem fre-
B (NGT)ことがある 22
quentemente
Indica falta de habilidade ("ser ruim em
B (ORAÇÃO)のがへた 22
executar [ação]")
Indica habilidade ("ser bom em executar
B (ORAÇÃO)のがじょうず 22
[ação]")
B (ORAÇÃO)こと ② Indica um comando leve 22
I ことに(は)ならない Algo definitivamente não ocorrerá 22

292
I ことはない・こともない Não precisa fazer [ação] 22
I ないことには(…)(NGT) Se não for [ação], então [resultado] 22
I といっても Expressa contrariedade 22
I とみえる Indica que algo parece [X] 22
Adverbio propriamente dito cujo signifi-
cado aponta para algo feito “sem pen-
I おもわず 22
sar”, podendo ser traduzido como “invo-
luntariamente”, “acidentalmente”
Expressa uma decisão que não reflete a
verdade, isto é, uma simulação de uma
A V(TA)ことにする 22
ação ou estado (que na verdade não está
ocorrendo)
É adicionado a adjetivos (afinal 「おもい
A おもいをする 」 é substantivo), a fim de descrever sen- 22
timentos e emoções
B なんか ① Abreviação de 「なにか」(alguma coisa) 23
Pertence ao grupo "Keiyoudoushi" do
B どんな Kosoado. Significa basicamente "que 23
tipo de"
Construção que pode significar "por que"
B どうして 23
ou "como" dependendo do contexto
Pertence ao grupo "Keiyoudoushi" do
B そんな Kosoado. Significa basicamente "como 23
esse", "assim"
Indica que independentemente do que se
I どうしても 23
faça, algo é fato
Significa “Seja o que se diga” e é usada
I なんといっても 23
no sentido de “sem dúvida”
Advérbio que significa "nunca", "de jeito
I けっして 23
nenhum" (usado em orações negativas)
Transmitir o sentido de “não importa o
I どんなに(…)(TE)も 23
quanto se faça [X], [Y] acontece
Transmitir o sentido de “não importa o
I いくら(…)(TE)も 23
quanto se faça [X], [Y] acontece
Significa “ou alguma coisa (assim)".
I かなにか Usado para dar um ar de indefinição ao 23
elemento que a antecede
Parece ser uma versão mais enfática de
I どうにか 23
「どうか」
Versão enfática de 「どうにも」, que li-
I どうにもこうにも teralmente significa “qualquer (que seja 23
o) modo”
Dependendo do contexto, pode indicar
A なにも(ORAÇÃO) 23
que não há necessidade de algo
Indica que uma ação é inútil dadas as cir-
A V(TE)もどうにもならない 23
cunstâncias
São formas enfáticas de 「なに」 e 「な
A なんら・なんらか 23
にか」 respectivamente
Usado para (1) definir e enfatizar e (2) re-
B という ② 24
tomar algo que foi dito
B たって Versão casual de 「ても」 24
Expressa algo como “Não somente um,
A といわず 24
mas ambos”
Apresenta múltiplas perspectivas, indi-
A といい(…)といい cando o julgamento do falante a respeito 24
de algo
Adiciona um elemento de interrogação.
A というか(…)というか Esta construção é usada quando para re- 24
formular ou redefinir algo
Expressão fixa, usada para introduzir
A といった 24
exemplos

293
Expressa desacordo ou insatisfação, ge-
ralmente para lastimar-se, reclamar ou
A だって ① 24
para desculpar-se. Significa “mesmo se
esse for o caso”.
Uma maneira informal de se apontar o
A だって ② motivo para algo, dependendo do con- 24
texto
Nesta lição se aborda como funcionam
B NÚMEROS 25
os números na língua japonesa
Trata-se da característica em que se
pode considerar que todos os substanti-
B CONTADORES vos são incontáveis necessitando, por- 25
tanto, de algum elemento que permita a
contagem
Descreve a frequência de algo durante
B (NÚMERO)かい (回) 25
um período de tempo
Mostramos as particularidades de núme-
B DECIMAIS E FRAÇÕES 25
ros decimais e fracionários
B だけ ① Partícula que significa "somente" 26
B しか(…)(NGT) Partícula que significa "somente" 26
Partícula que indica excesso de algo que
B ばかり ① tem como consequência sua exclusivi- 26
dade
B だけで(は)なく(…)(も) Não somente [X], mas também [Y] 26
Expressa o que acontece ao realizar ou-
B だけで tra ação, tendo sentido próximo a “basta 26
[X] para que [Y] ocorra”
B ばかりで Indica causa com sentido negativo 26
I ばかりで(は)なくて Indica que algo não se restringe a [X] 26
Indica de maneira forte que algo não se
I ばかりか 26
restringe a [X]
Indica que uma única e simples causa
I ばかりに 26
provoca uma situação negativa
Indica a causa de algo, dependendo do
I だけに 26
contexto
Indica o resultado esperado (de uma
I だけあって 26
causa)
Indica o resultado esperado (de uma
I だけ(のことは)ある 26
causa)
Indica um estado progressivo que tem
I ばかり ② 26
caráter negativo
Indica que uma ação acabou de aconte-
I V(RYK)たて 26
cer
Indica um esforço máximo para se fazer
I だけ ② 26
algo
Partícula essencialmente idêntica a 「だ
I のみ 26
け」
I だけでも Significa "mesmo somente" 26
Construção comumente traduzida como
A のみならず 26
“além de”
Indica a impressão ou modo como um
A とばかり(に) 26
fato ou ação é feita ou ocorre
A (SB)でしかない Transmite a ideia de "Nada além de [X]" 26
B (TE)おく Deixar a [ação] realizada 27
Descreve uma ação que não foi conclu-
B まだ(…)(TE)いない 27
ída, mas que se deseja finalizar
B (TE)いる Ação contínua, estado resultante 27
B (TE)ある Ação concluída (estado resultante) 27

294
B V(RYK)だす Começar a [verbo] 27
B V(TE)くる Dá um sentido de “vir fazendo [X]” 27
Dá um sentido de "fazer [X] e continuar"
B V(TE)いく 27
(ir fazendo [X])
Usado para indicar que algo acontece no
I (ORAÇÃO 1)とちゅう(ORAÇÃO 2) 27
meio de outra ação
I V(TE)ばかりいる Indica o excesso de alguma ação 27
A V(MZK)ないではおかない Indica que algo acontecerá com certeza 27
Auxiliar clássico muito versátil, podendo
A V(RYK)(え)り indicar um estado resultante, estado du- 27
radouro ou mesmo a forma passada
B あげる Verbo "dar" (aos demais) 28
Verbo "dar" (à pessoa que fala e por ela
B くれる 28
usado)
B (TE)あげる Feito para (alguém) 28
B (TE)くれる Usado para pedir favores 28
B V(TE)やる Feito para (alguém) - forma casual 28
Indica dúvida quanto à realização de
B (ORAÇÃO)かどうか 29
uma ação
B V(RYK) ます Forma polida dos verbos 29
B か② Com a forma polida, indica uma pergunta 29
Com a forma casual, pode ser usado
B か③ para fazer perguntas retóricas ou para 29
expressar sarcasmo
Dá um ar de dúvida no elemento que a
B か④ 29
antecede
Prefixo honorífico usado para embelezar
B お 30
substantivos japoneses
Prefixo honorífico usado para embelezar
B ご substantivos de origem chinesa propria- 30
mente dito
B ござる Forma honorífica do verbo 「ある」 30
Forma honorífica que serve para os ver-
B いらっしゃる 30
bos 「いる」, 「行く」 e 「来る」
B なさる Forma honorífica do verbo 「する」 30
Forma honorífica para verbos que não
B お + V(RYK) + に + なる 30
possuem forma especial
Forma honorífica para verbos que não
B お + V(RYK) + です 30
possuem forma especial
Forma modesta para verbos que não
B お + V(RYK) + する・いたす 30
possuem forma especial
B V(RERU)ようになる Tornar-se capaz de (…) 31
Forma Potencial (indica "capacidade de
B V(MZK)れる・られる ① 31
(…)")
B V(MZK)れる・られる ② Forma Passiva 31
Poder ouvir (no sentido de algo ser audí-
B きこえる 31
vel involuntariamente)
Alguém ou alguma coisa é passiva ou es-
B みえる 31
pontaneamente visível
Indica possibilidade ou capacidade para
B V(RTK)ことができる 31
algo
Verbo que significa "obter". Usado para
I V(RYK)える 31
indicar a forma potencial
Indica aquisição de experiência (acostu-
I (SB)になれる 31
mar-se)
Transmite a ideia de "ser chamado
A いわゆる ou conhecido”, podendo também modifi- 31
car substantivos

295
A とかんがえられる Transmite a ideia "Ser considerado [X]" 31
Usada quando se quer expressar sensa-
ções sobre algo, podendo ser traduzido
A とみられる 31
como “é visto como...”, “é esperado
que...”
V(RTK){forma não-passada}に{V(POT-
A Forma potencial duplicada 31
NGT)}
Partícula dupla que por vezes funciona
de forma similar a 「でも 」 , porém, so-
A にも 31
mente com a oração principal na forma
negativa
Indica a impossibilidade de se fazer algo
A V(RTK)にも{V(POT-NGT)} 31
mesmo que se tente
Indica que a ação é possível somente a
A V(POT)ようになる partir de um dado momento, isto é, antes 31
essa mesma ação não era possível
B V(RYK)なさい Pode fazer [ação] 32
B V(TE)もらう Usado para pedir favores 32
B V(TE)ください Por favor, faça [ação] 32
B V(NGT)でください Por favor, não faça [ação] 32
Usado para pedir favores (forma mais
B V(TE)いただけませんか 32
polida)
B (SSK)な Não faça [ação] 32
Padrão usado para solicitar que uma
B V(MZK)ないでください 32
ação não seja feita
B (SB)をください Usado para pedir objetos de forma polida 32
Expressa uma hipótese dada uma situa-
I にしろ・にせよ 32
ção e o que discorre dela
Expressa uma hipótese dada uma situa-
I V(RTK)にしろ V(RTK)にしろ ção e o que discorre dela ("Seja [X], seja 32
[Y]...")
Expressa uma hipótese dada uma situa-
A KY かれ(…)KY かれ 32
ção e o que discorre dela
A V(MRK)と(VERBO) Usado para descrever uma instrução 32
Forma menos comum na linguagem coti-
A お V(RYK)ねがう 32
diana para fazer pedidos polidos
Indica um comando, podendo ser qual-
quer coisa, desde um pedido de oração
A V(RYK)たまえ 32
até uma ordem que se espera que seja
seguida
B (MZK)せる・させる Forma Causativa (deixar fazer (…)) 33
B (MZK)せられる ・させられる Forma Causativo-Passiva 33
Indica de uma maneira muito humilde o
B FORMA CAUSATIVA(TE)ください que você está prestes a fazer ("Deixe-me 33
(…), por favor")
Indica de uma maneira muito humilde o
B (SB)させてください que você está prestes a fazer ("Deixe-me 33
(…), por favor")
I V(MZK)(さ)せてもらう Pedir permissão humildemente 33
Funciona como a partícula 「の」 expli-
B (ORAÇÃO)もの ② 34
cativa
B だい Partícula final interrogativa 34
B かい Partícula final interrogativa 34
Partícula final que indica a busca de con-
B ね① 34
firmação, concordância de terceiros
Partícula de final de sentença que coloca
B かしら 34
dúvida
Partícula de final de sentença que coloca
B かな 34
dúvida

296
Indica forte emoção, como que uma ex-
I ことか 34
clamação
I とかで Indica causa de forma incerta 34
Partícula de final de sentença que trans-
I かな 34
mite incerteza
Partícula final que indica desejo ou espe-
A もがな rança a respeito de algo geralmente difí- 34
cil de acontecer
Construção que literalmente significa
“(Eu) desejo que (eu) não diga isso”.
A いわずもがな 34
Pode ser usado no caso de arrependi-
mento por ter dito algo inconveniente
Encontrada principalmente em livros,
A とか que é usada quando se indica uma infor- 34
mação recebida
Lista enfaticamente ações, eventos ou
A (ORAÇÃO 1)わ(ORAÇÃO 2)わ(で) estados como exemplos ou razões. Tem 34
sentido negativo
B が② Partícula de adversidade / adição 35
B (ORAÇÃO)から ② Partícula que indica causa 35
B (RYK)たり(する) Fazer [ação] (e coisas do tipo) 35
B (ORAÇÃO)ので Indica causa 35
B (ORAÇÃO)し Enumera enfaticamente orações 35
B (ORAÇÃO)のに ① Apesar de [ação] / A fim de [ação] 35
B (ORAÇÃO)ように Para fazer [ação] 35
B (ORAÇÃO)ために Para fazer [ação] / Por causa de... 35
B (ORAÇÃO){けれど(も) ・ けど} Partícula adversativa - "mas", "todavia" 35
Reforça a contradição entre duas ora-
I {V-KY(RTK)} ことは (Mesmo V-KY) 35
ções
Indica uma razão para uma ação ou
I からといって 35
ideia, transmitindo desaprovação
Indica uma forte conexão entre a sen-
tença que precede 「から (に)は」 e a
I からには que vem depois, como se o resultado 35
fosse algo esperado, natural ou um dever
(na opinião do falante)
Trata-se de 「から」 como partícula que
I からいって 35
indica origem reforçada por 「いって」
I ように Transmite sentido de finalidade 35
Conjunção que expressa algo que con-
I だが trasta com o que é exposto na sentença 35
anterior
No final de sentenças, indica desaprova-
I (ORAÇÃO)のに ② 35
ção, arrependimento
É usado para expressar adversidade en-
I (ADJ・ V)ことは(MESMO ADJ・ V)が tre duas orações. Pode-se substituir 「が 35
」 por 「けど」 (e variantes)
Usado no começo de orações, serve
para indicar contradição com o que foi
I だけど 35
expresso anteriormente ou está suben-
tendido
Trata-se de uma versão arcaica de 「の
A (ORAÇÃO){こと}とて ① 35
で」 e 「から 」
A とて ② Tem um sentido próximo à “mesmo” 35
Indica finalidade ("Para que não [X], se
A (ORAÇÃO)こと(が・の)ないように 35
fara [Y]")
Expressão que significa “mas”, “porém”.
A (そうか)といって Indica que embora um fato seja verda- 35
deiro ou aceitável, outro não o é

297
Indica uma razão, implicando não ser a
A (ORAÇÃO)こともあって 35
única
B V(RYK)すぎる Ação em excesso 36
B V(TE)しまう ① Indica ação finalizada 36
Indica a ocorrência de uma ação não de-
B V(TE)しまう ② 36
sejada
Contração de 「~てしまう」 e 「~で
B ちゃう・じゃう 36
しまう」 respectivamente
B V(TE)みる Indica tentativa de fazer [ação] 36
B V(TE)たまらない Não se pode lidar com a [ação] 36
B V(RYK)はじめる Começar a [ação] 36
B V(RYK)おわる Terminar de [verbo] 36
B V(RYK)つづける Continuar a [verbo] 36
Verbo que por si mesmo significa “ex-
trair”, “omitir”. Pode ser usado para indi-
I V(RYK)ぬく 36
car uma ação feita do começo até o fim
realmente
Indica que um fato que ocorre primeiro é
I V(TE)はじめて necessário para a ocorrência de um se- 36
gundo fato
Expressa que a partir de alguma ocorrên-
I V(TE)いらい 36
cia, algo se torna fato contínuo, habitual
I V(TE)ならない Não se pode lidar com a [ação] 36
Expressa um estado-de-ser inacabado,
I V(RYK){かける・かけだ・かけの} 36
feito pela metade
Usado com verbos intransitivos, indica
I V(RYK)あがる (1) ação que ocorre completamente, (2) 36
ação realizada de modo ascendente
Usado com verbos transitivos, indica (1)
I V(RYK)あげる ação que ocorre completamente, (2) 36
ação realizada de modo ascendente
Indica ação feita em conjunto, mutua-
I V(RYK)あう 36
mente
Forma honorífica de [V(TE) 見 る ], é
I V(TE)ごらん usado quando se pede a alguém, como 36
favor, que se tente algo
Indica que algo põe um ponto final na
questão, seja no sentido de se chegar a
I V(TE)すむ 36
uma resolução ou de algo ser suficiente
para a circunstância
Significa fazer algo de novo, porque a
I V(RYK)なおす primeira vez foi feito com descuido ou de 36
forma insatisfatória
Expressa que algo é possível sem que
I V(MZK){ないで・なくて・ずに}すむ 36
outra ação seja executada
Indica que uma ação não é feita e se tem
A V(MZK)ずじまい 36
um ar de arrependimento por isso
É usado para indicar determinação e mo-
A V(TE)みせる 36
tivação para realizar algo
Indica que o falante está diante de algo
que o incomoda e que vai além de sua
A V(TE)(は)かなわない 36
capacidade de controle, tendo sentido
negativo
Indica que uma ação ocorre completa-
A V(RYK)はてる 36
mente
Expressa que algo não é possível sem
A V(MZK){ないで・ずに}はすまない 36
que outra ação seja executada
Expressa que se faz algo sem alguma
A ぬき(にして・で) 36
coisa que normalmente estaria presente
A V(RYK)そびれる Indica que se falhou em fazer algo 36

298
Indica que “somente [X] não é o bas-
A だけではすまない 36
tante” dadas as circunstâncias
Expressão que significa literalmente algo
A V(TE)(は)たまったものではない como “Não é algo que se suportou”. É 36
uma forma enfática de 「たまらない」
Verbo que significa essencialmente "da-
A V(RYK)そこなう 36
nificar". Indica falha ao se fazer algo
Verbo que significa essencialmente "da-
A V(RYK)そこねる 36
nificar". Indica falha ao se fazer algo
Verbo que significa essencialmente "da-
A V(RYK)そんじる 36
nificar". Indica falha ao se fazer algo
Verbo que significa "esgotar". Indica que
A V(RYK)つくす 36
algo é feito por completo
Usado com alguns verbos, indica que
A V(RYK)こなす 36
uma ação é executada de forma perfeita
B (MZK)む (おう・よう) Conjectura, incitamento 37
Forma negativa da Forma MU (geral-
mente indica forte determinação quando
I まい 37
se refere a ações próprias e dúvida
quando se refere a terceiros)
I ではあるまいか Indica dúvida (será que...) 37
Adicionar um elemento de interrogação.
A といおうか(…)といおうか Esta construção é usada para reformular 37
ou redefinir algo
Indica uma razão pela qual algo não
A ではあるまいし 37
deve ser como é
Dadas as circunstâncias, espera-se que
B (ORAÇÃO)はず 38
(…)
Dadas as circunstâncias, não se espera
B (ORAÇÃO)はずがない 38
que (…)
B たぶん Advérbio que significa "talvez" 38
Usado para transmitir uma informação
B そう(CÓPULA) 38
exatamente como foi recebida
{V(RYK)・KY(GOKAN)}そう (に・な・
B Indica que há sinais de algo 38
です)
B かもしれない Advérbio que significa "talvez" 38
Acrescenta incerteza à oração e a torna
B C(MU)(か) mais indireta (suave). Com 「か」 esse 38
sentido é fortalecido
Transforma informação recebida em con-
I らしい ① 38
jectura
I らしい ② É parecido com (…) 38
I っぱい É parecido com (…) 38
Trata-se de um modo mais leve e indireto
I ではないだろうか 38
de expressar uma suposição
Dependendo do contexto, pode ter o
I ということだ ① mesmo significado de 「~そう」 , isto é, 38
indica que há sinais de algo
Expressa uma suposição com tom de
I べき 38
obrigação
I べきではない Forma negativa de 「べき 」 38
I っぽい Expressa similaridade 38
Indica que não há indícios que um fato
I V(RYK){そうもない・そうにない} aconteça e, portanto, possivelmente não 38
acontecerá mesmo
Forma negativa clássica de 「べき 」, ou
A べからず 38
seja, o mesmo que 「べきではない」
A しかるべき Expressão que significa "apropriado" 38

299
Indica que uma ação ou estado são apro-
A V(TE)しかるべき 38
priados
A C(MU)に Indica simpatia ou arrependimento 38
Forma clássica de indicar o que deve ser
A V(MZK)さるべからず 38
feito
Indica incentivo para a execução de uma
A V(MU)ではないか 38
ação
B (ORAÇÃO 1)と(ORAÇÃO 2) Condicional 39
B V(TA)ら(ORAÇÃO 2) Condicional 39
B (ORAÇÃO 1)なら(ORAÇÃO 2) Condicional 39
B V(KTK)ば Condicional 39
B V(KTK)ばよかった Deveria ter feito [X] 39
B すると Ao acontecer [X], acontece [Y] 39
B V(MZK)ないと Expressa o que se deve fazer 39
Expressa ponto de vista ou opinião. Pode
I からすると・からすれば ser traduzido como “Se considerar a par- 39
tir de...”
Expressa ponto de vista ou opinião. Pode
I からみて ser traduzido como “Olhando a partir 39
de...”
Expressa a impossibilidade de algo, a
I V(TE)からでないと menos que se cumpra determinada con- 39
dição
Expressa a impossibilidade de algo, a
I からでなければ menos que se cumpra determinada con- 39
dição
Indica contraste e circunstâncias ou qua-
I も(…)なら(…)も・も(…)ば (…)も 39
lidades simultâneas
I といえば・というと・といったら Traz um tópico à conversa 39
Indica o que deveria ter sido feito, com ar
I ばいいのに 39
de desapontamento
Expressa ponto de vista ou opinião. Pode
I からして ser traduzido como “Considerando a par- 39
tir de...”
I たとえば Significa "por exemplo" 39
I なぜなら Indica o motivo para algo 39
Expressa o que deveria ter sido feito com
I V(CONDICIONAL)(…)のに 39
ar de desapontamento
I もしかしたら Versão enfática de 「もし」 39
Expressa um desejo ou sugestão, indi-
cando que a ocorrência de algum fato,
I V(CONDICIONAL と・たら)いい 39
pelo menos do ponto de vista do falante,
será boa natural e realmente
Indica que algo é projetado para fazer al-
I V(RTK)ようになっている 39
guma coisa
Versão clássica de 「ではなくては」,
ならでは forma negativa da cópula. Implica uma
A 39
característica especial, ou algo que é
único para (esse tipo de pessoa)
Usado para falar algo negativo a respeito
A ときたら de algo ou alguém, geralmente se refe- 39
rindo a si mesmo
Expressa um fato ao qual você sente
A V(RYK)でもしたら aversão e, por isso, espera que não 39
ocorra, pois o resultado será negativo
Usado para indicar uma opinião, deve
seguir um substantivo que se refira a
A (SB)にいわせれば 39
uma pessoa ou grupo que pode ter uma
opinião

300
Forma clássica de indicar o que deve ser
A V(MZK)ねばならない 39
feito
Usado para falar algo negativo a respeito
A ときたひには de algo ou alguém, geralmente se refe- 39
rindo a si mesmo
Expressão que indica que a alta probabi-
A ひとつまちがえば lidade de acontecer um fato ruim está 39
condicionada a algo mínimo
Sua tradução literal é algo como “Se di-
A からいうと zer a partir de...”. Em português equivale 39
a "a julgar por"
A tradução literal é “Se olhar a partir
A からみると de...”. Em português equivale a "a julgar 39
por"
Em alguns casos transmite a relação
de causa e efeito; em outros parece indi-
A そうすると 39
car apenas duas ações que acontecem
ao mesmo tempo
(CONDICIONAL){と・ば・たら}きりが
A Indica que algo é interminável 39
ない
A ところをみると Expressa a ideia "Ao ver o fato [X]" 39
Condicional que implica um mau resul-
A VRTK)ようでは 39
tado
Indica uma ressalva com relação a algo
A V(TA)ら(…)V(TA)で 39
que geralmente é bom
Expressão que indica que o falante se
lembrou de algo ou quer que se dê aten-
A そういえば ção a algo relacionado ao que foi dito an- 39
teriormente ou que é entendido pelo con-
texto
Transmite a ideia de que se algo conti-
A V(TE)いては 39
nuar, o resultado será ruim
Expressão que indica que o falante
A おもえば afirma algo comparando a situação atual 39
com aquilo que ele já passou
B V(TE)はいけない Não deve fazer a [ação] 40
Não deve fazer a [ação] - abreviação de
B V(RYK)ちゃいけない 40
「~てはいけない」 (língua falada)
Não deve fazer a [ação] - abreviação de
B V(RYK)じゃいけない 40
「~ではいけない」 (língua falada)
B V(MZK)なければならない Deve fazer a [ação] 40
B V(NGT)といけない Deve fazer a [ação] 40
B V(MZK)なくちゃ Deve fazer a [ação] (língua falada) 40
Expressão usada para indicar descon-
B いけない 40
tentamento diante de uma situação
Usado para indicar o que se faz para pre-
I (FORMA CONDICIONAL)いけないから 40
venir uma situação negativa
Sufixo que expressa sinais de algo estar
B がる 41
em algum estado
Sendo uma das Bases de 「 が る 」 ,
pode ser usado em conjunto com o subs-
B がり tantivo 「や」 (屋) para indicar um tipo 41
de pessoa que frequentemente se sente
de algum modo
B V(RYK)た(がる・がっている) Indica desejo de terceiros 41
B (ORAÇÃO)つもり Pretender [ação] / Convicção de [fato] 41
B (ORAÇÃO)よてい Pretender [ação] 41
Indica o desejo de que uma ação seja
B V(TE)ほしい 41
feita
B ほしい Keiyoushi que indica desejo 41

301
B V(RKY)たい Indica desejo do falante 41
B (ORAÇÃO)つもりで Fazer algo a fim de (…) 41
B V(RYK)かた Maneira de fazer [X] 41
B V(TA)らどうですか Expressa uma sugestão 41
Expressa uma intenção (eu penso em
B (MU)とおもう 41
[ação])
B V(MU)か Indica sugestão para fazer algo 41
B V(MU)か Indica oferecimento de ajuda 41
Usado para dar sugestões de forma po-
B V(RYK)ませんか 41
lida
B V(FORMA CONDICIONAL)いいですか Indica busca de conselho ou instrução 41
B {V(RTK・TA)}ほうがいい Indica uma ação que deveria ser feita 41
Indica uma ação que não deveria ser
B V(NGT)ほうがいい 41
feita
Literalmente pode ser traduzido como
“não existe meio de fazer”, É usado para
I V(TE)しかたがない expressar conformismo diante de uma si- 41
tuação em que não há nada que possa
se fazer a respeito
Indica a ocorrência de uma ação ou es-
I V(TE)しょうがない 41
tado de forma extrema
Indica conformidade com relação a algo
I V(TE)も(しょうがない ・しかたがない) 41
ou que é inútil fazer alguma coisa
Indica que não há meio de fazer determi-
I (ORAÇÃO)ようがない 41
nada ação
I V(MU)とする Expressa um esforço para se fazer algo 41
Significa "esperar" no sentido de desejar
algo. Em português, poderia ser tradu-
I V(RTK)たいとおもう 41
zido como “espero que...” ou “gostaria
que...”
Significa "esperar" no sentido de desejar
algo. Em português, poderia ser tradu-
I V(TA)らとおもう 41
zido como “espero que...” ou “gostaria
que...”
Transmite o pesar ou arrependimento do
A V(RYK)たいばかりに falante por fazer alguma coisa por querer 41
algo
Transmite o pesar ou arrependimento do
A ほしいばかりに falante por fazer alguma coisa por querer 41
algo
Uma negação de outra negação. Nesses
casos, dependendo do contexto, pode-se
A V(MZK)なくはない 41
entender essa negação da negação de
forma positiva
Indica uma explicação ou desculpa para
A V(TA)つもりはない um mal-entendido causado por um ato 41
passado
B V(RYK)ながら Indica ações simultâneas 42
B V(MU)ものなら Condicional com resultado negativo 42
B V(TA)ところ Ação que acabou de ser executada 42
B (ORAÇÃO)まえに Antes de [ação] 42
B V(TA)あとで Depois de [ação] 42
B (ORAÇÃO)とき Quando (no momento da ação [X]) 42
B (ORAÇÃO)あいだ(に) Indica o que o ocorre durante outro fato 42
B (ORAÇÃO)もの ① Transmite concretude a um fato 42
B V(TA)ばかり Ação que foi executada recentemente 42

302
Indica que algo é acompanhado por ou-
B いっしょに 42
tra coisa
B (ORAÇÃO)のがすき Indica gosto por alguma ação 42
Carrega o sentido de uma ação que está
B ところ 42
prestes a ser feita
Construção que significa “agir como
I とする 42
se...” ou “estar na condição de...”
Indica que algo ou uma ação é acompa-
I ともに 42
nhada por outra coisa simultaneamente
Expressa concessão, de modo parecido
I ながら(も) 42
a 「のに」
Indica duas ações sequenciais em que a
primeira ação mal acabou de se comple-
I V(NGT)かのうちに tar (ou mesmo ainda está em curso), e 42
outra vem logo em seguida, quase que
ao mesmo tempo
Descreve uma ação que está ocorrendo
I V(RYK)つつ 42
enquanto outra está em curso
Expressa a existência de um processo
I V(RYK)つつある 42
contínuo
Expressa concessão, de modo parecido
I V(RYK)つつ(も) 42
a 「のに」
Indica que duas ações são realizadas ao
I {SB・V(TE)}がてら mesmo tempo, não necessariamente si- 42
multaneamente
Expressa uma ação que é executada du-
I うちに rante um período de tempo em que certa 42
situação permanece válida
Significa algo como “não é o fato que” e
I というものではない 42
tem um sentido parcialmente negativo
Significa algo como “não é o fato que” e
I というものでもない 42
tem um sentido parcialmente negativo
Indica similaridade e é praticamente res-
I ごとき・ごとく・ごとし 42
trito à escrita bem formal
Expressa que se costumava fazer algo
I V(TA)ものだ 42
no passado
Enfatiza pensamentos ou impressões do
I というものだ ① 42
falante
Expressa coisas que geralmente são di-
I というものだ ② 42
tas por muitas pessoas
Expressão que indica a ocorrência muito
I あっというま(に) 42
rápida de algo (”em um piscar de olhos")
I ということだ ② Usado para destacar, enfatizar algo 42
I にして ① Alternativa a 「として」 42
Funciona de maneira semelhante à
I にして ② 42
forma TE da cópula
Frequentemente usado como 「である
I にする 42

É usado para se apresentar uma exce-
I べつとして ção para aquilo que será dito adiante na 42
oração principal
Indica que um fato [Y] que ocorre após
I あとから um fato [X], prejudica de algum modo o 42
fato [X]
Expressa que não somente algo impor-
A (SB)もさることながら tante é válido, mas outra coisa, geral- 42
mente mais significante ainda, também é
A (SB)ながらに Expressa concessão 42
A (SB)ながらも Expressa concessão 42

303
Indica que determinada ação não condiz,
A まじき é imprópria para determinada coisa ou 42
pessoa
Dá ênfase a uma primeira ação de uma
A V(TE)からというもの sequência de duas, tendo sentido de 42
"Depois de fazer [X], acontece [Y]"
Indica uma ação que está prestes a ser
A ところ(だ・だった) feita ou acaba de ser concluída (tempo 42
passado)
Transmite ideia de ponto, a partir do qual,
A てまえ nasce um fato decorrente (causa e 42
efeito)
Indica que algo acontece pela primeira
A にしてはじめて 42
vez
Expressa que não importa se algo vai
(FORMA MU)が・と(FORMA MU NE-
A acontecer ou não, outro fato ocorrerá 42
GATIVA)が・と
mesmo assim, de forma independente
Expressa que não importa se algo vai
A (FORMA MU)が・と acontecer ou não, outro fato ocorrerá 42
mesmo assim, de forma independente
(PEQUENA QUANTIDADE)として Indica que nem mesmo o mínimo de algo
A 42
(…)ない ocorre
Literalmente significa "É fato que [X]".
A (ORAÇÃO)もの Também, pode indicar uma sugestão ou 42
um leve comando
Literalmente significa "Não é fato que
A (ORAÇÃO)ものではない [X]". Também, pode indicar uma suges- 42
tão ou um leve comando
Indica um forte julgamento sobre algo ou
A ものがある uma grande emoção ou sentimento di- 42
ante de uma circunstância
Indica que algo ou uma ação é acompa-
A とどうじに 42
nhada por outra coisa simultaneamente
No Japonês Clássico, 「とする」podia
agir como uma cópula funcionando de
forma parecida a 「のです」. Continua
A (ORAÇÃO)ものとする 42
frequente em documentos formais como
acordos legais e contratos de negócios,
sendo usado com 「もの」
A とされる Versão bem mais formal de 「とする」 42
Indica algo segundo o ponto de vista de
A [X]にしたら・にすれば・にすると 42
[X]
Indica que independentemente de [X],
A にしても(...)にしても 42
acontecerá [Y]
O mesmo que 「としても」, isto é, in-
A としたって dica que independentemente de [X], 42
acontecerá [Y]
Expressar independência com relação a
A V(MU)にも(…)(NGT) algum fator, isto é, "Mesmo que seja [X], 42
acontece [Y]"
Expressa independência com relação a
A (MU)ったって 42
algum fator
Indica o ponto que alcança determinada
A {V[X](RTK)・V[X](POT)}ところまで V[X] 42
ação, tendo sentido de algo extremado
B ところ(に・へ) Durante (…) (com ênfase) 43
Usado para transmitir uma informação ci-
B によると(…)そうです 43
tando a fonte
B によると De acordo com (…) 43
B かわりに Em vez disso, em troca, por outro lado 43
I によって Indica dependência ("dependendo de") 43
Indica o começo de algo ("começando
I をはじめ 43
por", "primeiramente")

304
I にくらべて Indica comparação ("comparando com") 43
Indica a adição de algo ("somando-se a",
I にくわえて 43
"além disso")
I にこたえて Indica resposta a algo ("em resposta a") 43
Indica o que está na frente de algo ("pre-
I にさきだって 43
cedendo o", "antes de")
Indica chegada a um ponto ("chegando
I にさいして 43
a", "quando", "caso")
Indica o acompanhamento de algo "per-
I にそって 43
correndo o", "ao longo de")
Tem o sentido de “devido a” e é usado
I につき em sentenças formais, tais como em bo- 43
letins ou avisos
Significa “debaixo de”, no sentido de in-
I もと(で・に) dicar o que guia, sustenta ou torna algo 43
válido
Aponta para uma chance, começo ou
I をきっかけ(で・に) 43
oportunidade
Aponta para uma chance ou oportuni-
I をけいきとして 43
dade
I をこめて Indica o que se inclui ao ato executado 43
I をめぐって Indica em torno do que algo se refere 43
I をもとに(して) Indica em que algo está baseado 43
I におうじて Indica com o que algo está de acordo 43
I における Tem sentido de "sobre" ou "em" 43
Indica substituição ou delegação - "em
I にかわって 43
nome de (…)"
I にかんして Indica relação 43
I にしたがって Indica conformidade 43
I において Tem sentido de "em" 43
Transmite ideia de relação - "sobre", "de-
I うえで 43
pois de"
Indica a extensão de algo ("de (…) até
I (…)から(…)にかけて 43
(…)")
I にたいして Indica a que se direciona a ação 43
I について Indica sobre o que o objeto está ("sobre") 43
Indica em o que algo está baseado; (2)
I V(RTK・TA)うえで 43
Depois de (…)
I をつうじて Indica o meio ("através de") 43
Indica limite, perímetro (Por exemplo, "no
I にかけて(は・も) 43
campo da ciência")
I うえに(上に) Transmite noção de adição ("Além de") 43
Tem significado próximo ao da preposi-
I おいて(於いて) 43
ção "em"
I にいたって ① Indica a que se refere uma afirmação 43
I とははんたいに Indica oposição com contraste 43
Indica contraste. Tem um tom pessimista
I V(TA)ところで 43
e hipotético
Indica que aquilo que foi esperado ou
I ところが planejado, não aconteceu e isso foi ines- 43
perado
Partícula que indica para quem determi-
I にとって 43
nada afirmação é válida
Indica essencialmente o que acompanha
I につれて 43
simultaneamente determinada ação

305
Partícula composta que indica o foco de
I をちゅうしんに algo, podendo ser traduzida como "em 43
torno de"
I をとおして Indica o meio ("através de") 43
Partícula composta que tem o verbo 「反
I にはんして 43
する」. Indica contrariedade
Partícula composta que tem o verbo 「関
I にはんして 43
する」. Indica relação
Advérbio que indica adição, podendo ser
I くわえて traduzido como “além disso”, “ao mesmo 43
tempo”
I くわうるに Variante clássica de「くわえて」 43
Partícula composta que aponta para o
I をもくひょうに 43
ponto de partida de algo
Conjunção que significa “por esta razão”
I したがって 43
e põe foco no resultado
Partícula composta que indica depen-
A V(RYK)ようによっては 43
dência de uma ação
Partícula composta que indica exclusão
A をおいて 43
de algo
Partícula composta que expressa emba-
A をふまえて 43
samento em algo
Partícula composta que expressa confor-
A にそくして 43
midade com algo
Partícula composta que expressa uma
despreocupação com algo, indicando
A をよそに concessão de forma semelhante a「のに 43

Partícula composta que indica o ponto de
A をかわきりに 43
partida de algo
Indica contraste. Tem um tom pessimista
e hipotético. Poderia ser traduzido como
A V(TA)ところで 43
“mesmo se”, “apesar de”, ou “não im-
porta o quanto…”
Descreve que algo inesperado aconte-
ceu ou está acontecendo, não sendo ne-
A ところを 43
cessário anexá-lo obrigatoriamente à
forma passada do verbo
Partícula composta que indica uma refe-
A にてらして 43
rência, comparação, embasamento
Partícula composta que indica indepen-
A によらず 43
dência dos fatos
Partícula composta que tem um ar nega-
tivo, no sentido de que a pessoa se foca
A にかまけて 43
tanto em algo que acaba negligenciando
outras
Partícula composta que indica pretexto /
A にかこつけて 43
desculpa
Partícula composta que indica compara-
A にひきかえ 43
ção com tom de contraste
Partícula composta que tem sentido de
A をたて 43
"Depois de [X]"
Partícula composta que tem sentido de
A をおして 43
"embora"
Indica que mesmo que se faça a ação
A としたところで [X], não é algo necessariamente inútil, in- 43
frutífero para a circunstância
A をもって Partícula composta semelhante a 「で」 43
Indica que quando se está “dentro” de
A なか(を・では) 43
uma ação, outra coisa ocorre
Com o significado relacionado a “estar si-
A にあたって 43
tuado”, indica uma ocasião

306
Partícula composta que indica a base,
A にもとづいて 43
fundamento de algo
Partícula composta que indica a direção
A にむかって 43
de algo
Partícula composta que indica aquilo que
A にさきだち 43
vem antes de algo
Partícula composta que dá ideia de que
A にともなって algo acompanha outra coisa, no sentido 43
de "conforme se faz [X], acontece [Y]"
Partícula composta que indica que algo
A につけて sempre ocorre dada determinada cir- 43
cunstância
Transmite a ideia de algo que se estende
A にわたって 43
de um ponto a outro
Indica o que guia, sustenta ou torna algo
A もとで válido. Pode ser usado com as partículas 43
「で」 ou 「に」
Transmite a ideia de "como resultado de
A をけいきに [X], acontece [Y]", podendo isso ser bom 43
ou ruim
Transmite a ideia de "com exceção de
A をのぞいて 43
[X], acontece [Y]"
Partícula composta que adiciona outro
A おまけに elemento à afirmação. Tem um sentido 43
negativo e pessimista
A を③ Partícula que indica concessão 43
Expressa falta de mudança de algum es-
B まま 44
tado
Indica ênfase a uma situação em que
I にあって 44
algo está inserido
Indica que não se pode deixar de fazer
I ざるをえない 44
alguma coisa, mesmo que queira
Indica incapacidade de deixar de fazer
I やむをえ(ない・ず) 44
algo
Indica uma tendência, geralmente ruim
I がち 44
ou indesejada
Usado de várias maneiras no
I っぱなし que diz respeito a deixar algo do jeito que 44
está
É usado para expressar algo que você
não quer fazer, mas acaba fazendo natu-
I V(MZK){ずに・ないで}はいられない 44
ralmente, mesmo que por vezes a contra
gosto
Indica o que acontece logo a seguir de
A がさいご uma ação, geralmente tendo um sentido 44
negativo
Usado para descrever a tentativa de uma
A べく 44
ação
Indica uma profunda relação. Uso base-
A あっての 44
ado na partícula dupla 「ての」
Indica uma condição, cujo resultado é
A とあれば algo natural ou esperado dentro da refe- 44
rida condição
Indica um fato que resultará em outro de
A とあって forma natural ou esperada dentro da re- 44
ferida situação
De maneira enfática, indica a impossibili-
A べくもない 44
dade de algo
A きらいがある Descreve uma tendência ou hábito ruim 44
A V(TE)やまない Indica que uma ação não é cessada 44
A ままに Indica como algo é feito 44
Enfatiza a incapacidade de praticar de-
A V(TE)ばかりはいられない 44
terminada ação, dando um sentido de

307
proibição a um fato dada uma circunstân-
cia
Partícula de comparação (o item que ela
B より ① segue sempre está abaixo no quesito em 45
comparação)
B より ② Partícula indicadora de origem 45
B (…)や(…)など Indica uma lista vaga 45
B ほど(…)(NGT) Não é como (…) 45
B ほど Partícula que indica a extensão de algo 45
B ば(…)ほど Quanto mais [ação], mais [ação] 45
B よりも Versão mais forte de 「より」 45
Indica que algo é o topo em algum que-
I ほかならない sito ("Não existe algo mais do que / ou 45
melhor que")
Indica coisas semelhantes às anterior-
I など mente citadas, assemelhando-se ao 45
nosso "et cetera"
"Filler", recurso usado para preencher
I なんか ② uma lacuna, uma pausa em sua fala 45
(como "tipo" em português)
Quando usado no meio de orações, fun-
I ね② 45
ciona como "filler"
Colocado no início de orações, enfatiza o
I なんと 45
que se está afirmando
Colocado no início de orações, enfatiza o
I なんて ① 45
que se está afirmando
No meio de uma oração, geralmente a
I なんて ② ênfase tem um sentido negativo, de des- 45
prezo ou desgosto
Indica que algo é o topo em algum que-
I よりほかない sito ("Não existe algo mais do que / ou 45
melhor que")
Partícula que enfatiza o elemento que a
I こそ 45
precede
Indica o grau mínimo dentro de um con-
I さえ 45
texto
Expressa que nem mesmo a expectativa
I さえ(…)(NGT) mínima foi cumprida, podendo indicar um 45
sentimento de surpresa ou vergonha
O mesmo que 「 さ え 」 . Usado com
I (SB)でさえ 45
substantivos
Indica que não há nada além de algo ou
I よりしかたがない 45
ação a se fazer
Expressa que algo é tudo o que se pre-
I さえ(…)ば 45
cisa, tendo sentido positivo
I (TE)なにより O acontecimento de uma ação foi bom 45
I V(KTK)ば(…)ほど Quanto mais [verbo {X}], mais [verbo {X}] 45
Expressão fixa, cujo significado é “não
I とはかぎらない 45
necessariamente”
Transmite a ideia de que [X] não é como
I ほど(…)ない 45
[Y]
Expressa uma razão (um fato ocorre por
A V(KTK)ばこそ 45
causa da conclusão de outro)
Enfatiza que depois de ocorrida uma
A V(TE)こそはじめて 45
ação, algo acontece
Tem sentido similar a 「より」, sendo
A にもまして 45
enfática e muito formal
A くらいなら Expressão que significa “em vez de” 45
Expressa que nem mesmo a expectativa
A SB(で)すら mínima foi cumprida, podendo indicar um 45
sentimento de surpresa ou vergonha

308
Expressa que, apesar de uma situação
A だけまし desfavorável, pelo menos algo de 45
bom acontece
Tem o mesmo sentido de 「など」 e pa-
rece ocorrer somente com verbos que
A などと 45
costumam ser usados com 「 と 」 ,
como 「いう」 e 「おもう」
(1) Condicional clássico com ênfase; (2)
A V(MZK)ばこそ 45
forte negação
Enfatizar uma causa, dando um ar de
A からこそ que esta causa é o único motivo para a 45
ocorrência de algo
Indica de forma bem enfática que algo
A ことにはならない 45
não é fato ("Definitivamente não [X]")
Enfatiza bem que depois de ocorrida
A V(TE)こそ 45
uma ação, algo acontece
Indica que não há nada além de algo ou
A (ORAÇÃO)よりほかない 45
ação a se fazer
Expressa que determinada opção é a
A をおいてほかにない 45
única possível
Indica que algo é tão ridículo que nem
I どころか 46
vale a pena considerar
Indica enfaticamente a impossibilidade
de algo, como se estivesse muito longe
I {SB・V・KY}どころではない 46
de acontecer ou do esperado, devido a
alguma adversidade
Indica que alguma coisa acontece assim
I V(TA)とたん(に) 46
que outro fato ocorre
Transmite a ideia de “não significa (ne-
I (という)わけではない 46
cessariamente) que...”
Usado para indicar conclusões que
I わけ qualquer pessoa pode ser capaz de che- 46
gar, dadas certas informações
Expressão formal para dizer que algo
não deve ser feito a qualquer custo. É
I わけにはいかない 46
uma versão mais forte e mais formal de
「~てはいけない」
Expressão formal para dizer que algo
deve ser feito a qualquer custo. É uma
I V(NGT)わけにはいかない versão mais forte e mais formal de 「~ 46
なくてはいけない」
Descreve um mau resultado de uma
I (SB)のあげく 46
ação concluída
Descreve um mau resultado de uma
I V(TA)あげく 46
ação concluída
Indica que não há nenhuma conclusão
I (ORAÇÃO)わけがない 46
razoável
Substantivo que significa “proibição (con-
I きんし tra)” e pode funcionar como um “sufixo” 46
para alguns substantivos
Indica algo que você pensa ser uma
A とおもいきや coisa, mas para o seu espanto, as coisas 46
realmente se tornam muito diferentes
Descreve algo que aconteceu no instante
A がはやいか que outro fato ocorreu, quase que de 46
forma simultânea
Indica algo que não se pode evitar. É
A SB をきんじえない sempre antecedido por substantivos que 46
indiquem sensações, sentimentos
Descreve um evento que acontece
A V(RTK・TA)そばから 46
logo após o outro de forma recorrente

309
Anexados a um verbo, são usados para
A V(RTK・TA)や・やいなや descrever algo que aconteceu logo de- 46
pois deste verbo
Transmite a ideia de “ao ver [X], imedia-
A とみるや 46
tamente..."
Usado para indicar que algo é tão ridículo
A おろか 46
que nem vale a pena considerar
Indica de forma enfática que se deseja
A なにも(…)わけではない 46
dissipar alguma impressão errada
B も② Partícula de ênfase 47
B ごろ Partícula que indica estimativa de tempo 47
Partícula que indica distribuição igual de
B ずつ 47
quantidade
Partícula que indica extrema restrição,
I きり 47
isto é, “é isso e somente isso”
Partícula usada para fazer uma estima-
tiva de dimensão, quanto à quantidade,
I く(ぐ)らい ① 47
duração, frequência ou até mesmo ra-
zões
Destaca uma parte de algo como sendo
I く(ぐ)らい ② 47
a única
I からなる Transmite o sentido de “consiste em" 47
Partícula final usada quando você per-
gunta algo a si mesmo, como quando
I っけ tenta relembrar algo, ou quando pede no- 47
vamente a alguém uma informação já
dada
Partícula que Indica incerteza, funcio-
I やら ① nando de modo similar a 「か」, mas é 47
mais vaga
Indica dois ou mais de uma lista impli-
I やら ② cando, porém, que essa lista é mais ex- 47
tensa
Significa "de alguma forma", "de que
I どうやら 47
forma"
Partícula que indica pergunta retórica
I ものか 47
com sarcasmo
I ものの Partícula que indica adversidade 47
A V(RTK)ものやら Indica dúvida com relação a algum fato 47
Indica que se algo se torna alguma coisa
A ともなると em especial, algum fato ocorre natural- 47
mente
O mesmo que 「ともなると」, mas sem
A ともなれば o sentido de que algum fato ocorre natu- 47
ralmente
Partícula que indica uma lista exemplifi-
cativa, em que implicitamente se está su-
A なり(…)なり ① 47
gerindo também outras coisas similares
às citadas
Partícula que lista ações, sendo frequen-
A なり(…)なり ② temente usada em situações em que se 47
exigem escolhas
Substantivo-sufixo que significa “forma”,
“aparência”, “visão”. É possível combinar
A なり(に・の) 47
com as partículas 「に」 ou 「の」 para
indicarmos como algo é feito ou ocorre
Indica surpresa por uma má conduta de
alguém de maior status social, de grande
A ともあろう(ものが) 47
habilidade ou responsabilidade, de quem
não se espera determinadas atitudes
A だに Partícula que indica o requisito mínimo 47

310
Usado para listar duas coisas diferentes
(geralmente contrastantes) e expressar
A (…)とも(…)とも V(NGT) 47
que nenhuma conclusão pode ser tirada
a partir delas
Partícula que descreve o quão irrele-
A くらいで vante, sem importância é o elemento que 47
a precede
Partícula usada para expressar senti-
A ものを ① mentos deploráveis por não se fazer algo 47
que deveria ter sido feito
Partícula que tem função de concessão,
A ものを ② 47
igual à partícula 「のに」
Cria uma lista de itens representativos de
A だの 47
algo
Transmite o sentido de "Não importa o
A どんなに(...)V(MU){が・と(も)} 47
quanto [X], acontece [Y]
Enfatiza grandes quantidades aproxima-
A から(ある・する・の) 47
das
Indica que assim que uma ação é conclu-
A V(RTK)なり 47
ída, outra ocorre
Indica que algo acontece (e não muda)
A V(TA)なり(で) 47
quando outra coisa ocorre
Transmite ênfase, sendo próximo a 「て
A なりと(も) も」 (obviamente 「でも」 se não for 47
verbo)
Partícula clássica que tem o significado
A して 47
semelhante à partícula 「て」
Destaca uma parte de algo como sendo
A くらいのもの 47
a única e dá ênfase a isso
Destaca uma parte de algo como sendo
A くらいなもの 47
a única e dá ênfase a isso
Indica que se algo se torna alguma coisa
A と(も)なると・と(も)なれば em especial, algum fato ocorre natural- 47
mente
A V(MZK)ずして Funciona de forma similar a 「ずに」 47
Indica que o falante quer fazer algo ou
A べきか 47
está se perguntando sobre alguma coisa
Expressa que algo se concretiza exata-
A V[X](SSK)べくして V[X](TA) 47
mente como se espera
Indica que o que é afirmado na frase an-
B それで terior é a razão ou a causa do que é afir- 48
mado na frase seguinte
B それでは Se esse é o caso 48
Uma conjunção que indica (1) ações ou
estados temporalmente contíguos ou (2)
B それから 48
uma lista cumulativa de objetos, ações
ou estados
B それなら Se esse é o caso 48
B そして Conecta duas frases 48
Verbo intransitivo que significa entender,
B わかる 48
saber
B しる Verbo transitivo que significa "saber" 48
Indica que, apesar de uma situação (nor-
B それでも 48
malmente ruim), algo ocorre
Usado para adicionar outro fato ou situa-
B それに 48
ção semelhante
Literalmente significa "sem ser afetado" e
I かかわらず transmite a ideia de irrelevância, inde- 48
pendência
I V(RTK)にきまっている Indica grande certeza 48
Indica que algo está repleto de alguma
I だらけ 48
coisa em todos os lugares

311
Expressa uma incapacidade, relutância
I V(RYK)かねる 48
ou recusa de uma pessoa em fazer algo
Indica que existe uma possibilidade de o
I V(RYK)かねない verbo em questão acontecer, tendo um 48
sentido negativo
I V(RTK)にこしたことはない Indica que algo é aconselhável 48
Usado para expressar uma razão ou jus-
I そのため(に) tificativa para algo. Pode ser visto como 48
「このため(に)」
I V(RTK)には Indica o propósito de algo 48
Literalmente significa “essa coisa”, mas
I そのもの pode ser usado para colocar bastante 48
ênfase a algo que o antecede
I それぞれ Significa “cada um” 48
Usado quando o falante enfatiza uma
I それは 48
resposta esperada para uma pergunta
Literalmente significa “com isso”, então,
tem um sentido de adição, frequente-
I それと 48
mente sendo traduzido simplesmente
como “e”
Seu sentido está próximo a algo como
“longe disso”, sendo traduzido comu-
I それどころか mente como “pelo contrário”. Indica que 48
a situação está muito distante de algo
dito ou subentendido
Indica que, apesar de uma situação ne-
gativa mencionada ou subentendida, al-
I そこを 48
gum esforço ou situação positivos exis-
tem
Transmite a ideia de impressão que algo
A {SB・KYD}めく 48
está em um estado
A V(MZK)んばかり(だ・に・の) Indica sinais de algo 48
Sufixo usado para objetos realmente físi-
A まみれ cos que descreve algo que se aplica ao 48
seu todo
Expressa para qual ação ou coisa algo é
A V(RTK)にたる 48
suficiente ou digno
Sufixo que descreve algo que se aplica
A ずくめ 48
ao todo
Expressão fixa que indica algo em seu
A このうえない 48
nível máximo
Indica que determinada ação é impossí-
A V(RTK)にたえない 48
vel de se executar
Expressa que uma ação ou algo não é
A V(RTK)に(は)あたらない 48
necessário
Transmite a ideia de "Não importa o que
A いかに(…)V(TE)も 48
faça, algo é fato"
Funciona como substantivo, tendo o sig-
A いかん 48
nificado de “circunstância"
A いかん(による) Indica a ideia de "Depender de" 48
Indica que independentemente de al-
A SB(の)いかんによらず 48
guma circunstância, algo é fato
Indica que uma ação é realizada ao ex-
A V(RYK)づめ 48
tremo
Indica quando uma afirmação passa a
A V(RTK)にいたって ② ser válida ("Quando se trata da ação 48
[X]...")
A {SB・V(RTK)}にたえる Indica que uma ação ou algo vale a pena 48
Indica conformidade com uma situação
A それはそれでいい 48
não desejada
Significa “Isso, sendo assim”, equiva-
A それはそれとして 48
lendo ao “de qualquer forma” que temos

312
em português. Usada para mudar de as-
sunto
Transmite a ideia de "Não lembro / Não
A V(TA)おぼえはない 48
preciso de [X]"
Transmite a ideia de "Não lembro / Não
A V(FORMA PASSIVA)おぼえはない 48
preciso de [X]"
Indica uma entrega total e irresponsável
A まくる 48
a uma atividade
A いかにも Versão clássica de 「どうにも」 48
Expressão que se origina de 「かまう」
(構う ), um verbo intransitivo que signi-
A (に)もかまわず fica “preocupar-se com”, “importar-se 48
com”. Expressa que alguém faz algo sem
se preocupar nem um pouco com [X].
Pode ser traduzido literalmente como
A そのうえ “acima disso”. É usado para introduzir 48
uma declaração adicional, enfática
Advérbio que significa “brevemente”,
A やがて 48
“eventualmente"
A それなのに Literalmente significa “apesar disso” 48
Literalmente significa “mesmo (levando
A それにしても em conta) isso”, podendo ter sentido de 48
“mesmo assim”
Indica que independentemente de al-
A いかんをとわず 48
guma circunstância, algo é fato
A そればかり Significa “esse tanto” 48
Indica que não existe apenas uma ação
A V(RTK)とどまらず 48
dentro de uma circunstância
B (ORAÇÃO)とおり Indica conformidade 49
Indica crítica ou um ponto de vista dife-
B しかし 49
rente
Substantivo que significa “necessidade”.
Pode ser usado tanto por si mesmo
B ひつよう quanto ser modificado por um verbo para 49
expressar que há necessidade de algo
ou não
Expressa a ideia de que enquanto ou
quando se faz uma ação [X], isso é opor-
I ついでに 49
tunidade para se fazer outra ação [Y]
também
Indica um resultado final que se origina
após um longo período que se passa
I {V(TA)・(SB)}すえ 49
pensando, discutindo, etc. Tem um sen-
tido negativo
Indica uma tendência visível em direção
I {V(RYK)・SB}ぎみ 49
a algo
Conjunção que significa “devido a”, “por
I ゆえ(に) 49
esta razão”
Indica que há medo ou mesmo perigo ou
I おそれがある possibilidade de que algo indesejado 49
aconteça
Indica uma tendência crescente, sendo
I V(RTK)いっぽう 49
usado com verbos que indicam mudança
Descreve duas ações ou estados simul-
I いっぽう(で) tâneos e contrastantes ("por outro 49
lado...")
Substantivo, cujo significado é “conse-
quência”, “resultado”. Pode ser usado de
I けっか 49
forma especial tendo o sentido de “como
resultado de
Conjunção, que significa “então”. É
I さて 49
usada para se mudar de tópico

313
Substantivo que significa “ocasião”. Pode
I さい(に) ser usado com a 「に」 para ter valor de 49
advérbio, significando “no caso de “
I V(RTK)かのうせいがある Indicar que existe a possibilidade de algo 49
Substantivo, cujo significado é “tendên-
I けいこう 49
cia”
Pode ser usado de forma semelhante a
I さあ 49
「さて」, isto é, para mudar de tópico
Substantivo que significa “relação”. Pode
I かんけい indicar a causa de algo ao ser usado com 49
a partícula 「で」
Substantivo que significa “fim”, “desfe-
A しまつ 49
cho”, “resolução”
Indica um mau desfecho, algo ruim que
A V(RTK)しまつ 49
ficou pior
Expressa que, apesar de ter feito algo,
A V(TA)かい não se tirou proveito dessa ação, isto é, 49
o resultado esperado não aconteceu
Substantivo que significa “chance”,
A おり 49
“oportunidade”
Substantivo que significa “ocasião”, “pa-
rágrafo”. Pode ser usado da mesma
A せつ forma que 「おり」 , com a diferença 49
que só pode ser usado quando a oração
é dirigida ao ouvinte
Significa “a partir do momento (que está
A おりから 49
sendo referido)”
Substantivo oriundo do auxiliar de nega-
A なさ ção 「ない」 com o sufixo 「さ」. Signi- 49
fica “falta”
Seu significado é “habitualidade”, pois
isso nos remete a algo habitual, que por
A ただ 49
sua vez, a algo comum, sem ser nada es-
pecial
Padrão em que o sentido de 「のみ」 é
A ただ(…)のみ 49
reforçado por 「ただ」
A はめになる Indica uma situação indesejada 49
Conjunção que significa “devido a”, “por
A ゆえに 49
esta razão”
Substantivo que significa “um lado / ca-
A いっぽう ① 49
minho"
Descreve duas ações ou estados simul-
A いっぽう ② 49
tâneos e contrastantes
No final de sentenças, indica uma ten-
A (ORAÇÃO)いっぽう ③ dência crescente, sendo usado com ver- 49
bos que indicam mudança
substantivo que tem como significado
principal “alvorada”. Contudo, também
A あかつき 49
pode significar “evento”, “ocasião”, “ocor-
rência”.
Indica que, após a conclusão de algum
A V(TA)あかつきには 49
fato, coisas boas acontecerão
Substantivo que significa “meio”, “mé-
A すべ 49
todo
Indica uma impossibilidade ("Não há
A (ORAÇÃO)すべがない 49
meio de fazer [X]")
Conjunção usada para indicar que se o
fato anterior não for concluído, é pouco
A なくして(は) 49
provável que o fato subsequente seja
concluído
Substantivo que designa aquilo que é
A もよう aparente, como um aspecto, um padrão, 49
um sinal, etc.

314
Conjunção que significa “a propósito”,
A ちなみに 49
“diga-se de passagem”, “aliás”
Expressa que se tirou proveito de uma si-
A かいがある 49
tuação
Conjunção que significa “mas (então)”,
A もっとも ① 49
“embora”
Tem significado de “natural”, “razoável” e
pode ser usado para indicar uma conse-
A もっとも ② 49
quência natural ou esperada dentro de
uma circunstância
A なお ① Indica ideia de informação adicional 49
Indica noção de aumento com relação ao
A なお ② 49
termo que se segue
Indica ideia de informação adicional, po-
A しかも dendo ser traduzido como “além disso”, 49
“e mais”:
Indica o resultado final que se origina
após um longo período que se passa
A V(TA)すえに 49
pensando, discutindo, etc. Tem um sen-
tido negativo
Conjunção que indica o que é válido
A うえは após alguma coisa, significando “agora 49
que” ou “desde que”
A いいすぎ Substantivo que significa “exagero” 49
Como substantivo significa “extremo”. É
A いたり usado para indicar coisas extremas refe- 49
rentes a si mesmo
É um substantivo que significa “extremo”,
“pico”. Tem o funcionamento parecido
A きわみ 49
com 「いたり」 com a diferença que
pode ser usado para se referir a terceiros
Conjunção restrita à escrita bem formal
usada para iniciar uma conclusão, po-
A かくして 49
dendo ser traduzido como “assim”, “en-
tão”, “por isso”
Indica uma preocupação pessoal com al-
A しんぱいがある 49
guma coisa
Indica um comportamento de quem si-
A (SB)きどり 49
mula características que não possui
B すこし Advérbio que significa "um pouco" 51
B なかなか (…) (NGT) Advérbio que significa "não muito" 51
B とても Advérbio que significa “muito” 51
Advérbio que indica forte certeza. Pode
B きっと 51
ser traduzido como “certamente”
Advérbio que significa “como era de se
B さすが 51
esperar”
Advérbio cujo significado é “obviamente”,
I もちろん ① 51
“claro”
Expressa que embora um fato (A) seja
I もちろん ② 51
óbvio, outro fato (B) o é igualmente
Advérbio que significa "Como é possí-
I よくも 51
vel?!" (surpresa)
Advérbio que significa "de qualquer ma-
I どうせ 51
neira" ou "depois de tudo"
Assim como a partícula 「より」 , indica
I というより o elemento que é inferior dentro de uma 51
comparação
Advérbio usado para descrever algo que
I すでに 51
já ocorreu ou está em curso
Indica que algo não ocorre de forma or-
I めったに(…)(NGT) 51
dinária (= raramente)

315
Advérbio que significa “eventualmente”.
I まんいち 51
Usado na escrita
Advérbio que significa “eventualmente”.
I まんがいち Variante de 「まんいち」 usada na lín- 51
gua falada
I けっこう Indica superação das expectativas 51
Expressa uma grande impossibilidade de
I とうてい(…)(NGT) 51
algo
Advérbio cuja função é adicionar infor-
I さらに 51
mação ou aumentar o grau de algo
Advérbio usado para indicar contraste,
I むしろ funcionando de forma semelhante à par- 51
tícula comparativa 「より」
Advérbio usado para enfatizar, geral-
I いったい 51
mente transmitindo desaprovação
Expressa de maneira forte a impossibili-
I とても(…)(NGT) 51
dade de algo
I せめて Advérbio que significa “pelo menos” 51
I せいぜい Indica o grau máximo de algo 51
Advérbio usado para expressar um
grande esforço para se fazer algo, geral-
I わざわざ 51
mente feito até o fim. Por isso, é muito
usado para fazer agradecimentos
Advérbio usado para indicar algo contrá-
I かえって 51
rio a uma expectativa
Advérbio que significa “relativamente”,
“proporcionalmente”, "comparativa-
mente”. Pode ser usado para expressar
I わりに 51
um julgamento em que a situação ex-
pressa por (B) não atende as expectati-
vas ou não parece ser o que (A) implica
Tem sentido de “não [verbo] suficiente-
I ろくに(…)(NGT) 51
mente
Advérbio usado para expressar que al-
I あえて guém se atreve a algo, apesar da dificul- 51
dade, perigo ou oposição
Expressa algo como “uma vez que se
I いったん(…)V(ば・と・たら) 51
faça [X]..."
Advérbio que significa “quanto possível;
I なるべく 51
o mais...possível”
Advérbio que significa “especialmente”,
“particularmente”. Pode aparecer com
I べつに(…)(NGT) 51
verbos na forma negativa, tendo sentido
de “particularmente [X] não”
Indica que algo foi feito por engano, sem
I つい 51
intenção
Advérbio, cujo significado é “finalmente”,
I ついに 51
“no fim”
Advérbio que significa “no final”, “depois
I けっきょく 51
de tudo”
Advérbio, cujos significados são “inteira-
I まるで 51
mente”, “praticamente” e “assim como...
I いちどに Advérbio que significa “de uma vez” 51
Advérbio que significa “com”, “em con-
junto com”, mas com o sentido de que
A あいまって 51
essa combinação produz algo. É fre-
quentemente precedido por 「とが」
Um “agora” bem forte, usado para mos-
A いまでこそ trar a diferença entre o presente e o pas- 51
sado
Trata-se de um “agora” mais enfático,
A いまや mostrando contraste entre uma situação 51
passada e o presente

316
Advérbio usado com a forma negativa,
A まんざら cujo significado é “inteiramente”, tendo 51
um ar de suavização
Indica que algo não é necessariamente
A まんざらでもない 51
ruim. Também é bom de certa forma
Advérbio que indica plenitude. Usado
A あながち 51
com a forma negativa
Advérbio que indica pequena margem
A あやうく 51
(quase, por pouco)
Advérbio que indica plenitude. Usado
A いっこうに 51
com a forma negativa
Indica o grau máximo de algo, represen-
A たかが(…)ぐらいで 51
tando, às vezes, menosprezo por isso
Advérbio que indica uma forte negação
A なにひとつ 51
quando nos referimos a ações e coisas
Advérbio que indica uma forte negação
A だれひとり 51
quando nos referimos a pessoas
Advérbio que significa “muito”. É usado
A たいして 51
com a forma negativa
A まんまと Advérbio que indica plenitude 51
Advérbio que indica generalização feita
A いちがいに 51
de forma irrefletida
Advérbio que significa “nada”, “de modo
A ちっとも 51
algum”. É usado com a forma negativa
Advérbio que dá ideia de “como se ima-
A はたして 51
ginava”
Advérbio que originalmente era usado
para dar um ar humilde ou sutil à sen-
tença. Entretanto, como 「 いち おう 」
enfatiza o fato, parece que se tornou am-
A いちおう 51
bíguo, isto é, pode dar às pessoas ao seu
redor a impressão de que você está na
verdade se gabando. Costuma ser tradu-
zido como "até certo ponto".
Advérbio que significa “de repente”, “ab-
A いきなり 51
ruptamente”
Advérbio cujo significado é “mais e mais”,
A いよいよ 51
“finalmente”
A おそらく Advérbio que significa “provavelmente” 51
Advérbio derivado de 「 す こ し 」 (=
pouco (quantidade); pequena quanti-
A すこしも dade). Entretanto, 「すこしも」 só pode 51
ser usado com verbos e/ou adjetivos na
negativa
A すくなくとも Advérbio que significa “pelo menos” 51
Advérbio que significa “de uma vez”,
A ただちに 51
“imediatamente”, “automaticamente”
Advérbio que significa “já” ou “há muito
A とっくに 51
tempo”, dependendo do contexto
Dá ideia de adição, seja ela positiva ou
A もとより 51
negativa
Expressão que significa “em suma”, “a
A ようするに 51
questão é que"
A ふたたび Advérbio que significa "novamente" 51
Advérbio que significa “de uma vez”,
A いっきに 51
“imediatamente”
Advérbio usado quando se quer afirmar
algo deixando de lado outra coisa, no
A ともかく 51
sentido de que isso não tem tanta impor-
tância ou é ruim

317
Advérbio que indica que uma dificuldade
A かろうじて 51
quase intransponível foi superada
Indica que, se cumprida uma condição, a
afirmação anterior não é válida. Por isso,
A (…)ならべつ 51
pode ser traduzido como “a não ser que”,
“a menos que”
Indica que, se cumprida uma condição, a
afirmação anterior não é válida. Por isso,
A (…)ならはなしはべつ 51
pode ser traduzido como “a não ser que”,
“a menos que”
Indica que, se cumprida uma condição, a
afirmação anterior não é válida. Por isso,
A (…)となるとべつ 51
pode ser traduzido como “a não ser que”,
“a menos que”
Indica que, se cumprida uma condição, a
afirmação anterior não é válida. Por isso,
A (…)となるとはなしはべつ 51
pode ser traduzido como “a não ser que”,
“a menos que”
Advérbio que significa "ao mesmo
A とりあえず tempo", "em primeiro lugar", "para o mo- 51
mento"
B にちがいない O [fato] é realmente verdadeiro 52
Usado quando se está procurando con-
B じゃない(か)・ではないか firmação sobre algo, mesmo que esteja 52
relativamente seguro do fato
Pode transmitir o sentido de que algo tem
I かぎる um grau distinto (geralmente bom) dada 52
uma circunstância
Indica o que acontece enquanto algo per-
I かぎり ① manece válido, isto é, “enquanto [X] exis- 52
tir, [Y] será verdade, acontecerá”
Expressa que algo está restrito a alguma
I にすぎない 52
coisa, não a excedendo
Indica concessão com ar de irritação, crí-
I くせに 52
tica ou raiva
Indica concessão de forma emotiva
I にもかかわらず 52
("Apesar de")
Indica a causa de algo, sendo usado em
I せい(だ・で・か) conotações negativas, geralmente para 52
expressar culpa, vergonha
Indica forte certeza. É uma versão mais
I にそういない 52
formal de 「にちがいない」
Indica que algo ocorre quase que imedi-
I かとおもう(と・ったら・ば) 52
atamente após alguma coisa
Expressa apenas que se termina de fa-
I V(RYK)きる 52
zer alguma coisa
I V(RYK)きれる Indica que é possível terminar algo 52
Indica a incapacidade de terminar de fa-
I V(RYK)きれない zer algo, porque há alguma coisa em ex- 52
cesso
Indica que uma ação, fenômeno ou coisa
I おかげで age como causa para algo, tendo um 52
sentido positivo
Indica a causa de algo, mas o falante não
I おかげか quer dar certeza absoluta se esta é real- 52
mente a causa
Advérbio que indica que não há engano,
I まちがいなく podendo ser traduzido como “clara- 52
mente”, “sem dúvida”, “sem erro”
I V(RYK)そうになる Indica algo que quase se torna realidade 52
Expressa que uma ação, fenômeno ou
A SB をかぎりに estado é válida após um determinado 52
ponto

318
É usado quando algo causa no falante
A といったらない uma sensação ou emoção forte que, de 52
tão extrema, é difícil de ser descrita
A (とい)ったらありゃしない Versão enfática de 「といったらない」 52
É usado em analogias, quando se julga
A (ORAÇÃO)かとおもうほど que a situação alcançou um alto grau em 52
algo (geralmente negativo)
A もうすこしで Indica a ideia de "quase" 52
A もうちょっとで Indica a ideia de "quase" 52
Indica que algo não está restrito a [X],
A にかぎらず tendo sentido próximo a "Não só [X], mas 52
também [Y]"
Indica que algo está restrito a [X], tendo
A にかぎって sentido próximo a "Somente [X] e mais 52
nada"
Literalmente, indica que o sujeito está
confinado nos limites de algo. Por esta
A かぎり ② razão, causa algo muito forte. Em portu- 52
guês tem significado de "Estar extrema-
mente [X]"
Variante de「くせに」que parece se tra-
tar da combinação de「くせ」com 「し
A くせして 52
て」, partícula clássica semelhante a 「
て」
Expressa a ideia "Não é outra coisa se-
A (SB)としかいいようがない 52
não [X]"
Indica de maneira enfática a impossibili-
A V[X](TE)も(…)V[X](RYK)きれない dade de se fazer algo de maneira com- 52
pleta
Advérbio que significa “rapidamente”, “de
B きゅうに 53
repente”
B どうやって Significa “como”, “de que maneira” 53
Sufixo usado para indicar intervalo
B おきに (deixa-se para trás [X] dias, e se estuda 53
no dia que se segue)
Advérbio que significa “certamente”, “de-
B ぜひ finitivamente”, “realmente”. Enfatiza um 53
desejo
Sufixo que significa “considerando [X]”
I じょう(は) 53
(Lit. "Em cima de")
É usado para expressar certeza do ponto
I たしかに 53
de vista do falante
Advérbio que significa "intencional-
I わざと 53
mente", "de propósito"
Keiyoudoushi que significa “um pouco”,
I わずか 53
“apenas”
Advérbio cujo significado é “de repente”,
I ふと 53
“por acaso”
Sufixo para substantivos (ou elementos
que se portem como tal) e seu significado
I ちゅう 53
é “durante”, “no curso de”, “através de.
Indica algum ponto de [x]
Pronúncia alternativa de 「 ちゅ う 」 ,
I じゅう que também traz uma diferença. Indica 53
"o todo de [x]"
I いっそう Advérbio que indica um acréscimo 53
É a forma TE do verbo 「きわめる」 (極
I きわめて める ), que significa “ir aos extremos”. 53
Sendo usado como advérbio, significa
“extremamente"

319
Sufixo para substantivos que deriva do
verbo 「越す」 , cujo significado básico
I ごし é “atravessar”. É usado para indicar ex- 53
tensão, por exemplo, de tempo, de cami-
nho, etc.
Advérbio que pode ser traduzido como
I おもいきって “ousadamente”, “corajosamente”, “deci- 53
sivamente”
Advérbio, cujo significado é “de fato”, ver-
I じつに 53
dadeiramente”, “certamente”
Advérbio, cujo significado é “na verdade”.
Usado para contrastar uma ideia exposta
I じつは 53
anteriormente ou subentendida pelo con-
texto
Sufixo oriundo do auxiliar de negação 「
A なし 53
ない」 , cujo sentido é “sem [X]"
Classificado pelos dicionários como uma
A しのびない expressão conjugada como Keiyoushi, 53
indica que algo é insuportável
Carrega um sentido de “sem (a intenção
A ともなく・ともなしに 53
/ preocupação de)”
Indica que alguém é forçado a fazer algo
contra sua vontade, sendo sempre ante-
A SB をよぎなくされる 53
cedido por um substantivo (ou sintatica-
mente equivalente)
A V(RTK)ことなしに Indica a falta de uma ação [X] 53
Introduz algo que se aplica de forma
A いわんや 53
mais forte à afirmação
Adverbio que indica o princípio de algo,
podendo ser traduzido como em “pri-
A まず 53
meiro lugar”; “antes de tudo”, “em princí-
pio”
Indica que dificilmente algo se concretiza
A まず(…)ない 53
na realidade
Keiyoushi que aponta para o fato de que
dificilmente algo se concretiza na reali-
A まずない dade, podendo ser traduzido como “difi- 53
cilmente”, “quase impossível”, “pouco
(provável)”
Keiyoudoushi que significa basicamente
“impossibilidade”, “irracionalidade” e é
A むり usado cotidianamente quando se quer di- 53
zer “não tem jeito”, “é inútil”, “é sem no-
ção”.
Indica que algo é possível, natural ou ra-
A むりもない 53
zoável
Indica que existe uma falta viabilidade ou
A むりがある racionalidade com relação a alguma 53
ação
Prefixo para verbos que reforça seu sen-
A つき・つっ 53
tido
A そこそこに Advérbio que significa “apressadamente” 53
Advérbio, cujo significado é “ao mesmo
A かたがた 53
tempo”
A SB ぐるみ É um sufixo que dá noção de algo inteiro 53
Indica uma ação contínua, que se es-
A V(RYK)どおし 53
tende
Advérbio que significa “prontamente”,
A おいそれと “imediatamente”. Normalmente é acom- 53
panhado da forma negativa
Sufixo que significa “parecer com”. É
A SB がましい 53
conjugado como um Keiyoushi
A SB がわしい Alternativa clássica de 「がましい」 53

320
Sufixo para substantivos e elementos
que se portem como tal, o que inclui a
A ほうだい 53
Base Ren’youkei de verbos. Seu signifi-
cado é “o quanto desejar”
A てっきり Advérbio que significa “certamente” 53
Seu significado é “oposição”, “contrário”.
Pode ser usado como advérbio através
da partícula 「に」 , adquirindo assim,
A ぎゃく(に) um sentido de que algo acontece de 53
forma contrária ao esperado ou ao que
foi anteriormente afirmado, podendo ser
traduzido como “contrariamente”
Advérbio que significa “totalmente”, “ab-
A まるっきり 53
solutamente”
Keiyoudoushi que significa “um pouco”,
A わずかに 53
“apenas”
A かりに Advérbio que indica suposição 53
Transmite o sentido de "Mesmo se [X],
A かりに(…)ても 53
acontece [Y]"
Advérbio que significa “sem dúvida”,
A さぞ(かし) 53
“certamente”
A さぞかし(…)ことだろう Indica sentido de "Certamente deve [X]" 53
Literalmente significa “assim (nessa pro-
A さほど(…)ない porção)”, sendo usado geralmente com 53
orações na forma negativa
Advérbio que significa “absolutamente”,
A だんじて “precisamente”. Quando acompanhado 53
da forma negativa, significa “nunca”
Advérbio que enfatiza uma similaridade,
A あたかも sendo geralmente usado com 「よう」 53
(lição 21) ou similares
Significa originalmente “assim”. Atual-
mente, é usado para enfatizar um modo
A さも 53
como algo é feito, carregando o sentido
de “verdadeiramente”, “extremamente”
Literalmente significa “se não for assim”.
Entretanto atualmente é considerada
A さもない(と・ば) 53
uma palavra única (uma conjunção), cujo
significado é “ou”
A さもなくば Forma clássica de 「さもなければ」 53
Advérbio que significa “de forma geral”,
A おおむね 53
“em boa parte”, “aproximadamente”
Usado para se desculpar por ter feito
B V(TE)すみません 54
algo
B あまり(…)(NGT) Não muito (...) 55
B (ORAÇÃO)ばあいに Quando [ação] 55
Indica intervalos em [X] unidades - res-
B ごとに 55
pectivamente na [X] unidade
Conecta duas alternativas expressas por
B それとも 55
sentenças
Indica que o falante está pensando sobre
B または qual alternativa é para ser escolhida (é 55
válida) dentre as outras
B V(TE)いるところ Dá ênfase a uma ação que ocorre 55
Indica que algo é adequado, recomen-
dado a alguém, mas o destinatário pode
I むき 55
não ser o alvo original a que se destina o
objeto
Indica o alvo propriamente dito a que se
I むけ 55
destina um objeto
Significa “ser cuidadoso" com relação a
I V(RTK)ようにきをつける 55
determinada ação

321
Indica o que acontece imediata e oportu-
namente quando se cumpre algum fato,
I {V(RYK)・SB}しだい 55
implicando uma sequência planejada de
ações
I もの(ですから・だから) Indica causa 55
I あまり Indica causa 55
Indica adição de um item. Usado geral-
mente na escrita ou em discursos, espe-
I および 55
cialmente quando se fala para um pú-
blico
Expressa uma coisa que sempre acon-
I たび(に) tece quando algo/alguém toma uma ação 55
("toda vez que")
I {V・KY・KYD・SB(の)}きがする Ter a sensação de [elemento] 55
Significa "pensar em" e tem sentido am-
I きになる plo, podendo estar em qualquer lugar en- 55
tre o neutro e o incômodo
I V(RYK)っこない Indica impossibilidade de uma ação 55
I ことから Indica causa ("A partir do fato de") 55
Em orações não negativas, versão enfá-
I あまりにも 55
tica de 「あまり」 = Excessivamente
Implica que algo não é impossível, mas
I ないことはない pode exigir algum nível de trabalho ou 55
esforço
Uma frase com dupla negação passa um
I FENÔMENO DA DUPLA NEGAÇÃO 55
sentido positivo
É usado quando se deseja que alguém
I V(TE)いるばあいじゃない 55
pare de fazer o que está fazendo agora
Comumente é traduzido como “depen-
I しだいで dendo de [X] (fato), então [Y] se cum- 55
prirá”
Advérbio cujo significado é “gradual-
I しだいに 55
mente”
I もしくは Indica uma alternativa ao item citado 55
Indica que há indícios de algo, geral-
I V(RTK)き 55
mente se referindo a intenções
A KY(RYK く)もなんともない Dá muita ênfase a uma negação 55
Indica que existe uma tendência (que
A (ORAÇÃO)むきがある 55
pode ser um hábito) para algo
Indica que se algo acontecer, nada mais
A V(KTK)ばそれまでだ 55
poderá ser feito
A たる Cópula clássica 55
Indica que uma coisa específica é ade-
A (…)たるもの 55
quada para determinada situação
Enfatiza uma quantidade realmente pe-
quena ou indeterminada, sendo tradu-
A たりとも 55
zido tradicionalmente como “nem
mesmo"
A (SB・KYD)でもなんでもない Enfatiza a negação 55
Costuma ser usado quando o assunto é
A というところ 55
uma estimativa de algo
Construção que insere alternativas ao
A あるいは 55
item mencionado
Indica uma causa de maneira mais enfá-
A (ORAÇÃO)ことだから 55
tica
Indica de maneira mais enfática que algo
A (ORAÇÃO)ことなく 55
é feito sem uma ação

322
Indicar o melhor a se fazer em determi-
nada circunstância, como se fosse a
única alternativa. Geralmente, é uma re-
A (ORAÇÃO)まで 55
ação que segue uma suposição nega-
tiva, isto é, se algo ruim acontecer, então,
a única coisa a se fazer é a ação [X]
Recurso arcaico e restrito à língua falada
A V[X](RYK)V[X](RYK)(ORAÇÃO 2) 55
para indicar duas ações simultâneas
A V[X](RYK)に V[X](TA) Dá ênfase a uma ação 55
Indica que algo tem alguma qualidade ou
A {SB・KYD・KY(GOKAN)}たらしい semelhança, possuindo geralmente uma 55
conotação negativa
A {SB・KYD・KY(GOKAN)}ったらしい Variante de 「たらしい」 55
Significa literalmente “número um”, po-
dendo ser usado para indicar um grau
B いちばん 57
elevadíssimo (que está em “primeiro lu-
gar”), de algo
B (SB)のなかでがいちばん Entre (…) é o mais (…) 57
Indica aproximação, podendo ser tradu-
B ほとんど 57
zido como “quase”
Aponta para a natureza, origem das coi-
sas, podendo ser traduzido como “ori-
B もともと ① 57
gem”, “originalmente”, “(por) natureza”,
“de início”
B {V・KY・KYD・SB}(TE)もともと Indica que qualquer esforço é em vão 57
Substantivo-advérbio que significa “há
B さっき 57
pouco tempo”
Verbo transitivo que basicamente signi-
B つくる fica “fazer” no sentido de construir, cozi- 57
nhar ou fabricar algo
Indica um período de tempo, podendo
B しばらく ser curto ou longo dependendo do con- 57
texto
Verbo transitivo que significa "fazer (por
B おこなう 57
si mesmo)"
Advérbio-substantivo que significa es-
I かたわら sencialmente “ao lado de”, “paralela- 57
mente
I いじょう Significa “mais de” 57
Indica uma forte conexão como que uma
I V(RTK)いじょう 57
não pode existir sem outra
É usado quando algo inesperado quebra
todas as expectativas, podendo ser tra-
I まさか 57
duzido como “Não pode ser!”, “Impossí-
vel!”, “Não acredito!”
I まさかの(SB) Qualifica algo como inesperado 57
Indica reação emotiva do falante diante
I なにしろ de algumas situações extremas ou não 57
usuais
Verbo intransitivo que significa “subir”,
I のぼる 57
“aumentar”
Verbo intransitivo que tem vários, dentre
I あたる 57
os quais “corresponder” e “coincidir”
I いがい Indica superação das expectativas 57
Substantivo-Keiyoudoushi que significa
I ゆうめい 57
“famoso”
Significa “no meio de”. É usado para ex-
I さいちゅう pressar quando algo acontece no meio 57
ou durante outra coisa
I ぶんだけ Significa "na proporção de" 57

323
Advérbio / conjunção com o sentido de
I すなわち 57
“ou seja”, “isto é”, “nomeadamente
Indica que fazer algo é inútil ("Mesmo
I V(TE)もはじまらない 57
que faça [X], é inútil")
Faz referência à situação atual para ser
I V(RTK)げんざい possível fazer uma afirmação sobre ela 57
("Agora que [X], acontece [Y]")
Trata-se de um “agora” com sentido am-
plo, isto é, não se refere necessaria-
I いまごろ mente a este exato momento. Pode ser 57
traduzido como “por volta deste tempo
(ou época)”
verbo intransitivo que significa “terminar”,
“alcançar o extremo”. Pode ser anexado
diretamente aos Keiyoudoushi (ou
A きわまる 57
mesmo substantivos) para indicar que
algo é [X] ao extremo, tendo sempre um
sentido negativo
Sufixo-Keiyoushi que pode ser usado da
A きわまりない 57
mesma forma que 「きわまる」
Significa “muito parecido a”. É usado ge-
ralmente para comparar coisas real-
A どうぜん 57
mente distintas, mas que de alguma
forma se assemelham
A いがい (以外) Significa “com exceção de”, “exceto” 57
A いがいのなにものでもない Reforça a exclusividade de algo 57
Base Ren’youkei do verbo 「さておく」
(扨措く ), que significa “deixar de lado”.
Como sabemos, a Base Ren’youkei pode
A さておき funcionar como a forma TE, que por sua 57
vez, tem como uma de suas funções, a
de advérbio, que neste caso, significa
"Deixando de lado"
Substantivo-Keiyoudoushi que significa
“absurdo”, “irracional”. No final de sen-
A もってのほか 57
tenças, transmite a ideia de que não se
deve fazer algo por ser absurdo
É usado para indicar que algo bom (uma
ação, qualidade ou estado) não é alcan-
A なまじ(っか) 57
çado plenamente e isso pode gerar um
efeito negativo
Indica que, embora algo não seja como o
A なまじ(ものだ)から 57
falante deseja, é aceitável
Verbo intransitivo que significa “hesitar”,
A はばかる 57
“ter escrúpulos”, recear a opinião alheia”
Indica que não há hesitação em fazer al-
A V(TE)はばからない 57
guma ação
Verbo-sufixo conjugado no padrão Ichi-
A SB じみた 57
dan que significa “parecer”
Substantivo que significa “salto”, “mo-
A はずみ mento”, “primavera” (no sentido de início 57
de algo), “estímulo”
Indica o que acontece no momento de
A V(TA)はずみ 57
outro evento
Substantivo-sufixo que indica o limite
máximo, geralmente usado para distân-
A いない (以内) 57
cias, tempo ou valores. Pode ser tradu-
zido como “dentro”, “menos de”
Transmite a ideia de "quanto mais (…),
A V(TA)ぶんだけ 57
mais (…)
Verbo transitivo que indica que uma ação
A やってのける 57
é executada de forma perfeita

324
Substantivo, cujo sentido se aproxima ao
A ふう de 「 よ う 」 ( 様 ). Significa, portanto, 57
“modo”, “aparência”, ou mesmo, “estilo”
Seu significado é “outro lado”, podendo
ser usado para indicar contrariedade.
Com este sentido, ao ser usado com
A はんめん 57
substantivos, normalmente é anexado a
「である」 . Com Keiyoudoushi é opcio-
nal
Significa “completamente”, “realmente”,
A まったく 57
“nada” (com verbos na forma negativa)
Como substantivo, significa "natural" e
A とうぜん ① pode indicar um acontecimento natural 57
dada determinada circunstância
A とうぜん ② Advérbio que significa "naturalmente" 57
Como advérbio, significa “com grande
esforço”, podendo ter um sentido positivo
ou negativo. É muitas vezes combinado
A せっかく ① 57
com 「 の に 」 , expressando espanto
com a diferença entre a expectativa e re-
alidade
Como substantivo, significa “preciosi-
A せっかく ② dade” (algo conseguido com grande es- 57
forço é alguma coisa de valor, rara)
Significa essencialmente “grandemente”,
A よほど・よっぽど 57
“bastante”, “muito"
Verbo intransitivo que significa “ser afe-
A かかわる 57
tado”, “ser relacionado a”
Indica que uma ação é natural dada de-
A V(TE)とうぜん 57
terminada circunstância
Indica que uma ação é natural dada de-
A V(TE)あたりまえ 57
terminada circunstância
Verbo-sufixo para substantivos, conju-
A (SB)じみる gado no padrão Ichidan que significa “pa- 57
recer"
Indica o excesso de algo, no sentido de
A (SB)ぜめ 57
bombardear algo com outra coisa
Tem o mesmo sentido de 「なまじ(っか
A ちゅうとはんぱ )」 , porém, é usado somente com ver- 57
bos cognitivos ou que sejam transitivos
Substantivo-advérbio que significa “pri-
A だいいち 57
meiro”
Substantivo-advérbio que significa indica
A そもそも o “primeiro” item a se considerar em uma 57
afirmação
Remete a coisas e fatos anteriores, po-
A かつて dendo ser traduzido como “antes”, “já” 57
(algo ocorrido), etc.
Significa “temporário”, “transitório”. Pode
ser usado com a partícula dupla 「にも
A かりそめ 」, significando assim "mesmo por um 57
momento”. É a versão antiga de 「かり
にも」
Verbo transitivo que significa essencial-
mente “alterar”, “reformar”. Pode ser ane-
A V(RYK)あらためる 57
xado a alguns verbos para transmitir a
ideia de refazer uma ação
Indica a maneira que uma ação é feita ou
I ふりをする 58
que alguém finge algo
Indica que algo é ou acontece depois de
um determinado espaço de tempo, po-
I ぶりに 58
dendo ser traduzido como “pela primeira
vez em...” ou “depois de...”

325
Indica uma situação em que se faz algo
mesmo diante de circunstâncias comple-
A をものともせず 58
tamente desfavoráveis, como que igno-
rando os riscos
Indica concessão, contrariedade ("Em-
A とはいえ 58
bora", "No entanto")
Indica o que acontece no momento em
A V(TA)ひょうしに 58
questão
Indica que, embora [X] possa ser possí-
vel, [Y] é impossível. Com isso, também
A (…)(なら)いざしらず 58
se pode indicar algo que o falante não
sabe ou que não está claro para ele
O significado literal é “no tempo (espaço)
A V(MZK)ぬまに em que não...”, assemelhando-se muito 58
a 「~ずに」
Conjunção que originalmente significa
“não importa o modo”, indicando rela-
A どうであれ 58
ções independentes. Os dicionários tam-
bém atribuem o significado “porém”
Indica que ainda não houve a experiên-
A V(TA)ためしがない 58
cia de alguma coisa
É uma abreviação oriunda da combina-
ção da Base Mizenkei da cópula clássica
「たる」 e o sufixo 「む」 , ou seja, 「
A たらんとする たらむ」 . Como já sabemos, quando 「 58
とする」 segue a “Forma MU”, tem um
sentido de “tentar [X]”, logo, 「たらんと
する」 significa literalmente “tentar ser”
Significa literalmente algo próximo a
A (…)といってもかごんではない “Mesmo que se diga [X], não é falar de- 58
mais”. Usado para expressar um fato
A (…)といえども Expressa contrariedade 58
Tem sentido de “embora seja / apesar de
A (…)であれ ser / não importa que seja [X], algo acon- 58
tece”
Indica que algo não está restrito a al-
A (…)にかぎったことではない 58
guma coisa
Transmite a ideia de que “mesmo que
ocorra [X], isso ‘ainda’ é tolerável”, tendo
A まだしも 58
em vista outra coisa que seria pior do
ponto de vista do falante
Indica algo como “Se for [X], é tolerável,
A (…)ならまだしも 58
mas se for [Y], não!"
Indica que uma ação ocorre em conjunto
A V(RTK)ぶんには 58
com outra que se segue
A あとは(…)だけ Indica a ideia de "Só resta [X]" 58
Indica de maneira muito forte uma impos-
A V(POT)ないものは V(POT)ない 58
sibilidade
Indica que o falante ficaria muito grato se
A V(TE)いただけるとありがたい 58
puder receber o favor descrito na oração
Indica a veracidade da oração que o an-
A (ORAÇÃO)ことうけあい 58
tecede
A ばかりになっている Indica restrição a uma ação 58
Transmite a ideia de “agora é tarde de-
A いまごろになって(…)V(TE)も 58
mais”
Conjunção que originalmente significa
A なんであれ “não importa a coisa”, indicando também 58
relações independentes
Literalmente significa “Se [X] é [X], [Y]
também é [Y]”. Em outras palavras, aqui
A X が X なら、Y も Y だ se faz uma comparação com sentido ne- 58
gativo, cuja finalidade é dizer que no fim
das contas é tudo igual

326
A V(RYK)つ(…)V(RYK)つ Indica a alternância constante de ações 58
Indica concessão de maneira bem enfá-
A こそあれ 58
tica ("Embora [X]...")
Indica de forma enfática uma contrarie-
A こそ(…){が・けれど} 58
dade
Indica concessão de maneira bem enfá-
A こそすれ 58
tica ("Embora [X]...")
Transmite a ideia de que o falante per-
cebe o quanto é difícil estar numa situa-
A いざ V(RTK)となる(と・ば・ったら) 58
ção com um ar de que até então essa si-
tuação era ignorada
せめて(…)だけでも・せめて(…)なりと Indica o mínimo desejado dentro de uma
A 58
も situação
Trata-se da negação (de forma arcaica)
A (SB)に(も )なく 58
do substantivo em questão ("Não [X]")
Expressão que significa literalmente
“Agora que ‘se torna [X]’ (se depara com
A いざとなる(と・ば・ったら) 58
[X]”), usada para fazer referência a situa-
ções imprevisíveis, geralmente negativas
Indica o que acontece quando se com-
A V(TA)しゅんかん 58
pleta uma ação
Indica um conselho para alguém que
A V(TE)もしらない está prestes a fazer algo que pode trazer 58
problemas
Indica uma sequência de estados, isto é,
A [A]でもあり[B]でもある 58
“É [A] e também [B]”
Indica o que acontece no ponto em ques-
A V(TA)やさき 58
tão

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