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CASTELO BRANCO M; ALCÂNTARA FA. 2011. Hortas urbanas e periurbanas: o que nos diz a literatura brasileira? Horticultura Brasileira 29: 421-428.

Hortas urbanas e periurbanas: o que nos diz a literatura brasileira?


Marina Castelo Branco1; Flávia A de Alcântara2
1
Embrapa Sede, Depto. Pesquisa e Desenvolvimento, Parque Estação Biológica, Av W3 Norte (final), Ed. Sede, 70770-901 Brasília-DF;
castelo@embrapa.br; 2Embrapa Arroz e Feijão, C. Postal 179, 75375-000 Sto. Antonio de Goiás-GO; alcantara@cnpaf.embrapa.br

RESUMO ABSTRACT
O cultivo doméstico de hortaliças e hortas comunitárias ganhou Urban and periurban gardens: what does the Brazilian
importância como uma política alternativa de redução da pobreza e literature tell us?
melhoria das condições alimentares das famílias no Brasil desde o Growing vegetables in backyards and in community gardens
final do século passado. As experiências brasileiras foram relatadas gained importance as an alternative policy for the reduction of
em diferentes tipos de publicações científicas, mas até o momento, poverty and the increasing of household food intake since the final
esses resultados não foram avaliados. Assim sendo, publicações years of the late century in Brazil. The Brazilian experiences have
científicas brasileiras sobre o tema foram buscadas nas páginas www. been reported in different scientific publications but until now, there
google.com.br, www.scielo.com.br, www.periodicos.capes.gov.br e has not been an attempt to evaluate those results. For that purpose,
na plataforma Lattes do CNPq para essa avaliação. Os resultados Brazilian scientific publications were sought in the sites www.google.
mostraram que a maioria das publicações estavam disponíveis gra- com.br, www.scielo.com.br, www.periodicos.capes.gov.br and in the
tuitamente. O número de publicações aumentou entre 1996 e 2009 e Lattes platform from CNPq. The results showed that the majority
a maioria delas foi publicada em Encontros e Congressos. O cultivo of publications were available to download free. The number of
de hortaliças contribuiu para aumentar o bem-estar da população. publications increased between 1996 and 2009 and most of them
No entanto, diversas dificuldades foram relatadas, sendo as mais were published in Congresses and Meetings. Vegetable cultivation
importantes a falta de organização social e a falta de acesso a assis- contributed to increase of the welfare of population. Nonetheless,
tência técnica, capital, terra e água. Até o momento, a maioria desses several difficulties were reported: chiefly among these, the lack of
projetos foi de curta duração (menos de três anos). Assim sendo, é social organization, lack of access to technical assistance, capital,
necessário que pesquisas multidisciplinares e de longo prazo sejam land and water. Until now, the majority of these projects have been
conduzidas a fim de que sejam melhor avaliados e compreendidos os of short duration (less than three years); therefore it is necessary
benefícios e dificuldades dos projetos e as formas encontradas para to carry out long term researches in order to evaluate strategies for
superar essas dificuldades . overcoming these difficulties.

Palavras-chave: Agricultura urbana, agricultura periurbana. levan- Keywords: Urban agriculture, survey, evaluation, sustainability.
tamento, avaliação, sustentabilidade.

(Recebido para publicação em 9 de setembro de 2010; aceito em 18 de maio de 2011)


(Received on September 9, 2010; accepted on May 18, 2011)

O cultivo de hortaliças nas áreas nacional de redução da pobreza e ga- tos; recursos estaduais e municipais
urbanas e periurbanas, com ou sem o rantia de segurança alimentar. Algumas também foram investidos nessa ação, o
apoio governamental, tomou impulso dessas hortas foram financiadas com que significa que os valores investidos
a partir de 1980 na América Latina, recursos federais e estavam incluídas eram muito maiores dos que os aqui
África e Ásia como uma estratégia de no Programa Nacional de Agricultura apresentados.
sobrevivência das populações mais Urbana. Dados do Governo Federal de As políticas públicas de incentivo
pobres atingidas pela crise econômica outubro de 2008 indicavam que esse a hortas urbanas e periurbanas impul-
que se instalou nessas regiões (Maxwell, Programa financiou, além de hortas sionaram o desenvolvimento dessa
1995; Bryld, 2003). No Brasil, hortas comunitárias em todas as regiões brasi- estratégia de combate à pobreza. O
urbanas e periurbanas começaram a ter leiras, atividades como apicultura, avi- relato de algumas dessas experiências
grande ênfase nessa época com apoio cultura e lavouras comunitárias. Foram se traduziu na publicação de trabalhos
dos governos municipais e instituições beneficiadas cerca de 700.000 pessoas em revistas indexadas e não indexadas,
locais (Farfán et al., 2008; Monteiro & com um investimento de R$36 milhões em anais e resumos de congressos, em
Monteiro, 2008). (Ministério do Desenvolvimento Social monografias e teses. No entanto, a ava-
A partir do início deste século, o e Combate a Fome, s.d.). Porém, vale liação dos resultados descritos nessas
apoio a hortas urbanas e periurbanas no ressaltar que o Governo Federal não publicações não foi feita até o momento.
Brasil passou a fazer parte da política foi o único financiador de tais proje- Tal avaliação é necessária para que se

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possa verificar a situação atual não só da capítulos de livros, 14 teses e monogra- que acompanharam ou acompanham a
pesquisa sobre o tema, mas também dos fias, 11 relatórios técnicos, cinco Bole- evolução desses projetos. Considerando
resultados alcançados pelos programas tins Técnicos, quatro leis e três projetos essa informação, é bem provável que
executados. Além disso, a partir de uma de lei referentes ao tema. essa mão-de-obra estivesse mais dis-
melhor compreensão dos resultados Ainda que os trabalhos encontrados ponível nos estados que abarcaram o
alcançados será possível apontar pro- estivessem dispersos por vários tipos de maior número de cidades, ou seja, Minas
postas futuras de trabalho. Assim, este publicações, verificou-se que, com ape- Gerais e São Paulo.
trabalho tem como objetivo, utilizando a nas uma exceção (capítulos de livros), A provável falta de pessoal capaci-
literatura brasileira sobre hortas urbanas no mínimo 78% dos trabalhos estavam tado para relatar e avaliar um número
e periurbanas disponível, realizar uma disponíveis na Internet. A organização maior de experiências de hortas urbanas
avaliação geral sobre os resultados al- dessas informações em uma base de e periurbanas brasileiras gera, além da
cançados por essa estratégia de redução dados única facilita o acesso aos dados falta de um relato/avaliação mais pro-
da pobreza implantada em nosso país. gerados por parte dos interessados nesse funda dos projetos, o desconhecimento
assunto. dos resultados alcançados por muitos
MATERIAL E MÉTODOS Com relação ao local de realização dos projetos financiados com recursos
dos trabalhos, Minas Gerais, Goiás, São públicos. Para confirmar a hipótese
Paulo, Rio de Janeiro e Piauí foram os de que nem todos os resultados estão
Foram utilizadas as bases de dados
estados que apareceram em maior núme- relatados/avaliados, foi realizado um
www.google.com.br, www.scielo.com.
ro: 32, 30, 27, 24 e 11 trabalhos respec- levantamento complementar no site
br, www.periodicos.capes.gov.br e
tivamente. Minas Gerais e São Paulo fo- www.google.com.br, onde se buscou
Lattes do CNPq, em que o currículo de
ram os estados que apresentaram o relato notícias governamentais ou jornalísticas
pesquisadores, professores e estudantes
de experiências de um maior número com os temas “hortas urbanas”, “hortas
foram examinados, para compilar a lite-
de cidades: 16 e 12 respectivamente. periurbanas” e “hortas comunitárias”.
ratura brasileira sobre hortas urbanas e
Por outro lado, alguns estados, com um O resultado da busca confirmou a hipó-
periurbanas no período 1996-20101. O
considerável número de publicações, tese levantada, ou seja, as experiências
ano de 1996 foi escolhido como marco
divulgaram experiências de um número de várias cidades não foram avaliadas/
inicial porque nesse ano foi encontrado
menor de cidades. Esse é o exemplo relatadas em trabalhos ou textos técnico-
o primeiro trabalho referente a esse
dos estados de Goiás e Piauí. Ainda -científicos, mas sim comentadas em
assunto.
que Goiás tenha apresentado o segundo notícias governamentais ou matérias
Para a identificação dos trabalhos jornalísticas (Tabela 1).
maior número de trabalhos/estado, esses
foram feitas buscas utilizando-se as
se referiram a experiências de apenas No que se refere ao ano da publica-
palavras-chave “hortas urbanas”, “hor-
oito cidades, sendo que a experiência da ção, observou-se um aumento no núme-
tas comunitárias”, “hortas periurbanas”,
cidade de Santo Antônio do Descoberto ro de trabalhos a partir de 2004 (Figura
“quintais”, “agricultura urbana” e
foi relatada em 25 trabalhos diferentes. 1). Essa tendência de crescimento apa-
“agricultura periurbana”. O levanta-
Em relação ao Piauí, dos 11 trabalhos rentemente foi determinada por dois fa-
mento foi realizado entre os meses de
publicados, oito foram provenientes de tores. O primeiro foi a ênfase dada pelos
outubro de 2009 e abril de 2010. Foram
Teresina. A explicação para a diferença governos à implementação de políticas
considerados trabalhos publicados em
entre o número de trabalhos publicados públicas visando a redução da pobreza, o
revistas indexadas ou não, trabalhos
e o número de cidades onde estes foram que teve como conseqüência a liberação
de congressos, teses e monografias,
realizados é que, em alguns casos, os de recursos financeiros para projetos de
relatórios técnicos, boletins técnicos e
trabalhos de uma cidade se originaram hortas urbanas e periurbanas. Entre as
de pesquisa, legislação e projetos de
do mesmo tipo de informação, isto é, várias instituições financiadoras, além
implantação de hortas.
dissertações geraram resumos de con- de ministérios, governos estaduais e
gresso e trabalhos científicos. Em outros municipais, vale destacar a presença das
RESULTADOS E DISCUSSÃO casos, o mesmo tipo de informação foi empresas estatais e ONGs. As ONGs
publicado em resumos e em um ou mais foram citadas como financiadoras e/
Baseados nas fontes de pesquisas trabalhos científicos. ou como entidades que implantaram 17
descritas anteriormente foram encon- Independentemente do número de projetos, enquanto as empresas estatais
trados 191 trabalhos publicados na trabalhos e das cidades de origem dessas foram citadas como financiadoras em
literatura brasileira sobre hortas urbanas informações, a divulgação dos resulta- sete trabalhos. O segundo fator que
e periurbanas no período 1996-2010. dos alcançados pelas hortas urbanas e explica o crescimento do número de
Foram publicados 84 trabalhos em periurbanas brasileiras certamente está publicações a partir de 2004 é o tempo
Encontros e Congressos, 43 artigos em relacionada à presença de pesquisado- necessário para a obtenção dos resulta-
revistas indexadas e não indexadas, 27 res, técnicos de extensão e estudantes dos, já que as fases de implantação dos

1
A literatura usada como base para esse trabalho está na publicação “Brazilian Bibliography of urban and periurban gardens: 1996 to 2010” disponível em
www.ryerson.ca/foodsecurity/projects/urbanagriculture/papers.html

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Hortas urbanas e periurbanas: o que nos diz a literatura brasileira?

Tabela 1. Experiências de hortas urbanas e periurbanas relatadas em literatura especializada e em notícias jornalísticas (experiences of
urban and periurban gardens reported in literature or in newspapers). Brasília, Embrapa, 2010.
Experiências comentadas (notícias gover-
Estado Experiências relatadas (literatura especializada)
namentais ou jornalísticas)
Lauro de Freitas, Salvador, Tanque Novo,
BA Juazeiro, Curaçá
Vitória da Conquista
CE Fortaleza Tejuçuoca
Abadia de Goiás, Águas Lindas, Novo Gama, Santo Antônio
GO Itumbiara, Inhumas, Nerópolis, Ipameri1
do Descoberto, Formosa, Água Fria, Padre Bernardo, Unaí
Belo Horizonte, Contagem, Coração Verde, Divinópolis,
Governador Valadares, Guarani, Ibirité, Juiz de Fora, Mário
MG Espinosa, Lagoa Santa, Uberaba
Campos, Montes Claros, Novo Cruzeiro, Pirapora, Sete Lago-
as, Uberlândia, Viçosa
MS Corumbá, Ladário Bataguassu
Chapada dos Guimarães, Confresa, Cuiabá,
MT Cáceres, Rosário do Oeste
Jaciara
PB Cabedelo, Pitimbu Patos
Boa Hora, São João do Piauí, Valença do
PI Parnaíba, Teresina
Piauí
PR Curitiba Maringá, Pinhais
Campos de Goytacazes, Duque de Caxias, Niterói, Nova Igua-
RJ Guaratiba
çu, Quissamã, Rio de Janeiro
RN Natal
RS Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Porto Alegre Três Cachoeiras
SC Florianópolis, Itajaí, Chapecó Lages, Palhoça, Siderópolis
Americana, Botucatu, Campinas, Jaboticabal, Jales, Penápolis, Bauru, Diadema, Embu das Artes, Itapeva,
SP Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, São
Carlos, São Paulo Osasco, São Bernardo, Santo André
PE Petrolina
1
Segundo notícia publicada em 20/02/2009 no site http://paginarural.thiva.kinghost.net/noticia/106256/horta-comunitaria-deve-atender-
mais-40-mil-familias, o Programa Hortas Comunitárias chegou a 233 municípios goianos, com uma área total de 4,8 mil hectares e tinha
como meta beneficiar 40 mil famílias (according to news published on 2009/02/20 at http://paginarural.thiva.kinghost.net/noticia/106256/
horta-comunitaria-deve-atender-mais-40-mil-familias, the program Hortas Comunitárias reached 233 counties in the Goiás State, Brazil,
with a total area of 4,8 thousand hectares and aimed to benefit 40 thousand families).

projetos, coleta, compilação e análise


das informações demandam um tempo
razoável.
Os resultados dos trabalhos publica-
dos mostraram que as hortas urbanas e
periurbanas estavam localizadas tanto
em terrenos públicos quanto privados.
Para os 55 trabalhos onde foi feita
referência ao tipo de propriedade da
terra, as hortas domésticas geralmente
pertencentes a uma única família e sem
subsídios governamentais, foram as
predominantes (38 trabalhos). Hortas
comunitárias com subsídios governa-
mentais, conduzidas em áreas públicas,
Figura 1. Número de trabalhos publicados/ano sobre horticultura urbana e periurbana vieram em segundo lugar (16 trabalhos).
(number of papers published per year on urban and periurban horticulture, (n=186)). Brasília, Foram ainda citadas hortas em áreas
Embrapa, 2010. privadas sem nenhum tipo de especi-

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Tabela 2. Características sócio-econômicas de agricultores urbanos e periurbanos para os quais há relatos de hortas ur-
(socioeconomic characteristics of urban and periurban gardeners). Brasília, Embrapa, 2010. banas e periurbanas, a regulamentação
Características sócio-econômicas Nº de trabalhos da atividade foi encontrada em apenas
Renda familiar (n=13) seis. Nesses casos a legislação aprovada
atribuía vantagens como redução de im-
Menos de dois salários mínimos 11
postos para terrenos privados ocupados
Mais de dois salários mínimos 2 com atividades relacionadas à agricultu-
Nível educacional predominante (n=19) ra urbana ou regulamentava a ocupação
Analfabeto 1 de áreas públicas e a destinação de
Somente até a primeira série 6 recursos financeiros. No que se refere
Fundamental incompleto 9 aos estados, Minas Gerais era o único
estado que possuía uma legislação que
Fundamental completo 3
regulamentava a agricultura urbana e
Idade (n=21) periurbana (Lei 15.973 de 12/01/2006).
Mais de 30 5 A regulamentação dessa atividade pode
31 a 52 anos 3 contribuir para o aumento da área cul-
35 a 55 anos 1 tivada e dos investimentos por parte
dos produtores, o que pode significar a
41 a 51 anos 3
garantia da sobrevivência dos projetos
Mais de 45 anos 7 no longo prazo.
Mais de 50 anos 1 Relatos de projetos desenvolvidos
Mais de 60 anos 1 a longo prazo foram raros. Quando o
Gênero predominante (n=27) tempo de existência de projetos de hor-
Feminino 21 tas comunitárias era citado, a maioria
Masculino 6 tinha menos de três anos, ou seja, eram
experiências de curto prazo. Em alguns
casos, as experiências tinham menos de
ficação (14 trabalhos), áreas privadas têm dificuldades para criar incentivos seis meses e relatavam apenas o resulta-
arrendadas (oito trabalhos) e áreas para a realização de investimentos do de uma colheita. Em apenas quatro
privadas apossadas (dois trabalhos). É por parte dos horticultores urbanos. cidades (Petrolina, Juazeiro, Teresina e
provável que o número de hortas em Isto porque como esta ocupação não é Sete Lagoas) foram encontradas hortas
áreas públicas ou privadas esteja aqui permanente, os horticultores têm medo com mais de 20 anos de existência. No
subestimado, uma vez que na maioria de ser desalojados a qualquer instante caso de Petrolina e Juazeiro, a estreita
dos trabalhos não se fez referência ao (Zallé, 1999; Arruda, 2006; Resende relação das hortas com escolas munici-
tipo de posse da terra. & Cleps Jr., 2006; Farfán et al., 2008; pais, gerando benefícios mútuos, era a
Siqueira, 2009).Outro aspecto negativo razão para a explicação da manutenção
O tipo de posse da terra é impor-
relacionado à falta de regulamentação da atividade (Farfán et al., 2008). No
tante quando se pensa na manutenção
da agricultura urbana e periurbana é que caso de Teresina, as hortas foram criadas
desses projetos no longo prazo e em
isso pode dificultar, em alguns casos, a pela Prefeitura na metade da década de
sua sustentabilidade social, econômica
construção de um conceito de produção 1980 com o intuito de prover ocupação
e ambiental. Hortas cultivadas em áreas
conservacionista e sustentável. Isto é, a crianças após a escola. Em 1997 ou-
urbanas particulares ou públicas, sem
a falta de vínculo com a terra, somado tras hortas foram implantadas sob redes
qualquer tipo de regulamentação, são
muitas vezes à necessidade de satisfação elétricas de alta tensão, para atender a
atividades inseguras para os horticul-
de necessidades imediatas (alimentos ou população carente da cidade (Monteiro
tores porque os projetos: a) dependem
renda), pode levar à exaustão da capaci- & Monteiro, 2008). Sete Lagoas é um
da vontade política momentânea dos
dade produtiva do solo e à falta de cuida- caso expressivo de sucesso; as hortas se
governantes nos casos onde há subsídios
do com outros aspectos relacionados ao mantêm há mais de 20 anos com apoio
governamentais envolvidos; b) sofrem
ambiente, com o consequente abandono da Prefeitura (Carvalho et al., 2009).
pressões provenientes da expansão
urbana desordenada dos municípios, o da atividade naquela área, devido a sua Ainda que a maioria das hortas
que afeta a área disponível para cultivo; degradação (Alcântara, 2007; Monteiro tivesse um curto tempo de existência,
c) têm dificuldades para a formação & Mendonça, 2007). as avaliações dos resultados alcança-
de parcerias, o que dificulta o acesso Ainda que a regulamentação das ati- dos no curto prazo mostraram que,
a recursos financeiros para custeio e/ vidades agrícolas urbanas e periurbanas aparentemente, a política pública de
ou investimento; d) têm dificuldades seja um dos aspectos fundamentais para redução da pobreza desenhada pelos
de acesso ao crédito oficial, como por a garantia da sua sustentabilidade, essa governos atingiu parte do seu objetivo.
exemplo o PRONAF, devido a falta de não parece ser uma preocupação dos Nos trabalhos onde as características
regulamentação da posse da terra; e) governos locais. Dos 80 municípios sócio-econômicas das famílias foram

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Hortas urbanas e periurbanas: o que nos diz a literatura brasileira?

Tabela 3. Benefícios gerados por hortas urbanas e periurbanas (benefits of urban and periurban (Tabela 2). Isso se explica pelo fato de
gardens (n=96)). Brasília, Embrapa, 2010. que as mulheres ainda assumem a maior
Nº de parcela de responsabilidade no cuidado
Benefícios do lar e, essas hortas, como estavam
trabalhos
normalmente perto das residências, fa-
Benefícios privados
cilitavam o trabalho agrícola e o trabalho
Renda direta (comercialização) 67 de cuidado do lar, além de serem uma
Renda indireta (autoconsumo) 49 fonte de renda complementar (Drescher,
Garantia de segurança alimentar 26 1999; Merzthal, 2004; Farfán, 2008).
Melhoria de hábitos alimentares/alimentação 27 O foco dos projetos na população
Emprego 16 mais pobre gerou diversos benefícios os
Capacitação dos beneficiados 8 quais foram descritos em 94 trabalhos.
Para efeito dessa avaliação, os benefí-
Melhoria da autoestima 6
cios foram divididos em benefícios pri-
Melhoria da nutrição familiar 5 vados, sociais e ambientais. Observou-
Benefícios sociais -se que os benefícios privados, ou seja,
Incremento de vínculos afetivos e solidários entre participantes e os benefícios relacionados diretamente
16 aos participantes dos projetos, foram
comunidades e melhoria da organização da comunidade
os benefícios mais enfatizados nesses
Capacitação para a autogestão (ênfase em Economia Solidária) 6
relatos. Ênfase menor foi dada aos bene-
Alimentos frescos e de qualidade 6 fícios sociais e ambientais que também
Contribuição para a melhoria da merenda escolar 5 são gerados por essas hortas (Tabela 3).
Valorização pela comunidade de alimentos frescos e sem agrotó- Em relação aos benefícios privados,
2
xicos a possibilidade de obtenção de renda
Intercâmbio de experiências com outros grupos 2 direta pela comercialização da produção
Redução do custo de transporte de alimentos 2 foi o benefício mais destacado (Tabela
Melhoria da nutrição infantil 2 3). Contudo, essa renda direta só foi
quantificada em três trabalhos. Um sa-
Participação popular em decisões comunitárias 3
lário mínimo foi a renda máxima obtida,
Redução da incidência de doenças 1 sendo essa renda bastante variável entre
Redução do vandalismo, roubos e presença de usuários de drogas os produtores. A intensidade de cultivo e
1
nas escolas que abrigam hortas a frequência de cultivo dos lotes foram
Incentivo ao mercado local 1 os fatores apontados para as diferenças
Benefícios ambientais de renda observadas (Castelo Branco,
Melhoria da paisagem urbana 11 2007a).
Alimentos sem resíduos de agrotóxicos 7 A renda direta foi obtida com di-
Reciclagem de resíduos orgânicos urbanos com redução do lixo ferentes formas de comercialização,
7 todas informais. A comercialização na
urbano
própria horta foi a predominante. Ela
Educação ambiental 3 foi relatada em 12 trabalhos. Outros
Reciclagem/conservação de água 2 tipos de comercialização relatados
Reciclagem de pneus e embalagens (uso em hortas em pequenos foram: em feiras livres ou mercado
2
espaços) (10 trabalhos), de porta em porta (sete
Diversificação da fauna devido à diversidade de cultivos 2 trabalhos) e venda para atravessadores
Conservação do solo 1 (três trabalhos). A observação dos dife-
rentes tipos de comercialização aponta
Recuperação de áreas degradadas 1
para uma desorganização social dos
Redução de emissão de CO2. Redução de distâncias percorridas produtores. Isso porque a comerciali-
1
pelos alimentos zação na própria horta, na feira livre/
mercado e de porta em porta era feita
individualmente pelos produtores, os
citadas, foi observado que as popula- renda, tinha um baixo nível educacional quais competiam entre si e em alguns
ções envolvidas nesses projetos eram e era predominantemente formada por casos essa competição poderia compro-
compostas por indivíduos pobres. Eles adultos com idade superior a 40 anos, o meter a sustentabilidade da atividade
eram aposentados, desempregados que sugere que os jovens buscavam ou- (Castelo Branco, 2007b; Monteiro &
ou tinham, em sua maioria, empregos tras atividades (Tabela 2). Foi observada Monteiro, 2008). Um aspecto que deve
informais. Essa população era de baixa ainda uma predominância das mulheres ser observado com relação à comercia-

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M Castelo Branco & FA Alcântara

lização da produção pelos agricultores praticamente impossível fazê-lo, já que implantação de técnicas de conservação
urbanos é que os projetos de agricultura muitos benefícios são intangíveis, como ambiental. Em dois casos, a limitação de
urbana subsidiados por recursos gover- por exemplo, o benefício “incremento área de produção não permitiu o cultivo
namentais podem ter impactos negativos de vínculos afetivos e solidários entre de adubos verdes para melhoria do solo
sobre a renda dos produtores agrícolas participantes e comunidades”. (Alcântara, 2007; Querino et al., 2008).
locais, muitos também pobres e que não A mensuração dos benefícios so- A avaliação das principais dificul-
contam com subsídios governamentais ciais, econômicos e ambientais gerados dades encontradas nas hortas urbanas
(Castelo Branco 2007a). Esse aspecto, pelas hortas urbanas e periurbanas, e periurbanas sugere que o sucesso
que não foi até hoje avaliado, pode quando possível, e as metodologias desses projetos parece depender muito
significar que os projetos de agricultura empregadas para fazê-lo, se apresentam, mais da organização comunitária e da
urbana subsidiados podem estar ape- sem dúvida alguma, como um amplo decisão política de apoiá-los, do que
nas “deslocando a miséria” nos locais campo de investigação para os próximos propriamente da disponibilização de
onde eles são implantados. Pesquisas anos. Essa mensuração, além de permitir tecnologias. No que se refere ao apoio
futuras deverão levar esse aspecto em a ampliação dos resultados alcançados a esses projetos, estes devem prever,
consideração. por esses projetos, certamente contribui- além de recursos para assistência técnica
Em relação aos benefícios sociais rá para a avaliação da eficiência e eficá- e compra de insumos, recursos para a
e ambientais, as hortas urbanas e pe- cia das políticas públicas desenvolvidas implantação de infraestrutura básica, a
riurbanas contribuem para melhorar pelos governos. fim de se reduzir os prejuízos que por-
indiretamente a vida da comunidade Até o momento foram comentados ventura possam ser causados à comuni-
local (Tabela 3). Aqui merecem desta- apenas os benefícios gerados pelas hor- dade urbana. Os projetos também devem
que o aumento das relações pessoais na tas urbanas e periurbanas. No entanto, ter área suficiente para a implantação
comunidade, a melhoria da organização para gerarem esses benefícios as hortas de tecnologias, como adubação verde,
da sociedade local e a melhoria da paisa- trilharam um longo caminho, muitas que permitam reduzir a dependência de
gem urbana pela eliminação de terrenos vezes repleto de dificuldades. O relato insumos externos, o que consequente-
abandonados, o que reduz a incidência dessas dificuldades, classificadas em mente reduz a dependência de recursos
de doenças. Vale destacar ainda os bene- dificuldades sociais, políticas, técnicas, governamentais ou de outras instituições
fícios relacionados à redução dos custos ambientais e econômicas, foi encontrado no longo prazo. Isso abre a possibilidade
de transporte dos alimentos e à redução em 55 trabalhos (Tabela 4). de uma maior independência para os
das emissões de CO2. Esses benefícios, As dificuldades sociais foram as que produtores urbanos e periurbanos. Além
que são gerados pela produção local de apareceram em maior número e predo- disso, esse espaço deve ser planejado e
alimentos, ainda não têm o devido desta- minaram a falta de acesso a assistência manejado agronomicamente de forma
que na agenda brasileira, mas a exemplo técnica, a falta de organização comuni- que outras práticas conservacionistas
do que ocorre nos EUA e Europa (Pirog tária e a falta de acesso a capital e água sejam utilizadas. Este tipo de planeja-
et al., 2001; Fleury, 2007), deverão ter (Tabela 4). Essas dificuldades podem mento e manejo são fatores que podem
um maior destaque nos próximos anos. gerar problemas não só para os horticul- contribuir para o uso ambientalmente
Ainda com relação aos benefícios tores, mas também para a comunidade sustentável das áreas cultivadas, ou
sociais e ambientais descritos na Tabela consumidora desses produtos. Esse é o seja, ao ser levado em consideração
3, verificou-se que poucas quantifica- caso da falta de assistência técnica para permite que uma área seja utilizada sem
ções foram realizadas nos trabalhos o controle de pragas, que pode levar que ocorra a degradação da área. Em
avaliados. Diversas razões podem ao uso de produtos não registrados nas resumo, os resultados apresentados na
explicar esses resultados. Sabe-se que lavouras, como observado em Ame- literatura sugerem que as hortas urbanas
algumas dessas quantificações são ricana (Prela-Pantano et al., s.d.) As e periurbanas geram diversos benefícios
extremamente difíceis de serem realiza- dificuldades políticas apareceram em e podem ser um instrumento importante
das. Isso porque, para alguns casos, as segundo lugar, seguidas pelas dificul- para a redução da pobreza, garantia da
informações necessitariam ser anotadas dades ambientais e econômicas, nesta segurança alimentar e melhoria das
pelos participantes dos projetos ou pelos ordem. É importante observar que existe condições ambientais periurbanas e
pesquisadores envolvidos. O baixo nível uma interrelação entre as dificuldades urbanas, se as dificuldades encontradas
de educação formal dos participantes, e apontadas. A ausência de recursos finan- puderem ser superadas.
a impossibilidade de acompanhamento ceiros para a construção de infraestru- Assim, para a melhor compreensão
constante por parte dos pesquisadores tura básica (construção de galpões para do desenvolvimento desses projetos e
envolvidos no projeto, são, sem dú- o armazenamento de adubos) causou a seus impactos, é necessário o acompa-
vida alguma, duas das razões para a poluição da água que era utilizada na nhamento destes por um prazo maior
dificuldade de coleta das informações irrigação das hortaliças consumidas por do que o até aqui realizado. Com
necessárias para a quantificação dos uma comunidade (Castelo Branco et estudos multidisciplinares e de longo
resultados. Outro motivo para a baixa al., 2009). Outro exemplo dessa inter- prazo, algumas perguntas básicas, mas
quantificação dos benefícios sociais relação é que o espaço insuficiente para de extrema importância, poderiam ser
e ambientais é que em muitos casos é a produção pode dificultar também a respondidas. Entre essas perguntas, po-

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Hortas urbanas e periurbanas: o que nos diz a literatura brasileira?

Tabela 4. Dificuldades encontradas por agricultores urbanos e periurbanos (difficulties encountered by urban and periurban farmers (n=
56)). Brasília, Embrapa, 2010.
Nº de
Dificuldades
trabalhos
Dificuldades sociais
Falta ou acesso limitado à assistência técnica 17
Falta ou limitada articulação/organização/compromisso entre participantes 15
Falta de capital 13
Falta de água ou acesso limitado a água 12
Falta de mão-de-obra 10
Falta de espaço suficiente para produção 9
Falta ou limitado acesso a insumos (adubos orgânicos principalmente) 6
Dependência de doações financeiras para aquisição de insumos 5
Falta de tempo 6
Custo da água 4
Acesso a terra 3
Relações de clientelismo e assistencialismo 3
Instabilidade na posse da terra ou falta de acesso a terra 3
Concorrência entre produtores da horta 2
Dificuldades de acesso a insumos para produção de composto orgânico 2
Falta de acesso à tecnologia para produção em quintais 2
Falta de financiamento 2
Rotatividade de participantes 2
Concorrência com produtos de outros locais 2
Produção do quintal insuficiente para consumo familiar 1
Falta de sistematização e divulgação de conhecimentos, produtos e serviços gerados 1
Renda limitada proporcionada pela atividade 1
Diferentes expectativas dos beneficiários em relação ao projeto 1
Falta de autonomia econômica da horta 1
Dificuldades políticas
Falta de apoio governamental 3
Expansão urbana 2
Falta de compromisso dos parceiros 1
Falta de equipe governamental em número suficiente e com capacitação 1
Falta de integração entre políticas públicas 2
Falta de estímulo para investimentos já que não há a posse da terra 1
Crédito insuficiente 1
Burocracia para liberação de recursos 1
Dificuldades técnicas
Instabilidade da renda devido a dificuldades de produção 2
Capacitação 9
Pragas e doenças 6
Comercialização 5
Dificuldades para produzir na época chuvosa 5
Manejo do solo 5
Não consegue atender a demanda 2
Irrigação manual 1
Dificuldades ambientais
Qualidade da água (poluição, salinização) 7
Contaminação do solo por resíduos urbanos 4
Baixa qualidade do solo 4
Impossibilidade de usar práticas conservacionistas de solo, como adubação verde, devido à limitação de
2
área para cultivo de plantas que servem como adubo
Expansão das hortas comunitárias para área de preservação ambiental devido à falta de fiscalização e apoio
1
do poder público
Dificuldades econômicas
Custo elevado de esterco 2
Falta de cercas na horta, o que propicia invasão de animais domésticos 2

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M Castelo Branco & FA Alcântara

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