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CARUARU-PE
* Daniella Burle de Loiola: Arquiteta e Urbanista (2011) pela UFPE, Doutoranda (2017) e Mestre em
Urbanismo (2014) pelo Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROURB) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), professora e coordenadora da pesquisa de Iniciação Científica e Tecnológica na UNIFAVIP-
DeVry, denominada A produção da moradia social em Caruaru-PE e o processo de formação urbana e
expansão territorial da cidade. Endereço: 53030-030/665. Email: daniellaburle@gmail.com.
*Nicolas Mateus Macêdo Teixeira: Arquiteto e Urbanista (2016) pela DEVRY UNIFAVIP – Voluntário no
programa de Iniciação Científica e Tecnológica em 2016 (A produção da moradia social em Caruaru-PE e o
processo de formação urbana e expansão territorial da cidade). Email: nicolasmmteixeira@gmail.com. Endereço:
2ª Travessa Roberto Mesquita, nº 81, Divinópolis, Caruaru-PE. CEP: 55014-133
RESUMO
A pesquisa apresenta dados sobre o crescimento urbano territorial da cidade de Caruaru
mediante a aprovação de loteamentos e empreendimentos advindos da política habitacional.
Para realizar a pesquisa, mapeou-se todos os loteamentos aprovados desde o ano de 1951 até
os dias atuais, apontando quais correspondem a construções advindas de programas
habitacionais (BNH, município e MCMV). A base teórica da pesquisa buscou discorrer a
respeito de alguns condicionantes que colaboram com a qualidade urbana e a sustentabilidade.
Na análise dos resultados foi possível compreender que os caminhos do crescimento da cidade
estão em boa parte vinculados as iniciativas definidas pela política nacional de habitação.
Nesse sentido, a percepção do quadro mais recente é extremamente problemática, na medida
que o Minha Casa, Minha Vida, principal programa habitacional da atualidade, tem
estimulado uma expansão urbana descontrolada, bem como a formação de espaços
completamente carentes de qualidade. Para reverter esse quadro parece ser necessário
redefinir os caminhos da política urbana e habitacional do município de Caruaru. A revisão do
plano diretor, atualmente em curso, se mostra como uma excelente oportunidade dentro desse
debate. Da mesma forma, discutir a redução dos limites da área urbana pode ser uma das mais
importantes iniciativas para estimular uma ocupação do solo mais eficiente na cidade.
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INTRODUÇÃO
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município, transformando, desta maneira, seu tecido urbano e ampliando o território ocupado.
O mesmo processo vem ocorrendo recentemente com o programa MCMV.
A base teórica utilizada foi fundamental para compreender o processo de formação urbana das
cidades e como seu crescimento pode colaborar ou não com a criação de espaços de qualidade
e sustentáveis. Para atender a tais questões, foi utilizado como referenciais principais o livro A
Cidade como um Jogo de Cartas de Carlos Nelson Ferreira dos Santos [CNF dos Santos
(1988)] e o livro Cidades para Pequenos Planetas de Richard Rogers e Philip Gumuchdjian
(2009).
O artigo será apresentado em quarto partes além das considerações finais. A primeira explicita
a metodologia utilizada na pesquisa. A segunda a fundamentação teórica onde é apresentado
alguns parâmetros que colaboram para formação de espaços com qualidade e sustentáveis. A
terceira apresenta a cidade de Caruaru e a política habitacional no município. A quarta e
última mostra os resultados da pesquisa na leitura do crescimento urbano-territorial da cidade.
METODOLOGIA
Após a coleta dos dados, todos os loteamentos registrados pelo município foram localizados
na Unibase da cidade de Caruaru-PE, inclusive os irregulares e clandestinos, indicando o ano
de aprovação de cada um deles ou a situação de irregularidade ou clandestinidade. Para
levantar dados complementares sobre alguns empreendimentos financiados pelo BNH,
consultou-se os registros da COHAB-PE na empresa pública Pernambuco Participações e
Investimentos (PERPART). A espacialização das informações permitiu a confecção de três
tipos de mapas.
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financiados pelo MCMV. No caso do MCMV diferenciou-se ainda os que foram produzidos
para a demanda social e os produzidos para as famílias que ganham entre R$ 1600 a R$ 5000.
Nesse sentido, a grande contribuição de CNF dos Santos (1988) foi apontar um caminho
contrário ao urbanismo vigente até a década de 1980, baseado nos preceitos difundidos pelos
Congressos Internacionais de Arquitetura (CIAMs) e pela Carta de Atenas (produto do CIAM
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de 1933). O racionalismo ou modernismo, como é chamado esses princípios, defendiam a
cidade zoneada e separada a partir das funções de moradia, lazer, trabalho e circulação.
O autor, diante dos seus estudos, onde comparou espaços de características tradicionais com
os modernistas, pode perceber que o discurso simplista do racionalismo tinha acabado por
criar espaços segregados, inseguros e desconfortáveis ao homem. Portanto, para reverter esse
quadro, ele acreditava ser preciso retomar um planejamento de características mais
tradicionais.
Segundo CNF dos Santos (1988) era necessário valorizar um desenho urbano pensado a partir
do ordenamento de elementos simples como o lote, a quadra e a rua. Para ele, um bom arranjo
desses elementos, na escala do território, pode contribuir com a formação de espaços de
qualidade. Da mesma forma, ele acredita que a diversidade de usos e a mistura social podem
funcionar como características capazes de conferir vida e segurança aos espaços urbanos.
O modernismo, por outro lado, defendia o planejamento a partir da distribuição das funções.
Nos lugares destinados a moradias, as ruas não deveriam possuir muitos cruzamentos, e se
possível, não ter saída. De forma a induzir que pessoas que não morassem na região
passassem por ali. Ou seja, era uma ideologia crítica de um tecido urbano integrado na escala
global.
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Os autores ressaltam o quanto a expansão territorial tem contribuído com a formação de
espaços insustentáveis. Eles indicam que os de bairros periféricos, pouco densos e pouco
diversificados são as maiores ameaças ao ecossistema. Esses espaços, além de ocupar áreas
que poderiam ser destinadas ao plantio de alimentos e de reservas ambientais, estimulam o
uso automóveis privados, contribuindo, desta forma, com o aumento da emissão de CO2 na
atmosfera.
Distante 135 km da capital Recife, Caruaru, considerada a “Capital do Agreste”, está inserida
no eixo de intersecção de dois vetores de expansão: a BR 232 e a BR 104. Com área de
aproximadamente 920 km², e uma população de cerca de 314.912 habitantes, segundo o
último Censo feito pelo IBGE em 2010, a cidade é a quarta mais populosa do Estado de
Pernambuco.
Historicamente, ela era um local de passagem obrigatória entre o litoral e o sertão para o
transporte do gado. Sendo assim, diversas propriedades agropastoris foram se firmando no
entorno do primeiro núcleo urbano. O cruzamento das duas estradas, que se tornariam depois
a BR 232 e BR 104, fazia da cidade um local atrativo para os comerciantes da região. Desse
modo, as trocas comerciais foram constantes desde a formação do primeiro povoado
(MIRANDA, 2009).
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Bacia do Rio Ipojuca que tem como nascente a cidade de Arcoverde e desembocadura no
Porto de Suape.
Em 1967 foi registrado junto ao Cartório de Caruaru o projeto do primeiro loteamento que
seria financiado com recursos do BNH. O loteamento Núcleo Residencial de Caruaru foi o
responsável pela expansão da cidade no sentido oeste dando origem ao Bairro Kennedy, um
dos mais populosos da cidade atualmente. Além desse, há o loteamento COHAB-1 que teve
seu projeto registrado em 1977, o COHAB-21 cujo projeto foi registrado em 1978, o Parque
Residencial do Cedro com projeto registrado em 1985 e o Loteamento Vila Popular de
Caruaru construído na década de 19702. Com a construção desses loteamentos, as famílias
puderam adquirir unidades a partir de financiamentos com baixa taxa de juros.
No fim da década de 1980, com a extinção do BNH e queda da ditadura, houve um incentivo
a municipalização da política habitacional. Sendo assim, é possível também observar na
cidade a construção de novos bairros populares geridos pelo próprio município. O loteamento
Vila Padre Inácio, construído no início da década de 1990 por meio de mutirão, é um
exemplo.
No ano de 2009, para driblar a crise internacional, o governo nacional lança o programa
MCMV com o intuito de financiar e subsidiar o acesso a casa própria, estimulando a indústria
da construção civil. Até então nenhum programa havia subsidiado o acesso a moradia, apenas
financiado. Na verdade, o MCMV foi incubado pelo Sindicado da Indústria da Construção
Civil do Rio de Janeiro (SINDUSCON-RJ) com base na experiência mexicana, inspirada no
programa habitacional chileno que surgiu na década de 1980. Com a iminência da crise, com
o calote das hipotecas nos EUA, o Governo Lula lança o programa como medida anticíclica.
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Os bairros COHAB 1 e COHAB 2 configuram atualmente o bairro Boa Vista.
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Dados sobre a data de inauguração destes empreendimentos não foram obtidas. Considera-se, deste modo, as
relativas à venda dos terrenos à COHAB-PE e a do registro do projeto urbanístico junto ao 1º Cartório de
Registros de Imóveis de Caruaru.
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comportando, por isso, diferentes tipos de produção. Para a demanda social em áreas urbanas,
chamada de faixa 1, o programa se utiliza de dois fundos. O primeiro é o Fundo de
Arrendamento Residencial (FAR), através do qual a Caixa Econômica Federal (CEF), agente
regulador, destina verbas para uma produção gerida por uma empresa do ramo da construção
civil; o segundo utiliza recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), e a CEF repassa
as verbas para projetos geridos por Organizações não Governamentais (ONGs) – modalidade
chamada de entidades. Em ambas as modalidades o subsídio chega a 95% do valor da
unidade.
Para as famílias com renda entre R$1600 e R$9000, a produção também é gerida por
empreiteiras. Essa modalidade engloba as faixas 2 (R$1600-R$4000) e faixa 3 (R$4000-
9000), mas como não há distinção operacional entre elas, são chamadas usualmente de apoio
à produção. Para essa modalidade há uma combinação de subsídios e financiamento
calculado de modo proporcional à renda. Os valores de venda das unidades são regulados pelo
programa.
No ano de 2012 foi lançado o MCMV 2 com um reajuste nas faixas renda e contratação de
um maior número de unidades habitacionais. Em 2016 houve o lançamento do MCMV 3, nele
a novidade foi inserir uma nova faixa de atendimento, conhecida como “Faixa 1,5”, destinada
a atender famílias com renda de R$1.800 até R$2.350 reais. Dessa forma o programa
contempla as famílias cuja a renda não se enquadra na Faixa 1, com renda de até R$ 1,8 mil,
tampouco na Faixa 2, com renda de até R$ 4,0 mil. Segundo o Ministério das Cidades as
famílias que se enquadram nesta faixa têm direito a subsídio do governo para a compra do
imóvel, além de financiamento com taxa de juros abaixo da praticada no mercado. O subsidio
oferecido para a Faixa 1,5 passa de R$ 45 mil para R$45,500 mil em 2017.
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Fonte: Elaborado pelos autores com base nas imagens disponibilizadas pelo Google Earth.
Para a demanda social foram construídos apenas três conjuntos, o Loteamento Demóstenes
Veras e o Condomínio Luiz Bezerra Torres com financiamento do FAR e o Loteamento Alto
do Moura através da modalidade Entidades. Como pode ser observado no mapa a seguir (ver
figura 1), a localização deles é mais periférica e ainda mais descontextualizada da mancha
urbana quando comparada aos empreendimentos da faixa 2 e 3.
Diferente do MCMV, foi possível perceber que os conjuntos do BNH, quando construídos,
ocupavam o limite da cidade (ver figura 1). Com o passar dos anos, a cidade se desenvolveu
ao redor deles. O desenho desses espaços eram elaborados pela iniciativa pública através da
COHAB-PE e se baseavam no arranjo de ruas e quadras abertas a cidade. Os bairros, no
entanto, eram formados apenas por moradias populares, sem mistura social e sem diversidade
de usos.
Nos empreendimentos do MCMV, como boa parte está descontextualizada do tecido urbano,
os conjuntos ou loteamentos são desenhados de forma isolada e com pouca permeabilidade,
além de não apresentarem diversidade social e usos mistos. O programa, quando comparado
ao BNH, mostra ser muito mais prejudicial a cidade. Nele, todas as ações de planejamento
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como localização, desenho urbano e definição das tipologias, fica a cargo da iniciativa
privada.
De acordo com Oliveira (2016), Caruaru apresenta mudanças significativas em sua expansão
a partir de 1920. O acelerado crescimento populacional do município se intensifica ano a ano
e o território ocupado multiplica-se inúmeras vezes frente a ao que constituía o núcleo inicial.
A esse respeito, o gráfico 01 demonstra que houve um intenso crescimento entre os anos de
1960 a 1970. A cidade, que contabilizavam cerca de 65 mil habitantes, passou a computar
cerca de 143 mil habitantes, apontando um aumento de quase 120% em apenas uma década.
314.912
253.637
213.697
172.532
143.653
65.031
43.500
8.900 24.600
Fonte: Dados do IBGE sistematizados pelos autores em conjunto com o grupo de pesquisa da Iniciação
Científica e Tecnológica: “A produção da moradia social em Caruaru-PE e o processo de formação urbana e
expansão territorial da cidade”
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O mapa de crescimento de Caruaru-PE por gestões administrativas (ver figura 02) revela que
a construção do território da cidade se deu basicamente pela aprovação dos loteamentos ao
longo do tempo. O tecido da cidade, dessa forma, pode ser lido como uma grande “colcha de
retalhos”. Ao observar a Unibase da cidade é possível perceber que essa sobreposição não
criou um espaço integrado. Muitas ruas entre loteamentos, apesar de muito próximas, por
vezes não se conectam.
Essa forma de crescimento urbano denota vários problemas. Como sugere CNF dos Santos
(1988), uma boa integração do tecido urbano na escala global é fundamental para criar
espaços que ofereçam condicionantes capazes de colaborar com a vivacidade e segurança.
Essa baixa integração também dificulta a implementação de uma rede de transporte urbana
adequada já que não há boa permeabilidade entre os espaços ocupados, principalmente, os de
moradias.
O mapa da figura 2 também apresenta aspecto importante, os limites urbanos, definidos pelo
Plano Diretor de Caruaru de 2004, mostram o quando o poder público é permissivo no
espraiamento da cidade. Provavelmente, por conta disso, é possível localizar cada vez mais
empreendimentos distantes da mancha urbana. Nesse cenário, questiona-se como é possível
criar uma cidade sustentável e compacta se o seu planejamento não é direcionado a isso.
A respeito da forma da ocupação de Caruaru, foi constatado que o tecido urbano começou a se
espalhar a partir do núcleo central, espaço que constituía parte do centro histórico da cidade
(ver figura 2 – mancha cinza escura). De início, esse crescimento se manteve praticamente
dentro dos limites das BRs 104 e 232.
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FIGURA 02: Mapa de crescimento de Caruaru-PE por aprovação de loteamentos nas gestões municipais
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A partir dos anos de 1979 a cidade expande para a margem inferior da BR 232, considerando
ainda o limite direito da BR 104. Ainda que tímido, essa porção da cidade tem recebido
alguns loteamentos, principalmente, nos períodos mais recentes.
Desta maneira, os indícios levam a crer que durante a era da COHAB-PE e MCMV, pela
própria dinamização do mercado imobiliário, há um estimulo indireto na construção de novos
empreendimentos. Essa realidade pode ser observada no mapa que relaciona o crescimento da
cidade com os períodos de vigência da política habitacional (ver figura 03).
Figura 04: Mapa de crescimento urbano territorial de Caruaru-PE de acordo com os períodos de políticas
habitacionais brasileiras
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados levantados, utilizando como referência a Unibase de Caruaru.
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Ao fazer uma leitura da expansão do território, com o auxílio do mapa apresentado na figura
3, fica evidente o quanto ele se transformou entre os anos de 1964 a 1999. Apesar do período
formar mais que três décadas, e ser mais extenso quando comparado as demais análises, ele
também coincide com uma época de intenso crescimento populacional.
Os maiores vetores de crescimento de Caruaru tem sido o sentido oeste e norte da cidade.
Entre os anos de 1999 a 2009 percebe-se um aumento da mancha urbana pouco
representativo. No entanto, já é possível observar a existência de loteamentos
descontextualizados do núcleo principal. De 2009 em diante a ampliação do território é um
pouco mais acentuada. Nela também se observa vários empreendimentos soltos da mancha
urbana.
A forma como está estruturada a política habitacional no Brasil tem configurado muitos
problemas para as cidades. No fim da década de 1980, com os resultados da produção do
BNH, diversos estudos indicavam que a solução de financiar novas unidades em conjuntos
habitacionais era extremamente problemática (SOUZA, 2007). Com o surgimento do MCMV
os resultados podem ser bem piores, tendo em vista o apontado caráter predatório do
programa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observando como Caruaru tem se constituído, é evidente que não está se produzindo espaços
com qualidade e tampouco sustentáveis. Para reverter esse processo parece ser necessário
redefinir as estratégias de planejamento das cidades. Não faz sentindo conceber imensos
programas habitacionais incapazes de conferir um bom desenho urbano para as cidades. Desta
forma, criam-se espaços imensamente carentes de diversidade, sem vida e inseguros.
No caso do MCMV, a localização das moradias, o desenho urbano e definição das tipologias
fica totalmente a cargo da iniciativa privada. Em Caruaru, onde há um imenso espaço para
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expansão urbana, os empreendedores podem continuar construindo conjuntos completamente
dissociados da cidade e sem acesso a serviços de forma adequada.
Embora as iniciativas do BNH tenham sido bastante criticadas, em Caruaru, percebe-se que os
bairros construídos foram localizados na borda da cidade, mas tiveram, de certo modo, um
desenho articulado ao espaço preexistente. Por terem sido planejados como bairros e não
conjuntos habitacionais, há uma maior integração com a cidade bem como acesso aos
serviços.
De forma geral, é notável que na última década tem surgido na cidade vários
empreendimentos desarticulados do tecido urbano. Tal aspecto, além de não colaborar com a
sustentabilidade, acaba por criar condições de vida precárias a quem vai habitar esses espaços.
Além de serem distantes de centros comerciais, não há um acesso adequado a serviços
públicos básicos.
Para mudar esse cenário, sugere-se que a revisão do Plano Diretor reconsidere os caminhos da
política urbana e habitacional. Nesse sentido, construir moradias populares bem localizadas
pode ser muito mais econômico ao município na medida que não se necessita expandir a
infraestrutura urbana (rede de transporte, saúde, educação, abastecimentos, etc.). Da mesma
forma, é preciso reduzir drasticamente o perímetro de crescimento da cidade com a finalidade
de estimular o adensamento. Logo, é necessário redefinir uma ocupação do solo mais
eficiente.
REFERÊNCIAS
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OLIVEIRA, André Gustavo. Crescimento urbano versus urbanidade: estudos sintáticos da
espacialidade de Caruaru-Pe. 157 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 2016.
SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos. A cidade como um jogo de cartas. São Paulo: Projeto
Editores, 1988;
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