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O PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NA CIDADE DE CARUARU-PE:

MORFOLOGIA URBANA E DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS

Ibsen Andrade de Lima


Universidade Federal da Paraíba
Ibsen_andrade@hotmail.com

INTRODUÇÃO

Este texto visa apresentar os resultados da pesquisa “O Programa Minha Casa


Minha Vida na Cidade de Caruaru-PE: morfologia urbana e desigualdades
socioespaciais” – desenvolvida no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica (PIBIC) 2014-2015. A pesquisa é componente de um projeto mais amplo
intitulado “A Produção da Casa e da Cidade: morfologia urbana e desigualdades
socioespaciais nas cidades médias brasileiras”, vinculada ao Grupo de Estudos Urbanos
(Geurb) e à Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias (ReCiMe).
O Programa Minha Casa Minha Vida nasce como resposta ou incentivo anticíclico
à crise econômica de 2008, a crise do subprime. Sendo aprovado em 25 de março de 2009
pela Medida provisória nº 459, posteriormente convertida na Lei 11.977, de junho de
2009, o PMCMV visa tanto atenuar o déficit habitacional quanto reaquecer o mercado
imobiliário, atendendo as necessidades da população com renda de até 10 salários
mínimos (SMs).
Tanto para a faixa 1 (destinado às famílias com rendimentos de até três SMs)
quanto para a faixa 2 (de 3 a 6 SMs), o PMCMV em sua primeira etapa teve como meta
a construção de 400 mil unidades habitacionais. Enquanto para a faixa 3 (de 6 a 10 SMs),
a meta era erguer 200 mil moradias.
Com um alto investimento e facilidades oferecidas pelo Poder Público, o PMCMV
apresenta um bom desempenho quantitativo, expresso pelas 2,188 milhões de unidades
habitacionais contratadas até 2012 pelo Programa em suas fases I e II. Esse número
representa 64% da meta total que era de 3,4 milhões.
Porém, o resultado quantitativo é contrastante com os aspectos qualitativos
mostrados pelo Programa Minha Casa Minha Vida em seus sete anos de existência.
Levando em consideração o que expõem Maricato (2009, 2006), Bonduki (2014),
Cardoso e Aragão (2013) e Nascimento (2011), pode-se elencar algumas das principais
críticas ao PMCMV: I) a localização majoritariamente periférica dos conjuntos; II) o
excesso de poder dado ao setor privado; III) a desconsideração dos diversos eixos do
PlanHab; IV) a falta de articulação do Programa com a política urbana; V) a
racionalização do espaço construído, valorizando o espaço mínimo.
Cardoso e Aragão (2011), analisando a distribuição espacial dos empreendimentos
do PMCMV no Rio de Janeiro, inferem sobre a localização das moradias destinadas
população de baixa e alta renda, expondo a diferenciação espacial determinada pela
capacidade financeira dos compradores e confirmando o padrão periférico 1 da
implantação de conjuntos para a população de baixo poder aquisitivo.
Concordando com Cardoso e Aragão (2011), Bonduki (2014) afirma que “a
grande maioria dos empreendimentos do PMCMV está localizada na periferia da cidade,
distante dos empregos, desarticulada da malha urbana existente (...), com projetos de
moradia sem qualidade arquitetônica nem identidade com as comunidades locais”
(BONDUKI, 2014, p.123).
Sendo assim, o PMCMV avançou na produção habitacional em larga escala, tendo
construído, até 2015, 2,4 milhões de unidades habitacionais, porém, igualmente ao BNH,
o Programa deixa a desejar no enfrentamento da questão urbana, relevando aspectos
qualitativos.

OBJETIVOS

Deste modo, a pesquisa teve como objetivo principal analisar os efeitos do


PMCMV na expansão urbana, nas desigualdades socioespaciais e no mercado imobiliário
na cidade de Caruaru (PE), buscando também levantar, analisar e mapear os dados e

1
O padrão periférico aqui citado refere-se à implantação de conjuntos habitacionais para a população de
menor poder aquisitivo no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida. Mas, sabe-se que por meio da
auto-segregação – expressa por meio da implantação de condomínios de luxo geralmente em áreas
periféricas ou fora do tecido urbano – a classe dominante promove a ocupação periférica do espaço.
informações da produção imobiliária do PMCMV; pesquisar, identificar e analisar
anúncios em jornais locais e estaduais de imóveis inseridos no PMCMV; identificar as
áreas com maior e menor oferta e valorização imobiliária, assim como o padrão de
ocupação dos diferentes segmentos socioeconômicos; localizar e identificar as áreas com
problemas habitacionais na cidade.

METODOLOGIA

Para atingir os objetivos propostos, fez-se essencial a busca bibliográfica sobre


temas relevantes à pesquisa como “políticas habitacionais no Brasil”, “desigualdades
socioespaciais”, bem como a procura por dados e informações referentes à produção
habitacional em Caruaru.
O levantamento sobre informações e dados referentes ao PMCMV em Caruaru foi
realizado na Secretaria de Urbanização (URB), na Secretaria de Ação Social da cidade de
Caruaru, na construtora Vianna & Moura, e por meio de base de dados fornecidos no
Ministério das Cidades sobre o PMCMV em Caruaru.
Para a captação de anúncios de imóveis do PMCMV em jornais, foram utilizados
principalmente jornais locais e sites de imobiliárias, em que foram encontrados anúncios
de aluguéis de casas de diversos conjuntos habitacionais.
Além das pesquisas bibliográfica e documental - incluindo-se nestes conjuntos a
hemeroteca - foram de fundamental importância a realização da pesquisa empírica,
realizada em momentos diversos com visitas aos conjuntos habitacionais implementados
pelo PMCMV na cidade de Caruaru, onde pôde-se averiguar, por meio de questionários,
o tipo de habitação, as condições de habitabilidade, os equipamentos urbanos
comunitários e a opinião dos moradores.

O PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA EM CARUARU

Localizado na Mesorregião do Agreste pernambucano, à 130 km da capital do


Estado, a cidade apresentava em 2014, uma estimativa populacional de 342.388
habitantes, configurando-se como a quarta cidade mais populosa do Estado de
Pernambuco.
De acordo com o IBGE (2010), o município de Caruaru possui 96.310 domicílios
particulares permanentes e destes, 89,10% encontram-se na zona urbana, ao passo que
10,90% na zona rural.
Assim como a maior parte da população e dos domicílios, o déficit habitacional
em Caruaru é, certamente, mais expressivo na zona urbana. O município possui um Plano
Local de Habitação de Interesse Social concluído, mas no mês de novembro de 2015 o
mesmo ainda estava a depender de aprovação da Caixa Econômica Federal e, por isso, a
Prefeitura se recusou a disponibilizá-lo. Não possuindo este Plano, não tivemos fontes
específicas para inferir sobre o déficit habitacional local. Porém, sabe-se que no Estado
de Pernambuco o déficit habitacional em 2012, como mostra a Fundação João Pinheiro
(2015), era de 240.850 unidades habitacionais ou 8,5% de seus domicílios particulares
permanentes, das quais 206.434 na zona urbana.
Com relação ao déficit habitacional na zona urbana, no Brasil, de acordo com
faixas de renda da população, percebe-se que a concentração do déficit ocorre na faixa de
até três salários mínimos: 82,5% em 2012. Em Pernambuco, observa-se que este número
é mais expressivo, chegando a 94,6% para a faixa de até três salários mínimos e 2,9%
para a faixa de 3 a 5 salários mínimos.
Mesmo com o déficit habitacional maior para a faixa de 1 a 3 salários mínimos, o
PMCMV igualou os investimentos no provimento habitacional para as faixas 1 e 2,
destinando 40% dos recursos para a faixa 1, outros 40% para a faixa 2 e, 20% para a faixa
3. Desta forma, o Programa não só visa a construção de habitações de interesse popular,
como também estimular a economia por meio da implementação de habitações de
mercado, atingindo a classe média e dando maior segurança às construtoras.
Nascimento (2011) mostra a lógica e as bases das políticas habitacionais no Brasil
ao afirmar que:

A literatura publicada sobre as políticas habitacionais brasileiras alicerça as


afirmações nas quais os mecanismos públicos e privados estabelecidos para o
enfrentamento numérico da questão da moradia vêm historicamente se
ancorando e simultaneamente fortalecendo: (1) a predeterminação do modo de
morar dos trabalhadores, apoiada na racionalização do espaço mínimo; (2) a
mercantilização da casa própria, associada à produtividade lucrativa da
indústria da construção; (3) a expansão do tecido urbano por meio da
periferização, assentada em estruturas urbanas predeterminadas e nos interesse
da especulação imobiliária; (4) a negação dos trabalhadores de baixa renda ao
acesso à terra, aos serviços urbanos, aos espaços públicos e ao crédito,
pensados além do assistencialismo ou da doação de produtos; e (5) a exclusão
dos cidadãos dos processos de decisão referentes ao espaço urbano
(NASCIMENTO, 2011, p.218).

A produção habitacional na cidade de Caruaru, no âmbito do Programa Minha


Casa Minha Vida, coincide bastante com a lógica apresentada acima. Na cidade, a maioria
dos conjuntos do PMCMV localizam-se em áreas periféricas, nas bordas do tecido
urbano. Muitos destes conjuntos localizam-se no bairro Boa Vista, que atualmente
configura-se como um dos vetores de crescimento da cidade.

Figura 1: Localização dos conjuntos habitacionais em caruaru por faixa de renda.

Como pode-se observar na figura 1, com a localização dos conjuntos habitacionais


construídos no PMCMV em suas fases 1 e 2 na cidade de Caruaru, tem-se a
materialização da tendência de periferização dos empreendimentos do Programa,
provocado pelo excesso de poder dado às construtoras, como mostra Bonduki (2009) e
Maricato (2011).
Com exceção de poucos conjuntos, a maioria dos conjuntos construídos em
Caruaru localizam-se na periferia da cidade nos bairros José Carlos de Oliveira, Cidade
Alta e Boa Vista (partes oeste e sul da cidade). Este último, que tem o uso habitacional
unifamiliar para a população de menor poder aquisitivo e o comércio local como usos
predominantes em suas terras, é alvo recente da especulação imobiliária na cidade,
intensificada com o início da construção do campus da Universidade de Pernambuco
(UPE). O mesmo bairro concentra sete conjuntos habitacionais do PMCMV, todos
inseridos na faixa 2 do Programa.
Em Caruaru, foi implementado apenas um conjunto habitacional destinado à faixa
de renda 1 (até 3 salários mínimos), sendo a maioria dos conjuntos pertencentes à faixa
de renda 2 (de 3 a 6 salários mínimos) e dois residenciais na faixa 3 (de 6 a 10 salários
mínimos) – verificável através da figura 1.
Assim, em Caruaru, tem sido dominante a implementação de habitações de
mercado em detrimento de habitações de interesse social, em locais determinados pelo
setor privado, onde possa auferir maiores lucros, não priorizando a qualidade de vida dos
moradores.

O CONJUNTO HABITACIONAL VILA ANDORINHA II

O conjunto Habitacional Vila Andorinha II teve a construção de suas 556 unidades


habitacionais concluídas em 2013, pela construtora Viana e Moura Construções.
Localizado no bairro de Boa Vista, o conjunto encontra-se na borda do tecido urbano de
Caruaru, porém numa área que se configura como um dos vetores de crescimento da
cidade, nas proximidades do futuro campus da Universidade de Pernambuco (UPE). O
Vila Andorinha II foi erguido ao lado do Conjunto Vila Andorinha I e próximo ao
Conjunto Juiz Demóstenes Veras.
A maioria dos lotes do Conjunto Habitacional Vila Andorinha II possui 160,55m²
(8,45m x 19,0m), mas, com os recuos, as unidades habitacionais possuem 50m².
Foi observado, a partir dos dados obtidos com a aplicação dos questionários, que
a média de moradores por unidade habitacional é de 3,16, o que pode ser considerado
aceitável, levando em conta a área construída de 50m² e o número de cômodos das casas.
Por se tratar de um conjunto destinado à segunda faixa de renda do Programa
Minha Casa Minha Vida, as transformações nas edificações ocorreram rapidamente e
ainda continuam a ocorrer. Muitas unidades habitacionais encontram-se totalmente
modificadas, apresentando-se com área construída bem maior, muradas e algumas com
interfones instalados. Grande parte das residências que apresentam poucas modificações
ou nenhuma estão alugadas ou desocupadas.
A partir dos questionários aplicados no Conjunto Vila Andorinha II foi possível
traçar um perfil dos moradores, bem como perceber suas impressões sobre o conjunto e
sobre o Programa Minha Casa Minha Vida.
Ao observarmos o padrão etário dos moradores, percebe-se que 42,85% dos
moradores são jovens de 21 a 35 anos, 30,35% são adultos de 36 a 50 anos e apenas 1,78%
são idosos.
O conjunto destina-se às famílias de faixa de renda de 3 a 6 salários mínimos, no
entanto verificou-se famílias com renda de até um salário mínimo (16,07%), mas parte
destas não era proprietária da unidade habitacional e pagam aluguel. As famílias que
recebem de 1 a 3 salários mínimos representam a maioria, ou seja, 75%. Enquanto 8,92%
têm renda de 3 a 5 salários mínimos.
Quanto à propriedade, 21,42% dos entrevistados relataram viverem em residência
alugada, enquanto 75% são proprietários das unidades habitacionais, mas financiaram as
mesmas. A partir do exposto pelos moradores que vivem em situação de aluguel,
calculou-se que o valor médio do aluguel nesta unidade habitacional é de R$ 302
(trezentos e dois reais), a depender das melhorias realizadas na unidade habitacional.
Quando perguntados se recebiam algum auxílio governamental, 16,07% dos
moradores responderam que recebem o Bolsa Família e 83,02% afirmaram não receber
auxílio do governo. Observou-se que as famílias que recebem auxílio do governo também
vivem em condição de aluguel, o que mostra que estas possuem menor poder aquisitivo
em comparação aos proprietários (possuem renda inferior a R$1600).
Quando perguntados se recebiam algum auxílio governamental, 16,07% dos
moradores responderam que recebem o Bolsa Família e 83,02% afirmaram não receber
auxílio do governo. Observou-se que as famílias que recebem auxílio do governo também
vivem em condição de aluguel, o que mostra que estas possuem menor poder aquisitivo
em comparação aos proprietários (possuem renda inferior a R$1600).
Alguns moradores relataram que muitos proprietários não moram na cidade de
Caruaru e alugam suas residências no Conjunto, visando complementar sua renda. Mas
também reclamaram que os mesmos proprietários que alugam suas casas não as
modificam, contribuindo, na visão dos moradores, para a insegurança do local.
Ao contrário da faixa 1, o financiamento para a faixa 2 do PMCMV é realizado
com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o que requer retorno
à Caixa Econômica Federal e cobrança de juros. Para essa faixa o subsídio é menor em
comparação a faixa 1 e, consequentemente, as parcelas do financiamento são
consideravelmente maiores.
No Conjunto Vila Andorinha II, 53,65% das famílias pagam parcelas de R$ 301
a R$ 400, 39,02% oneram suas contas em R$ 201 a R$ 300 com o financiamento de sua
residência, 4,87% pagam R$ 401 a R$ 500 e 2,43% não souberam ou não informaram.
Com relação à procedência dos moradores, 75% dos entrevistados relataram que
já moravam em bairros de Caruaru antes de mudar-se para o Conjunto Vila Andorinha II,
enquanto 25% procedem de outros municípios. Dos que residiam em Caruaru, 59,5%
moravam em bairros periféricos da cidade como Rendeiras, Vassoral, Maria Auxiliadora,
Salgado, Alto do Moura. Apenas 7,14% dos moradores residiam no bairro Boa Vista,
onde está localizado o Conjunto Vila Andorinha II.
Figura 2: Procedência dos moradores do Conjunto Habitacional Vila Andorinha II

A maior parte dos moradores (44,64%) mostraram-se insatisfeitos sobre a


localização do conjunto em relação ao Centro, já que é nesta parte da cidade onde
realizam atividades necessárias como compras, pagamentos e onde muitos trabalham. A
considerável dependência do centro se justifica pelo fato de no entorno do Vila Andorinha
II não haver serviços comerciais, o que também constitui uma das insatisfações dos
moradores.
Em virtude de sua dependência com relação ao centro e de nem todos possuírem
meios de transporte próprios, a maioria dos moradores utiliza o transporte público para
se locomover (39 dos 56 moradores entrevistados afirmaram utilizar o transporte
público). Porém, destes apenas 20,51% aprovam a qualidade do serviço, enquanto
51,27% avaliam o transporte público como ruim ou péssimo. O motivo para tal
insatisfação, segundo os moradores, está no tempo de espera pelo transporte e na
qualidade dos veículos. Os entrevistados afirmaram que o intervalo entre um e outro
ônibus que passa pelo Conjunto é de 30 a 40 minutos, chegando a uma hora nos finais de
semana.
Nas proximidades do Conjunto há uma Unidade de Saúde da Família (USF),
inaugurada no mês de maio, que é destinado aos residentes do Conjunto Habitacional Juiz
Demóstenes Veras. Alguns moradores reclamaram que a unidade de saúde recentemente
inaugurada não atende aos habitantes do Conjunto Habitacional Vila Andorinha II.

Figura 3: Localização dos serviços educacionais e de saúde em relação ao Conjunto Habitacional Vila
Andorinha II.

Ao serem perguntados se estavam satisfeitos em morar no Conjunto Habitacional


Vila Andorinha II, 92,85% dos moradores responderam positivamente, enquanto apenas
7,14% alegaram não estarem satisfeitos. A maioria dos moradores afirma que, apesar dos
problemas, possuem sua casa própria num local tranquilo e por isso estavam satisfeitos.
Percebe-se, avaliando a satisfação dos moradores em residir no Conjunto
Habitacional Vila Andorinha II, que as dificuldades encontradas em relação ao transporte
público, localização do Conjunto em relação à cidade e ao centro, e o acesso aos serviços
de saúde, são amenizadas pela realização do “sonho da casa própria”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pôde-se perceber, a produção habitacional a partir do PMCMV em Caruaru


segue a lógica rentista e assemelha-se à produção habitacional de outras cidades
beneficiadas pelo Programa, favorecendo à periferização da população beneficiada,
consequentemente, a expansão do espaço urbano sem a adequada infraestrutura e acesso
a serviços urbanos fundamentais além do favorecimento à construção de habitações de
mercado – predominantemente para a faixa de renda 2 – diante a ausência do poder
público na tomada de decisão e, por fim, contribuindo para a diferenciação socioespacial.
Pode-se afirmar ainda que, em decorrência da maior produção para a faixa
intermediária de renda o mercado imobiliário se dinamizou consideravelmente, com
aumento do número de alugueis na periferia – com preços a depender das melhorias
realizadas nas habitações, assim como do bairro –, venda de imóveis construídos pelo
PMCMV. Tal dinamização do mercado, como se sabe, ocorreu não só pela construção de
habitações para a faixa de renda 2, mas também pela ocupação de áreas vazias e aumento
da oferta de moradias nas áreas periféricas.
A partir da pesquisa feita com os sujeitos, os moradores do Conjunto Vila
Andorinha II, pode-se inferir que apesar dos problemas relatados – acessibilidade,
transporte público ineficiente, serviço de saúde etc. –, os moradores se mostram
satisfeitos com o PMCMV e minimizam as dificuldades encontradas, ressaltando a
conquista da casa própria por meio do Programa.
Embora tenhamos alcançado alguns dos objetivos propostos, a problemática
estudada demanda a continuidade dos estudos na cidade de Caruaru, tendo em vista a
intensidade das transformações promovidas no espaço urbano, no mercado imobiliário e
nas desigualdades socioespaciais a partir da implementação do PMCMV.

REFERÊNCIAS

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BONDUKI, N; KOURY, A.P. Os pioneiros da habitação social: Inventário da


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http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/817925/lei11977-09

CARDOSO, L.A (org.). O Programa Minha Casa Minha Vida e seus efeitos
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MARICATO, E. Por um novo enfoque teórico na pesquisa sobre habitação. Cadernos
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MARICATO, E. O impasse da política urbana no Brasil. 3ª ed. Petrópolis: Vozes,


2014. 214p.

MARICATO, E. O Ministério das Cidades e a política nacional de desenvolvimento


urbano. Políticas Sociais – acompanhamento e análise. Brasília: Ipea, nº12, fev.2006.

MENDONÇA, J.P; COSTA, H.S.M (orgs.). Estado e Capital Imobiliário:


Convergências atuais na produção do espaço urbano brasileiro. Belo Horizonte: C/
Arte, 2011. 350p.

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