Você está na página 1de 24

94

ARTIGO: Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa,


Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos
beneficiários
Performance indicators of the “Minha Casa, Minha Vida” Program: evaluation based on consumer satisfaction

Los indicadores de desempeño del Programa “Mi Casa, Mi Vida”: Evaluación basada en la satisfacción de los
consumidores

Resumo
O propósito deste artigo é construir indicadores de desempenho a partir da percepção dos beneficiários do Programa Minha Casa,
Minha Vida, com a utilização de recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (PMCMV/FAR), do primeiro conjunto habitacional
contratado e entregue no município de Viçosa, localizado na Zona da Mata do estado de Minas Gerais. O processo de avaliação seguiu
cinco passos: a) resgate do desenho do Programa; b) elaboração das categorias avaliadas; c) preparação do instrumento de coleta de
dados; d) pesquisa de campo; e) construção e análise dos indicadores. Verificou-se que os indicadores fornecem importantes infor-
mações sobre a realidade habitacional, o que contribui para que o PMCMV alcance seus objetivos e se aprimore.

Palavras-chave: habitação, avaliação, políticas públicas.

Vinicius de Souza Moreira - vinicius.souza@ufv.br


Doutorando em Administração, Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Administração e Contabilidade, Viçosa, MG, Brasil.

Suely de Fátima Ramos Silveira - sramos@ufv.br


Professora Associada na Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Administração e Contabilidade, Diretora do Instituto de
Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável, Viçosa, MG, Brasil.

Artigo submetido no dia 04-12-2014 e aprovado em 18-06-2015.

DOI: http://dx.doi.org/10.12660/cgpc.v20n66.41079

Esta obra está submetida a uma licença Creative Commons

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
95

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

Abstract
The objective of this article is to build performance indicators from the perception of the beneficiaries
of the Minha Casa, Minha Vida [My House, My Life] Program with funds coming from the Fundo de
Arrendamento Residencial (PMCMV/FAR) with regard to the first housing units built and delivered
in Viçosa, located in the Zona da Mata region in Minas Gerais. The evaluation process followed five
steps: the design of the bailout program; preparation of the categories evaluated; preparation of
the data collection instrument; field research; and the construction and analysis of indicators. It was
found that the indicators provide important information about the housing situation and this allows the
PMCMV to reach its goals and enhance itself.
Keywords: housing; evaluation; public policies.

Resumen
El objetivo de esta ponencia fue construir indicadores de desempeño desde la percepción de los
beneficiarios del Programa Minha Casa, Minha Vida, con recursos del Fundo de Arrendamento Resi-
dencial (PMCMV/FAR) en las primeras viviendas contratadas y entregadas en Viçosa, ubicado en la
Zona da Mata de Minas Gerais. El proceso de evaluación seguido de cinco pasos: diseño de pro-
grama de rescate; preparación de categorías evaluadas; preparación del instrumento de recolección
de datos; investigación de campo, y la construcción y análisis de los indicadores. Se encontró que
los indicadores proporcionan información importante sobre la situación de la vivienda y esto permite
contribuir al PMCMV a alcanzar sus metas y mejorar.
Palabras clave: vivienda; evaluación; políticas públicas.

1 INTRODUÇÃO
Nota-se, nessa perspectiva, que o PMCMV
Uma das marcas do governo Lula (2003- emerge como um pacote econômico direcio-
2010) foi a criação de programas sociais nado à habitação de mercado. Entretanto,
que visavam ao atendimento de setores com a intervenção da Secretaria Nacional
específicos – saúde, educação, emprego de Habitação de Interesse Social (SNHIS), o
–, por exemplo, tendo como premissa a er- Programa passou a incorporar a Habitação
radicação da pobreza e o desenvolvimento de Interesse Social (HIS), segmento compos-
nacional. Dentre esse rol de iniciativas, des- to por famílias com rendimento mensal infe-
taca-se a criação do Programa Minha Casa, rior a três salários mínimos. É nesse estrato
Minha Vida (PMCMV), no ano de 2009. da população que se concentra a maior parte
dos brasileiros em situação de deficit habita-
Esse Programa, que se tornou o carro-chefe cional: 66,6% dos 6,9 milhões de moradias
da política habitacional do país, surgiu como na condição mais imediata de construção de
uma ação anticíclica para evitar o aprofun- novas unidades habitacionais para a solução
damento da economia interna na crise do de problemas sociais e específicos de habi-
supbrime, em ebulição a partir de meados tação (Fundação João Pinheiro [FJP], 2014).
de 2008. A opção pelo setor da construção
civil decorreu da possibilidade de englobar Ao trazer para seu escopo a HIS, quatro li-
fatores que contribuem para a geração de nhas de atuação foram desenvolvidas pelo
empregos, a taxa de juros associada ao PMCMV, das quais se destaca a modalida-
crédito imobiliário e o desenvolvimento da de com recursos do Fundo de Arrendamento
infraestrutura nacional (Oliveira & Oliveira, Residencial (FAR), atuante em municípios
2012). com população superior a 50 mil habitantes.

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
96

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

O PMCMV/FAR, por sua vez, tem o objetivo, Aqueles localizados em zona de expansão
conforme a Portaria n. 168, de 12 de abril devem estar contíguos à malha urbana e
de 2013, de realizar a aquisição e a requa- possuir no entorno áreas destinadas para
lificação de imóveis destinados à alienação atividades comerciais locais.
para famílias com renda mensal de até mil
e seiscentos reais, por meio de operações O conjunto das ações supracitadas são con-
feitas por instituições financeiras oficiais fe- sequências das políticas públicas na busca
derais. Para cumprimento dessa finalidade, por sanar o deficit habitacional do país que,
diversos são os atores envolvidos: Ministé- pela sua realidade, requer adequada con-
rio das Cidades, Caixa Econômica Federal, dução, evitando gastos desnecessários e
Instituições Financeiras Oficiais Federais, desvios de rotas que possam inviabilizar a
Distrito Federal, Estados e Municípios (ou ampliação de iniciativas nesse sentido.
respectivos órgãos das administrações dire-
ta ou indireta) e empresas do setor da cons- Por essa razão, no âmbito das políticas pú-
trução civil. blicas, têm-se a análise e a avaliação de po-
líticas, as quais são essenciais para a socie-
O padrão do provimento habitacional deve dade, uma vez que a demanda é crescente
obedecer às especificações mínimas, aos e os recursos, escassos. Embora Heller e
valores máximos de aquisição das unidades Castro (2007) comentem sobre o reconhe-
e às orientações projetuais estabelecidas cimento dos pesquisadores da área de ciên-
pelo Programa. Assim, as moradias devem cias sociais sobre a persistente fragilidade
seguir a seguinte disposição: casa com sala; conceitual e metodológica para o estudo e
dormitório para casal e dormitório para duas desenvolvimento das políticas públicas, esse
pessoas; cozinha; área de serviço (externa) campo do conhecimento é apontado como
e banheiro, totalizando, no mínimo, 36 m². importante via para debate, tanto no plano
teórico quanto no metodológico (Schofield &
Os conjuntos habitacionais devem ser dota- Suausman, 2004).
dos de infraestrutura urbana básica: vias de
acesso e de circulação pavimentadas, dre- Assim, após a implementação de uma po-
nagem pluvial, calçadas, guias e sarjetas, lítica e/ou programa, é importante verificar
rede de energia elétrica e iluminação públi- seus efeitos, pois, de acordo com os resulta-
ca, rede para abastecimento de água potá- dos obtidos, podem-se promover mudanças
vel, soluções para o esgotamento sanitário e no curso ou até mesmo encerrar o ciclo de
coleta de lixo. As redes de energia elétrica e vida de determinada política. Esses efeitos
iluminação pública, abastecimento de água podem ser mensurados pelo estabeleci-
potável e as soluções para o esgotamento mento de indicadores, tendo como fonte de
sanitário devem estar operantes até a data informações a ótica dos variados atores en-
de entrega do empreendimento. volvidos nos programas.

Outra indicação é que os empreendimentos Wu et al. (2010) argumentam que avaliação


habitacionais estejam inseridos na malha de políticas públicas pode ser direcionada a
urbana ou em zonas de expansão urbana. representantes governamentais ou não. To-

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
97

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

davia, complementam os referidos autores do Programa e pelo fácil acesso às famílias


que “os atores não governamentais mais im- beneficiadas.
portantes são, obviamente, os usuários do
serviço, que têm a experiência em primeira 2 REFERENCIAL TEÓRICO
mão de como o programa em questão está
funcionando na prática” (Wu et al., 2010, p. 2.1 Políticas públicas e programas sociais
120). Logo, destacam-se, em especial, os
beneficiários – aqueles que de fato são os Tendo em vista a relevância das políticas
experimentadores e usuários dos produtos públicas e dos programas sociais para o de-
entregues pelo PMCMV. senvolvimento da gestão pública, é interes-
sante compreender os conceitos e os aspec-
Diante do contexto ora apresentado, a ques- tos norteadores que permeiam essa ampla
tão da pesquisa que motivou a construção temática.
desse estudo foi: como os indicadores, fun-
damentados na satisfação dos beneficiá- A política pública (public policy) é conceitua-
rios, podem auxiliar na mensuração do de- da por diversos autores (Rua, 1997; Saravia,
sempenho do Programa Minha Casa, Minha 2006; Souza, 2006; Dye, 2008; Matias-Pe-
Vida com recursos FAR? reira, 2008; Secchi, 2010). Embora existam
variações entre as definições, elementos em
Para responder ao questionamento nortea- comum podem ser destacados, sendo eles:
dor da pesquisa, estabeleceu-se como ob- (i) existência de um problema público; (ii)
jetivo central a construção de indicadores resolução pacífica de conflitos; (iii) procedi-
de desempenho a partir da percepção dos mentos formais e informais; (iv) atores (agen-
beneficiários do PMCMV/FAR do primeiro tes envolvidos); (v) ações e “não ações”; (vi)
conjunto habitacional contratado e entregue articulação e estratégia.
no município de Viçosa, Minas Gerais.
Portanto, a política pública é um instrumen-
A construção dos indicadores tangenciou to de atuação do governo (em conjunto, ou
os principais produtos entregues pelo Pro- não, com outros atores), que tem como cer-
grama: a moradia, o conjunto habitacional ne a solução não conflituosa de um proble-
em si e sua ligação com o entorno limítro- ma percebido no público. Sua materialização
fe ao empreendimento. Ademais, de acordo ocorre por meio de procedimentos e regras
com Moares e Abiko (2006), pesquisas de e da proposição de linhas de atuação e pro-
satisfação e/ou percepção dos moradores gramas, público-alvo, fonte de recursos, en-
dos ambientes construídos têm fundamen- tre outros.
tal importância nas avaliações de pós-ocu-
pação, pois informações essenciais sobre Simão et al. (2010) trazem um olhar comple-
os projetos podem ser capturadas. mentar, tratando-a como o exercício constan-
te do setor público com o objetivo de devolver
Assim sendo, justifica-se a escolha do mu- à população as contribuições tributárias rea-
nicípio de Viçosa (MG) devido à facilidade lizadas. Dessa forma, é a ação do governo
em acompanhar de perto a implementação buscando solucionar os problemas do país,

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
98

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

como os socioeconômicos, os distributivos, do Estado em promover o bem-estar dos


ambientais e os de infraestrutura, de modo cidadãos pode ser alcançado mediante a
a retornar à população o valor arrecadado gestão governamental eficaz, que cumpra
pelos tributos. seus objetivos por meio da elaboração de
políticas, programas e projetos coerentes
Um montante considerável de recursos ar- com as necessidades da população. Nesse
recadados é destinado à implementação e contexto, emerge a importância da cons-
à manutenção de políticas públicas. Essa tante avaliação dos resultados das ações
alocação de recursos possibilita alcançar o governamentais, seja ela pelo acompanha-
desenvolvimento do país, de regiões e de mento dos processos ou pela avaliação dos
municípios, pois as políticas públicas esti- impactos das políticas (Simão et al., 2010).
mulam áreas essenciais para o bem-estar
socioeconômico (Mattos, Teixeira & Fontes, 2.2 Avaliação: definições, características e
2011). critérios

Ressalta-se que a gestão pública pode utili- Segundo Rossi, Lipsey e Freeman (2004), a
zar diversos instrumentos para transformar aplicação de métodos de avaliação de pro-
as políticas públicas em ações concretas, gramas sociais coincide com o crescimento
entre as quais programas, projetos, leis e e o aperfeiçoamento dos próprios métodos
campanhas publicitárias (Mendes, Lima, de pesquisa, bem como com as mudanças
Hammerschmidt, Lourenço & Guaragni, ideológicas, políticas e demográficas. Devi-
2010). O foco do estudo em questão são os do a esses acontecimentos, o processo ava-
programas sociais decorrentes do amplo rol liativo dos programas ganha notoriedade a
de políticas públicas. partir da transferência de responsabilidades
aos órgãos governamentais e da demanda
O programa, por sua vez, é o instrumento social por respostas dos dirigentes públicos.
de organização da ação governamental para Nessa direção, conforme indicação de Ra-
enfrentar os problemas identificados e al- mos e Schabbach (2012), a avaliação é uma
cançar os objetivos preteridos (Brasil, 2009). ferramenta importante para melhorar a efici-
Em outras palavras, trata-se do conjunto ência do gasto público, a qualidade da ges-
de projetos e atividades que perseguem os tão e o controle social sobre a efetividade
mesmos objetivos (Cohen & Franco, 2008; das ações do Estado.
Morra-Imas & Rist, 2009).
Desse modo, o ato de avaliar compreen-
A mensuração do alcance (ou não) das ini- de ao processo de medição sistemática da
ciativas realizadas pelos programas é obtida operação e/ou dos resultados de um projeto,
a partir do uso ou construção de indicado- programa ou política, em relação ao desem-
res, o que traz a oportunidade de reconhe- penho, eficácia e impacto (ambos espera-
cer carências e demandas socioeconômicas dos ou não) haja vista os objetivos prede-
da população (Brasil, 2009). terminados (implícitos ou explícitos), como
forma de contribuir para o aprimoramento
Assim, o cumprimento da responsabilidade das ações (Morra-Imas & Rist, 2009; Rossiet

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
99

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

et al., 2004). Ao incorporar elementos valo- o programa (ou uma de suas etapas) tenha
rativos e de julgamento, a avaliação passa sido concluído para poder ser avaliado (Cos-
a contemplar aspectos qualitativos, não se ta & Castanhar, 2003).
confundindo com o mero acompanhamento
das atividades governamentais (Ramos & Davidson (2005) traça os elementos essen-
Schabbach, 2012). ciais para tornar a avaliação um instrumento
de ação efetivo, a saber: (i) propósito claro
Portanto, a avaliação mede o desempenho para a avaliação; (ii) estratégia que envolva
com base em diferentes critérios, que po- os atores-chave; (iii) perguntas importantes
dem variar de acordo com os objetivos das e abrangentes para nortear todo o proces-
ações, sendo eles: eficiência, eficácia e im- so; (iv) respostas claras para as perguntas
pacto (ou efetividade) (Costa & Castanhar, abrangentes.
2003).
Um dos primeiros passos da avaliação, as-
A eficiência representa a competência para sim como indicam Barbosa e Freitas (2012)
produzir resultados com gasto mínimo de é o resgate do desenho inicial do projeto, dos
recursos e esforços, e conduz, na avaliação objetivos, resultados e metas. Complemen-
da menor relação, o custo/benefício para o tam que a avaliação busca estimular a re-
alcance dos objetivos; a eficácia está rela- flexão e a discussão entre diferentes atores,
cionada ao propósito de mensurar o grau uma vez que um bom processo faz com que
de êxito para o alcance dos objetivos e das eles reflitam e aprendam entre si.
metas, e a efetividade (ou impacto), que é
entendida como a capacidade de promover 2.3 Indicadores de desempenho
resultados (econômicos, socioculturais, ins-
titucionais e ambientais), refere-se ao apri- O processo de avaliação será facilitado e
moramento dos objetivos (Façanha & Mari- mais útil se for baseado em um planejamen-
nho, 2000). to consistente e capaz de estabelecer rela-
ções causais, processo conhecido como ca-
Em decorrência do momento de realização deia de causalidade. É a factibilidade dessas
da avaliação, essa pode ser classificada relações que imprime consistência ao plane-
como ex-ante, de processo e ex-post. A ava- jamento a ponto de a intervenção, em uma
liação ex-ante ocorre antes de se iniciar a instância particular desse processo, produzir
elaboração do programa (Cohen & Franco, determinado efeito em certa instância mais
2008), visa subsidiar o processo decisório abrangente (Costa & Castanhar, 2003). Es-
apontando a conveniência ou não de se re- pera-se que todo esse processo contribua
alizar o projeto (Cotta, 1998). para garantir a definição clara e plausível
dos objetivos do programa e a identificação
A avaliação de processo, realizada durante de indicadores relevantes de desempenho
a execução, também denominada de ges- (Cassiolato & Gueresi, 2010).
tão contínua ou monitoração, levanta infor-
mações sobre o andamento do programa. A A boa escolha de indicadores tem relação
avaliação ex-post, por sua vez, requer que direta com o desenho do Programa. Nessa

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
100

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

perspectiva, para selecionar os indicadores, tões sociais específicas. O segundo procura


é pré-requisito realizar a avaliação de ade- sintetizar várias dimensões empíricas da re-
quação do objetivo do Programa, bem como alidade econômica e/ou social em uma úni-
saber a consistência desse objetivo quanto ca medida (Januzzi, 2005).
à capacidade de intervenção, materializada
nas ações que o compõem (Brasil, 2010). Uma das características fundamentais dos
indicadores é que, necessariamente, esta-
Quando criados com a finalidade de avaliar belecem padrão normativo (standard) a par-
o desempenho e legitimar as políticas públi- tir do qual se avalia o estado social da re-
cas, os indicadores são instrumentos para alidade, construindo-se um diagnóstico que
disponibilizar informações para a constru- alimente o processo de definição de estraté-
ção de diagnósticos sobre a realidade so- gias e prioridades, ou avalia-se o desempe-
cial, sendo que são elaborados não apenas nho das políticas e programas, medindo-se
para avaliar, mas também para subsidiar e o grau em que seus objetivos foram alcan-
amparar o desenho de determinadas políti- çados (eficácia), o nível de utilização de
cas e programas públicos. Portanto, a cons- recursos (eficiência) ou as mudanças ope-
trução dos indicadores dependerá do uso radas no estado social da população alvo
específico ao qual servirá e deve adequar- (impacto) (Banco Mundial, 1996).
-se àquilo que se pretende medir (Caldas &
Kayano, 2001). De acordo com o Guia Metodológico de In-
dicadores de Programas, são consideradas
Na avaliação, o indicador é a unidade que propriedades essenciais dos indicadores: (i)
permite mensurar o alcance de um objeti- validade: ter a capacidade de representar
vo específico (Cohen & Franco, 2008). À luz a realidade que se deseja medir; (ii) signi-
do objetivo proposto, os indicadores são os ficância: dar significado ao que está sendo
principais instrumentos para verificar se os estudado e manter isso ao longo do tempo;
resultados do Programa foram satisfatórios (ii) confiabilidade: ter origem em fontes con-
ou insatisfatórios, por isso a necessidade fiáveis, que utilizem metodologias reconhe-
de defini-los em linearidade com o que se cidas e transparentes de coleta, processa-
pretende entregar e alcançar (Brasil, 2010), mento e divulgação; (iv) simplicidade: ser de
pois eles apontam, indicam, aproximam, tra- fácil obtenção, construção, manutenção, co-
duzem em termos operacionais as dimen- municação e entendimento pelo público em
sões sociais de interesse definidas a partir geral (Brasil, 2010).
de escolhas teóricas ou políticas realizadas
anteriormente (Januzzi, 2005). O indicador pode ser construído de diversas
formas, de acordo com seus atributos e os
Os indicadores podem ser classificados aspectos que visa conhecer. No estudo em
como analíticos e sintéticos. O que os dife- tela, a obtenção dos indicadores partiu da
rencia é o compromisso com a expressão perspectiva dos beneficiários, ou seja, men-
analítica ou de síntese do indicador. O pri- suraram-se os resultados do PMCMV com
meiro tipo constitui-se de medidas comu- base na satisfação daqueles que receberam
mente empregadas para análise de ques- as casas. E foi justamente as respostas des-

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
101

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

ses indivíduos que subsidiaram a elabora- 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


ção dos indicadores. Segundo Unicef (1990)
e Costa e Castanhar (2003), essa avaliação 3.1 Características da pesquisa
visa medir a atitude do usuário em relação à
qualidade do atendimento que está obtendo Quanto aos fins, a pesquisa caracteriza-se
do programa. como descritiva, por expor características
do PMCMV/FAR para a construção dos in-
Interessante mencionar alguns estudos que dicadores, e como explicativa, pois buscou
utilizam a referida perspectiva para constru- identificar as relações de causa e efeito que
ção de indicadores de desempenho. Isto é, explicam a situação estudada (Cervo & Ber-
os beneficiários tiveram papel ativo no pro- vian, 2002).
cesso criador desse instrumento de avalia-
ção, como é o caso dos estudos de Chris- Quanto à natureza, a pesquisa é classificada
topoulos, Farias e Marques (2015), Moreira, como quantitativa, pois se caracteriza pelo
Silveira e Motter (2014) e Hernández e Ve- emprego de quantificação tanto pelos dados
lásquez (2014). coletados quanto pelo tratamento por meio
de técnicas estatísticas (Richardson, 1999).
Em especial, sobre os estudos envolvendo
programas e projetos habitacionais e sua Quanto aos meios, trata-se de um estudo de
relação com a percepção dos beneficiários, caso, uma vez que permitiu o conhecimento
destacam-se as pesquisas do Instituto de amplo e detalhado de sua unidade de análise
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea, 2014), (Gil, 2008), isto é, os beneficiários do Con-
de Morais, Carneiro & Barros Neto (2014), junto Habitacional Benjamim José Cardoso,
Schäfere Gomide (2014) e Moraes e Abiko composto de 132 unidades habitacionais e
(2006), que trazem estudos teórico-empíri- localizado no município de Viçosa, região
cos, com enfoque quantitativo e convergin- da zona Mata de Minas Gerais. O empreen-
do, principalmente, para pesquisas relacio- dimento, primeiro contratado e entregue no
nadas à medição de resultados, produtos ou âmbito do PMCMV/FAR, está alocado na
impactos causados por projetos executados, região periférica do município. O conjunto
particularmente, pela administração pública foi dividido em 13 quadras e 10 ruas, possui
municipal. uma área de uso comum (playground) e uma
área destinada à preservação ambiental.
Diante das escolhas teóricas e conceituais
ora apresentadas, os indicadores propostos 3.2 Etapas do processo de avaliação
por este artigo atentaram-se a medir o grau
em que os objetivos do PMCMV foram al- O processo de avaliação seguiu as cinco
cançados, dada a satisfação dos benefici- etapas indicadas na Figura 1. Além disso,
ários e tendo como premissa o desenho do trata-se de uma avaliação de resultados do
Programa. tipo ex-post, pois ocorreu após a execução
de todas as atividades exigidas para concluir
a provisão habitacional.

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
102

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

Figura 1. Estapas do Processo de Avaliação


Fonte: Elaborada pelos autores

3.2.1 Desenho do programa do Programa e a agente gestora do Fundo


de Arrendamento Residencial, respectiva-
O primeiro passo foi resgatar o desenho ini- mente.
cial do programa no que diz respeito a seus
objetivos, metas, orientações, atividades e No Quadro 1 estão relacionados os prin-
os produtos gerados pela intervenção. Para cipais documentos utilizados. É válido
o cumprimento dessa etapa, analisaram-se destacar que os normativos consultados
os principais normativos (leis, portarias, es- compreendem ao período em que o em-
pecificações técnicas, cartilhas e decretos) preendimento estava sendo construído em
expedidos pelo Ministério das Cidades e Viçosa (MG), entre os anos de 2011 e 2013.
Caixa Econômica Federal, o agente gestor
Quadro1. Documentos utilizados na pesquisa

Fonte: Elaborado pelos autores

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
103

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

A coleta desses dados se deu por meio de pesquisa documental. Portanto, para este estudo,
o PMCMV/FAR foi tomado como dado, à luz do que ele foi formulado e implementado. Tendo
em vista essas análises, apresenta-se a Figura 2 com o desenho, sumarizado, do Programa.

Figura 2. Desenho do Programa


Fonte: Elaborada pelos autores

O primeiro insumo considerado é a adesão


do município ao Programa. A partir daí, o 3.2.2 Construção das categorias analíticas
Governo Federal é quem subsidia a maior
parte do provimento habitacional, tendo a De posse do desenho do Programa, foram
possibilidade de o governo local aportar al- determinadas as categorias de análise para
gum tipo de contrapartida financeiramente avaliação da satisfação dos beneficiários.
mensurável (a mais comum é a doação do Essas dimensões englobam três principais
terreno). produtos entregues pelo PMCMV: moradia,
conjunto habitacional e viabilização do en-
Esses insumos possibilitam a execução das torno.
principais atividades, por isso foram consi-
deradas aquelas estritamente relacionadas A moradia representa a unidade habitacio-
à provisão habitacional. Com isso, foi pos- nal que oferece proteção e dispõe de padrão
sível sintetizar a cadeia de insumos e ati- adequado de habitabilidade: infraestrutura
vidades que se congregam na entrega dos básica conforme as especificações estabe-
principais produtos desenhados pela inter- lecidas pelo Programa. Entende-se que, em
venção. condições adequadas, a moradia contribui

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
104

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

para a melhoria das condições de bem-es- O entorno, por sua vez, representa as redon-
tar, saúde e segurança da população. dezas, bairros próximos e vizinhos ao em-
preendimento. É indicado que ele tangencie
O conjunto habitacional corresponde às edi- a malha urbana ou as zonas de expansão.
ficações e ao grupamento de edificações de Àqueles localizados em zona de expansão
empreendimentos de interesse social. Deve urbana devem estar contíguos à malha ur-
se situar em terrenos que disponham (ou bana e possuir em seus limites áreas desti-
que sejam capazes de viabilização) de in- nadas para atividades comerciais locais.
fraestrutura básica (rede pública de abaste-
cimento de água; iluminação pública; esgo- Cada categoria foi composta por subconjun-
tamento sanitário; drenagem pluvial, coleta tos de itens que dão complementariedade à
de lixo, ruas e calçadas pavimentadas); pos- avaliação. No que diz respeito à moradia, fo-
sibilidade de atendimento por transporte ram estabelecidos os seguintes tópicos para
público e proximidade de equipamentos análise: adequação ao uso familiar, qualida-
públicos, capazes de atender à demanda de da construção e segurança e conforto
prevista. Deve atender, também, conforme ambiental. O Quadro 2 traz a conceituação
a tipologia do empreendimento, às especifi- dos itens considerados para a elaboração
cidades dos normativos do Programa. da referida dimensão, bem como suas vari-
áveis integrantes.

Quadro 2. Conceituação dos itens da categoria moradia

Fonte: Elaborado pelos autores

Em relação ao conjunto habitacional, os pontos abordados foram: qualidade da infraestrutu-


ra urbana do conjunto e qualidade dos aspectos físicos do empreendimento. No Quadro 3,
descreve-se, detalhadamente, os conceitos utilizados para formar essa dimensão.

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
105

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

Quadro 3. Conceituação dos itens da categoria conjunto habitacional

Fonte: Elaborado pelos autores

Quanto ao entorno, tratou-se da infraestrutura, do acesso e da qualidade de serviços como


subitens para avaliação da satisfação, sendo que a conceituação de cada item é apresentada
no Quadro 4.
Quadro 4. Conceituação dos itens da categoria entorno

Fonte: Elaborado pelos autores

3.2.3 O instrumento de coleta de dados sua família. Foram arguidos: número total de
habitantes na unidade, gênero, idade, esco-
Definidos as categorias analíticas e os res- laridade, estado civil, ocupação e rendimen-
pectivos conjuntos de itens componentes tos. O segundo bloco subdividiu-se em três
da avaliação, foi construído o instrumento categorias e seus subitens. Para mensurar a
de coleta de dados. Optou-se pelo método satisfação, as questões eram associadas a
survey que envolve a coleta de informações uma escala categórica de cinco pontos, onde
que podem variar entre crenças, opiniões, o entrevistado tinha as opções: 1 = Péssimo,
atitudes (Hair, Babin, Money & Samuel, 2 = Ruim, 3 = Regular, 4 = Bom, 5 = Ótimo.
2005). Tinha-se, ainda, a opção 99 = Não soube ou
não respondeu, tendo sido essa última con-
O questionário foi dividido em dois blocos: siderada dado perdido.
o primeiro identifica o entrevistado/respon-
sável pelo domicílio e as características de 3.2.4 Pesquisa de campo

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
106

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

A etapa posterior ao desenvolvimento do sa (MG) passaram a ocupá-lo em setembro


questionário foi a pesquisa de campo. Ini- de 2012.
cialmente, realizou-se o treinamento da
equipe de coleta e a aplicação de pré-teste O conjunto habitacional pesquisado foi
(questionário piloto). Durante o pré-teste, construído para abrigar 132 famílias. Entre-
observou-se a necessidade de melhorias no tanto, a pesquisa aferiu as respostas de 100
instrumento de coleta relativas a incompre- famílias. Das 32 restantes, constatou-se que
ensão e ambiguidade das questões. Essa havia oito casas em situação irregular, três
etapa do processo de avaliação vai ao en- desocupadas e cinco estavam com os mo-
contro do que defendem Bisquerra, Sarriera radores inadequados devido ao repasse da
e Martínez (2004) e Martins (2007): a cons- unidade pelo proprietário para outras pesso-
trução de qualquer instrumento de medida as que não foram beneficiadas pelo Progra-
– seja ele um questionário, teste ou outra ma. Além disso, cinco famílias se recusaram
técnica de aferição – exige a observância a responder o questionário e 19 não foram
de cuidados, pois devem reunir requisitos encontradas durante os dias e horários visi-
mínimos para assegurar a qualidade dos tados.
dados.
3.2.5 Construção dos Indicadores e Análise
Dada a adequação do instrumento de co- das Informações
leta de dados aos objetivos do estudo, se-
guiu-se para a etapa do estudo de campo, De posse das respostas dos 100 entrevista-
que foi realizado no mês de dezembro de dos, procedeu-se a construção dos indica-
2013, sendo que os moradores do primeiro dores e daqueles sintéticos, denominados
empreendimento contratado e entregue no índices. Esse processo está sumarizado na
âmbito do PMCMV/FAR na cidade de Viço- Figura 3.

Figura 3. Exemplo da construção dos indicadores


Fonte: Elaborado pelos autores

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
107

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

Cada categoria analítica possuía um con- se obter o índice final que varie de 0 a 1.
junto de subitens composto de suas respec-
tivas variáveis. Assim, a etapa 1 consistiu Assim, a satisfação dos beneficiários foi
em transformar as variáveis de cada subi- classificada (de acordo com a definição dos
tem em escores cujos valores variassem en- autores) em grupos segundo o seguinte cri-
tre zero e um. A transformação foi realizada tério: (i) 0,00 ≤ ISM, ISCH, ISE < 0,40 = baixo
com base na Equação 1. Essa metodologia nível satisfação; (ii) 0,40 ≤ ISM, ISCH, ISE <
é utilizada no cálculo do Índice de Desen- 0,60 = nível regular de satisfação;(iii) 0,60 ≤
volvimento Humano (IDH), como base nas ISM, ISCH, ISE < 0,80 = moderado nível de
indicações do Atlas de Desenvolvimento Hu- satisfação; (iv) 0,80 ≤ ISM, ISCH, ISE ≤ 1,00
mano no Brasil 2013 (Programa das Nações = alto nível de satisfação.
Unidas para o Desenvolvimento [PNUD],
2013). Para exame das variáveis, utilizou-se a Aná-
lise Exploratória de Dados (AED), que, se-
gundo Triola (2005), trata-se do processo
de uso de ferramentas estatísticas (gráficos,
medidas de centro e medidas de variação,
outliers) para investigar um conjunto de da-
dos com o objetivo de compreender suas ca-
A Etapa 2 consistiu na construção dos in- racterísticas.
dicadores. Por considerar que cada vari-
ável era essencial para a mensuração da Especificamente, fez-se uso da Estatística
satisfação dos beneficiários, foi atribuído o descritiva, que traz a média das avaliações
mesmo peso para todas. Assim, procedeu- e da Distribuição de frequência, método para
-se à média das variáveis. Com as médias, agrupar dados em classes de modo a forne-
os indicadores foram calculados utilizando, cer a quantidade (e/ou a percentagem) em
novamente, a Equação 1. cada classe. Com isso, pôde-se resumir e
visualizar o conjunto de dados, sendo que a
A Etapa 3 compreendeu o estabelecimento análise foi viabilizada por meio de procedi-
dos indicadores sintéticos para cada cate- mentos estatísticos manipulados nos progra-
goria. Assim, três índices foram desenvolvi- mas Statistical Package for the Social Scien-
dos (i) Índice de Satisfação com a Moradia ces (SPSS) v. 20.0® e MS Excel.
(ISM); (ii) Índice de Satisfação com o Con-
junto Habitacional (ISCH); (iii) Índice de Sa- 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
tisfação com o Entorno (ISE). Para compô-
-los, foram escolhidos os pesos atribuídos a De modo a atender ao objetivo central do
cada indicador integrante. Para ISM, ISCH artigo, procedeu-se à construção de indica-
e ISE, todos os indicadores tiveram o mes- dores de desempenho a partir da percepção
mo peso, sendo o índice calculado a partir dos beneficiários do PMCMV/FAR sobre o
da média aritmética dos indicadores. Após o primeiro conjunto habitacional contratado e
cálculo das médias, os valores foram nova- entregue no município de Viçosa (MG).
mente transformados pela Equação 1 para
ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
108

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

Contudo, antes apresentar os indicadores bém, a predominância de famílias com uma


e suas discussões, menciona-se a caracte- ou duas crianças, no máximo dois adoles-
rização geral dos entrevistados e de suas centes, um a dois adultos e sem idosos.
famílias, como forma de ilustrar os atributos
do público-alvo da pesquisa. Sobre os indicadores, os resultados seguem
a ordem “de dentro para fora”, ou seja, ini-
De modo geral, os entrevistados foram cialmente, analisa-se a percepção sobre a
mulheres (76%), de faixa etária de 26 a moradia ampliando o foco para o conjunto
59 anos (80%), com o 1o grau incompleto habitacional para, finalmente, avaliar a satis-
(42%), casadas ou em união estável (51%), fação sobre o entorno.
exercendo atividades informais ou trabalho
no lar (58%). Quanto às famílias, a maioria Na Tabela 1, estão elencados os indicadores
possuía de dois a cinco integrantes (84%), da categoria moradia. Para cada indicador,
rendimento mensal de até dois salários mí- apresentam-se os resultados subdivididos
nimos (97%), com complemento de algum nas faixas de satisfação, as frequências de
benefício do governo – com destaque para indivíduos correspondentes e a média final.
o Bolsa Família (80%). Constatou-se, tam-
Tabela 1. Indicadores da categoria moradia

Fonte: Resultados da pesquisa

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
109

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

Nota-se que, em relação aos aspectos físi- tados avaliaram a variável com o menor grau
cos e construtivos do empreendimento, os de satisfação. O PMCMV/FAR direciona-se
indicadores adequação ao uso, qualidade ao atendimento das famílias com rendimento
da construção e conforto ambiental estive- inferior a três salários mínimos. Tais famílias,
ram, em média, próximos a 0,5 ponto, o que consideradas de baixa renda, são as mais
os enquadra na faixa de nível regular quanto expostas à vulnerabilidade social. Assim, as
à satisfação. Tais resultados evidenciam que percepções negativas relativas à segurança
a moradia possui aspectos de sua constru- contra roubos, invasões, vandalismo e vio-
ção que podem ser (re)adequados, uma lência também podem ser explicadas dada
vez que esses itens receberam avaliações a situação de inserir diferentes famílias que
regulares. Isso vai ao encontro do fato de o não possuíam relacionamento social prévio
Programa estabelecer especificações míni- em um novo bairro. Tal fato aumenta a pos-
mas, ou seja, o mínimo que cada unidade sibilidade de se desenvolver patologias so-
habitacional deve conter. Associado a isso, ciais, como gangs e crime organizado, por
estabelece-se também o valor máximo de justamente inexistirem as relações afetivas
custo para as moradias. Ora, uma vez que de vizinhança. Reforça-se que pessoas, com
as empresas contratadas estão inseridas na valores e costumes peculiares, têm maior
lógica de mercado, os objetivos delas ten- propensão à criação de conflitos, o que pode
dem a ser o lucro ao menor custo. Logo, isso influenciar no sentimento de insegurança por
tem a potencialidade de contribuir para a parte dos beneficiários.
produção de moradias com o mínimo custo
possível, ou seja, apenas “dentro das espe- Na Tabela 2, sintetizam-se os resultados dos
cificações”, o que pode, assim como no caso indicadores de desempenho específicos à
em tela, refletir regulares avaliações dos be- unidade habitacional e é apresentado o Ín-
neficiários. dice de Satisfação com a Moradia (ISM). A
proposta é mensurar a satisfação, de modo
O que nos chama mais atenção é o resulta- geral, com a casa entregue pelo PMCMV/
do do indicador segurança, com média 0,30 FAR.
e satisfação geral baixa: 70% dos entrevis-
Tabela 2. Índice de Satisfação com a Moradia (ISM)

Fonte: Resultados da pesquisa

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
110

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

Constata-se que a média do ISM indicou canais de participação cidadã no âmbito do


satisfação regular (0,44) por parte dos be- PMCMV/FAR, perpassando por pontos des-
neficiários. A maioria figurou-se na faixa de de a capacitação para participar até a sua
baixa avaliação e a minoria na satisfação efetivação enquanto exigência.
elevada. Esses resultados mostram que,
para o caso estudado, a moradia não aten- Salienta-se, ainda, que, por se tratar de um
deu satisfatoriamente aos anseios de seus programa federal, descentralizado aos es-
beneficiários, um resultado intrigante, pois tados e municípios, e que possui aparato
trata-se do principal produto entregue pelo institucional já desenvolvido, considera-se
Programa. importante alinhar a avaliação dos bene-
ficiários com as avaliações técnicas para,
Não se considera que o PMCMV tenha de fato, analisar a qualidade das moradias
provido habitações de baixa qualidade ou produzidas e se, necessário, promover alte-
inadequadas à habitabilidade, outrora, rações no curso das intervenções. Outro as-
acredita-se que deva haver mais espaços pecto quanto ao processo avaliativo é a sua
que deem a oportunidade da realização de realização por órgãos independentes, isto
consultas prévias aos futuros moradores. é, desvinculados do governo, uma vez que
Tal comentário vai na direção de não ter somente representantes da Caixa Econômi-
sido encontrado nos normativos, vigentes à ca Federal realizam essa atividade (normal-
época de contratação do empreendimento mente por meio de vistorias).
analisado, a abertura para a participação
social no processo decisório do Programa. Convidado, agora, a avaliar “o lado de fora
Nessa perspectiva, a avaliação nos remon- de sua casa”, apresentam-se os resultados
ta a aspectos que tangenciam a formulação/ da satisfação dos beneficiários quanto ao
implementação do Programa. Os desafios conjunto habitacional. As informações cons-
dizem respeito a como abrir e/ou ampliar os tam na Tabela 3.
Tabela 3. Indicadores da categoria conjunto habitacional

Fonte: Resultados da pesquisa

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
111

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

O indicador qualidade da infraestrutura ur- ções que são exigidas pelos normativos e
bana do conjunto diz respeito aos aspectos que devem integrar o conjunto habitacional.
urbanos e habitacionais que são essenciais Denominam-se áreas de uso comum espa-
à habitabilidade do conjunto, como abasteci- ços de lazer, reuniões e calçadas. Identifi-
mento de água, saneamento básico e distri- cou-se que a média apontou moderado nível
buição de energia. Observa-se que a média de satisfação (0,52), sendo que essa variável
de avaliações foi 0,68, traduzindo moderado dividiu as opiniões dos beneficiários: embora
nível de satisfação dos beneficiários. Inte- 37% indicaram baixa satisfação, 16% avalia-
ressante notar que 51% estiveram na faixa ram moderadamente e 21% apresentaram
moderada e 23% no alto nível de satisfação. elevada satisfação.
Nota-se, com isso, que tais aspectos aten-
deram em média, com nível moderado-alto, Ao sintetizar os resultados dos indicadores
às necessidades dos beneficiários. de desempenho específicos à ao conjunto
habitacional, obteve-se o Índice de Satisfa-
A qualidade dos aspectos físicos do con- ção com o Conjunto Habitacional (ISCH),
junto refere-se às construções e/ou edifica- apresentando na Tabela 4.

Tabela 4. Índice de Satisfação com o Conjunto Habitacional – ISCH

Fonte: Resultados da pesquisa

Verifica-se que o ISCH refletiu, em média, foi constatado. Isso nos mostra que, no caso
moderada satisfação (0,61) dos beneficiá- estudado, os beneficiários não se sentiram
rios com reduzido percentual (10%) de indi- com as expectativas superadas no que diz
víduos situados no baixo nível de satisfação. respeito ao conjunto habitacional, o que nos
Isso nos sugere que os moradores do Con- remete, mais uma vez, à lógica de mercado,
junto Habitacional Benjamim José Cardoso na qual as empresas contratadas para cons-
apresentaram nível mediano de satisfação trução dos projetos se inserem.
quanto aos aspectos físicos e de infraestru-
tura do empreendimento, que são exigên- Ampliando um pouco mais a visão sobre “o
cias mínimas contidas nos normativos. Sa- lado de fora de sua casa”, são apresentados
lienta-se, todavia, que o interessante seria os resultados da satisfação dos beneficiários
que as satisfações se concentrassem nas quanto ao Entorno. Tais informações estão
faixas superiores de análise, fato que não dispostas na Tabela 5.

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
112

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

Tabela 5. Indicadores da categoria entorno

Fonte: Resultados da pesquisa

A viabilização do entorno, entre os princi- ção (0,46). Os resultados nos mostram que o
pais produtos entregues pela intervenção, é entorno que abriga o conjunto para a maioria
o menos palpável e aquele mais afastado dos beneficiários possui infraestrutura pouco
da visão de posse sobre a casa. Entretanto, adequada e não lhes proporciona facilidade
trata-se de uma categoria importante, pois em acessar aos principais serviços ofertados
visa avaliar a satisfação quanto às regiões pela cidade (tanto públicos quanto privados).
limítrofes ao conjunto habitacional para ve- Aos serviços, que são passíveis de acesso,
rificar se o Programa atende às recomenda- a satisfação quanto à qualidade é vista como
ções de construir o empreendimento inte- regular.
grado à cidade.
De modo a sintetizar os indicadores de de-
Os três indicadores dessa categoria ana- sempenho específicos ao entorno, calculou-
lítica figuraram-se, em média, na faixa de -se o Índice de Satisfação com o Entorno
satisfação regular, sendo que o indicador (ISE), conforme os resultados apresentados
acesso a serviços obteve a menor pontua- na Tabela 6.

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
113

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

Tabela 6. Índice de Satisfação com o Entorno (ISE)

Fonte: Resultados da pesquisa

Visualiza-se que a média de satisfações áreas urbanas, como é o caso do Conjun-


(0,50) atingiu a faixa regular, sendo que a to Habitacional Benjamim José Cardoso. Por
maioria apresentou baixa satisfação (34%) e conseguinte, uma série de questões é re-
a minoria elevada (6%). Ao observar os da- montada, como a demarcação de áreas para
dos agregados pelo ISE, chama-se atenção interesse social, e o empenho do município
para questões como a segregação do espa- com a questão habitacional. Esses aspectos
ço urbano quando se trata da provisão ha- tangenciam o fato da existência, atuação e
bitacional para população de baixa renda. A do grau de aderência da gestão pública local
partir da perspectiva dos beneficiários, por às suas especificações.
intermédio de sua avaliação de satisfação, a
construção do empreendimento pouco con- Ao pensar nessas questões, olhares e aten-
templou os elementos utilizados para men- ções direcionam-se ao Plano Diretor, ao
surar o relacionamento moradia-conjunto- Plano Local de Habitação de Interesse So-
-cidade. cial (PLHIS) e aos Conselhos Municipais de
Habitação (CMH), que representam instru-
Ao analisar a transversalidade das satisfa- mentos e arenas decisórias de fundamental
ções entre as três categorias analisadas, importância para a gestão e o planejamento
observa-se que a avaliação sobre o ponto de das políticas urbanas, entre as quais se inse-
vista dos beneficiários nos permite observar re a temática habitacional.
pontos críticos e que merecem atenção dos
atores envolvidos no Programa, como segu- CONSIDERAÇÕES FINAIS
rança, acesso a serviços e infraestrutura do
entorno. O presente artigo buscou responder como os
indicadores, fundamentados na satisfação
Convém, por tais razões, ressaltar que di- dos beneficiários, podem auxiliar na mensu-
versos empecilhos são observados para a ração do desempenho do Programa Minha
construção desses conjuntos, sendo a falta Casa, Minha Vida com recursos do Fundo
de terras urbanas um dos mais recorrentes. de Arrendamento Residencial. Para tanto,
Por isso, empreendimentos de HIS tendem tomou-se como objeto de estudo o primeiro
a ser alocados em locais distantes (regiões conjunto contratado e entregue no município
periféricas, em sua maioria) das principais de Viçosa (MG).

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
114

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

jam realizadas avaliações comparativas, de


Portanto, com base no desenho do Progra- modo a triangular os pontos de vista dos de-
ma, três categorias de análise foram esta- mais atores envolvidos no PMCMV/FAR para
belecidas: moradia, conjunto habitacional e que se possa proporcionar um estudo mais
entorno. Em vista disso, foi possível perce- amplo e que dê voz a todos os responsáveis
ber que a construção de indicadores é um pelo provimento habitacional à população de
recurso metodológico útil e capaz de auxi- interesse social.
liar na avaliação dos programas sociais, em
especial, os de habitação. A metodologia REFERÊNCIAS
aqui empregada configura-se como um re-
curso parcimonioso devido à facilidade para Banco Mundial (1996). Designing Project
a coleta de informações, cálculo e compre- Monitoring and Evaluation. Washington:
ensão dos resultados. World Bank, Operations Evaluation Depart-
ment, 1996. Recuperado em 3 janeiro, 2013,
Verificou-se, ainda, que os indicadores for- de www.worldbank.org.
necem importantes informações sobre a
realidade habitacional e isso contribui para Barbosa, R. de P., & Freitras, G. K. (2012).
que o PMCMV alcance seus objetivos e se Avaliação da iniciativa água e clima, uma
aprimore, desde que acompanhados e in- parceria HSBC-WWF. In: A Relevância da
seridos em um sistema maior de monitora- avaliação para o investimento social priva-
mento e avaliação. do. Organização Fundação Itaú Social, Fun-
dação Roberto Marinho, Move. São Paulo:
Reforça-se, nessa perspectiva, a relevân- Fundação Santillana.
cia dos estudos avaliativos para a área de
políticas públicas. Quando eles são realiza- Bisquerra, R., Sarriera, J. C., & Martínez F.
dos com enfoque para subsidiar decisões a (2004). Introdução à estatística. Porto Alegre:
respeito da continuidade, aperfeiçoamento Artmed.
e responsabilização dos agentes, configu-
ram-se como valiosa ferramenta de gestão Brasil (2010). Ministério do Planejamento.
e, quando o intuito é informar aos usuários Secretaria de Planejamento e Investimen-
e/ou beneficiários e à sociedade em geral tos Estratégicos. Indicadores de Programas,
sobre seu desempenho e impactos, lança- Guia estratégico.
-se mão de um instrumento essencial de
accountability. Brasil. (2009). Manual de apresentação de
estudos de viabilidade de projetos de gran-
Por fim, considera-se pertinente também a de vulto. Ministério do Planejamento, Orça-
incorporação da percepção dos beneficiá- mento e Gestão. Secretaria de Planejamento
rios no processo de avaliação, pois julga- e Investimentos Estratégicos, Brasília.
-se de fundamental importância consultar
aqueles que de fato usufruem dos produ- Caldas, E. de L., & Kayano, J. (2001). Indi-
tos entregues e vivenciam seus resultados cadores para o Diálogo. São Paulo: Instituto
e implicações. Todavia, convém que se- Pólis, PGPC-EAESP-FGV, CEDEC. Recupe-

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
115

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

rado em 3 janeiro, 2013, de http://www.polis.


org.br. Façanha, L. O., & Marinho, A. (2000). Progra-
mas sociais: efetividade, eficiência e eficácia
Cassiolato, M., & Guerese S. (2010). Como como dimensões operacionais de avaliação.
elaborar Modelo Lógico: roteiro para formu- IPEA e Instituto de Economia (IE) – Texto
lar programas e organizar avaliação. IPEA – para discussão, 445 – versão revisada.
Nota Técnica n. 6. Brasília.
Fundação João Pinheiro. (2014). Centro de
Cervo, A. L., & Bervian, P. A. (2002). Meto- Estatísticas e Informações. Deficit habita-
dologia Científica. São Paulo: McGraw-Hill cional no Brasil 2011-2012: resultados preli-
do Brasil. minares. Fundação João Pinheiro. Centro de
Estatísticas e Informações. Belo Horizonte.
Christopoulos, T. P., Farias, L. E. G., & Mar-
ques T. C. A. (2015). Evaluating Banking Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pes-
Agents: A case of Brazilian Banking Corres- quisa social. 6a ed. São Paulo: Atlas.
pondents. Dlsu Business & Economics Re-
view, 24(2), 92-107. Hair, J. F., Babin, B., Money, A. H., & Samuel,
P. (2005). Fundamentos de métodos de pes-
Cohen, E., & Franco, R. (2008). Avaliação de quisa em administração. Porto Alegre: Book-
projetos sociais. Petrópolis: Vozes. man.

Costa, F. L., & Castanhar, J. C. (2003). Ava- Heller L.,& Castro, J. E. (2007). Política pú-
liação de programas públicos: desafios con- blica de saneamento: apontamentos teóricos
ceituais e metodológicos. Rio de Janeiro: conceituais. Engenharia Sanitária e Ambien-
Revista de Administração Pública, 37(5), tal, 12(3).
969-992.
Hernández, G., & Velásquez, S. (2014). Vi-
Cotta, T. C. (1998) Metodologias de avalia- vienda y calidad de vida: medicióndel hábi-
ção de programas e projetos sociais: análise tat social enel México Occidental. Bitácora,
de resultados e de impactos. Revista do Ser- 24(1), 149-200.
viço Público, Ano 49, n. 2, pp. 103-124.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Davidson, E. J. (2012). Tornar as avaliações (2014). Pesquisa de Satisfação dos Bene-
estrategicamente práticas e relevantes. In: ficiários do Programa Minha Casa Minha
A Relevância da avaliação para o investi- Vida. Recuperado em 5 maio, 2015, de http://
mento social privado. Organização Funda- hdl.handle.net/11058/3298.
ção Itaú Social, Fundação Roberto Marinho,
Move. São Paulo: Fundação Santillana. Jannuzzi, P. M. (2005). Indicadores para
diagnóstico, monitoramento e avaliação de
Dye, T. R. (2008).Understanding public po- programas sociais no Brasil. Revista do Ser-
licy. Pearson Education, Inc. Upper Saddle viço Público, 56(2), 137-160.
River, New Jersey.12th ed.

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
116

Indicadores de desempenho do Programa Minha Casa, Minha Vida: avaliação com base na satisfação dos beneficiários

Martins, G. A. (2007). Sobre Confiabilidade Morra-Imas, L. G., & Rist, R. C. (2009). The
e Validade. Revista Brasileira de Gestão de road to results: designing and conducting
Negócios, p. 820, n. 7. effective development evaluations.The World
Bank.
Matias-Pereira, J. (2008). Manual de Ges-
tão Pública Contemporânea. 7a ed. São Oliveira, V. F., & Oliveira, E. P. A. Q. (2012). O
Paulo: Atlas. papel da Construção Civil na organização do
espaço e do desenvolvimento regional. The
Mattos, L. B., Teixeira, E. C., & Fontes, R. M. 4st International Congress on University-In-
O. (2011). Políticas Públicas e desenvolvi- dustry Coorporation. Anais… Taubaté, São
mento. Viçosa, MG: UFV/DER/DEE. Paulo.

Mendes, A. M. C. P., Lima, J. E. S., Ham- Programa das Nações Unidas para o Desen-
merschmidt, K. S. A., Lourenço, M. S., & volvimento. (2013). Atlas do desenvolvimento
Guaragni, M. V. (2010). Políticas públicas, humano no Brasil 2013. Recuperado em 28
desenvolvimento e as transformações do abril, 2014, de http://www.pnud.org.br/atlas.
Estado brasileiro. In: Silva, C. L., & Lima, J.
E. S. (orgs). Políticas públicas e indicado- Ramos, M. P., & Schabbach, L. M. (2012).
res para o desenvolvimento sustentável. pp. O estado da arte da avaliação de políticas
3-34. São Paulo: Saraiva. públicas: conceituação e exemplos de ava-
liação no Brasil. Revista de Administração
Moraes, O. B, & Abiko, A. K (2006). Utiliza- Pública, 46(5):1271-294.
ção da análise fatorial para a identificação
de estruturas de interdependência de vari- Richardson, R. J. (1999). Pesquisa Social:
áveis em estudos de avaliação pós-ocupa- métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo.
ção. In: XI Encontro Nacional de Tecnologia
no Ambiente Construído. Anais... Florianó- Rossi, P. H., Lipsey, M. W., & Freeman, H. E.
polis. (2004). Evaluation: a systematic approach.

Morais, M. V, Arneiro, T. M., & Barros Neto, Rua, M G. (1997). Análise de políticas públi-
J. de P. (2014). Projeto de habitação de in- cas: conceitos básicos. Brasília: ENAP.
teresse social: satisfação do usuário final.
Anais... Recuperado em 5 maio, 2015, de Santos, A. M. C. (1991). Sociabilidade e
http://www.infohab.org.br/entac2014/arti- ajuda mútua na periferia urbana de Viçosa,
gos/paper_621.pdf. Minas Gerais. 1991. 351p. Dissertação de
mestrado em Extensão Rural, Universidade
Moreira, V. S., Silveira, S. F. R., & Motter, K. Federal de Viçosa, Departamento de Econo-
Z. (2014). Avaliação de impacto do Pronaf B mia Rural, Viçosa (MG).
sobre a satisfação de agricultores familiares
em municípios de Minas Gerais. Estudos- Saravia, E. (2006). Introdução à Teoria da
Sociedade e Agricultura, 22(2), 432-456. Política Pública. Brasília: ENAP.

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015
117

Vinicius de Souza Moreira - Suely de Fátima Ramos Silveira

Schafer, E. F., & Gomide, F. P. B. (2014). Ava- conteúdo teórico e metodológico da pesqui-
liação Pós-Ocupação do conjunto habitacio- sa avaliativa. In: Silva, M. O. S. (Org.) Pes-
nal Moradias União Ferroviária Bolsão Audi/ quisa avaliativa: aspectos teórico-metodoló-
União, Curitiba (PR). EngenhariaSanitária e gicos. São Paulo: Veras Editora.
Ambiental, 19(2).
Simão, A. G., Silva, C. L., Silva, H. P., Cas-
Schofield, J., & Sausman, C. (204) Sympo- tanheira, M. A. V., Jurec, P. S. S. & Wiens, S.
sium on implementng public policy: learning (2010). Indicadores, políticas públicas e a
from theory and practice introducing. Re- sustentabilidade. In: SILVA, C. L; LIMA, J. E.
cuperado em 10 setembro, 2013, de http:// S. (orgs). pp. 35-54 Políticas públicas e in-
www3.interscience.wiley.com. dicadores para o desenvolvimento sustentá-
vel. São Paulo: Saraiva.
Secchi, L. (2010). Políticas públicas: concei-
tos, esquemas de análise, casos práticos. Souza, C. (2006). Políticas Públicas: uma re-
São Paulo: Cengage Learning. visão da literatura. Sociologias, Porto Alegre,
ano 8(16), 20-45.
Silva, M. O. S. (2008). Avaliação de políticas
e programas sociais: uma reflexão sobre o Unicef. (1990). Guide for monitoring and eva-
luation. New York.

ISSN 2236-5710 Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v. 20, n. 66, Jan./Jun. 2015

Você também pode gostar