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A habitação popular e os rumos da fronteira urbana nas cidades

amazônicas: analise do Residencial Desembargador Ataliba David Antônio –


Programa Minha Casa Minha Vida

Francisco Igo Said Pinheiro – Bolsista Fapeam/CNPq

Problema: O déficit habitacional brasileiro que dá sustento a operalização das


ações do PMCMV provém de pesquisas realizadas pelo IBGE, Fundação João
Pinheiro – FJP e Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Continua – PNADC.
Recentemente, dados do Cadastro Único sobre adensamento domiciliar foram
incorporados aos cálculos do déficit. Se tratando do PMCMV, o principal objetivo
preconizado em sua legislação diz respeito do acesso à moradia adequada a
população. Diante disso, para se ter acesso ao programa é necessário que o
indivíduo esteja inserido nos grupos que compõem o déficit habitacional
quantitativo local. Entretanto, a legislação do PMCMV não define, tampouco
diferencia o contingente caracterizado como déficit habitacional daqueles cuja
moradia apresentam algum tipo de “inadequação domiciliar”. Segundo o Plano
Nacional de Habitação para se ter efetividade nos programas sociais do setor
seria necessário subsídios para que unidades domiciliares em condições precárias
- que configurassem déficit - pudessem realizar reparos na estrutura, bem como a
regularização fundiária. Dessa maneira, o programa alcançaria o publico carente
de moradia, ao passo que realizaria melhorias na infraestrutura urbana em
parceria com o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. Contudo, há o
interesse do mercado imobiliário imbricado a política publica, onde constroem-se
residenciais verticais ou casas do tipo geminadas em regiões longínquas, sem
acesso a serviços e equipamentos comunitários, em cidades aquém do
planejamento urbano e que a nova política estabelecida nas Zonas Especiais de
Interesse Social – ZEIS configuram o avanço das fronteiras do capital nos espaços
urbanos ainda não capitalizados.
Tese: O déficit habitacional urbano amazonense em 2019 representava 133. 493
pessoas na busca pela casa própria, onde a Região Metropolitana de Manaus –
RMM concentrava 68,7% de todo o déficit estadual (FJP, 2019). A cidade de
Manacapuru/AM além de pertencer a RMM possui expressiva notoriedade cultural,
social e econômica para o estado. Limítrofe as cidades de Manaquiri, Iranduba,
Novo Airão, Beruri, Caapiranga e Anamã, segundo estimativa populacional do
IBGE (2020) a população da cidade estava em torno de 98. 502 munícipes. O
elevado fluxo migratório para a cidade tem inicio na década de 80 quando a
cidade - assim como boa parte das cidades brasileiras – tornaram-se
predominantemente urbanas. Mais recentemente, na primeira década do século
XXI as demandas sociais expuseram os resultados do mau gerenciamento urbano
na cidade, sendo a moradia a principal necessidade da população. Desde o final
do Banco Nacional de Habitação, em 1986, um hiato marcou a produção de
moradias sociais no país, ficando a cargo das secretarias estaduais e municipais
captarem recursos para a produção local no setor. Através da SUHAB e Prefeitura
Municipal de Manacapuru, foram edificados e entregues dois residenciais:
Eduardo Braga I e II, no bairro do Novo Manacá. Após isso, em 2010, por
intermédio do Programa Minha Casa Minha Vida (2009), foram retomadas obras
no setor após a aprovação do projeto de construção do Residencial Ataliba David
Antônio, com recursos provenientes do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
e Orçamento Geral da União. A Prefeitura de Manacapuru a partir daquele
momento passaria a ter a função de Entidade Organizadora - EO, a qual
desempenharia papel nos tramites burocráticos que envolviam o planejamento,
gerenciamento e execução, bem como a chamada licitatória para contratação de
construtora. Em 2014 foram entregues 1.000 unidades verticalizadas ao longo da
Rodovia AM/070 – km 10 (Rodovia Manuel Urbano), com apenas um equipamento
comunitário disponível as famílias, o centro de ensino de tempo integral. Demais
serviços que subsidiam a vida estavam na distancia média de 5 km que separam o
centro comercial da cidade e o condomínio, caracterizando a segregação
socioespacial, mas também territorial do ponto de vista de ações que,
concomitantemente as obras, puderiam minimizar os reflexos de uma nova
territorialização, integrando a população ao direito de acesso igualitário assim
como os demais habitantes da cidade.

OBJETIVO

Geral: Analisar o processo da produção de moradias populares construídas na


cidade de Manacapuru-AM, entre a infraestrutura, o nível de satisfação dos
moradores do Residencial Ataliba David Antônio e as competências dos poderes
públicos no planejamento urbano.

Específicos:

- Enumerar os equipamentos urbanos implantados no entorno por conta da


construção do Residencial e quais as estratégias de acesso:

- Identificar a situação dos apartamentos;

- Aplicar formulários (10%) para moradores com ênfase na mudanças de hábitos e


na qualidade de vida.

METODOLOGIA: a) Levantamento de dados bibliográficos acerca da literatura


sobre cidades, planejamento urbano, moradias e políticas publicas habitacionais –
PMCMV; b) Uso de notas técnicas da FJP, PnadC sobre déficit habitacional e
download de variáveis socioeconômicos das respectivas bases de dados; c)
tabulação dos dados coletados em campo (100 questionários).

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